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Apostila de Lutas

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
Centro de Ciências da Saúde e Biológicas
Departamento de Educação Física e Desportos
Disciplina: Lutas
Prof. Ms. Chuno Mesquita
Prof. Ms Eduardo Ribeiro
USANDO AS LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
* Prof. Ms. Chuno Mesquita
Durante algumas décadas foi o judô que praticamente se pontuou como modalidade única na disciplina de lutas das universidades brasileiras, com raríssimas exceções algumas universidades oferecem outras modalidades para o seu corpo de alunos. Durante todo este tempo o judô tem sido ensinado nas escolas de educação física com uma visão eminentemente técnica em que a preocupação de relacionar a sua prática com a educação física escolar é pouco discutida ou simplesmente não se discute. 
Observa-se uma necessidade de se colocar essas questões didático-pedagógica não somente do judô mas das lutas esportivas de forma geral na área da educação física escolar, que com certeza servirá para trazer à tona o comprometimento com os aspectos sociais e culturais que os PCNs tanto sugerem para um desenvolvimento voltado para a educação, saúde e cidadania do aluno.
A proposta inicial de disciplina LUTAS é trabalhar um conteúdo visando prioritariamente a iniciação esportiva de forma lúdica, dando condições ao professor de educação física mesmo sem ser um especialista sinta-se apto para dar o primeiros passos no ensino de uma atividade que poderíamos chamar de pré-luta.
Ter uma melhor compreensão do que seja uma atividade de luta dentro da escola ou de alguma instituição, que tenha o aspecto educativo e social como prioridade imediata, assim como estudar as lutas enquanto cultura corporal que se manifesta há milênios na história da humanidade, também deverão ser objetivos da disciplina.
Na prática da luta, a oposição está sempre presente sendo o corpo do oponente o objetivo da ação. O praticante de uma luta deve saber: se antecipar e surpreender; criar estratégias; fazer combinações de ataque; manter-se equilibrado e saber desequilibrar; saber amortecer o impacto dos golpes; respeitar o corpo de seu oponente; usar com segurança as diversas técnicas; estar disponível a cooperar; saber se colocar com elã em seus atos e atitudes. Com essa gama de ensinamentos o professor terá um grande campo de trabalho para alcançar seus objetivos educacionais.
Trabalhando com a historicidade das lutas, a educação física será capaz de percebê-las como uma manifestação cultural. No caso das lutas orientais, em que muitos professores passam em suas aulas traços da cultura do país de origem dessas lutas, em que mal ouviram falar, ou então não têm menor noção de seus significados, promovendo dessa maneira alienação cultural nos alunos, ao invés de educar para a conscientização e promoção da cidadania.
A Capoeira, uma luta com raízes bem brasileiras merece sempre estar em destaque em suas formas de ensino nas escolas e nos setores da sociedade onde possa desenvolver os seus aspectos culturais, pois demonstra em seus movimentos, cantos e toques em seus instrumentos, em especial o berimbau, a luta pela emancipação do negro na escravatura.
A prática de alguma modalidade de luta dentro da escola, seja ela inserida na prática da educação física escolar ou sendo praticada como iniciação esportiva fora da grade curricular deve sempre ter o cuidado de trabalhar prioritariamente os aspectos educacionais que a prática esportiva em seu contexto geral absorve.
O estigma da violência deve ser descartado das aulas, por mais agressiva que seja uma determinada luta em seus momentos de combate. Saber diferenciar violência de agressividade é fator determinante para que um professor de luta possa desenvolver suas aulas dentro de um padrão eminentemente voltado para seus objetivos educacionais e esportivos. A luta se tornará violenta ou não a partir da forma de como o professor irá passar para seus alunos os conteúdos específicos da própria luta. 
Deve-se ter consciência que a luta ensinada de forma isolada apenas em seus fundamentos técnicos dificilmente produzirão efeitos no que diz respeito às questões educacionais. A inclusão das lutas como conteúdo da educação física escolar deve ser fundamentada teoricamente "numa prática docente comprometida com o processo de transformação social" (COLETIVO DE AUTORES, p. 49).
Usando novas concepções metodológicas
Para que as lutas possam ser uma das atividades físicas a ser desenvolvida nas escolas com fins educacionais, o professor deverá saber diferenciá-la da forma de luta que normalmente se apresenta na maioria dos clubes, academias e até mesmo nas próprias escolas, em que os objetivos, por mais humanísticos que possam parecer em alguns destes setores, recebem forte influência da prática competitiva que de certa forma afasta aqueles alunos que gostariam de praticá-la enquanto atividade de lazer ou mesmo de promoção da saúde.
A preocupação do professor que trabalha com qualquer que seja a modalidade de luta não pode se restringir ao que o aluno faz na escola e sim no que ele poderá fazer após o período escolar em que ele terá como herança os hábitos adquiridos.
A origem das lutas na história da humanidade e a sua transformação em atividade esportiva
Seja na forma de uma ginástica preparatória para a guerra ou como parte de rituais e cerimônias fúnebres, as lutas surgiram nas mais diferentes culturas. Podemos também nos referir as lutas no sentido lúdico do desenvolvimento humano, que Huizinga (1980) dá ao jogo, "como forma específica de atividade, como forma significante, como função social". As atividades físicas são fenômenos de cultura, indissociáveis dos outros fenômenos de civilização (ULLMAM, 1997) e usando as palavras de M. MAUSS (1966) "toda técnica do corpo é fundamentalmente cultural", daí nossa importância em entender o fenômeno enquanto manifestação cultural.
Não são poucos os registros encontrados na história da humanidade e sua gênese no estágio urbano, remontando aos anos 3000 AC, onde os Sumerianos deixaram imagens de três duplas de lutadores representando diversas fases de uma luta, com características que D. Palmer e M. Howell (1973) consideraram como sendo, "uma das provas mais antigas" do que hoje entenderíamos como atividade de lutas seguindo um sistema elaborado de prática corporal. Outras evidências de práticas de lutas também foram verificadas em outras culturas, através dos desenhos encontrados dentro das tumbas egípcias, na Índia e também em Creta, por volta de 2000 AC (BLANCHARD, CHESKA, 1986). 
A evolução das lutas, até chegar a ser uma atividade esportiva nas formas mais elaboradas que conhecemos hoje, com sua ética própria e a sua estética corporal, pode ser entendida como parte do "processo civilizatório" (ELIAS, 1990). A luta como uma atividade esportiva é entendida como uma instituição evolutiva e como um importante componente do desenvolvimento humano. Através da sua variedade de métodos e estilos, elas têm sempre sido indicadas como uma excelente atividade física, visando entre outras, a formação integral do indivíduo. As transformações por que elas passaram, de uma atividade que tem quase sempre sua origem como instrumentalização que visa o ataque e a defesa para uma atividade física esportiva altamente codificada, seguiu os cânones que historicamente lhe foram introduzidos.
Como a luta pode fazer parte do projeto pedagógica da escola
Existindo uma diversidade de modalidades, nosso interesse pelas lutas se volta para as "práticas sociais de referência", que podem vir a ser utilizadas pelos professores de educação física, com conteúdos devidamente adequados à realidade que se propõe. De maneira geral, sejam as lutas originárias do oriente como aquelas desenvolvidas no ocidente, ambas se fundamentam numa diversidade de princípios e técnicas que levam a sua maior ou menor efetividade. Muitas delas carregam na sua essência, uma perspectiva espiritual, uma busca pela perfeita harmonia entre corpo, mente, espírito ea natureza. Entretanto devemos estar atentos para refletirmos quanto a algumas tradições que são desprovidas de significados culturais quando relacionados aos valores dos jovens praticantes do século XXI. 
A proposta de atividade é de usar na disciplina Lutas, o Judô como suporte básico devido a sua organização pedagógica, sem que ele venha a ser considerado como alvo principal da disciplina. Dele recolheremos alguns fundamentos que são comuns a muitas lutas e que nos servirá de alicerce para discuti-las, facilitado pela sua preocupação com o sistema de amortecimento das quedas, das projeções categorizadas segundo as principais alavancas utilizadas, o desenvolvimento da luta no solo e da sua forma que eliminou as técnicas que põe em risco a integridade dos praticantes e que veio a possibilitar a sua prática esportiva tanto para crianças e adultos como para homens e mulheres. 
