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Historia do Direito

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HISTÓRIA
Conceito – “A história é a memória da humanidade...”. [1]
Objeto – “O ser humano e a sucessão temporal de seus atos.”.[2]
 
DIREITO
 
Conceito -  Dis + Rectum = muito reto, justo, significa o que é muito justo. Pode-se dizer que o Direito é um complexo de normas destinado à solução de conflitos, realizando-se desta forma a justiça.
 
As regras destinam-se a disciplinar a vida em sociedade, portanto, o Direito é feito pelo Homem para o Homem.
 
HISTÓRIA DO DIREITO
 
Conceito – Produção cultural/científica decorrente das exigências de uma dada sociedade.
 
Objetivo – Auxílio na compreensão das conexões que existem entre a sociedade, suas características e sua produção em Direito.
 
Mais do que uma análise descritiva sobre normas do passado, está a História do Direito em explicar a “intenção e noções de moral e objetivos dos povos que acharam por bem escrever suas normas”.[3]  
 
Abaixo podemos fazer uma retrospectiva sobre os Povos Antigos, verificando como a posição geográfica, a política e a economia interferiram na história jurídica de cada povo.
 
MESOPOTÂMIA
Posição Geográfica – Proximidade de bacia hidrográfica (rios Tigre e Eufrates). Situação que propicia o desenvolvimento da agricultura e do comércio através da navegação fluvial. Atual território do Iraque e terras próximas.
Política – Instituição da Monarquia como forma de Governo. Fragmentação do poder soberano através da formação de Cidades-Estado com governantes próprios. O Monarca era considerado um representante de Deus.
 
Economia – Utilização do solo para plantio e o crescente emprego da navegação como meio de transporte foram fatores que desenvolveram muito a economia e o direito privado.
 
Escrita – Cuneiforme (em forma de cunha, com símbolos angulosos, impressos em argila úmida, ou em pedra).
 
História Jurídica – A exemplo do que ocorria nas primeiras civilizações, a tradição das normas baseava-se na revelação divina. A primeira ‘legislação’ significativa na Mesopotâmia foi o chamado Código de Hammurabi(1754 a.C). Anteriormente tivemos as leis de Ur-Nammu (2112-2095 a.C) e leis de Eshnunna (1815-1780 a.C) que foram reis de Cidades-Estado na Mesopotâmia. Hammurabi foi, antes de tudo, excelente administrador e estrategista. Havia em seu território (Babilônia) uma heterogeneidade de pessoas, povos diferentes com línguas, culturas e raças diferentes. Para alcançar a unificação, Hammurabi utilizou de três elementos: a língua, a religião e o direito. O Código era composto de 282 artigos que tratavam dentre outros assuntos de: Organização Social (estratificação da sociedade entre homens livres, subalternos e escravos); Direito de Família (a mulher era dotada de personalidade jurídica mantendo-se proprietária do seu dote mesmo após o casamento, podendo repudiar o marido e retornar para a família. Regra da monogamia, porém, se da relação conjugal não resultassem filhos havia a possibilidade da inserção de uma segunda mulher – não esposa. Instituíram regras de sucessão e adoção); Domínio econômico (estabelecimento de salários e preços); Direito Penal (fusão de elementos sobrenaturais, princípios de autotutela e retaliação – Lei de Talião e penas ligadas à mutilação e castigos físicos); Direito Privado (previsão de várias modalidades de contratos e negócios jurídicos tais como compra e venda, depósito, empréstimos, responsabilidade civil, consumidor etc.)
Aplicação do Direito – Havia juízes, normalmente sacerdotes e juízes leigos que eram em regra nomeados pelo Monarca, o qual poderia rever a questão, em grau de recurso.
EGITO
Posição Geográfica –Proximidade de bacia hidrográfica (rio Nilo), África. Situação que propicia o desenvolvimento da agricultura e do comércio através da navegação fluvial.
 
Política – Instituição da Monarquia como forma de Governo. Tratava-se de uma Monarquia unificada nas mãos do Faraó, que era detentor do poder, a quem incumbia garantir a ordem, a soberania do Estado e a prosperidade. O Monarca era intitulado o próprio Deus (teofania).
 
