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FACHA – FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO 
DISCIPLINA – LINGUÍSTICA I 
PROF. Flávia Fernandes 
 
_____________________________________________________________ 
 
I - Linguagem 
Observe a fala do seguinte vendedor: 
“Quem sabe o senhor desenha para nós?” 
Se o comprador soubesse desenhar, o problema estaria resolvido facilmente. Ele 
poderia lançar na mão de um outro meio de expressão que não fosse a fala. 
O homem dispõe de vários recursos para se expressar e se comunicar. Esses 
recursos podem utilizar sinais de diferente natureza. 
Tais sinais admitem a seguinte classificação: 
a) Verbais; 
b) Não-Verbais; 
Quando esses sinais se organizam formando um sistema, eles passam a 
constituir uma linguagem. 
Observe: 
 
Incêndio destruiu o Edifício Z. 
 
Para expressar o mesmo fato, foram utilizadas duas linguagens diferentes: 
a) Linguagem Não-Verbal- Qualquer código que não utiliza palavra; 
b) Linguagem Verbal- Código que utiliza a palavra falada ou escrita; 
 
Linguagem, portanto, é todo sistema organizado de sinais que serve como meio 
de comunicação entre os indivíduos. 
Quando se fala em texto ou linguagem, normalmente se pensa em texto e 
linguagem verbais, ou seja, naquela capacidade humana ligada ao pensamento que 
se concretiza numa determinada língua e se manifesta por palavras (verbum, em 
latim). 
Mas, além dessa, há outras formas de linguagem, como a pintura, a mímica, a 
dança, a música e outras mais. Com efeito, por meio dessas atividades, o homem 
também representa o mundo, exprime seu pensamento, comunica-se e influencia os 
outros. Tanto a linguagem verbal quanto à linguagem não-verbal expressam sentidos 
e, para isso, utilizam-se de signos, com a diferença de que, na primeira, os signos são 
constituídos dos sons da língua (por exemplo, mesa, fada, árvore), ao passo que nas 
outras exploram-se outros signos,como as formas, a cor, os gestos, os sons musicais, 
etc. 
Em todos os tipos de linguagem, os signos são combinados entre si, de acordo 
com certas leis, obedecendo a mecanismos de organização. 
 
Semelhanças e Diferenças 
Uma diferença muito nítida vai encontrar no fato de que a linguagem verbal é 
linear. Isto quer dizer que seus signos e os sons que a constituem não se superpõem, 
mas se sucedem destacadamente um depois do outro no tempo da fala ou no espaço 
da linha escrita. Em outras palavras, cada signo e cada som são usados num 
momento distinto do outro. Essa característica pode ser observada em qualquer tipo 
de enunciado lingüístico. Na linguagem não-verbal, ao contrário, vários signos podem 
ocorrer simultaneamente. Se na linguagem verbal, é impossível conceber uma palavra 
encavalada em outra, na pintura, por exemplo, várias figuras ocorrem 
simultaneamente. Quando contemplamos um quadro, captamos de maneira imediata a 
totalidade de seus elementos e, depois, por um processo analítico, podemos ir 
decompondo essa totalidade. 
O texto não-verbal pode em princípio, ser considerado dominantemente 
descritivo, pois representa uma realidade singular e concreta, num ponto estático do 
tempo. Uma foto, por exemplo, de um homem de capa preta e chapéu, com a mão na 
maçaneta de uma porta é descritiva, pois capta um estado isolado e não uma 
transformação de estado, típica da narrativa. 
Mas podemos organizar uma seqüência de fotos em progressão narrativa, por 
exemplo, assim: 
a) foto de um homem com a mão na maçaneta da porta; 
b) foto da porta semi-aberta com o mesmo homem espreitando o interior de um 
aposento; 
c) foto de uma mulher deitada na cama, gritando com desespero; 
 
Como nessa seqüência se relata uma transformação de estados que se 
sucedem progressivamente, configura-se a narração e não a descrição. Essa 
disposição de imagens em progressão constitui recurso básico das histórias em 
quadrinhos, fotonovelas, cinema etc. 
Sobretudo com relação à fotografia, ao cinema ou a televisão, pode-se pensar 
que o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade. Também essa impressão não 
é verdadeira. Para citar o exemplo da fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos 
expedientes para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento, etc. 
A estatura do indivíduo pode ser alterada pelo ângulo de tomada da câmera, um 
ovo pode virar uma esfera, um rosto iluminado pode passar a impressão de alegria, o 
mesmo rosto, sombrio, pode dar impressão de tristeza. Mesmo o texto não-verbal, 
recria e transforma a realidade segundo a concepção de quem o produz. Nele, há uma 
simulação de realidade, que cria um efeito de verdade. 
Os textos verbais podem ser figurativos (aqueles que reproduzem elementos 
concretos, produzindo um efeito de realidade) e não-figurativos (aqueles que exploram 
temas abstratos). Também os textos não-verbais podem ser dominantemente 
figurativos (as fotos, a escultura clássica) ou não-figurativos e abstratos. Neste caso, 
não pretendem sumular elementos do mundo real (pintura abstrata com oposições de 
cores, luz e sombra; esculturas modernas com seus jogos de formas e volumes). 
 
