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MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISAO TRAZIDAS PELA LEI N 12 403 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
 
NAIRA KARINA OLIVEIRA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO TRAZIDAS PELA 
LEI Nº 12.403/2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
 
NAIRA KARINA OLIVEIRA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO TRAZIDAS PELA 
LEI Nº 12.403/2011 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, 
como requisito parcial para a obtenção do título de 
Bacharel em Direito. 
Orientador: Prof. Luiz Renato Skroch Andretta 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
NAIRA KARINA OLIVEIRA MACHADO 
 
 
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO TRAZIDAS PELA 
LEI Nº 12.403/2011 
 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em Direito no Curso de 
Direito da Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
Curitiba, de de 2015. 
 
 
 
_____________________________________ 
Professor Doutor Eduardo de Oliveira Leite 
Coordenador do Núcleo de Monografias do Curso de Direito 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
 
Orientador: _____________________________________ 
Prof. Luiz Renato Skroch Andretta 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
_____________________________________ 
Prof. 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
 
_____________________________________ 
Prof. 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos meus pais, irmãos e amigos por todo carinho, compreensão e paciência a mim 
dedicados, não apenas durante a elaboração deste trabalho, mas em toda a 
graduação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma 
nação." 
Oscar Wilde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente estudo tem por objetivo explorar as medidas cautelares alternativas à 
prisão, introduzidas no ordenamento jurídico brasileiro pela Lei 12.403/2011. 
Faremos um breve resumo histórico da aplicação das medidas cautelares no Brasil, 
passando pelas novidades trazidas pela nova lei, chegando finalmente nas medidas 
cautelares em espécie, com foco no instituto da fiança e da monitoração eletrônica. 
 
Palavras-chave: Processo Penal; Medidas cautelares alternativas à Prisão; Fiança; 
Monitoração eletrônica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This study aims to explore the alternatives to prison precautionary measures 
introduced in the Brazilian legal system by the Law 12.403/2011. We will make a 
brief historical summary of the application of the precautionary measures in Brazil, 
passing through the novelty of the new law, finally reaching the precautionary 
measures in kind, focusing on the Institute of bail and electronic monitoring. 
 
Key words: Penal process; Alternative precautionary measures; Bail; Electronic 
monitoring. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 08 
2 BREVE HISTÓRICO DAS MEDIDAS CAUTELARES NO BRASIL ............ 10 
3 AS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 12.403/2011 ................................. 13 
4 REQUISITOS PARA A APLICAÇÃO DA MEDIDAS CAUTELARES .......... 16 
5 MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO .................................... 19 
5.1 COMPARECIMENTO EM JUÍZO .................................................................. 19 
5.2 PROIBIÇÃO DE ACESSO A DETERMINADOS LUGARES.......................... 20 
5.3 PROIBIÇÃO DE CONTATO .......................................................................... 21 
5.4 PROIBIÇÃO DE AUSENTAR-SE DA COMARCA......................................... 21 
5.5 RECOLHIMENTO DOMICILIAR.................................................................... 22 
5.6 SUSPENSÃO DA FUNÇÃO OU ATIVIDADE ............................................... 22 
5.7 INTERNAÇÃO PROVISÓRIA ....................................................................... 23 
5.8 FIANÇA ......................................................................................................... 24 
5.9 MONITORAÇÃO ELETRÔNICA ................................................................... 27 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 28 
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 29 
ANEXOS ............................................................................................................. 31 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Segundo Gomes (2011, p. 33) as medidas cautelares possuem natureza 
instrumental, não podendo constituir um fim em si mesmas, prestando apenas como 
garantia da aplicação da lei penal, eficácia do processo ou da investigação ou ainda 
para evitar novas infrações penais. 
Nesse sentido, Lima (2011, p.14) nos ensina que: “O processo penal serve 
para a tutela da liberdade assim como para efetivação do direito de punir do Estado. 
O Antigo conflito entre liberdade e castigo também está presente nas medidas 
cautelares. As medidas constituem um meio para que a jurisdição alcance suas 
finalidades”. 
O surgimento das novas medidas cautelares deu-se em razão da 
necessidade de adequação do processo penal brasileiro à Constituição Federal de 
1988, tendo em vista que o Código de Processo Penal vigente foi instituído em 1941, 
quase 50 anos antes da entrada em vigor da Carta Magna, sendo materialmente 
incompatível com a mesma em diversos pontos. 
Em função da instrumentalidade das medidas cautelares, a Lei 12.403/2011 
introduziu no sistema processual penal brasileiro outras nove medidas cautelares de 
natureza pessoal diversas da prisão, são elas: comparecimento em juízo, proibição 
de acesso a determinados lugares, proibição de contato, proibição de ausentar-se 
da comarca, recolhimento domiciliar, suspensão da função ou atividade, internação 
provisória, fiança e a monitoração eletrônica (BRASIL, 2011). 
Quando entrou em vigor em julho de 2011 a Lei 12.403 tornou imperativa a 
revisão prisional de boa parte da população carcerária, possibilitando assim, a 
liberdade de muitos dos detentos submetidos a algum tipo de prisão cautelar, 
eventualmente substituída por medidas alternativas. 
Na época o setor carcerário padecia de grave crise, com rebeliões 
acontecendo por todo o Brasil, principalmente em razão da superlotação e de 
precárias ou nulas condições para a dignidade da pessoa humana. 
O Conselho Nacional de Justiça, depois da realização de Mutirões 
Carcerários, constatou que diversas prisões eram irregulares ou ilegais, 
demonstrando que a maior parcela dos presos não estava cumprindo sanção estatal 
definitiva, mas ainda respondendo a ação penal, falta gravíssima contra o princípio 
da presunção da inocência e o estado democrático de direito. 
9 
 
 
Depois da reforma processual de 2011 passam a ser admitidas apenas 02 
(duas) formas de prisão cautelar judicial, a preventiva e a prisão temporária. A prisão 
em flagrante não tem mais força para manter o agentesegregado provisoriamente. 
É sabido que existem outras medidas cautelares previstas no ordenamento 
jurídico brasileiro, como é o caso daquelas trazidas pela Lei Maria da Penha, mas 
para fins acadêmicos abordaremos apenas as medidas cautelares alternativas à 
prisão trazidas pela Lei 12.403/2011. 
Desta forma, o presente estudo firma-se em discorrer acerca da aplicação 
das medidas cautelares pessoais alternativas diversas da prisão, fazendo uma 
exposição geral acerca de todas as medidas, mostrando em quais oportunidades 
cada uma delas pode/deve ser aplicada, dando atenção especial ao instituto da 
fiança e da monitoração eletrônica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
2 BREVE HISTÓRICO DAS MEDIDAS CAUTELARES NO BRASIL 
O Brasil em seu período colonial contava com vários instrumentos para a 
obtenção da liberdade provisória. As Ordenações Afonsinas traziam as Cartas de 
Seguro, da homenagem, da palavra de fiéis carcereiros e da fiança (COSTA E 
OLIVEIRA, 2013, p. 7). 
Sobre as Cartas de Seguro, Pacelli de Oliveira (2013 apud ALMEIDA 
JÚNIOR, 1959) nos diz que tal medida era: ‘... um remédio com que então quis se 
obstar a vindita particular permitida naqueles tempos (Ord. L. II, tít. 26, § 2). Com o 
andar do tempo foram tendo as ditas Cartas o restrito fim de eximirem os réus da 
prisão para se livrarem soltos dentro do tempo por elas concedido’. 
Uma figura interessante existente no período colonial era a dos fiéis 
carcereiros, pessoas de confiança do Estado que se responsabilizavam pela guarda 
e apresentação do réu quando se tratasse de crimes de menor potencial ofensivo, 
ou ainda quando o réu encontrasse enfermo ou em local remoto (COSTA E 
OLIVEIRA, 2013, p. 8). 
Com a outorga da Constituição do Império em 1824, no chamado período 
imperial brasileiro, a única medida que garantia a liberdade provisória do acusado 
era a fiança, prevista no art. 179, IX, da Carta Magna, sendo abolidas as demais 
formas de concessão da liberdade provisória (Art. 113, Constituição do Império) 
(COSTA E OLIVEIRA, 2013, p. 8 e 9). 
O Código de Processo Penal de 1941, claramente inspirado no Código de 
Processo Penal Italiano de 1930 reflete o regime fascista da época: a prisão em 
flagrante era indicativo de culpabilidade do indivíduo sendo o flagrante suficiente 
para a manutenção da prisão (GOMES, 2011, p. 23). 
Até a edição da lei 12.403/2011 o sistema processual penal brasileiro era 
binário/bipolar, ou seja, o réu responderia ao inquérito ou ação penal em liberdade 
ou encarcerado (GOMES, 2011, p. 27). A prisão era a regra e a liberdade à exceção, 
é o que se extrai da antiga redação do art. 311 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 311. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, 
caberá a prisão preventiva, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do 
Ministério Público, ou do querelante, ou mediante representação da 
autoridade policial, quando houver prova da existência do crime e indícios 
suficientes da autoria. 
 