Alguns princípios elaborados por Jigoro Kano, o criador do judô, sustentam que para ser uma atividade de educação física o judô deve estar fundamentado no princípio do "uso da máxima eficiência combinada com o mínimo de esforço" (Seiryoku-zenyo), como também "prosperidade e benefício mútuo" (Jita-kyoei), além desses princípios deve estar sempre sendo observado o lado estético do gesto que vem a ser a essência da técnica.
Nas lutas de uma forma geral, uma criteriosa seqüência pedagógica se faz necessária para a mais completa preservação da integridade física dos praticantes. A questão da estética do gesto não deve ser abandonada em troca da eficácia visando a uma pontuação no que toca as regras encontradas no sistema competitivo. Muito pelo contrário, o professor deve entender que quanto mais rico de fundamentos técnicos for o aluno em seus primeiros anos de treinamentos, mais eficiente ele será em suas atividades de competições esportivas de alto rendimento no futuro.
A preocupação em integrar a atividade de lutas como meio de educação para os jovens, esteve presente na antiga Grécia. No Brasil, desde 1998, o Ministério de Educação e Desportos passou a incluir a proposta da prática das lutas nas aulas de educação física escolar apresentada através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Esses parâmetros, nascem da necessidade de se construir uma referência curricular nacional para o ensino fundamental. Nas suas orientações para a Educação Física, propõe-se a inclusão do aluno através da cultura corporal do movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
Um outro exemplo aqui explorado e que deve constar nas nossas abordagens, é a prática da Capoeira, atividade que está tão presente em nossa cultura. Acreditamos que a sua prática também possa ser usada na escola visando entre outras: o resgate histórico dos movimentos de resistência na constituição do povo brasileiro; mostrar a importância do jogo cooperativo; trabalhar a co-educação. Esta atividade quando bem trabalhada pode desenvolver entre outras, fortes laços de cooperação, onde meninos e meninas se misturam nas atividades das mais diversas, desde a confecção dos instrumentos, a noção de ritmo, respeito ao corpo do companheiro, além de desmistificar a luta para as meninas e a dança para os meninos.
Para a sua contextualização, outros exemplos de lutas podem ser citados e ficaríamos aqui com o Tai Chi Chuan e o Aikido. Consideramos as duas atividades bastante interessantes servindo para alimentar o sentido da educação física visto pelo aspecto global de formação, em que a questão de competição não é a finalidade. O Aikido no estilo Tomiki realiza competições.
O karatê, o tae kwon do, o jiu-jitsu, a luta olímpica e greco-romana, entre outras poderão ser atividades a serem complementadas pelos alunos na forma de seminários e micro aulas, em que poderão ser enfatizadas as buscas pelo equilíbrio do indivíduo. 
ARTE MARCIAL:UMA PRÁTICA DE EDUCAÇÃO OU VIOLÊNCIA
*Prof. Ms. Chuno Mesquita
A sociedade tem observado um número cada vez maior de pessoas indo para as academias, escolas ou centros esportivos, para aprenderem algum tipo de luta em que, independente qual seja, a chamam de “artes marciais”. As razões pelas quais as pessoas procuram este tipo de atividade são as mais diversas, portanto enumerar as lutas ou as razões desta procura não são motivos relevantes neste momento, pois o autor deste trabalho não pretende questionar a eficácia das lutas, mas sim o objetivo que se pretende alcançar com os alunos que as procuram.
Outro aspecto a ser questionado, é a nomenclatura utilizada como artes marciais para todos os tipos de lutas, tais como: lutas com objetivos esportivos e educacionais, lutas com aspectos folclóricos e culturais, lutas com objetivos de autodomínio e de relaxamento, lutas voltadas para fins militarizados, lutas voltadas para fins de espetáculo, lutas denominadas como vale-tudo, lutas com uso de armas ou outro tipo de instrumento, etc. 
Definição de violência.
A violência é um dos temas muito discutidos nos meios da filosofia e da psicologia, em que diferentes concepções são levantadas em torno da agressividade. O fenômeno da violência é tão complexo que a ciência não possui explicações objetivas. De acordo com Carvalho (1985) fica ainda mais complicado quando se percebe que ela está diretamente envolvida na dinâmica social, em que a política e a ideologia fazem parte da própria ciência em um mundo de confronto permanente quanto a valores e interesses.
As condições atuais de vida, as características da sociedade moderna, etc., podem proporcionar a origem de um sentimento de frustração, provocando no sujeito um desequilíbrio de tensão no qual seu organismo tem que encontrar uma resposta. Para Carvalho (1985) “o indivíduo cria um ambiente propício para a agressividade em vez de apenas se manifestar de forma mais específica e clara... ela é desenvolvida de forma ilimitada de acordo com a existência e característica do sujeito” (p.7).
A violência pode ser vista também através da teoria da “violência simbólica”, que se refere a formações sociais em que determinam uma vigente de relações de força, “sejam as que se estabelecem entre classes sociais, entre grupos sociais, ou, ainda, naquelas onde umas e outras se combinam(...) Esta força simbólica atua sobre as classes sociais menos favorecidas através das comunicações culturais, da doutrinação política, da pregação religiosa, da prática esportiva, etc.” (Cunha, 1985, p.81). 
Cunha (1985) segue afirmando ainda que, o poder da violência material não é exercido apenas quando submetidos à coação física, pois ela pode ser aparente ou não. Nas relações entre as classes na sociedade capitalista, apesar do sujeito ter liberdade para aceitar ou não as condições de trabalho e salário, a não aceitação implicará em uma sucessão de problemas que o colocarão no limiar de uma vida de pobreza ou da morte. 
Segundo Morais (1995), Nietzsche, Freud e muito antes Hobbes, já ensinavam que no mais íntimo dos impulsos humanos está a violência como um constitutivo primordial. Para estes filósofos o conceito de violência implica intencionalidade, exigindo desta maneira inteligência. Por outro lado, biólogos e etólogos afirmam que os animais são dotados de um mínimo de agressividade, sem o qual não teriam a menor de chance de sobrevivência em seu habitat.
“A agressividade básica está na raiz do chamado instinto de sobrevivência, demove o animal na busca de alimento e sua segurança. Tal agressividade é algo resultante da memória biológica, de instintos propriamente animais” (p.20).
Portanto, a violência é coisa de seres humanos, e está lamentavelmente no âmago da personalidade. Observa-se, que existe a todo o momento, pessoas ou grupos de pessoas que se aproveitam dos mais variados tipos de violência para gerar espetáculos que proporcionam fama, dinheiro, etc.Pessoas se confrontam das mais variadas formas de violência que de uma forma geral diferem em função principalmente dos aspectos culturais da região. 
No passado, a violência aberta, brutal e sangrenta, era gerada para a solução racional dos conflitos. No mundo contemporâneo esta solução racional foi substituída por uma forma de violência mais moderna e tecnológica, sendo que o poder de destruição é sem dúvida alguma muito maior. Em função destes fatos, desenvolve-se um conflito entre duas afirmações, que são "o potencial de violência sem precedentes e um ideal de funcionamento racional sem sobressaltos" (Michaud, 1989.p.42).
Outro fator que colabora com a banalização da violência é a imensa carga diária de fatos e notícias que chega aos lares nos mais variados canais de informação (tv, rádio, jornais, internet, etc.) fazendo com que, crimes dos mais diversos e hediondos, passem a não causar mais impacto na sociedade, pois ela já se encontra totalmente mergulhada e anestesiada em uma onda de violência diária. Sendo assim, Morais (1995) cita que a sociedade fica tão comprometida, que as boas notícias e as pessoas de bem passam quase que despercebida no cotidiano de suas notícias. Em muitos casos conforme a região do mundo, fatos culturais, religiosos, étnicos, etc., se confundem com a maior das barbáries da violência local.
