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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS – FAPAM CURSO DE ADMINISTRAÇÃO FABRÍCIO WILLIAN DA FONSECA SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE VENDAS NA ÁREA COMERCIAL PARÁ DE MINAS 2014 FABRÍCIO WILLIAN DA FONSECA SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE VENDAS NA ÁREA COMERCIAL Monografia apresentada à Faculdade de Pará de Minas – FAPAM – como requisito parcial avaliativo para conclusão do curso de Administração. Orientador: Prof. Fabiano Parreiras. Pará de Minas 2014 FABRÍCIO WILLIAN DA FONSECA SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE VENDAS NA ÁREA COMERCIAL Monografia apresentada à Faculdade de Pará de Minas – FAPAM – como requisito parcial avaliativo para conclusão do curso de Administração. Orientador: Prof. Fabiano Parreiras. Aprovada em ______ / ______ / ______ ________________________________________________ Prof. orientador Fabiano Parreiras ________________________________________________ Prof. examinador A minha família e amigos que sempre me incentivaram para a realização dos meus ideais, encorajando-me a enfrentar a todos os desafios que a vida nos impõe. AGRADECIMENTO A Deus, pela dávida da vida, e por ter me ajudado a manter a fé nos momentos mais difíceis. À minha família e amigos pelo incentivo e continuação do curso; vocês foram primordiais por esses sonho conquistado. Ao professor Fabiano Parreiras que dedicou seu tempo e compartilhou sua experiência para que minha formação fosse também um aprendizado de vida; meu carinho e meu agradecimento. O seu olhar crítico e construtivo me ajudou a superar os desafios desta monografia, serei eternamente grato. RESUMO O tema do presente trabalho é “Sistematização do processo de vendas na área comercial”, e seu objetivo é verificar se os vendedores de uma empresa de laticínios estão cumprindo a sistematização do processo de vendas. O processo de vendas atualmente é essencial para a competição das empresas no mercado, mas ele deve ser elaborado e executado de maneira sistematizada, pois somente assim a empresa conseguirá traçar estratégias e realizá-las de forma organizada e eficiente. A empresa utilizada como objeto de estudo possui um processo de vendas sistematizado, e foi realizada uma pesquisa, através de entrevista e análise de dados, para se verificar se seus vendedores estão seguindo os passos que compõem essa sistematização. A análise dos dados revelou que a maioria dos vendedores não está cumprindo a sistematização, o que compromete tanto seu faturamento quanto o faturamento da própria empresa. Palavras-chave: Marketing. Marketing comercial. Vendas. Sistematização do processo de vendas. Vendedores. ABSTRACT The theme of this work is "Logic of the sales process in the commercial area," and their goal is to verify that vendors are a dairy company serving the systematization of the sales process. The sales process is now essential for enterprises in market competition, but it should be developed and implemented in a systematic way, for only then the company will strategize and carry them out in an organized and efficient manner. The company used as the object of study has a systematic sales process, and a survey was conducted through interviews and data analysis, to check whether your salespeople are following the steps that comprise this systematization. Data analysis revealed that most sellers are not fulfilling the systematization, which compromises both your billing and invoicing the company itself. Keywords: Marketing. Commercial marketing. Sales. Systematization of the sales process. Sellers. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8 1.1 Situação Problemática.................................................................................... 8 1.2 Objetivo geral ................................................................................................. 8 1.3 Objetivos específicos...................................................................................... 8 1.4 Justificativa ..................................................................................................... 8 2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 10 2.1 Marketing ........................................................................................................ 10 2.2 Vendas ........................................................................................................... 13 2.2.1 O profissional de vendas ............................................................................ 16 2.2.2 Tipos de vendas .......................................................................................... 25 2.2.3 Vendas Complexas (B2B) ........................................................................... 28 2.2.3.1 O comportamento de compra no B2B ...................................................... 29 2.2.3.2 Segmentos do mercado B2B .................................................................... 31 2.2.3.3. Os atores da compra B2B ....................................................................... 33 2.2.3.4 Fases das vendas complexas .................................................................. 34 2.2.3.5 Ferramentas de vendas complexas.......................................................... 35 2.2.3.6 O profissional de vendas complexas ........................................................ 38 3. METODOLOGIA ............................................................................................. 40 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ................................................ 43 5. CONCLUSÃO ................................................................................................. 51 5.1 Considerações finais ..................................................................................... 51 5.2 Limitações do trabalho ................................................................................... 52 5.3 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................... 52 5.4 Recomendações para a empresa .................................................................. 52 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 53 APÊNDICE ........................................................................................................... 55 8 1. INTRODUÇÃO 1.1 Situação problemática Sabemos que para uma empresa obter resultados lucrativos deve ter uma boa elaboração dos processos na área comercial e, mais ainda, seus funcionários devem cumprir tais processos. No presente trabalho, a situação problemática que se delineia é: osvendedores de uma empresa de laticínios estão cumprindo a sistematização do processo de vendas? 1.2 Objetivo geral O objetivo geral deste trabalho é verificar se os vendedores de uma empresa de laticínios estão cumprindo a sistematização do processo de vendas. 1.3 Objetivos específicos - Apresentar as principais características do Marketing comercial. - Analisar as melhores medidas para sistematização do processo de vendas na área comercial. - Verificar se os vendedores de uma empresa de laticínios estão cumprindo as normas para sistematização do processo de vendas. 1.4 Justificativa A elaboração dos processos de vendas tem como intuito identificar qual a melhor sequência de atendimento e qual a melhor forma para se alcançar as metas. O processo de vendas direciona o dia a dia dos colaboradores, apontando o que, como e quanto fazer, explicando didaticamente o passo a passo de cada tarefa a ser executada. A empresa em questão possui essa sistematização para seu processo de vendas, que é composta por um rotina formada por 10 passos a serem seguidos pelos vendedores. A definição desse tema justifica-se pela necessidade de se 9 verificar se os vendedores realmente estão cumprindo os passos que efetivam essa sistematização. 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Marketing Segundo Kotler (1999 apud Magalhães et al, 2014), o Marketing é a ciência e a arte de conquistar e manter clientes e desenvolver relacionamentos lucrativos com eles, sendo que as ações de marketing devem partir das necessidades dos consumidores potenciais, não do processo de produção. Estas ações devem suportar os serviços a serem ofertados em nível de pós-vendas. O contexto em que o pós-venda é apresentado aqui está dentro da teoria conhecida como “marketing industrial”, que, como indica Siqueira (1992 apud Magalhães et al, 2014) engloba os usuários e consumidores de produtos ligados as industrias, tendo as ações de marketing características mais institucionais e direcionadas a, muitas vezes, um único consumidor ou um pequeno nicho específico de clientes, ao contrário do ocorrido com as estratégias usuais de marketing. Cobra (1985 apud Magalhães et al, 2014) descreve as funções e serviços necessários ao marketing industrial, que passam pela especificação do produto no processo de pré-venda, passando pela instalação do produto ou serviço, chegando até as garantias de pós-venda oferecidas como complemento a venda. Ainda conforme Kotler (1998 apud Magalhães et al, 2014), os mercados industriais têm diversas características que contrastam fortemente com os mercados consumidores, que são as seguintes: poucos compradores; grandes compradores; relacionamento estreito entre fornecedor-comprador; compradores concentrados geograficamente; demanda derivada; demanda inelástica; demanda flutuante; compra profissional; várias influências de compra; compra direta e; reciprocidade. Estas características do marketing industrial levam a empresa a direcionar a oferta de serviços diferenciados e mais qualificados para seus clientes. Os serviços têm uma ligação direta com o composto dos Quatro P´s de Mc Carthy e Perreault (1997), principalmente, com o produto, que pode envolver um bem físico, um serviço ou a união de ambos. (MAGALHÃES et al, 2014, p. 3). De uns tempos pra cá, considera-se que o mercado é caracterizado pela premissa ‘é preciso vender qualquer coisa’, muitas vezes sem nem mesmo levar em conta as necessidades de compradores e consumidores. 