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Aula 3 Mediação e Arbitragem

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CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
13 DOS ÁRBITROS 
Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz que goze da confiança das partes (art. 
13, caput, da LA). 
Não podemos esquecer que, nos termos do art. 18 da Lei de Arbitragem, o 
arbitro é juiz de fato e de direito, prolata sentença que não está sujeita a recurso 
a homologação pelo Poder Judiciário, constituindo título executivo judicial. 
A doutrina costuma sustentar que o árbitro deve, obrigatoriamente, ser 
pessoa natural, tendo em vista que exerce atividade jurisdicional que é, nesta medida, 
personalíssima. 
Os árbitros devem, nos termos do art. 13, § 6º, da LA1, respeitar os seguintes 
deveres: 
Imparcialidade: o árbitro toma partido, decidindo na sentença, sem se 
envolver com as partes. 
Independência: o árbitro deve se manter distante das partes. 
Competência: para decidir, o árbitro deve conhecer e ser experimentado na 
matéria que lhe é submetida. 
Diligência: a solução do conflito deve ser pautada por cuidado, zelo e 
aplicação. 
Discrição: o árbitro deve ser discreto e não divulgar os conflitos que lhe são 
submetidos, inclusive em razão do sigilo, que pode ser reforçado pela convenção de 
arbitragem. 
A suspeição e o impedimento do árbitro respeita as mesmas causas dos arts. 
144 e 145 do Código de Processo Civil, posto que é ele juiz de fato e de direito. 
Nos casos de suspeição, impedimento, impossibilidade de atuação ou recusa 
do árbitro, as partes podem convencionar: 
 
1 Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. 
... 
§ 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, 
competência, diligência e discrição. 
 
 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
a) A impossibilidade de substituição do árbitro (expressa, vez que se trata de 
exceção), extinguindo o compromisso arbitral, fazendo com que tenham que submeter 
seus litígios ao Poder Judiciário (art. 12, I e II, da LA); 
b) A substituição do árbitro (regra, se nada for convencionado sobre a 
impossibilidade de substituição), nos termos do art. 16 da LA, seguindo: 
b.1) a vontade das partes e a forma pactuada na convenção de arbitragem 
(inclusive, se for o caso, seguindo as regras do órgão institucional); 
b.2) acordo entre as partes; 
b.3) inexistindo forma de substituição dos árbitros ou acordo e não havendo 
expressa disposição das partes quanto à impossibilidade de substituição do árbitro, 
seguir-se-á o procedimento judicial do art. 7º da LA para que o juiz escolha o novo 
árbitro. 
 
14 DO PROCEDIMENTO ARBITRAL 
Nos termos do art. 21, da LA2, cabe às partes disciplinar o procedimento, 
respeitando os limites impostos pelos princípios impositivos. Caso as partes não 
disciplinem o procedimento arbitral, seguir-se-ão as regras do órgão arbitral escolhido 
na arbitragem institucional; ou, na ausência dessas regras, os árbitros disciplinarão o 
procedimento (presume-se, diante da ausência de regras, que as partes, em razão da 
confiança que depositam no árbitro, a ele delegaram o mister). 
 
14.1 Ata de missão 
A arbitragem tem início no momento em que o árbitro ou todos os árbitros 
(se for mais de um) aceitam a incumbência (art. 19, da LA), gerando os seguintes 
 
2 Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de 
arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade 
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular 
o procedimento. 
§ 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral 
discipliná-lo. 
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade 
das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. 
§ 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de 
designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral. 
§ 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento, tentar a conciliação das 
partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei. 
 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
efeitos: termo inicial para contagem do prazo de seis meses (exceto convenção de 
outro prazo) para emissão da sentença arbitral (art. 23 da LA); torna a questão litigiosa 
e interrompe a prescrição retroativamente à data da expedição ou protocolo da 
convocação dos árbitros. 
O § 1º do art. 19, da Lei de Arbitragem esclarece que: 
§ 1o Instituída a arbitragem e entendendo o árbitro ou o 
tribunal arbitral que há necessidade de explicitar questão 
disposta na convenção de arbitragem, será elaborado, 
juntamente com as partes, adendo firmado por todos, que 
passará a fazer parte integrante da convenção de arbitragem. 
De acordo com Scavone Junior3 a recusa de assinatura da "ata de missão”, 
estipulada no § 1º, do art. 19, da Lei de Arbitragem, não significa, como pode parecer, 
que a arbitragem não poderá se desenvolver. 
A interpretação sistemática com o art. 21, § 1°, significa que as partes 
delegaram esta função, como dissemos, aos árbitros ou à entidade especializada que, 
se quiserem - faculdade - utilizarão a "ata de missão”. 
 