Falar de violência e educação nas lutas é um desafio que visto de uma forma simplista não exige um maior aprofundamento. No entanto quando apresentado de forma fundamentada teoricamente e com argumentos de estudiosos nos temas abordados, observa-se um estudo de inesgotável fonte de saber. Daí a necessidade de estar a todo o momento estudando o tema.
É importante ressaltar que a violência urbana não é privilégio somente de nossa sociedade, em qualquer parte do mundo elas existem e com peculiaridades culturais bem específicas de seus países, que podem ser de cunho religioso, político, racial, étnico, etc. Cabe aos setores responsáveis e preocupados com o bem estar da população, de estudarem uma melhor forma de tornar a prática destas modalidades de lutas mais próximas possível do que se considere ideal para a sociedade.
A educação em um processo dentro das lutas.
A prática da luta como um processo esportivo e educacional deve ser visto como um fator em que a cultura corporal seja questionada a todo o momento. De acordo com Coletivo de Autores (1992), se o esporte é aceito como um fenômeno social, e a luta se enquadra como tal, suas condições de adaptações à realidade social e cultural da comunidade devem estar sempre sendo interpretadas. 
As lutas praticadas no Brasil em sua maioria são importadas de países em que suas culturas são totalmente diferente, lutas que tiveram suas origens por razões diversas, mas de uma maneira geral, criadas com o intuito de autodefesa e algumas por razões político-sociais. Por este motivo, as lutas trazem em seu bojo técnico a cultura de seus respectivos países, o que faz de sua prática além de uma modalidade de luta uma manifestação cultural de sua terra natal.
A prática destas lutas em seu desenvolvimento técnico pode não causar problemas no que se refere ao rendimento prático da atividade. Porém, a falta de conhecimentos e entendimentos dos aspectos culturais e algumas vezes filosóficos por parte dos alunos e também dos professores, pode causar sérias deturpações dos fatos, distorcendo muitas vezes a verdadeira razão de suas origens, como também acabam causando uma alienação cultural no aluno.
Repensar as razões teóricas das lutas em seus valores culturais e educacionais é relevante no momento em que, ao resgatar estes valores de forma atual e contextualizada alguns tabus serão desmistificados. Embora as tradições culturais de algumas lutas sejam uma constante preocupação de professores, elas devem estar sempre sendo estudadas e adaptadas pelas novas gerações, pois, "à medida que essas tradições forem sendo estudadas, compreendidas e renovadas, será proporcionada uma base segura para a criatividade" (Mesquita, 1994.p.11). 
Observa-se dessa forma que as questões filosóficas se opõem às questões mitificadas, já que esta, aceita e procura se adaptar ao mundo enquanto a filosofia luta para descobrir e modificá-lo. De acordo com Meksenas (1995) foram os antigos gregos (± 300 a.C.) os primeiros a deixarem de se guiar pela consciência mítica para ter uma consciência crítica da realidade. Sócrates afirmava que não existe no mundo conhecimento pronto, acabado e que se desejamos chegar à raiz do conhecimento, devemos em primeiro lugar criticar o que já conhecemos. 
Nesse sentido entender o mundo de forma racional contribuirá para que se tenha uma postura em que as antigas certezas serão de forma constante questionadas na busca de novas certezas e assim por diante. Uma das funções da educação é demonstrar à sociedade que os interesses pessoais só serão possíveis de serem alcançados se houver um comum acordo com os interesses sociais, ou seja, sozinho o ser humano não sobrevive, e para que ele seja aceito na sociedade deverá acatar certas regras comuns a todos.
A prática das lutas deverá estar em sintonia com as tendências pedagógicas da educação física. De acordo com Mesquita (1994) a realidade dos alunos deve ser considerada, assim como o professor deve compreender e saber adaptar os traços culturais que as lutas trazem em seu bojo técnico. A influência que as lutas poderão causar no comportamento dos alunos através das aulas, "deverão ser em função de uma visão social a que pertencem e não de uma forma importada como ainda se vê" (p.76).
O desenvolvimento prático das lutas com uma visão educacional
O discurso de que as lutas educam ou que ela seja uma forma de catarse da violência, é uma teoria que os estudiosos ainda não tem uma base de sustentação científica, pois apesar de milhares de trabalhos, a violência e a agressividade ainda hoje são mal definidas, assim como têm fortes características de apelo cultural, fato que torna essencial para a compreensão melhor do fenômeno.
A prática da luta em sua iniciação esportiva deve ter uma atenção cuidadosa por parte dos professores, desde os primeiros fundamentos técnicos, até o momento em que o aluno começa a participar de suas primeiras competições.
A chegada à competição de alto rendimento por um praticante que não teve uma preparação adequada em seus aspectos morais, pode significar para ele um início de uma série de violências, que vão do doping à vitória a todo custo.
A desmistificação de alguns valores que compõem a prática da luta, não significa que se esteja mudando sua essência, mas sim uma evolução teórica de determinados conteúdos. As tradições não se mantêm intactas durante uma geração e aceita passivamente pela seguinte, elas têm mudanças, porém de forma lenta e gradual, que devem ser respeitadas pelas pessoas mais velhas. Pois, caso contrário o tradicionalismo e o conservadorismo, naturalmente o tornarão ultrapassado. Nash (1968), afirma que "não se deve voltar ao passado, mas olhar para trás é importante para ver o que se ganhou e o que se perdeu" (p. 315). 
As lutas em sua maioria vêm de tempos remotos, suas histórias atravessam muitos séculos e suas criações foram produtos de movimentos libertários, guerreiros e sociais, de uma época muito diferente em todos os aspectos dos dias de hoje. Portanto, quando são praticadas dentro de um modelo que se diria das suas origens, acredita-se que não deveria ser o mais aconselhável. Caso contrário, vai ser cultivado um ensino similar às eras primitivas, que de acordo com Lima (1987) os velhos eram respeitados nas civilizações antigas (gerontocracia) por não haver escrita ou porque poucos sabiam escrever. "Tornando-se então guardiões da sabedoria, da tradição, enfim de tudo" (p.45). 
Kilpatick (1977) cita que nesta época "as crianças eram ensinadas pelos mais velhos e estes é que se encarregavam pelos seus destinos, determinando inclusive o que aquela geração deveria fazer e pensar" (p.77). Oprofessor tem que estar o tempo todo se questionando e procurando estar em dia com os pensamentos dos estudiosos, pois o mundo de forma racional contribuirá para que se tenha uma postura em que as antigas certezas serão de formas constantes questionadas na busca de novas certezas e assim por diante.
Quando o professor procura introduzir sempre que possível processos educativos na prática de uma luta, seja ela qual for, fica claro que a luta não educa de forma isolada com suas técnicas, e sim os métodos e os instrumentos educacionais utilizados pelo professor naquele momento. A prática da luta isolada e somente com sua visão técnica, dificilmente irá proporcionar resultados positivos em uma sociedade que anseia por cidadãos com plena consciência de seus direitos e deveres.
A luta deverá servir em função de sua prática esportiva para integrar o cidadão à sociedade, ficando claro que, será através de uma série de construções de situações com bases técnicas, sociais e educacionais que irão proporcionar esta integração.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda, o termo marcial vem do latim Martiale, que significa entre outras definições algo "próprio da guerra" ou "relativo a guerreiro". Por sua vez a palavra Martiale é derivada do latim Marte que significa "Deus da Guerra" na mitologia dos antigos romanos. Dessa forma, o termo Arte Marcial não deve ser usado indiscriminadamente nas lutas sem que seus objetivos sejam conhecidos por quem vai praticá-la ou falar sobre qualquer delas. O ensino das lutas deve ser feito com uma preocupação muito bem definida daquilo que se pretende com o aluno, para que sua prática possa de fato colaborar na formação do "Homem" dentro da sociedade como pessoa de bem que produza qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
Carvalho, A. de Mello. Violência no desporto. Livros Horizontes, Portugal, 1986.
