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3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Ciências Econômicas Departamento de Economia e Relações Internacionais ECO-02/215 - Contabilidade Social Agregados econômicos e identidades contábeis Setor externo e Contabilidade Social Produto Interno, Renda Nacional e Renda Disponível Prof. Carlos Henrique Horn Referências bibliográficas FEIJÓ, Carmem Aparecida; RAMOS, Roberto Luis Olinto (orgs.) (2013 [2001]). Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais do Brasil. 4ª ed., revista e atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier. Cap. 2, seções 2.1 e 2.2. PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik (2006 [2001]). A nova contabilidade social: uma introdução à macroeconomia. 2ª ed. São Paulo: Saraiva. Cap. 2, seção 2.2, p. 26-30. 2 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 2 3 Estrutura da exposição 1. A origem e o destino dos bens e serviços, ou os componentes da oferta e da demanda agregada. A absorção dos recursos reais. 2. O cálculo do produto pela ótica do dispêndio. 3. Os agregados de renda. 4. O uso da renda disponível e a identidade entre investimento e poupança. 4 Origem e destino dos bens e serviços Transações internacionais com bens e serviços Transação Agregado Econômico Venda de bens ao RM Exportação de bens (Xb) Compra de bens do RM Importação de bens (Mb) Diferença em valor Saldo da Balança Comercial Venda de serviços não-fatores ao RM Exportação de serviços não-fatores (Xnf) Compra de serviços não-fatores do RM Importação de serviços não-fatores (Mnf) Diferença em valor Saldo da Balança de Serviços Resultado Final Saldo das Balanças Comercial e de Serviços 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 3 5 Origem e destino dos bens e serviços Transações internacionais com bens e serviços • Podemos definir dois Agregados Econômicos: Exportação de produtos (bens e serviços) X = Xb + Xnf Importação de produtos (bens e serviços) M = Mb + Mnf • Um dos Agregados compõe a origem dos bens e serviços à disposição da economia nacional (recurso real); o outro é parte do destino dado aos bens e serviços à disposição da economia nacional (uso). Que Agregado é recurso real e que Agregado é uso? 6 Origem e destino dos bens e serviços Oferta da economia nacional • Os bens e serviços que compõem os recursos reais de uma economia nacional incluem agora o resultado da produção interna e a importação de bens e serviços. Portanto: (1) OT = VBP + M (2) OF = PIB + M Onde: OT = Oferta Total de bens e serviços; OF = Oferta Final de bens e serviços; VBP = Valor Bruto da Produção; PIB = Produto Interno Bruto; M = Importação de bens e serviços. • O resultado da produção interna inclui a produção mercantil e não-mercantil de todos os Setores Institucionais. 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 4 7 Origem e destino dos bens e serviços Demanda da economia nacional • Os usos dos bens e serviços não mais se circunscrevem ao Consumo e ao Investimento dos Setores Institucionais, mas incluem também uma parcela que é destinada ao exterior na forma de Exportação de bens e serviços (X). Portanto: (1) DT = CI + C + G + I + X (2) DF = C + G + I + X Onde: DT = Demanda Agregada Total; DF = Demanda Agregada Final; CI = Consumo Intermediário; C = Consumo das Famílias; G = Consumo do Governo; I = Investimento; X = Exportações. 