 
II - Níveis de Linguagem 
 
A língua e os níveis da linguagem pertence a todos os membros de uma 
comunidade e é uma entidade viva em constante mutação. Novas palavras são 
criadas ou assimiladas de outras línguas, à medida que surgem novos hábitos, objetos 
e conhecimentos. Os dicionários vão incorporando esses novos vocábulos 
(neologismos), quando consagrados pelo uso. Atualmente, os veículos de 
comunicação audiovisual, especialmente os computadores e a internet, têm sido fonte 
de incontáveis neologismos — alguns necessários, porque não havia equivalentes em 
Português; outros dispensáveis, porque duplicam palavras existentes na linguagem. O 
único critério para sua integração na língua é, porém, o seu emprego constante por um 
número considerável de usuários. 
De fato, quem determina as transformações lingüísticas e os níveis de linguagem 
é o conjunto de usuários, independentemente de quem sejam eles, estejam 
escrevendo ou falando, uma vez que tanto a língua escrita quanto a oral apresentam 
variações condicionadas por diversos fatores: regionais, sociais, intelectuais etc. 
 
“O movimento de 1922 não nos deu — nem nos podia dar — uma ‘língua 
brasileira’, ele incitou os nossos escritores a concederem primazia absoluta aos 
temas essencialmente brasileiros [...] e a preferirem sempre palavras e construções 
vivas do português do Brasil a outras, mortas e frias, armazenadas nos dicionários e 
nos compêndios gramaticais.” (Celso Cunha) 
 
“A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros 
Vinha da boca do povo na língua errada do povo 
Língua certa do povo 
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil.” (Manuel Bandeira) 
 
 
Embora as variações linguísticas e níveis da linguagem sejam condicionadas 
pelas circunstâncias, tanto a língua falada quanto a escrita cumprem sua finalidade, 
que é a comunicação. A língua escrita obedece a normas gramaticais e será 
sempre diferente da língua oral, mais espontânea, solta, livre, visto que 
acompanhada de mímica e entonação, que preenchem importantes papéis 
significativos. Sendo mais sujeita a falhas, a linguagem empregada coloquialmente 
difere substancialmente do padrão culto, o que, segundo alguns linguistas, criou no 
Brasil um abismo quase intransponível para os usuários da língua, pois se expressar 
em português com clareza e correção é uma das maiores dificuldades dos brasileiros: 
“No português do Brasil, a distância entre o nível popular e o nível culto ficou tão 
marcada que, se assim prosseguir, acabará chegando a se parecer com o fenômeno 
verificado no italiano ou no alemão, por exemplo, com a distância entre um dialeto e 
outro.” (Evanildo Bechara, Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade?) 
 
Com base nessas considerações, não se deve reger o ensino da língua pelas 
noções de certo e errado,mas pelos conceitos de adequado e inadequado, que são 
mais convenientes e exatos, porque refletem o uso da língua nos mais diferentes 
contextos. Não se espera que um adolescente, reunido a outros em uma lanchonete, 
assim se expresse: “Vamos ao shopping assistir a um filme”, mas aceita-se: “Vamos 
no shopping assistir um filme”. Não seria adequado a um professor universitário assim 
se manifestar: “Fazem dez anos que participo de palestras nesta egrégia 
Universidade, nas quais sempre houveram estudantes interessados”. 
 
Escrever conforme a norma culta — que não representa uma camisa de força, 
mas um tesouro das formas de expressão mais bem cultivadas da língua — é um 
requisito para qualquer profissional de nível universitário que se pretenda elevar acima 
da vala comum de sua profissão. O domínio eficiente da língua, em seus variados 
registros e em suas inesgotáveis possibilidades de variação, é uma das condições 
para o bom desempenho profissional e social. 
 
A linguagem popular ou coloquial 
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre 
rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo - erros 
de regência e concordância; barbarismo - erros de pronúncia, grafia e flexão; 
ambigüidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela 
coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular 
está presente nas mais diversas situações: conversas familiares ou entre amigos, 
anedotas, irradiação de esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório), 
novelas, expressão dos estados emocionais etc. 
 
A linguagem culta ou padrão 
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se 
apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes 
classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais 
comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É 
mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, 
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de 
TV, programas culturais etc. 
 
Linguagem gíria 
Segundo Mattoso Câmara Júnior, “estilo literário e gíria são, em verdade, dois 
pólos da Estilística, pois gíria não é a linguagem popular, como pensam alguns, mas 
apenas um estilo que se integra à língua popular”. Tanto que nem todas as pessoas 
que se exprimem através da linguagem popular usam gíria. 
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais “que vivem à margem 
das classes dominantes: os estudantes, esportistas, prostitutas, ladrões” Eles a usam 
como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam a gíria 
como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas 
apenas pelo próprio grupo. 
Assim a gíria é criada por determinados segmentos da comunidade social que 
divulgam o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de 
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os novos vocábulos, às 
vezes, também inventam alguns. A gíria que circula pode acabar incorporada pela 
língua oficial, permanecer no vocabulário de pequenos grupos ou cair em desuso. 
Caracterizada como um vocabulário especial a gíria surge como um signo de 
grupo, a princípio secreto, domínio exclusivo de uma comunidade social restrita (seja a 
gíria dos marginais ou da polícia, dos estudantes, ou de outros grupos ou profissões). 
 (...) Ao vulgarizar-se, porém, para a grande comunidade, assumindo a forma de 
uma gíria comum, de uso geral e não diferenciado, (...) torna-se difícil precisar o que é 
de fato vocábulo gírio ou vocábulo popular 
 (...) É expressa freqüentemente sob forma humorística (e não raro obscena, ou 
ambas as coisas juntas), como ocorre, por exemplo, em certos signos que revelam 
evidente agressividade, como bicho, forma de chamamento que na década de 1970 
substituía amigo, colega, cara; coroa, para pessoa mais idosa, madura; quadrado, em 
lugar de conservador tradicional, reacionário; mina, para namorada, forma trazida da 
linguagem marginal da prostituição, onde originalmente significa mulher rendosa para 
o malandro, que vive à custa dela etc. (Dino Pretti) 
 
“Primeiro, ela pinta como quem não quer nada. Chega na moral, dando uma de 
Migué, e acaba caindo na boca do povo. Depois desbaratina, vira lero-lero, sai de 
fininho e some. Mas, às vezes, volta arrebentando, sem o menor aviso. Afinal, qual é a 
da gíria?” (Cássio Schubsky, Superinteressante) 
 
Linguaguem vulgar 
Existe uma linguagem vulgar, segundo Dino Preti, “ligada aos grupos 
extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com 
centros civilizados. Na linguagem vulgar multiplicam-se estruturas com “nóis vai, ele 
fica”, “eu di um beijo nela”, “Vamo i no mercado”. 
 
