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Guia Prático de Farmácia Magistral cap2

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Controle da 
Qualidade na 
Farmácia 
Magistral 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Introdução 
A Farmácia Magistral representa hoje um nicho de mercado 
para o para o profissional farmacêutico. Possibilita ao farmacêutico 
a ascensão social e econômica com completa realização profissio-
nal, encontrando na farmácia a possibilidade de exercer com ampli-
tude todas as atividades inerentes ao verdadeiro profissional do 
medicamento. 
Contudo, apesar das inúmeras vantagens que o medicamento 
manipulado oferece em relação ao industrializado que vão desde a 
facilidade posológica até a econômica, são inúmeros os obstáculos 
que dificultam o crescimento do setor. 0 maior destes obstáculos é 
a falta de credibilidade do produto manipulado pela suposta ausên-
cia de um controle da qualidade rigido das matérias-primas e produ-
tos acabados, ausência de controle do processo de produção e sua 
reprodutibilidade. Qualidade é a patavra de ordem e deve ser ine-
rente a qualquer produto ou prestação de serviço na atualidade e, 
para a farmácia magistral fundamental para sua sobrevivência. 
Dentro deste contexto de busca pela Qualidade, é importan-
te citar a participação destacada da ANFARMAG (Associação Nacio-
nal dos Farmacêuticos Magistrais) na elaboração da Resolução 33, 
de maio de 2000 que trata sobre Boas Práticas de Manipulação e da 
lei sancionada pelo presidente Bill Clinton em 1998 instituindo a 
farmácia magistral nos Estados Unidos que culminou com a publica-
ção dentro da United States Pharmacopoeia na 24a edição (USP24) 
em 2000 do Pharmacy Compounding e o conseqüente reconhecimen-
to deste setor nos Estados Unidos da América. Estes dados indicam o 
caminho da qualidade para a consolidação do setor magistral. 
Nos últimos anos o setor magistral apresentou um vertiginoso 
crescimento, assumindo uma importância cada vez maior dentro do 
mercado de medicamentos e, conseqüentemente contribuindo para 
a saúde pública brasileira. Como era de se esperar, a qualidade do 
produto manipulado tem sido objeto de inúmeras discussões e deba-
tes, sendo o tema mais freqüente nos últimos dois anos, principal-
mente em função da RDC 33. Aqui é importante lembrar que o cer-
ne básico desta legislação é a busca por um processo de qualidade 
conduzido através das Boas Práticas de Manipulação Farmacêutica 
(BPMF), onde o controle da qualidade é ferramenta indispensável 
17 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
para sua verificação, para atingir um produto com qualidade farma-
copéica e que possa ser manipulado quantas vezes for necessário, 
com os mesmos parâmetros de qualidade. 
Analisando tecnicamente a RDC 33 podemos dizer que é uma 
legislação exigente que se mostra como um grande desafio para o 
setor magistral e para os órgãos de vigilância sanitária. Contudo, se 
lembrarmos que o medicamento é uma ferramenta para a saúde 
física e mental e que esta ref lete na vida humana, esta grande res-
ponsabilidade transforma-se no privilégio de discutir os pontos fra-
cos, de demonstrar competência e segurança, de ganhar credibil i-
dade e de mostrar à sociedade a importância crescente do produto 
manipulado na promoção da saúde. 
18 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Qualidade da matéria prima no setor magistral 
Nos últimos anos, o setor magistral concentrou seus esforços 
na qualidade da matéria prima farmacêutica. Hoje podemos afirmar 
que o número de não conformidades para matéria prima é extre-
mamente pequeno o que reflete a preocupação do setor farmacêu-
tico, impulsionado por novas legislações e pelo remodelamento do 
órgão de vigilância sanitária, agora denominado ANVISA (Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária). Contudo, não devemos deixar de 
nos preocupar, pois nos últimos anos cresceu o número de importa-
dores e distribuidores de matéria- prima, o que pode significar uma 
maior possibilidade de problemas. Desta forma, é importante lem-
brar o item 4.4.1 da RDC 33 que discorre sobre a aquisição de mate-
riais, cujo sub-item 4.4.1.2.1 nos fala sobre a qualificação do forne-
cedor, tornando obrigatória a comprovação de regularidade perante 
a autoridade sanitária, o compromisso com a qualidade da matéria 
prima através do certificado de análise e etc. Conhecer os nossos 
fomecedores é etapa indispensável na consolidação do setor magis-
tral e o primeiro passo para evitar erros. 
Ainda discutindo sobre as matérias primas, as perspectivas 
são ainda melhores. Até o presente momento o controle da qualida-
de foi realizado por laboratórios que terceirizam a realização de 
análises físico-químicas e microbiológicas. Com a implantação da 
RDC 33 no item 4.6.2, sub-item 4.6.2.7 torna-se obrigatória a 
realização de testes básicos como pH, o ponto de fusão e etc. 
Para destacar a importância deste trabalho, vamos conside-
rar o enalapril: potente inibidor da enzima de conversão de angio-
tensina, utilizado no controle da pressão arterial. 
Segundo a Farmacopéia Européia deve ser acondicionado em 
recipientes bem fechados ao abrigo da luz e, um dos parâmentros 
de identificação é o pH que deve estar entre 2,4 e 2,9. Ao obser-
varmos a seguir a reação química de degradação do enalapril pela 
água, percebemos a importância do armazenamento sob condições 
de temperatura e umidade controladas, tanto na distribuidora quan-
to na farmácia bem, como a importância de uma análise simples de 
pH. 0 enalapril ao ser degradado pela água, converte-se em enapri-
lato que não tem uma absorção adequada no trato gastrointestinal, 
com conseqüente alteração na biodisponibilidade e na atividade 
antihipertensiva. Esta degradação pode ser observada pelo pH que 
deve estar entre 2,4 e 2,9 para o enalapril como citado acima. A 
faixa de pH do enaprilato deverá ser menor que 2,4 pois apresenta 
19 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
características mais ácidas. Podemos assim observar que o i tem 
4.6.2.7 da RDC 33 juntamente com a terceirização é uma importan-
te ferramenta para separar os bons dos maus fornecedores, ou seja, 
QuaUficar o Fornecedor segundo a RDC 33. 
° - f H HCH3 
K^ H N . XOOH Cr» 
Knaljipril 
H 2° |f 
^ 
Com u (U-wruduvão o p l l 
' ^ T 
v ^ 
l l( 
s * l : i l l H l l o l 
.o 
*\.H H„CH3 
+ Klanol 
H N. ...COOH 
Eaaprilato 
(|ue 2,4 
Assim, temos a convicção que o laboratório de controle da 
qualidade é uma ferramenta indispensável para o crescimento e a 
solidificação do setor magistral e, que é perfeitamente possível a 
implantação do controle da qualidade dentro das farmácias magis-
trais. Desta forma, o objetivo é colocar de forma simplificada e ob-
jetiva, os conceitos de química analítica e de controle da qualidade, 
aplicando-os em fármacos de grande importância terapêutica e eco-
nômica dentro da farmácia magistral. A seguir discutiremos itens 
importantes ao Controle da Qualidade para a Farmácia Magistral. 
20 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
1. Qualificação dos fornecedores 
Ao adquirirmos uma matéria-prima de um fornecedor e 
transformarmos a mesma em medicamento, assumiremos toda a 
responsabilidade da qualidade do produto perante o consumidor. 
Assim sendo, podemos vir a responder judicialmente, caso o medi-
camento não cumpra as especificações contidas no rótulo. A escolha 
de um fomecedor idôneo, criterioso e competente trará tranqüil i-
dade e segurança na relação de negócios. É importante conhecer 
pessoalmente o fornecedor, suas instalações, as condições em que 
são armazenadas as matérias-primas (tipo de embalagem, tempera-
tura, luminosidade, umidade, identificação e ordenação), limpeza, 
como é feito o fracionamento (vestimenta e higiene dos funcioná-
rios, instrumentos de medida utilizados, embalagens utilizadas), 
rapidez e pontualidade na entrega,condições de pagamento e pre-
ços, etc. 
Devemos solicitar ao fomecedor o certif icado de análise das 
matérias-primas, não só com os resultados das análises mas também 
com as especificações, a data de fabricação, a validade, as condi-
ções de conservação e armazenagem ideais, o número do lote e o 
país de procedência. A relação entre a farmácia e o fomecedor de-
ve ser de parceria, visando a completa satisfação do cl iente. Os 
fomecedores que não atendam às especificações devem ser excluí-
dos. 
21 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
2. Controle da Qualidade das Matérias-primas 
2.1. Laboratório de Controle da Qualidade 
2.1.1. Instalação fisica 
Área física ideal: mínimo de 10 m2 
Localização: preferencialmente próximo ao almoxarifado e ao labo-
ratórios de produção, porém deve ser isolado e independente das 
outras instalações. 
Piso: cerâmica ou piso vinílico de fácil limpeza. 
Paredes: azulejo ou parede com revestimento liso e pintura a óleo. 
Iluminação: natural e artificial adequada, porém com a possibilida-
de de uma área escura (para leituras cromatográficas). 
Ventilação: a área deve ser ventilada com capela de exaustão. 
Refrigeração: deve conter ar condicionado, mantendo a temperatu-
ra ambiente em torno de 20°C (necessário para o funcionamento e 
conservação ideal dos equipamentos analíticos). 
Bancadas: alvenaria ou madeira formicada com revestimento prote-
tor, impedindo a quebra de vidrarias. 
Instalações elétricas: tomadas de 110 V e 220 V. 
Instalações hidráulicas: as bancadas devem possuir torneiras. 
Outras benfeitorias: gás, vácuo 
2.1.2. Equipamentos 
A instalação e os equipamentos de um laboratório de contro-
le da qualidade com recursos básicos, podem ser obtidos a custos 
razoáveis. Todavia, o investimento retorna sob a forma de economi-
a, com a maior eficiência nos processos de produção, na avaliação 
do desempenho dos funcionários, na segurança, no controte do de-
sempenho da empresa, na conscientização sobre a importância da 
qualidade, na credibilidade e na conquista de uma posição estável 
no mercado. 
Os equipamentos necessários para o funcionamento de um 
laboratório de controle da qualidade na farmácia de manipulação, 
devem ser proporcionais à amplitude das análises que se pretende 
realizar e à disponibilidade financeira para adquiri-los. Considera-
22 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
mos como ideal: 
• pHmetro 
• aparelho para determinação do ponto de fusão 
• viscosímetro 
• espectrofotômetro (visível e ultravioleta):faixa 190 a 750 nm 
• estufa 
• balança analítica de precisão 
• mufla 
• banho-maria 
• centrífuga (com pelo menos 3.000 rpm) 
• microscópio 
• refratômetro 
• dessecador 
• bico de Bunsen 
• tamizes para classificação de pós: 100, 150, 200 mesh 
• densímetros (alcoômetros e picnômetros) 
• vidrarias (provetas, buretas, condensadores, balões, Erlen-
meyers, cápsulas de porcelana, tubos de ensaio, funis de se-
paração, pipetas graduadas e volumétricas, tubos de Nessler, 
balões volumétricos, termômetros, pesa-filtros, frascos para 
reagentes, etc.) 