11 É a hora e a vez da área comercial, em que a venda é a preocupação maior de muitas organizações. As empresas que ainda estão orientadas por vendas veem a atividade de marketing como uma função suplementar de vendas. Com o passar do tempo, no entanto, descobrem que vendas é uma função do marketing. (COBRA, 1992, p. 32). As vendas têm uma relação muito profunda com o marketing, pois, segundo Kotler (2000), o objetivo principal do marketing é justamente satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes-alvo. O campo do comportamento do consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos. Entender o comportamento do consumidor e conhecer os clientes não são tarefas simples. Os clientes podem dizer uma coisa e fazer outra. O fato é que não é possível abordar as vendas sem se abordar as compras, uma vez que são atividades interligadas. Kotler (2000) considera que são quatro os fatores que exercem influência no comportamento de compra do consumidor, sendo culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Os fatores culturais envolvem cultura, subcultura e classe social, e exercem uma grande influência no ato da compra. Como explica Kotler (2000), a cultura é o principal determinante do comportamento e dos desejos da pessoa. “À medida que cresce, a criança adquire certos valores, percepções, preferências e comportamentos de sua família e de outras instituições” (KOTLER, 2000, p. 183). Já a subcultura fornece identificação e socialização mais específicas para seus membros. Pode-se classificar subculturas a partir de nacionalidade, religião, grupos raciais e regiões geográficas. Muitas subculturas criam importantes segmentos de mercado, e os profissionais de marketing geralmente elaboram programas de marketing e produtos sob medida para suas necessidades. A existência de classes sociais, ou seja, a separação dos mais ricos dos mais pobres está presente em praticamente todas as sociedades humanas, e em alguns locais toma a forma de castas, “em que os membros de diferentes castas são criados de acordo com certas regras específicas e não podem mudar de casta. Mais frequentemente a estratificação toma a forma de classes sociais” (KOTLER, 2000, p. 183). Ainda sobre o comportamento de compra, Kotler (2000) explica que a tomada de decisões do consumidor na hora da compra varia de acordo com o tipo de 12 decisão de compra. Em outras palavras, as compras mais complexas e caras geralmente envolvem maior reflexão do consumidor e maior número de participantes. A tomada de decisões do consumidor no ato da compra varia de acordo com o tipo de decisão de compra. As compras complexas e caras geralmente envolvem maior ponderação do comprador e maior número de participantes. Assael (apud Kotler, 2000) destacou quatro tipos de comportamento de compra do consumidor baseados em seu grau de envolvimento e o grau de diferenças entre as marcas. O comportamento de compra pode ser classificado em complexa e em habitual, conforme Kotler (2000). O comportamento de compra complexo envolve três etapas. Na primeira, o comprador desenvolve crenças sobre o produto. Na segunda, desenvolve atitudes sobre o produto, e na terceira faz uma escolha mais detalhada e certa. Sobre o comportamento de compra complexo, os consumidores o adotam quando estão altamente envolvidos em uma compra e conscientes das diferenças significativas entre as marcas. Geralmente esse fato acontece com os produtos raros, cuja compra é realizada com pouca frequência e envolve algum risco. Já no comportamento de compra habitual muitos produtos são comprados sob condições de baixo envolvimento e ausência de diferenças significativas de marca. Com esses produtos, o comportamento do consumidor não segue a sequência normal de crença, atitude e comportamento. Os consumidores não procuram exaustivamente por informações, avaliam características e decidem que marca comprar. Em vez disso, eles recebem passivamente as informaçõespassadas pela televisão e pelos anúncios impressos. A repetição de anúncios cria familiaridade de marca, em vez de convicção de marca. Os profissionais de marketing desses produtos consideram efetiva a utilização de promoção de preços e de vendas para estimular os compradores a experimentar o produto. A propaganda na televisão é mais efetiva do que a impressa, pois está em um meio de baixo envolvimento – que é adequado à aprendizagem passiva . A partir do ponto de vista da comunicação de serviço, Las Casas (2007) considera a venda pessoal como um dos mais importantes instrumentos para a empresa, e isso porque os vendedores em contato direto prestam o serviço que está sendo consumido pelos clientes. Logo, a qualidade da oferta está diretamente relacionada com a capacidade e o nível profissional dos representantes da empresa. 13 Ao se falar de vendas, diretamente fala-se de comunicação direta, e para esse processo as técnicas de venda pessoal e o profissionalismo são de extrema importância. Assim, torna-se fundamental, devido ao seu mérito para a aplicação do marketing, analisar com profundidade tudo o que diz respeito à atividade de vendas. Las Casas (2007) explica que, segundo a Associação Americana de Marketing (AMA), vender é desempenhar atividades de negócios que orientem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou usuário. “A atividade de vender traz muitas vantagens para todos os envolvidos no processo. Assim, para a economia se apresenta como uma mola propulsora do sistema capitalista, cooperando com o fluxo de bens e serviços”. (LAS CASAS, 2007, p. 150-151). De acordo com Peter Drucker (apud Cobra, 1992), as empresas são um centro de custos, e os clientes são seu centro de lucros, que estão justamente fora delas. Os vendedores, que muitas vezes são incompreendidos ou até relegados, é que, no fim das contas, trazem o lucro para os cofres das empresas através da negociação de venda. Desse modo, até mesmo ao definir a missão estratégica de uma organização se pode envolver o esforço do vendedor. Ou seja, o compromisso com a qualidade para proporcionar excelência depende do grau de envolvimento do vendedor com o seu trabalho. 2.2 Vendas Muitas são as empresas cuja atividade principal é a venda, pois elas dependem disso para sobreviverem no mercado, e seu foco é o desenvolvimento de técnicas de vendas para gerar grandes volumes no comércio. Segundo Cobra (1992), a partir de 1930, após concentrar esforços na melhoria da produção e distribuição, o processo de vendas começou a ser observado como uma fraqueza das atividades comerciais, e assim a área de vendas passou a receber grande atenção. As vendas são importantes tanto para os consumidores quanto para a empresa. Para os primeiros, proporciona melhoria do padrão de vida, pois devido à grande concorrência, cada empresa esforça-se em obter as maiores vantagens para seus clientes através do aperfeiçoamento de produtos e métodos. 14 Para a empresa, são as vendas que produzem o faturamento necessário para sua manutenção e desenvolvimento. “Além dessas vantagens mencionadas, na área específica do setor terciário, inclui-se a da própria prestação de serviços que é uma das tarefas essenciais da equipe de vendas” (LAS CASAS, 2007, p. 151). Outro elemento essencial para se obter êxito nas vendas é a propaganda. De acordo com Kotler (2000, p. 596), propaganda é “qualquer forma remunerada de apresentação não presencial e promocional de ideias, bens ou serviços por um patrocinador identificado”. Os anunciantes não são somente empresas, necessariamente, mas também museus, organizações beneficentes e agências governamentais que direcionam mensagens para públicos-alvo. Os anúncios, por sua vez, são uma maneira eficaz de atrair a atenção do público, seja para desenvolver uma preferência de marca, seja para ensinar as pessoas a evitarem algo. As empresas utilizam a propaganda de diversas formas, de acordo com seus interesses. Nas pequenas empresas, por exemplo, geralmente a propaganda fica a cargo do departamento de marketing ou de vendas, e nas grandes empresas existe um setor específico para essa tarefa, havendo inclusive um gerente próprio. Mas, independente do tamanho da empresa, a tarefa do departamento de propaganda é ampla, baseada nos passos: “propor um orçamento, desenvolver uma estratégia de propaganda, aprovar anúncios e campanhas e controlar campanhas por mala direta, os displays dos revendedores e outras formas de propaganda” (KOTLER, 2000, p. 596). Kotler (2000) também explica que muitas empresas contratam uma agência