Linguaguem regional 
Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua 
padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e 
expressões e do ponto de vista fonológico. Há, no Brasil, por exemplo, falares 
amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. 
 
Exemplo do falar gaúcho: 
“Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com um 
pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e pé no chão. 
Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho. 
— O senhor quer que eu deite logo no divã? 
— Bom, se o amigo quiser dançar uma marcha, antes, esteja a gosto. Mas eu 
prefiro ver o vivente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder 
tempo nem dinheiro. (Luís Fernando Veríssimo, O Analista de Bagé) 
 
Exemplo do falar caipira: 
Aos dezoito anos pai Norato deu uma facada num rapaz, num adjutório, e abriu o 
pé no mundo. Nunca mais ninguém botou os olhos em riba dele, afora o afilhado. 
— Padrinho, evim cá chamá o sinhô pra mode i morá mais eu. 
— Quá,flo, esse caco de gente num sai daqui mais não. 
— Bamo. Buli gente num bole, mais bicho... O sinhô anda perrengado... 
(Bernardo Élis, Pai Norato) 
 
 
III - Comunicação – Os processos da comunicação 
 
Teoria da comunicação - O esquema da comunicação 
 
Existem vários tipos de comunicação: as pessoas podem comunicar-se pelo 
código Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, por e-mails, internet, etc.; uma 
empresa, uma administração, até mesmo um Estado podem comunicar-se com seus 
membros por intermédio de circulares, cartazes, mensagens radiofônicas ou 
televisionadas, e-mails, etc. 
Toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem, e se 
constitui por um certo número de elementos, indicados no esquema abaixo: 
 
Esses elementos da comunicação serão explicados a seguir: 
 
a) O emissor ou destinador é o que emite a mensagem; pode ser um indivíduo 
ou um grupo (firma, organismo de difusão, etc.) 
b) O receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem; pode ser um 
indivíduo, um grupo, ou mesmo um animal ou uma máquina (computador). Em todos 
estes casos, a comunicação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem 
tiver uma incidência observável sobre o comportamento do destinatário (o que não 
significa necessariamente que a mensagem tenha sido compreendida: é preciso 
distinguir cuidadosamente recepção de compreensão). 
c) A mensagem é o objeto da comunicação; ela é constituída pelo conteúdo das 
informações transmitidas. 
d) O canal de comunicação é a via de circulação das mensagens. Ele pode ser 
definido, de maneira geral, pelos meios técnicos aos quais o destinador tem acesso, a 
fim de assegurar o encaminhamento de sua mensagem para o destinatário: 
Meios sonoros: voz, ondas sonoras, ouvido... 
Meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina... 
De acordo com o canal de comunicação utilizado, pode-seempreender uma 
primeira classificação das mensagens: 
_as mensagens sonoras: palavras, músicas, sons diversas; 
_as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc; 
_as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo; 
_as mensagens gustativas: tempero quente (apimentado) ou não... 
 
Observação: um choque, um aperto de mão, um perfume só constituem 
mensagens se veicularem, por vontade do destinador, uma ou várias informações 
dirigidas a um destinatário. 
A transmissão bem-sucedida de uma mensagem requer não só um canal físico, 
mas também um contato psicológico: pronunciar uma frase com voz alta e inteligível 
não é suficiente para que um destinatário desatento a receba. 
e) O código é um conjunto de signos e regras de combinação destes signos; o 
destinador lança mão dele para elaborar sua mensagem (esta é a operação de 
codificação). O destinatário identificará este sistema de signos (operação de 
decodificação) se seu repertório for comum ao do emissor for comum ao do emissor. 
Este processo pode se realizar de várias maneiras (representaremos por dois círculos 
os repertórios de signos do emissor e do receptor): 
 
1º Caso: 
 
A comunicação não se realizou; a mensagem é recebida, mas não 
compreendida: o emissor e o receptor não possuem nenhum signo em comum. 
Exemplos: mensagem cifrada recebida por um receptor que ignora o código 
utilizado; neste caso, poderá haver uma operação de decodificação, mas ela será 
longa e incerta; 
Conversa (?) entre um brasileiro e um alemão, em que um não fala a língua do 
outro. 
2º Caso: 
 
A comunicação é restrita; são poucos os signos em comum. 
Exemplo: Conversa entre um inglês eu um estudante brasileiro de 1º grau que 
estuda inglês há um ano. 
3º Caso: 
 
A comunicação é mais ampla; entretanto, a inteligibilidade dos signos não é total: 
certos elementos da mensagem proveniente de E não serão compreendidos por R. 
Exemplo: um curso de alto ministrado a alunos não preparados para recebê-lo. 
4º Caso: 
 