• refrigerador 
• cromatoplacas 
• lâmpada UV 
• cuba cromatográfica (para cromatografia de camada delga-
da) 
• balança com dessecador para determinação de umidade 
2 . 1 . 3 . Principais fontes bibliográficas de metodologia analí-
t ica 
• Index Merck 
• USP - National Formulary 
• BP - British Pharmacopoeia 
• Martindale 
• Farmacopéia Brasileira 
• Análise Farmacêutica (Andrejus Korolkovas) 
• CTFA Standarts Methods - Cosmetic, Toiletry and Fragance 
Association 
23 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
• Manual de Soluções, Reagentes e Solventes (Morita) 
• Livros de Farmacognosia 
• Livros de Química Analitica 
• Handbook of Pharmaceutical Excipients 
• Farmacopéia Européia 
2.2. Recepção, Identificação e Amostragem das maté-
rias-primas 
2.2.1. Recepção das matérias-primas 
Quando a matéria-prima chegar ao almoxarifado sua embala-
gem deve ser examinada visualmente, observada sua integridade, 
sua conformidade com o declarado na nota fiscal; a confirmação de 
peso ou votume (ainda na presença da transportadora) a necessida-
de de conservação especial e a validade. 
2.2.2. Identificação 
Todas as matérias-primas recém-chegadas devem ser conser-
vadas em uma área isolada considerada "quarentena", até que o 
laboratório de controle da qualidade tenha determinado ou não a 
sua aceitabilidade. 
A área de quarentena deve ter acesso restrito de maneira a 
evitar a utilização inadvertida da matéria-prima não analisada. 
As matérias-primas que necessitam condições especiais de 
conservação serão retidas até que as análises indiquem sua confor-
midade. 
Conforme o controle da qualidade aprove ou rejeite o lote 
de matéria-prima, identificá-la com etiqueta de aprovação ou re-
provação. 
2.2.3. Etiquetas 
As etiquetas de identificação devem seguir os seguintes pa-
drões de cores: 
• Quarentena: amarela 
• Aprovado: Verde 
• Reprovado: Vermelho 
24 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Podem ser preenchidas com os seguintes dados: 
A. Quarentena 
Nome da matéria-prima 
Número do lote 
Data do recebimento 
Data da fabricação 
Data da validade 
Nome do fornecedor 
Quantidade 
Nome da transportadora 
Aguardando aprovação 
B. Aprovado: etiqueta de aprovação 
• Nome da matéria-prima 
• Número do lote 
• Data do recebimento 
• Data da validade 
• Nome do fornecedor 
• Quantidade 
• Analista responsável 
• Aprovado 
C. Reprovado: etiqueta de reprovação 
• Nome da matéria-prima 
• Número do lote 
• Data do recebimento 
• Data da validade 
• Nome do fornecedor 
• Analista responsável 
• Reprovado 
2 . 2 . 3 . Amostragem 
A amostragem deverá ser fei ta por uma pessoa qualificada, 
sob a supervisão do controle da qualidade. 
Devem ser recolhidas amostras representativas de cada em-
balagem de cada lote, caso venha mais de uma embalagem de um 
mesmo lote. 
25 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Utiliza-se <n + 1 (número de embalagens das quais devem 
ser recolhidas amostras). Caso a matéria-prima pertença a lotes 
diferentes, cada lote deve ser amostrado. 
A amostragem deverá ser tomada em local limpo e apropria-
do para que não haja possibilidade de contaminação cruzada. 
Deverá ser tomada uma porção do fundo, uma do meio e 
uma da parte superior das embalagens com pipeta, sonda, colher ou 
utensilio apropriado. 
A quantidade de amostra a tomar deverá ser determinada 
previamente, de acordo com a metodologia analítica a ser empre-
gada, separando um pouco mais para a amostrateca 1. 
2.3. Características (identificação) das matérias-primas 
Testes qualitativos ou quantitativos simples nas matérias-
primas podem ser de grande valia para detectar alterações, adulte-
rações ou erros grosseiros dos fornecedores na separação da maté-
ria-prima podendo ser efetuados na própria farmácia. 
Deve-se preparar uma ficha constando os métodos analíticos 
que serão empregados 2. 
Para fins de identificação, costuma-se levar-se em conta os 
critérios subjetivos. 
Critérios analíticos empregados para determinação da quali-
dade dos medicamentos: 
Propriedades organolépticas: aspecto geral, cor, odor e sabor. 
Normas e ensaios de identidade: solubilidade, ponto de fusão, es-
pectrofotometria no ultravioleta e infravermelho, cromatografia, 
reações de coloração, reações de precipitação, etc. 
Normas e provas de pureza: métodos quantitativos como: perda 
por dessecação, grau de umidade, cromatografia líquida e gasosa, 
espectrometria de massa (para estimar a concentração de uma im-
pureza tóxica), ensaios de metais tóxicos, provas de esterilidade e 
pirogenicidade. 
Normas e ensaios de atividade: métodos quantitativos como:es-
pectrofotometria, titulação, gravimetria e outros baseados em rea-
ções elétricas, térmicas e biológicas. 
1 Amostrateca: local para arquivamento de amostras de matéria-prima ou produtos acabados pertencentes 
a cada lote analisado. As amostras analisadas aprovadas podem ser eventualmente utilizadas como parà-
metros comparativos com futuros lotes a serem analisados. 
' Ficha de especificação de matérias-primas (veja na pá^ina 662). 
26 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
2 .3 .1 . Caracterização organoléptica 
São consideradas características organolépticas aquelas que 
utilizam os cinco sentidos como instrumentos de análise. É impor-
tante na identificação inicial da matéria-prima que chega à farmá-
cia, sendo portanto, um método inicial de custo zero. As caracterís-
ticas organolépticas guardam relação com a integridade e a quali-
dade da matéria-prima, mas não podem ser utilizadas com fins ana-
líticos, pois são consideradas subjetivas. 
Tabela 2 - Características organolépticas X Sentido 
Características organolépticas 
Aparência 
Cor 
Odor 
Sabor 
Sentido 
Tato, visão 
Visão 
Olfato 
paladar 
A - Substâncias sólidas (pó) 
Aparência: amostrar uma alíquota homogênea e espalhar sobre um 
papel branco. Fazer comparação visual e táctil com um padrão (a-
mostrateca), confrontando a observação com as especificações do 
fornecedor e com a da bibliografia analítica adotada. 
Cor: a observação da cor da amostra deve ser realizada em local 
bem iluminado (luz branca) contra um fundo branco e em confronto 
com padrão da amostrateca e a descrição da metodologia analítica 
adotada. Descrições mais comuns: branco, quase branco, levemente 
amarelado, etc... 
Odor: deve ser observado em confronto com padrão da amostrateca 
e bibliografia adotada. Devemos tomar precaução com substâncias 
voláteis, tóxicas e irritantes (por exemplo: capsaicina, ácido clorí-
drico, ácido sulfúrico, hidróxido de amônio, e tc ) . É um parâmetro 
organoléptico apenas descritivo e não deve ser considerado como 
padrão de pureza, exceto para aqueles casos nos quais um odor par-
ticular é sinal de alteração (como odor de ranço em materiais gra-
xos e odor característico de hidrólise na dietilpropiona). Geralmen-
te classificado como: odor característico ou inodoro. 
Sabor: não é determinado para sólidos (risco de intoxicação para o 
analista). 
27 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
B - Substâncias líquidas 
Aparência: homogeneizar a amostra e transferir uma alíquota para 
um tubo de ensaio e observar contra um fundo branco. Deve-se con-
siderar a presença ou não de resíduos, o grau de turvação e a sepa-
ração de fases. 
Cor: a cor será determinada usando amostras-padrão, fazendo uma 
identificação visual ou por método colorimétrico. A técnica será 
realizada preferencialmente em tubos de comparação de cor rigoro-
samente iguais, sob condições que assegurem que a solução de refe-
rência colorimétrica e a substância testada sejam tratadas similar-
mente em todos os aspectos. A comparação de cores é melhor se 
realizada em camadas de iguais profundidades e, sendo observadas 
transversalmente contra um fundo branco, sendo particularmente 
importante que as soluções sejam comparadas na mesma tempera-
tura, preferencialmente aos 25°C. 
Odor: deve-se tomar precaução com líquidos voláteis tóxicos e i r r i -
tantes. Geralmente classificado como: odor característico ou inodo-
ro, confrontando com amostra padrão recente. No caso de óleos ou 
materiais graxos, esteja atento ao odor característico de ranço. 
Sabor: não é determinado para líquidos. 
C - Essências e aromas 
Aparência: deve-se considerar a presença ou não de resíduos e tur-
vação. Isto é possível através da observação na embalagem original 
do produto, senão através de frascos transparentes. 
Cor: segue-se o mesmo método descrito para líquidos. 
Odor: o odor das essências será identif icado utilizando-se uma f i ta 
de papel de f i l t ro na qual mergulha-se o produto. Espera-se secar 
levemente, para logo em seguida cheirá-la, comparando com seu 
aroma padrão. É importante não se realizar a análise de várias es-
sências ao mesmo tempo devido à possibilidade de mistura de odo-
res, dificultando uma perfeita identif icação. 
Sabor: pode-se proceder à preparação de uma solução açucarada 
(xarope), adicionando a mesma quantidade de aroma para a amos-
tra e para o padrão. Deve-se experimentar a amostra, enxaguar a 
boca com água e logo a seguir experimentar o padrão. 
D - Corantes 
Aparência: fazer comparação visual com um padrão pré-
determinado, em papel branco, seguindo as especificações do for-
necedor. 
28 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Cor: prepara-se uma solução de porcentagem variada, porém baixa 
(translúcida), idêntica ao padrão. Em seguida analisar de acordo ao 
método descrito na cor dos líquidos. 
Odor: inodoro ou característico, segundo a especifícação do forne-
cedor. 
Sabor: não é determinado para corantes. 
2 .3 .2 . Identificação físico-química 
0 teste de identificação é um meio de se determinar a iden-
tidade de uma substância, não fornecendo obrigatoriamente dados 
sobre a sua pureza. Quando se dispõe de equipamentos, a ident i f i -
cação feita por espectroscopia no infravermelho pode ser uma me-
todologia de escolha. 