11 
 
 
A severidade do procedimento cautelar penal brasileiro cumulou na 
superlotação dos estabelecimentos prisionais. Segundo análise do Conselho 
Nacional de Justiça, em 2010 o Brasil contava com mais de 200 mil presos em 
situação provisória constituindo cerca de 44% da população carcerária, ou seja, 
quase metade da população carcerária brasileira não possuía sentença penal 
condenatória em seu desfavor (GOMES, 2011, p. 28). 
Bittencourt (2001, p. 156-157), faz um breve relato sobre as reais condições 
enfrentadas pelos detentos brasileiros: 
 
a) maus tratos verbais ou de fato (castigos sádicos, crueldade injustificadas, 
etc.); b) superlotação carcerária (a população excessiva reduz a privacidade 
do recluso, facilita os abusos sexuais e de condutas erradas); c) falta de 
higiene (grande quantidade de insetos e parasitas, sujeiras nas celas, 
corredores); d) condições deficientes de trabalho (que pode significar uma 
inaceitável exploração do recluso); e) deficiência dos serviços médicos ou 
completa inexistência; f) assistência psiquiátrica deficiente ou abusiva 
(dependendo do delinqüente consegue comprar esse tipo de serviço para 
utilizar em favor da sua pena); g) regime falimentar deficiente; g) elevado 
índice de consumo de drogas (muitas vezes originado pela venalidade e 
corrupção de alguns funcionários penitenciários ou policiais, que permitem o 
trafico ilegal de drogas); i) abusos sexuais (agravando o problema do 
homossexualismo e onanismo, traumatizando os jovens reclusos recém 
ingressos); j) ambiente propicio a violência (que impera a lei do mais forte 
ou com mais poder, constrangendo os demais reclusos) 
 
Tais fatores culminaram no final da última década em motins e rebeliões por 
todo o pais. Diante desse quadro o Poder Legislativo, em comunhão de esforços 
com o Poder Executivo, pressionados pela mídia, tinham 02 (duas) opções: punir 
mais severamente os presos que promoviam as rebeliões e, neste caso, ameaçar 
iniciar uma guerra civil contra o Crime Organizado ou abrandar a situação, 
promovendo benesses na legislação que apaziguariam os ânimos mais exaltados. 
Sobre o tema, fazemos menção à lição de Mirabete (2004, p.496): 
 
Sabido que é um mal a prisão do acusado antes do trânsito em julgado da 
sentença condenatória, o direito objetivo tem procurado estabelecer 
institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo 
com a presença do imputado sem o sacrifício da custódia, que só deve 
ocorrer em casos de absoluta necessidade. Tenta-se assim conciliar os 
interesses sociais, que exigem a aplicação e a execução da pena ao autor 
do crime, e os do acusado de não ser preso senão quando considerado 
culpado por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
12 
 
 
Assim sendo, nos idos do ano de 2011 o Congresso Nacional a aprovou, 
ainda que tardiamente o projeto de lei 4.208/2001 que promoveu a mais recente 
grande reforma do processo penal brasileiro, em especial nas medidas cautelares 
penais, na tentativa de abrandar o ânimo dos reclusos e promover a ordem nos 
departamentos prisionais, mas tendo como escopo a tão esperada modernização e 
adequação do processo penal brasileiro ao sistema constitucional pátrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
3 AS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 12.403/2011 
A promulgação da Constituição Federal de 1988 incompatibilizou o Código 
de Processo Penal de 1941, já ultrapassado nos idos de 1980, com a nova ordem 
jurídica vigente, visivelmente garantista. 
É nítida tamanha discrepância quando comparamos o sistema processual 
penal baseado na presunção da culpabilidade, vigente até então com os princípios 
da presunção da inocência e do devido processo legal, garantias fundamentais, 
trazidos no art. 5º, incisos LIV e LVII da Constituição Federal de 1988: 
 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal; 
[...] 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória; 
 
Nesse sentido Pacelli (2009, p. 12) elucida que: 
 
A incompatibilidade entre os modelos normativos do citado Decreto-lei nº 
3.689, de 1941 e da Constituição de 1988 é manifesta e inquestionável. A 
configuração política do Brasil de 1940 apontava em direção totalmente 
oposta ao cenário das liberdades públicas abrigadas no atual texto 
constitucional. E isso, em processo penal, não só não é pouco, como 
também pode ser tudo. 
 
A alteração legislativa ocorrida em 2011 deriva do projeto de lei 4.208 de 
2001 de iniciativa doPoder Executivo. Percebe-se que os operadores do direito 
tiveram de conviver por um longo tempo com o código de processo penal de 1941 
em sua redação antiga orientada pelo sistema binário cautelar, tendo de fazer 
malabarismos para promover uma interpretação à luz da constituição a tal 
dispositivo. 
A reforma proporcionada pela Lei 12.403/2011 no Código de Processo Penal 
reduziu a duas as hipóteses de prisão cautelar: a temporária e a preventiva, tendo 
em vista que a prisão em flagrante será revogada ou convertida em preventiva 
quando presentes os requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, tornando 
a prisão cautelar de fato a ultima ratio no processo penal brasileiro (GOMES, 2011, 
p. 25). 
Com a entrada em vigor da lei 12.403/2011 o sistema processual penal 
brasileiro passou a contar com outras nove medidas cautelares de natureza pessoal 
14 
 
 
diversas da prisão, são elas: comparecimento em juízo, proibição de acesso a 
determinados lugares, proibição de contato, proibição de ausentar-se da comarca, 
recolhimento domiciliar, suspensão da função ou atividade, internação provisória, 
fiança e a monitoração eletrônica (BRASIL, 2011). 
As novas medidas podem ser aplicadas individualmente ou em conjunto 
(GOMES, 2011, p. 27), devendo o magistrado observar os critérios legais previstos e 
a situação fática para a sua aplicação. Tal entendimento é compartilhado e aplicado 
por magistrados brasileiros, conforme se extraí do recorte jurisprudencial que segue: 
 