 
A comunicação é perfeita: todos os signos emitidos por E são compreendidos por 
R(o inverso não é verdadeiro, mas estamos considerando um caso de uma 
comunicaçãounidirecional: ver mais abaixo.) 
Não basta, no entanto, que o código seja comum para que se realize uma 
comunicação perfeita; por exemplo, dois brasileiros não possuem necessariamente a 
mesma riqueza de vocabulário, nem o mesmo domínio sintaxe. 
Finalmente, deve ser observado que certos tipos de comunicação podem 
recorrer simultaneamente à utilização de vários canais de comunicação e de vários 
códigos (exemplo: o cinema). 
f) O referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aos 
quais a mensagem remete. 
Há dois tipos de referentes: 
Referente situacional: constituído pelos elementos da situação do emissor e do 
receptor e pelas circunstâncias de transmissão da mensagem. 
Assim é que quando uma professora dá a seguinte ordem à seus alunos: 
“coloquem o lápis sobre a carteira”, sua mensagem remete a uma situação espacial, 
temporal e a objetos reais. 
Referente textual: constituído pelos elementos do contexto lingüístico. Assim, 
num romance, todos os referentes são textuais, pois o destinador (o romancista) não 
faz alusão salvo raras exceções - à sua situação no momento da produção (da escrita) 
do romance, nem a do destinatário (seu futuro leitor). Os elementos de sua mensagem 
remetem a outros elementos do romance, definidos no seu próprio interior. 
Da mesma forma, comentando sobre nossas recentes férias na praia, num bate-
papo com os amigos, não remetemos, com a palavra”praia” ou com a palavra “areia”, 
as realidades presentes no momento da comunicação. 
 
. Tipos de comunicação 
 
Comunicação unilateral é estabelecida de um emissor para um receptor, sem 
reciprocidade. Por exemplo, um professor, um professor durante uma aula expositiva, 
um aparelho de televisão, um cartaz numa parede difundem mensagens sem receber 
resposta. 
Comunicação bilateral se estabelece quando o emissor e o receptor alternam 
seus papéis. É o que acontece durante uma conversa, um bate-papo, em que há 
intercâmbio de mensagens. 
 
III - Funções da Linguagem 
 
As funções da linguagem são seis: 
a) Função referencial ou denotativa; 
b) Função emotiva ou expressiva; 
c) Função Fática; 
d) Função conativa ou apelativa; 
e) Função metalingüística; 
f) Função poética, 
_______________________________________________________________ 
Quando um poeta descreve a Lua, suas impressões se dispõem de maneira 
especial, conforme a subjetividade de suas sensações. Quando um cientista descreve 
o mesmo objeto, submete-o à interpretação informativa, impessoal e científica. Assim, 
a Lua, que para o poeta seria “uma inspiração romântica”, para o cientista é “o satélite 
natural da Terra”. 
Dessa forma, temos as funções da linguagem que apontam o direcionamento da 
mensagem para um ou mais elementos do circuito da comunicação. 
Qualquer produção discursiva, lingüística (oral ou escrita) ou extralingüística 
(pintura, música, fotografia, propaganda, cinema, teatro etc.) apresenta funções da 
linguagem. 
 
Elementos da comunicação 
Ao elaborarmos um texto, precisamos ter em mente que estamos escrevendo 
para alguém. Enquanto a redação literária destina-se à publicação em jornal, livro ou 
revista, e seu público é geralmente heterogêneo, a redação para vestibular tem em 
vista selecionar os candidatos cuja habilidade discursiva toma-os aptos a ingressar na 
vida acadêmica. 
Seja um texto literário ou escolar, a redação/texto sempre apresenta alguém que 
o escreve, o emissor, e alguém que o lê, o receptor. O que o emissor escreve é 
a mensagem. O elemento que conduz o discurso para o receptor é o canal (no nosso 
caso, o canal é o papel). Os fatos, os objetos ou imagens, os juízos ou raciocínios que 
o emissor expõe ou sobre os quais discorre constituem o referente. A língua que o 
emissor utiliza (no nosso caso, obrigatoriamente, a língua portuguesa) constitui 
o código. 
Assim, através de um canal, o emissor transmite ao receptor, em um 
código comum, uma mensagem, que se reporta a um contexto ou referente. 
Nesse mecanismo, temos: 
Num CONTEXTO, 
o EMISSOR (codificador), 
que elabora uma MENSAGEM 
por meio de um CÓDIGO, 
veiculada por um CANAL 
para um RECEPTOR (decodificador). 
 
Os elementos da comunicação e as funções da linguagem 
A ênfase num elemento do circuito de comunicação determina a função de 
linguagem que lhe corresponde: 
ELEMENTO FUNÇÃO 
contexto → referencial 
emissor → emotiva 
receptor → conativa 
canal → fática 
mensagem → poética 
código → metalingüística 
 
Cada um desses seis elementos determina uma função de linguagem. 
Raramente se encontram mensagens em que haja apenas uma; na maioria das vezes 
o que ocorre é uma hierarquia de funções em que predomina ora uma, ora outra. 
Observe este trecho: 
“Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre 
o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual 
indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas 
como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, 
vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade 
quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do 
dicionário.” 
(Carlos Drummond de Andrade) 
No exemplo acima, predomina a função metalinguística (volta-se para a própria 
produção discursiva) e a poética (produz efeito estético através da linguagem 
metafórica); porém, menos evidentes, aparecem as funções referencial (evidencia o 
assunto) e emotiva (revela emoções do emissor). 
A classificaçãodas funções da linguagem depende das relações estabelecidas 
entre elas e os elementos do circuito da comunicação. Esquematicamente, temos: 
 
