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RESUMO DIREITO INTERNCIONAL PÚBLICO

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Itaan Simões. 2017 
DIREITO INTERNCIONAL PÚBLICO 
FUNDAMENTOS: Justificam a submissão de Estados soberanos aos mandamentos das 
normas internacionais. 
• TEORIA VOLUNTARISTA ou CORRENTE POSITIVISTA: A base dessa teoria é a 
vontade dos sujeitos de D.I. Os Estados e organizações internacionais devem 
observar as normas internacionais porque expressaram livremente sua 
concordância em fazê-lo, de forma expressa (tratados) ou tácita (pela aceitação 
geral de costumes). Portanto, o alicerce do D.I. é a manifestação de vontade dos 
Estados. 
Teoria do Consentimento das Nações – a vontade majoritária dos Estados, 
individualmente considerados, legitima e fundamenta o D.I. 
• TEORIA OBJETIVISTA: obrigatoriedade do D.I., com base em seus próprios 
princípios, costumes e normas, os quais preferem ao ordenamento jurídico e à 
manifestação de vontade dos Estados, em conjunto ou separadamente. 
 
• TEORIA DO OBJETIVISMO TEMPERADO (VOLUNTARISMO + OBJETIVISMO) ou da 
norma Pacta Sunt Servanda – O D.I. é obrigatório por conter normas 
importantes ao desenvolvimento da sociedade internacional, mas que ainda 
dependem da vontade do Estado para existir. A partir do momento em que os 
Estados expressem seu consentimento em cumprir certas normas 
internacionais, devem fazê-lo de boa-fé. (art. 26, da Convenção de Viena) 
Art. 26: Todo o tratado em vigor vincula as Partes e deve ser por elas cumprido de boa-
fé. 
O exercício da vontade estatal não pode violar as normas jus cogens, que são 
normas imperativas de direito internacional geral, aceitas e reconhecidas pela 
comunidade internacional dos Estados, que não permitem derrogação e só poderão ser 
modificadas por uma nova norma de direito internacional geral com a mesma natureza. 
Obs.: As normas jus cogens têm o condão de LIMITAR A AUTONOMIA DA VONTADE DOS 
ESTADOS. 
As normas jus cogens são normas imperativas de direito internacional geral, das 
quais nenhuma derrogação é possível, salvo por norma de igual natureza. As normas jus 
cogens são, portanto, hierarquicamente superiores a qualquer outra norma. 
 
Art. 53 Tratados incompatíveis com uma norma imperativa de direito internacional geral 
(jus cogens) - É nulo todo o tratado que, no momento da sua conclusão, seja 
incompatível com uma norma imperativa de direito internacional geral. 
SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL 
• ESTADOS: sujeitos primários ou originários, dotados de soberania. 
 
Itaan Simões. 2017 
• ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: sujeitos derivados, possuem personalidade 
e capacidade jurídicas (competências) outorgadas pelos Estados-membros 
através de um acordo de criação. 
• INDIVÍDUOS: sujeitos sui generis, possuem direitos e deveres garantidos por 
Tratados Internacionais. 
RELAÇÃO ENTRE DIREITO INTERNACIONAL E DIREITO INTERNO 
TEORIA DUALISTA: 
• O D.I. e o Direito Interno são dois ordenamentos jurídicos distintos e totalmente 
independentes entre si, não podendo entrar em conflito uns com os outros. 
• O D.I. dirige a convivência entre os Estados. O Direito Interno disciplina as 
relações entre os indivíduos e entre estes e o ente estatal. 
• O Estado nega a aplicação imediata ao D.I. 
• “Teoria da Incorporação” – um tratado poderá regular relações dentro do 
território de um Estado somente se for incorporado ao ordenamento interno, 
por meio de um procedimento que o transforme em norma nacional (leis). 
Obs.: Teoria Dualista Moderada – Não seria necessário que o conteúdo das normas 
internacionais fosse inserido em um projeto de lei interna, bastando apenas a 
incorporação dos tratados ao ordenamento interno por meio de procedimento 
especifico, distinto do processo legislativo comum. É o que ocorre quando o Estado 
brasileiro efetivamente incorpora ao ordenamento interno, por meio de decreto 
presidencial, o tratado já em vigor na ordem internacional e que foi ratificado pelo Brasil. 
Para os dualistas, com a ratificação do Tratado, o País se obriga somente 
internacionalmente, adotando sua forma e matéria. Porém, para adotá-lo 
internamente, deverá ser editada uma norma interna, ou seja, uma nova forma. (No 
Brasil esta norma é o decreto executivo) 
TEORIA MONISTA: 
• Afirma a unicidade do sistema jurídico. D.I. e Direito Interno são 2 ramos de um 
mesmo sistema. 
• Não aceita a existência de duas ordens jurídicas autônomas, independentes e 
não derivadas. 
• Defende por vezes a primazia do direito internacional e por vezes a primazia do 
direito interno. 
• Não é necessária a feitura de novo diploma legal que transforme o D.I. em 
interno. O comprometimento definitivo do Estado no plano internacional 
(ratificação) é suficiente para gerar efeitos no plano interno. 
• O ato de ratificação de tratado gera efeitos no âmbito nacional. 
 