Economia – Utilização do solo para plantio e o crescente emprego da navegação como meio de transporte foram fatores que desenvolveram muito a economia.
 
Escrita – Hieróglifos.
 
História Jurídica – Tem-se notícias de que o Egito produziu grande história jurídica com o direito escrito, que era promulgado pelos Faraós, tais como Ramsés. No entanto, a falta de documentação a respeito deixou somente como provas as inscrições funerárias e papiros (3.000 a.C), os quais demonstravam atos jurídicos, decisões da corte real e alguns direitos. Desenvolveu-se parte do direito privado através da descoberta da existência de contratos que eram feitos por escrito, chamados de ‘documentos da casa’. Quem vendesse algo, redigia o contrato e depois o lacrava para evitar falsificações. Com o surgimento dos escribas (classe de letrados que ajudavam o Faraó e que escreviam todos os documentos oficiais), apareceu o ‘documento do escriba’, que foi na verdade, o antecessor da escritura pública. No Direito Penal, ultrapassada a fase da vingança privada, havia previsão de penas cruéis, tais como: chicotadas, abandono dos delinquentes aos crocodilos, trabalhos forçados, mutilações eram castigos normalmente aplicados.
 
Aplicação do Direito – O Faraó enquanto detentor do poder soberano detinha o poder de jurisdição para solucionar as questões concretas.
ISRAEL
Posição Geográfica – O Estado de Israel está localizado no Oriente Médio, ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo, limitando-se com o Líbano, a Síria, a Jordânia e o Egito. Está situado no ponto de encontro de três continentes: a Europa, a Ásia e a África.
 
Política – Os hebreus, a princípio, se dividiam em tribos de acordo com o número de filhos. Estas tribos se subdividiam em famílias e toda a organização política e social girava em torno desta situação.  No início, as tribos governavam-se por um Conselho de Anciãos chamado Sinédrio. Posteriormente, decidiram-se por um chefe único, investido de autoridade. O mais famoso dos chefes foi Sanção, conhecido por sua força hercúlea. Após vieram Saul (status de rei pelo profeta Samuel), David e Salomão.
 
Economia – os hebreus eram agricultores-pastores. Viviam do pastoreio de ovelhas e, principalmente, cabras, do plantio de uvas, trigo, e outros produtos.
 
Escrita – aramaico/ hebraico.
 
História Jurídica – A legislação dos hebreus teria sido formada durante os 40 anos passados no deserto quando do êxodo do Egito sob a liderança de Moisés (1250 a.C). Legislação Mosaica – Pentateuco, formado pelos cinco primeiros livros da Bíblia: o Gênesis, o Êxodo, o Levítico, o Números e o Deuteronômio, com forte base moral no Decálogo.
 
Deuteronômio – tratou de diversos aspectos das normas dos hebreus, dentre eles: Justiça (imparcialidade dos juízes); Pena de Talião (aplicada com limites tendo em vista a individualização da pena); Pena de Lapidação (apedrejamento para os feiticeiros, filhos rebeldes e adúlteras); Homicídio (diferenciação entre homicídio voluntário e involuntário); Testemunha (grande valor dado à prova testemunhal. Exigência de 2 ou 3 testemunhas); Adultério (punido com pena capital para os dois); Herança e primogenitura (o primogênito era beneficiado em detrimento de outros filhos).
 
Aplicação do direito – juízes em cada cidade.
ÍNDIA
Posição Geográfica - Índia localiza-se na Ásia. Região isolada, por um lado, pelo Himalaia, e por outro, pelos mares.
 
Política – A sociedade hindu era estratificada em castas, quatro no total: casta superior (brâmanes) considerada a mais pura (administradores, médicos, líderes espirituais); casta dos guerreiros; casta dos comerciantes e a casta inferior (empregados em geral). Era proibida a mistura de castas. Quem não pertencesse a nenhuma casta era considerado impuro, o qual realizava as tarefas também impuras, tais como limpa-fossa, curtidor etc. Sistema da Monarquia com a figura dos reis, que em geral, saíam da casta dos guerreiros, porém, os brâmanes podiam mais do que o rei (deus Brahma).Economia – os hindus eram agricultores (arroz).
 