 
Função referencial ou denotativa 
Certamente a mais comum e mais usada no dia a dia, a função referencial ou 
informativa, também chamada denotativa ou cognitiva, privilegia o contexto. Ela 
evidencia o assunto, o objeto, os fatos, os juízos. É a linguagem da comunicação. 
Faz referência a um contexto, ou seja, a uma informação sem qualquer envolvimento 
de quem a produz ou de quem a recebe. Não há preocupação com estilo; sua intenção 
é unicamente informar. E a linguagem das redações escolares, principalmente das 
.dissertações, das narrações não- fictícias e das descrições objetivas. 
Caracteriza também o discurso científico, o jornalístico e a correspondência 
comercial. Exemplo: 
“Todo brasileiro tem direito à aposentadoria. Mas nem todos têm direitos iguais. 
Um milhão e meio de funcionários públicos, aposentados por regimes especiais, 
consomem mais recursos do que os quinze milhões de trabalhadores aposentados 
pelo INSS. Enquanto a média dos benefícios aos aposentados do INSS é de 2,1 
salários mínimos, nos regimes especiais tem gente que ganha mais de 100 salários 
mínimos”. 
(Programa Nacional de Desestatização) 
 
Função emotiva ou expressiva 
Quando há ênfase no emissor (lª pessoa) e na expressão direta de suas 
emoções e atitudes, temos afunção emotiva, também chamada expressiva ou de 
exteriorização psíquica. Ela é lingüisticamente representada por interjeições, adjetivos, 
signos de pontuação (tais como exclamações, reticências) e agressão verbal (insultos, 
termos de baixo calão), que representam a marca subjetiva de quem fala. Exemplo: 
Oh? como és linda, mulher que passas 
Que me sacias e suplicias 
Dentro das noites, dentro dos dias? (Vinícius de Moraes) 
 
Observe que em “Luís, você é mesmo um burro!”, a frase perde seu caráter 
informativo (já que Luís não é uma pessoa transformada em animal) e enfatiza o 
emotivo, pois revela o estado emocional do emissor.. 
As canções populares amorosas, as novelas e qualquer expressão artística que deixe 
transparecer o estado emocional do emissor também pertencem à função emotiva. 
Exemplos: 
E aí me dá uma inveja dessa gente... 
(Chico Buarque) 
Não adianta nem tentar 
Me esquecer 
Durante muito tempo em sua vida 
Eu vou viver 
(Roberto Carlos & Erasmo Carlos) 
 
“Sinto que viver é inevitável. 
Posso na primavera ficar horas sentada fl1mando, apenas sendo. 
Ser às vezes sangra. Mas não há como não sangrar pois é no sangue que sinto 
a primavera. 
Dói. A primavera me dá coisas. 
 Dá do que viver 
E sinto que um dia na primavera é que vou morrer 
De amor pungente e coração enfraquecido. (Clarice Lispector) 
 
Função conativa ou de apelo 
A função conativa é aquela que busca mobilizar a atenção do receptor, 
produzindo um apelo ou uma ordem. Pode ser volitiva, revelando assim uma 
vontade (“Por favor, eu gostaria que você se retirasse.”), ou imperativa, que é a 
característica fundamental da propaganda. Encontra no vocativo e no imperativo sua 
expressão gramatical mais autêntica. Exemplos: 
Antônio, venha cá! 
Compre um e leve três. 
Beba Coca-Cola. 
Se o terreno é difícil, use uma solução inteligente: Mercedes-Benz. 
 
Função fática 
Se a ênfase está no canal, para checar sua recepção ou para manter a 
conexão entre os falantes, temos a função fática. Nas fórmulas ritualizadas da 
comunicação, os recursos fáticos são comuns. Exemplos: 
Bom-dia! 
Oi, tudo bem? 
Ah, é! 
Huin... hum... 
Alô, quem fala? 
Hã, o quê? 
Observe os recursos fáticos que, embora característicos da linguagem oral, 
ganham expressividade na música: 
Alô, alô marciano 
Aqui quem fala é da Terra. (Rita Lee & Roberto de Carvalho) 
Blá, Blá, Blá, Blá, Blá 
Blá, Blá, Blá, Blá 
Ti, Ti, Ti, Ti, Ti, 
Ti, Ti, Ti, Ti 
Tá tudo muito bom, bom! 
Tá tudo muito bem, bem! (Evandro Mesquita) 
 
Atente para o fato de que o uso excessivo dos recursos fáticos denota 
carência vocabular, já que destitui a mensagem de carga semântica, mantendo 
apenas a comunicação, sem traduzir informação. Exemplo: 
 
— Você gostou dos contos de Machado? 
— Só, meu. Valeu. 
 
Função metalingüística 
A função metalinguística visa à tradução do código ou à elaboração do 
discurso, seja ele linguístico (a escrita ou a oralidade), seja extralinguístico (música, 
cinema, pintura, gestualidade etc. — chamados códigos complexos). Assim, é a 
mensagem que fala de sua própria produção discursiva. Um livro convertido em filme 
apresenta um processo de metalinguagem, uma pintura que mostra o próprio artista 
executando a tela, um poema que fala do ato de escrever, um conto ou romance que 
discorre sobre a própria linguagem etc. são igualmente metalingüísticos. O dicionário é 
metalingüístico por excelência. Exemplos: 
— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, Seu Paulo. A gente 
discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra 
coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia. 
(Graciliano Ramos) 
Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. 
(Carlos Drummond de Andrade) 
 
A palavra é o homem mesmo, Estamos feitos de palavras. Elas são a única realidade 
ou, ao menos, o único testemunho de nossa realidade. 
(Octávio Paz) 
“Anuncie seu produto: a propaganda é a arma do negócio.” Nesse exemplo, 
temos a função metalingüística (a propaganda fala do ato de anunciar), a conativa (a 
expressão aliciante do verbo anunciar no imperativo) e a poética (na renovação de um 
clichê, conferindo-lhe um efeito especial). 
 
