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Metodologia de Pesquisa em engenharia de Produção

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METODOLOGIA DE PESQUISA 
EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
 
 
 Prof. Dr. João Batista Turrioni * 
Prof. Dr. Carlos Henrique Pereira Mello ** 
 
 
 
 
* Pós-Doutor em Engenharia de Produção – Texas 
University - 2007 
Doutor em Engenharia de Produção – USP – 1999 
Mestre em Engenharia de Produção – USP – 1993 
Engenheiro Mecânico de Produção – UNIFEI – 1993 
E-mail: 4058@unifei.edu.br 
 
** Doutor em Engenharia de Produção- USP - 2005 
Mestre em Engenharia de Produção - UNIFEI - 1998 
Engenheiro Mecânico de Produção - UNIFEI - 1994 
Site: www.carlosmello.unifei.edu.br 
E-mail: carlos.mello@unifei.edu.br 
 
 2012 
 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DE PESQUISA EM 
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
 
ESTRATÉGIAS, MÉTODOS E TÉCNICAS PARA CONDUÇÃO DE 
PESQUISAS QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. João Batista Turrioni 
Prof. Dr. Carlos Henrique Pereira Mello 
 
 
 
 
 
UNIFEI 2012 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI 
 
SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO 
 
Capítulo 1 - Pesquisa científica em engenharia de produção 1 
Capítulo 2 - Projeto de pesquisa 17 
Capítulo 3 - A revisão de literatura 28 
Capítulo 4 - O processo de pesquisa 69 
Capítulo 5 - A leitura e análise de artigos 90 
Capítulo 6 - Redação de trabalhos científicos 95 
Capítulo 7 - Estratégia de pesquisa I: Experimento ou pesquisa experimental 115 
Capítulo 8 - Estratégia de pesquisa II: Modelagem e simulação 123 
Capítulo 9 - Estratégia de pesquisa III: Pesquisa levantamento ou survey 136 
Capítulo 10 - Estratégia de pesquisa IV: Estudo de caso 148 
Capítulo 11 - Estratégia de pesquisa V: Pesquisa-ação 169 
Capítulo 12 - Estratégia de pesquisa VI: Soft Systems Methodology 191 
 Anexo A – Formulário de sugestões para avaliação de trabalhos 
científicos 
195 
 Referências 196 
 
 
 
 
 
 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 1 
 
CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1 
Pesquisa científica em engenharia de produção 
 
1.1. A engenharia de produção no Brasil 
 Desde os primórdios da Revolução Industrial, a organização da empresa industrial vem evoluindo na 
tentativa de obtenção de níveis cada vez maiores de produtividade. Com isso, foram criados técnicas e 
métodos para operacionalização dos sistemas de produção que foram progressivamente adicionando novos 
elementos ao foco das atenções no mundo industrial. Esta escalada iniciou-se com o foco no processo de 
fabricação, pois, num primeiro momento, a principal preocupação residia em serem descobertos meios de 
produzir os bens que, já então, faziam-se necessários (CUNHA, 2002). 
A partir do advento da mecanização de máquinas, as atenções passaram a também estarem 
centradas na otimização da organização de chão-de-fábrica, pela necessidade de rentabilização dos 
investimentos efetuados nesse tipo de equipamento. Neste momento, começaram a serem desenvolvidas 
abordagens relacionadas com a logística de produção, surgindo, então, o Taylorismo, que introduz as 
preocupações com a otimização do trabalho, e o Fordismo, que introduz a noção de arranjo de máquinas na 
forma de linha de produção, além da visualização do aproveitamento do mercado consumidor de escala. 
De notar, ainda, que o ensino das Ciências da Engenharia tem vindo a acompanhar a demanda 
histórica pelos processos industriais. Até o advento da Revolução Industrial, a Engenharia subdividia-se, 
praticamente, em apenas dois ramos de “especialização”: o militar e o civil. A evolução do conhecimento (e, 
conseqüentemente, do ensino) na área de Engenharia, suscitou a subdivisão noutros ramos, alguns ainda 
hoje utilizados (ex.: Mecânica, Elétrica, Minas), tendo esta atualização um caráter continuado (ex.: 
Mecatrônica, Telecomunicações, Alimentos, Produção). 
A engenharia de produção desenvolveu-se, ao longo do século XX, em resposta às necessidades de 
desenvolvimento de métodos e técnicas de gestão dos meios produtivos demandada pela evolução 
tecnológica e mercadológica caracterizada acima. Enquanto que os ramos tradicionais da Engenharia, 
cronologicamente seus precedentes, evoluíram na linha do desenvolvimento da concepção, fabricação e 
manutenção de sistemas técnicos, a Engenharia de Produção veio a concentrar-se no desenvolvimento de 
métodos e técnicas que permitissem otimizar a utilização de todos os recursos produtivos. 
Na concepção do American Institute of Industrial Engineers, utilizada pela ABEPRO, compete à 
Engenharia de Produção o projeto, a melhoria e a implantação de sistemas integrados envolvendo homens, 
materiais e equipamentos, cabendo especificar, prever os resultados obtidos nestes sistemas, recorrendo a 
conhecimentos especializados de matemática, física e ciências sociais, conjuntamente com os princípios e 
métodos de análise e projeto da engenharia. 
O curso de Engenharia de Produção tem como objetivo formar profissionais que, além de terem 
habilitação e capacitação técnica para desenvolverem trabalhos tradicionalmente realizados pela área 
escolhida (Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica ou Engenharia Civil), também estejam preparados para, 
adicionalmente, desempenharem funções gerenciais e de liderança administrativa em todos os níveis da 
organização. É sem dúvida a menos tecnológica das engenharias na medida em que é mais abrangente e 
genérica, englobando um conjunto maior de conhecimentos e habilidades. 
No Brasil, a primeira instituição de ensino a oferecer o curso de Engenharia de Produção foi a Escola 
Politécnica da Universidade de São Paulo, no ano de 1957, sob a coordenação do Prof. Ruy Aguiar da Silva 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 2 
 
Leme. Uma década após, seguindo esse mesmo exemplo, a FEI - Faculdade de Engenharia Industrial de São 
Bernardo do Campo abriu o seu curso em 1967 (FAÉ e RIBEIRO, 2005). Em 1972 foi formalizado o curso de 
pós-graduação em Engenharia Industrial, em nível de mestrado, que, a partir de 1977 recebeu a 
denominação de Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Em 1979 foram criadas na UFSC, 
em nível de graduação, as habilitações em Engenharia de Produção nas áreas de Engenharia Civil, 
Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica. O programa de doutorado em Engenharia de Produção passou a 
ser oferecido em 1989. 
Na UNIFEI o curso de Engenharia de Produção-Mecânica teve início em 1998, com autorização do 
MEC/Portaria Nº 2.238, de 19 de dezembro de 1997 e DOU – Nº 247-E-Seção 1, de 22 de dezembro de 
1997. Antes disso, em 1980, o curso de Engenharia Mecânica ganhou uma ênfase em gerência da produção, 
além das outras ênfases em fabricação, projeto e energia. Em fevereiro de 1994 foi implementado o 
Programa de Mestrado Stricto Senso em Engenharia de Produção. 
Diferentemente das ciências da administração de empresas, que centra-se mais na questão da 
gestão dos processos administrativos, processos de negócio e na organização estrutural da empresa,a 
engenharia de produção centra-se na gestão dos processos produtivos. Existem, contudo, no Brasil, dois 
tipos de cursos na área: os cursos ditos plenos e cursos concebidos como habilitações específicas de um 
dos ramos tradicionais da Engenharia. Os cursos do primeiro tipo concentram quase toda a sua carga horária 
profissionalizante no estudo da gestão da produção, enquanto que os do segundo tipo dividem essa carga 
entre esse estudo e o dos sistemas técnicos - normalmente, priorizando este último por larga margem. Deve-
se notar que a legislação atualmente em vigor considera apenas os egressos do primeiro tipo de curso como 
engenheiros de produção. As figuras 1.1 e 1.2 mostram o relacionamento entre as áreas de conhecimento 
supracitadas. 
 