Charlot, Bernard. A mistificação pedagógica; realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação. Editora Guanabara, Rio de Janeiro. 1986.
Coletivo de autores. Metodologia do Ensino de Educação Física. Ed. Cortez, S.P. 1992.
Mesquita, Chuno Wanderlei. Artes marciais: Uma prática de violência ou educação. IN: GUEDES O C (Org.), Judô: evolução técnica e Competição. João Pessoa: Ed. Ideal, 2001. 
Mesquita, Chuno Wanderlei. Identificação de incidências autoritárias existentes na prática do judô e utilizada pelo professor. Dissertação de mestrado apresentado à E.E.F.D. da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1994.
Meksenas, Paulo. Sociologia da Educação. Editora Loyola, S, 1995. 
Michaud, Ives. A violência. Editora Ática, São Paulo, 1989.
Morais, Régis de. Violência e Educação. Papirus editora, São Paulo, 1995.
Kilpatrick, Willian . Educação para uma civilização em mudança. Ed. Melhoramentos, São Paulo, 1975.
HISTÓRICO DO JUDÔ
* Prof. Ms. Chuno Mesquita
A origem do jiu-jitsu.
O judô se originou do jiu-jitsu, uma arte milenar, sempre praticada com finalidade guerreira. Na história do Japão, as origens do jiu-jitsu são vagas, mas sabe-se que ele foi intensamente praticado por séculos, embora sob diferentes nomes, de acordo com a região e a época. Os registros mais remotos se referiam a combates de força e perícia. Com o decorrer do tempo, o nome de jiu-jitsu foi se sedimentando e se tornou o mais aceito.	
Esta arte milenar esteve sempre intimamente ligada ao regime feudal, no qual os senhores tinham seus próprios guerreiros. É importante notar que o regime feudal no Japão se estendeu por muito mais tempo do que no mundo ocidental . Esses guerreiros chamados “Samurais” gozavam de status elevado pe​rante o povo.
Para melhor entender a evolução do jiu-jitsu, vários contos são encontrados em antigos manuscritos japoneses e chineses que datam entre os séculos XIV e XVI, dentre eles, a lenda da “cerejeira e o salgueiro” e a lenda do “temível monge chinês” são as que mais se enquadram nos ensinamentos que Jigoro Kano se fundamentou na criação de sua nova luta.
A lenda da cerejeira e o salgueiro
Conta a lenda que um médico japonês chamado AKIYAMA SHIROBEI, teria aprendido uma famosa arte de luta chamada WOU-CHOU, durante alguns anos em que havia morado na China. Retor​nando ao Japão, constatou que alguns golpes desta luta exigiam grande esforço quando seus alunos se defrontavam com adversários mais fortes. Consequentemente, quando isso acontecia os princípios da luta chinesa falhavam e seus alunos eram derrotados. Desanimados, os alunos do médico frequentemente abandonavam seus ensinamentos.
Desmotivado por sucessivos fracassos, Akiyama Shirobei retirou-se para uma pequena aldeia situada numa floresta, para meditar. Nesses longos dias de reflexões, suas dúvidas não se esclareciam, como também seus questionamentos aumentavam sobre o ying e o yang e seus métodos de combate.
Tudo começou a se esclarecer quando, ao passear em um jardim durante uma nevasca, observou que os ramos da cerejeira ao resistir ao peso da neve que se acumulava em seus fortes galhos não resistiam e se quebravam, enquanto mais à frente na margem de um riacho, os finos ramos de um salgueiro se curvavam diante do peso da neve, fazendo com que seu tronco, mais flexível, logo se desfazia do peso da neve e assim retornava a sua posição original. 
 Durante uma nevasca um pequeno fato chamou sua atenção. Enquan​to os galhos fortes de uma cerejeira se quebravam sob o peso da neve acumulada, os finos e flexíveis galhos do salgueiro se curvavam e se desvencilhavam deste peso, voltando intactos à sua posição nor​mal.
Desta observação tudo se clareou em sua mente, já que percebeu que diante um movimento de força não deveria reagir da mesma forma, ou seja, com força, e sim com uma flexibilidade que seja possível manter o controle da ação, e ele assim raciocinou: se alguém empurra deve-se ceder rapidamente com um inesperado recuo. Se em um movimento contrário alguém puxa deve-se ceder rapidamente com um inesperado empurrão.
Diante dessa teoria Shirobei aperfeiçoou as técnicas de ataque e defesa da luta que foi difundida com o nome de Yoshin-Riu, “ Escola do coração de salgueiro”. Daí surgindo um dos princípios máximos das lutas que é “O mínimo de esforço para o máximo de eficiência”.
Dessa observação nasceu princípio básico do jiu-jitsu e, posteri​ormente do judô, "ceder para vencer".
Os Samurais e a decadência do Jiu-Jitsu
O jiu-jitsu não era apenas uma arte de luta a mão livre, mas desenvolvia o uso de técnicas de vá​rios instrumentos, como a espada, o arco e flecha, o varapau, o punhal, escudo etc. Por serem tão hábeis no manuseio de armas e no combate corpo a corpo, esses guerreiros chamados d “Samurais”, constituíam uma classe social e prestavam seus serviços defendendo os senhores feudais e suas aldeias ou províncias, sendo-lhes exigido em troca extrema lealdade e fidelidade.
Este código de obediência cega ficou embutido na arte do jiu-jitsu e durante alguns séculos, foram os Samurais, que dominaram o jiu-jitsu e fizeram dele uma arte guerreira. Eles constituíam uma casta de guerreiros a serviço dos Daymios (senhores feudais). Os Samurais foram os grandes precursores do desenvolvimento das lutas no Continente Asiático, principalmente na China e no Japão. 
A fama desses guerreiros era firmada em todos os lugares por onde passavam, Eles eram os únicos a poderem usar espadas e eram também pessoas de absoluta confiança para a defesa de seus territórios.
Em meados do século XVIII, e igual período no século XIX, se dá inicio na Europa a uma nova era na história da humanidade com o início da revolução industrial, em que o crescimento da atividade fa​bril é uma realidade, constituindo uma autêntica revolução social, em que famílias inteiras se transferi​ram para os grandes centros urbanos, deixando para trás a servidão rural, centralizada em suas aldeias camponesas. 
A revolução industrial não tardou em chegar ao Japão, foi durante o império de Mutsu Hito (1867-1912), em que houve a abertura dos portospara os navios de outras partes do mundo. A partir desse momento a civilização ocidental chega ao Japão, ado​tando em pouco tempo as ciências, as artes e as técnicas da Europa. 
Essas mudanças atingiram frontalmente os grandes lutadores de artes marciais, pois não havia mais espaços para tantas batalhas e, quando estas aconteciam, o uso de armas de fogo era mais efetivo. A abertura dos portos facilitou em muito a entrada de armas de fogo no país, o que para os grandes feudos, constantemente envolvidos em lutas, foi uma grande conquista. Com essa evolução tecnológica dos conflitos, gerou-se um desequilíbrio favorável às novas armas, o que reduziu em muito a importância do combate corpo a corpo.
A migração para os grandes centros urbanos no Japão ocorreu também com os Samurais, pois com o fim das grandes batalhas campais e a diminuição das lutas entre as aldeias, não restou muitas alternativas de sobrevivência. Logo os Samurais começaram a fazer aquilo que eram especialistas, ou seja, os mais renomados mestres de Jiu-Jitsu eram contratados para ensinar sua arte de luta para as unidades militares e policiais. Outros Samurais, para sobreviverem começaram abrir escolas particulares. 
Apesar de sua indiscutível eficiência para o ataque e defesa, o jiu-jitsu não poderia ser considera​do um es​porte, muito menos ser praticado como tal, já que não havia regras estabelecidas e nem uma padroniza​ção pedagógica no ensino de suas técnicas, tanto no ataque quanto na defesa. Naquela época, imperava o espírito de "lutar até a morte".