Itaan Simões. 2017 
Monismo com primazia do direito internacional EXTREMADO - o D.I. é colocado em 
posição de superioridade, subordinando-se a ele o direito interno. Havendo conflito, 
prevalece o D.I. 
Art. 27 da Convenção de Viena - Uma Parte não pode invocar as disposições do seu 
direito interno para justificar o incumprimento de um tratado. 
Monismo com primazia do direito internacional MODERADO – o D.I. prevalece, porém, 
admite exceções quando se tratar de determinadas matérias, caso em que prevalecerá 
o direito interno. 
Monismo nacionalista – Primazia do direito interno de cada Estado. Os Estados só se 
vinculariam às normas internacionais com as quais consentissem e nos termos 
estabelecidos pelas respectivas ordens jurídicas nacionais. 
Para os monistas, com a ratificação do Tratado o País está obrigado interna e 
internacionalmente, adotando sua forma e matéria. 
TRATADO = FORMA, INSTRUMENTO 
TEXTO = MATÉRIA, CONTEÚDO 
FONTES DO D.I. (Art. 38 do estatuto da CIJ) 
As fontes do direito internacional público enumeradas pelo art. 38 do Estatuto 
da CIJ não possuem hierarquia entre si. Em outras palavras, os tratados estão no mesmo 
nível hierárquico dos costumes e dos princípios gerais de direito. Assim, é possível que 
um tratado revogue um costume ou mesmo que um costume revogue um tratado. 
ESTATUTÁRIAS: 
• As convenções ou tratados internacionais, quer gerais, quer especiais, que 
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
• O costume internacional; 
• Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; (Ex: ampla 
defesa, contraditório, boa-fé, direito adquirido) 
• As decisões judiciais (jurisprudência) e a doutrina dos publicistas mais 
qualificados das diferentes nações, como meios auxiliares para a determinação 
das regras de direito. 
• Equidade ou questão ex aequo et bono, se as partes assim convierem. 
Obs.: A equidade seria a imparcialidade para reconhecer o direito de cada um dos 
Estados, usando a equivalência para se tornarem iguais. 
Obs.: A equivalência só será utilizada com o consentimento das partes. 
 
Itaan Simões. 2017 
 São fontes PRINCIPAIS do DIP os tratados ou convenções internacionais, os costumes 
e os princípios gerais de direito. 
 São meios AUXILIARES para a determinação das regras de direito a doutrina e a 
jurisprudência. Estas não criam normas jurídicas!! 
NÃO ESTATUTÁRIAS: 
• Os atos jurídicos unilaterais internacionais, provenientes de um único sujeito de 
D.I. e aptos à produção de efeitos jurídicos são considerados fontes do D.I. (Exs: 
Ratificação de Tratados, a Denúncia, a renúncia, Rompimento de Relações 
Diplomáticas) 
• Os atos unilaterais das organizações internacionais (Exs: Recomendações e 
Resoluções); 
• As normas jus cogens (direito cogente) – normas gerais imperativas de D.I., 
inderrogáveis pela vontade das partes.; 
• A “Soft Law” 
• A analogia e a equidade – São consideradas como formas deintegração das 
regras jurídicas. 
 
➢ Costumes 
Nos termos do art. 38 do Estatuto da CIJ, costume é uma prática geral aceita como 
sendo o direito. 
A “opinio juris” é o elemento psicológico (subjetivo) da norma costumeira. É a convicção 
de que uma determinada prática é generalizada e reiterada porque ela é juridicamente 
obrigatória. 
 
Os costumes podem extinguir-se de três formas diferentes: 
• Pelo desuso; 
• Pela adoção de um novo costume; 
• Substituição por um tratado internacional: 
 
A Questão da necessidade de sua aceitação pelos Estados para que a eles se vinculem 
Segundo a doutrina objetivista, um costume internacional vincula todos os 
Estados, até mesmo aqueles que com ele não concordarem. A manifestação do 
consentimento seria irrelevante para vincular um Estado a um costume internacional. 
Já para a doutrina subjetivista, um Estado somente estará vinculado à norma 
costumeira se com ela concordar. A manifestação do consentimento seria, então, 
essencial para a vinculação de um Estado a um costume internacional. 
 
