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A Industrialização de São Paulo (1880-1945) Warren Dean CORRENTES TEÓRICAS Correntes Teóricas • Industrialização foi liderada pela expansão das exportações; • Economia cafeeira criou condições para o desenvolvimento industrial; • Economia brasileira sai do modelo de acumulação baseado no trabalho escravo para o de base assalariada; • Modernização da economia: ferrovias, bancos, comércio exterior, aprimoramento da produção de café; • Surtos de produção versus surtos de investimento. Outros autores • Fishlow: Aumento da demanda interna, decorrente da necessidade de substituição das importações, e da própria demanda externa, impulsionaram a indústria brasileira. • Suzigan: Acumulação de capital para a indústria esteve intimamente ligada ao desenvolvimento da economia cafeeira, mas acredita que essas limitações no tempo não refletem o que foi, na verdade, um fluxo: a acumulação de capital vinha se processando há muito com o desenvolvimento do café, de modo que a década de 1880 representa mais um aceleramento do processo que seu início e conclusão. • Mello: Processo endógeno, com ciclos econômicos internos que promovem a industrialização. Divisão em períodos: nascimento da grande indústria, industrialização restringida e industrialização pesada. • Versiani e Versiani: Desenvolvimento industrial não teve bases reais, mas foi o resultado da pura especulação na Bolsa de Valores, sem reflexos efetivos de crescimento da produção real. DADOS SOBRE O AUTOR Warren Dean • Historiador norte-americano, nascido em 1932 em New Jersey, durante a Grande Depressão. • Um dos principais autores do grupo conhecido como “Brasilianistas”. • História do desenvolvimento econômico => História ambiental e ecológica. • Principais obras sobre o Brasil: • A industrialização de São Paulo (1971) • Rio Claro: um sistema brasileiro de grande lavoura, 1820-1920 (1977) • A luta pela borracha no Brasil (1989) • A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira (1996) REVISIONISMO DE WARREN DEAN • Subordinação da indústria à economia cafeeira, de modo que os influxos, retrocessos ou avanços desta incidem forçosamente sobre a primeira • Nesse sentido, interrupções dos fluxos de comércio, provocadas pelas guerras ou pela Grande Depressão, não poderiam ser benéficas ao desenvolvimento industrial, pois afetariam o desempenho do setor externo • Entraves à importação de matérias-primas e máquinas restringe a capacidade de aumento da produção industrial Paradigma Cepalino em cheque Choques adversos (ou externos) teriam o efeito de inibir ou frear o crescimento industrial? Ou, contrariamente, o deslocamento do centro dinâmico da economia brasileira, do setor agroexportador para a produção interna, estaria relacionado à crise do comércio importador? “[...] em suma, a Primeira Guerra Mundial aumentou consideravelmente a procura de artigos manufaturados nacionais, mas tornou quase impossível a ampliação da capacidade produtiva para satisfazer a esta procura. As fortunas que se fizeram durante a guerra surgiram de novos ramos de exportações, da produção durante vinte e quatro horas por dia, ou de fusões e reorganizações. Novas fábricas e novas classes de manufatura não foram importantes. Poder-se-á até perguntar se a industrialização de São Paulo não se teria processado mais depressa se não tivesse havido guerra.” (DEAN, W. A industrialização de São Paulo . São Paulo, Difel/Edusp., 1971, p. 114) DADOS SOBRE A OBRA Warren Dean e o interesse pelo Brasil • Em seu mestrado Dean se volta a estudos sobre a Revolução Cubana; • Com o crescimento da crise de Cuba com os Estados Unidos, Dean é obrigado a desistir do tema; • A possibilidade do alastramento da revolução para o resto da América Latina leva Dean a escolher o Brasil, que ele conclui ser país pré-revolucionário após a leitura de Pré-Revolução Brasileira, de Celso Furtado; Primeiros contatos de Warren com o Brasil e seus intelectuais; O interesse pela Industrialização e o Livro • Dean acreditava que a revolução se instalaria num país de rápida industrialização (Brasil) • Ao viajar para São Paulo, decide escrever sobre a industrialização ao invés da revolução, devido ao seu interesse por historia econômica • O estudo culmina com a tese publicada nos EUA (1969) e no Brasil (1971): A Industrialização de São Paulo. Repercussão da Obra • Warren Dean não gostou do livro, classificando-o como fraco e