A prática do jiu-jitsu era feita de uma forma indiscriminada em que várias técnicas de ataque eram executadas, desde técnicas de combate corpo a corpo até o uso dos mais variados tipos de armas.
Os praticantes do jiu-jitsu começaram a gozar de certa antipatia e de preconceitos entre as pessoas mais escla​recidas, já que os jovens ou crianças que resolvessem aprender a tão desejada arte de luta, termi​navam por se contundir, quase sempre com gravidade, pois não havia nenhum respeito pelos mais fracos, que eram frequentemente espancados e, assim, desistiam rapidamente das aulas.
De uma maneira geral, os professores tinham como objetivo principal auferir lucros, não se impor​tando com a formação dos seus alunos. Aqueles que conseguiam superar todas as dificuldades iniciais, se tornavam na sua maioria das vezes "insuportáveis valentões".
Nessa época, as transformações sociais no Japão, acabaram com a divisão de classes, que dis​criminava a sociedade em Samurais, comerciantes, artesãos e lavradores. Também a decadência do jiu-ji​tsu era um fato notório. Robert (1964) afirma em seu livro, que “ a fúria de viver à ocidental, originou um relaxamento dos costumes. A tradição cavalheiresca desapareceu, levando com ela as artes marciais”(p.17).
A criação do judô e o professor Jigoro Kano
É nesse período por volta de 1880, em que um jovem chamado Jigoro Kano começa a se preocupar com o futuro dessa antiga prática de luta que a cada dia perdia mais o seu prestígio junto à sociedade, principalmente à classe mais esclarecida. Jigoro Kano viveu num período de mudanças dramáticas e conturbadas no Japão, tanto no aspecto social como no político. Robert (1968, p.17) relata em seu livro as etapas da vida de Jigoro Kano:
Nasceu em 18 de outubro de 1863 em Mikage, no distrito de Hiogo.
Em 1881 é licenciado em letras e em 1882 termina seus estudos de ciências estéticas e morais pela Universidade Imperial de Tóquio.
Funda em fevereiro de 1882, a sua própria escola, o Instituto Kodokan. Em agosto do mesmo ano é nomeado professor do Colégio dos Nobres.
Em 1888 é nomeado reitor do Colégio dos Nobres.
Em abril de 1891é nomeado conselheiro do ministro de educação nacional e diretor da Escola Normal Superior.
Em 1898 é nomeado diretor da educação primária no ministério da educação nacional.
Em 1909 modifica o estatuto do Instituto Kodokan, tornando-o uma sociedade pública.
Em 1909 torna-se o primeiro japonês membro do Comitê Olímpico Internacional.
Em 1911 é eleito presidente da Federação Desportiva do Japão.
Em 1912 e 1913 é enviado em missão cultural à Europa e à América.
Em 1928 participa da assembléia dos Jogos Olímpicos e nos próprios jogos.
Em 4 de maio de 1938 morre a bordo do navio que o transportava ao cairo onde se realizava a assembléia do Comitê Olímpico Internacional. 
Pode-se perceber pelo currículo, que Jigoro Kano não tenha sido um simples lutador de artes marciais, muito pelo contrário, apesar de ser filho de Samurai, sua saúde delicada e seu corpo franzino, não o permitia traçar planos mais ousados diante de lutadores bem mais fortes do que ele fisicamente. Porém, sua capacidade intelectual não o permitiu que ficasse à margem dos acontecimentos políticos e das transformações sociais que aconteciam no Japão. Sendo assim, não só começou a praticar jiu-jitsu com os melhores mestres da época, como herdou muitos de seus arquivos que serviram de base para muitos de seus estudos. 
Uma de suas preocupações era preservar o pres​tígio das lutas tradicionais que estava sendo ameaçado pelo surgimento das armas de fogo. Passada a onda de modernidade no Japão, antigos costumes voltam a ter seus valores reconhecidos e o jiu-jitsu torna à sua antiga posição de arte marcial, tendo seu valor reconhecido, inclusive, pelas autoridades policiais.
Jigoro Kano entendeu que o principal objetivo do jiu-jitsu não deveria ser a vitória a qualquer custo, mas sim a educação global do homem. A prática do judô deveria ser feita baseada na utilização racional da energia humana. Para criar o centro de judô ao qual deu o nome de Kodokan, Jigoro Kano estudou por muitos anos as técnicas das diversas escolas de Jiu-Jitsu, selecionando então aquelas que poderiam ser praticadas por todos de uma forma saudável e segura. Sua primeira escola foi fundada em fevereiro de 1882, em um templo budista "Eisho" com uma área de 12 tatames.
Jigoro Kano começou a dar suas primeiras aulas de judô no ano de 1882 a alguns estudantes seus conhecidos. A sua preocupação era de mostrar que o judô era uma combinação de luta dentro de um bojo cultural. Isto era importante porque, com a abertura dos portos japoneses para o mundo ocidental havia uma grande preocupação com a percepção desta novidade cultural e estava se relegando a parte da luta a um segundo plano. 
Esta tendência Jigoro Kano trabalhou para corrigir, mostrando que o judô podia ser considerado um meio interessante de cultura física e não era acompanhado de perigo ou de dor como no caso de outras escolas de artes marciais semelhantes. ( Koma 1935, p.15 )
Jigoro Kano fez uma síntese das melhores técnicas do Jiu-Jitsu, procurando sempre explicações para cada uma delas. Estabeleceu normas para tornar o aprendizado mais fácil, racional e idealizou re​gras para um confronto desportivo. Jigoro Kano procurou demonstrar que o Jiu-Jitsu aprimorado além de sua utilidade para defesa pessoal, poderia oferecer a seus praticantes extraordinárias oportunidades no sentido de serem superadas as próprias limitações do homem.
Chamando seu novo método de luta de “judô”, Jigoro Kano criou um código de valores éticos, nos quais queria mostrar que não se tratava apenas de mais uma luta de nome diferente, mas sim uma prática com fundamentação educacional e filosófica apoiada na cultura e nas tradições do povo japonês. Desta maneira, Jigoro Kano pretendia resgatar o prestígio cultural das artes marciais que ficaram muito abaladas com a onda de modernização que o Japão passou naquele fim de século XIX e início de século XX.
 A cultura budista influenciou consideravelmente o clima espiritual de todos os praticantes do Jiu-Jitsu, que eram submetidos às severas regras de disci​plina, em que juravam fidelidade a um código de honra muito rigoroso, o "Bushidô" (a vida do guer​reiro).
O respeito, a humildade, a honestidade e a lealdade eram fato que nunca deveriam ser abandona​dos. Paralelamente a toda essapreocupação filosófica, Jigoro Kano pretendia preservar todos os valores tradicionais do povo japonês, fazendo com que todos pudessem praticar o judô.
Para Jigoro Kano, a formação filosófica somada aos aspectos comportamentais compatíveis com a tradição do povo japonês, deveria ser sempre mais importante do que qualquer resultado de uma luta, em que o praticante abdicasse desses requisitos com o único objetivo de ser um grande lutador.
Esses novos valores deveriam ter sempre prioridade, pois somente dessa maneira ele se firmaria sobre os antigos ideais do Jiu-Jitsu. Tudo isso sem perder as características tradicionais do combate, com sua beleza e virilidade na eficiência das técnicas.
Com toda essa fundamentação teórica e num ambiente em que a re​ligiosidade tinha seu ponto alto. Assim o judô não poderia deixar de ter, em seus primórdios, um clima espiritual.A religiosidade de Jigoro Kano não é questionada, mas tendo o judô sido iniciado em um templo budista , é muito provável que isso tenha influenciado bastante todos os princípios altamente morais e místicos existentes no judô, chegando inclusive as beiras da religiosidade. 
O desenvolvimento do judô no Japão e no mundo
Por serem exímios lutadores deste novo estilo de luta, os alunos de Jigoro Kano eram desafiados a todo momento por profissionais do jiu-jitsu, que não aceitavam as mudanças e achavam que os antigos ideais da antiga luta não poderiam ser modificados. Para esses lutadores o ver​dadeiro espírito da luta era "vencer ou morrer, lutar até a morte".