externa, específica em propagandas, para ajudar a criar campanhas de publicidade, selecionar os meios adequados e pagar pela veiculação. Porém, antes de se criar uma campanha publicitária, é preciso desenvolver um programa, identificar o mercado alvo e os motivos que levam as pessoas a comprar. Em seguida, tomar as principais decisões no desenvolvimento de uma campanha publicitária, que Kotler (2000) define como 5 Ms. Missão: quais são os objetivos da propaganda? Moeda: quanto gastar? Mensagem: que mensagem deve ser transmitida? Mídia: que meios devem ser utilizados? Mensuração: como serão avaliados os resultados? Os objetivos da propaganda são essenciais, e devem resultar de decisões sobre o mercado-alvo, a posição no mercado e o mix de marketing. Segundo Kotler 15 (2000), muitos objetivos de comunicação e de vendas podem ser atribuídos à propaganda, e podem ser classificados de acordo com o propósito de informar, persuadir ou lembrar: - A propaganda informativa surge no primeiro estágio da categoria de um produto, quando o objetivo é desenvolver uma demanda inicial. - A propaganda persuasiva torna-se importante no estágio competitivo, quando o objetivo de uma empresa é desenvolver uma demanda seletiva por uma determinada marca. Algumas formas de propaganda persuasiva utilizam a propaganda comparativa, que faz uma comparação explícita das qualidades de duas ou mais marcas. Uma empresa deve ter certeza de que é capaz de provar a superioridade anunciada e de que não pode ser contra-atacada em um aspecto vulnerável. A propaganda comparativa funciona melhor quando desperta motivações cognitivas e afetivas simultaneamente. - A propaganda de lembrete é importante para produtos maduros. Uma forma semelhante de propaganda é a propaganda de reforço, que procura reforçar os compradores que fizeram a escolha certa. Os anúncios de carro geralmente apresentam clientes satisfeitos que usufruem das vantagens exclusivas de seu novo automóvel. Como se percebe, o objetivo da propaganda deve se adequar à atual situação do mercado. Assim, se o produto não estiver com tanta saída, a empresa for líder no mercado e o uso da marca for baixo, o objetivo será estimular mais o uso. Já se a classe do produto for nova, a empresa não for líder no mercado, mas a marca for superior à da líder de mercado, então o objetivo adequado seria convencer o mercado da superioridade da marca. Romeo (2008) considera que vender é um processo, na verdade um processo bem complexo, diferentemente do que muitos possam pensar. No entanto, essa visão ainda é nova para a maioria das empresas e profissionais. Segundo o autor, menos de 5% dos profissionais ligados à área de vendas têm conhecimento de que processos podem ajudá-los a obter melhores resultados em vendas, e o pior é que não existe nada até o momento que aponte esperanças de se reverter esse quadro. Segundo Romeo (2008, p. 16), “processos são atividades sequenciais, predeterminadas, sistematizadas e repetíveis que visam transformaruma coisa em outra coisa com mais eficiência”. Nos processos de vendas, ocorre uma transformação dos esforços de vendas em resultados mais eficientes, que reflitam 16 no aumento das receitas e dos lucros e na redução do custo da venda. Tudo isso é possível através de atividades que aumentarão o desempenho dos vendedores e, consequentemente, suas probabilidades de sucesso. A venda deve ser realizada através de processos porque, sem eles, os riscos se tornam ainda maiores, seja para os indivíduos, para as organizações ou para os clientes. Um processo, ou uma metodologia de vendas, deve ser visto como um guia que nos permite analisar e mensurar onde e como estamos situados durante o ciclo de determinada venda. Por meio de processos, escolhemos melhor o próximo passo a ser dado, gerenciando expectativas e mantendo um alinhamento com os clientes. Isso resulta na maximização de nossas chances de vitória. (ROMEO, 2008, p. 17). Um dos fatores que faz com que os processos de vendas não sejam tão implantados nas organizações é o fato de que, muitas vezes, a palavra processo é relacionada com burocracia, como se fosse um trabalho adicional e sem sentido que irá somente tomar o tempo do vendedor. Conforme Romeo (2008), o processo de vendas vai muito além dessa concepção. 2.2.1 O profissional de vendas Para Cobra (1992), o desenvolvimento do mercado tem tornado os compradores mais habilidosos e sofisticados, exigindo produtos e serviços melhores e mais amplos. “Não basta ter um produto; é preciso ampliá-lo pela anexação de serviços não esperados, para que possa atender a necessidades crescentes de consumidores e clientes” (COBRA, 1992, p. 562). Nesse contexto, o vendedor deve estar a par de algumas situações, até mesmo de pesquisas, para identificar oportunidades e necessidades latentes; e precisa também conhecer técnicas de promoção de vendas e merchandising. Muitas vezes o vendedor é solicitado a opinar sobre várias condições de compra e venda, como acerca da campanha de propaganda, sobre a mídia, dentre outros, assuntos que podem não estar dentro de suas funções, mas que ele deve estar por dentro. Conforme Cobra (1992), já passou o tempo em que o vendedor era apenas um tomador de pedidos, assim como já se foi o tempo da certeza da venda fácil, 17 quando tudo o que se produzia se vendia. O vendedor deve estar atento a essas mudanças e se adequar a elas. O mercado mudou, os tempos são outros, e de incerteza! E o homem de vendas deve estar preparado para fazer marketing, para integrar às suas ações de vendas um papel de generalista, um de gerente de território, que venda, cubra os clientes, faça promoção de vendas, execute o merchandising, faça pesquisa para identificar necessidades de serviços e que, sobretudo, esteja preparado para propor alternativas de soluções a cada problema do seu cotidiano. (COBRA, 1992, p. 563). O tipo de comunicação é essencial na área de vendas, e de acordo com Las Casas (2007), os administradores devem fazer várias avaliações e considerações para decidir qual tipo adotar de comunicação adotar. “Uma dessas considerações é quanto à concentração do mercado; este, sendo mais concentrado, torna o trabalho de uma equipe de vendas fácil devido à proximidade dos diversos clientes”. (LAS CASAS, 2007, p. 151). Com relação ao mercado, os níveis de credibilidade devem ser rigorosamente mantidos entre clientes e fornecedor, e também no atendimento pós-venda. Já os serviços que não exigem muitos contatos diretos ou cujo mercado tem uma clientela geograficamente dispersa, podem ser distribuídos e vendidos através de outras formas de promoção, como a mala direta e o telemarketing. Dentro da área de vendas também é necessário que o administrador decida qual a forma melhor para a contratação de pessoal: formar uma equipe própria de vendedores ou utilizar outros participantes no canal de distribuição, como corretores ou representantes. Segundo Las Casas (2007), a utilização de uma equipe própria oferece muitas vantagens para a empresa. A utilização de uma equipe própria oferece muitas vantagens para a empresa. Entre elas, um maior controle das atividades dos vendedores por parte da administração. Como os indivíduos são contratados e trabalham diretamente com a empresa, esta pode impor sua filosofia de trabalho e selecionar profissionais que mais se enquadram nos padrões estabelecidos. (LAS CASAS, 2007, p. 151). Entretanto, a equipe própria também oferece desvantagens, e a principal delas é a necessidade de um investimento maior para o processo de recrutamento, seleção e treinamento, além de uma estrutura mais complexa para acompanhamento e controle. 18 Essa desvantagem já não é observada na contratação de intermediários, pois “o prestador de serviços transfere a responsabilidade de venda para outros, o que, em geral, proporciona uma redução de custos” (LAS CASAS, 2007, p. 152). A desvantagem desse tipo de contratação é que os administradores perdem, até certo ponto, o controle das atividades de seus intermediários, por serem pessoas físicas e jurídicas com objetivos diferenciados. Cobra (1992, p. 563) também aborda esse dilema de se contratar vendedores próprios ou intermediários, e afirma que “o primeiro passo para se montar uma equipe de vendas é estabelecer os objetivos que nortearão os trabalhos da equipe de vendas. Esses objetivos devem estar consistentes com os objetivos estratégicos da empresa”. Para Cobra (1992, p. 563), as vantagens de se adotar representantes de vendas (intermediários) são: - O tamanho da empresa. Uma equipe própria de vendas representará sempre um custo fixo com encargos sociais também fixos. Somente através da relação custo- benefício estará a empresa em condições de avaliar o dilema: autônomos representantes versus equipe própria de vendas. As empresas de pequeno porte e algumas de porte médio tendem a ter vantagens de custo operacional quando trabalham com representantes de vendas. - O bom relacionamento dos representantes com os clientes existentes no mercado constituirá sempre um dilema: de quem são os clientes, da empresa ou dos representantes? - Os representantes são pagos somente à base de comissão; não há salários ou encargos fixos. O custo é variável, porém de valor sempre fixo sobre a venda realizada. Não havendo venda, não há custo para a empresa. - Os