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Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 69 Q P Fig. 5 B O F E C A 1.7. Calculando a EPD a partir do gráfico da demanda Um tipo de questão que pode cair em prova é aquela em que temos que calcular a elasticidade a partir de dados que estão no gráfico. Considere a figura abaixo e calcule a elasticidade preço da demanda no ponto A. Resolução: 𝐸𝑝𝑑 = 𝑃𝑄 𝑥 𝛥𝑄𝛥𝑃 (1) Queremos calcular a EPD em A, logo, o preço e a quantidade em A valem: P = OF = AB Q = AF = OB Necessitamos agora definir ΔQ e ΔP. O símbolo Δ quer dizer variação. Logo, devemos partir do ponto A (onde P=AB e Q=OB) para algum outro ponto do gráfico. Este outro ponto do gráfico deve ser obrigatoriamente os pontos C ou E, caso contrário não teremos meios de quantificar (medir o segmento através do uso das letras que estão no gráfico) o ΔQ e o ΔP. Escolhamos então o ponto C. Assim: ΔQ = OC – OB = BC ΔP = ZERO – OF = -OF = -AB Substituindo P, Q, ΔQ e ΔP em (1): 𝐸𝑝𝑑 = 𝑃𝑄 𝑥 𝛥𝑄𝛥𝑃 = 𝐴𝐵𝑂𝐵 𝑥 𝐵𝐶−𝐴𝐵 = − 𝑩𝑪𝑶𝑩 (2) Veja que o valor encontrado não está em nenhuma alternativa da questão de prova que cobrou este conhecimento (questão 20). Então devemos Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 69 continuar investigando. Por semelhança de triângulos, sabemos que ABC ≅ AEF, então: 𝐴𝐶𝐵𝐶 = 𝐸𝐴𝐴𝐹 Como OB=AF, temos que: 𝐴𝐶𝐵𝐶 = 𝐸𝐴𝑂𝐵 Multiplicando-se ambos os lados por !"!", segue que: 𝐴𝐶𝐵𝐶 𝑥 𝐵𝐶𝐸𝐴 = 𝐸𝐴𝑂𝐵 𝑥 𝐵𝐶𝐸𝐴 𝐴𝐶𝐸𝐴 = 𝐵𝐶𝑂𝐵 Observe que BC/OB é o valor absoluto (sem considerar o sinal negativo) da EPD encontrado em (2). Assim: 𝑬𝒑𝒅 = − 𝑨𝑪𝑬𝑨 Ufa! Não é tão fácil, concorda?! O mais importante é que você guarde que a elasticidade será calculada a partir dos segmentos da reta da demanda. Se você quer calcular a elasticidade no ponto A, basta dividir o segmento da reta de demanda em duas partes. A elasticidade preço da demanda será a primeira parte dividida pela segunda. A primeira parte é a que vai do eixo horizontal até o ponto A, a segunda parte é a que vai do ponto A até o eixo vertical do gráfico. Sabendo isso, no nosso exemplo da figura 5, você já saberia que EPD=AC/AE sem realizar qualquer cálculo. Vemos aqui mais uma comprovação do porquê EPD é igual a 1 no ponto médio da reta da demanda (CE). Se o ponto A estivesse no ponto médio de CE, AC seria igual a AE, então EPD=AC/AE=1. Ainda ressalto que esse bizú de calcular o valor da elasticidade dividindo o segmento da reta de demanda em duas partes pode ser aplicado também aos segmentos que vão da origem do gráfico aos pontos B e E (figura 5). Veja que, durante a demonstração, chegamos a EPD=- BC/OB. Assim, temos o seguinte, valendo para a figura 05: Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 69 Y C 4 B θ Δy A 2 Fig. 6 Δx Inclinação da reta 0 X 3 1 𝐸𝑝𝑑 = −𝐴𝐶𝐸𝐴 𝑜𝑢 𝐸𝑝𝑑 = − 𝐵𝐶𝑂𝐵 𝑜𝑢 𝐸𝑝𝑑 = −𝑂𝐹𝐸𝐹 1.8. A derivada como inclinação da função Imagine, apenas como exemplo, o gráfico de uma função simples, como esta: f(x) = x + 1 Quando x=1, y=2 (ponto A). Quando x=3, y=4 (ponto B). Como a função é de primeiro grau (o expoente da variável x é 1), teremos uma reta representando a função. Assim, precisamos apenas de dois pontos para traçá-la. Traçada a reta, o nosso foco volta-se a entender o que determina a inclinação desta reta. Em primeiro lugar, como temos uma reta, a inclinação é constante, ou seja, é a mesma em qualquer lugar da reta. Veja que o ângulo θ é o mesmo em A ou em B. Este ângulo é determinado pela sua tangente, que tem o valor numérico representado pela divisão do cateto oposto sobre o cateto adjacente (Δy/Δx). Do ponto A ao B, a tangente de θ, que é a determinadora da inclinação da nossa função, é igual a: tg θ= cat oposto/cat adjacente= Δy/Δx = (4-2)/(3-1) = 2/2 = 1 Assim, dizemos que a