Muitos encontros ocorreram, mas o mais célebre foi realizado pela polícia de Tóquio em 1886, em que os aluno de Jigoro Kano obtiveram uma grande supremacia sobre todos os adversários, naquele momento ficou definitivamente constatado o grande valor do judô Kodokan. Este encontro serviu para marcar decisivamente o judô pela população japonesa como também oficialmente pelo go​verno.
Com o governo japonês tornando a Kodokan uma instituição pública em 1909, o desenvolvimento do judô ganhou grande rapidez. Mais tarde, durante a II Grande Guerra Mundial, o clima político fez com que as autoridades japonesas revivessem as virtudes guerreiras da população, e o espírito do antigo Samurai é despertado em todas as camadas da população. Assim , o judô e outras modalidades de lutas que eram praticados com fins esportivos passaram a ser ensinados novamente com o pensamento voltado para a guerra .
Após a derrota dos japoneses, os aliados proibiram todas as atividades que se inspirassem no Bushidô (Espírito Guerreiro). Por volta de 1946, o judô começou a ser ensinado para os militares oci​dentais em serviço no Japão. As aulas eram ministradas pelos professores da Kodokan, dentro da linha de pensamento de Jigoro Kano. Esses militares serviram de sementes reprodutoras do judô ao retorna​rem para seus países de origem, já que eram de diversas nacionalidades.
No plano internacional, o judô se desenvolveu principalmente na França e Inglaterra. Sendo reali​zada em 1947 a primeira competição envolvendo judocas de dois países. A primeira instituição organi​zada a nível internacional foi a União Européia de judô, fundada em 1948 e um ano após, em 1949 é fundada a União Asiática de judô.
O primeiro Campeonato Europeu de Judô foi realizado em Paris em 1951.No mesmo ano é fundada a Federação Internacional de Judô e seu primeiro presidente é Rissei Kano, filho de Jigoro Kano. Em 1952 é fundada a União pan-americana de Judô.
O primeiro Campeonato Mundial de Judô foi realizado em 1956, em Tóquio, com a participação de 18 (dezoito) países. O Japonês Natsui é consagrado campeão. Nesse mesmo ano, acontece a primeira participação de uma equipe brasileira em um evento internacional, o II Campeonato pan-americano de Judô, realizado em Cuba. O Brasil sagra-se vice-campeão, fato notável para uma equipe que participava pela primeira vez de uma competição no exterior.
O II Campeonato Mundial de Judô, foi realizado em Tóquio no ano de 1958 e novamente um judo​ca japonês, chamado Sone, conquista o título de campeão. O OO III Campeonato Mundial de Judô, foi realizado em Paris em 1961, e para a surpresa de todo o mundo, um ocidental torna-se campeão mundial. O holandês ANTON GESSING derrota o campeão mundial de 1958 o japonês Sone, ti​rando por algum tempo a hegemonia mundial do Japão, sedimentando então o judô como um esporte universal.
O judô é incluído pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964 . O IV Campeonato Mundial de Judô é realizado em 1965 no Rio de Janeiro. O holandês Gessing novamente conquista o título de campeão mundial e pela primeira vez o campeonato é dividido em três categorias (leve, médio e pesado) e uma categoria aberta (absoluto ).
A Federação Internacional de Judô em 1974, faz uma nova regra de competição, criando o placar e dando números a novas formas de avaliação (koka e yuko). Este fato influiu tremendamente nas técni​cas do judô, nas formas de treinamento e nas estratégias de lutas.
O desenvolvimento do judô no Brasil
O judo chegou ao Brasil por volta de 1908, com a vinda do primeiro grupo imigrantes japoneses a bordo do navio “Kasato Maru” no porto de Santos em São Paulo. Com referências aos primeiros nomes de pioneiros de professores de judô no Brasil, podemos citar Tatsuo Okoshi, Riuzo Ogawa, Katsutoshi Naito, Sobei Tani, além de outros mais que tiveram também seus nomes escritos na história do judô brasileiro.
Dentre esses que ficaram famosos como sendo um dos pioneiros do judô no Brasil, podemos citar no nome do japonês Mitsyo Maeda, altamente graduado em judô pela Kodokan e aluno de Jigoro Kano. Maeda veio em missão oficial para divulgar o judô no Brasil, mas desviou-se para os desafios de vale-tudo, se utilizando de um pseudônimo de Conde Koma para poder par​ticipar dessas lutas em espaço aberto e aceitar os mais variados tipos de desafios no Rio de Janeiro e São Paulo, sempre com fins lucrativos, fugindo dessa maneira dos conceitos éticos criado por Jigoro Kano, nos quais dizia que o judoca não deveria aceitar desafios ou auferir lucros em suas lutas.
Posteriormente, já famoso, radicou-se no estado do Pará onde desenvolveu a prática do jiu-jitsu, passando seus conhecimentos até então desconhecidos para a família gracie, que já tinham toda uma história de lutas, vale tudo, no Pará.
O I Campeonato Brasileiro de Judô, foi realizado no Rio de Janeiro no ano de 1954, sagrando-se campeão Massayoshi Kawakami. A direção do campeonato coube ao professor Augusto Cordeiro, que mais tarde foi eleito presidente da União Pan-americana de Judô e também o primeiro presidente da Confederação Brasileira de Judô. Para função de árbitro geral desse campeonato foi designado o profes​sor Riuzo Ogawa, fundador da Associação Budokan, em São Paulo e um dos principais introdutores do judô no Brasil .
Dentre todos os esportes de luta, o judô foi o primeiro a ter sua própria confederação, fundada em março de 1969. Sendo praticado em todos os segmentos da sociedade e com um grande apoio das auto​ridades governamentais da época, o judô superou tradicionais estilos de lutas, atingindo todas as faixas etárias. Nessa época, surgiram várias revelações de judocas como também campeões de várias partes do país, principalmente das grandes capitais. O judô, a partir da década de 70, passa a ser um dos espor​tes mais praticados de forma dirigida e organizada. Dentro dos clubes, nas academias, em todos os ní​veis escolares e nas instituições militares.
Atualmente o judo brasileiro se destaca no cenário internacional, sempre colocando atletas entre os mais bem classificados em Campeonatos Mundiais e Olimpíadas, tendo inclusive dois campeões olímpicos, que são Aurélio Miguel (Olimpíada de Seoul /1988) e Rogério Sampaio (Olimpíada de Barcelona /1992) e um campeão mundial, João Derly (2005). Entre os países da União Pan-americana o Brasil sempre ocupa uma posição destacada em seus campeonatos, tendo uma grande quantidade de campeões pan-americanos emtodas categorias 
FILOSOFIA ORIENTAL E O JUDÔ
* Chuno Mesquita
Jigoro Kano na fase de criação do judô, procurou a todo o momento conciliar a prática desse esporte com as tradições culturais de seu país. Dessa maneira os princípios filosóficos que sempre estiveram em sintonia com esses fatores não foram esquecidos por ele. Esses princípios eram baseados principalmente no Zen-Budismo, influenciando de forma acentuada o clima espiritual daqueles que o praticavam. Jigoro Kano deu suas primeiras aulas de judô em um dojô situado dentro de um templo budista e, por tradição, eram submetidos às severas regras de disciplina, o "Bushidô" (a vida dos Samurais). Sendo assim, era óbvio que o judô em seus primeiros passos tivesse uma alta dose de religiosidade em todos os seus princípios teóricos. 
Seiryoku - zenyo - Máxima eficiência, combinada com o mínimo de esforço.
Jita - kiyoei - Prosperidade e benefício mútuo. 
Ju - suavidade.
do - caminho
Através desses princípios, observa-se que Jigoro Kano procurou fazer com que o judô além de desenvolver a técnica de lutar, deveria também promover no praticante uma melhor compreensão das razões que fazem o seu desenvolvimento. O judoca, em alguns momentos, se surpreende ao comparar suas atividades dentro do dojô com o seu dia a dia. Tal fato deve ser refletido, pois não interessa apenas ser um bom competidor, mas sim ter compreensão que os caminhos que o levarão ao lugar mais alto no esporte, poderão servir também em sua formação como cidadão. 	