produtos de venda sazonal provocam custos fixos quando há uma equipe própria de vendas. Os custos serão variáveis de acordo com a venda sazonal, quando a empresa trabalha com representantes. Por outro lado, conforme Cobra (1992), as vantagens de uma equipe própria de vendas são: - A empresa ou os produtos que ela oferece podem não ser, em algum momento, interessantes para os representantes de vendas. - A equipe própria de vendas tende a ser mais barata quando há venda a grandes clientes, pois, nessa hipótese, o representante terá sempre uma comissão fixa sobre 19 as vendas. O custo da equipe própria tende a ser decrescente em relação ao volume dos negócios com os grandes clientes. - Os vendedores da empresa são mais facilmente controlados e motivados. - Há algumas áreas ou mercados em que é difícil encontrar um representante. Analisando as vantagens e desvantagens de cada uma das hipóteses que a afeta, a empresa poderá escolher a estrutura adequada para a sua força de vendas: - equipe própria; - representantes; - equipe mista: representantes em algumas áreas e vendedores próprios em outras. Sobre as formas de remuneração, Las Casas (2007) explica que devem ser compatíveis com o tipo de trabalhoe de clientela que se pretende atingir no mercado. Quando as prestações de serviços são mais demoradas (há negócios que levam mais de um ano para serem concluídos, passando pelo contato inicial com os clientes até os contatos posteriores para apresentação de propostas, contrapostas, ajustes, etc.) a remuneração dos vendedores da empresa deve ser parcial, ou integralmente formada por um fixo. Já os negócios que são fechados mais rapidamente e que têm plena aceitação no mercado consumidor podem ser remunerados apenas por comissões. No entanto, vários outros critérios devem ser considerados também, como a concorrência entre as empresas. “A forma como a concorrência está remunerando os seus vendedores dá base para os administradores dirigirem seu plano de remuneração ajustado ao meio ambiente e em sintonia com os objetivos da organização” (LAS CASAS, 2007, p. 152). Uma estratégia utilizada por algumas empresas de serviços é contratar pessoas inexperientes para desenvolvê-las por meio de seu treinamento, pois assim os vendedores serão formados de acordo com a filosofia da empresa, permitindo um maior controle de suas atividades e de seu trabalho, ou seja, esses novos funcionários ainda não têm vícios. Porém, os vendedores antigos também não podem ser menosprezados. Muitos profissionais experientes mantêm-se atualizados, podendo prestar valiosíssimas contribuições. Conforme a área de atuação, a contratação de profissionais experientes corresponde até mesmo a uma redução nos custos, pois o treinamento e desenvolvimento de um indivíduo sem experiência pode levar anos até alcançar os padrões necessários para um desempenho profissional adequado. (LAS CASAS, 2007, p. 153). 20 Vieira, Pires e Galeano (2013) apresentam várias características e variáveis que o vendedor deve ter atualmente que são essenciais para a área de vendas, como: - proatividade: o vendedor deve trabalhar com um perfil de agilidade, claridade e antecipação do futuro quanto ao cliente; - comportamento ambidestro: o vendedor deve se adaptar a diferentes condições de vendas, pedidos e clientes; - direcionamento em vendas: pode gerar uma tendência em prol do vendedor, e não do desejo do cliente. “Por exemplo, em lojas de pisos e cerâmicas, o vendedor pode direcionar a venda para um porcelanato que ele acha melhor, mas que é de cor, tamanho e estrutura diferentes da necessidade do cliente” (VIEIRA; PIRES; GALEANO, 2013, p. 566). - cocriação de produtos: quando o vendedor cria novos produtos, ele auxilia a empresa a criar novas soluções por meio do seu feedback. Mais especificamente em relação à proatividade, que pode ser considerado um dos requisitos mais fundamentais na área de vendas atualmente, Vieira, Pires e Galeano (2013) explica que constituiu uma preferência para o distanciamento de um estado atual fixo e padronizado (em qualquer experiência profissional), quando voltada para a persecução de objetivos. Em outras palavras, o vendedor não pode ficar parado, tornando-se mais ativo nas ações e reações. A preocupação da proatividade com o avançar de ações reflete o desejo de escolher qualquer atividade para trabalhar (exs.: revisar cadastro de clientes e realizar datamining), em vez de ficar parado, esperando um estímulo para iniciar a atividade (KRUGLANSKI e outros 2000). Vendedores com proatividade preferem começar um esforço da tarefa e mover-se rapidamente para outra tarefa. (VIEIRA; PIRES; GALEANO, 2013, p. 567). O fato é que os vendedores atuais devem estar sempre em movimento e atividade, tomando atitudes e não ficar questionando se devem ou não fazer certas coisas. Como afirma Vieira, Pires e Galeano (2013), a proatividade é fazer as coisas acontecerem. Sobre as formas de vendas de serviços, Las Casas (2007) explica que existem basicamente quatro tipos de apresentação de vendas: memorizada ou enlatada, estruturada, satisfação de necessidade e sistema de vendas. 21 Na primeira, o vendedor deve memorizar a apresentação do produto ou serviço, e deverá ter em mente toda a conversa a ser dirigida ao comprador. Na apresentação estruturada, o vendedor deve seguir uma estrutura básica que lhe permitirá incluir os principais tópicos de venda de um ou vários produtos. “Os pontos principais são delineados e o vendedor tem certa flexibilidade para adaptar a conversa às exigências ou tendências de seu cliente”. (LAS CASAS, 2007, p. 153). A apresentação que enfatiza a satisfação de necessidade é, como o próprio nome diz, adaptada às necessidades dos clientes, e o método de sistema de vendas consiste em uma série de propagandas, em venda sequencial, que compreende os seguintes passos: permissão para o estudo; realização do estudo; preparo da proposta; e apresentação da proposta. Sobre o método que enfatiza a satisfação de necessidades, Frank e Piller (2007 apud Vieira, 2013) afirmam que não somente satisfazer as necessidades do cliente, mas antes, identificá-las, faz com que o vendedor crie um valor para o comprador, através de uma oferta mais propícia para sua necessidade. Conhecendo melhor o comprador, as vendas aumentam e a organização também. Dentro de uma organização as pessoas que trabalham com vendas abrangem vários cargos, e McMurry (apud KOTLER, 2000, p. 638) aponta seis dessas posições de vendas, que vão desde os cargos mais simples até os mais altos: 1. Entregador: vendedor cuja principal tarefa é entregar um produto (leite, pão, combustível, óleo). 2. Tomador de pedidos: vendedor que atua predominantemente como um tomador de pedidos interno (o vendedor que fica atrás do balcão) ou externo (o vendedor de sabão que negocia com o gerente do supermercado). 3. Missionário: vendedor do qual não se espera ou mesmo não se permite a tomada de pedidos e que tem como principal tarefa construir uma boa imagem ou instruir o usuário atual ou potencial (o representante de um laboratório farmacêutico). 4. Técnico: vendedor com alto nível de conhecimento técnico. 5. Gerador de demanda: vendedor que se baseia em métodos criativos para vender produtos tangíveis (aspiradores de pó, geladeiras, revestimentos, enciclopédias) ou intangíveis (seguros, serviços de propaganda ou de educação). 6. Vendedor de soluções: vendedor cuja especialidade é resolver um problema dos clientes, muitas vezes relacionados a um sistema de produtos ou serviços da empresa. 22 Os vendedores são tão importantes porque sevem de elo pessoal entre a empresa e os clientes; muitas vezes, o único contato que o cliente tem com a empresa é através do vendedor, e também é ele que traz as informações do cliente, sempre tão valiosas, para a empresa. “Por isso, a empresa precisa considerar cuidadosamente alguns pontos na configuração da força de vendas – especialmente o desenvolvimento de objetivos, estratégias, estrutura, tamanho e remuneração” (KOTLER, 2000, p. 638). Outro aspecto que diz respeito aos vendedores é que os clientes de hoje são diferentes dos clientes do passado; hoje, eles esperam que o vendedor tenha um amplo conhecimento do produto ou serviço, de modo que possa contribuir com ideias e opiniões para melhorar as operações do cliente e que sejam eficientes e confiáveis. Por esse motivo, as empresas viram-se praticamente obrigadas a aumentarem os investimentos no treinamento dos vendedores. Como explica Kotler (2000, p. 639), atualmente novos vendedores podem ficar de algumas semanas a alguns meses em treinamento. O período médio de treinamento é de 28 semanas em empresas de produtos industriais, 12 nas de serviços e 4 nas de bens de consumo. Tais programas de treinamento para vendas têm como metasfazer com que os vendedores: - conheçam a empresa e identifiquem-se com ela; - conheçam os produtos da empresa; - conheçam as características de clientes e de concorrentes; - saibam fazer apresentações de vendas eficazes; - entendam os procedimentos de campo e as responsabilidades. Para a venda de serviços, assim como para a venda de produtos, alguns aspectos básicos devem ser considerados, de acordo com Las Casas (2007), sendo: produto, empresa, objetivos, grau de conhecimento do comprador, informações que o cliente possui, etc. No entanto, dos métodos de apresentação citados anteriormente, os mais aconselháveis para a área de serviços, segundo o autor, os de ‘sistemas’ ou de ‘satisfação das necessidades’. A razão disso é que para o profissional com responsabilidade de auxiliar os clientes estes dois métodos são os mais indicados para alcançar o objetivo. Eles partem de um questionamento inicial para determinar as necessidades e apontar os problemas para a apresentação de uma posterior solução. Com esse procedimento, atinge-se mais plenamente as expectativas do mercado-alvo. (LAS CASAS, 2007, p. 154). 