Escrita – sânscrito.
 
História Jurídica - As leis de Manu representam historicamente uma primeira organização geral da sociedade, sob forte motivação religiosa e política. Legislação conhecida como Código de Manu, personagem mítico considerado filho de Brahma e Pai dos Homens. É possível verificar no Código uma série de ideias sobre valores como verdade, justiça e respeito. Os dados processuais que se baseiam sobre credibilidade dos testemunhos atribuem diferente validade à palavra dos homens conforme a casta a que pertencem. A mulher desfrutava de posição de inferioridade, de total subordinação. A honra das pessoas e sua situação dentro da aplicação do direito, dependia da condição da casta. O Código continha artigos que cuidavam de questões de direito civil, direito penal, comercial e até laboral.
 
Aplicação do Direito – as penas eram ordenadas pelo rei.
GRÉCIA
Posição Geográfica – A Grécia está situada no sul da Europa.
Política – Território composto pelas Cidades-Estado, as quais se formaram pela associação religiosa e política das famílias e das tribos, cada qual com seu regime político. Comum a todas as Cidades-Estado gregas era a crença na religião politeísta.
   
Economia –  Havia variação no que toca à economia entre as Cidades-Estado.   
   
Escrita – Grego (antigo).
   
Mitologia – O mito desempenha uma das formas de revelação da verdade. A ciência nos mostra a realidade por intermédio de provas concretas, pela experimentação, enquanto que, o mito exibe a crença, a fé, independente de qualquer prova científica. Os gregos utilizaram muitos mitos para explicação da realidade, exemplo disso está no mito de Pandora (“Prometeu, burlando a vigilância dos deuses, presenteou os homens com um bem divino. Como castigo para ele, foi amarrado em um penhasco onde, para todo o sempre, abutres viriam arrancar pedaços de seu fígado. O castigo para os homens, por sua vez, se deu por intermédio de Pandora, para quem foi entregue uma caixa, com o compromisso de não a abrir. Enviada para viver com os homens, a curiosidade foi maior que a obediência e, ao invés de saírem as maravilhas que esperava encontrar no interior do objeto, dali pularam pestes, desgraças, guerras e a própria morte. A última coisa que não chegou a sair da caixa, todavia, era a esperança. Por esse mito explica-se a origem do sofrimento mundano”   [1] 
   
O povo grego caminhou da fase mitológica para a racional (Filosofia), passando da explicação mítica da origem das coisas ao raciocínio lógico e racional. Os gregos adoravam vários deuses, entre eles: Zeus (deus dos deuses), Afrodite (deusa da beleza) e Thêmis (deusa da Justiça), simbolizada por uma mulher com venda nos olhos, para não se deixar impressionar com as aparências dos contendores, decidindo desta forma sempre com imparcialidade.
A balança simbolizava o equilíbrio nas decisões tomadas e a espada simbolizava a força da justiça, caso necessário.
   