O professor de judô que deseja fazer parte de um grupo cada vez maior de educadores que pensam em formar jovens conscientes de seu papel na sociedade como elementos transformadores, deve fazer do judô além de uma prática saudável, uma atividade democrática. 
Quando o professor dá oportunidade para o aluno colocar suas opiniões e questionamentos, ele estará nesses momentos de discussões, desenvolvendo suas capacidades críticas e reconhecendo que a realidade é mutável, estando sempre sujeita a revisões. O doutrinamento que o professor submete o aluno de uma maneira até mesmo inconsciente em função de sua autoridade sobre ele, é inadequado ao desenvolvimento da liberdade, pois o aluno não tem oportunidade sequer de estudar para criticá-lo, dessa maneira condiciona-se ao invés de educar.
Não se deve confundir obediência com disciplina. A pessoa deve ter uma vida disciplinada para poder desenvolver bem suas atividades, que poderão ser profissionais, escolares ou domésticas.
O professor deve fazer o aluno entender que a obediência deve ser praticada de forma que haja um consenso entre as partes. Em momento algum, a obediência deve ser exigida para gerar a submissão ou a subserviência.
As aulas de judô fundamentadas em modelos importados e autoritários, não produzem apenas o aprendizado de técnicas, mas influem também no comportamento dos alunos, através da punição, hierarquização e do adestramento. Esses modelos tiram muitas vezes o prazer da aprendizagem, podendo acarretar até no abandono da atividade pelo aluno. Um dos aspectos mais comuns dessa prática é quando o professor faz de seu local de aula um ambiente místico, em que tudo se justifica e nada se discute. Os alunos são induzidos a aceitar e até mesmo a venerar algo que não entendem e não conhecem.
Os imigrantes japoneses que trouxeram para o Brasil a prática do judô, além de suas técnicas deixaram também como herança traços de uma cultura que são da época dos antigos Samurais. Portanto, se faz necessário que se faça uma reflexão sobre essas aulas tradicionais e conservadoras que até hoje são realizadas em sua grande maioria nos clubes e academias de judô.
O judô tem em suas fundamentações teóricas e filosóficas, o perfil da cultura japonesa, que nele está embutido todo um processo educacional deste povo. Por esse motivo não se deve simplesmente importar ou mesmo copiar tudo o que se vê na prática do judô, o professor deve fazer seus planejamentos de aula visando o sistema educacional brasileiro, como também a realidade social em que vive o aluno. 
A prática do judô deve estar em sintonia com as tendências pedagógicas da educação física, deve ser considerada a realidade dos alunos assim como adaptar os traços da cultura japonesa que o judô traz em seu bojo. As influências que o judô deverá causar no comportamento do aluno deverão ser em função de uma visão social a que ele pertence e não de uma forma importada como ainda se vê.
Após essa revisão de como foi criado o judô por Jigoro Kano, com suas linhas filosóficas e educacionais, pode-se observar que o estudo foi esquematizado com bases em uma cultura que não é comum para a sociedade ocidental, particularmente, bastante fora dos padrões brasileiros no que diz respeito à cultura, educação e religião. 
Saber colocar as razões dos "porquês", em alguns momentos das aulas de judô, deve ser fator dos mais relevantes para que o professor possa esclarecer todas as dúvidas de seus alunos nessas questões acima. Dar condições para que a criança tenha liberdade para pensar por si própria, é um fator de relevância para o professor.
É preciso que os professores vejam o judô como uma modalidade esportiva, que tenha em seus objetivos, todos os aspectos educacionais das atividades praticadas nos vários setores esportivos e escolares. Manter determinados aspectos da tradição do judô, não significa que se trabalhe de forma alienada ou conservadora, desde que o aluno tenha um perfeito entendimento desses atos.
O rompimento de algumas tradições, provavelmente irá criar novos valores, tornando então, a prática do judô educacionalmente mais proveitosa. Embora as tradições possam ser uma das preocupações do professor, elas devem ser repensadas pelas novas gerações. À medida que essas tradições forem sendo estudadas, compreendidas e renovadas, será proporcionada uma base equilibrada e segura para a criatividade.
Os professores que se mantiverem de forma tradicional e conservadora, irão, naturalmente tornando-se ultrapassados. O professor deve entender que uma tradição não deve ser mantida de forma dogmática e autoritária por uma geração e aceita passivamente pela geração seguinte. Não se deve voltar ao passado, mas olhar para trás é importante para ver o que se ganhou e o se perdeu.
HISTÓRICO DO TAEKWONDO
O Tae-Kwon-Do tem sua origem na Coréia há mais de dois mil anos e faz parte da cultura deste país. Historicamente o Tae-Kwon-Do fazia parte de diversas modalidades de lutas que eram praticadas por soldados de elite que eram chamados de "Hwarang", que eram : arco e flecha, marcha, espada, bastão, lança, tática militar e Tae kyon (antigo nome do Tae-Kwon-Do). Além de treinamentos destas lutas os soldados estudavam a filosofia confuciana, ética e moral budista, de onde tiraram seu código de honra; obediência ao Rei, Respeito aos pais, Lealdade aos amigos, Nunca recuar diante o inimigo, Só matar quando não tiver outra alternativa.
Em 1909, com a ocupação militar japonesa, a prática do Tae-kyon, assim como qualquer outra modalidade de luta foi proibida em todo território coreano, desta maneira as lutas passaram a ser praticadas secretamente. 
Com o fim da II guerra mundial e a libertação da Coréia após a rendição dos japoneses, a prática das lutas voltou a ser feita, e o desenvolvimento do Tae-Kyon foi tão rápido que cada mestre aprimorava seu próprio estilo e com isso vários estilos foram criados. Em 1955 um grupo de mestres coreanos liderados pelo General Choi Hong HI juntaram-se para unificar os diversos estilos de luta. Após diversas dissidências, conseguiram criar um estilo único de luta com os pés e as mãos a quem deram o nome de Tae (pontapear) Kwon (punho) Do (caminho ou arte), dando um significado de "a arte dos pés e das mãos" (pronuncia-se, tê-quan-dô).
O Tae-Kwon-Do é uma arte marcial modernaque é caracterizada pelos seus chutes rápidos e altos, em que proporcionalmente é bem superior ao uso das mãos. Cinco princípios representam o "espírito do Tae-Kwon-Do": cortesia, integridade, perseverança, domínio sobre si mesmo e espírito indomável.
No princípio dos anos 60 os soldados e a polícia adaptaram a arte na sua formação. Em 1962 o governo coreano decretou a prática do Tae-Kwon-Do, obrigatória nas aulas de educação física em todos os segmentos estudantis. Em 1965, foi criado a Korea Tae-Kwon-do Association e em 1967 foi fundada a International Taekwondo Federation, que começou a formar professores para sua difusão internacionalmente. Em 1971 o Tae-Kwon-Do é oficializado o esporte nacional da Coréia. 
Em 1973 na cidade de Seoul, Tae-kwon-do alcança a sua primeira grande realização internacional, que foi o I Campeonato mundial. Daí em diante o seu crescimento pelo mundo foi muito rápido e em 1988 nos Jogos Olímpicos de Seoul e em 1992 em Barcelona participou como esporte de demonstração. Nas olimpíadas de Sidney em 2000 tornou-se efetivamente um esporte olímpico. 
O Tae-Kwon-Do foi introduzido no Brasil, mais especificamente em São Paulo pelo Grão Mestre Sang Min Cho na década de 70.
HISTÓRICO DA CAPOEIRA
A história da Capoeira se confunde com a própria história do Brasil, pois é nela que se encontram as primeiras manifestações de resgate da origem e da identidade de um povo. A capoeira surgiu do negro cativo por volta do século XVI buscando sua identificação cultural frente ao sistema da escravidão em um ambiente adverso à sua aceitação junto à sociedade dominante, daí a sua importância histórica e cultural. 