A - Solubilidade 
As indicações sobre solubilidade referem-se a determinações 
feitas a 25°C. Pode-se verif icar a solubilidade em solventes com a 
água, álcool etí l ico, metanol, glicerol, clorofórmio, acetona, éter, 
soluções ácidas diluidas, soluções alcalinas diluídas, óleo mineral, 
óleo vegetal, acetato de et i la, propilenoglicol e outros solventes 
que vão interessar à manipulação específica. 
Tabela 3: Classificação farmacopéica da solubilidade 
Termo descritivo 
Muito solúvel 
Facilmente solúvel 
Solúvel 
Ligeiramente solúvel 
Pouco solúvel 
Muito pouco solúvel 
Insolúvel 
Quantidade de solvente 
Menos de uma parte * 
De 1 a 30 partes 
De 10 a 30partes 
De30a 100 partes 
De 100 a 1.000 partes 
De 1.000 a 10.000 partes 
Maisde 10.000 partes 
Nota: ' A expressão "partes" refere-se à dissolução de 1 $ de um sótido ou 1 mL de um liqui-
do no número de mililitros do solvente estabelecido no número de partes. 
29 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
B - Determinação do pH 
0 pHmetro é um aparelho indispensável na farmácia com 
manipulação, sendo importante tanto no controle da qualidade da 
matéria-prima como no produto acabado. A medição do pH é muito 
importante, pois várias matérias-primas podem ter seu pH alterado 
em função de impurezas ou instabilidades (hidrólise, por exemplo). 
Esta instabilidade pode ocorrer devido ao tempo de estocagem e/ou 
condições inadequadas de transporte e armazenamento. 
Altas temperaturas predispõem à instabilidade. Algumas ma-
térias-primas podem ser caracterizadas através da medição do pH 
de uma solução da amostra à determinada concentração. 
Descrição 
Passo 1: Retirar o béquer contendo solução de KCl 3 M no qual está 
mergulhado o eletrodo quando o medidor não está em uso; 
Passo 2: Lavar o eletrodo com jatos de água destilada e enxugá-lo 
com papel de f i l t ro ; 
Passo 3: Imergir o eletrodo em solução-tampão de referência, veri-
ficando-se a temperatura em que se vai operar; 
Passo 4: Ajustar o valor de pH 7, mediante o botão de calibração; 
Passo 5: Lavar o eletrodo com várias porções de um segundo tampão 
de referência, imergindo-o neste, verificar o valor do pH registrado, 
aferir o pHmetro com valor de pH 4 do segundo tampão; 
Passo 6: Após a aferição, lavar o eletrodo com água destilada e com 
várias porções da solução da amostra; 
Passo 7: Para a diluição das amostras, deve-se usar água destilada 
isenta de dióxido de carbono (água destilada fervida recentemen-te); 
Passo 8: Proceder à determinação da leitura do pH da solução da 
amostra, a primeira determinação fornece o valor variável, havendo 
necessidade de proceder novas leituras (ideal: 3 leituras); 
Passo 9: Lavar novamente o eletrodo com água destilada, conser-
vando-o a seguir em solução de cloreto de potássio. 
30 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
B.1. Sugestão de Soluções-tampão 
Tampão pH 7 
Fosfato monopotássico 0,2 M 50,0 mL 
Hidróxido de sódio 0,2 M 29,1 mL 
Água destilada qsp 200,0 mL 
Tampão pH 4 
Biftalato de potássio 0,2 M 50,0 mL 
Ácido clorídrico 0,2 M 0,1 mL 
Água destilada qsp 200,0 mL 
C - Densidade 
A densidade é uma propriedade física cujo valor é calculado 
através do peso (em gramas) e do volume (em mililitros) de uma 
dada substância pura (líquida ou sólida) ou mistura. 
Exemplo: a água a 25°C tem densidade igual a 1,000; isto 
significa que 1 grama de água nessa temperatura ocupa o volume de 
1 mL. Adicionando-se sal na água, a densidade será alterada para 
mais. Já na mistura água-álcool etílico, a densidade será menor que 
1,000. 
Portanto, nas misturas a densidade das substâncias adiciona-
das interferirá na densidade final, permitindo determinar possíveis 
adulterações através da medição da densidade. 
A densidade é útil para avaliar a pureza de certas substân-
cias, como por exemplo: álcool, óleos vegetais e minerais. 
Para a determinação da densidade (densidade específica) em 
líquidos e densidade aparente em pó utilizam-se densímetros de 
vidro, picnômetros, provetas e balanças analíticas. 
C. 1. Determinação da densidade aparente f d ^ l para pós 
Para a determinação da densidade de pós (densidade aparen-
te) uti(iza-se a proveta. A densidade aparente é útil tanto na identi-
ficação da amostra como também para viabilizar o método de en-
chimento volumétrico de cápsulas, densidade aparente de pós e a 
relação de peso por unidade de volume, incluindo os espaços vazios 
que normalmente existem entre as partículas. 
31 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
A determinação da densidade aparente requer apenas uma 
proveta em uma balança. 
d(ap) = P/V 
d(ap) = densidade aparente 
P = peso em gramas 
v = volume em mililitros 
C.2. Determinação da densidade relativa (método do picnômetro) 
para liquidos 
Passo 1: Utilizar um picnômetro limpo e seco que tenha sido previ-
amente calibrado. A calibração consiste na determinação da massa 
do picnômetro vazio e da massa do seu conteúdo com água, recen-
temente destilada e fervida, medida a 20°C. 
Passo 2: Colocar a amostra no picnômetro a 20°C, remover o excesso 
da substância, se necessário, e pesar. Obter o peso da amostra (em 
gramas) através da diferença da massa do picnômetro cheio e vazio. 
Passo 3: A divisão entre a massa da amostra líquida e a massa da 
água, ambas a 20°C é a densidade relativa. 
, nn0r> massa da amostra líquida 
d(rel)ZU U = — massa da água 
C.3. Determinaçào da densidade especifica 
É calculada a partir de sua densidade relativa 
D(esp)20°C = 0,99703 x d ( re l ) + 0,0012 
Nota: normalmente as monoçrafias fornecem dados de densidade espeáfica. 
D - Densitometria 
É a utilização de aerômetros ou densímetros para determina-
ção da densidade. Observar a temperatura que será efetuada a me-
dição da densidade, caso seja necessário faça a correção da leitura. 
32 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Descrição 
Verta a amostra liquida numa proveta, coloque a proveta em 
posição vert ical, introduza um termômetro no líquido fixando-o so-
bre o bordo da proveta. Quando a coluna termométrica ficar esta-
cionária, mergulhe no líquido o densímetro previamente molhado no 
líquido em ensaio e enxugado cuidadosamente. 0 densímetro deve-
rá flutuar livremente na proveta, sem aderir às paredes e o líquido 
não deverá atingir os bordos da proveta. Quando o densímetro dei-
xar de oscilar faça a leitura. 
E - Alcoometr ia 
Quando se introduz o alcoômetro centesimal (alcoômetro de 
Gay Lussac) em uma mistura de água e álcool, à temperatura de 
15°C, a leitura indica em centésimos e em volume o teor em álcool 
absoluto na mistura hidroalcoólica. 
A graduação Gay Lussac determina o número de volume de 
álcool etílico contido em 100 volumes de uma mistura feita exclusi-
vamente de álcool etíl ico e água, determinado a 15°C. 
Exemplo: 1 l i tro de álcool etíl ico a 96° GL encerra a 15°C, 960 mL de 
álcool etíl ico absoluto. 
Para se determinar a quantidade de álcool etíl ico por cento 
em volume, em determinada temperatura, por meio da porcenta-
gem em peso, devemos levar em conta a densidade da mistura e a 
do álcool puro e empregar a seguinte fórmula: 
p X D 
X = quantidade de álcool em volume (mL) 
p = porcentagem em peso 
D = densidade da mistura hidroetanólica (a uma dada temperatura) 
d = densidade do álcool puro (a uma dada temperatura) 
Exemplo: 
Quer se saber o volume em mL de álcool etíl ico absoluto necessário 
para preparar uma mistura hidroalcoólica a 70% em peso de etanol 
(álcool 70% p/v). 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Devemos considerar a temperatura de 25°C. 
Densidade do álcool absoluto a 25°C = 0,78506* 
Densidade da mistura a 25°C = 0,86340* 
x_ 70,0,86340 ^X__769K=>X = 11% 
0,78506 
Serão necessários 770 mL de álcool absoluto + 230 mL de água. 
E se partíssemos do álcool a 96° GL, quanto teríamos que util izar 
desta mistura a 25°C? 
Álcool a 96° GL = 960 mL de etanol em 1 l i tro da mistura 
Álcool a 70% = contém 770 mL de etanol em 1 l i tro da mistura. 
Portanto: 
770x1000 
v = -» 802 mLdo alcool a 96° GL(+agua qsp 1000 mL). 