inclinação da reta é 1. Mas, observe que a expressão Δy/Δx representa genericamente a inclinação em qualquer Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 69 ponto da reta. Dizemos, portanto, que a inclinação da função é dada por Δy/Δx. Ora, mas você já viu esta expressão em algum lugar, não? Δy/Δx é a derivada da função y em função de x. Assim, a inclinação da reta da função será dada Δy/Δx = dy/dx. Pois bem, vamos derivar a função, para calcularmos a inclinação usando a derivada: dy/dx = 1.x1-1 + 0 = 1.x0 = 1 Vemos claramente que atingimos o mesmo valor calculado pelo método da tangente. Logo, podemos concluir que a inclinação da reta/curva de uma função é dada pela sua derivada. Pensando de forma análoga em relação à curva de demanda, se você analisar o gráfico das figuras 1 a 5, verá que a inclinação da curva de demanda é sempre ΔP/ΔQ. Ou seja, é a derivada da função preço (P) em relação à variável (Q). Em outras palavras, a inclinação da curva de demanda é a derivada da função de demanda invertida (dP/dQ). Importante: não confunda inclinação da curva/reta de demanda (dP/dQ) com elasticidade preço da demanda, são coisas diferentes! Exemplo: calcule a inclinação da demanda linear Q=a – b.P Inclinação = dP/dQ (lembre que a função de demanda coloca P no eixo vertical – eixo Y – e coloca Q no eixo horizontal – eixo X. Por isso, a inclinação é dP/dQ e não dQ/dP). Para calcular dP/dQ, devemos transformar a função demanda em demanda invertida (P=a/b – Q/b) ou calcular dQ/dP e depois inverter o resultado. Façamos primeiramente com a demanda invertida: P=a/b – Q/b dP/dQ = -1/b Outra maneira de calcularmos dP/dQ é calculando dQ/dP e, depois, inverter o resultado: Q=a – b.P dQ/dP = -b dP/dQ = -1/b Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícioscomentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 69 (X) (Y) Fig. 7 0 A ΔX1 ΔX2 ΔX3 ΔY1 ΔY2 ΔY3 1 2 3 Reta 1´ Reta 2´ Reta 3´ Nota o sinal negativo nos informa que a inclinação da curva de demanda é negativa, decrescente, descendente ou para baixo. Veja que, no caso do primeiro exemplo (y=x+1), a inclinação é +1. Sendo positivo o valor da inclinação, a reta do gráfico será crescente, ascendente ou para cima (conforme figura 6). Vejamos agora o caso de uma curva, em vez de uma reta: Primeiramente, veja que agora não temos mais uma reta e, sim, uma curva. Quando temos uma curva, ao contrário do que ocorre em uma reta, a inclinação varia ao longo da curva. A inclinação, em qualquer ponto da curva, será dada pela inclinação da reta que é tangente à curva naquele ponto. Por exemplo, no ponto 1, a inclinação da curva é igual à inclinação da reta 1´, que é exatamente a reta que é tangente à curva no ponto 1. No ponto 2, a inclinação da curva é igual à inclinação da reta 2´. No ponto 3, a inclinação da curva é igual à inclinação da reta 3´. A inclinação dessas retas, por sua vez, é dada pelo valor da sua tangente (ΔY/ΔX), exatamente como mostrado na figura 6. Assim, da mesma forma que ocorre na reta, a inclinação de qualquer curva também é dada pela derivada. No gráfico acima, a inclinação é dada por ΔY/ΔX, que é o mesmo que dY/dX. Note que, no ponto A, a inclinação da curva é 0 (ΔY será igual a 0). Como a inclinação é 0 neste ponto, a derivada também será igual a 0. Como dY/dX=0, é exatamente naquele ponto onde temos o valor máximo da função (Y máximo), o que corrobora o que já vimos no item 1.4.2. Assim, você consegue perceber, graficamente, porque quando derivamos uma função e igualamos a sua derivada a 0, obtemos o valor Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 69 máximo da função. Esta afirmação é plenamente condizente com o gráfico apresentado na figura 07. 