14.2 Princípios impositivos 
A possibilidade de as partes disciplinarem o procedimento arbitral ou, em 
caráter supletivo, o tribunal ou os árbitros, não significa que possam fazê-lo de forma 
absolutamente livre. 
Alguns princípios devem ser observados sob pena de nulidade do 
procedimento arbitral (art. 32, VIII, da Lei de Arbitragem). 
São princípios que decorrem da Constituição Federal como garantia mínima 
aos litigantes em qualquer espécie de processo, seja ele judicial ou não, em sintonia 
com o art. 5°, LV, da CF: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Nessa medida, o art. 21, § 2°, da Lei de Arbitragem," que impõe, na 
arbitragem: 
 
3 SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio. Manual de arbitragem: mediação e conciliação. 7. ed. rev., atual. e 
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 141. 
 
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DISCIPLINA: MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
a) O contraditório 
Nessa medida, através da informação dos atos praticados pela parte 
contrária, sempre deverá ser possível uma reação, lembrando que o que se requer é a 
oportunidade para que a outra parte se manifeste, não havendo afronta ao 
contraditório se, a par dessa possibilidade, o contendo permanece inerte. 
Portanto, deve haver o máximo de cautela na comunicação dos atos 
processuais, ainda que seja da forma estipulada pelas partes ou pela entidade arbitral, 
permitindo que os litigantes possam influir nas decisões que serão tomadas. 
b) A igualdade das partes 
A igualdade entre os litigantes na arbitragem - onde se presume o equilíbrio 
em razão da não obrigatoriedade do procedimento, que decorre da vontade das partes 
- significa que se uma oportunidade for dada a um dos contendores de produzir 
provas, aduzir suas razões e indicar árbitro ou advogado, a mesma oportunidade deve 
ser concedida ao outro. 
Portanto,a igualdade no processo arbitral significa "igualdade de 
oportunidades" e não a "igualdade de meios" ou "de armas" do processo civil." 
Em consonância com o acatado, a igualdade do processo arbitral é bem 
diversa da igualdade do processo judicial pela presunção de igualdade das partes em 
razão da manifestação volitiva que empresta gênese ao procedimento e decorre da 
convenção de arbitragem livre de vícios do consentimento. 
Da mesma forma que o contraditório, concedida a mesma oportunidade, em 
razão do equilíbrio inicial, restará respeitada a igualdade entre as partes. 
Isso significa, na prática, por exemplo, que se uma das partes indica 
advogado, a outra deve ter a mesma oportunidade. 
Assim a igualdade exigida pela arbitragem em razão do equilíbrio inicial, é 
diferente daquela exigi da no processo judicial, no qual, algumas vezes, há necessidade 
de se conceder às partes as mesmas armas, como é o caso da exigência do § 1º, do art. 
9º, da Lei 9.099/954, no âmbito dos Juizados Especiais. 
c) Imparcialidade do árbitro 
 
4 Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, 
podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. 
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu 
for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por 
órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. 
 