960 
* valores obtidos na tabela alcoométrica na página 35 
34 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Tabela 4 - Tabela alcoométr ica 
C2H5OH 
(%p/p) 
40 
41 
42 
43 
44 
45 
46 
47 
48 
49 
50 
51 
52 
53 
54 
55 
56 
57 
58 
59 
60 
61 
62 
63 
64 
65 
66 
67 
68 
69 
70 
71 
72 
73 
D = 1°° 
4" 0,91238 
0,94042 
0,93842 
0,93639 
0,93433 
0,93226 
0,93017 
0,92806 
0,92593 
0,92379 
0,92162 
0,91913 
0,91723 
0,91502 
0,91279 
0,91055 
0,90831 
0,90607 
0,90381 
0,90154 
0,89927 
0,89698 
0,89468 
0,89237 
0,89006 
0,88774 
0,88541 
0,88308 
0,88074 
0,87839 
0,87602 
0,87365 
0,87127 
0,86888 
D=15° 
4° 0,93882 
0,93682 
0,93478 
0,93271 
0,93062 
0,92852 
0,92640 
0,92126 
0,92211 
0,91995 
0,91776 
0,91555 
0,91333 
0,91110 
0,90885 
0,90659 
0,90433 
0,90207 
0,89980 
0,89752 
0,89523 
0,89293 
0,89062 
0,88830 
0,88597 
0,88364 
0,88130 
0,87895 
0,87660 
0,87424 
0,87187 
0,86949 
0,86710 
0,86470 
D=2°° 
4" 0,93518 
0,93314 
0,93107 
0,92897 
0,92685 
0,92172 
0,92172 
0,92041 
0,91823 
0,91604 
0,91384 
0,91160 
0,90936 
0,90711 
0,90485 
0,90258 
0,90031 
0,89803 
0,89574 
0,89344 
0,89113 
0,88882 
0,88650 
0,88417 
0,88183 
0,87948 
0,87713 
0,87477 
0,87241 
0,87004 
0,86766 
0,86527 
0,86287 
0,86047 
D = 25° 
4 
0,93148 
0,92040 
0,92729 
0,92516 
0,92301 
0,92085 
0,92085 
0,91649 
0,91429 
0,91208 
0,90985 
0,90760 
0,90334 
0,90307 
0,90079 
0,89850 
0,89621 
0,89392 
0,89162 
0,88931 
0,88699 
0,88466 
0,88233 
0,87998 
0,87763 
0,87527 
0,87291 
0,87054 
0,86817 
0,86479 
0,86340 
0,86100 
0,85859 
0,85618 
D =
 3 0° 
4" 
0,92770 
0,92580 
0,92311 
0,92128 
0,91910 
0,91692 
0,91692 
0,91250 
0,91028 
0,90805 
0,90580 
0,90353 
0,90125 
0,89896 
0,89667 
0,89137 
0,89206 
0,88975 
0,88744 
0,88312 
0,88278 
0,88044 
0,87809 
0,87574 
0,87337 
0,87100 
0,86863 
0,86625 
0,86387 
0,61480 
0,85908 
0,85667 
0,85426 
0,85184 
35 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da FarmáciaMagistral 
Continuação Tabeia 4 
C2H5OH 
(%P/P) 
74 
75 
76 
77 
78 
79 
80 
81 
82 
83 
84 
85 
86 
87 
88 
89 
90 
91 
92 
93 
94 
95 
96 
97 
98 
99 
100 
D = 1 0 ° 
4 
0,86648 
0,86408 
0,86168 
0,85927 
0,85685 
0,85442 
0,98197 
0,81930 
0,84702 
0,81153 
0,81203 
0,83951 
0,83697 
0,83441 
0,83181 
0,81919 
0,82634 
0,82386 
0,82114 
0,81839 
0,81561 
0,81278 
0,80991 
0,80698 
0,80399 
0,80094 
0,79784 
D = 15° 
4" 
0,86229 
0,85988 
0,85747 
0,85505 
0,85262 
0,85018 
0,84772 
0,84525 
0,84277 
0,84028 
0,83777 
0,83525 
0,83721 
0,83014 
0,82754 
0.82492 
0,82227 
0,81939 
0,81668 
0,81413 
0,81134 
0,80352 
0,80566 
0,80274 
0,79975 
0,79670 
0,79360 
D = 2 0 ° 
4" 
0,85806 
0,85564 
0,85322 
0,85079 
0,84835 
0,84590 
0,81311 
0,84096 
0,84348 
0,83599 
0,83318 
0,83035 
0,82810 
0,82583 
0,82323 
0,82062 
0,81797 
0,81529 
0,81257 
0,80983 
0,80705 
0,80424 
0,80138 
0,79846 
0,79347 
0,79213 
0,78934 
D = 2 5 ° 
4" 
0,85376 
0,85134 
0,84891 
0,84647 
0,84403 
0,84158 
0,83911 
0,83664 
0,83415 
0,83161 
0,82913 
0,82660 
0,82103 
0,82143 
0,81888 
0,81626 
0,81362 
0,81094 
0,80823 
0,80349 
0,80272 
0,79991 
0,79706 
0,79415 
0,79117 
0,78814 
0,78506 
D = 3 0 ° 
4" 
0,81941 
0,84698 
0,84455 
0,84211 
0,83966 
0,83720 
0,83473 
0,83224 
0,82974 
0,82724 
0,82473 
0,82220 
0,84965 
0,81708 
0,81418 
0,81186 
0,80922 
0,80655 
0,80834 
0,80111 
0,79835 
0,79555 
0,79271 
0,78981 
0,78634 
0,78382 
0,78075 
36 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
F - Viscosidade 
A viscosidade dos líquidos pode ser determinada pela medida 
do tempo de escoamento dos mesmos, sob determinadas condições. 
Em igualdade de condições os líquidos mais viscosos escoam-se mais 
lentamente. A viscosidade de uma substância é função de sua estru-
tura molecular. É muito importante a temperatura do teste, pois 
esta interfere diretamente na viscosidade. 
Cada líquido pode ser caracterizado por um determinado 
coeficiente de viscosidade. 
• Unidade de coeficiente de viscosidade: poise. 
• Coeficiente de viscosidade da água a 20°C: 1 centipoise 
(1 centipoise = 0,01 poise). 
Tabela 5: Viscosidade em centipoise de alguns liquidos a 25°C. 
Substância 
Éter etílico 
Acetona 
Clorofórmio 
Agua 
Glicerina 
Viscosidade em centipoise 
(cp) 
0,22 cp 
0,32 cp 
0,54 cp 
0,89 cp 
954x104cp 
Há processos absolutos e relativos para a medida da viscosi-
dade. A viscosidade absoluta é medida por viscosímetros como o de 
Brookfield®, através da velocidade de rotação de eixos metálicos 
imersos no líquido. 
A determinação da viscosidade relativa é de mais fácil exe-
cução (tempo de escoamento relacionando-o a outro líquido de vis-
cosidade conhecida, geralmente a água). 
Viscosidade relativa de líquido (n) 
r\ = k. t. d 
t = tempo de escoamento da amostra 
d = densidade da amostra 
k = constante a uma dada temperatura 
37 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Cálculo de k 
k = x d(água), a uma dada temperatura. 
t(água) 
Tabela 6: Viscosidade da água em diversas temperaturas 
°c 
15 
16 
17 
18 
19 
20 
21 
22 
23 
24 
25 
T,(cP) 
1,140 
1,110 
1,082 
1,055 
1,029 
1,004 
0,980 
0,957 
0,936 
0,915 
0,895 
Nota: A viscosidade reiativa pode ser medida no copo de Ford", assegurando o enchimento 
total do mesmo tanto para água como para a amostra na mesma temperatura. 
Observaqão: a viscosidade da matéria-prima pode interferir na viscosidade do produto finat. 
G - Determinação do índice de refração 
0 índice de refração é uma constante física, freqüentemente 
usada na determinação da identidade e da pureza de fármacos e 
produtos alimentícios. Pode ser usado para determinar quantitati-
vamente a pureza das soluções ou as proporções que certos líquidos 
são misturados: por exemplo, a porcentagem de açúcar no xarope e 
a porcentagem de álcool na água. 0 índice de refração é uma ca-
racterística de muitas substâncias tais como gorduras, óleos graxos, 
ceras, açúcares, solventes orgânicos e óleos essenciais. 
A determinação do índice de refração é realizada no refra-
tômetro tipo Abbé"'' e pelo refratômetro manual. 
38 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Tabela 7: índice de Refração 
Substância 
Água destilada 
Acetona 
Clorofórmio 
Etanol(18°C) 
Eugenol 
Fitonadiona (25° C) 
Glicerina 
Salicilato de metila 
Trietanolamina (40°C) 
Indice 
1,3330 
1,3589 
1,4476 
1,3624 
1,5400- 1,5420 
1,5230- 1,5252 
1,4729 
1,5350- 1,5380 
1,4537- 1,4585 
Descrição 
Passo 1: Verificar a temperatura do liquido padrão (água destilada). 
Passo 2: Colocar água destilada entre os prismas e aferir em 1,3330 
pois o índice de refração da água a 20°C é 1,3330. 
Passo 3: Determinar o erro inicial mediante deslocamento da crema-
Iheira até obter campo constituído de metades iguais, mas desi-
gualmente iluminadas, isto é, uma clara e outra escura. 
Passo 4: lluminar o prisma com luz solar ou elétrica de modo a ter 
campo bem claro. Colocar duas a três gotas do líquido problema na 
face do prisma mantido horizontalmente e determinar o índice de 
refração. 
Correção: o aparelho está calibrado para 20°C. O erro é de aproxi-
madamente 0,4% para cada 5 graus de temperatura (a ser subtraido 
se a temperatura for inferior a 20°C; somando se a temperatura for 
superior a 20°C). 
H - Determinação da umidade na matéria prima 
Quando a porcentagem de umidade na matéria-prima sólida 
não for especificada na monografia é permitido um máximo de 1%, 
exceto para certos produtos químicos eflorescentes cujos limites de 
tolerância são maiores. 
A determinação da umidade pode ser realizada em balança 
com dessecador infravermelho. 
O teor maior de umidade acima do especificado, demonstra 
deterioração ou má conservação das matérias-primas. 
39 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
I - Teste da peneira (granulometria) 
Certas matérias-primas como o talco, o dióxido de t i tânio, o 
óxido de zinco e os f itoterápicos são utiüzados na forma de pó e 
necessitam ser homogêneos. A presença de partículas maiores que o 
especificado irão interfer ir na aparência e na performance do pro-
duto, bem como, ocasionar diferenças no enchimento das cápsulas 
(ex.: f i toterápicos). Para realização deste teste, empregam-se tami-
ses de malhas definidas. 
J - Classificação dos pós 
Pó grosso: aquele cujas partículas em sua total idade, passam pelo 
tamis com abertura de 2mm (tamis n° 10) e, no máximo 40% pelo 
tamis com abertura nominal de malhas de 0,355mm (tamis n° 44). 
Pó moderadamente grosso: aqueles cujas partículas passam em sua 
totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha de 0,71 Omm, 
(tamis n° 22) e, no máximo 40% pelo tamis com abertura nominal de 
malha de 0,250mm (tamis n° 60). 
Pó semi-fino: aquele cujas partículas passam em sua totalidade pelo 
tamis de abertura nominal de malha de 0,355mm (tamis n° 44) e no 
máximo 40% pelo tamis com abertura nominal de malha de 0,180mm 
(tamis n° 85). 
Pó fino: aquele cujas partículas passam em sua total idade pelo ta-
mis com abertura nominal de malha de 0,180mm (tamis n° 85). 
Pó finíssimo: aquele cujas partículas passam em sua totalidade pelo 
tamis com abertura nominal de malha de 0,125mm (tamis n° 120). 
Descrição: Para pós grossos, moderadamente grossos e semi-finos 
Passo 1: Utilizar amostras de 25 a 100 gramas de pó. 
Passo 2: Colocar a amostra sobre o tamis de malha selecionada. 
Passo 3: Agitar o tamis em movimentos horizontais rotativos e vert i -
cais, sobre um recipiente para coleta (durante cerca de 20 minu-
tos). 
Passo 4: Pesar cuidadosamente o pó recolhido e a fração remanes-
centesobre o tamis. 
Obs.: Para pós finos e muito finos, proceder como descrito acima, 
porém util izando amostras de 25 gramas. 
40 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
L - Determinação de resíduo pela incineração (cinzas) - drogas 
vegetais 
A determinação de cinzas totais destina-se a estabelecer a 
quantidade de substância residual não-volátil no processo de incine-
ração especificado. As cinzas totais, incluem as derivadas de tecido 
vegetal (cinzas fisiológicas) e de materiais estranhos, como areia e 
terra (cinzas não-fisiológicas). 