1.9. A receita marginal (Rmg) Ao longo do nosso curso, será bastante comum ouvir, ou melhor, ler a palavra “marginal”. Durante a análise econômica, é bastante comum os profissionais procurarem analisar os dados em perspectiva incremental. Por exemplo, ao tomar uma decisão de quanto deve produzir ou quantos trabalhadores deve contratar, a firma muitas vezes procurará saber em quanto a receita vai aumentar depois do aumento de produção. Essa perspectiva incremental, no “Economês”, é chamada de marginal (na margem). Em muitos casos, uma firma procurará basear sua decisão de aumentar ou não a produção com fundamento no crescimento marginal (incremental) da receita. Assim, o empresário pensará: quanto a mais de R$ eu vou ganhar se aumentar a produção (e venda) da minha firma. A partir daí, podemos entender o que vem a ser receita marginal: Receita marginal (Rmg): é o acréscimo na receita total decorrente da produção e venda de uma unidade a mais de um bem produzido. Exemplo: suponha uma firma produtora de cervejas e que, em determinado momento, ela venda 10.000 garrafas por mês e tenha uma receita total (Receita Total = preços x quantidades) de R$ 30.000. Pense agora que ela aumenta a produção em uma unidade e, como consequência, a receita total vá para R$ 30.003. Qual foi o acréscimo na receita total em decorrência desta garrafa adicional de cerveja vendida? A resposta é fácil, o acréscimo na receita total foi de R$ 3,00. Assim, a Receita marginal é igual a 3 para essa última garrafa produzida e vendida. 10.000 garrafas Receita total = 30.000 10.001 garrafas Receita total = 30.003 Receita marginal = 3 Algebricamente, podemos representar a receita marginal da seguinte maneira: Rmg = ΔRT/ΔQ = dRT/dQ Logo, a receita marginal é a derivada da receita total em relação à quantidade. Note que já trabalhamos com este conceito no item 1.4.2 sem citar, no entanto, que se tratava da receita marginal. Veja uma aplicação prática: Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 69 Se a função de demanda é Q=10 - P, qual será a expressão da receita marginal? Resolução: Rmg=dRT/dQ. Assim, antes de resolver, necessitamos encontrar RT em função de Q. Q = 10 – P P = 10 – Q RT = P x Q = (10 – Q).Q RT = 10Q – Q2 Agora, derivamos RT em relação a Q: Rmg = dRT/dQ = 10 – 2.Q2-1 Rmg = 10 – 2Q (resposta!) No item 1.4.2, vimos que a receita total é máxima quando a sua derivada em relação a Q é igual a ZERO. Como esta derivada dRT/dQ é a receita marginal, podemos concluir que a receita total dos produtores (dispêndio total dos consumidores) é máxima quando a receita marginal é igual a ZERO. 1.10. Elasticidade, receita marginal e receita total Para explicar essa parte da matéria, precisarei explicar uma nova regra para cálculo de derivadas. É a regra do produto. Quando temos a derivada de um produto de duas funções em relação a uma mesma variável, multiplicamos o primeiro termo do produto pela derivada do segundo e somamos isto com a multiplicação do segundo termo do produto pela derivada do primeiro. Entendeu...rsrs?! Segue um exemplo para visualizar: 𝑑(𝑦.𝑤)𝑑𝑥 = 𝑦.𝑑𝑤𝑑𝑥 + 𝑤.𝑑𝑦𝑑𝑥 Vamos aplicar esta regra na expressão da receita marginal, tendo em vista que, neste caso, temos uma derivada de um produto (PxQ) em relação a uma mesma variável (Q): 𝑅𝑚𝑔 = 𝑑𝑅𝑇𝑑𝑄 = 𝑑(𝑃.𝑄)𝑑𝑄 = 𝑄. 𝑑𝑃𝑑𝑄 + 𝑃.𝑑𝑄𝑑𝑄 = 𝑸.𝒅𝑷𝒅𝑸+ 𝑷 Podemos manipular algebricamente o termo final encontrado (em negrito) de forma que: Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 69 𝑅𝑚𝑔 = 𝑃 𝑄𝑃 . 𝑑𝑃𝑑𝑄 + 1 Nós colocamos o P em evidência (fora dos parênteses). Para isso, dividimos o primeiro termo por P e o segundo termo ficou igual a 1. Note que, após colocarmos o P em evidência, o primeiro termo que ficou dentro dos parênteses é exatamente o inverso da expressão da EPD 𝐸𝑝𝑑 = !! . !"