 
Figura 1.1 – Relação da engenharia de produção com as demais áreas 
Fonte: Cunha (2002) 
 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 3 
 
 
Figura 1.2 – Áreas de concentração dos cursos de Administração de Empresas, Engenharias e outros 
Fonte: Cunha (2002) 
 
Assim, o foco das atenções do ramo de Engenharia de Produção concentra-se na gestão dos 
sistemas de produção, definidos como todo conjunto de recursos organizados de modo a obter produtos ou 
serviços de modo sistemático. Observe-se que há uma clara diferenciação entre a gestão do sistema de 
produção, que é restrita à mobilização de recursos diretamente relacionados com a produção de produtos e 
serviços e a gestão do empreendimento, que é mais abrangente, envolvendo decisões relacionadas, por 
exemplo, à área contábil ou à de seleção e capacitação de recursos humanos, zonas não afetas à 
Engenharia de Produção. 
A gestão dos sistemas de produção é realizada via utilização de métodos e técnicas que visam 
otimizar o emprego dos recursos existentes no próprio sistema de produção. A esfera de decisões inerente ao 
trabalho do engenheiro de produção e de outros profissionais é melhor ilustrada através da figura 1.3. 
Ao longo dos últimos anos, os cursos de Engenharia de Produção no Brasil vêm apresentando um 
crescimento acentuado. Diversos cursos estão sendo criados, tanto em nível de graduação, como de pós-
graduação. Além disso, há um grande movimento de mudança nas ênfases dadas nos cursos já existentes: 
aqueles que até então apresentavam uma habilitação específica estão rumando para a chamada Engenharia 
de Produção “plena”. 
 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 4 
 
 
Figura 1.3 – Esfera de ação característica dos diversos profissionais nos processos decisórios 
Fonte: Cunha (2002) 
 
O quadro 1.1 deixa clara a grande expansão no número de escolas que oferecem o curso de 
graduação em Engenharia de Produção. Conforme pode ser visto, a oferta de cursos vem apresentando um 
crescimento exponencial. Para comprovar esta afirmativa, basta comparar na tabela os dados do ano de 1998 
com os de 2002, onde foi constatado um aumento em mais de 50% no número de cursos no Brasil. Esse 
crescimento poderia ser justificado pela maior aceitação do Engenheiro de Produção formado por parte das 
empresas, bem como pelo maior conhecimento do que é esta modalidade de Engenharia. No quadro 1.2, 
verifica-se um grande número de cursos de Engenharia de Produção com habilitação específica em outros 
ramos da Engenharia, bem como a diversidade destas habilitações. 
 
Quadro 1.1 – Evolução dos cursos de engenharia de produção no Brasil 
ANO NÚMERO DE CURSOS 
1957 01 
1967 02 
1993 17 
1996 20 
1998 35 
2002 76 
2004 110 
Fonte: Faé e Ribeiro (2005) 
 
 
 
 
 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 5 
 
Quadro 1.2 – Cursos de engenharia de produção no Brasil subdivididos por ênfase 
CURSOS TOTAL 
Produção 51 
Produção Mecânica 21 
Produção Civil 11 
Produção Elétrica 08 
Produção Agroindustrial 07 
Produção Química 04 
Produção Metalúrgica 03 
Produção Têxtil, calçados e componentes, tecnologias 
limpas e software 
01 
TOTAL 110 
Fonte: Faé e Ribeiro (2005) 
 
Em 2009, o site do INEP (Inep, 2010) indicava que existiam 364 cursos de graduação de engenharia 
de produção no Brasil. 
 A Abepro (ABEPRO, 2010) estabelece as seguintes áreas e subáreas da engenharia de produção: 
 
Engenharia de operações e processos da produção: 
Projetos, operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os produtos (bens ou serviços) primários 
da empresa. 
• Gestão de Sistemas de Produção e Operações; 
• Planejamento, Programação e Controle da Produção; 
• Gestão da Manutenção; 
• Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais: organização industrial, layout/arranjo físico; 
• Processos Produtivos Discretos e Contínuos: procedimentos, métodos e seqüências; 
• Engenharia de Métodos. 
 
Logística: 
Técnicas para o tratamento das principais questões envolvendo o transporte, a movimentação, o estoque e o 
armazenamento de insumos e produtos, visando a redução de custos, a garantia da disponibilidade do 
produto, bem como o atendimento dos níveis de exigências dos clientes. 
• Gestão da Cadeia de Suprimentos; 
• Gestão de Estoques; 
• Projeto e Análise de Sistemas Logísticos; 
• Logística Empresarial; 
• Transporte e Distribuição Física; 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 6 
 
• Logística Reversa. 
 
Pesquisa operacional: 
Resolução de problemas reais envolvendo situações de tomada de decisão, através de modelos matemáticos 
habitualmente processados computacionalmente. 
• Modelagem, Simulação e Otimização; 
• Programação Matemática; 
• Processos Decisórios; 
• Processos Estocásticos; 
• Teoria dos Jogos; 
• Análise de Demanda; 
• Inteligência Computacional. 
 
Engenharia da qualidade: 
Planejamento, projeto e controle de sistemas de gestão da qualidade que considerem o gerenciamento por 
processos, a abordagem factual para a tomada de decisão e a utilização de ferramentas da qualidade. 
• Gestão de Sistemas da Qualidade; 
• Planejamento e Controle da Qualidade; 
• Normalização, Auditoria e Certificação para a Qualidade; 
• Organização Metrológica da Qualidade; 
• Confiabilidade de Processos e Produtos. 
 
Engenharia do produto: 
Conjunto de ferramentas e processos de projeto, planejamento, organização, decisão e execução envolvidas 
nas atividades estratégicas e operacionais de desenvolvimento de novos produtos, compreendendo desde a 
concepção até o lançamento do produto e sua retirada do mercado com a participação das diversas áreas 
funcionais da empresa. 
• Gestão do Desenvolvimento de Produto; 
• Processo de Desenvolvimento do Produto; 
• Planejamento e Projeto do Produto. 
 
Engenharia organizacional: 
Conjunto de conhecimentos relacionados à gestão das organizações, englobando em seus tópicos o 
planejamento estratégico e operacional, as estratégias de produção, a gestão empreendedora, a propriedade 
intelectual, a avaliação de desempenho organizacional, os sistemas de informação e sua gestão e os arranjos 
produtivos. 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicaspara condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 7 
 
 
Gestão Estratégica e Organizacional; 
Gestão de Projetos; 
Gestão do Desempenho Organizacional; 
Gestão da Informação; 
Redes de Empresas; 
Gestão da Inovação; 
Gestão da Tecnologia; 
Gestão do Conhecimento. 
 
Engenharia econômica: 
Formulação, estimação e avaliação de resultados econômicos para avaliar alternativas para a tomada de 
decisão, consistindo em um conjunto de técnicas matemáticas que simplificam a comparação econômica. 
• Gestão Econômica; 
• Gestão de Custos; 
• Gestão de Investimentos; 
• Gestão de Riscos. 
 
Engenharia do trabalho: 
Projeto, aperfeiçoamento, implantação e avaliação de tarefas, sistemas de trabalho, produtos, ambientes e 
sistemas para fazê-los compatíveis com as necessidades, habilidades e capacidades das pessoas visando a 
melhor qualidade e produtividade, preservando a saúde e integridade física. Seus conhecimentos são usados 
na compreensão das interações entre os humanos e outros elementos de um sistema. Pode-se também 
afirmar que esta área trata da tecnologia da interface máquina - ambiente - homem - organização. 
• Projeto e Organização do Trabalho; 
• Ergonomia; 
• Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho; 
• Gestão de Riscos de Acidentes do Trabalho. 
 
Engenharia da sustentabilidade: 
Planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos sistemas produtivos diversos, da destinação e 
tratamento dos resíduos e efluentes destes sistemas, bem como da implantação de sistema de gestão 
ambiental e responsabilidade social. 
• Gestão Ambiental; 
• Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação; 
• Gestão de Recursos Naturais e Energéticos; 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 8 
 
• Gestão de Efluentes e Resíduos Industriais; 
• Produção mais Limpa e Ecoeficiência; 
• Responsabilidade Social; 
• Desenvolvimento Sustentável. 
 
Educação em engenharia de produção: 
Universo de inserção da educação superior em engenharia e suas áreas afins, a partir de uma abordagem 
sistêmica englobando a gestão dos sistemas educacionais em todos os seus aspectos: a formação de 
pessoas (corpo docente e técnico administrativo); a organização didático pedagógica, especialmente o projeto 
pedagógico de curso; as metodologias e os meios de ensino/aprendizagem. 
• Estudo da Formação do Engenheiro de Produção; 
• Estudo do Desenvolvimento e Aplicação da Pesquisa e da Extensão em Engenharia de Produção; 
• Estudo da Ética e da Prática Profissional em Engenharia de Produção; 
• Práticas Pedagógicas e Avaliação Processo de Ensino-Aprendizagem em Engenharia de Produção; 
• Gestão e Avaliação de Sistemas Educacionais de Cursos de Engenharia de Produção. 
 