Descrição 
Exemplo de procedimento geral normalmente empregado: 
Passo 1: Calcinar previamente cadinho de porcelana em mufla a 
450°C por 30 minutos. 
Passo 2: Resfriar no dessecador. 
Passo 3: Tarar o cadinho (P1). 
Passo 4: Pesar exatamente 3 g da droga (P2). 
Passo 5: Distribuir o material uniformemente no cadinho. 
Passo 6: Colocar o cadinho inclinado sobre um suporte e iniciar a 
combustão com chama pequena do bordo superior ao fundo do cadi-
nho, aumentando o aquecimento gradativamente. 
Passo 7: Após completa combustão (ausência de fumaça), calcinar 
em mufla a 450°C por duas horas (eliminação tota l do carvão). 
Passo 8: Resfriar o cadinho em dessecador e pesar (P3). 
Nota: caso o carvõo não tenha sido eliminado, resfriar o cadinho, adicionar ao residuo 2 mL 
de água destilada ou soluqão saturada de nitrato de amônio (oxidante). evaporar em banho-
maria até secura, calcinar em mufla a 450°C até peso constante. 
Cáiculos 
Exemplo 
P1 = cadinho = 45,0000 gramas 
P2 = cadinho + droga = 48,0000 gramas 
P3 = cadinho + cinzas = 45,3000 gramas 
P1 - P2 = droga (total de amostra) = 3,0000 gramas 
P1 - P3 = cinzas = 0,3000 gramas 
Cálculo percentual 
3,0000 gramas da droga 0,3000 gramas de cinzas 
100 gramas da droga X 
X = 10%decinzas 
Nota: o procedimento para determinação de cinzas pode variar conforme a droga a ser anati-
sada, devendo ser consultada a monografia farmacopéica especifica. 
41 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
M - Pesquisa de matéria orgânica estranha (drogas vegetais) 
Amostras de 25g a 500g da droga bem misturada, distenda-a 
em camada delgada, separe a matéria orgânica estranha à mão o 
mais completamente possível, pese-a calcule a sua porcentagem na 
droga examinada. 
N - Microscopia 
0 exame microscópico, em numerosos casos, é út i l na análise 
de produtos farmacêuticos. Com uso do microscópico caracteriza-
mos e diferenciamos fármacos de origem vegetal, animal ou mesmo 
sintéticos. Com o recurso químico (algumas gotas de iodo deci-
normal), podemos saber se a amostra é pura ou adulterada com 
substâncias amiláceas. Podemos observar adulterações comuns co-
mo glucomanan com gelatina, clhorella com spirullina, vitamina C 
revestida com vitamina C injetável e etc. 
0 - Ponto de fusão 
0 ponto de fusõo de uma substância ou fármaco é definido 
como a temperatura onde ocorre a passagem do estado sólido ao 
estado líquido por influência do calor. É regida por duas leis que 
são: 
• 1a Lei: toda substância quimicamente pura entra em fusão a 
uma temperatura determinada. 
• 2a Lei: durante a fusão a temperatura permanece constante. 
Na prática, utilizamos o intervalo de fusão que é o intervalo 
de temperatura onde ocorre a fusão do fármaco, isto porque os fá-
macos não apresentam um grau de pureza absoluto de 100%. Desta 
forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece uma vari-
ação de +/-4°C da temperatura indicada para fusão, já a United 
States Pharmacopea (USP24) indica que o ponto de fusão deve ser 
expresso como a média entre a temperatura inicial (quando há for-
mação de pequenas goticulas) e a f inal (completa formação de go-
tas límpidas e transparentes) de fusão. Este critério também é ado-
tado pela Farmacopéia Brasileira. 
A adição de um segundo componente a um composto puro, 
resultando em uma mistura, produz em geral um ponto de fusão 
inferior ao composto puro. 0 grau de redução do ponto de fusão, 
também está relacionado com o ponto de fusão propriamente dito. 
Os compostos com ponto de fusão baixo são mais influenciados que 
42 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
os compostos com ponto de fusão alto após a adição de um segundo 
componente (isto é, os compostos com baixo ponto de fusão sofrem 
redução mais acentuada no ponto de fusão do que aqueles cujo pon-
to de fusão é alto). 
Sem dúvida nenhuma, o ponto de fusão é uma ferramenta 
importante para identificação de um fármaco bem como seu grau 
de pureza. Contudo, para alguns fármacos surge um outro conceito: 
o comportamento de fusão que é observado para aqueles fármacos 
que quando são aquecidos, sofrem decomposição. Assim, o ponto de 
fusão observado não é verdadeiro mas, sim uma temperatura onde 
existe uma mistura do fármaco íntegro e produtos de degradação. 
Um exemplo importante é o pantoprazol que se decompõe em torno 
de 190°C. 
Tabela 8: Ponto de Fusão de alguns fármacos 
Fármaco 
Ácido mefenâmico 
AlprazolaiV 
Carnitina (L) (DL) 
Cloridrato de amilorida 
Cloridrato de dietilpropiona 
Cloridrato de fluoxetina 
Cloridrato de Hidroxizina 
Finasterida 
Hidroclorotiazida 
Maleato de Enalapril 
Nimodipina* 
Pantoprazol sódico 
Pentoxifilina 
Prednisolona 
Sulfassalazina 
Ponto de Fusão (UC) 
230 - 231 (efervescente) 
228,0 228,5 (ponto de fusão misto. 
Não deve desviar mais que 2°C) 
DL:195-197c/dec/D:210-212 com de-
comp. L: 197-198 c/decomposição 
Anidro: 293 - 295 
Dehidratado: 285 - 288 c/decomp. 
168 com decomposiçâo 
158,4 - 158,9 
200 com decomposição 
Cerca de 257 
273 275 
143 a 145 
125 
Decompõe acima de 130 (190) 
103 a 107 
Decompõe a 240 - 241 
Decompõe em 240 - 245 
Nota: ' Fármacos que apresentam o fenòmeno de polimorfismo: Prednisolona, ácido mefenâ-
mico, fosfato sódico de dexametasona, nimodipina, alprazolan, etc. 
Veja na seção Anexo tabela com outros fármacos e seus respectivos pontos de fusão. 
43 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3. Obtenção do teor dos fármacos 
3.1 Conceitos em Química Analítica 
Utiliza-se com freqüência, a palavra "concentração" como 
um termo geral que se refere a uma quantidade da substância num 
volume definido de solução. Segundo as regras IUPAC (International 
Union of Pure and Applied Chemistry), na análise titrimétrica quan-
titativa, usam-se soluções-padrões nas quais a unidade básica da 
quantidade empregada é o mol. Entretanto, em análise farmacêuti-
ca, a concentração da maioria das soluções-padrões é dada em 
normalidade. Discutiremos esses termos detalhadamente a seguir. 
3 .1 .1 . Molaridade 
Segundo a IUPAC, mol "é a quantidade de substância que 
contém tantas unidades elementares quantos são os átomos em 
0,012 kg de carbono 12. A unidade elementar deve ser especificada 
e pode ser um átomo, uma molécula, um íon, um radical, um elé-
tron ou outra partícula ou grupo especificado destas partículas". 
Por isso, algumas soluções-padrões são expressas em concen-
trações molares ou molaridade (M). Estas soluções são definidas em 
termos do número de moles do soluto dissolvidos em 1 litro da solu-
ção, assim, em qualquer solução: 
, , , . , . _ _ moles do soluto 
Molandadc(M) = -volumeda soluçãoem litros 
Como o conceito de "mol" se refere a uma quantidade de 
substância com referência à massa especificada de carbono 12, é 
possível expressar a massa molecular relativa (que a base do mol) 
de qualquer substância, pelas somas das massas atômicas relativas 
dos seus elementos constitutivos. Por exemplo: ácido sulfúrico 
(H2S04): 
44 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Tabela 9: Elemento X Massa Atômica relativa 
Elemento 
Hidrogênio 
Enxofre 
Oxigênio 
Massa molecular relativa 
Massa atômica relativa 
1,0079X2 = 2,015832,06 X 1 = 32,06 
15,9994X4 = 63,9986 
98,0744 
Daí, uma solução molar de ácido sulfúrico conterá 98,074 g 
de ácido sulfúrico em 1 litro de solução ou 49,037 gramas em 500 
ml_ da solução. 
Exemplo 1: Preparo de 500 mL de ácido sulfúrico 0,25 M. 
Dados sobre o ácido sulfúrico P.A.: 
Peso molecular: 98,0 / Densidade: 1,84 / Pureza: 96,0% 
Resolução: 
Solução 1M: 98,Og de H2S04 em I.OOOmL 
Para uma solução 0,25M teremos: 98 / 4 = 24,5g de H2S04 
A concentração do ácido sulfúrico é: 
96,Og de H2S04 em 100g de solução 
12,25 x = 1276g de solução 
Usando densidade: d=m/v ou v=m/d teremos v=12,76g/1,84 = 6,9mL 
Tomar 6,9mL de H2S04 a 96% e diluir para 500mL com água destila-
da. 
3.1.2. Normalidade: 
Embora as concentrações molares sejam as oficialmente a-
ceitas, nas análises farmacêuticas é comum utilizar conceitos que se 
chamam "pesos equivalentes" e "normalidade". Nas reações de 
neutralização, o conceito de peso equivalente (ou equivalente-
bgrama) é relativamente direto, mas nas titulações de oxirredução 
exige-se o conhecimento do que se conhece como "número de oxi-
dação" das substâncias envolvidas na reação. 
A IUPAC define como equivalente-grama "a quantidade da 
substância que em determinada reação, combina-se com a quanti-
dade de hidrogênio (ou liberta ou substitui essa quantidade) que se 
combina com 3 gramas de carbono 12 no metano (CH4)". 
Daí, segue que uma solução normal é uma solução que tem 
um equivalente da espécie por litro, de acordo com uma reação 
45 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
particular. A vantagem maior do sistema de equivalentes é de que 
os cálculos na análise titrimétrica são muito simples, pois no ponto 
finat, o número de equivalentes da substância titulada é igual ao 
número de equivalentes da solução-padrão empregada. Podemos 
escrever: 
Normatidade = número de equivalentes-grama 
um litro da solução 
3.1.3. Cálculo dos equivalentes-grama 
A. Para ácidos e bases: divide-se o peso molecular pela quantidade 
de prótons (ou hidroxilas) ionizáveis presentes. Se o ácido é mono-
prótico, o equivalente-grama corresponde ao mol; se for um ácido 
diprótico ou triprótico, o equivalente-grama corresponde, respecti-
vamente, à metade ou à terça parte do mol. 
B. Para reações de oxirredução: corresponde ao peso molecular di-
vidido pela quantidade de elétrons disponíveis para participar da 
reação. 