considerando a grande aceitação por conta do pioneirismo e da relevância temática. • O autor dá maior importância à sua publicação seguinte - Rio Claro: um Sistema Brasileiro na Grande Lavoura. • Desde seu lançamento, as ideias do livro são amplamente discutidas devido ao caráter inovador, como o argumento de que a indústria não nasceu simplesmente pela crise do café, mas graças ao café, dentro do mercado importador e exportador, tornando os fazendeiros e importadores os primeiros industriais, sem que estes deixassem por completo suas atividades originais. • O livro se torna obra fundamental dos estudos de histórica econômica do Brasil. CAPÍTULO I: O COMÉRCIO DO CAFÉ GERA A INDÚSTRIA. Tese Central A industrialização de São Paulo dependeu, desde o princípio, da procura provocada pelo crescente mercado estrangeiro. Argumentos • O café era a base do crescimento industrial nacional porque proporcionava o pré-requisito mais elementar de um sistema industrial – economia monetária. • Mão-de-obra livre e assalariada – difusão do uso do dinheiro (nas areas afetadas pela exportação). • Terra adquire valor monetário (efeito do aumento da economia monetária) • Maior interesse dos agricultores pelos aspectos comerciais e financeiros – alguns inclusive expandiram para atividades além da agricultura • Atraía investimentos em infra-estrutura que puderam ser utilizados também pela indústria(estradas de ferro, por ex.) Argumentos • “O plantio do café se constituía numa espécie de matriz, que definia as possibilidades do empresário.” • “O comércio do café não gerou apenas a procura da produção industrial: custeou também grande parte das despesas gerais, econômicas e sociais, necessárias a tornar proveitosa a manufatura nacional.” • “Considerados em conjunto, globalmente, esses súbitos progressos na região de São Paulo nas décadas de 1880 e 1890 foram, em sentido mais profundo, a causa da industrialização.” • “De mais a mais, a industrialização não contava com o apoio de uma ideologia operacional de desenvolvimento que parece ser, tão amiúde, uma força motivadora de crescimento em áreas não desenvolvidas e que era, inegavelmente, uma força estimulante da expansão do setor agrícola.” CAPÍTULO II: ORIGENS ECONÔMICAS E SOCIAIS DO EMPRESARIADO – A MATRIZ ECONÔMICA: A IMPORTAÇÃO Tese Central O mercado de importação não só não foi um obstáculo para o desenvolvimento industrial, como ainda o favoreceu. Argumentos Os negócios de importação não constituíam obstáculo ao desenvolvimento da indústria: • Nos primórdios da produção cafeeira não havia produtos nacionais a serem fornecidos. • A preponderância dos artigos importados do comércio era apenas uma consequência secundária do rápido crescimento do comércio de exportação. • O capital inicial fomentava a expansão dos cafezais, transporte e empresas agroindustriais. A mão de obra tornava-se assalariada. A agricultura de subsistência era proibida nas fazendas: Importação supria o novo mercado de bensde consumo e bens industriais. Argumentos Circunstâncias que favoreceram o envolvimento de importadores na criação da empresa nacional: • Operações realizadas in loco. Instalação de artigos de infraestrutura cujo custo de importar era muito mais alto do que instigar a produção local. • Transição da importação para a manufatura reside na posição estratégica do importador na estrutura do comércio: acesso ao crédito, conhecimento de mercado e canais para a distribuição do produto acabado. • Importador por vezes se tornava o próprio manufaturador. • Grandes empresários possuíam experiência de importação. Argumentos Empresários não julgavam conflitantes as funções de importador e manufaturador, senão complementares • A importância da função importadora não diminuía para o empresário depois que ele se consagrava à manufatura. • Industriais continuavam a ser importadores por diversas razões: Matérias primas do estrangeiro; Categorias como máquinas, corantes, desodorantes, materiais de acabamento entre outros; Artigos estrangeiros para complementar a linha de produtos. DISCUSSÃO • Conceito essencial que guia a obra de Celso Furtado, dentro do pensamento Cepalino: mão-de-obra assalariada. Qual o papel desse conceito dentro da obra de Dean? • Questão do consumo interno fomentado pela mão-de-obra assalariada (efeito multiplicador), em contraposição à ânsia pela poupança por parte dos imigrantes.
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