8 Origem e destino dos bens e serviços Demanda da economia nacional Nas equações dos componentes da Demanda Agregada, identificam-se as parcelas da Absorção Interna (AI) e da Absorção Externa (AE) dos bens e serviços disponíveis à economia nacional. • Absorção Interna (AI): (1) Com base na DT, AI = CI + C + G + I (2) Com base na DF, AI = C + G + I • Absorção Externa (AE): AE = X • Absorção Total (AT): AT = AI + AE 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 5 9 Origem e destino dos bens e serviços Identidade entre Oferta e Demanda • A identidade básica entre Oferta e Demanda (recursos reais e usos dos recursos reais) pode ser expressa de duas maneiras: (1) OT ≡ DT VBP + M ≡ CI + C + G + I + X (2) OF ≡ DF PIB + M ≡ C + G + I + X 10 Origem e destino dos bens e serviços Equação do PIB pela ótica do Dispêndio • Dada a forma (2) da identidade entre Oferta e Demanda, encontramos uma expressão do PIB com base nos componentes da Demanda Agregada: PIB ≡ C + G + I + (X – M) • A diferença entre Exportação e Importação (X – M) é chamada de Exportação Líquida. • O lado direito da expressão também é chamado de Absorção do PIB. 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 6 11 Origem e destino dos bens e serviços Exemplo numérico com base nos componentes da DF (dados em $) Agregados Caso A Caso B Caso C Componentes da Oferta Final PIB 900 900 900 M 100 100 100 Oferta (recursos) 1.000 1.000 1.000 Componentes da Demanda Final C 550 580 520 G 150 160 140 I 200 210 190 X 100 50 150 Demanda (usos) 1.000 1.000 1.000 12 Origem e destino dos bens e serviços Absorção do PIB • No caso A, a AI = PIB e a Exportação Líquida é nula. • No caso B, temos: AI (950 = 580 + 160 + 210) > PIB (900) Uma desigualdade que é compensada por: (X – M) = – 50 A Importação (100) é maior do que a Exportação (50), o que complementa os recursos reais necessários para satisfazer a Absorção Interna (AI). Há quem diga que a economia “vive além dos seus meios”. 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 7 13 Origem e destino dos bens e serviços Absorção do PIB • No caso C, temos: AI (850 = 520 + 140 + 190) < PIB (900) Uma desigualdade que é compensada por: (X – M) = + 50 A Importação (100) é maior do que a Exportação (150). Como a economia produz mais do que seus Setores Institucionais absorvem (Absorção Interna), a Exportação Líquida é positiva. Há quem diga que a economia “produz para uso do Resto do Mundo”. 14 Produto (Renda) Interno e Renda Nacional • Sob a ótica do produto, o Produto Interno Bruto (PIB) equivale ao valor adicionado por todas as unidades de produção que operam numa economia nacional, independentemente da nacionalidade (residência) de seus proprietários. • Sob a ótica da renda, o Produto Interno Bruto (PIB) é mensurado com base nas remunerações dos fatores de produção em virtude de sua contribuição ao processo produtivo, independentemente da nacionalidade (residência) dos proprietários dos fatores. Os Sistemas de Contas Nacionais não apresentam uma medida de Renda Interna, mas apenas de Produto Interno Bruto. 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 8 15 Produto (Renda) Interno e Renda Nacional Quando se considera a residência dos proprietários dos fatores de produção, temos duas situações. 1. Uso de fatores de produção de não residentes na economia nacional para produção nesta economia: Uma parte da produção é obtida em virtude do uso de fatores de propriedade de não residentes da economia. O produto (renda) gerado por este uso é computado no Produto (Renda) Interno (gerado internamente), mas não é Renda Nacional (é devida a não residentes). 2. Cessão de fatores de produção de residentes na economia nacional para produção no Resto do Mundo: Uma parte dos fatores de propriedade de residentes da economia nacional pode ser utilizada para a produção no exterior. O produto (renda) gerado por este uso não é Produto (Renda)Interno (não é gerado internamente), mas é Renda Nacional (é recebida por residentes). 