"HABEAS CORPUS". TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. PRISÃO 
PREVENTIVA. PEDIDO DE REVOGAÇÃO. LEI 12.403/2011. PRINCÍPIO 
DA ADEQUAÇÃO E DA NECESSIDADE. OUTRAS MEDIDAS 
CAUTELARES SUFICIENTES NA ESPÉCIE. COMPARECIMENTO 
PERIÓDICO EM JUÍZO E PROIBIÇÃO DE AUSENTAR-SE DA COMARCA. 
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA PARA REVOGAR A PRISÃO 
PREVENTIVA DO PACIENTE CUMULADA COM DUAS MEDIDAS 
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. OFICIAR. 1. [...]2. Sendo o 
paciente primário, portador de bons antecedentes, não sendo dedicado a 
atividades delituosas, nem integrante de organização criminosa, evidencia-
se a possibilidade de aplicação de eventuais benefícios penais, em sede de 
eventual condenação, em especial, quando a quantidade de droga 
apreendida não é elevada, razão pela qual a prisão cautelar configuraria 
medida mais gravosa que eventual reprimenda a ser aplicada. 3. A Lei 
12.403/2011, que alterou substancialmente o sistema das prisões no 
Código de Processo Penal, prevê de forma expressa o princípio da 
proporcionalidade, composto por dois outros, quais sejam: adequação 
e necessidade. 4. A prisão preventiva, espécie de medida cautelar, 
passou a ser exceção na sistemática processual, dando, o quanto 
possível, promoção efetiva ao princípio constitucional da não-
culpabilidade. 5. Possível a aplicação de outras medidas cautelares, a 
prisão deve ser evitada. 6. Ordem parcialmente concedida para revogar 
a prisão preventiva do paciente, aplicando duas medidas cautelares 
diversas da prisão. Oficiar. (TJ-MG - HC: 10000140636705000 MG , 
Relator: Marcílio Eustáquio Santos, Data de Julgamento: 11/09/2014, 
Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 
18/09/2014). [sem grifo no original] 
 
Quando verificamos casos concretos percebe-se que, de fato os 
magistrados estão buscando a real efetividade das medidas cautelares alternativas, 
mesmo que para tanto precisem acumular sua aplicação. O Tribunal de Justiça do 
Paraná, em determinado caso aplicou quatro medidas cautelares alternativas a um 
único acusado: 
 
HABEAS CORPUS. LIBERDADE PROVISÓRIO CONCEDIDA CUMULADA 
COM AS MEDIDAS CAUTELARES DE COMPARECIMENTO PERIÓDICO 
TRIMESTRAL, PROIBIÇÃO DE ACESSO OU FREQUÊNCIA AO LOCAL 
ONDE OCORRERAM OS FATOS, PROIBIÇÃO DE MANTER CONTATO 
15 
 
 
DIRETAMENTE OU POR INTERPOSTA PESSOA COM AS VÍTIMAS OU 
TESTEMUNHAS E O RECOLHIMENTO DOMICILIAR NO PERÍODO 
NOTURNO E NOS DIAS DE FOLGA. REVOGAÇÃO DAS 
MEDIDAS.IMPOSSIBILIDADE. PRESENÇA DOS REQUISITOS 
AUTORIZADORES. INTELIGÊNCIA DO ART. 282 DO CPP. ORDEM 
DENEGADA.PRESENTES OS REQUISITOS AUTORIZADORES DO 
ARTIGO 282 DO CPP, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM REVOGAÇÃO DAS 
MEDIDAS CAUTELARES IMPOSTAS. I - (TJPR - 2ª C.Criminal - HCC - 
1236898-8 - Foro Regional de São José dos Pinhais da Comarca da Região 
Metropolitana de Curitiba - Rel.: Roberto Antônio Massaro - Unânime - - J. 
15.12.2014). [sem grifo no original] 
 
Ao final deste trabalho faremos uma avaliação acerca do impacto produzida 
pela inserção das novas medidas no ordenamento jurídico brasileiro. De antemão 
pode-se perceber que não se tratou de mera alteração formal na legislação, mas 
que de fato, as medidas passaram a ser adotadas tão logo foram implantadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
4 REQUISITOS PARA A APLICAÇÃO DA MEDIDAS CAUTELARES 
A aplicação das medidas cautelares deve se sujeitar ao princípio ou critério 
da proporcionalidade, expresso pelo binômio da necessidade x adequação, previsto 
no art. 282 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser 
aplicadas observando-se a: 
 I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a 
instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a 
prática de infrações penais; 
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e 
condições pessoais do indiciado ou acusado. 
 
Para o presente estudo basta termos em mente que proporcionalidade ou 
proibição do excesso mencionada anteriormente é voltada para a efetiva proteção 
dos direitos fundamentais, sem entrar no mérito da classificação da 
proporcionalidade como princípio, critério ou nenhum dos dois. (COSTA E 
OLIVEIRA, 2013, p. 31). 
A proporcionalidade subdivide-se em três subprincípios ou critérios: a 
adequação, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. 
A medida cautelar a ser aplicada deve ser a mais adequada/apropriada para 
atingir os fins buscados com a persecução penal; alguns doutrinadores afirmam que 
a medida adotada deve promover a realização de determinada finalidade. 
Nesse sentido Mendes e Branco (2011, p. 257): “O subprincípio da 
adequação (geeinetheit) exige que as medidas interventivas adotadas se mostrem 
aptas a atingir os objetivos pretendidos”. 
Tratando-se da necessidade, cabe ao magistrado analisar dentre as 
medidas possíveis e aplicar aquela que se mostrar menos agravante aos direitos 
fundamentais do acusado sem deixar de atingir os fins a que se presta. 
Quando se fala em proporcionalidade em sentido estrito tem se em mente o 
critério imposto ao magistrado que o obriga a ponderar sobre a relevância dos 
valores em conflito no momento da prisão em flagrante, por exemplo a liberdade do 
acusado versus a garantia da ordem econômica. 
Conforme assevera Pacelli de Oliveira (2013, p.33): 
 
A adequação expressa no inciso II do art. 282 do CPP remete à relação 
meio-fim, que deve nortear a escolha do juiz pela medida mais apropriada e, 
17 
 
 
portanto, que se apresente mais eficaz em preservar o processo – quiçá, a 
ordem pública, ante a probabilidade de reiteração criminosa – contra os 
riscos que se evidenciam pela análise das circunstâncias apuradas no plano 
concreto. 
 