C. Para formação de complexos e reações de precipitação: é o peso 
molecular dividido pela carga do cátion ou ânion que participa da 
reação. 
Exemplo 1: Preparo de 500 ml_ de ácido sulfúrico 0,25 N. 
Dados sobre o ácido sulfúrico P.A.: 
Peso molecular: 98,0 Densidade: 1,84 Pureza: 96,0% 
Resolução: Para uma solução 1N de H2S04 temos 
Equivalente-grama = 98,0/2 = 49g, portanto 49g de H2S04 e diluir 
para LOOOmL. Assim, para 0,25N, teremos: 
49/4 = 12,5g/2 = 6,125g de H2S04 
A concentração do ácido sulfúrico é 
96,Og de H2S04 em 100g de solução 
6,125 de H2S04 x = 6,4g de solução 
Usando densidade v=m/d v=6,4/1,84 = 3,5 mL 
Tomar 3,5mL de H2S04 a 96% e diluir para 500mL. 
46 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.1.4. Padrões primários e padrões secundários 
Na titrimetria alguns reagentes são adotados em concentra-
ções definidas como soluções de referência. Essas substâncias são 
conhecidas como padrões primários e padrões secundários. 
Um padrõo primário é um composto com pureza suficiente 
para permitir a preparação de uma solução padrão, mediante a pe-
sagem direta da quantidade da substância, seguida pela diluição até 
um volume definido da solução. A solução que se obtém é uma solu-
ção padrão primária. 
Um padrão primário deve atender às seguintes condições: 
• Deve ser fácil de obter, de purificar, de secar (preferivel-
mente a 110-120°C) e de preservar em estado puro. 
• A substância deve permanecer inalterada ao ar, durante a 
pesagem; não deve ser higroscópica, não pode oxidar-se ao 
ar e nem ser afetada pelo dióxido de carbono. Durante a es-
tocagem, a composição do padrão deve permanecer invariá-
vel. 
• 0 total de impurezas não deve exceder, em geral, de0,01 a 
0,02%. 
• 0 padrão deve ter uma massa molecular relativa elevada, a 
fim de que os erros de pesagem possam ser desprezíveis. 
• A substância deve ser facilmente solúvel nas condições em 
que será empregada. 
• A reação com a solução padrão deve ser estequiométrica e 
praticamente instantânea. 0 erro de titulação deve ser des-
prezível ou fácil de determinar exatamente por método ex-
perimental. 
• Na prática, é difícil obter um padrão primário ideal. Em mui-
tas técnicas farmacopéicas de aferição de soluções, os mé-
todos preconizam a utilização de uma quantidade de padrão 
primário que reaja com cerca de 20 ml_ da solução a ser pa-
dronizada (aproximadamente 80% da capacidade total de 
uma bureta de 25 mL). 
Algumas das substâncias empregadas mais comumente como 
padrões primários estão descritas a seguir: 
• reações ácido base: carbonato de sódio (Na2CC>3), tetrabora-
to dc sódio (Na,B,0,). biftalato de potássio ou hidrogenofta-
lato de potássio (KHC8H404), ácido benzóico (C6H5COOH). 
• reações de formacão de compiexos: nitrato de prata (Ag-
47 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
N03), cloreto de sódio (NaCl) e alguns outros sais utilizados 
em reações específicas. 
• reações de precipitação: nitrato de prata, cloreto de sódio, 
cloreto de potássio e brometo de potássio. 
• reações de oxirredução: dicromato de potássio (K2Cr207), 
bromato de potássio (KBr03), iodato de potássio (KI03), oxa-
lato de sódio (Na2C204), trióxido de arsênio (As203) 
Um padrão secundário é uma substância que pode ser usada 
nas padronizações cujo teor de substância ativa foi determinado 
pela comparação contra um padrão primário. Segue daí que uma 
solução padrão secundária é uma solução na qual 0 soluto dissolvido 
não foi determinado pela pesagem do composto dissolvido, mas pela 
reação de um volume da solução contra um volume conhecido de 
uma solução padrão primária. 
3.2. Volumetria de neutralização 
3.2.1. Preparo de fenolftaleina Sl: 
Dissolva 100 mg de fenolftaleína em álcool etí l ico suficiente 
para obter 100 mL de solução. 
3.2 .2 . Preparo de hidróxido de sódio 0,1 N: 
Pese cerca de 4 gramas de hidróxido de sódio R e dissolva 
cuidadosamente em cerca de 100 mL de água isenta de dióxido de 
carbono, resfriando sob água corrente se necessário. Complete o 
voiume a 1000 mL com água isenta de dióxido de carbono. 
3.2 .3 . Aferição (padronização) de hidróxido de sódio 0,1 N: 
Pese exatamente cerca de 400 mg de biftalato de potássio 
padrão primário, previamente tr i turado e dessecado a 100-105°C por 
duas horas. Dissolva em cerca de 50 mL de água e t i tule com a solu-
ção de hidróxido de sódio 0,1 N, utilizando fenolftaleína Sl como 
indicador. Cada mL de hidróxido de sódio 0,1 N corresponde a 20,42 
mg biftalato de potássio. Calcuie 0 fator de correção através da 
fórmula: 
massa de padrão pnmário 
correçao = : 
fator de análise X volume gasto na titulaçâo 
48 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.2.4. Doseamento de ácido glicólico: 
Pese exatamente cerca de 2 mL de ácido glicólico, dilua com 
cerca de 50 mL de água e titule com hidróxido de sódio 1 N SV, uti-
lizando fenolftaleína Sl como indicador. Cada mL de hidróxido de 
sódio 1 N corresponde a 76,05 mg de C2H4O3. 
3.2.5. Doseamento de furosemida: 
Dissolva cerca de 250 mg de furosemida em 20 mL de dime-
tilformamida R. Titule com hidróxido de sódio 0,1 N SV, utilizando 
0,2 mL de azul de bromotimol Sl como indicador. Faça uma prova 
em branco. Cada mL de hidróxido de sódio 0,1 N SV corresponde a 
33,07 mg de dzHnClNjO^S. 
3.2.6. Doseamento de alendronato de sódio: 
Pese exatamente cerca de 600 mgda amostra, adicione cer-
ca de 100 mL de água e deixe sob agitação mecânica por 10 minu-
tos. Adicione 3 a 5 gotas de fenolftaleína Sl e titule com hidróxido 
de sódio 0,1 N SV até viragem do incolor para rosa. Cada mL de hi-
dróxido de sódio 0,1 N corresponde a 32,51 mg de 
C4H12NNa07P2.3H20. 
3.3 . Volumetria de oxiredução 
3 .3 .1 . Preparação de ferroina Sl (ortofenantrolina ferrosa 
Sl): 
Dissolva 1,48 g de cristais límpidos de sulfato ferroso R em 
100 mL de água. Dissolva 150 mg de ortofenantrolina em 10 mL da 
solução de sulfato ferroso. A solução de sulfato ferroso deve ser 
preparada imediatamente antes da solubilização da ortofenantroli-
na. Guarde em recipientes bem fechados. 
3.3.2. Preparação de sulfato cérico 0,1 N: 
Dissolvem-se 34 g de sulfato cérico em 500 mL de água con-
tendo 28 mL de ácido sulfúrico concentrado, por aquecimento. Após 
resfriamento, dilui-se com água e completa-se o volume a 1000 mL. 
3.3.3. Padronização de sulfato cérico 0,1 N: 
Dissotva cerca de 130 mg de oxalato de sódio, previamente 
dessecado a 110°C até peso constante e dissolva em 50 mL de água. 
Adicione 7 mL de ácido sulfúrico R e aqueça a 70°C. Titule lenta-
49 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
mente com a solução de sulfato cérico, sob agitação constante, até 
que se produza coloração amarela persistente por 15 segundos. A 
temperatura ao final da titulação não deve ser inferior a 60°C. Cada 
mL de sulfato cérico 0,1 N corresponde a 6,7 mg de oxalato de só-
dio. Calcule o fator de correção através da fórmula: 
massa de padrão primário 
correçao = 
fator de análise X volume gasto na titulação 
3.3.4. Preparação de difenilamina Sl: 
Dissolva 1,0 g de difenilamina R em 100 mL de ácido sulfúri-
co. A solução deve ser incolor. 
3.3.5. Doseamento de acetato de vitamina E: 
Pese exatamente cerca de 250 mg da amostra, transfira para 
balão de fundo redondo de 150 mL, acoplado a um condensador de 
refluxo, com auxilio de várias porções de álcool absoluto, totalizan-
do 25 mL. Adicione 20 mL de ácido sulfúrico 5 N em álcool e ferva 
sob refluxo, ao abrigo da luz, por 3 horas. Resfrie, transfira para um 
balão volumétrico de 100 mL e complete o volume com álcool abso-
luto. Transfira 25,0 mL dessa solução hidrolisada para um frasco 
erlenmeyer de 250 mL, adicione 20 mL de ácido sulfúrico a 12% v/v 
em álcool absoluto, 20 mL de água e duas gotas de difenilamina Sl. 
Titule com sulfato cérico 0,01 N SV, agitando continuamente, até o 
aparecimento de coloração azul estável por pelo menos 10 segun-
dos. Faça um branco para as correções necessárias. Cada mL de 
sulfato cérico 0,01 N SV, corresponde a 2,364 mg de C31H5203. 
3.3.6. Doseamento de nifedipina: 
Dissolva exatamente cerca de 0,1300g em uma mistura de 25 
mL de álcool t-butílico e 25 mL de ácido perclórico R. Titule com 
sulfato cérico amoniacal 0,1 M utilizando 0,1 mL de ortofenantrolina 
ferrosa Sl como indicador até que a coloração rósea desapareça. 
Titule vagarosamente ao se aproximar o ponto final da titulação. 
Faça uma prova em branco. Cada mL de sulfato cérico amoniacal 
0,1, M corresponde a 17,32 mg de C17H18N206. 
50 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.3.7. Doseamento de hidroquinona: 
Dissolva cerca de 250 mg de hidroquinona, exatamente pesa-
dos, em uma mistura de 100 mL de água e 10 mL de ácido sulfúrico 
0,1 N, adicione 3 gotas de difenilamina Sl e titule com sulfato cérico 
0,1 N SV até se obter uma coVoração vermelho-violeta. Faça uma 
prova em branco para as correções necessárias. Cada mL de sulfato 
cérico 0,1 N, corresponde a 5,506 mg de C6H602. 
3.3.8. Preparação do lodato de potássio 0,1 N: 
Dissolva 3,567g de iodato de potássio, previamente desseca-
do a 110°C a peso constante, em água para se obter 1000 mL. 