1.2. O senso comum e o conhecimento científico 
 O homem é, por natureza, um ser curioso. Desde o seu nascimento interage com a natureza e com 
os objetos a sua volta, interpretando o universo a partir das referências sociais e culturais do meio em que 
vive. Apropria-se do conhecimento através das sensações, que os seres e fenômenos lhe transmitem e, a 
partir dessas sensações, elabora representações. Contudo, muitas vezes essas representações não 
constituem o objeto real. O objeto real existe independentemente de o homem conhecê-lo ou não. O 
conhecimento humano é, na sua essência, um esforço de resolver contradições, entre a representação de um 
objeto e a realidade do mesmo. 
 O conhecimento, dependendo da forma a que se chega a essa representação, pode ser classificado 
de popular (senso comum), teológico, mítico, filosófico e científico. Destacaremos o senso comum e o 
conhecimento científico. 
 O senso comum é uma expressão que não foi inventada pelas pessoas. Ele surge da necessidade de 
resolver problemas imediatos. Adquirido através de ações não planejadas, ele surge instintivo, espontâneo, 
subjetivo, acrítico, permeado pelas opiniões, emoções e valores de quem o produz. Segundo Alves (2006), o 
senso comum é simplesmente aquilo que não é ciência e isso inclui todas as receitas para o dia-a-dia, bem 
como os ideais e esperanças que constituem a capa do livro de receitas. 
 Um dos exemplos do senso comum mais conhecido foi o de considerar que a Terra era o centro do 
universo e que o Sol girava em torno dela. Galileu ao afirmar que era a Terra que girava em torno do Sol 
quase foi queimado pela Inquisição. 
 O senso comum é uma forma específica de conhecimento. A cultura popular é baseada no senso 
comum (FONSECA, 2002). 
 Portanto, o senso comum compreende a enorme quantidade de informações que o ser humano 
possui e que lhe confere a capacidade de emitir opiniões. Sendo assim, Matallo Jr. (2006) afirma que o senso 
comum é um conjunto de informações não sistematizadas que aprendemos por processos formais, informais 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 9 
 
e, às vezes, inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações. Essas informações são, em geral, 
fragmentárias e podem incluir fatos históricos verdadeiros, doutrinas religiosas, lendas ou parte delas, 
princípios ideológicos às vezes conflitantes, informações científicas popularizadas pelos meios de 
comunicação de massa, bem como a experiência pessoal acumulada. 
 Quando emitimos opiniões, lançamos mão desse estoque de coisas da maneira que nos parece mais 
apropriada para justificar e tornar os argumentos aceitáveis. Valorações e crenças são, portanto, o substrato 
do senso comum e de nossas ações e comportamentos cotidianos. 
 Apesar das inconsistências inerentes ao conhecimento de senso comum, para onde convergem 
crenças, opiniões e valores muitas vezes conflitantes e assistemáticos, ele se constitui na base a partir da 
qual se constrói a ciência (MATALLO JR., 2006). Para Alves (2006), a aprendizagem da ciência é um 
processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. A ciência não é um órgão novo de 
conhecimento, é a hipertrofia de capacidades que todos têm. 
 Segundo Marconi e Lakatos (2006), o que distingue o senso comum do conhecimento científico é a 
forma, o método e os instrumentos do “conhecer”. Por exemplo, saber que uma planta necessita de certa 
quantidade de água e que, se não a receber de forma natural, deve ser irrigada pode ser um conhecimento 
verdadeiro e comprovável, mas nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: 
conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que 
distinguem uma espécie da outra. 
 O senso comum é a base sobre a qual se constroem as teorias científicas. Estas teorias se 
distanciam tanto quanto possível das valorações e opiniões, gerando um conhecimento mais ou menos 
racional, entendendo racional como argumentativo e coerente. Este conhecimento, por sua vez, interage com 
o senso comum e modifica-o, sendo absorvido parcial ou totalmente. Assim, o senso comum vai 
progressivamente se modificando ao longo das gerações, incorporando novas informações e eliminando 
aquelas que se tornam imprestáveis para as explicações (MATALLO JR., 2006). 
 O conhecimento popular, ou senso comum, se caracteriza por ser predominantemente superficial 
(conforma-se com a aparência ou que se pode comprovar por estar junto das coisas), sensitivo (referente a 
vivência e estados de espírito), subjetivo (experiências são adquiridas por vivência própria), assistemático (aorganização das experiências não visa a sistematizar as idéias) e acrítico (a pretensão de que os 
conhecimentos sejam verdadeiros não se manifesta de uma forma crítica) (MARCONI e LAKATOS, 2006). 
 Os fatos e as observações pressupõem teorias, sejam elas científicas ou não. Dessa forma, os 
significados dos conceitos dependem das teorias em que ocorrem. Numa teoria de senso comum, os 
conceitos podem ser vagos e contaminados por valores e doutrinas, mas numa teoria científica isto não é 
admissível. Os conceitos devem ter um significado preciso e devem remeter a outros conceitos correlatos e 
também precisamente definidos, de tal forma que as teorias formem estruturas mais ou menos fechadas de 
conceitos significativos e que se referem a conjuntos específicos de fatos e fenômenos. Isto é, as teorias não 
se aplicam a quaisquer coisas, mas a campos específicos. Sendo assim, poderia-se dizer que a ciência se 
apresenta como conjuntos de proposições (teorias) coerentes, onde não há nenhum tipo de contradição 
interna, sendo que as proposições são amarradas por um encadeamento racional (MATALLO JR., 2006). 
 Matallo Jr. (2006) destaca ainda outras características das teorias científicas. A primeira delas 
assume que as teorias são despidas de subjetividade e valorações. Uma segunda remete ao fato das 
mesmas serem solucionadoras de problemas, sendo estes decorrentes de necessidades práticas e de quebra 
de regularidades na natureza. Outra característica sugere que as teorias devem engendrar programas de 
pesquisa para, além de consolidar a teoria, fazê-la ainda ocupar todos os espaços de explicação, contribuindo 
para sua própria superação para, desta forma, promover o crescimento e o progresso do conhecimento 
científico. 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Página 10 
 
 A ciência, portanto, busca respostas através da investigação metódica e organizada da realidade, 
para descobrir a essência dos seres e dos fenômenos e as leis que os regem com o fim de aproveitar as 
propriedades das coisas e dos processos naturais em benefício do homem. As respostas, por sua vez, 
resultam em novos conhecimentos, pois respondem a muitas de nossas muitas indagações. Para chegar a 
essa etapa, no entanto, o cientista precisa passar por outras duas: refletir sobre o fenômeno estudado e saber 
como ele acontece, para, finalmente, explicar como ele acontece. Para isso, são realizadas as pesquisas 
científicas. 
 De uma forma geral, a pesquisa científica abarca as ciências naturais, exatas e sociais. Pesquisar 
significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. Segundo Fonseca (2002), a 
pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado com o intuito de resolver um 
problema, recorrendo a procedimentos metodológicos. Para Silva e Menezes (2001) pesquisa é um conjunto 
de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais 
e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se tem informações para solucioná-
lo. 
 Sendo assim, o trabalho científico discorre sobre um determinado tema de forma abrangente e 
sistemática, não requerendo originalidade, mas uma revisão bibliográfica acurada, teórica e empírica, e 
sistematização das idéias e conclusões sobre o tema. 
 O trabalho científico, ao contrário do senso comum, possui quatro grandes preocupações: 
• Mensuração: conceito, hipóteses, medidas e variáveis; 
• Causalidade: variáveis dependentes e independentes, relação causa e efeito; 
• Generalização: a pesquisa deve ter aplicabilidade além do objetivo do trabalho; 
• Replicação: permitir que as constatações sejam verificadas e reproduzidas por outros pesquisadores sob 
as mesmas condições. 
 
Além disso, o conhecimento científico apresenta as seguintes características: 
• Racionalidade: constituído por conceitos e raciocínios, permitindo a combinação dos conceitos em um 
conjunto de regras lógicas; 
• Objetividade: tem um objetivo e verifica os fatos; 
• Factualidade: parte dos fatos e sempre volta a eles, utilizando dados empíricos. 
 