Itaan Simões. 2017 
Teoria do Objetor Persistente - Para essa teoria, de índole voluntarista (subjetivista), 
caso um Estado nunca tenha concordado com um costume, seja de forma expressa ou 
tácita, a norma consuetudinária não o irá vincular. 
Obs.: Em caso de surgimento de um novo Estado, a doutrina objetivista defende que 
este estará obrigado aos costumes, independentemente de consentimento. A doutrina 
subjetivista entende que a vinculação somente existirá mediante a aquiescência 
expressa ou tácita por parte do Estado. 
➢ Jurisprudência 
A jurisprudência, por sua vez, pode ser entendida como o conjunto de decisões 
reiteradas no mesmo sentido. Trata-se da jurisprudência internacional. 
A jurisprudência internacional não tem efeito vinculante, ou seja, a existência de 
inúmeras decisões no mesmo sentido não tem o condão de vincular uma decisão de 
uma corte internacional. 
➢ Atos unilaterais 
São aqueles que dependem da manifestação exclusiva de um Estado. 
Estoppel: é um princípio geral de direito que prevê a impossibilidade de que uma 
pessoa tome atitude contrária a comportamento assumido anteriormente. O princípio 
do “estoppel” dá fundamento à obrigatoriedade dos atos unilaterais. Com efeito, se 
um Estado assume unilateralmente um compromisso, este se torna obrigatório e deve 
ser cumprido de boa-fé. 
 
➢ Soft Law 
“Soft law” quer se referir a um “direito suave”, em contraposição ao “hard law” 
(direito rígido). Trata-se, portanto, de normas de eficácia jurídica limitada, que não 
trazem compromissos vinculantes (caráter de meras recomendações). A sua formação 
ocorre por meio de negociações entre os sujeitos de Direito Internacional ou dentro de 
órgãos técnicos das organizações internacionais. 
Seriam modalidades de Soft Law: 
▪ Normas jurídicas ou não, de linguagem vaga ou de conteúdo variável ou 
aberto ou, ainda, que tenham caráter principiológico ou genérico, 
impossibilitando a identificação de regras claras e específicas; 
▪ Normas que prevejam mecanismos de solução de controvérsias, como a 
conciliação e a mediação. 
▪ Atos concertados entre Estados que não adquiram a forma de tratados e que 
não sejam obrigatórios. 
▪ Atos das organizações internacionais que não sejam obrigatórios. 
 
Itaan Simões. 2017 
DIREITO DOS TRATADOS 
Os tratados internacionais são considerados pela doutrina como a mais 
importante fonte do direito internacional nos dias de hoje. Ao contrário dos costumes, 
eles conferem maior segurança jurídica e estabilidade às relações internacionais. 
Tratado  designa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados 
e regido pelo direito internacional, quer esteja consignado num instrumento único, 
quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação 
particular; 
Obs.: podem celebrar tratados apenas os Estados e organizações internacionais. 
Segundo a Convenção de Viena de 1969, o fundamento de validade dos tratados 
internacionais é a regra “pacta sunt servanda”. 
Art. 26 - Todo o tratado em vigor vincula as Partes e deve ser por elas cumprido de boa 
fé. 
Conceitos referentes a Tratados. 
A ratificação é o ato unilateral de um Estado por meio do qual ele se 
compromete definitivamente, no plano internacional a vincular-se ao texto de um 
tratado. Para que um tratado seja ratificado, pressupõe que ele já deva ter sido objeto 
de consentimento provisório, isto é, tenha sido assinado anteriormente. 
A adesão e a aceitação são sinônimos e se referem aos atos internacionais por 
meio dos quais um Estado que não participou das negociações, tampouco assinou o 
tratado, se vincula definitivamente a este. Quando um Estado adere a um tratado, não 
há que se falar em ratificação, uma vez que a adesão já representa o compromisso 
estatal definitivo. 
A aprovação é um termo que, na prática jurídica brasileira, se refere ao ato por 
meio do qual o Congresso Nacional autoriza que o Presidente da República proceda à 
ratificação de um tratado. Quanto a esse ponto, destaque-se que, no Brasil, os tratados 
somente poderão ser ratificados após a aprovação do Congresso Nacional. 
As reservas são um qualificativo do consentimento. Consistem em declaração 
unilateral por meio da qual um Estado visa excluir ou modificar os efeitos jurídicos de 
certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado. As reservas podem ser 
apresentadas em qualquer momento em que o Estado manifestar seu consentimento 
com o tratado (seja esse consentimento provisório ou definitivo), isto é, um Estado pode 
apresentar reservas no momento em que assinar, ratificar, aceitar, aprovar ou aderir 
a um tratado. 
 