Função poética 
Quando a mensagem se volta para seu processo de estruturação, para os 
seus próprios constituintes, tendo em vista produzir um efeito estético, através de 
desvios da norma ou de combinatórias inovadoras da linguagem, temos a função 
poética, que pode ocorrer num texto em prosa ou em verso, ou ainda na fotografia, na 
música, no teatro, no cinema, na pintura, enfim, em qualquer modalidade discursiva 
que apresente uma maneira especial de elaborar o código, de trabalhar a palavra. 
Exemplos: 
Que não há forma de pensar ou crer 
De imaginar sonhar ou de sentir 
Nem rasgo de loucura 
Que ouse pôr a alma humana frente a frente 
Com isso que uma vez visto e sentido 
Me mudou, qual ao universo o sol 
Falhasse súbito, sem duração 
No acabar... (Fernando Pessoa) 
 
Observe, entretanto, que o discurso desviatório necessita de um contexto para 
produzir sensação estética, como no poema abaixo, cujo nonsense é altamente 
poético no contexto de Alice no País das Maravilhas: 
 
Pois então tu mataste o Jaguadarte! 
Vem aos meus braços, homenino meu! 
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte! 
Ele se ria jubileu. 
 
Era briluz. As lesmolisas touvas 
Roldavam e relvian nos gramilvos. 
Estavam mimsicais as pintalouvas 
E os momirratos davam grilvos. 
(Lewis Carrol, traduzido por Augusto de Campos.) 
 
 
Veja mais. 
 
Leia os textos a seguir: 
Texto A 
A índia Everon, da tribo Caiabi, que deu a luz a três meninas, através de uma 
operação cesariana, vai ter alta depois de amanhã, após ter permanecido no Hospital 
Base de Brasília desde o dia 16 de março. No início, os índios da tribo foram 
contrários à idéia de Everon ir para o hospital mas hoje já aceitam o fato e muitos já 
foram visitá-la. Everon não falava uma palavra de Português até ser internada e as 
meninas serão chamadas de Luana, Uiara e Potiara. 
Jornal da Tarde, 13 jul. 1982 
Texto B 
Uma morena 
Não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as 
páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto 
do quarto – se tomada com cuidado, verto água limpa sobre as mãospara que se 
possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos, num segundo me estilhaço 
em cacos, me esfarelo em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei 
indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os 
tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para 
despertar a suavidade alheia, mesmo assim insisto: meus gestos, minhas palavras são 
magrinhos como eu, e tão morenos, que esboçados a sombra, mal se destacam do 
escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse 
sempre sobre tapetes, impressentida, mãos tão leves que uma carícia minha, se 
porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha. Para beber, alem 
do chá, raramente admito um cálice de vinho branco, mas que seja seco para não 
esbrasear em excesso minha garganta em ardores... 
 
ABREU, Caio Fernando. Fotografias. In: Morangos mofados. 2. ed. São Paulo, 
Brasiliense, 1982. p. 93 
 
Texto C 
_ Você acha justo que se comemore o Dia Internacional da mulher? 
_ Nada mais justo! Afinal de contas, você está entendendo, a mulher há séculos, 
certo, vem sendo vítima de exploração e discriminação, concorda? Já houve alguns 
avanços, sabe, nas conquistas femininas. Você percebeu? Apesar disso, ainda hoje a 
situação da mulher continua desfavorável em relação à do homem, entende? 
 
Texto D 
Mulher, use o sabonete X. 
Não dispense X: ele a tornará tão bela quanto à 
estrelas de cinema. 
Texto E 
Mulher. [Do lat. Muliere.] S. f. 1. Pessoa do sexo feminino após a puberdade. 
[Aum.: mulherão, mulheraça, mulherona.] 2. Esposa. 
 
Texto F 
A mulher que passa 
Meu Deus, eu quero a mulher que passa. 
Seu dorso frio é um campo de lírios 
Tem sete cores nos seus cabelos 
Sete esperanças na boca fresca! 
Oh! Como és linda, mulher que passas 
Que me sacia e suplicias 
Dentro das noites, dentro dos dias! 
Teus sentimentos, são poesia. 
Teus sofrimentos, melancolia. 
Teus pêlos leves são relva boa 
Fresca e macia. 
Teus belos braços são cisnes mansos 
Longe das vozes da ventania. 
Meu Deus, eu quero a mulher que passa! 
(MORAIS, Vinícius de. A mulher que passa. In:____. Antologia poética. 4. ed. Rio 
de Janeiro, Ed. Do autor, 1960. p.90.) 
 
Todos os textos lidos, o tema é um só: mulher. No entanto, a maneira de cada 
autor varia. O que provoca essa diversificação é o objetivo de cada emissor, que 
organiza sua mensagem utilizando uma fala específica. Portanto, cada mensagem tem 
uma função predominante, de acordo com o objetivo do emissor. 
 