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PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
Verifica-se que a preocupação com a imparcialidade do árbitro é uma 
constante. 
Deveras, o assunto foi tratado não só aqui, no âmbito do procedimento 
arbitral, mas, igualmente, nos dispositivos reservados às qualidades do árbitro, 
exigindo que não fosse impedido ou suspeito (art. 14, § 1º, da Lei de Arbitragem). 
Portanto, mais uma vez se reforça a necessidade de o árbitro ser distante das 
partes, ou seja, não ser delas credor ou devedor, não ser ligado de qualquer forma às 
partes e não possuir interesse no litígio. 
d) Livre convencimento do árbitro 
O árbitro deve julgar de acordo com o seu livre convencimento sobre as 
provas e as circunstâncias do procedimento arbitral, o que não significa que as partes 
não possam estipular regras próprias acerca do ônus de produzir as provas que serão 
apreciadas. 
Assim, nada obsta que, na convenção de arbitragem, as partes estipulem a 
inversão do natural ônus da prova, cabendo ao árbitro valorar as provas que forem 
produzidas de acordo com o que decidiram ao optar pela arbitragem. 
A prova que será valorada pelo árbitro, pode não ser aquela produzida pela 
parte que alega o fato a ser provado, como seria natural, vez que as partes podem 
estabelecer a inversão do ônus da prova, cabendo, inclusive, distribuição diversa 
determinada pelo árbitro, aplicando a teoria dinâmica do ônus da prova de acordo 
com a regra insculpida no § 1º, do art. 373, do Código de Processo Civil5. 
De outro lado, até em razão do livre convencimento e da ausência de regras 
rígidas, o árbitro, para formar o seu convencimento, pode determinar a produção das 
provas que entender pertinentes para a formação de sua convicção, ainda que não 
sejam os tradicionais meios probantes do Código de Processo Civil. 
14.3 Primeiras providências e tentativa de conciliação 
A Lei nº 9.307/96 exige que, no início do procedimento, as partes sejam 
instadas à conciliação que imaginamos deva ser levada a efeito em audiência, ainda 
 
5 Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
... 
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à 
excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da 
prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por 
decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que 
lhe foi atribuído. 
 
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que seja realizada de forma eletrônica. 
Não que a conciliação não deva ser tentada em outras oportunidades, mas, 
aqui, no início do procedimento, é obrigatória, a teor do que dispõe o § 4º, do artigo 
21, da LA: 
§ 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do 
procedimento, tentar a conciliação das partes, aplicando-se, no 
que couber, o art. 28 desta Lei. 
A ideia da obrigatoriedade da audiência voltou com força no processo 
judicial em razão da redação do art. 334, do Código de Processo Civil de 
2015, de tal sorte que será realizada, salvo se ambas as partes se manifestarem 
contrariamente, se o processo comportar improcedência liminar ou tratar-se 
de direito indisponível. 
Portanto, em interpretação sistemática, a ausência da tentativa de conciliação 
pelo árbitro implicará nulidade do procedimento arbitral, desde que a parte que 
pretenda alegar o vício tenha se insurgido na primeira oportunidade que tiver para 
falar, nos termos do art. 20, da Lei de Arbitragem. 
Obtida a conciliação, respeitados os limites da convenção de arbitragem no 
que tange à matéria (o árbitro não pode homologar matéria que não seja de sua 
competência pela convenção de arbitragem), a transação será homologada pelo 
árbitro a pedido das partes. 
Em razão da sentença arbitral, a obrigação contida na transação homologada 
constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 515, VII, do CPC6. 
Nessa medida, o art. 287, da LA, exige que a sentença 
de homologação contenha os requisitos do art. 26, ou seja: 
Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo 
do litígio; 
 
6 Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos 
previstos neste Título: 
... 
VII - a sentença arbitral; 
7 Art. 28. Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto ao litígio, o árbitro ou o 
tribunal arbitral poderá, a pedido das partes, declarar tal fato mediante sentença arbitral, que conterá 
os requisitos do art. 26 desta Lei. 
 
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PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as 
questões de fato e de direito, mencionando-se, expressamente, 
se os árbitros julgaram por eqüidade; 
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões 
que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo para o 
cumprimento da decisão, se for o caso; e 
IV - a data e o lugar em que foi proferida. 
 
14.4 Participação de advogado e representantes das partes 
Determina a Constituição Federal, no art. 133, que "o advogado é 
indispensável a administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e 
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei". 
Resta saber se é obrigatória a presença de advogado no procedimento 
arbitral. 
Tendo em vista a informalidade e a ausência de atos judiciais, a resposta 
negativa se impõe, tendo em vista que a lei é clara e faculta - não obriga – às partes, a 
representação por advogado. 
Assim, o art. 21, § 3°, da Lei de Arbitragem preceitua: 
§ 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, 
respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as 
represente ou assista no procedimento arbitral. 
Já vimos que um dosprincípios impositivos que recaem sobre a arbitragem 
é, exatamente, a igualdade entre os litigantes, o que garante, às partes, iguais 
oportunidades. 
Assim, se um dos contendores se faz representar por advogado, o árbitro 
deve abrir prazo para que o outro, se quiser, igualmente nomeie causídico. 
Todavia, não aproveitada a oportunidade, nenhum óbice haverá para o 
regular desenvolvimento dos trabalhos com a prol ação da sentença arbitral, 
ainda que uma das partes não seja assistida por advogado, desde que, por óbvio, 
se lhe tiver sido dada a possibilidade de nomear um. 
Igualmente, as partes podem se fazer representar por procuradores ou 
prepostos, além do advogado que postulará pelo contendor. 
A ausência do advogado na audiência não prejudica a realização do ato, tendo 
em vista que a sua presença é facultativa na arbitragem. Se a ausência for do preposto, 
a mesma solução se afigura, posto que apenas se exige a oportunidade com a 
 