A adoção de mediadas cautelares pessoais diversas da prisão não afastou 
do ordenamento jurídico a possibilidade de decretação de prisão preventiva. O que 
se busca com a adoção das novas medidas é evitar o encarceramento 
desnecessário, principalmente quando se tem consciência das chamadas “escolas 
do crime” que se tornaram nossos estabelecimentos prisionais. 
Em alguns casos, feita a análise das circunstâncias fáticas, a gravidade docrime e as condições pessoais do acusado/indiciado, resta claro que a melhor opção 
pode ser a prisão preventiva (COSTA E OLIVEIRA, 2013, p. 35). Existem também os 
casos onde a aplicação de medidas alternativas não surtiu o efeito esperado, 
podendo o acusado até mesmo ter voltado a delinquir. Assim sendo, não restam 
dúvidas que a prisão preventiva pode ser a melhor opção para tais casos frente as 
suas peculiaridades, sem deixar de ser à prisão a ultima ratio. 
Tal procedimento vem sendo adotado por magistrados em todo pais, 
conforme se verifica do recorte jurisprudencial transcrito a seguir: 
 
HABEAS CORPUS – ROUBO QUALIFICADO (QUADRILHA OU BANDO) – 
PRISÃO PREVENTIVA – PLURALIDADE DE RÉUS - FEITO COMPLEXO - 
APLICAÇAO DO PRINCIPIO DA RAZOABILIDADE E 
PROPORCIONALIDADE- NECESSIDADE DA SEGREGAÇAO CAUTELAR 
PARA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA 
INSTRUÇAO CRIMINAL - EXTENSAO DE BENEFICIO AO PACIENTE -
INVIABILIDADE- CONSTRANGIMENTO ILEGAL POR EXCESSO DE 
PRAZO- NAO DEMOSTRADA -ORDEM DENEGADA. 1. [...]. 2. A custódia 
cautelar do Paciente se faz necessária para a garantia da ordem pública e 
por conveniência da instrução criminal, consubstanciada em fundamentos 
válidos e concretos suficientemente demostrados nos autos. 3. Não resta 
caracterizado o alegado constrangimento ilegal por excesso de prazo face à 
regular tramitação do feito, sendo iminente o encerramento da instrução. 4. 
Ordem denegada. [sem grifo no original] 
 
Cabe ressaltar que o rol das medidas cautelares presentes no art. 319 do 
Código de Processo Penal é taxativo, ou seja, o magistrado deve-se ater as medidas 
providas pelo legislador (GOMES apud GOMES FILHO, 1991, p. 57). Nesse sentido 
se alinha a jurisprudência do Superior Tribunal Federal: 
 
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A ORDEM 
TRIBUTÁRIA E CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRISÃO 
18 
 
 
PREVENTIVA REVOGADA COM DETERMINAÇÃO DE AFASTAMENTO 
DO CARGO. ART. 20, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.429/92. 
APLICAÇÃO NO PROCESSO PENAL. INVIABILIDADE. PODER GERAL 
DE CAUTELA NO PROCESSO PENAL PARA FINS RESTRITIVOS. 
INEXISTÊNCIA. 1. É inviável, no seio do processo penal, determinar-se, 
quando da revogação da prisão preventiva, o afastamento do cargo 
disciplinando no art. 20, parágrafo único, da Lei 8.429/92, previsto para 
casos de improbidade administrativa. 2. Não há falar, para fins restritivos, 
de poder geral de cautela no processo penal. Tal concepção esbarra 
nos princípios da legalidade e da presunção de inocência. 3. Ordem 
concedida para revogar a providência do art. 20, parágrafo único, da Lei n. 
8.429/92, determinada pelo Tribunal a quo, no seio da ação penal n. 
2007.70.09.001531-6, da 1.ª Vara Federal de de [sic] Ponta Grossa/PR. 
(STJ - HC: 128599 PR 2009/0027065-3, Relator: Ministra MARIA THEREZA 
DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 07/12/2010, T6 - SEXTA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 17/12/2010). [sem grifo no original] 
 
Não existe em processo penal o chamado poder geral de cautela, comum 
em processo civil, não cabe ao magistrado criar novas medidas além daquelas 
previstas no ordenamento jurídico pátrio tendo em vista o imperativo princípio da 
legalidade, essencial em um estado democrático de direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
5 MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO 
Feitos os esclarecimentos necessários, passamos a expor as medidas 
cautelares de natureza pessoal diversas da prisão propriamente ditas, conforme 
previstas no art. 319 do Código de Processo Penal. 
 
5.1 COMPARECIMENTO EM JUÍZO 
O comparecimento em juízo foi uma das formas encontradas pelo legislador 
para exercer certa vigilância sobre o acusado/indiciado, saber quais são suas 
atividades, tal como onde reside e se está empregado ou não 
 É também uma forma de fazer com que o acusado acompanhe os atos do 
processo, ainda que constitua um direito seu. O comparecimento periódico em juízo 
está previsto no inciso I do art. 319 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas 
pelo juiz, para informar e justificar atividades; 
 
Vejamos o parecer de Nucci (2012, p. 619 e 620) sobre a medida: 
 
A condição é conhecida de outros institutos penais, como a suspensão 
condicional da pena, do regime aberto, do livramento condicional, entre 
outros. Parece-nos uma das mais adequadas medidas para se decretar 
durante a instrução assegurando, em tese, um controle sobre o 
comportamento do acusado. O prazo e as condições, estabelecidos pelo 
juiz, devem circunscrever-se dentro do razoável [...]. 
 
Conforme menciona o doutrinador a lei não fixou a duração do intervalo para 
o comparecimento em juízo, desse modo fica a cargo do magistrado estabelecer um 
período de tempo razoável, não sendo um intervalo muito curto de modo a 
inviabilizar a condição econômica do acusado nem um espaço de tempo muito 
longo, que deixe o acusado sem supervisão. 
Em função da novidade das medidas cautelares pessoais alternativas e do 
silencio do legislador, percebe-se na prática forense certa dissonância entre os 
magistrados quanto à determinação de tal intervalo. É o que extraímos dos julgados 
que seguem: 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. A PRISÃO PREVENTIVA É MEDIDA 
DE ULTIMA RATIO, DEVENDO SER APLICADA APENAS QUANDO NÃO 
20 
 
 
FOR O CASO DE CAUTELAR DIVERSA. [...]. POSSÍVEL A CONCESSÃO 
DE PRISÃO DOMICILIAR NOS TERMOS DO ART. 318, III, DO CPP, 
CUMULADA COM O COMPARECIMENTO QUINZENAL EM JUÍZO. 
RECURSO DESPROVIDO. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70054296876, 
Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nereu José 
Giacomolli, Julgado em 04/07/2013). [sem grifo no original] 
 
 
HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. PRISÃO EM FLAGRANTE PELA 
PRÁTICA DE ROUBO MAJORADO. HIPÓTESE QUE ADMITE A 
CONVERSÃO EM PRISÃO PREVENTIVA, BEM COMO A SUBSTITUIÇÃO 
DESTA POR OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES. FATO 
SUPERVENIENTE: SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR 
DUAS MEDIDAS CAUTELARES (PROIBIÇÃO DE MANTER CONTATO OU 
SE APROXIMAR DA VÍTIMA E SEUS FAMILIARES E DETERMINAÇÃO DE 
COMPARECIMENTO MENSAL EM JUÍZO PARA JUSTIFICAÇÃO DAS 
ATIVIDADES). PEDIDO DE LIBERDADE PREJUDICADO. Habeas corpus 
prejudicado. (Habeas Corpus Nº 70045552510, Sexta Câmara Criminal, 
Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Batista Marques Tovo, Data de 
Julgamento: 24/11/2011, Sexta Câmara Criminal, Data de Publicação: 
Diário da Justiça do dia 02/12/2011). [sem grifo no original] 
 
 
5.2 PROIBIÇÃO DE ACESSO A DETERMINADOS LUGARES 
Já utilizada no sistema processual penal brasileiro como condição para a 
concessão de benefícios como o livramento condicional (art. 132, § 2.º, LEP), a 
proibição de acesso a determinados lugares visa, em suma, evitar a reincidência, 
visto que proíbe o acusado de frequentar lugares que de alguma forma se 
relacionam ao fato criminoso: 
 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado 
permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
 
Tal medida cautelar se mostra interessante nos casos de pessoas que, por 
exemplo, tendem a se exaltar facilmente quando ingerem bebidas alcoólicas ou 
entorpecentes, substâncias de fácil acesso em bares, casas de shows e boates, 
podendo provocar desordem, brigas ou agredir outros de forma gratuita. 
A aplicação dessa medida cautelar possibilitaria a proibição deste agente ter 
acesso, permanecer ou frequentar locais destes gêneros, como uma forma de coibi-
lo a praticar novamente atos criminosos, assim como servindo diretamente de 
exemplo para que outros também nãoo façam. 
 