!" . Logo, podemos substituir o primeiro termo do interior dos parêntesespor !!"#. Assim: 𝑅𝑚𝑔 = 𝑃 1𝐸𝑝𝑑 + 1 O valor de EPD que está ali dentro dos parênteses, regra geral, é negativo. Desta forma, para evitar confusão, podemos reescrever a expressão trocando o sinal de + (positivo) por – (negativo), utilizando, para isso, o módulo (valor absoluto) de EPD: 𝑹𝒎𝒈 = 𝚫𝑹𝑻𝚫𝑸 = 𝑷 𝟏− 𝟏𝑬𝒑𝒅 É interessante que você saiba esta expressão, pois ela ajuda em muitas questões, inclusive se elas forem teóricas. A expressão mostra o que, lá no fundo, já sabemos. Quando a elasticidade é unitária (EPD=1), a receita marginal será ZERO e a receita total é máxima, isto é, a receita total do produtor não varia quando aumenta a produção. Se a demanda for inelástica (EPD<1, o que significa que 𝟏𝑬𝒑𝒅 será maior que 1 e, portanto 𝟏− 𝟏𝑬𝒑𝒅 será negativo), a receita marginal é negativa, indicando que o aumento de produção provocará redução na receita. Se a demanda for elástica (EPD>1), a receita marginal é positiva, indicando que a receita aumentará quando aumentar a produção. Podemos raciocinar da seguinte forma: se a demanda não reagir muito ao preço (demanda inelástica – EPD<1), será preciso diminuir muito o preço para aumentar a produção, o que provoca queda na receita. Por outro lado, se a demanda reage muito ao preço (demanda elástica), será preciso diminuir pouco o preço para aumentar a produção, fazendo a receita aumentar (proporcionalmente, a redução no preço é menor que o aumento de produção). Então, em suma, temos o seguinte sobre as relações entre a receita marginal, receita total e elasticidades. Como a Rmg é o acréscimo na receita total em virtude do aumento da produção, então, se Rmg é Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 69 positiva, necessariamente, RT cresce. Ao mesmo tempo, para Rmg ser positiva, necessariamente, o valor absoluto da elasticidade deve ser maior que 1. Por outro lado, se Rmg é negativa, RT decresce em virtude do aumento de produção, ao mesmo tempo, EPD é menor que 1. Por último, se Rmg=0 (RT não varia), RT é máxima e EPD=1. Segue um quadro- resumo: Situação da Rmg Elasticidade-preço Variação da RT Rmg < 0 EPD < 1 RT cai Rmg > 0 EPD > 1 RT cresce Rmg = 0 EPD = 1 RT não varia Nota observe que se você decorar a fórmula 𝑹𝒎𝒈 = 𝚫𝑹𝑻𝚫𝑸 = 𝑷 𝟏− 𝟏𝑬𝒑𝒅 , já estará automaticamente decorando as conclusões do quadro acima, pois estas são observadas matematicamente na expressão. 1.11. Demandas de elasticidade constante Nós vimos que as demandas lineares apresentam elasticidades variáveis, que vão do zero ao infinito. De fato, a imensa maioria das funções de demanda terá elasticidades variáveis, ainda que não sejam demandas lineares. Entretanto, existe uma função de demanda com elasticidade constante: 𝑸 = 𝒂𝑷𝒃 𝑜𝑢 𝑸 = 𝒂.𝑷!𝒃 Onde a é uma constante positiva. Não é difícil demonstrar por que a elasticidade deste tipo de demanda é constante: 𝐸𝑝𝑑 = 𝑃𝑄 .𝑑𝑄𝑑𝑃 (1) Calculemos agora somente o segundo termo da EPD: 𝑑𝑄𝑑𝑃 = −𝑏.𝑎.𝑃!!!! (2) Substituindo (2) em (1): 𝐸𝑝𝑑 = 𝑃𝑄 .−𝑏.𝑎.𝑃!!!! Como Q=a.P-b, Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 69 𝐸𝑝𝑑 = 𝑃𝑎.𝑃!! .−𝑏.𝑎.𝑃!! .𝑃!! = 𝑃.−𝑏.𝑎.𝑃!!𝑎.𝑃!! .𝑃 𝑬𝒑𝒅 = −𝒃 Como EPD é, regra geral, um número negativo, para evitar confusão, utilizamos o valor absoluto (módulo). Assim, 𝑬𝒑𝒅 = 𝒃 Veja, então, que se você se deparar com uma função demanda “tipo potência”, em que possuímos apenas 01 termo, o valor absoluto da elasticidade preço da demanda será exatamente o expoente da variável “preço”. Seguem alguns exemplos numéricos: 1) Q = 100.P-1 EPD=1 2) Q = P-1/3 EPD=1/3 3) Q = !"!! = 35.