23 Com o passar do tempo, toda venda se torna memorizada, e se não fosse a possibilidade de adaptar a apresentação às necessidades do cliente, o método de venda estruturada assemelha-se muito ao memorizado. O fato é que, independente do método escolhido, ele deve passar por um processo de análise e consideração que o leve a obter melhores resultados. Para isso, Las Casas (2007, p. 155) aponta que sejam seguidos os seguintes aspectos: - análise da situação: ver o que está sendo feito na área de atuação pela concorrência; - determinar o método: com as informações coletadas, determinar qual o método que mais se adapta ao cliente e à oferta de serviço; - desenvolver uma sequência lógica de apresentação: pensar nos detalhes da apresentação; - testar: o método escolhido deve ser testado entre vários compradores; - implantar: na implantação deve-se ter sempre em mente o aperfeiçoamento e crescimento e a habilidade de aplicá-los com melhores resultados. O processo de vendas não está relacionado ao preenchimento de papeladas sem sentido, como pode dar a entender, mas sim ao alinhamento das atividades de vendedores e suas organizações com o comportamento de compra de seus clientes. Esse alinhamento ocorre quando os vendedores entendem os aspectos comportamentais e psicológicos dos indivíduos e de suas organizações ao tomarem a decisão de comprar produtos ou serviços. No entanto, nesse cenário é possível haver uma confusão de papeis, principalmente quando o vendedor “enxergar profissionais da área de compras de uma empresa como influenciadores econômicos do processo de vendas” (ROMEO, 2008, p. 17). É preciso que o vendedor entenda que a área de compras exerce uma influência técnica no processo de decisão, ou seja, quando uma proposta está sendo discutida em termos de preço, prazo e demais condições comerciais, o que está em jogo é o fato de a proposta atender ou não a determinados critérios definidos para essa aquisição. E é aqui que entra a parte burocrática do processo. Após definir a solução da venda, algumas atividades burocráticas deverão ser realizadas para solucionar questões contratuais ou administrativas relacionadas ao processo de aquisição, para 24 somente aí iniciarem a implementação do projeto e a mensuração dos resultados obtidos. Após essa implementação, entra em cena um terceiro fator influenciador de vendas: os influenciadores usuários de seus produtos ou serviços. Essa função pode ser exercida por qualquer pessoa que usa ou supervisiona o uso dos seus produtos ou serviços em uma empresa, dependendo do seu nível de autoridade e influência. Romeo (2008) destaca que esse tipo de influenciador surge somente após a venda ter sido feita, sem nenhuma participação anterior. Entretanto, como esse influenciador avalia os impactos de sua oferta no desempenho das suas tarefas no dia a dia, ele pode afetar suas próximas vendas. Dessa forma, mesmo que você consiga vender sem considerar esse influenciador, não atentar para ele durante o processo de decisão de compra pode abrir a sua guarda para potenciais sabotagens. (ROMEO, 2008, p. 17). Outro ponto destacado por Romeo (2008) que os vendedores precisam entender é que usuários que têm um conhecimento mais aprofundado do produto ou serviço e que são chamados a opinar durante a etapa de avaliação legal, técnica e administrativa de determinado projeto devem ser considerados como influenciadores técnicos do processo, pois, além de olharem os impactos da oferta sobre o desempenho de suas tarefas, analisam a aderência da solução às especificações desejadas. Desse modo, uma mesma pessoa exerce mais de um papel no processo de compra, não sendo apenas um simples consumidor. “Similarmente, um influenciador econômico que também usará o produto ou serviço no dia a dia analisará tanto o retorno do projeto quanto, sob uma ótica pessoal, como será a utilização de sua oferta” (ROMEO, 2008, p. 17). A consequência da constante qualificação dos produtos e do crescimento dos níveis produtivos mundiais é uma maior qualificação das empresas que dão suporte para as indústrias, seja na forma de prestação de serviços, fornecendo matéria prima, ou mesmo equipamentos, empresas essas que Magalhães et al (2014) denominam de B2B (Business-to-Business). No Brasil não é diferente. Com a redução das barreiras impostas às importações e a consequente necessidade de modernizar seu parque industrial, as empresas vêm procurando se tornar competitivas frente aos concorrentes. “Estes 25 fatos e outros de difícil mensuração geraram o crescimento do mercado de bens de capital e insumos” (MAGALHÃES et al, 2014, p. 1). Este crescimento fez com que as empresas percebessem a necessidade de ampliar sua oferta de serviços, sendo que dentre os serviços prestados pela indústria, de uma forma geral, deve ser dado especial destaque aos serviços de pós- vendas, que podem ser decisivos para efetivar negociações comerciais. 2.2.2 Tipos de vendas Fuld (2007) apresenta um elemento que considera essencial para as vendas diante desse mercado tão competitivo: a inteligência competitiva. Segundo o autor, tal inteligência está alicerçada em dois pilares. “O primeiro é a habilidade de encontrar a correta informação a respeito da competitividade. O segundo, e mais crítico, é a habilidade de enxergar as disrupções antigas de mercado e imparcialmente interpretar os eventos” (FULD, 2007, p. 1). A inteligência competitiva pode ser definida como uma informação analisada que fornece insights e vantagem competitiva, e, como afirma Fuld (2007), pode ser aprendida por todos dentro da empresa – do proprietário até os funcionários, sobretudo os que estão envolvidos com vendas. Assim, é possível melhorar a posição de mercado e os resultados mais críticos. O maior desafio que a maioria dos gestores encara é o fato de estarem cercados de nebulosidade, rumores e distorções competitivas. Os competidores criam nebulosidade o tempo todo – e o mercado ajuda com o excesso de dados e de informações erradas. Os rumores (algumas vezes intencionais, outra não intencionais) seguem pelos mercados, induzindo os gestores a reagirem inapropriadamente ou a ignorarem os sinais de perigo. (FULD, 2007, p. 3). Vieira, Pires e Galeano (2013) apresentam uma recente forma de venda, que é a venda cruzada, definida pelo autor como a capacidade do vendedor de vender algum produto adicional. Para Prado e Santos (2006 apud Vieira; Pires; Galeano, 2013), a intensidadedo relacionamento dos vendedores com os clientes, baseada no uso de produtos financeiros e meios de contato, podem oferecer uma ideia de venda cruzada. Shah, Kumar, Qu e Chen (2012 apud Vieira; Pires; Galeano 2013) analisaram o banco de dados de cinco grandes empresas nos Estados Unidos, e constaram que 26 que entre 10% e 35% dos consumidores que fizeram compras cruzadas não trouxeram lucros e representam aproximadamente 39% das perdas das firmas. Para Vieira, Pires e Galeano (2013), essa é uma evidência de que a venda cruzada possui um lado negativo. Já Shah e Kumar (2008 apud Vieira; Pires; Galeano, 2013) analisaram mais de 30 mil consumidores de um grande banco, com compras entre 11 categorias, e verificaram que a média de lucratividade de um cliente de alto nível de venda cruzada foi sete vezes maior do que a de um de baixo nível, evidenciando aspectos positivos. Orientação do vendedor para as necessidades do cliente é definida como o grau em que um vendedor identifica e atinge as necessidades e interesses do cliente nos diferentes estágios das vendas (HOMBURG, STOCK, 2004; HOMBURG, DROLL, TOTZEK, 2008; HOMBURG, WIESEKE, BORNEMANN, 2009). De acordo com Kumar, Venkatesan e Reinartz (2008), quando o vendedor possui uma orientação bem saliente para a necessidade do cliente (vs. possuir uma orientação para o produto), a empresa pode obter retornos financeiros impressionantes, se houver foco nas prioridades do comprador. (VIEIRA; PIRES; GALEANO, 2013, p. 566- 567). Ainda sobre a venda cruzada, Vieira, Pires e Galeano (2013) explica que esse tipo de venda está associado positivamente com a lucratividade do cliente, pois trata-se de uma “estratégia de venda na qual um vendedor ou uma empresa sugere um adicional para o produto ou serviço base que está sendo comprado” (VIEIRA; PIRES; GALEANO, 2013, p. 567). Para Kamakura e outros (2003 apud Vieira, Pires e Galeano, 2013), a venda cruzada é essencial para a retenção do cliente, dado que aumenta o custo de mu- dança, indicando, assim, aumento de tempo de vida do cliente e desempenho. Ademais, a venda cruzada aumenta o pacote de benefícios na percepção do comprador. Nos últimos anos, o debate sobre a venda cruzada surgiu como um conceito para aumentar a eficácia das vendas. Para Sonnenberg (1988 apud Vieira, 