Itaan Simões. 2017 
A denúncia é um ato unilateral por meio do qual um Estado manifesta sua 
vontade em desvincular-se de um tratado internacional. Tanto o Presidente da 
República quanto o Congresso Nacional poderão denunciar um tratado internacional. 
A PROCESSUALÍSTICA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS: 
a) Negociações: 
É a fase inicial do processo de celebração de um tratado. Em regra, as negocia•.es 
ocorrem no âmbito de uma organização internacional ou de uma conferência 
internacional especialmente convocada para esse mister. 
 
b) Adoção do texto: 
A adoção do texto do tratado não pode ser confundida com a assinatura, o que é 
bastante comum. A adoção do texto é o momento final da fase de negociações, quando 
se tem um texto convencional produzido pelas partes contratantes. 
Obs.: A adoção do texto do tratado ocorrerá, prioritariamente, pelo consentimento de 
todos os Estados envolvidos na negociação ou pelo quórum de 2/3 dos Estados 
presentes e votantes em uma conferência internacional, salvo se esses Estados, pela 
mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa. 
c) Assinatura: 
Após a adoção do texto do tratado, este seguirá para a assinatura. A assinatura 
representa, em regra, o consentimento provisório de um Estado em se obrigar ao texto 
de um tratado. Nos acordos em forma simplificada, a assinatura poderá, todavia, 
representar o consentimento definitivo. 
▪ Quem poderá assinar: Chefes de Estado, Chefes de Governo, Ministros das Rel. 
Exteriores e agente de posse da Carta de Plenos Poderes. 
 
▪ Efeitos da Assinatura: 
Estabelece que um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrem o 
objeto e a finalidade do tratado quando o houver assinado. Obrigação fundada no 
princípio da boa-fé. 
Serve para autenticar o texto de um tratado que, a partir de então, não poderá mais 
ser unilateralmente alterado. A assinatura significa que o Estado aceita as normas 
costumeiras previstas no tratado. 
d) Autorização pelo Congresso Nacional: 
Otratado, após ter sido assinado, não tem o condão de vincular definitivamente o 
Estado, o que ocorrerá somente após a ratificação. A ratificação compete ao Chefe do 
Poder Executivo, que é o responsável pela representação externa do Estado. 
Após a assinatura do tratado pelo Presidente da República, este poderá submetê-lo à 
apreciação do Congresso Nacional. Ressalte-se que a comunicação entre o Presidente 
da República e o Congresso Nacional se dará mediante Mensagem Presidencial. 
ITAAN
Realce
 
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O decreto legislativo é o ato que materializa a aprovação do tratado pelo Congresso 
Nacional. Ele representa uma autorização para que o Presidente da República ratifique 
o tratado no plano internacional. 
e) Ratificação: 
A ratificação é o ato internacional pelo qual o Estado se compromete definitivamente 
a vincular-se ao texto de um Tratado. Por ser um ato internacional, é o Poder Executivo 
o competente para realizá-lo. No caso específico do Brasil, o Congresso Nacional apenas 
autoriza a ratificação, que é feita pelo Presidente da República. 
A ratificação é ato irretratável, mesmo antes de o tratado ter entrado em vigor. Para 
desfazer o seu vínculo com o tratado, o Estado terá como instrumento a denúncia 
unilateral, nas hipóteses em que esta for autorizada. 
Obs.: A ratificação é também um ato expresso. Assim, não há que se falar em ratificação 
tácita, perfazendo-se esta apenas por meio de documento escrito. 
f) Promulgação e Publicação: 
Após proceder à ratificação, o Presidente da República deverá expedir um decreto 
executivo, por meio do qual irá promulgar e publicar o texto do tratado no Diário Oficial 
da União. A partir da publicação do decreto executivo, considera-se que o tratado foi 
internalizado no ordenamento jurídico brasileiro, estando apto a entrar em vigor. 
▪ A promulgação é o ato pelo qual se atesta que a lei (no caso, o tratado) é válida, 
executável e obrigatória. 
▪ Já a publicação é o ato que dá conhecimento público à norma (no caso, o 
tratado). 
Obs.: Os tratados que necessitam de aprovação do CN devem ser promulgados e 
publicados. Já os acordos executivos (que não dependem de autorização do CN) são 
apenas publicados no Diário Oficial da União. 
REQUISITOS DE VALIDADE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS 
I. habilitação dos agentes signatários; 
II. objeto lícito e possível; 
III. capacidade das partes contratantes e; 
IV. consentimento livre. 
 