3.3.9. AmidoSI: 
Triture 1 g de amido R em 10 mL de água fria e despeje len-
tamente, sob agitação constante, em 200 mL de água fervente. Fer-
va a mistura até obter um fluido translúcido e pouco denso (fervura 
mais prolongada que a necessária torna a solução menos sensível). 
Deixe sedimentar e use somente o liquido sobrenadante límpido. 
Prepare solução nova no dia do uso. 
3.3.10. Doseamento de captopril: 
Dissolver cerca de 300 mg de captopril, exatamente pesados, 
em 100 mL de água, em frasco com rolha esmerilhada. Adicionar 10 
mL de ácido sulfúrico 3,6 N, 1 g de iodeto de potássio e 2 mL de 
amido Sl. Titular com iodato de potássio 0,1 N, até viragem para 
azul, persistente por pelo menos 30 segundos. Faça uma prova em 
branco. Cada mL de iodato de potássio 0,1 N eqüivale a 21,73 mg de 
captopril. 
3.4. Titulação Potenciométrica 
Em 1906, Sõrensem apresentou o método potenciométrico 
(eletrodo hidrogênio-platina) e definiu o conceito de pH. A idéia do 
eletrodo de vidro foi desenvolvida na década de 20. 
Os métodos titrimétricos caracterizam-se pelo fato de nas 
imediações do ponto de equivalência, ter lugar a modificações brus-
cas de concentrações dos íons que estão sendo determinados, seja 
devido à formação de compostos pouco ionízados (água, precipita-
dos ou complexos) ou ainda devido a reações de oxiredução. A de-
51 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
terminação potenciométrica do ponto f inal é baseada no uso de 
eletrodos indicadores capazes de acusar as variações de concentra-
ção no curso das titulações. 0 ponto final é acusado pela variação 
brusca do potencial do eletrodo indicador sendo que a escolha do 
mesmo está condicionada à natureza da reação. 
A potenciometria é um método eletrométrico que consiste 
na determinação do potencial elétr ico entre dois eletrodos, o indi-
cador e o de referência, os quais se encontram mergulhados na so-
lução. Nas titulações potenciométricas é suficiente determinar a 
mudança de potencial em relação à quantidade de solução t i tu lante 
que foi acrescentada. 
3 .4 .1 . Vantagens da t i tulação potenciométr ica 
• a grande sensibilidade do método permite a sua aplicação a 
soluções muito diluídas, desde que a exatidão do potenciô-
metro utilizado seja de + 1 mV; 
• soluções turvas ou coradas podem ser tituladas sem proble-
mas de visualização do ponto de equivalência; 
• diminuição de interferências, pois não se uti l iza indicador; 
• é possível t i tular mistura de componentes muitas vezes, fa-
zendo determinações sucessivas dos mesmos. 
3.4.2. Doseamento de cloridrato de ranit idina: 
Dissolva exatamente cerca de 280 mg de cloridrato de ranit i -
dina em água. Titule com hidróxido de sódio 0,1 N. Determine o 
ponto de equivalência potenciometricamente. Cada mL de hidróxido 
de sódio 0,1 N, corresponde a 35,09 mg de C13H23CIN4O3S. 
3.4.3. Doseamento de tr iac: 
Dissolva exatamente 0,6g de triac em etanol. Ti tule com hi-
dróxido de potássio alcoólico 0,1 N, determinando o ponto de equi-
valência potenciometricamente. Cada mL de hidróxido de potássio 
aicoólico 0,1N corresponde a 62,194 mg de C14H9I3O4. 
3.5. Doseamento em meio não aquoso(anidrovolumetria) 
3.5.1. Introdução: 
Substâncias que são bases muito fracas ou ácidos muito fra-
cos para um ponto de equivalência nítido em solução aquosa, po-
52 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
dem ser tituladas, muitas vezes, em solventes não aquosos. No caso 
de bases, a titulação em meio aquoso só é possível quando sua basi-
cidade corresponde a pelo menos um pkB = 6 (dissociação 10"6). Po-
rém, se a base é mais fraca, haverá uma hidrólise do sal formado 
impedindo a titulação. No entanto, fármacos com estas característi-
cas podem ser doseados em meio não aquoso, sendo o ácido acético 
glacial o solvente mais utilizado na metodologia em meio não aquo-
so. 
3 .5 .2 . Natureza do solvente: 
0 solvente desempenha um papel muito importante na de-
terminação do caráter ácido-básicode uma substância, uma vez que 
provê o meio necessário para que ressalte um ou outro caráter. As-
sim, a intensidade com que o soluto reage com o solvente está na 
estreita dependência da força dos dois. 
3.5 .3 . Tipos de solventes 
A.Apróticos: têm baixa constante dielétrica e são quimicamente 
inertes. 
Exemplos: acetona, acetonitri la, benzeno, clorobenzeno, clorofór-
mio, dicloroetileno, tetracloreto de carbono, hidrocarbonetos alifá-
ticos, 2-butanona, dioxano, isopropilcetona. 
B. Protofílicos: têm alta constante dielétrica são de caráter básico e 
reagem com ácidos para formar prótons solvatados, têm efeito nive-
lador sobre os ácidos. 
Exemplos: amônia, anilina hidrazina, hidroxilamina, piridina, n-
butilamida, tr ieti lamina, dimetilformamida, morfolina, etilenodia-
mina. 
C. Protogênicos: têm alta constante dielétrica e são substâncias 
ácidas; exercem efeito nivelador sobre as bases. 
Exemplos: ácido sulfúrico, ácido fluorídrico, ácido acético glacial, 
ácido propiônico, ácido fórmico, ácido clorídrico, anidrido acético, 
cloreto de sulfonila. 
D. Anfipróticos: apresentam alta constante dielétrica e têm propri-
edades protofilicas e protogênicas. 
Exemplos: água, ácido acético glacial e álcoois (metanol, etanol e 
propanol). 
53 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.5.4. Preparo do cristal violeta Sl: 
DissolvalOO mg de cristal violeta R em 100 mL de ácido acé-
tico glacial 
3.5.5. Preparo de naftolbenzeina Sl: 
Dissolva 250 mg de r-naftolbenzeína em 100 mL de ácido a-
cético glacial. 
3.5.6. Preparo da solução de ácido perclórico 0,1 N em áci-
do acético glacial: 
Transferir, quantitativamente, 8,5 mL de ácido perclórico R 
para balão volumétrico de 1000 mL e adicionar sob agitação, 200 a 
300 mL de ácido acético glacial. Juntar 20 mL de anidrido acético. 
Completar o volume com ácido acético glacial. Transferir para fras-
co escuro e deixar em repouso por 24 horas para completar a rea-
ção. 
Exemplo: preparo de 500 mL de ácido perclórico 0,1 N 
Dados sobre o ácido perclórico P.A.: 
Peso molecular: 100,5 
Densidade: 1,67 
Pureza: 70% 
3.5.7. Padronização do ácido perclórico 0,1 N: 
Pesar exatamente cerca de 200 mg de biftalato de potássio, 
previamente dessecado a 110°C por duas horas, dissolver em 50 mL 
de ácido acético glacial. Resfriar se necessário. Titular com a solu-
ção de ácido perclórico, utilizando cristal violeta acético Sl como 
indicador. Faça uma prova em branco para as correções necessárias 
(pode ocorrer uma reação entre o titulante e a umidade atmosférica 
e com o indicador). Cada mL de ácido acético glacial corresponde a 
20,42 mg de biftalato de potássio. Calcule o fator de correção atra-
vés da fórmula: 
_ , massa dc padrão primário 
Fatordc correçao= 
fatordcanáliscX(voIumcgastonatitulação-voIumegastocombranco) 
54 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.5.8. Preparação do acetato mercúrico SR: 
Dissolva 6,0 g de acetato mercúrico R em quantidade sufici-
ente de ácido acético glacial para obter 100 mL de solução. Acondi-
cionar em frascos herméticos protegidos da luz solar direta. 
3.5.9. Doseamento do cloridrato de anfepramona: 
Dissolva 0,400 g, exatamente pesados, em 50 mL de ácido 
acético glacial, adicione 15 mL de acetato mercúrico SR e titule 
com ácido perclórico 0,1 N SV, utilizando 1-naftolbenzeína Sl como 
indicador. Cada mL de ácido perclórico 0,1 N, corresponde a 24,18 
mg de C13H19N03.HCl. 
3.5.10. Doseamento do cloridrato de femproporex: 
Pese exatamente cerca de 400 mg da amostra, dissolva em 
50 mL de ácido acético glacial, adicione 5 mL de acetato mercúrico 
SR, uma gota de cristal violeta Sl e titule com ácido perclórico 0,1 N 
SV. Cada mL de ácido perclórico 0,1 N, corresponde a 22,47 mg de 
C12H16N2.HCl. 
3.5 .11. Preparo de azul do Nilo Sl: 
Dissolva 100 mg de azul do Nilo em ácido acético glacial sufi-
ciente para obter 100 mL de solução. 
3.5.12. Doseamento do diazepam: 
Dissolva exatamente cerca de 0,500 g de diazepam em 50 mL 
de anidrido acético R. Titule com ácido perclórico 0,1 N utilizando 
azul do Nilo Sl como indicador até que se obtenha uma coloração 
verde-amarelada. Cada mL de ácido perclórico 0,1 N, corresponde a 
28,47 mg de C16H13CIN20. 
3.6. Anidrovolumetria + Potenciometria 
No processo de anidrovolumetria o ponto final é determinado po-
tenciometricamente. Dessa forma constitui-se uma poderosa ferra-
menta para análise de fármacos e medicamentos. 
3.6 .1 . Doseamento de bromazepam: 
Dissolva 250 mg de bromazepam em 20 mL de ácido acético 
anidro R. Junte 50 mL de anidrido acético R. Titule com ácido per-
clórico 0,1 N determinando o ponto final potenciometricamente. 
Cada mL de ácido perclórico 0,1 N corresponde a 31,62 mg de 
C14H10BrN3O. 
55 
Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.6.2. Doseamento de aciclovir: 
Dissolva 0,150 g em 60 mL de ácido acético glacial. Titule 
com ácido perclórico 0,1 N SV, determinando o ponto final poten-
ciometricamente. Faça uma prova em branco. Cada mL de ácido 
perclórico 0,1 N SV corresponde a 22,52 de CsHnNsCh. 
3.6.3. Doseamento de etiladrianol: 
Dissolva 0,150 g da amostra, exatamente pesados, em uma 
mistura de 20 mL de ácido acético glacial e 50 mL de anidrido acé-
tico. Titule com ácido perclórico 0,1 N SV, determinando o ponto 
final potenciometricamente. Cada mL de ácido perclórico 0,1 N SV 
corresponde a 21,77 g de C10H16ClNO2. 