𝑃!! EPD=2 4) Q = 100.P-1 + 20.P-2 não terá EPD constante, pois não é uma função tipo “potência”, ou seja, não obedece ao formato Q=a.P-b 5) Q = P-2.R0,5.PY3 EPD=2, as variáveis R e PY são tratadas como se fossem um número qualquer. Portanto, nossa função demanda obedece ao formato Q=a.P-b, de modo que a=R0,5.PY3 1.12. Calculando a elasticidade renda e cruzada da demanda A situação mais comum é a função demanda apresentar as variáveis Q e P. No entanto, a expressão da demanda também pode estar em função da renda (R) e dos preços de bens relacionados (PY). Calculemos as elasticidades-preço cruzada e renda da demanda para a função de demanda 𝑸𝒙 = 𝟏𝟎. 𝑷𝒙!𝟐 . 𝑷𝒚𝟎,𝟓 . 𝑹𝟎,𝟓 , onde PX é o preço do produto X, PY é o preço do produto substituto Y, e R indica a renda dos consumidores. Comecemos pela elasticidade renda (ERD): 𝐸𝑟𝑑 = 𝑅𝑄 .𝑑𝑄𝑑𝑅 (1) Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 69 Calculemos, antes, dQ/dR: 𝑑𝑄𝑑𝑅 = 0,5.10. 𝑃𝑥!! . 𝑃𝑦!,! . 𝑅!,!!! (2) Nota lembre-se de que, neste caso, a variável derivada é R. Desta forma, o expoente que desce é o expoente de R. Da mesma maneira, é do expoente de R que reduziremos 01 unidade. Substituindo (2) em (1): 𝐸𝑟𝑑 = 𝑅10. 𝑃𝑥!! . 𝑃𝑦!,! . 𝑅!,! . 0,5.10. 𝑃𝑥!! . 𝑃𝑦!,! . 𝑅!,!!! 𝐸𝑟𝑑 = 𝑅. 0,5.10. 𝑃𝑥!! . 𝑃𝑦!,! . 𝑅!,! .𝑅!!10. 𝑃𝑥!! . 𝑃𝑦!,! . 𝑅!,! = 𝑅. 0,5.10. 𝑃𝑥!! . 𝑃𝑦!,! . 𝑅!,!10. 𝑃𝑥!! . 𝑃𝑦!,! . 𝑅!,! .𝑅 𝐸𝑟𝑑 = 0,5 Veja que, no final, tudo se cancelou e o valor de ERD é exatamente igual ao expoente da variável da renda (R). Isso não foi mera coincidência! Portanto, guarde isto com você: para funções de demanda “tipo potência8”, o valor das elasticidades será igual ao valor dos expoentes das variáveis às quais elas se referem. O valor da elasticidade renda será o valor do expoente da variável da renda (R). O valor da elasticidade-preço cruzada da demanda será o valor do expoente da variável preço do bem relacionado (PY). Por fim, conforme vimos no item 1.11, exemplo 5, o valor da elasticidade preço da demanda será o valor absoluto (módulo) do expoente da variável preço do bem de que trata a demanda. Assim, se tal questão caísse na prova, sem realizar qualquer cálculo, você poderia inferir o seguinte para essa função: EPD = 2 (demanda elástica, pois EPD>1) ERD = 0,5 (bem normal, pois ERD>0) EXY = 0,5 (X e Y são bens substitutos, pois EXY>0) Nota a título de treinamento e fixação do conteúdo, tente calcular EXY da mesma maneira como fizemos com ERD e confirme se o valor realmente será igual ao expoente de PY (lembreque EXY= !"! . !"!"#) 8 São funções em que temos apenas um termo. Ou seja, não temos nenhuma soma ou subtração. Entre os 05 exemplos do item 1.11, todas são funções “potência”, com exceção do exemplo 4. Mais à frente em nosso curso, nós veremos que funções com estes formatos são chamadas de “Cobb-‐ Douglas”. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 69 P Formato aproximado de uma hipérbole equilátera para uma curva de demanda que apresenta elasticidade constante (demanda isoelástica) que segue o formato Q=a.P-b. Q Essas curvas de elasticidade preço da demanda constante, com o formato Q=a.P-b, possuirão um formato de curva denominado de hipérbole equilátera, e são chamadas de demandas isoelásticas (iso=igual). 2. OS EXCEDENTES DO CONSUMIDOR E PRODUTOR E O PESO MORTO 2.1. Excedente do consumidor Nas transações de mercado, consumidores e produtores compram e vendem de acordo com o preço de equilíbrio, que é estabelecido pelas forças do mercado (forças da oferta e da demanda), ou seja, é o mercado que estabelece o preço das mercadorias. No entanto, para alguns consumidores, o preço determinado pelo mercado pode ser mais barato que aquele preço que estes consumidores estariam dispostos a pagar. Por exemplo, suponha que o preço de equilíbrio de uma mercadoria seja R$ 5,00 e um determinado consumidor esteja disposto a pagar por este produto