1.3. Os canais de comunicação da ciência 
 Segundo Silva e Menezes (2001), o sistema de comunicação na ciência apresenta dois tipos de 
canais de comunicação dotados de diferentes funções. O canal informal de comunicação, que representa a 
parte do processo invisível ao público, está caracterizado por contatos pessoais, conversas telefônicas, 
correspondências, cartas, etc. O canal formal, que é a parte visível (pública) do sistema de comunicação 
científica está representado pela informação publicada em forma de artigos de periódicos, livros, 
comunicações escritas em encontros científicos, etc. 
Nos canais informais o processo de comunicação é ágil e seletivo. A informação circulada tende a ser 
mais atual e ter maior probabilidade de relevância, porque é obtida pela interação efetiva entre os 
pesquisadores. Os canais informais não são oficiais nem controlados e são usados geralmente entre dois 
indivíduos ou para a comunicação em pequenos grupos para fazer disseminação seletiva do conhecimento. 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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Nos canais formais o processo de comunicação é lento, mas necessário para a memória e a difusão 
de informações para o público em geral. Os canais formais são oficiais, públicos e controlados por uma 
organização. Destinam-se a transferir informações a uma comunidade, não a um indivíduo, e tornam público 
o conhecimento produzido. Os canais formais são permanentes, as informações que veiculam são registradas 
em um suporte e assim tornam-se mais acessíveis. 
Os canais informais, por meio do contato face a face ou mediados por um computador, são 
fundamentais aos pesquisadores pela oportunidade proporcionada para troca de idéias, discussão e 
feedbacks com os pares. O trabalho publicado nos canais formais, de certa forma, já foi filtrado via canais 
informais. 
Os canais formais, por intermédio das publicações, são fundamentais aos pesquisadores porque 
permitem comunicar seus resultados de pesquisa, estabelecer a prioridade para suas descobertas, obter o 
reconhecimento de seus pares e, com isso, aumentar sua credibilidade no meio técnico ou acadêmico. O 
quadro 1.3 sintetiza as principais diferenças entre os elementos formais e informais da comunicação 
científica. 
 
Quadro 1.3 – Principais diferenças entre os elementos formais e informais da comunicação científica 
Comunicação formal Comunicação informal 
Pública. Privada. 
Informação armazenada de forma permanente, recuperável. Informação não-armazenada, não-recuperável. 
Informação relativamente velha. Informação recente. 
Informação comprovada. Informação não-comprovada. 
Disseminação uniforme. Direção do fluxo escolhida pelo produtor. 
Redundância moderada. Redundância às vezes muito importante. 
Ausência de interação direta. Interação direta. 
Fonte: Silva e Menezes (2001) 
 
 Os principais canais de comunicação onde os pesquisadores podem pesquisar por informações úteis 
para os seus trabalhos científicos são: 
• Periódicos científicos (nacionais e internacionais); 
• Trabalhos apresentados em congressos, simpósios e encontros (nacionais e internacionais); 
• Teses e dissertações defendidas nos programas de pós-graduação das diversas universidades 
espalhadas pelo país ou do exterior; 
• Livros publicados sobre o tema de interesse; 
• Sites na internet. 
 
Cada um dos canais de comunicação apresentados tem maiorou menor grau de aceitação na 
comunidade científica. Isso será discutido com mais detalhes no capítulo 3 desta apostila. 
 Existe uma plataforma baseada na internet, denominada ISI Web of Knowledge 
(http://portal.isiknowledge.com/), que oferece um conteúdo de alta qualidade e ferramentas para acessar, 
analisar e gerenciar as informações acerca das pesquisas científicas (vide figura 1.4). Através do mesmo, é 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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possível visualizar os pesquisadores (nacionais e internacionais) mais citados nas diversas áreas de 
pesquisa, inclusive por país, além de permitir acesso a dados de patentes internacionais. 
 
 
Figura 1.4 - ISI Web of Knowledge 
 
 Uma forma de conhecer os pesquisadores brasileiros, seu campo de atuação e as pesquisas que já 
realizaram e que estão realizando no momento, é através da chamada Plataforma Lattes (www.cnpq.br), 
ilustrado na figura 1.5, que é patrocinada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico). 
A Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na integração de bases de dados de 
currículos e de instituições da área de ciência e tecnologia em um único Sistema de Informações, cuja 
importância atual se estende, não só às atividades operacionais de fomento do CNPq, como também às 
ações de fomento de outras agências federais e estaduais. 
 
 
Figura 1.5 – Página principal da plataforma Lattes 
 
Dado seu grau de abrangência, as informações constantes da Plataforma Lattes podem ser utilizadas 
tanto no apoio a atividades de gestão, como no apoio à formulação de políticas para a área de ciência e 
tecnologia. 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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O Currículo Lattes (vide figura 1.6) registra a vida pregressa e atual dos pesquisadores sendo 
elemento indispensável à análise de mérito e competência dos pleitos apresentados à Agência. A partir do 
Currículo Lattes, o CNPq desenvolveu um formato-padrão para coleta de informações curriculares hoje 
adotado não só pela Agência, mas também pela maioria das instituições de fomento, universidades e 
institutos de pesquisa do País. 
A adoção de um padrão nacional de currículos, com a riqueza de informações que esse sistema 
possui, a sua utilização compulsória a cada solicitação de financiamento e a disponibilização pública destes 
dados na internet, deram maior transparência e confiabilidade às atividades de fomento da Agência. 
 
 
Figura 1.6 – Currículo Lattes 
 
 Por meio do site do CNPq também é possível conhecer os grupos de pesquisa ligados às mais 
diversas instituições de ensino e pesquisa do Brasil. O diretório de grupos de pesquisa do Brasil 
(http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/) busca todos os grupos certificados, podendo-se fazer a pesquisa dos 
grupos por palavras-chave em qualquer estado do país, dos pesquisadores ligados a esses grupos, dos 
líderes dos grupos e dos participantes (alunos) dos grupos em todas as fases de sua formação (desde 
graduação até o nível de doutoramento), como ilustra a figura 1.7. 
 
 
Figura 1.7 – Diretório de grupos de pesquisa no Brasil 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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1.4. Etapas do processo de pesquisa científica 
 De uma forma geral, um processo de pesquisa contempla os seguintes passos: 
a) Escolha do tema e justificativa; 
b) Elaboração da fundamentação teórica; 
c) Formulação do problema; 
d) Determinação dos objetivos; 
e) Construção de hipóteses (ou proposições) e indicação de variáveis; 
f) Definição do método de pesquisa e das técnicas de coleta de dados; 
g) Coleta de dados; 
h) Tabulação dos dados; 
i) Análise e discussão; 
j) Conclusão; 
k) Cronograma; 
l) Redação e publicação. 
 
Cada um desses passos serão tratados com maior profundidade nos próximos capítulos. 
 
1.5. Estrutura da apostila 
 A presente apostila visa servir como um instrumento de consulta para que os pesquisadores 
iniciantes possam ter um primeiro contato com os procedimentos, normas, métodos e técnicas de pesquisa 
utilizados na engenharia de produção. 
 Para tal, este primeiro capítulo apresenta uma breve explanação do panorama da engenharia de 
produção no Brasil, mostrando suas principais áreas de pesquisa. Além disso, este primeiro capítulo busca 
discutir a diferença entre o senso comum e a abordagem científica, mostrando ainda os canais de 
comunicação científica mais empregados pelos pesquisadores. 
 O capítulo 2 apresenta os principais passos para a elaboração de um projeto de pesquisa. Um projeto 
de pesquisa é um documento importante, uma vez que qualquer pesquisador que deseja submeter um projeto 
para um órgão financiador (CNPq, FAPEMIG, FINEP etc.) terá de fazê-lo utilizando-se do mesmo. Além disso, 
o ingresso em programas de pós-graduação de mestrado ou doutorado exige a elaboração de um projeto de 
pesquisa como parte da avaliação do candidato. 
 O capítulo 3 define o que é uma fundamentação teórica, mostrando sua importância para o trabalho 
científico e as principais fontes de informação para se elaborar uma boa revisão de literatura. Além disso, o 
capítulo lista os passos necessários para se escrever uma fundamentação teórica de qualidade e traz uma 
lista de verificação para que o pesquisador não se esqueça de nenhum deles. 
 O capítulo 4 discorre sobre o processo da pesquisa científica. Inicialmente, ele trata da natureza das 
pesquisas organizacionais e apresenta os principais métodos científicos (indutivo e dedutivo). A seguir, ele 
define como os fatos contribuem na construção das teorias, o que são as variáveis de pesquisa, a importância 
da formulação das hipóteses e como garantir a validade e fidedignidade das pesquisas científicas. 
Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção 
Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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Finalmente, é apresentada uma classificação das pesquisas científicas e as principais técnicas de coleta de 
dados são comentadas. 
O capítulo 5 trata da leitura e análise de artigos científicos. Este capítulo procura mostrar aos 
estudantes como se deve proceder para ler um artigo, como se prepara um esquema para destacar os pontos 
principais dessa leitura, como se faz uma análise do texto (textual, temática e interpretativa/crítica), como se 
prepara o fichamento dos trabalhos e como elaborar resumos dos artigos selecionados para fazer parte da 
fundamentação teórica da sua pesquisa científica. 
 O capítulo 6 trata da redação dos trabalhos científicos, mostrando sua estrutura e partes mais 
importantes, além de definir a forma correta de fazer citações nos textos e de como referenciar os autores ou 
trabalhos citados, conforme as normas NBR 10520 e NBR 6023. 
 Os capítulos 7 a 13 apresentam os principais métodos de pesquisa científica em engenharia de 
produção. O capítulo 7 trata do método de experimento, o capítulo 8 do método de modelagem e simulação, o 
capítulo 9 da pesquisa levantamento (ou survey), o capítulo 10 do estudo de caso, o capítulo 11 da pesquisa-
ação, o capítulo 12 do Soft System Methodology e, finalmente, o capítulo 13 apresenta alguns delineamentos 
de pesquisa combinada (qualitativo comquantitativo). 
 