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TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
intimação da parte para que possa, querendo, comparecer ou se fazer representar. Por 
outro lado, a ausência sem justificativa da parte intimada para o depoimento pessoal 
gera comportamento que será levado em consideração na sentença. 
 
15 RELAÇÃO DE COORDENAÇÃO ENTRE A ARBITRAGEM E O PODER JUDICIÁRIO - 
CARTAS ARBITRAIS 
 
Nos termos do art. 22-C da Lei de Arbitragem, incorporado pela Lei 
13.129/2015: 
Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta 
arbitral para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou 
determine o cumprimento, na área de sua competência 
territorial, de ato solicitado pelo árbitro. 
O árbitro, a quem se defere jurisdição, conta com amplos poderes decisórios, 
mas não conta com o poder de executar as decisões que toma. Portanto, sempre que 
qualquer medida coercitiva no curso da arbitragem for necessária, expedirá a carta 
arbitral para execução pelos órgãos do Poder Judiciário, da mesma maneira que estes 
cumprem cartas precatórias, mediante requerimento do interessado. 
Muitas vezes, embora não seja o caso de medida coercitiva, a arbitragem 
precisa da estrutura do Poder Judiciário simplesmente para a eficácia de decisão 
arbitral, como, por exemplo, para oitiva de testemunha fora da comarca que não pode 
ser ouvida de outra forma. 
Como exemplo temos os seguintes casos, que reclamam a atuação do 
Poder Judiciário no curso do procedimento arbitral e demonstram a denominada 
“relação de coordenação” entre o árbitro e o juiz togado: a) condução coercitiva de 
testemunhas; b) efetivação de tutelas provisórias, de urgência (cautelares ou 
antecipadas) deferi das pelo árbitro; c) busca e apreensão de documentos ou 
imposição de multa para exibição; oitiva de testemunhas; intimações. 
O árbitro expede carta arbitral respeitando os requisitos do art. 260, do 
CPC8, instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação 
 
8 Art. 260. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória: 
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; 
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; 
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto; 
IV - o encerramento com a assinatura do juiz. 
 
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TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
do árbitro e de sua aceitação da função, para que a decisão seja efetivada pelo 
juiz togado competente, que determinará o seu cumprimento nos termos dos arts 260 
a 268, do CPC. 
A atividade do juiz togado se limitará à análise dos aspectos formais, 
determinando o cumprimento da decisão do árbitro espelhada na carta. 
A carta arbitral será dirigida ao juiz que seria competente para julgar a 
ação, caso não houvesse a convenção de arbitragem ou, havendo regra específica, 
de acordo com as normas de organização judiciária do Estado, e competirá à 
parte interessada o seu protocolo, comprovando a distribuição nos autos do 
processo arbitral. 
O juiz, por sua vez, deve observar o segredo de justiça que normalmente 
envolve o procedimento arbitral, desde que pactuado por ocasião da assinatura do 
termo de arbitragem, competindo às partes alertar o juízo acerca dessa circunstância, 
comprovando-a por ocasião da distribuição da carta arbitral. 
 