16 Produto (Renda) Interno e Renda Nacional As transações internacionais com fatores de produção expressam-se nos Agregados de Renda Enviada ao Exterior e de Renda Recebida do Exterior Transações Agregados de Renda Uso de fatores de não- residentes na produção interna Renda Enviada ao Exterior (REE) Pagamentos a não residentes Cessão de fatores de residentes para o Resto do Mundo Renda Recebida do Exterior (RRE) Recebimentos de residentes Saldos são Agregados Econômicos: Renda Líquida Enviada (RLE) RLE = REE – RRE Renda Líquida Recebida (RLR) RLR = RRE – REE 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 9 17 Produto (Renda) Interno e Renda Nacional • A consideração da REE e da RRE dá origem a uma dicotomia básica entre interno e nacional nos Agregados Econômicos. • Assim: (1) RNB = PIB – RLE (2) RNB = PIB + RLR RNB = Renda Nacional Bruta 18 Produto (Renda) Interno e Renda Nacional Exemplo numérico (dados em $) Caso A Caso B PIB 1.000 1.000 REE 200 200 RRE 100 300 RLE ou RLR 100 – 100 – 100 100 RNB 900 1.100 RLE > 0 RLR < 0 RLE < 0 RLR > 0 PIB > RNB PIB < RNB 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 10 19 Produto (Renda) Interno e Renda Disponível Até este ponto, as transações internacionais consideradas nos Agregados Econômicos compõem-se de: • Importação de bens e serviços: recurso real da economia nacional, componente da Oferta da economia. • Exportação de bens e serviços: uso dos bens e serviços disponíveis à economia nacional, componente da Demanda da economia. • Recebimentos e pagamento de rendas de fatores: modificam os Agregados de Renda. 20 Produto (Renda) Interno e Renda Disponível • Resta uma última modalidade de transação internacional corrente a computar: Transferências Unilaterais Correntes (Trcbp) Trcbp = Trcbpr – Trcbpe Onde: Trcbpr = Transferências recebidas; Trcbpe = Transferências enviadas • As Transferências Unilaterais Correntes dão origem à Renda Disponível Bruta (RDB) da economia nacional: RDB = RNB + Trcbp 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 11 21 Produto Interno, Renda Nacional e Renda Disponível Exemplo numérico (dados em $) Caso A Caso B Caso C Caso D PIB 1.000 1.000 1.000 1.000 RLE 100 – 100 100 – 100 RNB 900 1.100 900 1.100 Trcbp 50 – 50 – 50 50 RDB 950 1.050 850 1.150 22 Setor externo e CS: síntese Comércio de bens e snf X – M Recursos ≡ Usos PIB+M ≡ C+G+I+X Produto e DispêndioEquação do PIB PIB ≡ C+G+I+(X-M) Cessão e uso de fatores Recebimentos e pagamentos de renda RLE ou RLR PIB – RLE = RNB Transformações da Renda PIB + RLR = RNB Transferências unilaterais correntes Trcbp RNB + Trcbp = RDB 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 12 23 Setor externo e CS: síntese • Definimos, por fim: TC = (X – M) + RLR + Trcbp TC = Saldo externo em conta corrente no Sistema de Contas Nacionais (SCN) ou TC = Saldo em transações correntes do Balanço de Pagamentos (BP) 24 Renda Disponível Bruta • A RDB é o último Agregado de Renda de um SCN. Ela computa as transformações do PIB (Renda) mediante o registro das transações de renda fatorial e das transferências unilaterais entre a economia nacional e o Resto do Mundo. • A RDB é o agregado pertinente para os registros de: Distribuição da renda entre os Setores Institucionais. Uso da renda para gasto em consumo [final] ou para poupança. 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 13 25 Renda Disponível Bruta Renda Privada e Renda do Governo • Podemos decompor a RDB em: Renda Líquida do Governo RLG = T – (TrG + s) Renda Privada (Famílias e Empresas) Disponível RPD = RDB – RLG • Portanto: RDB = RPD + RLG 26 Renda Disponível Bruta Uso da Renda • O SCN registra o uso da RDB para as Despesas de Consumo Final e a diferença como Poupança Bruta (SB). Portanto: SB = RDB – (C + G) • A Poupança Bruta é uma medida da Poupança Interna ou Doméstica (SD) de uma economia nacional. 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 14 27 Investimento e Poupança • Nos modelos de economia fechada, mostramos que: I ≡ S • A identidade contábil entre Investimento e Poupança foi obtida a partir da manipulação da identidade básica: Dispêndio ≡ Produto ≡ Renda • A fim de mostrar a identidade entre I e S num modelo de economia aberta, devemos partir de suas equações de Produto Interno sob as óticas do dispêndio e da renda. 