 
21 
 
 
5.3 PROIBIÇÃO DE CONTATO 
Introduzida no processo penal brasileiro pela chamada Lei Maria da Penha 
(Lei 11.340/2006), com o intuito de proibir em casos de violência doméstica que o 
agressor tenha contato com a vítima, por questões óbvias, como ameaças e futuras 
agressões. 
Está presente no inciso III do art. 319 do Código de Processo Penal: 
 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela 
permanecer distante; 
 
 
Implicitamente extrai-se do dispositivo legal que a proibição de contato não 
se restringe a meios físicos, mas também aos meios eletrônicos e virtuais, tão 
importantes nos dias de hoje e muitas vezes de muito mais fácil acesso que o 
contato físico em si. 
Percebesse que a intenção do legislador ao incluir tal medida é a proteção 
as vitimas de crimes violentos em geral, excetuados aqueles abarcados pela 
legislação especial, como os casos de violência doméstica. 
Também estão inclusas aqui as hipóteses em que o acusado possa de 
alguma forma interferir no curso da investigação, como coagir testemunhas ou ainda 
para prevenir a chamada queima de arquivo, comum em casos envolvendo o tráfico 
de entorpecentes. 
O legislador silenciou quanto à que distância o acusado deve se manter da 
vítima ou de determinada pessoa, entende-se nesse caso o silêncio proposital, 
tendo em vista as particularidades de cada caso. 
 
5.4 PROIBIÇÃO DE AUSENTAR-SE DA COMARCA 
O objetivo principal desta medida cautelar é fazer com que o acusado 
permaneça no local onde reside de modo a evitar a fuga do distrito da culpa ou 
ainda quando sua presença é necessária para o prosseguimento da ação ou 
investigação: 
 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja 
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; 
 
22 
 
 
Tal medida deve ser utilizada apenas em casos em que haja suspeita 
fundamentada de fuga do agente, de modo a impedi-lo de utilizar rodoviárias, portos 
e aeroportos, ou mesmo em qualquer fiscalização nas rodovias. 
O que torna pouco atraente esta medida é a não integração entre os estados 
da Federação em um sistema de prisão, de modo que não se sabe se o agente 
parado em uma blitz da Polícia Rodoviária, por exemplo, está cumprindo medidas 
cautelares no estado vizinho. 
 
5.5 RECOLHIMENTO DOMICILIAR 
Tal medida é similar ao instituto da prisão domiciliar e a prisão em regime 
aberto, conforme verifica-se da transcrição do inciso V do art. 319 do Código de 
Processo Penal que segue: 
 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o 
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 
 
Entende-se que manter o acusado em sua residência quando não está a 
exercer atividade profissional seria capaz evitar a reincidência ou o cometimento de 
novos crimes. Sacrifica-se a liberdade do acusado como forma de proteção geral. 
 
5.6 SUSPENSÃO DA FUNÇÃO OU ATIVIDADE 
A suspensão da função ou atividade, prevista no inciso VI do art. 319 do 
Código de Processo Penal abarca tanto funcionários/agentes públicos como 
trabalhadores do setor privado: 
 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza 
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para 
a prática de infrações penais; 
 
Tal medida se mostra ideal para a aplicação nos casos de cometimento de 
crimes contra administração pública e/ou contra a economia popular. 
O poder do cargo ou função pode ser usado para a continuação na prática 
delituosa ou ainda na tentativa de destruir provas ou dependendo da posição 
ocupada pelo acusado até mesmo na incursão de fraude processual. 
23 
 
 
A medida deve ser aplicada onde a manutenção do acusado no cargo ou 
função provoque receio/suspeita devidamente fundamentado e o cargo ou função 
tenha servido como meio ou justificativa para a suposta prática delituosa. 
É o caso do julgado que passo a transcrever: 
 
PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. OPERAÇÃO 
INSISTÊNCIA. CORRUPÇÃO PASSIVA MAJORADA. QUADRILHA 
ARMADA. MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS. AFASTAMENTO DO 
CARGO. PROIBIÇÃO DE ACESSO A LUGAR. MOTIVAÇÃO. EXISTÊNCIA. 
RECURSO IMPROVIDO. 1. As medidas cautelares pessoais diversas da 
prisão demandam o preenchimento de pressupostos e requisitos, a 
cristalizar a sua imprescindibilidade. Na espécie, o recorrente é acusado de 
chefiar, na qualidade, de Delegado da Polícia Federal, esquema de 
cobrança de propina de comerciantes, sediados diversos importantes 
centros comerciais na Capital paulista. Tendo-se amealhado elementos de 
convicção acerca de autoria e materialidade, e, havendo receio de 
renitência delitiva (já foram oferecidas duas denúncias em desfavor do 
recorrente), tendo havido o emprego da função pública para a obtenção 
de vantagem indevida, tem-se por justificado o afastamento do cargo 
público, bem como a proibição de frequentar o departamento da Polícia 
Federal, a bem da escorreita colheita da prova e da profilaxia da prática de 
novas infrações penais. 2. Recurso improvido. (STJ - RHC: 43838 SP 
2013/0415799-2, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
Data de Julgamento: 14/10/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: 
DJe 29/10/2014). [sem grifo no original] 
 
Em função do princípio da presunção da inocência, entende-se que o 
afastamento do cargo não deve cumular com a suspensão dos vencimentos, fórmula 
já adotada em procedimentos administrativos e procedimentos judiciais especiais. 
 
5.7 INTERNAÇÃO PROVISÓRIA 
A internação provisória trazida pela lei 12.403/2011, prevista no inciso VII do 
art. 319 do Código de Processo Penal: 
 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados 
com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser 
inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de 
reiteração; [sem grifo no original] 
 
A legislação exige não apenas o laudo pericial que demonstre a 
inimputabilidade ou semi-imputablilidade do agente, mas que este exprima risco real 
de reiteração criminosa. 
A intenção do legislador ao inserir tal medida cautelar é de proteger o 
acusado retirando-o do cárcere comum e proporcionando tratamento ao mesmo 
24 
 
 
quando necessário, e a sociedade como um todo quando se preocupa com a 
reiteração criminosa. 
Trago um recorte jurisprudencial que demonstra a medida sendo aplicada: 
 
