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HPEB - De Vargas à PEI

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HISTÓRIA DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
O governo de Getúlio Vargas, apesar de ter sido um período relativamente curto, foi de imensa importância para o Brasil. Em 1930 se inicia um processo de industrialização, guiado por um novo paradigma que irá substituir o liberal-conservador: o paradigma nacional-desenvolvimentista (1930-1980).
Percebe-se pelas datas acima expostas que este paradigma abrange os governos de Vargas até o período militar – exceto os governos de Dutra e Castelo Branco. Então o que todos estes governos podem ter em comum? A política externa nacional-desenvolvimentista visa, entre outros vetores, a promoção de industrialização para promover as demandas da sociedade, o que exige uma interferência do Estado na economia; o fortalecimento do nacionalismo econômico, representado pelas instituições estatais.
O Brasil passava por um momento em que era considerado uma “grande fazenda” (estado periférico em uma deterioração dos termos de troca), então para começar o desenvolvimento industrial era necessário primeiramente que fosse adquirido capital por meio de endividamento.
Apesar de ter início em 1930, apenas a partir de 1937 a política externa de Vargas terá um modelo definido, priorizando relações comerciais. Em meio a Segunda Guerra e a uma queda de exportações, ele, a fim de conseguir desenvolver a indústria siderúrgica brasileira, manteve um comércio compensado com a Alemanha (troca de mercadorias sem intermediação de moeda) e um livre comércio com os Estados Unidos.
Até que trocou apoio aos países aliados pela a ajuda dos Estados Unidos da América, sendo possível a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional em 1941 e dando fim à equidistância pragmática. O objetivo dos EUA com isso era neutralizar a influência alemã no país. Os estadunidenses garantiram ao Brasil que reequipariam suas Forças Armadas – o que era algo necessário para um desenvolvimento, o país teria uma melhor indústria bélica – e foram rompidas as relações comerciais e diplomáticas com o Eixo.
Getúlio Vargas apresentava ambiguidade em sua política externa e interna, enquanto a primeira apoiava governos democráticos o país passava por um momento interno antidemocrático.
Eurico Gaspar Dutra já tem um visão bem diferenciada, como ambiguidade era motivo de insatisfação no governo Vargas, o governo de Dutra foi totalmente alinhado aos Estados Unidos. Neste período, de toda a ajuda externa oferecida pelos EUA, apenas cerca de 3% era destinada aos países da América Latina, e enquanto o Brasil necessitava de sua ajuda, os Estados Unidos apenas visavam garantir sua hegemonia, priorizando países da Europa e Ásia. A frustração brasileira com a falsa cooperação dos EUA, que não concretizavam medidas para a ajuda econômica, levou ao descontentamento com o governo Dutra, que ainda se mantinha firme àquele país.
Vargas retoma o poder em 1950 em um plano político marcado por populismo, anti-imperialismo e nacionalismo. No ano seguinte de seu retorno, houve uma reunião da OEA e o Brasil aproveitou o momento para reclamar a cooperação econômica, que vinha sendo pouca; foi criada então a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico.
Com a criação da Petrobrás, uma empresa criada com o monopólio do Estado, os estadunidenses tiveram a impressão de que Getúlio estava fazendo concessões à esquerda nacionalista. A Comissão mista acordou a troca:
Brasil forneceria materiais, minerais estratégicos, tropa para a Guerra da Coreia e alinhamento à política de Guerra Fria.
EUA forneceria ajuda econômica referente a transportes e energia. 
Até então a relação Brasil-EUA parece encaminha bem, porém com a eleição de Eisenhower em 1953 os trabalhos da comissão são desativados. A deterioração das relações com os EUA e o fim do governo Vargas se dão por um decreto dele que limitava em até 10% a.a. remessas de lucro para o exterior. Este ato gerou a suspensão de empréstimos dos EUA ao Brasil. 
Juscelino Kubitschek, conhecido por seu plano de metas, assume em 1956 utilizando as vertentes do nacional-desenvolvimento como chave para as relações internacionais do Brasil. É a partir de seu governo que a política externa brasileira ganhou notoriedade nos planos interno e externo, nomeadamente no momento em que propôs a Operação Pan-Americana.
Percebendo a necessidade de receber capitais e tecnologia a fim de desenvolver a indústria nacional, JK se volta aos Estados Unidos. Utilizando os primeiros anos de seu governo para a manutenção das relações Brasil-EUA, ele deu seu primeiro passo apenas em 1958, com a troca de correspondências entre JK e Einsenhower em que Kubitschek lançou a ideia da OPA. Como o presidente brasileiro se referia ao desenvolvimento do continente latino americano como um todo, a operação visava que os Estados Unidos se comportassem de maneira uniforme com todos esses países, até pelo motivo de todos passarem pelos mesmos motivos.
A Operação possuía além do viés econômico e integrador, um viés ideológico, alegando que a penetração de ideologias exóticas e antidemocráticas poderia ser evitada através do desenvolvimento e do fim da miséria. Sendo assim, pode-se concluir que suas características eram:
Iniciativa multilateral (pela primeira vez a política exterior do país e relações com os EUA foram tratadas dessa maneira)
Oriunda da diplomacia presidencial (JK e seu assessor foram os responsáveis por formularem a política externa)
Comparava miséria = subdesenvolvimento = ideologia socialista, como forma de maior incentivo e demonstração da hegemonia do regime estadunidense.
Embora a operação em si não tenha sido efetivada alguns pontos foram conquistados:
 criação de um mecanismo financeiro multilateral – Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – com capital de 1 bilhão de dólares 
 projeto de um mercado comum latino-americano – Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), foi criada em 1960 através do Tratado de Montevidéu e tinha como objetivos principais: estabilidade e ampliação do intercâmbio comercial, desenvolvimento de novas atividades, aumento da produção.
O Brasil ainda recebeu créditos adicionais no valor de 158 milhões de dólares para financiamento das importações dos EUA.
No ano seguinte à essa ideia brasileira houve um acontecimento que mudou o posicionamento de frieza dos Estados Unidos: os guerrilheiros da Revolução Cubana, liderados por Fidel Castro, haviam tomado o poder. Dois anos depois, em tentativa de não perder sua hegemonia frente aos países latino-americanos, o presidente estadunidense Kennedy lança a Aliança para o Progresso. É considerada uma resposta tardia dos EUA a OPA, porém não foi vista de maneira positiva na América Latina. É neste ano também (1961) que Jânio Quadros e João Goulart (presidente e vice) são empossados e dão início à Política Externa Independente.

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