16 PRODUÇÃO DE PROVAS 
 
Nos termos da Lei de Arbitragem: 
Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o 
depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a 
realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, 
mediante requerimento das partes ou de ofício. 
A teor do dispositivo legal, verifica-se a incidência dos poderes instrutórios 
exacerbados do árbitro que, a par das provas requeridas pelas partes, poderá, 
perfeitamente, determinar a realização das provas que entender pertinentes. 
Pode, também, determinar a repetição de prova para o seu convencimento. 
Aliás, se o árbitro for substituído (art. 16), o substituto também poderá determinar a 
repetição das provas a teor do permissivo § 5° do art. 22 da Lei de Arbitragem: 
§ 5º Se, durante o procedimento arbitral, um árbitro vier a ser 
substituído fica a critério do substituto repetir as provas já 
produzidas. 
Por outro lado, qualquer prova é admitida (prova atípica), ainda que não seja 
uma prova tradicional no nosso direito (típica). Assim, além da perícia, é possível o 
 
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PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
exame de documentos de negócio jurídico referido pela parte contrária e, ainda, o 
depoimento técnico, mediante o qual é ouvido profissional especializado apenas para 
que possa trazer elementos de sua especialidade para os autos, sem que seja perito 
nomeado, como, aliás, hoje prevê o art. 464, § 3°, do CPC9. 
Ao árbitro é possível, assim como ao juiz, admitir pacto das partes sobre o 
ônus probatório (CPC, art. 373, § 3º) ou aplicar a teoria dinâmica da distribuição do 
ônus da prova (CPC, art. 373, § 1º), determinando a produção da prova à parte que 
pode produzi-Ia mais facilmente, dando a oportunidade de a parte se desincumbir do 
ônus que a impõe. 
Ressalte-se que, inicialmente, aquele que solicitou a prova, deve adiantar 
as despesas. De qualquer forma, às partes ou ao órgão arbitral caberá regular o 
adiantamento de despesas e, na ausência, o próprio árbitro pode solicitar o numerário 
nos termos do § 7º, do art. 13 da Lei de Arbitragem. 
 
17 DEPOIMENTOS DAS TESTEMUNHAS E INTERROGATÓRIO DAS PARTES 
O interrogatório das partes pode ser determinado ex officio, em qualquer 
momento processual, a fim de obter esclarecimento acerca dos fatos. Depoimento 
pessoal é requerido pela parte contrária para dela obter a confissão. 
Isso está disposto no artigo 22, da Lei de Arbitragem: 
Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o 
depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a 
realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, 
mediante requerimento das partes ou de ofício. 
O árbitro deve, também, diligenciar para que a intimação chegue à 
testemunha com pelo menos vinte e quatro horas de antecedência, tendo em vista 
que é o prazo mínimo do art. 218, § 2°, do CPC,47 para obrigar o comparecimento. De 
outro lado, se a testemunha que reside na comarca ou em comarca contígua não 
comparece, mesmo tendo sido intimada, pode ser conduzida coercitivamente. 
Nesse caso, como o árbitro não é dotado de poderes de coerção, instruirá 
requerimento ao juiz que seria competentepara julgar a causa mediante carta arbitral, 
nos termos dos arts. 237, 260 e 267 do Código de Processo Civil e instruída com cópia 
 
9 Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. 
... 
§ 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto 
controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. 
 
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da convenção de arbitragem bem como com cópia dos principais documentos 
constantes dos autos do procedimento arbitral e requererá justificando o não 
comparecimento da testemunha que seja determinado o seu comparecimento 
compulsório (art. 22, § 2°)10. 
Não cabe ao juiz avaliar se a testemunha deve ou não ser ouvida, mas, 
apenas, avaliar os aspectos formais da arbitragem, cumprindo o requerimento, assim 
como cumpriria uma carta precatória, aplicando o art. 455, § 5°, do CPC.11 
 
18 DAS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES 
 
A Lei de Arbitragem permite, expressamente, que o árbitro defira as tutelas 
de urgência incidentais que entender pertinentes. 
Dispõe a Lei 9.307/96, no seu art. 22-B, parágrafo único: 
Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, 
modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência 
concedida pelo Poder Judiciário. 
 