Exercícios do capítulo 1 
1.1) Defina a área e sub-área da engenharia da produção na qual o seu trabalho de pesquisa estará inserido. 
1.2) Escolha o tema do seu trabalho de pesquisa. 
1.3) Defina as principais palavras-chave da sua pesquisa, ligadas ao tema escolhido. 
1.4) Faça as seguintes pesquisas no ISI Web of Knowledge (ISIHighlyCited.com): 
a) Verifique se você consegue encontrar referências cruzadas (citações) dos professores do programa 
de pós-graduação da UNIFEI. Que conclusões você pode tirar dessa pesquisa? 
b) Verifique quais são os pesquisadores mais citados do Brasil? Em que áreas de pesquisa eles atuam? 
Quantos são da área da engenharia de produção? Que conclusão pode-se tirar dessa pesquisa? 
c) Faça uma pesquisa por pesquisadores por país. Quantos pesquisadores do Brasil figuram na lista? 
Como está o Brasil em relação a outros países da América do Sul (Argentina, Chile, Uruguai, 
Paraguai, Colômbia e Venezuela)? E em relação a outros países como Estados Unidos, Japão, China 
e Índia? 
1.5) Cadastre-se na plataforma Lattes, crie e publique o seu currículo Lattes. 
1.6) Quais são os principais grupos de pesquisa do Brasil que trabalham com pesquisas ligadas ao seu tema 
escolhido? 
a) Selecione dois grupos dos estados de Minas Gerais e São Paulo. No caso de Minas Gerais, 
selecione um grupo de pesquisa da Unifei ligado ao seu tema. 
b) Quem são os líderes desses grupos e a qual programa de pós-graduação pertencem? Em quantos 
grupos de pesquisa eles participam? 
c) Quais são as principais linhas de pesquisa desses grupos? 
1.7) Pesquise o currículo Lattes dos líderes de grupos de pesquisa que você selecionou. 
a) Quantos artigos eles publicaram em periódicos nacionais? 
b) Quantos artigos eles publicaram em periódicos internacionais? 
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c) Quantos artigos eles publicaram em congressos? 
d) Quais os principais periódicos (nacionais e internacionais) que esses pesquisadores publicaram seus 
trabalhos de pesquisa? 
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CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2 
Projeto de pesquisa 
 
2.1. O que é um projeto de pesquisa 
 Um projeto de pesquisa representa uma necessidade para o pesquisador, uma exigência universal de 
agências patrocinadoras e não deixam de ser também condição metodológica para o êxito da pesquisa 
(SALOMON, 2000). 
 Uma pesquisa, um trabalho científico por excelência, há de ser planejada metodologicamente. As 
instituições promotoras e patrocinadoras da pesquisa exigem previamente, até como requisito, para toda 
proposta de pesquisa, seu respectivo projeto, a partir de cuja avaliação irá decidir sobre a concessão ou não 
do patrocínio. Para tal estabelecem-se em formulários as normas e diretrizes para a elaboração de tais 
projetos. Conteúdo e forma são novamente os dois grandes referenciais de um projeto de pesquisa: o que 
deve conter em sua estruturação e como deve ser redigido (SALOMON, 2000). 
 De uma forma geral, um projeto de pesquisa contempla os seguintes passos: 
• Escolha do tema e justificativa; 
• Elaboração da revisão de literatura; 
• Formulação do problema; 
• Determinação dos objetivos; 
• Construção de hipóteses e indicação de variáveis; 
• Definição do método de pesquisa e das técnicas de coleta de dados; 
• Cronograma; 
• Referências bibliográficas. 
 
 Cada um desses passos será discutido em maior profundidade nos tópicos seguintes deste capítulo. 
 
2.2. Escolha do tema e justificativa 
 Segundo Appolinário (2006), o tema de uma pesquisa é o assunto geral que desejamos estudar e 
investigar. Sendo assim, trata-se de uma definição razoavelmente ampla, que servirá de ponto de partida 
para todo esforço subseqüente do pesquisador. O tema é uma primeira delimitação, até certo ponto vaga, 
acerca daquilo que se quer investigar. 
 Para Marconi e Lakatos (2006), escolher um tema significa: 
a) Selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as possibilidades, as aptidões e as tendências de 
quem se propõe a elaborar um trabalho científico dentro da área da engenharia de produção; 
b) Encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de ser formulado e 
delimitado em função da pesquisa. 
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Porém, há de se verificar se o tema selecionado é relevante cientificamente. Para tanto, não pode 
deixar de aparecer no projeto de pesquisa a justificativa para o mesmo. Para Salomon (2000), a justificativa 
apresenta as razões, sobretudo teóricas, que legitimam o projeto como trabalho científico. A justificativa é 
uma defesa do projeto, cujo referencial há de ser a relevância do problema, seja ela teórica, humana, 
operacional ou contemporânea. Deveriam ser justificados a escolha do tema, do objeto de pesquisa e da(s) 
unidade(s) de investigação. 
 
2.3. Elaboração da revisão de literatura 
 A revisão de literatura ou pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já 
realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados 
com o tema escolhido. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificar o trabalho e representa uma 
fonte indispensável de informações, podendo até orientar inicialmente na formulação do problema e na 
definição de hipóteses, proposições e variáveis (MARCONI e LAKATOS, 2006) 
 Appolinário (2006) afirma que o pesquisador deve realizar um levantamento bibliográfico aprofundado 
em fontes fidedignas de informações, tais como, periódicos científicos, dissertações e teses. Outras fontes de 
informações que podem ser consultadas são livros, documentos (normas, legislações, etc.), mídias 
eletrônicas, etc., de forma a produzir um texto que explicará ao leitor todo o histórico do problema proposto, 
os contextos teórico, técnico e social nos quais o problema se insere, bem como os principais autores, 
conceitos e idéias relacionadas ao tema. Esse passo começa no início do processo de pesquisa, mas pode 
continuar até o final da pesquisa, na forma de ajustes e redimensionamento do texto introdutório. 
Neste item do projeto, a maior importância estará na comparação de documentos científicos sobre o 
tema específico. E essa comparação deve ser organizada de tal forma que a posterior formulação do 
problema seja sua decorrência lógica. Em outras palavras, não se trata de fazer uma "colcha de retalhos", 
emendando citações dos documentos consultados, mas sim de articular idéias que conduzam à formulação 
do problema; idéias estas que deverão estar apoiadas nas referências científicas citadas (VEIGA, 1996). 
A pesquisa bibliográfica sobre a qual se constrói este tópico do projeto de pesquisa não pode deixar 
de lado nenhuma obra importante sobre o tema específico. Mas é impossível que consiga ser exaustiva. Ou 
seja, a revisão de literatura do projeto de pesquisa será, por definição, exploratória. A demonstração de que o 
pesquisador não deixou "escapar" nenhum trabalho relevante deverá ser feita, no devido tempo, pela 
dissertação. Por melhor que seja a preparação do projeto de pesquisa, é inevitável que esta ou aquela 
referência só seja descoberta na fase posterior (e mais longa) de execução. Ao mesmotempo, se uma 
contribuição científica muito importante sobre o tema específico da pesquisa não for incluída na revisão de 
literatura do projeto de pesquisa, é bem provável que a proposta venha a ser considerada "imatura" pelos 
relatores (ou os responsáveis pelos pareceres). 
 Seria interessante responder às seguintes questões no momento de elaborar a revisão de literatura: 
• Quem são os autores clássicos e contemporâneos mais importantes nessa área? 
• Quais os principais conceitos envolvidos nesse assunto? Quem os definiu? 
• Quais os principais periódicos científicos dessa área? 
 