2013), venda cruzada é baseada no pressuposto de que cada venda ou transação é considerada como o início de uma nova oportunidade de venda. Jasmand, Blazevic e Ruyter (2012 apud Vieira, 2013) encontraram que as vendas cruzadas têm impac- tos significativos e positivos no desempenho. A motivação é um fator essencial quando se fala em vendas, e os vendedores devem ser intrinsecamente motivados a se envolverem em atividades, ou seja, a 27 motivação deve ocorrer interiormente. Sobre esse assunto, Vieira, Pires e Galeano (2013) explica que quanto mais há a sensação de movimento e atividade, mais os vendedores se sentem recompensados intrinsecamente, e essa é uma característica típica de vendedores proativos. Vendedores proativos prestam menos atenção nas possíveis consequências de suas decisões e ações, porque preferem começar rapidamente as tarefas e tomar decisões rápidas para fazer algo acontecer (HIGGINS, KRUGLANSKI, PIERRO 2003; PIERRO e outros, 2008). Pensar menos sobre as implicações da atividade tende a diminuir a consciência de um potencial conflito de resultados e a enfraquecer percepções de incompatibilidade entre atividades e objetivos (JASMAND, BLAZEVIC, RUYTER, 2012). (VIEIRA; PIRES; GALEANO, 2013, p. 567). O perfil do vendedor com alta orientação para proatividade deve ser menos sensível a demandas conflitantes das pressões da chefia, ou seja, esse vendedor deve se concentrar mais no seu trabalho do que nas pressões do chefe, o que é propício ao engajamento em comportamento ambidestro do vendedor, gerando melhores resultados para a empresa. Vieira, Pires e Galeano (2013) explicam que algumas pesquisas apontam que o vendedor proativo tende a ver o que deseja, sendo motivado para as vendas de diversos produtos e serviços simultaneamente, tais como resultado do tipo vendas cruzadas. Por causa do desejo de fazer uso dessas oportunidades, em desrespeito relativo aos benefícios pessoais e custos (HIGGINS, KRUGLANSKI, PIERRO, 2003), vendedores proativos tendem a se envolver concomitantemente e sequencialmente em atividades cross e up-selling, independentemente das dificuldades ou constrangimentos, amplificando os resultados empresariais. Jasmand, Blazevic e Ruyter (2012) encontraram que o perfil proativo explica 32% das variações nas vendas cruzadas. Com base nesse contexto, supõe-se que o perfil de proatividade do vendedor melhore o desempenho empresarial. (VIEIRA; PIRES; GALEANO, 2013, p. 567). Moreira (1989 apud Magalhães et al, 2014) considera que o pós-venda é um dos fatores mais importantes para uma empresa alcançar diferenciação no mercado perante suas concorrentes. Esse tipo de serviço engloba vários outros, como programas de garantias dos produtos, treinamentos de equipes de manutenção, atividades ligadas à engenharia de processos dos clientes, recuperação de componentes, disponibilização de informações sobre o potencial de mercado e tendências de consumo no caso de bens físicos, dentre outros. 28 Para Magalhães et al (2014), o conceito de venda contempla a etapa de pós- venda com a importância e com a capacidade de ampliar as possibilidades e desenvolver a relação de uma simples fase de troca para uma fase de relacionamentos, especialmente em relações B2B. Um vendedor busca desenvolver relacionamentos estreitos e de longa duração com base em cooperação, confiança, dedicação e compartilhamento de informações, e nas etapas de pós-venda todos estes elos podem ser desenvolvidos e fortalecidos. Apesar das etapas anteriores a realização das vendas apresentarem uma aparente maior importância, é no pós- venda que as empresas podem apresentar seu diferencial. 2.2.3 Vendas Complexas (B2B) Como abordado anteriormente, o mercado atualmente encontra-se altamente competitivo, com as empresas disputando clientes para conseguirem o maior número possível de vendas. Segundo Silva (2010), uma das alternativas tomadas pelas organizações para sobreviverem nesse mercado tão competitivo e conseguir lucros cada vez maiores é a diferenciação da oferta através da venda de pacotes de serviços. Os pacotes são definidos a partir de uma mistura de produtos com as margens baixas e altas. Conforme Silva (2010), a literatura define a influência da gestão competitiva nas vendas de pacotes direcionados a serviços ou produtos em relações B2C (business-to-customer). A mescla de produtos com diferentes margens de lucro viabiliza, por exemplo, o atendimento lucrativo da demanda feita por grandes concessionárias de serviços públicos no Brasil. Essas concessionárias incluem tais requisitos como condição essencial para a habilitação ao fornecimento de equipamentos, sendo que muitas concessionárias não aceitam que um fornecedor oferte somente alguns produtos. (SILVA, 2010, p. 3). Diante de tanta concorrência e competição no mercado, as negociações entre as empresas (Business Market Management) e sua crescente importância surgiu o conceito de Marketing Business-to-Business (B2B). Como explica Cruz (2012), O Business Market Management é o processo de entender, criar e disponibilizar valor aos mercados e clientes, sendo que os Business Markets são empresas, instituições ou governos que adquirem bens ou serviços para sua utilização, para incorporar em 29 produtos ou serviços que produzem, ou pararevender com outros produtos ou serviços para outras empresas, instituições ou governos (Andersen et al., 2009 apud Cruz, 2012). Já o Marketing B2B refere-se ao Marketing que envolve negociações entre empresas, seja entre o fabricante e o fornecedor de matéria prima, seja entre o fabricante e o revendedor. Conforme Cruz (2012), existem algumas diferenças entre o Marketing B2B e o Marketing Business-to-Consumer (B2C), e tais diferenças exigem que os profissionais de Marketing atuem de modo diferente, principalmente no tocante a comunicação, preço e distribuição. O Marketing B2B tem vindo a obter uma relevância cada vez maior no mundo dos negócios. O Marketing B2B refere-se à satisfação das necessidades de outras empresas apesar de, em última análise, a procura dos produtos dessas empresas ser claramente impulsionada pelos consumidores. As vendas B2B vêm recebendo crescente atenção principalmente das empresas que visam criar importantes diferenciais competitivos diante da concorrência, o que faz com a lucratividade seja um ganho global do pacote e não um ganho individual. No caso dos consumidores, uma característica que não pode faltar no pacote é o grau de complementaridade entre serviços ou produtos. No caso dos consumidores, um fator chave para efetividade do pacote é o grau de complementaridade entre serviços ou produtos no pacote. Consumidores podem perceber um alto grau de complementaridade baseado na economia de tempo e esforço na compra dos itens em conjunto, melhorando a satisfação por causa do pacote, e ou melhorando a imagem do pacote (GUILTINAN, 1987). Simonin & Ruth (1995) postulam que a venda de pacotes é uma oportunidade para influenciar preços em relação a produtos. (SILVA, 2010, p. 6). 2.2.3.1 O comportamento de compra no B2B Assim como o consumidor final, o comprador no mercado B2B toma decisões de negócios, com a diferença de que a compra é habitualmente mais significativa e com maior impacto nos negócios da empresa. Cruz (2012) explica que o grupo de pessoas que compõe a unidade de tomada de decisão (Decision Making Unit - DMU) em mercados B2B é altamente complexa, ou pelo menos tem essa forte probabilidade. Uma compra no âmbito de uma empresa envolve geralmente uma equipa, mediante a significância da mesma (Harrison et al., 2005 apud Cruz, 2012). 30 No meio industrial as decisões são habitualmente de âmbito coletivo. É relevante identificar os diferentes intervenientes de modo a entender o seu papel e as suas motivações, sejam elas de teor técnico, econômico ou até mesmo pessoal (Lindon et al., 2009 apud Cruz, 2012). Ainda sobre a compra, esta pode envolver uma equipa de grande dimensão mediante o grau de complexidade da compra. Esta complexidade e dinamismo têm implicações nos mercados B2B. Segundo Brito et al (1999 apud Cruz, 2012), os mercados B2B são vastos e constituídos por grandes grupos com diferentes interesses e motivações. Enquanto no mercado B2C é provável que se venda a milhares de consumidores, no mercado B2B há um número bastante reduzido de clientes, e justamente por esse motivo as empresas desse ramo devem considerar seus clientes de modo individual, analisando as necessidades de cada um. Conforme Cruz (2012), a maioria dos mercados B2B obedece ao Princípio de Pareto (regra 80-20) no que diz respeito à distribuição dos seus clientes, isto é 80% das vendas vem de 20% dos clientes, o que significa que um pequeno conjunto de compradores domina as vendas de um determinado fornecedor. Com base nesses dados, é possível constatar que a gestão da base de dados de interação com os clientes é uma parte crucial do Marketing B2B. “Os sistemas de Customer Relationship Management (CRM) permitem guardar informação detalhada e actualizada sobre cada cliente e as compras que cada um efetuou” (WINER, 2001 apud CRUZ, 2012, p. 11). Por ter um número de clientes reduzidos, as vendas B2B devem ser consideradas como uma oportunidade de identificar os compradores que mais importância têm no faturamento de uma empresa e assim proporcionar-lhes mais- valias significativas, de modo a desenvolver com eles uma relação pessoal e de longa duração. Para Cruz (2012), a estratégia mais aconselhável numa situação em que os clientes são em número reduzido passa por criar uma relação cliente-fornecedor muito forte, desde produzir produtos ou serviços muito adaptados, por vezes à medida, preços e condições de pagamento definidos para cada cliente, relações comerciais muito personalizadas e tratar dos assuntos diretamente com o cliente. 