HABEAS CORPUS. ROUBO. SIMULAÇÃO DE EMPREGO DE ARMA. 
SUBTRAÇÃO DE APARELHOS DE TELEFONIA CELULAR. CONVERSÃO 
DA PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA E 
INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO. FORTES 
INDÍCIOS DE QUE O PACIENTE SOFRE DE DOENÇA MENTAL. 
CUMPRIMENTO DE MEDIDA DE SEGURANÇA ANTERIOR. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. SUBSTITUIÇÃO DA 
PRISÃO PREVENTIVA PELA MEDIDA CAUTELAR DE INTERNAÇÃO 
PROVISÓRIA (ART. 319, INCISO VII, DO CPP). NECESSIDADE DE 
INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL DO 
PACIENTE. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. EXISTINDO 
FORTES INDÍCIOS DE QUE O PACIENTE SOFRE DE DOENÇA MENTAL, 
OSTENTANDO A CONDIÇÃO DE IMPUTÁVEL OU SEMI-IMPUTÁVEL, 
UMA VEZ QUE JÁ CUMPRIU MEDIDA DE SEGURANÇA POR QUASE 09 
(NOVE) ANOS, CARACTERIZA CONSTRANGIMENTO ILEGAL A 
MANUTENÇÃO DO PACIENTE EM PRESÍDIO COMUM. 2. TODAVIA, 
CONSIDERANDO QUE O DELITO IMPUTADO AO PACIENTE FOI 
COMETIDO COM GRAVE AMEAÇA, A DÚVIDA QUANTO À HIGIDEZ 
MENTAL IMPÕE A CONVERSÃO DA PRISÃO PREVENTIVA EM 
INTERNAÇÃO PROVISÓRIA, CONFORME PREVISÃO DO ARTIGO 319, 
INCISO VII, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, ATÉ QUE SEJA 
CONCLUÍDO O INCIDENTE DE SANIDADE MENTAL, ATÉ PORQUE, 
DIANTE DAS ANOTAÇÕES PENAIS DO PACIENTE, ESTÁPRESENTE O 
RISCO DA REITERAÇÃO. 3.[...].(TJ-DF - HBC: 20140020043139 DF 
0004339-45.2014.8.07.0000, Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 
Data de Julgamento: 03/04/2014, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação: 
Publicado no DJE : 09/04/2014 . Pág.: 379) [sem grifo no original] 
 
 
5.8 FIANÇA 
A Lei 12.403/2011 foi responsável por revitalizar o instituto da fiança no 
processo penal brasileiro. A antiga redação do art. 310 do Código de Processo 
Penal, dada pela Lei 6.416/1977 não permitia aplicação da fiança caso estivessem 
presentes os requisitos para a prisão preventiva (GOMES, 2011, p. 194), o que 
tornava sua aplicação muito restrita, limitada exclusivamente as hipóteses de crimes 
contra a economia popular e em casos de sonegação fiscal. 
A fiança é uma forma de caução real em que o acusado/indiciado garante o 
juízo em troca de sua liberdade provisória. O art. 319 sobre a fiança nos diz que a 
fiança será concedida em três hipóteses: a)para assegurar o comparecimento a 
todos os atos do processo; b) evitar a obstrução ou andamento do processo (aqui 
25 
 
 
implicitamente entende-se que também aplica-se a fase de inquérito); c) em caso de 
resistência injustificada a ordem judicial: 
 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o 
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento 
ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
 
A fiança deve ser concedida pelo juiz e excepcionalmente pelo delegado de 
polícia. É reconhecidamente a única medida cautelar que pode ser aplicada pela 
autoridade da Polícia Judiciária. O Código de Processo Penal trás um rol taxativo 
das hipóteses em que a concessão da fiança pode se dar pelo delegado que 
formalizou a prisão em flagrante: 
 
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos 
de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 
(quatro) anos. 
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que 
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. 
 
Os artigos 323 e 324 do Código de Processo Penal estabelecem as 
hipóteses em que não se permite a concessão de fiança: 
 
Art. 323. Não será concedida fiança: 
I - nos crimes de racismo; 
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, 
terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; 
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado Democrático; 
[...] 
 
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: 
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente 
concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se 
referem os arts. 327 e 328 deste Código; 
II - em caso de prisão civil ou militar; 
III – revogado. 
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão 
preventiva (art. 312). 
 
Percebe-se que as proibições à concessão da fiança concentram-se nos 
casos onde há a suposta prática de crimes graves ou gravíssimos, casos em que o 
agente, se condenado, receberia pena restritiva de liberdade. 
Outro ponto a favor da fiança trazido pela lei 12.403/2011 foi a possibilidade 
de serem fixados valores em patamares mais elevados a título de fiança. A fiança 
26 
 
 
deve ser capaz de coagir o indivíduo a comparecer a todos os atos do processo e 
afastar o desejo de fuga do acusado. 
Claro que para a fixação da fiança o juiz ou delegado deve ater-se as 
circunstâncias do caso concreto quanto às possibilidades do agente, mas fato é que 
em casos de crimes contra a ordem econômica, por exemplo, lida-se muitas vezes 
com acusados/indiciados de elevado poder aquisitivo e somente um valor 
proporcional surtiria os efeitos desejados com a medida. 
A fiança é um instituto democrático quando utilizada corretamente, o mesmo 
legislador que prevê a fixação de valores altíssimos a título de fiança também previu 
a dispensa do valor da fiança aos presos comprovadamente pobre conforme 
estipulado no art. 350 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação 
econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o 
às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras 
medidas cautelares, se for o caso. 
 
Tal hipótese é classificada na doutrina como liberdade provisória sem fiança 
e vinculada. Entendimento compartilhado pela jurisprudencial atual: 
 
Habeas Corpus. Estelionato. Arbitramento de fiança em dois salários 
mínimos. Não recolhimento. Pobreza. Manutenção da prisão. 
Constrangimento ilegal configurado. Aplicação do art. 350 do CPP. 
Evidenciada a precariedade financeira do favorecido com o 
arbitramento de fiança criminal, tamanha a ponto de impedi-lo de 
alcançar a liberdade, esta a consequência natural esperada do instituto 
em questão, necessária é a alteração da medida, escolhendo-se outra 
em meio ao leque de cautelares aberto pelo Código de Processo Penal. 
Liberdade provisória independente do pagamento de caução. Imposição de 
medidas cautelares alternativas. Ordem concedida. (TJ-SP - Estelionato: 
21092868820148260000 SP 2109286-88.2014.8.26.0000, Relator: Otávio 
de Almeida Toledo, Data de Julgamento: 12/08/2014, 16ª Câmara de Direito 
Criminal, Data de Publicação: 14/08/2014). [sem grifo no original]. 
 
 Uma crítica feita à medida é que a lei previu a dispensa da fiança nos casos 
de acusados com comprovada hipossuficiência econômica apenas por autoridade 
judicial não legitimando o delegado a fazê-lo, obrigando a autoridade policial a 
recolher ao cárcere o preso que não tiver condições financeiras de prestar fiança no 
momento da prisão ignorando a hipótese de aplicação das medidas alternativas de 
pronto pela autoridade policial (GOMES, 2011, p. 208). 
 
27 
 
 
 
5.9 MONITORAÇÃO ELETRÔNICA 
A monitoração eletrônica já havia sido inserida no ordenamento jurídico 
brasileiro pela Lei 12.258/2010, que alterou a Lei de Execuções Penais introduzindo 
a possibilidade da monitoração eletrônica na fase de execução penal com o objetivo 
de auxiliar a fiscalização do cumprimento das decisões judiciais e controle dos 
apenados nos regimes aberto e semiaberto. 
Foi adotada nos EUA inicialmente no estado do Novo México já no ano de 
1984. Na Inglaterra e no País de Gales é usada desde 1999, onde o monitoramento 
e controle são feitos por empresas privadas (GOMES apud KARAM, 2007). 
A lei 12.403/2011 permitiu a aplicação da monitoração eletrônica em fase 
processual ou até mesmo durante o inquérito policial, como medida cautelar: 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
[...] 
IX - monitoração eletrônica. 
 