o valor de R$ 7,00. Neste caso, a compra deste produto, ao preço de mercado de R$ 5,00, trará um benefício a este consumidor. A este benefício chamamos de excedente do consumidor. Assim, já podemos definir excedente do consumidor: é o benefício total que os consumidores recebem além daquilo que pagam pela mercadoria. Em outras palavras: é o que ele estaria disposto a pagar menos o que realmente pagou. Desta forma, percebemos que o excedente do consumidor é uma espécie de medida de bem-estar do consumidor. Para facilitar a visualização, verifique a figura 08, em que temos a curva de demanda e oferta de um bem. Como o preço da mercadoria é determinado pela interação entre demanda e oferta, o preço de mercado do bem é aquele em que a curva de demanda intercepta a curva de Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 69 C Quantidade Preço s EXCEDENTE DO CONSUMIDOR 5 Figura 08 QE D O 10 7 A B Consumidor A Consumidor B Consumidor C oferta. Na figura 08, isto ocorre ao preço de R$ 5,00 e à quantidade de equilíbrio QE. Dentro da curva de demanda do mercado, existem alguns consumidores dispostos a pagar mais que o preço de mercado de R$ 5,00. O consumidor A, por exemplo, provavelmente dá mais valor para esta mercadoria ou está precisando dela urgentemente. Dessa maneira, ele está disposto a pagar até R$ 10,00 por tal mercadoria. Entretanto, como o preço transacionado no mercado é de R$ 5,00, seu benefício líquido é de R$ 5,00 (os R$ 10,00 que ele aceita pagar menos os R$ 5,00 que ele tem de pagar para obter o bem). O excedente do consumidor A é, então, R$ 5,00. O consumidor B dá menos valor à mercadoria que o consumidor A, no entanto, ainda dá mais valor que aquele decidido pelo mercado. O consumidor aceita pagar até R$ 7,00 pelo bem, logo, desfruta de um benefício no valor de R$ 2,00. O consumidor C dá ao bem um valor exatamente igual a seu preço de mercado, R$ 5,00. Assim, para este último não há benefício líquido (excedente) ao consumir o bem. Os consumidores localizados à direita do ponto C da curva de demanda dão a essa mercadoria um valor inferior a R$ 5,00. Este último grupo simplesmente não adquirirá o produto. Se quisermos medir o excedente de todos os consumidores em conjunto, ele será exatamente a área entre a curva de demanda e a linha do preço de mercado (a área cinza-claro da figura 08), isto é, o excedente é igual à área acima do preço, mas abaixo da curva de demanda. Essa área indica o benefício líquido total dos consumidores, ou, em outras palavras, o excedente do consumidor ou o bem-estar dos consumidores neste mercado. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 69 Fig. 9 O O Preço s PE E PE D D QE QE Quantidade de produtos E Se quiséssemos calcular o excedente do consumidor da figura 08, bastaria calcular a área do triângulo cinza-claro, sendo que a área de qualquer triângulo é dada pela metade do produto da base pela altura: área do Δ = (base x altura)/2. O tamanho do excedente do consumidor depende de dois fatores: o preço de equilíbrio de mercado e a elasticidade-preço da demanda. Quanto menor o preço, maior será o excedente do consumidor. Em relação à elasticidade da demanda, podemos visualizar na figura 9 que um bem com demanda muito inelástica, cuja curva de demanda é mais vertical, implica maior excedente para os consumidores, tendo em vista que a área entre a curva de demanda e a linha do preço será maior nestes casos. O excedente do consumidor é substancial porque a demanda inelástica resulta, por exemplo, de uma falta de bons substitutos, o que faz com que os consumidores obtenham um excedente enorme consumindo esse tipo de bem, que é mais raro, ou mais essencial. Por outro lado, em demandas mais elásticas (curvas mais horizontais), a área que mensura o excedente é menor. Isto ocorre porque a demanda elástica resulta, por exemplo, da disponibilidade de substitutos muito bons ou da não essencialidade do bem. Assim, os consumidores não extraem muito excedente do consumo de um bem que tem substitutos muito próximos ou não são tão essenciais. 