31 O volume da compra de um comprador pode assumir-se como critério de segmentação determinante no Marketing B2B (Lindon et al., 2009). Desta forma, é natural e espectável que as empresas tratem de forma diferente os clientes pequenos e os grandes. (CRUZ, 2012, p. 11). Com relação às compras, as de longo prazo são mais comuns nos mercados B2B, onde predominam máquinas, componentes e consumíveis. “Se houver um pedido de caráter especial por parte do mercado de consumo, é necessário que o mercado industrial responda à procura do mercado, à altura das expectativas” (CRUZ, 2012, p. 12). Os clientes B2B geralmente são clientes de longo prazo, pois existem em menor quantidade, quando comparados com os clientes de consumo, mas também são muito mais valiosos, pois compram uma vez e continuam comprando. Assim, o benefício de reter um cliente B2B é enorme e as consequências de o perder podem ser desastrosas para uma empresa. 2.2.3.2 Segmentos do mercado B2B Os mercados B2B dispõem de um número menor número de clientes, caracteriza-se por uma forte concentração, mas cada cliente é responsável pela aquisição de uma grande quantidade de produto, representando por isso um volume de negócios considerável. Nos mercados B2C, os clientes finais adquirem os produtos para seu próprio consumo, ao passo que no mercado B2B as empresas adquirem produtos necessários ao suporte da sua atividade. Como é possível perceber, a estimulação da compra deverá apresentar formas diferentes entre os dois tipos de mercados. Fatores como a disseminação da Internet, a fragmentação dos mercados e o aumento da competição global aumentaram o valor do Marketing B2B, e as empresas começaram a dar mais suporte a esse tipo de vendas. As organizações estão cada vez mais sujeitas aos efeitos da globalização e à facilidade do acesso à informação, o que leva à emergente homogeneização de produtos e serviços. Como consequência, há uma necessidade urgente em focar no Marketing e, nomeadamente, na comunicação com os clientes. É preciso haver antecipação no que diz respeito à percepção dos desejos e das necessidades dos clientes, como forma de desenvolver ofertas diferenciadoras e que concedam um aumento de valor aos clientes perante a sua concorrência (CRUZ, 2012, p. 2). 32 Todas as organizações possuem as suas especificidades de mercado e de produtos e, perante esta situação, procuram adaptar a sua área de Marketing às necessidades do mercado. Segundo Cruz (2012), a dicotomia existente entre B2B e B2C no Marketing tem sido alvo de alguns estudos e é claramente um aspecto que influencia a forma como as diversas empresas enquadradas nas duas áreas definem o seu modo de atuação perante os seus mercados. O fato é que a estratégia competitiva está relacionada com a forma de atuação em um setor, e geralmente essa competição envolve custos, diferenciação ou enfoque. A produção gera vantagem competitiva a partir do momento em que são aplicadas estratégias de produção desenvolvidas com base nos critérios competitivos. Para Silva (2010),tais critérios podem ser classificados de duas formas: os ganhadores de pedidos e os qualificadores de pedidos. Como explica Cruz (2012), durante muito tempo esteve em destaque o mercado B2C, mas ultimamente o mercado B2B tem ganhado seu espaço e seu devido reconhecimento. Vale destacar que as diferenças entre eles não está nos produtos vendidos em cada um, mas sim no contexto em que esses produtos são vendidos. “Teoricamente, os princípios básicos do Marketing são aplicados tanto no mercado B2C como B2B, no entanto, existe um grau de complexidade agregado ao mercado B2B que o distingue do mercado de consumo” (CRUZ, 2012, p. 6). A concentração geográfica também merece destaque na análise dos mercados B2B. Conforme Cruz (2012), os compradores do mercado B2B estão frequentemente localizados numa área geográfica pequena, ao invés de estarem geograficamente dispersos como os clientes B2C. Para os vendedores B2B isto significa que podem concentrar os seus esforços de vendas e até localizar os seus centros de distribuição nas proximidades dos clientes. Nos mercados B2B a procura é derivada pois deve-se à procura que advém do lado do consumidor. O número de produtos que uma empresa B2B encomenda tem por base as previsões do produto final para o mercado de consumo. A procura nos mercados B2B é significativamente diferente da procura nos mercados B2C. A maioria da procura em produtos B2B é derivada, inelástica, flutuante e conjunta. Esta diferenciação é relevante para o planejamento das previsões de vendas na estratégia de Marketing de uma empresa B2B (Solomon et al., 2009). (CRUZ, 2012, p. 13). 33 Normalmente, um estudo em mercados B2B produz 3 ou 4 segmentos, em parte por o público-alvo ser em menor escala nos mercados B2B. No entanto, a principal razão para este menor número de segmentos tem a ver com o fato de as necessidades e comportamentos da audiência variarem menos que numa audiência de consumidores. É sabido que os segmentos com base no comportamento e necessidades que emergem nos mercados B2B são semelhantes em diferentes setores. Harrison et al (2005 apud Cruz, 2012) delimitou algumas premissas com base nas necessidades de um típico mercado B2B, sendo: - segmento focado no preço (empresas pequenas, pequenas margens); - segmento focado na qualidade e na marca (margens altas, empresa média ou grande); - segmento focado no serviço (indústrias sensíveis ao tempo, pequenas, médias ou grandes empresas); - segmento focado nas parcerias (procura confiança e fiabilidade, margens altas). 2.2.3.3 Os atores da compra B2B Geralmente a venda B2B é associada a algo racional, enquanto a venda ao consumidor final se enquadra no campo do impulso e do emocional. De acordo com Cruz (2012), nos mercados B2B também se consegue encontrar razões emocionais por detrás do processo de compra. Para tal, há a necessidade de apresentar razões lógicas que justifiquem uma decisão emocional de modo a que seja bem aceite pelos restantes membros que fazem parte do processo de decisão. Os consumidores são diferentes nos mercados B2C e B2B. No primeiro, os consumidores geralmente não estão interessados no detalhe técnico de determinado produto, enquanto no mercado B2B os produtos vão possivelmente fazer parte de outro produto mais completo, de modo que há a necessidade de saber as funcionalidades técnicas do mesmo para que encaixe nos requisitos do comprador (Harrison et al., 2005 apud Cruz, 2012). Como se percebe, é essencial que haja uma forte disseminação da informação sobre o produto, até mesmo das características técnicas. Um profissional de vendas no mercado B2B deve estar completamente ciente das funcionalidades 34 do seu produto de modo a transmiti-las da melhor forma ao cliente exigente que é o cliente no mercado B2B. As exigências dos clientes industriais são, habitualmente, muito específicas, técnicas e com um grau de complexidade bastante razoável. Desta forma, o comportamento do comprador no mercado B2B tende a ser mais profissional e formal (Brito et al., 1999). Os compradores no mercado B2B, além de mais específicos, têm um grande conhecimento técnico dos produtos que pretendem comprar. (CRUZ, 2012, p. 10). 2.2.3.4 Fases das vendas complexas Segundo Silva (2010), os pacotes são criados para atender vários objetivos, como reduzir a rotatividade de clientes, desviar a atenção dos concorrentes, retribuir aos preços irrelevantes dos concorrentes, ou desencorajar o comportamento de preços agressivos. Esse objetivos podem exigir diferentes tipos de pacotes, e uma empresa pode ter vários deles, para cada situação específica. “Uma das armas de algumas empresas para combater e reagir a uma oferta competitiva de baixo preço é ter pacotes de produtos fracos e pacotes de produtos fortes” (SILVA, 2010, p. 6). Solomon et al (2009 apud Cruz, 2012) analisou o mercado B2B e percebeu a existência de três mercados principais dentro dele: produtores, revendedores e organizações. Os produtores estão diretamente relacionados com a aquisição de produtos, que ocorre para servir a produção de outros bens ou serviços. Assim, os produtores devem servir a um vasto número de clientes, que consomem desde matérias primas até produtos já fabricados. Os revendedores adquirem produtos já acabados para fins de revenda ou aluguer para outros negócios. Embora eles não produzam efetivamente bens, fornecem-nos aos seus clientes colocando-os à sua disposição em determinados lugares. E sobre as organizações merece destaque o governo, que, conforme Cruz (2012) é considerado uma entidade B2B e pode mesmo ser o único cliente para determinados produtos. “Além disso, instituições sem fins lucrativos são organizações B2B com objetivos educacionais, comunitários e outros serviços públicos como hospitais, igrejas, universidades, museus ou grupos de caridade” (CRUZ, 2012, p. 7). 