A – Função Referencial ou denotativa 
No texto A, a finalidade é apenas informar o receptor sobre um fato ocorrido. A 
linguagem é objetiva, não admitindo mais de uma interpretação. Quando isso 
acontece, predomina a função referencial ou denotativa da linguagem. 
Função referencial ou denotativa é aquela que traduz objetivamente a realidade 
exterior ao emissor. 
B – Função emotiva ou expressiva 
No texto B, descrevem-se as sensações da mulher, que faz uma descrição 
subjetiva de si mesmo. Nesse caso, em que o emissor exterioriza seu estado psíquico, 
predomina a função emotiva da linguagem, também chamada de função expressiva. 
Função emotiva ou expressiva é aquela que traduz opiniões e emoções do 
emissor. 
C – Função Fática 
No texto C, o emissor utiliza expressões que tentam prolongar o contato com o 
receptor, testando frequentemente o canal 
Neste caso, predomina a função fática da linguagem. 
Função fática é aquela que tem por objetivo iniciar, prolongar ou encerrar o 
contato com o receptor. 
D – Função conativa ou apelativa 
A mensagem do primeiro texto contém um apelo que procura influir no 
comportamento do receptor. Messe caso, predomina a função conativa ou apelativa. 
São características dessa função: 
a) verbos no imperativo; 
b) presença de vocativos; 
c) pronomes de 2ª pessoa. 
Função conativa ou apelativa é aquela que tem por objetivo influir no 
comportamento do receptor, por meio de um apelo ou ordem. 
 
E – Função metalinguística 
O texto E, é a transição de um verbete de um dicionário. 
Essa mensagem explica um elemento do código – a palavra mulher – utilizando o 
próprio código nessa explicação. Quando a mensagem visa a explicar o próprio código 
ou utiliza-o como assunto, predomina a função metalingüística da linguagem. 
Função metalingüística é aquela que utiliza o código como assunto ou para 
explicar o próprio código. 
 