3.6.4. Doseamento de diclofenaco sódico: 
Dissolva 0,250g em 30 mL de ácido acético glacial. Titule 
com ácido perclórico 0,1 N SV, determinando o ponto final poten-
ciometricamente. Cada mL de ácido perclórico 0,1 N SV corresponde 
a 31,81 mg de C14H10Cl2NNaO2. 
3.7. Espectrofotometria na região do ultravioleta-
visível (UV-Vis) 
Espectrofotometria ou espectroscopia de absorção molecular 
é um dos métodos mais utilizados no mundo em laboratórios quími-
cos e clínicos. Em análise farmacêutica é amplamente usado para 
identificação (análise qualitativa) e doseamento (análise quantitati-
va) de fármacos e medicamentos. 
Todos os métodos espectrofotométricos são baseados na in-
teração de uma substância química com energia radiante. Os tipos 
de energia radiante de maior aplicação são ultravioleta (190 a 380 
nm), visível (380 a 780 nm) e infra-vermelho próximo (2.500 a 
16.000 nm ou 600 a 4.000 cm"1). Na maioria dos casos, o efeito des-
ta interação é a absorção de energia pela substância (fármaco) que 
está sendo analisada. 
56 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3 .7 .1 . Vantagens e Desvantagens da Espectrofotometria na 
Região do Ultravioleta-Visível 
A principal vantagem da espectrofotometria na análise de 
fármacos é a sensibilidade. Como por exemplo, nos métodos volu-
métricos a concentração ideal do fármaco a ser analisado deve estar 
em torno de 0,1 mg/mL ou superior. Por outro lado, nos métodos 
espectrofotométricos facilmente trabalhamos em concentrações da 
ordem de 0,01mg/mL (10mg/mL) e alguns até mesmo 0,001 mg/mL 
(1mg/mL) o que siginifica uma sensibilidade 10 a 100 vezes superi-
or. É importante citar que concentrações desta ordem sào seme-
Ihantes àquelas encontradas para fármacos nos fluidos orgânicos, 
(sangue e urina) o que permite que este método de análise possa 
ser utilizado inclusive em ensaios de biodisponibilidade. 
Outra grande vantagem é a conveniência e uma segurança 
razoável do método. Se conduzidas de forma correta e cautelosa, as 
análises são facilmente executadas, rápidas, de baixo custo e segu-
ras, e se tornam ainda mais eficientes quando utilizamos equipa-
mentos automatizados que podem realizar mais de uma análise de 
uma só vez. 
Por outro lado algumas desvantagens devem ser menciona-
das. A primeira e com certeza a mais importante é a falta de espe-
cificidade. Estametodologia analítica é baseada na quantidade de 
energia absorvida por uma substância em um comprimento de onda 
específico. Assim, torna-se muito difícil em análise farmacêutica 
distinguir entre dois ou mais fármacos ou mesmo impurezas, tais 
como produtos de degradação ou intermediários sintéticos, que pos-
sam estar interagindo com a mesma energia radiante. 
Também devemos mencionar que o simples fato de uma 
substância apresentar uma absorção na região do ultra-violeta ou 
visível, não significa que possamos utilizar este método para quanti-
ficar um fármaco, seja enquanto matéria prima ou como produto 
acabado. O que queremos dizer em síntese, é que algumas substân-
cias não seguem a lei de Lambert-Beer e consequentemente, não 
podemos determinar a concentração de uma determinada solução. 
São causas deste efeito: dispersão da luz, fluorescência, reflexões 
múltiplas e soluções concentradas (acima de 0,01 M). 
Por último, uma desvantagem da espectrofotometria é o uso 
de padrões de referência. Infelizmente no Brasil, nem sempre dis-
pomos de substâncias de referência. Mas mesmo a nível intemacio-
nal há uma dependência dos padrões produzidos pela United States 
Pharmacopeia (USP). A título de esclarecimento, a Organização 
57 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
Mundial de Saude (OMS), em 1992, dispunha de aproximadamente 
147 substâncias químicas de referência. 
3.7.2. Conceitos Fundamentais em Espectrofotometria 
A. Energia radiante: é aquela cuja propagação e transporte se efe-
tua como um movimento ondulatório sem transferência da matéria. 
Geralmente o termo é usado para definir a radiação eletromagnéti-
ca. 
Em espectrofotometria utilizam-se certas grandezas, assim 
definidas: 
A.1. absorbância (A) ou absorvância (qrafia adotada na F.Bras.lV): 
antigamente era chamada densidade ótica e extinção; é o logaritmo 
do inverso da transmitância. 
A = l o g -
A.2. transmitância (T): significa a relação entre o fluxo de radiação 
transmitido pela substância-problema e o fluxo de radiação inciden-
te. Na prática, utiliza-se esse valor expresso em porcentagem. 
A.3. absortividade (a): refere-se ao quociente da divisão da absor-
vância (A) pelo produto da concentração da substância (c) e a es-
pessura atravessada (b). 
a = 
A 
= — 
bc 
onde b expresso em centímetros e c expresso em gramas/litro 
A.4. absortividade molar (&'): anteriormente chamada índice de ab-
sorvância molar e coeficiente de extinção molar, significa o quoci-
ente da divisão da absorvância (A) pelo produto da concentração da 
substância (c) e a espessura atravessada (b). É também o produto da 
absortividade (a) pelo peso molecular da substância. 
8~-
A 
- — 
bc 
b, expresso em centímetros e c, expresso em moles/litro 
58 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.7.3. Lei de Lambert e Beer 
De forma direta e simplificada, podemos dizer que os princí-
pios de Lambert (1729) nos informam que a absorbância (A) é linear 
e diretamente proporcional ao caminho percorrido pela energia ra-
diante (A = ab), ou seja, à espessura da cubeta (b) utilizada no ex-
perimento (normalmente 1cm). Por outro lado, os princípios de Beer 
(1852) determina que a absorbância (A) é diretamente proporcional 
à concentração da substância (fármaco) em solução (A = C). 
Assim, quando combinamos os dois princípios temos a Lei de 
Lambert-Beer onde a absorbância (A) é diretamente proporcional ao 
caminho percorrido (b) e à concentração da substância em solução, 
desta forma temos: 
A = a . b . C 
a = constante de proporcionalidade; 
b = espessura da cubeta em cm 
C = concentração da substância em solução. 
Curva de Calibração 
Atenolol 
(Metanol -X = 272nm- Analista Responsável: Ricardo -11/10/2000) 
o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 
0 20 40 60 83 100 120 140 160 180 200 
Concenlração (iig/mL) 
59 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
3.7.4. Equipamentos Utilizados em Espectrofotometria 
A figura a seguir representa de forma simplificada os compo-
nentes de um espectrofotômetro. Os principais componentes são: 
fonte de energia que é constituída de uma lâmpada de deutério 
(190-370 nm) e uma lâmpada de tungstênio (350-750 nm); o mono-
cromador que individualiza o espectro de energia, sendo o de mais 
alta energia no comprimento de onda mais alto; o compartimento 
onde se coloca a amostra (ou as amostras); o detector que é conti-
tuído de um fotomultiplicador que registra a energia sob a forma de 
um sinal elétrico; o amplificador que amplifica o sinal para uma 
voltagem suficientemente maior para ser registrada e o registrador 
que traduz o sinal elétrico a um parâmetro matemático compreensí-
vel. 
No mercado temos dois tipos de equipamentos: a) o mono-
feixe que avalia primeiro a cubeta contendo a amostra e posterio-
mente a cubeta contendo o padrão ou vice-versa; b) o duplo feixe, 
constituído de dois sistemas de espelhos que permitem a avaliação 
concomitante de amostra e padrão. 
Esquema simplificado dos componentes de um espectrofotômetro 
y-
i o\ 11: 
r A , +£Y1 
TST? 
MONOCKOMADOR AMOSTKA 
í-HMj-
DETECTOR AMPI.IFICADOR 
^D 
REGISTRADOR 
3.7.5. Doseamento espectrofotométrico nas regiões visivel 
e ultravioleta 
Korolkovas menciona que a espectrofotometria nas zonas vi-
sível e ultravioleta é usada, principalmente, para identificação de 
compostos químicos orgânicos, exemplificando que esse método é 
também amplamente utilizado para doseamento de fármacos como 
por exemplo, na USP XX (1980), dos 900 fármacos inscritos, 151 são 
assim doseados por esta metodologia. 
Este doseamento, como citatado acima, fundamenta-se no 
fato de a absortividade de um composto químico ser constante, de-
pendente da intensidade da radiação incidente, do comprimento 
60 
Capítulo 2 - Controle da Qualidade da Farmácia Magistral 
interior da cubeta e da concentração da solução, podendo-se então 
determinar espectrofotometricamente a concentração. Por outro 
lado, a absortividade depende dos seguintes fatores: estrutura mo-
lecular, solvente, temperatura e comprimento da radiação. 
Doseamento na região ultravioleta: 
Na prática, o fundamento deste método consiste em compa-
rar a absorvância produzida pela solução da amostra com a absor-
vância de uma solução da substância padrão de referência, no com-
primento de onda de absorção máxima (geralmente mais de 235 nm) 
e depois, o mais rapidamente possível, nas mesmas condições expe-
rimentais, a do fármaco analisado, de acordo com a fórmula abaixo. 
Quando se devem usar comprimentos de onda no intervalo de 190 a 
210 nm, devem ser tomadas precauções especiais, tais como: usar 
cubetas que sejam transparentes nesta região, purgá-las com nitro-
gênio e empregar solventes próprios para espectrofotometria. 
Ca = conc. amostra (pg/mL) 
Cp = conc. padrão (ng/mL) 
A - Doseamento de acetato de dexametasona: 
Dissolva exatamente cerca de 100 mg da amostra de acetato de 
dexametasona em álcool R e dilua a 100,0 mL com o mesmo solven-
te . Dilua 2,0 mL dessa solução a 100,0 mL com álcool R. Concomi-
tantemente, prepare uma solução-padrão de forma semelhante ut i -
lizando acetato de dexametasona SQR. Meça as absorvâncias da so-
lução-amostra e da solução-padrão em torno de 233,5 nm. Calcule o 
teor de C24H31F06 na amostra pesada. 
Calcule o teor em C24H31F06 tomando 357 como valor de absorvância 
específica. 
B - Doseamento de hidroclorotiazida: 
Dissolva 50 mg da amostra de hidroclorotiazida em 10 mL de hidró-
xido de sódio 0,1 N e dilua a 100,0 mL com água. Dilua 2,0 mL dessa 
solução a 100,0 mL com hidróxido de sódio 0,01 N. Prepare conco-
mitantemente, uma solução-padrão util izando hidroclorotiazida 
SQR, de forma semelhante. Meça as absorvâncias da solução-
amostra e da solução-padrão em torno de 273 nm. Calcule o teor

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