No capítulo 3 desta apostila será descrito com mais detalhes os conceitos e cuidados a serem 
tomados para a elaboração de uma revisão de literatura abrangente. O capítulo 6 vai mostrar como fazer de 
forma correta as citações. 
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2.4. Formulação do problema 
 Para Marconi e Lakatos (2006), um problema é uma dificuldade, teórica ou prática, no conhecimento 
de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução. Definir um problema 
significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de um problema deve haver clareza, 
concisão e objetividade. A colocação clara do problema pode facilitar a construção da hipótese ou proposição 
central. 
 Appolinário (2006) considera que o problema consiste em uma pergunta (por isso é também 
denominado de questão de pesquisa) bem delimitada, clara e operacional. Por exemplo, para o tema 
“responsabilidade social nas indústrias automobilísticas brasileiras”, o problema ou questão de pesquisa 
poderia ser “qual a percepção dos clientes das indústrias automobilísticas brasileiras acerca das iniciativas 
institucionais de responsabilidade social realizadas por elas nos últimos três anos?”. 
Segundo Veiga (1996), se o pesquisador não consegue formular o problema central da pesquisa por 
meio de uma pergunta bem direta, o mais provável é que ele tenha feito uma insuficiente discussão da 
produção científica já existente sobre aquele assunto. Ou seja, quando o conhecimento acumulado sobre o 
tema selecionado não foi suficientemente digerido, vários problemas se superpõem na mente do pesquisador, 
e suas tentativas de definir "o" problema resultam em proposições herméticas, intrincadas e nebulosas. O 
pesquisador só poderá formular a pergunta da pesquisa se fizer uma boa revisão de literatura, refletir, discutir 
com o orientador, reler parte do material, esboçar algumas perguntas, submetê-las ao orientador, descartar 
as menos pertinentes, reformular as outras, voltar a discutí-las, e assim por diante, até se fixar numa frase 
interrogativa que sintetize bem o problema da pesquisa. 
 O problema deve ser levantado, formulado, de preferência em forma interrogativa e delimitado com 
indicações das variáveis que intervêm no estudo de possíveis relações entre si. É um processo contínuo de 
pensar reflexivo, cuja formulação requer conhecimentos prévios do assunto, ao lado de uma imaginação 
criadora. O problema, antes de ser considerado apropriado, deve ser analisado sob o aspecto de sua 
valoração (MARCONI e LAKATOS, 2006): 
• Viabilidade: pode ser eficazmente resolvido através da pesquisa; 
• Relevância: deve ser capaz de trazer conhecimentos novos; 
• Novidade: estar adequado ao estágio atual da evolução científica; 
• Exeqüibilidade: pode chegar a uma conclusão válida; 
• Oportunidade: atender a interesses particulares e gerais. 
 
Uma forma de conceber um problema científico é relacionar vários fatores (variáveis independentes) 
com o fenômeno estudado. 
 
2.5. Determinação dos objetivos 
 Para Appolinário (2006), o objetivo de toda pesquisa, de uma maneira geral, será responder ao 
problema formulado no passo anterior, levando em consideração alguns fatores importantes como o tempo e 
os recursos disponíveis para a realização da pesquisa, a experiência anterior do pesquisador, as 
necessidades do programa de pesquisa ao qual o pesquisador está vinculado, entre outros. 
 Normalmente, os objetivos são definidos em dois níveis distintos: geral e especifico. Assim, toda 
pesquisa científica terá um único objetivo geral e um ou mais objetivos específicos. Deve haver uma perfeita 
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relação entre o problema de pesquisa e os objetivos da mesma, pois, se não fosse assim, a estruturação 
inicial desarticulada entre esses elementos certamente comprometeria os passos seguintes do trabalho 
científico (APPOLINÁRIO, 2006). 
 
2.6. Construção de hipóteses e indicação de variáveis 
 A hipótese é uma proposição que se faz na tentativa de verificar a validade de resposta existente 
para um problema. É uma suposição que antecede a constatação dos fatos e tem como característica uma 
formulação provisória: deve ser testada para verificar a sua validade. A hipótese sempre conduz a uma 
verificação empírica (MARCONI e LAKATOS, 2006). 
 De acordo com Salomon (2000), a hipótese e o problema formam um todo indivisível e a hipótese é 
considerada uma resposta provisória para o problema, de forma que para cada problema deveria haver, no 
mínimo, uma hipótese. 
 Para Appolinário (2006), as hipóteses, quando existirem, são elementos vitais em uma pesquisa 
científica, pois dirigirão todo o trabalho do pesquisador. Pode-se dizer que a pesquisa é um trabalho 
meramente voltado para a comprovação ou refutação de hipóteses. 
 Segundo Marconi e Lakatos (2006), não há regras para a formulação de hipóteses de trabalho de 
pesquisa científica, mas é necessário que haja embasamento teórico e que ela seja formulada de tal maneira 
que possa servir de guia na tarefa de investigação. 
 Appolinário (2006) apresenta um bom exemplo de formulação de hipóteses para um problema. O 
quadro 2.1 mostra a formulação de duas hipóteses para um problema relacionado ao tema da educação a 
distância. 
 
Quadro 2.1 - Exemplo de formulação de hipóteses 
Tema: Eficiência da educação a distância. 
Problema: Por que o rendimento dos estudantes em curso de inglês a distância, por meio da 
internet, é inferior ao dos estudantes de cursos presenciais? 
Hipótese 1: Porque a motivação psicológica dos estudantes de cursos virtuais encontra-se 
comprometida em virtude da falta de interação presencial. 
Hipótese 2: Porque a tecnologia educacional inerente aos cursos a distância não se encontra 
plenamente desenvolvida. 
Fonte: Appolinário (2006) 
 
 Ao se colocar o problema e se formular as hipóteses, deve-se fazer também a indicação das variáveis 
dependentes e independentes. Elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma operacional. 
Todas as variáveis que podem interferir ou afetar o objeto de estudo devem ser levadas em consideração e 
controladas, para impedir o comprometimento ou o risco de invalidar a pesquisa (MARCONI e LAKATOS, 
2006). 
 
2.7. Definição do método de pesquisa e das técnicas de coleta de dados 
 Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser selecionados desde 
a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra. A 
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seleção dos mesmos dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa, taiscomo a natureza dos 
fenômenos, o objeto de pesquisa, os recursos financeiros, a abordagem da pesquisa (qualitativa ou 
quantitativa, ou uma combinação dessas duas), a equipe humana, entre outros (MARCONI e LAKATOS, 
2006). 
 Os métodos quantitativos de pesquisa mais importantes são o experimento, a pesquisa levantamento 
(survey) e a modelagem e simulação. Os métodos qualitativos de pesquisa mais importantes são o estudo de 
caso, a pesquisa-ação e o soft system methodology. Algumas das técnicas de pesquisa que podem ser 
empregadas, muitas delas concomitantemente em qualquer um desses métodos, são a entrevista, o 
questionário, leitura de documentos, observação, entre outras. 
 As técnicas de pesquisa serão tratadas com mais detalhes no capítulo 5 desta apostila. Os métodos 
de pesquisa serão tratados, um a um, nos capítulos 7 a 12. 
 
2.8. Cronograma 
 Se o projeto de pesquisa que está sendo elaborado é para atender um edital de alguma entidade 
financiadora ou para o processo de seleção de algum programa de mestrado ou doutorado de uma faculdade 
ou universidade, o pesquisador deve preparar um cronograma que apresente as etapas do seu processo de 
pesquisa, assim como o tempo previsto para sua conclusão. 
 
2.9. Referências bibliográficas 
 Ao final do relatório de projeto de pesquisa, aparece um tópico denominado referências bibliográficas. 
Nesse tópico serão apresentadas as referências bibliográficas completas dos trabalhos citados na parte de 
referencial teórico do projeto de pesquisa. 
 Existem algumas normas que definem regras para a referenciação. Esse assunto será tratado com 
mais detalhes no capítulo 6. 
 
2.10. Agências financiadoras de projetos 
 Existem no Brasil algumas instituições que se propõem a financiar projetos de pesquisa. No nível 
nacional, temos o Finep, a Capes e o CNPq, por exemplo. No nível estadual, temos a Fapemig (Minas 
Gerais), a Fapesp (São Paulo), entre outras. 
 A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) é uma empresa pública vinculada ao Ministério da 
Ciência e Tecnologia (MCT). Foi criada em 24 de julho de 1967, para institucionalizar o Fundo de 
Financiamento de Estudos de Projetos e Programas, criado em 1965. Posteriormente, a FINEP substituiu e 
ampliou o papel até então exercido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 
seu Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico (FUNTEC), constituído em 1964 com a finalidade de 
financiar a implantação de programas de pós-graduação nas universidades brasileiras. 
 A capacidade de financiar todo o sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) , combinando 
recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis, assim como outros instrumentos, proporciona à FINEP grande 
poder de indução de atividades de inovação, essenciais para o aumento da competitividade do setor 
empresarial. 
 A FINEP (http://www.finep.gov.br) atua em consonância com a política do MCT, em estreita 
articulação com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Enquanto o 
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CNPq apóia prioritariamente pessoas físicas, por meio de bolsas e auxílios, a FINEP apóia ações de C,T&I de 
instituições públicas e privadas. 
Os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, criados a partir de 1999, são instrumentos de 
financiamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no País. Há 16 Fundos Setoriais, sendo 
14 relativos a setores específicos e dois transversais. Destes, um é voltado à interação universidade-empresa 
(FVA – Fundo Verde-Amarelo), enquanto o outro é destinado a apoiar a melhoria da infra-estrutura de 
Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs (Infra-estrutura). 
As receitas dos fundos são oriundas de contribuições incidentes sobre o resultado da exploração de 
recursos naturais pertencentes à União, parcelas do Imposto sobre Produtos Industrializados de certos 
setores e de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) incidente sobre os valores que 
remuneram o uso ou aquisição de conhecimentos tecnológicos/transferência de tecnologia do exterior. 
A FINEP disponibiliza as chamadas públicas em seu site, como ilustra a figura 2.1. Para a 
participação nas chamadas públicas, o interessado deve se cadastrar no portal inovação 
(http://www.portalinovacao.mct.gov.br/pi/), criado para promover a cooperação tecnológica. 
 