F – Função Poética 
A preocupação intencional do emissor com a mensagem, ao elabora-la, 
caracteriza a função poética da linguagem 
Função poética é aquela que enfatiza a elaboração da mensagem, de modo a 
ressaltar seu significado. 
É importante observar que nenhum texto apresenta apenas uma única função da 
linguagem. Uma função sempre predomina num texto, mas nunca é exclusiva. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. (FEI) Assinale a alternativa em que a função apelativa da linguagem é a 
que prevalece: 
a) Trago no meu peito um sentimento de solidão sem fim… sem fim… 
b) “Não discuto com o destino o que pintar eu assino.” 
c) Machado de Assis é um dos maiores escritores brasileiros. 
d) Conheça você também a obra desse grande mestre. 
e) Semântica é o estudo da significação das palavras. 
02. (PUC) Identifique a frase em que a função predominante da linguagem é 
a REFERENCIAL: 
a) Dona Casemira vivia sozinha com seu cachorrinho. 
b) ¾ Vem, Dudu! 
c) ¾ Pobre Dona Casemira… 
d) ¾ O que … O que foi que você disse? 
e) Um cachorro falando? 
03..(Vunesp) Capítulo LX / Manhã de 15 
Quando lhe acontecia o que ficou contado, era costume de Aires sair cedo, a 
espairecer. Nem sempre acertava. Desta vez foi ao passeio público. Chegou às sete 
horas e meia, entrou, subiu ao terraço e olhou para o mar. O mar estava crespo. Aires 
começou a passear ao longo do terraço, ouvindo as ondas, e chegando-se à borda, de 
quando em quando, para vê-las bater e recuar. Gostava delas assim; achava-lhes uma 
espécie de alma forte, que as movia para meter medo à terra. A água, enroscando-se 
em si mesma, dava-lhe uma sensação, mais que de vida, de pessoa também, a que 
não faltavam nervos nem músculos, nem a voz que bradava as suas cóleras. (Assis, 
Machado de. Esaú e Jacó – fragmento) 
No primeiro parágrafo, o termo sublinhado estabelece uma relação entre 
MAR e POVO que visa a um efeito de sentido. Que figura de linguagem constrói 
essa associação? 
04. Identifique as funções de linguagem: 
a) “Lambetelho frúturo orgasmaravalha-se logum 
homenina nel paraís de felicidadania: 
outras palavras.” (Caetano Veloso) 
b) Mico Branco 
. A turma do Casseta & Planeta está em Vale Nevado no Chile. 
. Grava um programa sobre as desventuras dos turistas brasileiros que saem 
daqui para esquiar e, sem sabê-lo, passam as férias aos trambolhões. (O Globo) 
c) “Eu levo a sério, mas você disfarça; 
insiste em zero a zero e eu quero um a um…” (Djavan) 
d) “Compre Batom!” 
05. (Fuvest) Um dos traços marcantes do atual período histórico é (…) o 
papel verdadeiramente despótico da informação. (…) As novas condições 
técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta, dos 
objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua 
realidade intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação 
são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus 
objetivos particulares. Essas técnicas da informação (por enquanto) são 
apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim 
os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do 
sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não 
dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a 
possibilidade de controle. 
O que é transmitido à maioriada humanidade é, de fato, uma informação 
manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.(Milton Santos, Por uma outra 
globalização) 
No contexto em que ocorrem, estão em relação de oposição os segmentos 
transcritos em: 
a) novas condições técnicas/ técnicas da informação. 
b) punhados de atores/ objetivos particulares. 
c) ampliação do conhecimento/ informação manipulada. 
d) apropriadas por alguns Estados/ criação de desigualdades. 
e) atual período histórico/ periferia do sistema capitalista. 
06. (UFVI) Quando uma linguagem trata de si própria – por exemplo um 
filme falando sobre os processos de filmagem, um poema desvendando o ato de 
criação poética, um romance questionando o ato de narrar – temos 
a metalinguagem. 
Esta forma de linguagem predomina em todos os fragmentos, excet 
a) “Amo-te como um bicho simplesmente 
de um amor sem mistério e sem virtude 
com um desejo maciço e permanente.” 
(Vinicius de Morais) 
b) “Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigada a 
usar as palavras que vos sustentam.” (Clarice Lispector) 
c) “Não narro mais pelo prazer de saber. Narro pelo gosto de narrar, sopro 
palavras e mais palavras, componho frases e mais frases.” (Silviano Santiago) 
d) “Agarro o azul do poema pelo fio mais delgado de lã de seu discurso e vou 
traçando as linhas do relâmpago no vidro opaco da janela.” (Gilberto Mendonça Teles) 
e) Que é Poesia? Uma ilha cercada de palavras por todos os lados.” (Cassiano 
Ricardo) 
TEXTO PARA A SÉTIMA QUESTÃO 
“O estoicismo fundado por Zenão de Cipre (336 – 264), teve também Atenas 
como centro irradiador. 
Partiu da oposição matéria-forma feita por Aristóteles. Radicalmente materialista, 
interpretou a forma como matéria ativa e declarou o seu oposto matéria passiva. Não 
há entre os seres diferenças de natureza, apenas de grau. Desde a pedra até o 
homem, passando pelas plantas e os animais, a matéria passiva e a ativa distribuem-
se em proporção ínfima nos seres brutos. A razão é, portanto, a centelha divina em 
nós. 
Desde que o universo é governado pela razão e não está entregue ao acaso 
como pensavam os epicureus, todos os atos, até os mais insignificantes, estão 
rigorosamente determinados. A liberdade estóica consiste em submeter-se 
voluntariamente às imperativas leis que agem no todo, já que a resistência determina 
a execução involuntária dos atos previstos pelo mesmo determinismo imanente. A 
ética consiste na leitura e na correta observação da ordem universal. 
O estoicismo deixou marcas no direito romano. Levou os legisladores a 
subordinar as leis do estado às leis da natureza, melhorou a situação da mulher e dos 
escravos, visto que os estóicos criam na igualdade de todos os homens.”(SCHÜLER, 
Donald, Literatura Grega.) 
07. No texto predomina a linguagem com função: 
a) emotiva; b) referencial; c) fática; 
d) conativa; e) metalinguística. 
08. Segundo o lingüista Roman Jakobson, ‘dificilmente lograríamos (…) 
encontrar mensagens verbais que preenchessem uma única função… A 
estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função 
predominante’. 
“Meu canto de morte, 
Guerreiros, ouvi: 
Sou filho das selvas 
Nas selvas cresci: 
Guerreiros, descendo 
Da tribo tupi. 
Da tribo pujante, 
Que agora anda errante 
Por fado inconstante, 
Guerreiro, nasci: 
Sou bravo, sou forte, 
Sou filho do Norte 
Meu canto de morte, 
Guerreiros, ouvi.” (Gonçalves Dias) 
Indique a função predominante no fragmento acima transcrito, justificando a 
indicação: 
09. (UFGO) Texto A 
Pausa poética 
Sujeito sem predicados 
Abjeto 
Sem voz 
Passivo 
Já meio pretérito 
Vendedor de artigos indefinidos 
Procura por subordinada 
Que possua alguns adjetivos 
Nem precisam ser superlativos 
Desde que não venha precedida 
De relativos e transitivos 
Para um encontro vocálico 
Com vistas a uma conjugação mais que 
Perfeita 
E possível caso genitivo. (Paulo César de Souza) 
Texto B 
“Sou divorciado – 56 anos, desejo conhecer uma mulher desimpedida, que viva 
só, que precise de alguém muito sério para juntos sermos felizes. 800-0031 
(discretamente falar c/ Astrogildo)” 
Os textos A e B, apesar de se estruturarem sob perspectivas funcionais 
diferentes, exploram temáticas semelhantes. Assinale a incorreta: 
a) no texto A, o autor usa de metalinguagem para caracterizar o sujeito e o objeto 
de sua procura, ao passo que no texto B, o locutor emprega uma linguagem com 
predominância da função referencial. 
b) a expressão ‘meio pretérito’, do texto A, fica explicitada cronologicamente na 
linguagem referencial do texto B. 
c) a expressão ‘Desde que não venha precedida de relativos e transitivos’, no 
texto A, tem seu correlato em ‘mulher desimpedida que vive só’, do texto B. 
d) comparando os dois textos, pode-se afirmar que ambos expressam a mesma 
visão idealizada e poética do amor. 
e) no texto A, as palavras extraídas de seu contexto de origem (categorias 
gramaticais e funções sintáticas) e ajustadas a um novo contexto criam uma 
duplicidade de sentido, produzindo efeitos, ao mesmo tempo lúdicos e poéticos. 
10. (Mackenzie) 
Irmão das coisas fugidias, 
não sinto gozo nem tormento. 
Atravesso noites e dias 
no vento. (Cecília Meireles, OBRA POÉTICA) 
Assinale a alternativa INCORRETA sobre a estrofe anterior. 
a) Vento é um termo metafórico, sem correspondente expresso e pode ter várias 
interpretações. 
b) O verso 2 expressa uma antítese. 
c) O interlocutor tem o papel de depositário de uma confidência lírica. 
d) Os versos 1 e 3 confluem na rima e no significado dinâmico de tudo que 
passa. 
e) A apóstrofe expressa no verso 4 confirma o vazio emocional, já anunciado no 
verso 2. 
Gabarito 
1. D 
2. A 
3. processo da personificação (dar vida a ser inanimado) 
4. a) poética 
b) referencial 
c) emotiva 
d) conativa 
5. C 
6. A 
7. B 
8. emotiva – uso da 1ª pessoa 
9. D 
10. E

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