➢ Habilitação dos agentes signatários 
Art. 7º da Convenção de Viena - Em virtude de suas funções e independentemente 
da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado: 
a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Rela•.es Exteriores, 
para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado; 
ITAAN
Realce
 
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b) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o 
Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados; 
c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou 
organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado 
em tal conferência, organização ou órgão. 
Obs.: Além dos agentes referidos acima, qualquer indivíduo poderá celebrar tratados 
em nome do Estado, desde que esteja em poder da Carta de Plenos Poderes. 
 
ATENÇÃO: É possível também que alguns agentes, apesar de não portarem a carta de 
plenos poderes e não serem aqueles do art. 7º, possam celebrar tratados. Esta 
possibilidade está prevista no parágrafo 1º do art. 7º da CV/69, que diz que se a prática 
dos Estados indicar que o Estado tem a intenção de indicar uma determinada pessoa 
como seu representante, será dispensada a carta de plenos poderes. (Logo, atenção às 
questões que afirmem ser SEMPRE obrigatória a apresentação da carta de plenos 
poderes pelos agentes que não estejam no art. 7º da CV/69) 
➢ Capacidade das partes contratantes 
Os Estados e as organizações internacionais são os únicos entes dotados de 
competência para concluir tratados, ou seja, são entes que possuem capacidade 
convencional. Entretanto, o poder dos Estados para celebrar tratados é mais amplo do 
que o das organizações internacionais. Enquanto os Estados podem celebrar tratados 
sobre quaisquer assuntos, a capacidade convencional das organizações internacionais 
está materialmente limitada ao que prevê o seu acordo constitutivo. 
➢ Objeto lícito e possível 
Os tratados internacionais devem ter um objeto lícito e possível, isto é, seu 
conteúdo não pode violar normas jus cogens. 
Normas Jus Cogens são normas imperativas de Direito Internacional geral é uma norma 
aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como 
norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por 
norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. Gozam de valor 
superior na ordem jurídica internacional. 
Art. 53 Tratados incompatíveis com uma norma imperativa de direito internacional geral 
(jus cogens) - É nulo todo o tratado que, no momento da sua conclusão, seja 
incompatível com uma norma imperativa de direito internacional geral. 
Art. 64 Superveniência de uma norma imperativa de direito internacional geral (jus 
cogens) - Se sobrevier uma nova norma imperativa de direito internacional, geral, 
qualquer tratado existente que seja incompatível com essa norma torna-se nulo e cessa 
a sua vigência. 
 
 
 
Itaan Simões. 2017 
➢ Consentimento Regular 
O consentimento é o fundamento de validade dos tratados internacionais, expresso 
no art. 26 da CV/69, não podendo estar eivado de vícios, sob pena de o tratado ser 
considerado nulo. 
Art. 26: Todo o tratado em vigor vincula as Partes e deve ser por elas cumprido de boa-
fé. 
 
Os vícios do consentimento ocorrem nas hipóteses definidas pela CV/69, quais 
sejam: erro, dolo, coação do Estado ou do representante do Estado e corrupção do 
representante do Estado. Perceba-se que, em todas essas situações, o consentimento 
do Estado não é livre, é dizer, não é um consentimento regular. 
HIERARQUIA DOS TRATADOS COMUNS NO BRASIL 
O STF entende que os tratados internacionais e as leis ordinárias possuem 
paridade normativa e que o conflito entre eles deve ser resolvido pela aplicação dos 
critérios cronológico (lex posterior derogat priori) e da especialidade (lex specialis 
derogat generali). 
O Brasil adotaria assim, o monismo moderado. 
HIERARQUIA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL 
O art. 5º, §3º da CF/88, que estabelece que “os tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes as emendas constitucionais. ” 
Eficácia FORMAL  EMENDA CONSTITUCIONAL. 
Eficácia MATERIAL  DIREITO FUNDAMENTAL. 
 
Já os tratados internacionais de direitos humanos que não forem aprovados pelo 
procedimento próprio das emendas constitucionais (em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros) terão status 
supralegal. 
Eficácia FORMAL  LEI ORDINÁRIA 
Eficácia MATERIAL  DIREITO SUPRALEGAL

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