 
Figura 2.1 – Página de chamadas públicas do site do FINEP 
 
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) desempenha papel 
fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos 
os estados da Federação. 
As atividades da CAPES (http://www.capes.gov.br) podem ser agrupadas em quatro grandes linhas 
de ação, cada qual desenvolvida por um conjunto estruturado de programas: 
• avaliação da pós-graduação stricto sensu; 
• acesso e divulgação da produção científica; 
• investimentos na formação de recursos de alto nível no país e exterior; 
• promoção da cooperação científica internacional. 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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A CAPES tem sido decisiva para os êxitos alcançados pelo sistema nacional de pós-graduação, tanto 
no que diz respeito à consolidação do quadro atual, como na construção das mudanças que o avanço do 
conhecimento e as demandas da sociedade exigem. 
O sistema de avaliação, continuamente aperfeiçoado, serve de instrumento para a comunidade 
universitária na busca de um padrão de excelência acadêmica para os mestrados e doutorados nacionais. Os 
resultados da avaliação servem de base para a formulação de políticas para a área de pós-graduação, bem 
como para o dimensionamento das ações de fomento (bolsas de estudo, auxílios, apoios). 
Os editais que a CAPES patrocina são destinados a melhoria na capacitação dos 
pesquisadores/docentes e na promoção de eventos científicos (realização e participação), como ilustra a 
figura 2.2. 
 
 
Figura 2.2 – Página de editais abertos da CAPES 
 
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é uma agência do 
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) destinada ao fomento da pesquisa científica e tecnológica e à 
formação de recursos humanos para a pesquisa no país. Sua história está diretamente ligada ao 
desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil contemporâneo. A estrutura funcional do CNPq 
(http://www.cnpq.br) compreende uma Diretoria Executiva, responsável pela gestão da instituição, e um 
Conselho Deliberativo, responsável pela política institucional. 
Além de participar desses órgãos, a comunidade científica e tecnológica do país participa também em 
sua gestão e política por meio dos Comitês de Assessoramento e da Comissão de Assessoramento Técnico-
Científico. 
Os Editais são financiados com recursos próprios do CNPq ou de outros Ministérios e Fundos 
Setoriais. Uma página específica do site do CNPq (vide figura 2.3) apresenta as regras e normas dos diversos 
editais em andamento. Para a apresentação de propostas o pesquisador deve acessar a página de 
formulários onde se encontram os formulários adaptados a cada edital. 
 
 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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Figura 2.3 – Página de editais abertos do CNPq 
 
 No âmbito estadual, a Fundaçãode Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) foi 
criada pela Lei Delegada nº 10, de 28 de agosto de 1985. Ela tem suas atividades regidas pela Lei nº 11.552, 
de 03 de agosto de 1994 e por seus estatutos aprovados pelo Decreto nº 36.278, de 24 de agosto de 1994. A 
Fundação tem como finalidade promover atividades de fomento, apoio e incentivo à pesquisa científica e 
tecnológica no Estado de Minas Gerais. 
A Emenda à Constituição nº 17 institui no parágrafo único, do art. 212, prioridade a projetos que se 
ajustem às diretrizes básicas estabelecidas pelo Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia - Conecit -, 
definidos como essenciais ao desenvolvimento científico e tecnológico do Estado, e à reestruturação da 
capacidade técnico-científica das instituições de pesquisas do Estado, em conformidade com os princípios 
definidos nos Planos Mineiros de Desenvolvimento Integrado - PMDIs - e contemplados nos Programas dos 
Planos Plurianuais de Ação Governamental - PPAGs. 
A clientela da FAPEMIG (http://www.fapemig.br)é constituída por instituições sediadas em Minas 
Gerais ou pesquisadores que com elas mantenham vínculo permanente ou temporário. Nem todas as 
modalidades de atuação da FAPEMIG, se aplicam a todas as categorias de instituições-clientes. É necessário 
verificar, para cada modalidade, quais as categorias podem dela se beneficiar. 
A FAPEMIG realiza fomento de pesquisas a serem realizadas por pesquisadores ligados a 
instituições de ensino ou pesquisa sediadas em Minas Gerais e para melhoria da infra-estrutura para 
pesquisa, tais como: mestres e doutores em empresas, universal, programa pesquisador mineiro, 
manutenção de equipamentos de alto investimento, aquisição de livros, publicação de periódicos, apoio à 
criação e manutenção de NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica), como ilustra a figura 2.4. 
 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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Figura 2.4 – Página de editais abertos da FAPEMIG 
 
 Para a submissão dos projetos de pesquisa a FAPEMIG conta com uma ferramenta, denominada 
AgilFap (vide figura 2.5), onde todas as informações são postadas e encaminhadas para a fundação. 
 
 
Figura 2.5 – Página do AgilFap da FAPEMIG 
 
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é uma das principais 
agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. Com autonomia garantida por lei, a FAPESP 
está ligada à Secretaria de Ensino Superior do governo do Estado de São Paulo. 
Com um orçamento anual superior a R$ 400 milhões nos últimos três anos - correspondente a 1% do 
total da receita tributária do Estado - a FAPESP (http://www.fapesp.br) apóia a pesquisa e financia a 
investigação, o intercâmbio e a divulgação da ciência e da tecnologia produzida em São Paulo. 
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A FAPESP apóia a pesquisa científica e tecnológica por meio de Bolsas e Auxílios a Pesquisa que 
contemplam todas as áreas do conhecimento: Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da 
Terra, Engenharias, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciência Humanas, Lingüística, Letras e 
Artes. A página de editais pode ser vista na figura 2.6. 
 
 
Figura 2.6 – Página de editais abertos da FAPESP 
 
 Assim como em Minas Gerais e São Paulo, outros estados do país possuem órgãos de fomento tais 
como a FAPEMIG e a FAPESP. 
 Os editais abertos trazem consigo os regulamentos para atendimento aos mesmos (vide figura 2.7). 
O pesquisador necessita ler o regulamento do edital do qual pretende participar com muita atenção, para não 
deixar de atender a qualquer um de seus tópicos. Os regulamentos informam quem pode participar do edital, 
os recursos financeiros disponíveis, os itens financiáveis (equipamentos e material permanente, bolsas, 
material de consumo, gastos com despesas etc.), regras para submissão das propostas, critérios para 
julgamento da proposta, datas para recebimento das propostas etc. 
 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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Figura 2.7 – Exemplo de uma página de edital 
 
Exercícios do capítulo 2 
2.1) Faça uma pesquisa nos sites da Capes, CNPq, Finep e Fapemig. Quais são os editais em aberto? Quais 
desses editais poderiam atender ao grupo de pesquisa ao qual você pertence? 
2.2) Como se faz para montar um projeto solicitando apoio financeiro para participação coletiva em eventos 
de caráter científico e tecnológico na Fapemig? 
2.3) Elabore um projeto de pesquisa para o trabalho científico que você pretende desenvolver para a pós-
graduação. 
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CAPÍTULO CAPÍTULO CAPÍTULO CAPÍTULO 3333 
Fundamentação teórica 
 