2.2. Excedente do produtor O excedente do produtor é um conceito bastante parecido com o excedente do consumidor. Ele mede os ganhos dos produtores. Voltemos nossa análise ainda para o mercado retratado na figura 08. Nele, o preçode equilíbrio é R$ 5,00. No entanto, alguns produtores Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 69 C Quantidade Preço s 5 Figura 10 QE D O Produtor A Produtor B Produtor C 2 4 A B ainda produziriam suas mercadorias ainda que o preço de mercado fosse inferior. O produtor A, ainda que a mercadoria fosse vendida a apenas R$ 2,00, produziria o bem. A diferença entre o preço de mercado, R$ 5,00, e o preço que o faria produzir o bem, R$ 2,00, é o excedente deste produtor. Ou seja, o benefício líquido do produtor A é R$ 3,00. Raciocinando de maneira análoga, o excedente do produtor B é R$ 1,00 (R$ 5,00 – R$ 4,00). O excedente do produtor C é NULO. Os produtores localizados à direita do ponto C na curva de oferta não produzirão o bem. Para o mercado como um todo, o excedente do produtor é a área acima da curva de oferta até a linha do preço de mercado (área cinza- escuro). Em outras palavras, é a área abaixo do preço, mas acima da curva de oferta. Essa área indica o benefício líquido total dos produtores, ou, em outras palavras, o excedente do produtor ou o bem-estar dos produtores neste mercado. Assim como ocorre com o caso do consumidor, o excedente do produtor depende de dois fatores: o preço de equilíbrio de mercado e a elasticidade-preço da oferta. Quanto maior o preço, maior será o excedente do produtor. Em relação à elasticidade da oferta, podemos visualizar na figura 4 que um bem com oferta muito inelástica, cuja curva de oferta é mais vertical, implica maior excedente para os produtores, tendo em vista que a área entre a curva de oferta e a linha do preço será maior nestes casos. O excedente do produtor é substancial porque a oferta inelástica resulta, por exemplo, de uma falta de opções na produção de outros bens EXCEDENTE DO PRODUTOR Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 69 Fig. 11 O O Preço s PE E PE D D QE QE Quantidade de produtos E para a venda, ou na dificuldade de ajustar o processo produtivo para outra mercadoria, o que faz com que os produtores obtenham um excedente enorme vendendo esse tipo de bem, que não pode ter sua produção substituída tão facilmente. Por outro lado, em ofertas mais elásticas (curvas mais horizontais), a área que mensura o excedente é menor. Isto ocorre porque a oferta elástica resulta, por exemplo, da possibilidade de produzir facilmente outros bens para a venda. Assim, os produtores não extraem muito excedente da venda deste bem. 2.3. O Peso Morto dos Impostos Meu objetivo aqui é apenas dar um pequena noção sobre o item impostos, até porque, mais à frente, teremos uma aula inteira para falarmos sobre impostos (Economia da Tributação). Para vermos como um imposto afeta o bem-estar (os excedentes), começaremos analisando a figura 12, que mostra as curvas de oferta e demanda, e indica a receita tributária auferida pelo governo na forma de impostos. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 69 Quantidade Preços Valor do imposto (T) Figura 12 D O Preço recebido pelos vendedores = PV Preço pago pelos compradores = PC PINICIAL Quantidade sem o imposto (QSI) Quantidade com o imposto (QCI) Quantidade vendida com o imposto (Q) Receita Tributária (T x QCI) E Antes da imposição do imposto, o equilíbrio estava no ponto E e o preço pago pelos compradores e recebido pelos vendedores era PINICIAL. Após a tributação, parte do imposto (T) é repassada aos consumidores e outra parte é repassada aos produtores. Assim, os consumidores passam a pagar PC, enquanto os produtores passam a receber PV. A diferença PC– PV é o imposto (T), que será recebido pelo governo. A diferença PC–PINICIAL é o ônus tributário dos consumidores, enquanto a diferença PINICIAL–PV é o ônus tributário dos vendedores. Neste momento, como os consumidores pagarão mais caro e os produtores receberão menos pelo produto, a quantidade transacionada diminui de QSI para QCI. A receita tributária auferida pelo governo será equivalente ao valor do imposto (T) multiplicado pela quantidade de produtos que será transacionada (QCI). Logo, a receita tributária é a área do retângulo cinza da figura 10. Esta área é calculada multiplicando T por QCI. Fazendo um cotejo entre as figuras 08, 10 e 12, vemos claramente que a receita tributária auferida pelo governo “comeu” uma parte do bolo (excedente) dos produtores e consumidores. Concluímos, assim, que a imposição tributária reduziu os excedentes do consumidor e do produtor, transferindo renda do setor privado para o setor público. Vejamos agora de que modo a receita tributária “morde” os excedentes dos consumidores e produtores. Acompanhe o raciocínio pela figura 13. Economia e Finanças Públicas para ICMS/SP Teoria e exercícios comentados Prof Heber Carvalho – Aula 01 Prof. Heber Carvalho www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 69 Quantidade Preços PESO MORTO Figura 13 Q1 D O A B Preço sem imposto = P1 Preço recebido pelos vendedores = PV Preço pago pelos compradores = PC Q2 Após a imposição do tributo (T=PC–PV), o preço pago pelos compradores aumenta de P1 para PC. Com este aumento de preço, o excedente do consumidor diminui. Antes, ele era representado pela soma das áreas: A+B+C. Após o tributo, o excedente é representado somente pela área A. A área B refere-se à diminuição do benefício líquido auferido pelos compradores que têm disposição para pagar um preço mais alto pelo bem (o benefício diminui, já que o bem está mais caro). A área C refere-se à perda do excedente daqueles consumidores que não compram mais a mercadoria, em virtude dela estar com o preço acima do que eles estão dispostos a pagar. Isto é, no final de tudo, o excedente do consumidor foi reduzido em B+C. Ao mesmotempo, após a imposição do tributo, o preço recebido pelos vendedores diminuiu para PV. Com esta redução de preço, o excedente do produtor diminui. Antes, ele era representado pela soma das áreas: D+E+F. Agora, é representado somente pela área F. A área D refere-se à redução no benefício líquido auferido pelos produtores que tinham disposição para produzir a mercadoria mesmo a um preço mais baixo que P1 (como receberão menos pela mercadoria, o benefício líquido é reduzido). A área E refere-se à perda do excedente daqueles produtores que não produzem mais a mercadoria, em virtude dela estar com um preço abaixo daquele que faria com que eles a produzissem. Assim, no final de tudo, o excedente do produtor foi reduzido em D+E. Pelo exposto, vemos que, somadas as perdas, chegamos à conclusão que houve redução dos excedentes no valor da soma das áreas: B+C+D+E. As áreas B+D representam a receita tributária, que o governo usará para prover serviços públicos necessários à população. Agora, notem que sobraram as áreas C+E. Se a perda de excedentes foi B+C+D+E e a receita tributária foi B+D, para onde vai a perda de excedentes referentes às áreas C+E? C F D E
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