Os juristas e doutrinadores brasileiros preocuparam-se e preocupam-se com 
a violação dos direitos fundamentais do acusado quanto ao uso da monitoração 
eletrônica. 
Nos sistemas processuais penais, onde a monitoração eletrônica já é usada 
há algum tempo essa questão já se encontra superada ou ao menos resolvida em 
partes, vez que a monitoração eletrônica só acontece com a autorização do 
acusado/indiciado, que tem a opção de ponderar quais direitos lhe são mais caros, 
como, por exemplo abrir mão do direito a intimidade, tendo consciência de que será 
monitorado constantemente pelo direito à liberdade de locomoção/ir e vir livremente. 
Os objetos para o controle e monitoração eletrônica foram beneficiados com 
o avanço tecnológico e atualmente se resumem em braceletes ou tornozeleiras de 
pequeno porte e fácil camuflagem, o que afasta o estigma daqueles que possuem 
pendencias com a justiça criminal. 
 A monitoração eletrônica em oposição à prisão tradicional é extremamente 
benéfica, sejapelo baixo custo de manutenção quando o sistema já está implantado 
ou pelo custo humano quando levamos em consideração a realidade do cárcere no 
Brasil. 
28 
 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A eficácia das novas medidas cautelares já é perceptível no sistema 
prisional brasileiro, pelo menos no que diz respeito à diminuição da população 
carcerária. 
Segundo relatório divulgado em 2014 pelo Conselho Nacional de Justiça, os 
detentos em situação provisória constituem cerca de 32% da população carcerária 
atualmente, sendo que em relatório anterior somavam aproximadamente 41%. 
Algumas das medidas têm sua eficácia comprometida, seja porque a lei 
deixou de especificar diretrizes para sua implantação ou ainda aquelas medidas 
feitas para serem usadas em conjunto com as demais, inócuas se aplicadas 
individualmente. 
É o caso da proibição de acesso a determinados lugares. A Lei não 
determinou alguma espécie de verificação do cumprimento da medida e, mesmo que 
assim fosse o poder judiciário não dispõe de meios para tanto (financeiros e de 
pessoal). 
A Lei foi omissa quando deixou de fixar prazos para a aplicação das 
medidas cautelares, o que nos leva a supor que sua aplicação será necessária 
enquanto estiverem presentes os requisitos para a sua aplicação (fumus comissi 
delicti e periclum libertatis). 
Durante a realização desse trabalho foram encontrados diversos obstáculos 
para a total implementação das medidas cautelares alternativas à prisão no sistema 
jurídico-penal brasileiro, a saber, a falta de previsão legal para a fiscalização das 
medidas mencionada anteriormente; incompletude ou omissão da lei processual, por 
exemplo, quanto a fixação de distancia mínima que deve acusado/indiciado manter-
se afastado da vítima; a falta de integração ou a criação de um sistema nacional de 
prisão, para o acompanhamento e controle dos acusados/indiciados durante o 
cumprimento das medidas; a ausência de um sistema único para a monitoração 
eletrônica, dentre outras dificuldades. 
Entretanto, precisamos ter a consciência de que as novas medidas 
cautelares ainda estão em fase de adaptação, de sair do papel e se estabelecer de 
fato em nosso ordenamento jurídico. A existência de medidas cautelares alternativas 
à prisão e o desfazimento do sistema binário-cautelar por si só já configura um 
grande avanço na busca por um real estado democrático de direito. 
29 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e alternativas, 2. 
ed. São Paulo: Saraiva. 2001. 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF, Senado, 2012. 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 31 
jan. 2015. 
 
_____. Código de Processo Penal. Código de Processo Penal. Brasília, DF, Senado, 
2011. <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>. Acesso em: 31 jan. 
2015. 
 
_____. Superior Tribunal de Justiça. Habeas-corpus: nº 43838. Relator: Ministra 
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA. Data de Julgamento: 14/10/2014, T6 - 
SEXTA TURMA. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. Acesso em: 
31 jan. 2015. 
 
_____. Superior Tribunal de Justiça. Habeas-corpus: 128599 PR 2009/0027065-3, 
Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 
07/12/2010, T6 - SEXTA TURMA. Disponível em: 
<www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. Acesso em: 31 jan. 2015. 
 
 _____. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Habeas Corpus nº 20140020043139 
DF 0004339-45.2014.8.07.0000. Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI. Data 
de Julgamento: 03/04/2014, 2ª Turma Criminal. Disponível em: 
<www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. acesso em: 31 jan. 2015. 
 
_____. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Habeas-corpus nº 
10000140636705000 MG. Relator: Marcílio Eustáquio Santos. Data de Julgamento: 
11/09/2014, Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL. Disponível em: 
<www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. acesso em: 31 jan. 2015. 
 
_____. Tribunal de Justiça do Paraná. Habeas-corpus nº 1236898-8. Relator: 
Roberto Antônio Massaro. Foro Regional de São José dos Pinhais da Comarca da 
Região Metropolitana de Curitiba. . Disponível em: 
<www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. acesso em: 02 fev.. 2015. 
 
_____. Tribunal de Justiça do Piauí. Habeas-corpus nº 201200010004226 PI, 
Relator: Des. Pedro de Alcântara Macêdo. Data de Julgamento: 27/03/2012, 1a. 
Câmara Especializada Criminal. Disponível em: 
<www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. acesso em: 31 jan. 2015. 
 
_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Recurso em Sentido Estrito nº 
70054296876, Terceira Câmara Criminal. Relator: Nereu José Giacomolli. Julgado 
em 04/07/2013. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. acesso em: 
31 jan. 2015. 
 
30 
 
 
_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Habeas- corpus nº 70045552510, 
Sexta Câmara Criminal. Relator: João Batista Marques Tovo. Data de Julgamento: 
24/11/2011. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. acesso em: 02 
fev. 2015. 
 
_____. Tribunal de Justiça de São Paulo. Habeas-corpus nº 
21092868820148260000 SP 2109286-88.2014.8.26.0000. Relator: Otávio de 
Almeida Toledo. Data de Julgamento: 12/08/2014, 16ª Câmara de Direito Criminal. 
Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/jurisprudência>. Acesso em: 02 fev. 2015. 
 
COSTA, Domingos Barroso da; OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Prisão preventiva e 
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REBELIÃO de presos no maranhão termina com 18 mortes. JORNAL NACIONAL. Nov. 
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de-presos-no-maranhao-termina-com-18-mortes.html>. Acesso em: 31. Jan. 2015. 
 
RESK, Felipe. O Estado de São Paulo. Nov. 2014. Disponível em http://sao-
paulo.estadao.com.br/noticias/geral,em-sp-1-em-cada-3-presos-em-flagrante-nao-
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brasileira. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: 
<www.cnj.jus.br/noticias/cnj/28746-cnj-divulga-dados-sobre-nova-populacao-
carceraria-brasileira>. Acesso em: 31 jan. 2015. 
 