3.1. O que é uma fundamentação teórica 
 A fundamentação teórica (também chamada de revisão bibliográfica, referencial teórico ou revisão de 
literatura) é uma visão crítica da pesquisa existente que é significante para o trabalho que o 
aluno/pesquisador está desenvolvendo. Deve-se tomar o cuidado de não se confundir a fundamentação 
teórica com um resumo. Apesar de que resumir os trabalhos de outros pesquisadores seja importante, o 
aluno/pesquisador deve analisar este trabalho, mostrar relações entre os diferentes trabalhos e, finalmente, 
mostrar como os trabalhos anteriores se relacionam com o seu próprio trabalho. Não se pode apenas 
descrever os trabalhos de outros pesquisadores. 
 Rowley e Slack (2004) afirmam que a fundamentação teórica identifica e organiza os conceitos 
encontrados em trabalhos relevantes. Seu objetivo é captar o estado da arte de um campo do conhecimento. 
A partir dessa revisão de trabalhos antigos (clássicos) e recentes, torna-se possível identificar áreas nas 
quais uma pesquisa mais profunda poderia ser benéfica. De fato, os parágrafos finais da fundamentação 
teórica deveriam conduzir para a apresentação das proposições e da metodologia da pesquisa. 
Uma fundamentação teórica é uma consideração do que foi publicado em um dado tema por 
estudiosos e pesquisadores credenciados. Ao se escrever uma fundamentação teórica, o propósito é 
comunicar aos leitores quais conhecimentos e idéias foram estabelecidas acerca desse tema e quais são os 
seus pontos fortes e os seus pontos fracos. Como uma parte do texto de um artigo ou de uma 
dissertação/tese, a fundamentação teórica deve ser definida por um conceito que a direciona (por exemplo, o 
objetivo de pesquisa, o problema ou assunto que está sendo discutido, ou a argumentação de uma tese). 
Uma boa fundamentação teórica deve atender ao seguinte: 
• Ser organizada e relacionada diretamente com o tema do trabalho de pesquisa ou com a questão de 
pesquisa que está sendo desenvolvida; 
• Identificar a literatura na qual a pesquisa dará uma contribuição e contextualizar a pesquisa dentro dessa 
literatura; 
• Construir um entendimento dos conceitos teóricos e das terminologias utilizadas; 
• Sintetizar os resultados em um resumo do que é conhecido e do que não se conhece sobre o assunto; 
• Identificar áreas de controvérsias na literatura; 
• Facilitar a elaboração de uma bibliografia ou lista de fontes que foramconsultadas; 
• Formular questões que necessitam de pesquisa mais profunda. 
 
Considere a figura 3.1. Nela pode-se apreciar visualmente o processo de integrar um artigo ao 
esboço de uma fundamentação teórica. 
Como primeiro passo, deve-se ler o artigo e avaliar qual a relevância dele para a sua área de estudo. 
Se ele for considerado relevante, considere a hipótese de selecionar uma parte deste artigo que seja 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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apropriada para uma discussão (por exemplo, pode ser o tópico referente ao método de pesquisa 
empregado). Qual método foi empregado? Essa abordagem já havia sido utilizada anteriormente? 
Posteriormente, analise o artigo sob a luz de outros artigos e trabalhos de pesquisa. Qual a relação 
dele com os trabalhos realizados por outros pesquisadores? 
Algum método similar já foi adotado ou este artigo é revolucionário? Compare este artigo com 
trabalhos de outros pesquisadores e avalie as abordagens e métodos utilizados. Existem algumas vantagens 
ou desvantagens aparentes? 
Pode-se, então, ligar os resultados da comparação anterior com o trabalho que se está 
desenvolvendo. Talvez surja a seguinte pergunta: qual a relação desses outros trabalhos com a pesquisa que 
está sendo desenvolvida? Pode não existir um relacionamento claro e direto imediatamente, mas lembre-se 
que o objetivo principal da fundamentação teórica é desenvolver uma idéia de como a sua pesquisa pode 
estar ligada e visualizada como uma extensão de uma área existente. 
 
 
Figura 3.1 – Como integrar um artigo na fundamentação teórica 
 
 Portanto, uma fundamentação teórica feita apropriadamente pode auxiliar o pesquisador a sustentar 
ou refutar argumentos que ele desenvolveu, assim como ajudá-lo a desenvolver suas próprias teorias e 
proposições. 
 
3.2. A importância de se escrever uma fundamentação teórica 
 Antes de investigar mais a fundo qualquer teoria ou argumento que tenha sido desenvolvida, é 
necessário descobrir o que outras pessoas pesquisaram sobre esta área. Realizar este tipo de levantamento 
preliminar pode render informações úteis na forma de palavras-chave e assuntos-chave, a base para uma 
investigação mais aprofundada. 
 Ao se elaborar uma fundamentação teórica para uma dissertação (mestrado) ou tese (doutorado), 
espera-se que ela cubra as principais linhas de pensamento e investigue os mais significantes e recentes 
trabalhos, bem como introduza alguns dos mais proeminentes pesquisadores da área. Nesse ponto, os 
orientadores cumprem um papel importante de indicar alguns autores clássicos sobre o tema, de forma a 
tornar a fundamentação teórica o mais completa possível. 
 Uma dúvida que pode surgir é: quantos trabalhos devem ser pesquisados, lidos e utilizados na 
fundamentação teórica? 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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 Segundo Brown (2002), a tabela 3.1 apresenta um simples guia de quantas fontes de informação 
deveriam ser citadas ou lidas para cada classe de trabalho científico. Entretanto, ficar muito abaixo das faixas 
sugeridas pode fazer com que o seu trabalho de pesquisa desconsidere boa parte da literatura relevante 
disponível. 
 
Tabela 3.1 – Guia para número de documentos adequado para uma fundamentação teórica 
Tipo de trabalho científico 
No. de documentos que se 
espera que sejam citados 
No. de documentos que se 
espera que sejam lidos 
Tese de doutorado 100 a 200 400 a 700 
Dissertação de mestrado 50 a 100 100 a 200 
Artigo para revista científica (journal) 12 a 25 25 a 50 
Fonte: Brown (2002) 
 
 Demo (2000) aponta que a fundamentação teórica serve inicialmente para duas situações: elaborar 
hipóteses e fornecer subsídios para arranjar argumentações que possam sustentar ou refutar as hipóteses. 
Afinal, para que se possa estabelecer uma hipótese interessante é necessário que o pesquisador tenha lido 
sobre o assunto, permitindo-se posicionar entre conceitos e polêmicas, perguntas e respostas. Para que se 
possa argumentar sobre essas hipóteses, é preciso estudar a bibliografia pertinente, de modo sistemático e 
reconstrutivo, para construir uma base teórica de caráter explicativo. Ou seja, a teoria é necessária para 
oferecer condições de explicativas dos fenômenos, trabalhando a razão de ser assim e não de outra maneira. 
Como neste momento ainda não é possível verificar as hipóteses, torna-se tanto mais necessário 
fundamentar o que se pretende dizer buscando apoio na literatura disponível e, a seguir, tecendo a 
montagem própria da argumentação. 
Além disso, a fundamentação teórica auxilia também a olhar criticamente a realidade sob a forma dos 
trabalhos publicados. Segundo Torraco (2005), a análise crítica da literatura envolve o exame cuidadoso das 
principais idéias e relações de um dado tema e formulação de uma crítica na literatura existente. A crítica é a 
avaliação crítica do quão bem a literatura representa um dado assunto. 
Essa análise crítica geralmente requer que o pesquisador primeiro desconstrua um tema em seus 
elementos básicos. Isso pode incluir a história e origem desse tema, seus conceitos principais, as relações 
chaves através das quais os conceitos interagem, métodos de pesquisa, aplicações do tema, etc. Uma 
análise cuidadosa frequentemente expõe um conhecimento que pode ser aceito como verdadeiro ou oculto 
por anos de pesquisa interveniente. Isso permite que o pesquisador reconstrua conceitualmente o tema para 
um melhor entendimento e avalie como o tema está representado na literatura. 
O resultado da análise crítica é a crítica, define Torraco (2005). A crítica identifica os pontos fortes e 
as contribuições chave da literatura, assim como as deficiências, omissões, inexatidões e outros aspectos 
problemáticos da literatura. A crítica deveria identificar aspectos de um fenômeno que estão perdidos, 
incompletos ou fracamente representados na literatura, assim como inconsistências entre as perspectivas 
publicadas sobre o tema. Ela também identifica o conhecimento que deveria ser criado ou aperfeiçoado a luz 
dos desenvolvimentos recentes sobre o tema. Assim, destacando-se os pontos fortes e identificando as 
deficiências na literatura existente, a análise crítica é uma etapa necessária para o crescimento da base de 
conhecimento. 
 
 
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Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas quantitativas e qualitativas 
 
 
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3.3. Como escrever uma boa fundamentação teórica 
 Uma fundamentação teórica de alta qualidade é completa e focada em conceitos. Uma revisão 
completa cobre a literatura relevante sobre o tema e não se baseia em uma única metodologia de pesquisa, 
um único grupo de periódicos ou uma única região geográfica (WEBSTER e WATSON, 2002). 
 Torraco (2005) afirma que a organização da revisão começa com uma coerente estruturação 
conceitual do tema. Porém, para tal, Webster e Watson (2002) recomendam que uma abordagem estruturada 
deva ser empregada para determinar a fonte do material. Segundo eles, a maiores contribuições geralmente 
se encontram nos principais periódicos. Esses periódicos podem ser acessados das bases eletrônicas de 
dados, mas os artigos publicados em congressos também devem ser examinados. A partir de alguns artigos 
selecionados, analise suas citações para identificar alguns artigos publicados anteriormente e que merecem 
ser analisados. A partir

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