35 Nas vendas B2B outro fator essencial é a educação dos clientes, mais ainda do que no mercado de consumo tradicional. Como explica Cruz (2012), uma empresa B2B tem frequentemente que ensinar os seus clientes sobre como usar os produtos ou serviços que fornecem de forma mais produtiva e explicar a forma como ele é benéfico. Isso porque a relação entre as entidades vendedor-comprador requer uma comunicação bidirecional. Este tipo de interação acaba por definir quem vence e quem perde no mercado. Nesse ínterim, a comunicação é o tecido que promove os relacionamentos, assim as empresas B2B precisam efetivamente comunicar a sua mensagem educacional para toda a cadeia de valor. 2.2.3.5 Ferramentas de vendas complexas Para sobressair no mercado, a empresa deve criar uma imagem única, alcançando a lealdade do cliente através do atendimento de uma necessidade específica. Silva (2010) explica que as vantagens por diferenciação podem ser de dois tipos: pela inovação e pelo mercado. Essa diferenciação pode vir tanto da oferta de produtos mais modernos e atrativos do que os concorrentes, quanto da comercialização de novos produtos e/ou serviços. Atender às necessidades dos clientes é fator primordial nas vendas B2B, e para isso é necessário o estreitamento do relacionamento pessoal entre vendedor e cliente. Segundo Harrison et al (2005 apud Cruz, 2012), esta é uma característica dos mercados emergentes, como China e Rússia, e dos mercados onde o conceito de marca ainda está tomando importância. Para melhorar o relacionamento pessoal, a empresa precisa elevar as despesas com pessoas (vendas e suporte técnico) e realizar mais gastos com promoções e publicidade. É preciso também haveruma dinâmica dentro da empresa, de forma que se cultive a relação só com o cliente mas também com todos os elementos da organização. Em outras palavras, a empresa B2B deve estar sempre buscando informações sobre o cliente, aprofundando a sua relação com a organização que é cliente a fim de melhorar as suas relações com decisores e influenciadores dentro dessa organização e potenciar melhores e mais rentáveis negócios com essa empresa. 36 É a combinação de pacotes, ou vendas B2B, como produtos atrativos, localização, produtos confiáveis e preço que permite a criação de uma imagem única no mercado. Conforme Smith (2006 apud Silva, 2010), a estratégia de pacotes customizados direciona a lucratividade, bem como o pacote de vendas cruzadas de produtos e serviços. O Marketing B2B também pode ser definido como um conjunto de atividades que englobam selecionar, desenvolver e gerir os relacionamentos com os clientes para benefício de ambas as partes, no que diz respeito às respectivas competências, recursos, estratégias, objetivos e tecnologias. Ele pode ser usado por empresas, instituições ou governos que queiram adquirir bens ou serviços para incorporar seu negócio. Nesse contexto, a Internet tem um papel fundamental. A globalização e a crescente partilha da informação motivada pela massificação da Internet tornaram os mercados mais abrangentes, tanto para empresas B2C como para empresas B2B. No entanto, a forma de atuação de empresas de cada um destes tipos deve ser manifestamente distinta. Muitas empresas B2B, erroneamente, têm desenvolvido um grande número de submarcas para cada aspecto da sua gama de produtos. Este tipo de abordagem pode ser eficaz em mercados de consumo, mas, nos mercados B2B, segundo Cruz (2012), o público-alvo é menor e mais focado em relacionamentos quando da tomada de decisão de compra, e muitas vezes encaram as marcas e submarcas como inúteis, confusas e até mesmo insultuosas, uma vez que são um público bem mais informado do que os consumidores. Neste caso, as empresas B2B devem garantir que a sua estratégia esteja devidamente estudada e cuidadosamente implementada; é muito melhor ter uma marca coerente para clientes, acionistas e colaboradores, do que uma série desconcertante de submarcas que dificultam em vez de influenciar positivamente a escolha e que equivalem a pouco mais do que identificadores de um produto (Lindon et al., 2009 apud Cruz, 2012). Cruz (2012) apresenta as características do mercado B2B presentes no mix de marketing, formado pelos 4 Ps: Praça, Produto, Preço e Promoção. Mais recentemente, os itens Praça e Promoção têm sido substituídos pelos termos Distribuição e Comunicação. 37 Como explica Cruz (2012), apesar de terem sido identificadas algumas limitações no conceito dos 4 Ps, eles ainda permanecem fortes e em utilização, provavelmente devido à sua simplicidade e facilidade de entender, facilidade de memorização e versatilidade no que respeita à adaptação a diversas situações. Assim, pode-se afirmar que os 4 Ps do Marketing Mix ainda são alvo de análise e estudo nas escolas de administração de todo o mundo, e ele é claramente influenciado pelas particularidades do mercado B2B. Em relação ao Produto, nos mercados B2B podem-se distinguir categorias de produtos consoante com as suas características, e estas exigem esforços de Marketing diferentes (Lindon et al., 2009 apud Cruz, 2012): - Matérias-primas e energia: são produtos banalizados cujos fatores determinantes são o preço e a segurança; - Bens de equipamento: produtos que duram e são amortizáveis, como edifícios, máquinas, ferramentas, equipamentos de informática, etc. Um fator muito importante é a prestação de serviços; - Componentes: produtos que são integrados noutros produtos; - Consumíveis: produtos necessários para o funcionamento dos equipamentos e da empresa como é o caso dos consumíveis de informática; - Bens de consumo: produtos que são vendidos a distribuidores que por sua vez os vendem aos clientes finais. Neste caso pode ser importante focar na marca e na comunicação; - Serviços: uma categoria onde se encaixam as viagens, os hotéis, cujas variáveis chave estão relacionadas com a relação com o cliente e seu envolvimento na produção do serviço. Sobre o Preço, nos mercados B2B o preço é sempre uma variável presente na decisão de compra. No entanto, o preço é muito mais conhecido e interpreta-se em função de um conjunto de parâmetros mais técnicos como a performance, suporte fornecido ou parâmetros do foro financeiro como prazos e modalidades de pagamento (Peppers et al., 2001 apud Cruz, 2012). Os compradores B2B são um pouco sensíveis à elasticidade dos seus preços de venda e das novas margens resultantes dessas alterações de preço. A elasticidade dos preços também os preocupa pois um aumento de preço inesperado pode arruinar o interesse econômico de uma atividade. Numa perspectiva 38 empresarial é necessário assegurar o médio prazo, de modo que a segurança do aprovisionamento é fundamental. O preço é baseado no que a oferta de mercado vale para o cliente, em vez de ser baseado no seu custo para o fornecedor ou simplesmente ajustando o preço de acordo com a concorrência (Andersen et al., 2009 apud Cruz, 2012). O outro elemento do Mix de Marketing atual, a Distribuição, nos mercados B2B também pode ser realizada de diversas formas. Conforme Cruz (2012), a venda direta é a mais frequente. Quando se tem um número limitado de clientes, representando cada um deles um volume de negócios significativo, justifica-se o uso da venda direta de modo a permitir o desenvolvimento de relações pessoais. E último elemento é a Comunicação. Também no mercado B2B a comunicação é importante, mas talvez um pouco menos que no mercado B2C onde a comunicação é um marco importante do Marketing Mix (Lindon et al., 2009 apud Cruz, 2012). A comunicação das empresas que vendem a outras empresas não é o tipo de comunicação de massas, mas uma comunicação muito mais direcionada, personalizada, com alvos específicos. Neste cenário, a publicidade só faz sentido se for feita em revistas ou outro tipo de canais altamente especializados. No mercado B2B, a força de vendas e os relacionamentos estabelecidos com os clientes são um instrumento forte e apropriado para a comunicação. Para definir o investimento em comunicação neste tipo de mercados é necessário incluir nos orçamentos todas as despesas em que se incorre com a força de vendas (Lindon et al., 2009 apud Cruz, 2012). Os objetivos de comunicação no mercado B2B passam por informar, criar uma imagem global favorável, obter um contacto personalizado e fidelizar clientes. pensáveis para a adaptação às necessidades de cada cliente (Cruz, 2012). 2.2.3.6 O profissional de vendas complexas Os ganhadores de pedidos são os critérios que diferenciam os produtos e serviços de uma empresa para outra, e garantem o fechamento e o sucesso do negócio e, consequentemente, do vendedor. Ao melhorar seu desempenho, o vendedor aumenta a chance dos negócios da empresa, tornando-a mais competitiva no mercado. 39 E os qualificadores de pedidos são os critérios utilizados para filtrar um produto ou serviço como potencial para compra, geralmente já esperados pelos clientes. “Pode-se dizer que a presença dos mesmos não garante a efetivação de uma transação B2B, mas sua ausência impede a efetivação da mesma” (CHASE et al., 2006 apud SILVA, 2010, p. 4). Nos negócios B2B a relação no processo de vendas, da pré-venda até a pós- venda, é estabelecida de forma duradoura, e por esse motivo,
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