Oriundos das mais variadas etnias, os negros africanos dividiam seus espaços nas senzalas. No Brasil, em regime de escravidão, indefesos e oprimidos pelas armas e chibatas dos seus senhores de engenho se entregavam ardorosamente aos cultos religiosos e danças litúrgicas exaltando o sentido de liberdade. À medida que essas manifestações culturais de tribos africanas se mesclavam, foram surgindo os primeiros registros da Capoeira. 
Capoeira é definida como mata que sucede à mata virgem que foi roçada. A capoeira era o local em que os escravos se escondiam quando fugiam para as matas, que em Tupi-guarani significa "mato ralo".
 Os negros utilizavam instrumentos musicais e a dança durante a prática desta luta para que pudessem enganar os seus senhores de engenho. O ritmo intenso dos instrumentos de percussão, aliado aos seus cânticos ásperos e misteriosos, com saltos exagerados e fortes gesticulações, em que a ginga era um dos pontos fortes de toda movimentação. Isto tudo dava aos negros extraordinária mobilidade, excepcional destreza e surpreendente velocidade de movimentos, muito parecida com uma estranha dança chamada "dança das zebras", originária de Angola.
A capoeira nascia como forma de liberdade. Segundo alguns historiadores, a capoeira angola é genuinamente brasileira, porém esta afirmativa passa a ser questionada em função de não haver documentações que a certifiquem em fatos concretos. Por várias razões muitos documentos relativos à escravidão no Brasil foram queimados no governo de Deodoro da Fonseca, dentre elas evitar o pagamento de indenizações aos senhores de escravos ou aos negros libertos. Independente de onde tenham surgido os elementos que figuram nos ritos da Capoeira, foi no Brasil em que ela foi consolidada da forma em que é praticada e ensinada atualmente.
Vicente Ferreira Pastinha, conhecido como mestre Pastinha, foi o maior nome da Capoeira Angola e hoje é citado como exemplo e referência da capoeira angola por vários estudiosos. Tendo inclusive comparecido em 1966 ao 1º Festival de Artes negras em Angola. A Capoeira angola é luta e dança, é um jogo lúdico que envolve estilo, presença de espírito, flexibilidade e muita estratégia. 
A Capoeira Angola é composta por três berimbaus, dois pandeiros, um Atabaque, um reco-reco e um agogô e tradicionalmente formado da direita para esquerda. Sempre a ladainha é acompanhada por um ritmo mais lento, que podem ser acelerados através de toques, que podem ser; São Bento, Angola e São Bento Pequeno. 
Em 1932 Manoel dos Reis Machado, conhecido como "Mestre Bimba", utilizando os seus conhecimentos da Capoeira Angola e do Batuque, uma luta violenta em que o objetivo era jogar o adversário no chão usando apenas as pernas, criou a Capoeira Regional que passou a ser referência na manifestação da cultura baiana.
O fim do regime escravocrata não significou a aceitação imediata da comunidade negra na vida social da época. Tanto a Capoeira como outros movimentos da cultura afro-brasileira sofreram violenta repressão. 
 A represália à Capoeira por parte das autoridades foi mais evidente em função de sua prática ter sido utilizada em movimentos de rebeldia e também como arma na luta em inúmeras fugas durante a escravidão.
A Capoeira tornou-se símbolo de resistência do negro à dominação. Desta forma, o governo republicano, instaurado em 1889 associou a Capoeira à criminalidade proibindo sua prática através do decreto 847 de 11 de outubro de 1890.
A Capoeira saiu da marginalidade das leis, e essa cultura popular na essência de sua arte foi sendo passada através das gerações. Sua expressão popular faz parte do vasto e rico legado da cultura brasileira, presente na música, no ritmo, no canto e na expressão corporal com o seu jogo dissimulado e gingado. A arte da Capoeira é presença certa em eventos esportivos e festividades em que se pretende mostrar os valores da cultura brasileira. 
Anos mais tarde a Capoeira começou a ganhar o mundo, praticada como luta ou como arte folclórica e com raízes genuinamente da raça negra, a Capoeira reúne admiradores de todas as raças em todas as partes do mundo. Primeiramente foi nos Estados Unidos, depois os países da Europa começaram a tomar conhecimento desta luta e atualmente a capoeira é praticada em praticamente todos os continentes.
HISTÓRIA DAS LUTAS GRECO-ROMANA E LUTA LIVRE OLÍMPICA
Escrever sobre a história e origem das lutas Greco-Romana e da Luta Livre Olímpica será sempre uma tarefa árdua, pois envolve um longo tempo na história e vários povos ligados à sua prática. Porém, para os nossos estudos, somente os pontos mais interessantes serão descritos de uma maneira resumida. 
 Pode-se considerar que a luta faz parte da atividade da espécie humana e portanto a sua origem perde-se no tempo. Antes de conhecer as formas de expressão, como o falar ou o escrever, o homem empregou a luta como expressão viva da sua espécie para demonstrar os seus sentimentos primitivos.
Vista sob o prisma de natural via de aperfeiçoamento da agressividade humana, a luta atravessou grande evolução passando através das várias ideologias e formas de vida dos povos pelos aspectos práticos, místico, religioso e desportivo.
Desde as primitivas manifestações desportivas, passando pelos Jogos Olímpicos da antiguidade até aos nossos dias, a luta tem figurado como modalidade obrigatória, confirmando a importância que esta prática tem merecido do homem.
Na Grécia antiga, a luta representava um jogo atlético em que se ensinava a todos. Pobres, ricos, operários, agricultores, filósofos, reis e militares. Era sempre uma honra e sentiam-se felizes e orgulhosos se eram coroados vencedores nos estádios. Os lutadores, mesmo nesses tempos antigos, combatiam somente pelo prazer de vencer, para sua glória, para mostrar a sua força e destreza, para se divertirem e nunca por interesse material.
A luta fez o seu aparecimento como competição desportiva nos XVIII Jogos Olímpicos da antiguidade sendo EURIBATES o primeiro vencedor. A luta ainda hoje faz parte dos programas olímpicos com dois estilos diferentes: a Luta Greco-Romana e a Luta livre Olímpica. Ambas têm como objetivo colocar um dos atletas com as duas espáduas no solo (tapete), os estrangulamentos e as chaves de braços são proibidos, assim como qualquer tipo de ação violenta.Os estilos diferem no aspecto em que na Luta Livre Olímpica é permitida a utilização das pernas nas ações de ataque e defesa o que é proibido no estilo da Luta Greco-Romana. Nesse estilo os lutadores apenas podem se utilizar dos braços e do tronco para realizar as suas projeções e domínios.
A prática da luta pode perfeitamente ser integrada ao sistema educativo, partindo das simples formas jogadas de luta, até aos processos de treinamentos mais avançados. A estruturação do esquema corporal, as noções de espaço, o relacionamento entre os companheiros, a possibilidade de não haver problemas de gênero e idade para poderem praticar o esporte dentro das aulas de educação física.
O desenvolvimento da luta no mundo
Em meados do século XIX para tornar possíveis as competições internacionais entre os especialistas das inúmeras lutas regionais que proliferavam na Europa, os franceses fizeram uma codificação de regras e regulamento, criando então o estilo "Greco-Romana". Mais tarde, já no inicio do século XX, aparece o estilo da "Luta Livre Olímpica" que teve a sua origem nas lutas da antiguidade e nas lutas nacionais dos países europeus. Atualmente a prática destas lutas encontra-se largamente difundidas em todo o mundo.
No ano de 1896, no I Jogos Olímpicos da Era Moderna, realizados em Atenas na Grécia, por iniciativa do Barão Pierre de Couberin, nos quais se inclui a luta. O 1.º Campeão Olímpico é o Alemão KARL SCHUMANA.
No ano de 1908, nos IV Jogos Olímpicos, realizados em Londres, é incluída pela primeira vez e de forma definitiva, os dois estilos de luta, a "Livre Olímpica" e a "Greco- Romana".

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