28 Investimento e Poupança Equação do Produto Interno Bruto (PIB) sob a ótica da renda • Na passagem do PIB para a RDB, fizemos: (a) PIB – RLE = RNB (b) RNB + Trcbp = RDB e decompomos a RDB em RPD e RLG: (c) RDB = RPD + RLG • Ao substituir (c) em (b), encontramos: RNB + Trcbp = RPD + RLG Isolamos RNB: RNB = RPD + RLG – Trcbp • Substituímos a expressão da RNB na equação (a): PIB – RLE = RPD + RLG – Trcbp Isolamos PIB, encontrando uma equação do produto sob a ótica da renda: PIB = RPD + RLG + RLE – Trcbp 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 15 29 Investimento e Poupança Equação da Produto Interno Bruto (PIB) sob a ótica do dispêndio • A equação do PIB com base nos componentes da Demanda Final é conhecida: PIB ≡ C + G + I + (X – M) 30 Investimento e Poupança • Portanto, temos duas equações do PIB: Demanda pelo Produto = C + G + I + (X – M) Alocação da Renda = RPD + RLG + RLE – Trcbp • Com base na identidade entre Dispêndio e Renda, escrevemos: C + G + I + (X – M) ≡ RPD + RLG + RLE – Trcbp • Reordenamos os termos e isolamos I: I ≡ (RPD – C) + (RLG – G) + [(M – X) + RLE – Trcbp] 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 16 31 Investimento e Poupança Na identidade: I ≡ (RPD – C) + (RLG – G) + [(M – X) + RLE – Trcbp] • Primeiro termo = (RPD – C) é a Poupança de Famílias e Empresas (S). S = RPD – C • Segundo termo = (RLG – G) é a Poupança do Governo (SG). Corresponde ao Saldo do Governo em Conta Corrente (SGCC). SG = RLG – G A soma de S e SG é a Poupança Bruta (SB) da economia: SB = S + SG 32 Investimento e Poupança Na identidade: I ≡ (RPD – C) + (RLG – G) + [(M – X) + RLE – Trcbp] • Terceiro termo = [(M – X) + RLE – Trcbp]. Temos: (M – X) = Importações líquidas RLE = Renda Líquida Enviada ao Exterior – Trcbp = Transferências enviadas – Transferências recebidas No Sistema de Contas Nacionais, este termo forma a base para: Se positivo (+): Necessidade Líquida de Financiamento Ocorre quando I > SB Se negativo (–): Capacidade Líquida de Financiamento Ocorre quando I < SB 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 17 33 Investimento e Poupança Capacidade/Necessidade Líquida de Financiamento e Saldo em transações correntes do Balanço de Pagamentos • No slide 23, definimos o saldo em transações correntes do Balanço de Pagamentos (TC): TC = (X – M) + RLR + Trcbp Logo, o terceiro termo da identidade: (M – X) + RLE – Trcbp É o negativo de TC: – TC = (M – X) + RLE – Trcbp • Em conclusão: Necessidade Líquida de Financiamento Ocorre quando: I > SB ou TC < 0 Capacidade Líquida de Financiamento Ocorre quando: I < SB ou TC > 0 34 Investimento e Poupança Ainda que não seja assim registrado no SCN, o terceiro termo é utilizado como uma medida de Poupança Externa(SX) da economia nacional em análises macroeconômicas. • Se positivo (+): Necessidade Líquida de Financiamento Poupança Externa é positiva [(M – X) + RLE – Trcbp] > 0 TC < 0 • Se negativo (–): Capacidade Líquida de Financiamento Poupança Externa é negativa (Despoupança Externa) [(M – X) + RLE – Trcbp] < 0 TC > 0 3.3 Setor externo e CS ECO-02/215 - Contabilidade Social - Prof. Carlos Henrique Horn 18 35 Investimento e Poupança Exemplo numérico para discutir o significado de SX (dados em $) Caso 1 Caso 2 M – X M > X 50 M < X – 50 Não consumo no RM Não consumo na EN RLE = REE – RRE REE > RRE 30 REE < RRE – 30 Não uso de fatores do RM na produção no RM Não uso de fatores da EN na produção na EN – Trcbp = – (Trr – Tre) Trr < Tre 10 Trr > Tre – 10 SX 80 – 80 Poupança externa Despoupança externa 36 Investimento e Poupança • Retornando à identidade: I ≡ (RPD – C) + (RLG – G) + [(M – X) + RLE – Trcbp] • No caso do uso dos conceitos de Poupança Interna ou Doméstica (SD) e Poupança Externa (SX), temos: Poupança Interna ou Doméstica: SD = SB = S + SG = (RPD – C) + (RLG – G) Poupança Externa: SX = (M – X) + RLE – Trcbp • Substituindo na identidade: I ≡ SD + SX
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