31 
 
 
ANEXO A – REBELIÃO DE PRESOS NO MARANHÃO TERMINA COM 18 
MORTES 
 
Edição do dia 09/11/2010 
09/11/2010 21h15 - Atualizado em 09/11/2010 22h09 
Rebelião de presos no Maranhão termina com 18 mortes 
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, a rebelião começou por 
descuido de um agente. Vinte e dois presos serão levados para presídios federais. 
Terminou, nesta terça, depois da morte de 18 presos, a rebelião no Complexo 
Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. 
Os cinco funcionáriosdo sistema penitenciário passaram quase 30 horas em poder 
dos detentos. Pela manhã, quando as negociações pareciam dar resultado, uma 
nova confusão. Desta vez num pavilhão ao lado. 
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, a rebelião começou por 
descuido de um agente. "Eles estavam retirando o pessoal da cela e na hora o 
agente virou, não prestou atenção, ele avançou no agente e tomou a arma", disse 
João Bispo Serejo, secretário adjunto de Administração Penitenciária. 
No começo da tarde, os rebelados pediram as presenças de uma juíza e de um 
religioso. Em seguida, os presos entregaram as armas. Dezoito detentos foram 
assassinados. 
"Não havia razão para esta barbárie. Foi uma rebelião sem motivo. Nós vamos 
investigar a fundo o que levou a essa barbárie que ocorreu aqui em São Luís”, 
declarou Aluísio Mendes, secretário de Segurança Pública. 
A Secretaria de Segurança Pública vai transferir até sexta-feira 22 presos que 
comandaram a rebelião. Eles serão levados para presídios federais. 
A polícia abriu dois inquéritos: um pra apurar quem ordenou as mortes e outro pra 
descobrir o que motivou a rebelião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANEXO B – CNJ DIVULGA DADOS SOBRE NOVA POPULAÇÃO CARCERÁRIA 
 
CNJ divulga dados sobre nova população carcerária brasileira 
 
05/06/2014 - 08h03 
Luiz Silveira/Agência CNJ 
 
A nova população carcerária brasileira é de 711.463 presos. Os números 
apresentados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a representantes dos 
tribunais de Justiça brasileiros, nesta quarta-feira (4/6), levam em conta as 147.937 
pessoas em prisão domiciliar. Para realizar o levantamento inédito, o CNJ consultou 
os juízes responsáveis pelo monitoramento do sistema carcerário dos 26 estados e 
do Distrito Federal. De acordo com os dados anteriores do CNJ, que não 
contabilizavam prisões domiciliares, em maio deste ano a população carcerária era 
de 563.526. 
“Até hoje, a questão carcerária era discutida em referenciais estatísticos que 
precisavam ser revistos. Temos de considerar o número de pessoas em prisão 
domiciliar no cálculo da população carcerária”, afirmou o supervisor do 
Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema 
de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), conselheiro Guilherme 
Calmon. 
 
A prisão domiciliar pode ser concedida pela Justiça a presos de qualquer um dos 
regimes de prisão – fechado, semiaberto e aberto. Para requerer o direito, a pessoa 
pode estar cumprindo sentença ou aguardando julgamento, em prisão provisória. 
Em geral, a prisão domiciliar é concedida a presos com problemas de saúde que 
não podem ser tratados na prisão ou quando não há unidade prisional própria para o 
cumprimento de determinado regime, como o semiaberto, por exemplo. 
 
Provisórios – Além de alterar a população prisional total, a inclusão das prisões 
domiciliares no total da população carcerária também derruba o percentual de 
presos provisórios (aguardando julgamento) no País, que passa de 41% para 32%. 
Em Santa Catarina, a porcentagem cai de 30% para 16%, enquanto em Sergipe, 
passa de 76% para 43%. 
 
“A porcentagem de presos provisórios em alguns estados causava uma visão 
distorcida sobre o trabalho dos juízos criminais e de execução penal. Quando 
magistrados de postura garantista concediam prisões domiciliares no intuito de 
preservar direitos humanos, o percentual de presos provisórios aumentava no 
estado”, disse o coordenador do DMF/CNJ, juiz Douglas Martins. 
 
Ranking – Com as novas estatísticas, o Brasil passa a ter a terceira maior 
população carcerária do mundo, segundo dados do ICPS, sigla em inglês para 
Centro Internacional de Estudos Prisionais, do King’s College, de Londres. As 
prisões domiciliares fizeram o Brasil ultrapassar a Rússia, que tem 676.400 presos. 
 
33 
 
 
Déficit – O novo número também muda o déficit atual de vagas no sistema, que é 
de 206 mil, segundo os dados mais recentes do CNJ. “Considerando as prisões 
domiciliares, o déficit passa para 354 mil vagas. Se contarmos o número de 
mandados de prisão em aberto, de acordo com o Banco Nacional de Mandados de 
Prisão – 373.991 –, a nossa população prisional saltaria para 1,089 milhão de 
pessoas”, afirmou o conselheiro Guilherme Calmon. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANEXO C – LEI DAS CAUTELARES FAZ CAIR PRISÕES EM FLAGRANTE 
Lei das Cautelares faz cair prisões em flagrante 
Agência Estado 
Publicação: 01/11/2014 14:21 Atualização: 
O número de detidos em flagrante mantidos em prisão provisória teve uma queda de 
26,6 pontos porcentuais na cidade de São Paulo segundo relatório do Instituto Sou 
da Paz e da Open Society Foundation, desde a entrada em vigor da Lei das 
Cautelares, há três anos. No primeiro ano da nova legislação, criada para desafogar 
o sistema prisional brasileiro, a taxa de presos provisórios flagrados em delito caiu 
de 87,9% para 61,3% só na capital. A pesquisa, obtida com exclusividade pelo 
Estadão, analisa os efeitos da Lei 12.403/11 e compara as prisões provisórias (sem 
julgamento nem sentença) efetuadas em 2012 com as do ano anterior. 
 
Para o coordenador do estudo na capital, Marcello Fragano Baird, do Sou da Paz, os 
dados indicam impacto positivo no porcentual de presos em flagrante, mas o 
encarceramento em massa ainda persiste. Segundo o Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ), são 71 mil presos provisórios, o que representa 24% do total de detentos do 
sistema paulista. "Ainda há um longo caminho para garantir o direito (de defesa) dos 
presos e para desafogar o sistema carcerário", diz Baird. 
 
Antes da Lei das Cautelares, só existiam duas opções: aguardar o julgamento em 
liberdade provisória ou na prisão. Agora, nove medidas podem ser adotadas pelos 
juízes em substituição à prisão preventiva. O objetivo da legislação é, além de 
reduzir a superlotação carcerária, diminuir custos e evitar que réus com menor 
potencial criminoso tenham contato com presos mais perigosos. 
 
"Sempre houve uma certa resistência por parte dos magistrados em conceder 
medidas cautelares, mas a lei tem invertido essa lógica", afirma o juiz Alex 
Zilenovski, ex-corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia 
Judiciária (Dipo). "Ainda assim, se percebe que elas são subestimadas. Muitos 
continuam acreditando que só a prisão vai resolver os problemas", diz. 
 
Marilda Pansonato, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado 
de São Paulo (ADPESP), avalia também que o não encarceramento pode ter 
implicações negativas. "Um dos problemas é que o não cumprimento da pena cria 
uma sensação de impunidade." 
 
A lei permite, porém, que delegados de polícia fixem fiança aos acusados de crimes, 
contanto que a pena máxima prevista não exceda quatro anos. Medida mais usada 
em São Paulo por delegados e juízes, a fiança, aplicada em mais da metade dos 
crimes contra o patrimônio sem violência, representa 69% das cautelares, seguida 
de proibição de se ausentar da comarca e recolhimento noturno. Na avaliação do 
Instituto Sou da Paz, a lei seria mais eficiente se as medidas fossem diversificadas. 
 
O relatório aponta que o impacto da lei foi maior em São Paulo do que no Rio, onde 
o número de presos em flagrante mantidos em prisão caiu de 83,8% para 72,3%. Os 
resultados das duas cidades foram compilados no mesmo relatório, financiado pela 
instituição de Nova York. No Rio, o parceiro foi a Associação pela Reforma Prisional 
(ARP).

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