10 § 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar depoimento pessoal, o 
árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua 
sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o 
presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha renitente, 
comprovando a existência da convenção de arbitragem. 
11 Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da 
hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo. 
§ 1o A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de recebimento, cumprindo ao advogado 
juntar aos autos, com antecedência de pelo menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da 
correspondência de intimação e do comprovante de recebimento. 
§ 2o A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à audiência, independentemente da intimação 
de que trata o § 1o, presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte desistiu de sua 
inquirição. 
§ 3o A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1o importa desistência da inquirição da 
testemunha. 
§ 4o A intimação será feita pela via judicial quando: 
I - for frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo; 
II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz; 
III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao 
chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir; 
IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública; 
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454. 
§ 5o A testemunha que, intimada na forma do § 1o ou do § 4o, deixar de comparecer sem motivo 
justificado será conduzida e responderá pelas despesas do adiamento. 
 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida 
cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos 
árbitros. 
Portanto, caso seja necessária alguma tutela provisória de urgência durante o 
procedimento arbitral (incidentais, portanto), a parte interessada requer o necessário 
ao árbitro que, por sua vez, defere ou não o pedido. 
É tradicional a divisão doutrinária entre antecipação da tutela, ou seja, 
antecipação total ou parcial do pedido e, de outro lado, a tutela cautelar, que 
representa providência para garantir o resultado útil e eficaz do processo (instrumento 
do instrumento), sem que constitua adiantamento do que foi requerido. 
Lembre-se que as tutelas cautelares visam assegurar o resultado útil e eficaz 
do processo principal. 
Assim, por exemplo, uma das partes pode vislumbrar que um bem litigioso 
está se perdendo ou se encontra na iminência de ser alienado pela parte contrária, 
sendo absolutamente justificável a concessão de tutela provisória de urgência de 
natureza cautelar mediante sequestro. 
Ainda como exemplo, pode haver justificado receio de o demandado dilapidar 
o seu patrimônio, sendo necessário o arresto de bens suficientes para garantir o 
cumprimento de eventual decisão favorável a uma das partes no processo arbitral. 
Em suma, o árbitro poderá deferir tutela cautelar ou de antecipação de tela, 
indistintamente de urgência. 
Deferido o pedido, o árbitro expede carta arbitral, conforme já vimos, com 
prova da nomeação do árbitro e de sua aceitação da função, para que a decisão seja 
efetivada pelo Poder Judiciário, que determinará o seu cumprimento nos termos dos 
arts. 260 a 268 do CPC. 
A solicitação de cumprimento da tutela de urgência deferida pelo arbitro será 
dirigida ao juiz que seria competente para julgar a ação, caso não houvesse a 
convenção de arbitragem ou, havendo, nos termos da lei de organização judiciária do 
Estado que prevalece. 
O juiz, por sua vez, deve se limitar à análise dos aspectos formais e determinar 
o cumprimento da decisão do árbitro. 
Se a necessidade de tutela de urgência, de natureza cautelar ou antecipada, 
não se apresenta de forma incidental (no curso do procedimento arbitral já instalado ), 
mas antes da instalação da arbitragem (tutelas de urgência antecedentes), nada obsta 
 
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PROFESSOR: LUIZ CLÁUDIO ARAUJO SCHNEIDER 
TURMA: 10ª FASE – 2º SEMESTRE – 2017 
 
que a parte solicite ao juiz togado, judicialmente, esclarecendo a necessidade 
(periculum in mora) e, principalmente, a existência de convenção de arbitragem, 
declinando que, no prazo de trinta dias do art. 22-A da Lei de Arbitragem, tomará as 
medidas necessárias para instalação da arbitragem como, por exemplo, a comunicação 
ao árbitro ou à entidade arbitral e notificação da parte contrária. 
 
19 PEDIDO CONTRAPOSTO 
 
É possível, no procedimento arbitral, o chamado pedido contraposto. 
Isto porque aquele que não foi o primeiro a provocar a instituição da 
arbitragem, supondo uma cláusula arbitral cheia, não está impedido de formular 
pedido, além de ofertar sua defesa. 
E o fará nos limites da convenção de arbitragem e na mesma peça de defesa, 
vez que não se trata de reconvenção. 
Por exemplo: o fornecedor de determinada mercadoria litiga buscando a 
condenação do comprador no pagamento do preço e, por sua vez, o comprador 
pleiteia perdas e danos em razão da qualidade do produto vendido. 
O pedido contraposto igualmente é possível em razão de compromisso 
arbitral, como, por exemplo, na ação de indenização decorrente de abalroamento de 
veículos, embarcações etc. 
Firmado o compromisso, as partes poderão formular pedido de indenização 
independentemente de quem tenha sido a primeira a requerer a instituição da 
arbitragem.

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