Cidades-Estado
As Cidades-Estado mais significativas foram Esparta e Atenas.
Esparta
Foi uma das primeiras Cidades-Estado a surgir na Grécia, fundada por invasores dórios. História Jurídica de Esparta: Vigoravam nas Cidades-Estado gregas um conjunto de tradições, costumes e estatutos que, reunidos, formavam o que os gregos entendiam como sendo a ‘constituição’. No caso de Esparta, surge Licurgo (1000 a.C) como legislador a serviço da classe dominante, cujas regras estabelecidas tinham uma característica cultural marcante e absoluta que era o militarismo acima de tudo. As regras de Licurgo acabaram por refletir na sociedade, economia e política de Esparta.
Sociedade: Esparta apresentava sua sociedade em três camadas sociais:
a) Espartíatas (eram os dórios, guerreiros que recebiam educação militar especial);
b) Periecos (eram os aqueus, possuíam boas condições materiais de vida, mas não possuíam direitos políticos);
c)Hilotas (eram os escravos de propriedade do Estado).
Economia: Os cleros (divisão em lotes da grande propriedade estatal) eram distribuídos entre os dórios como usufruto para trabalho na terra com a ajuda de escravos emprestados pelo Estado (seis por lote). Os periecos dedicavam-se à agricultura e à criação de pequenos animais e ao comércio. Tinham suas próprias terras, porém, localizavam-se sempre na periferia.
Política: A organização espartana idealizada por Licurgo era formada por: 2 reis (duas família reais que não podiam se unir em matrimônio); 5 éforos (magistrados com mandato de um ano, eleitos para aconselhar os reis e cuidar da educação das crianças espartíatas) e 1 gerúsia (equivalente a um Senado, composta de 28 anciãos chamados gerontes, com mais de 60/65 anos, escolhidos pela Assembléia (composta exclusivamente pelos espartíatas).
Aplicação do Direito – A aplicação do direito ficava a cargo dos éforos (magistrados), responsáveis pelos aconselhamentos do reis, pela educação das crianças espartíatas, pela fiscalização da vida pública e pelo julgamento dos processos civis.
ATENAS
Posição Geográfica - Localização: Península Ática.
Formação – Jônios
Economia: no início, agricultura, depois, comércio marítimo.
Sociedade: A Sociedade Ateniense estava estruturada da seguinte forma:
a) Eupátridas: proprietários das melhores terras, cidadãos, possuíam verdadeiros latifúndios cultivados por escravos.
b) Georgóis: pequenos proprietários, sem direitos políticos, que possuíam terras junto às montanhas.
c) Thetas: camponeses, sem direitos políticos.
d) Demiurgos: comerciantes (lutas por direitos políticos).
e) Metecos: estrangeiros, sem direitos políticos.
f) Escravos: atuaram em todos os ofícios.
Política: Monarquia (Rei Basileu) e depois com o governo dos eupátridas, passou-se à Oligarquia. Partido Popular x Partido Aristocrático (luta de classes: gerou reformas políticas e legais).
História Jurídica : Dois legisladores foram os responsáveis pelas reformas que refletiam as lutas entre as classes sociais e o crescimento da cidade e do comércio. Drácon (621 a.C) através de normas escritas e extremamente severas, manteve na verdade os privilégios dos eupátridas, acabando porém, com o arbítrio. As leis de Drácon não atingiram o problema econômico-social e consequentemente o político. Desta forma, em poucos anos, o Partido Popular voltou a exigir reformas.
Sólon (594 a.C) foi escolhido para editar as novas leis, tinha a vantagem de ser aristocrata de nascimento e comerciante de profissão, e foi como comerciante que legislou. Primeiro grande passo foi a adoção da eunomia igualdade de todos perante a lei, sem distinção entre eupátridas e não eupátridas. As leis de Sólon acabaram por influenciar a economia, sociedade e política. Incentivou o desenvolvimento comercial e industrial que fariam de Atenas a principal e mais poderosa Cidade-Estado da região. Acabou com a escravidão por dívidas e dividiu a sociedade censitariamente (timocracia e não aristocracia). Limitou o direito de herança dos primogênitos, aumentou o acesso à justiça através dos Tribunais dos Efetas ( 1ª Instância) e Tribunal dos Heliastas (Heliaia), para recursos, composto por cidadãos com mais de 30 anos.
Dentre as normas de Sólon consta a de que todos os pais deveriam ensinar os filhos a ler e escrever (primeira regra na história que permanece até os dias atuais. Art. 205 CF/88 – A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho).
Guerra do Peloponeso – A crescente importância cultural e econômica de Atenas fez crescer a rivalidade com Esparta. Conflito que perdurou de 431 a 404 a.C dividido em três fases. Finalmente em 404 a.C, Esparta vence Atenas provocando o fim do imperialismo ateniense e da democracia e marca o início do imperialismo espartano. A glória de Atenas foi relegada ao passado, no entanto, mesmo neste momento de incertezas é que surgem alguns pensadores comoSócrates (470-399 a.C) e a partir dele, os filósofos formarão a base do conhecimento que até hoje perdura.
Filósofos – Sócrates, criador da maiêutica, ou parto das ideias, autor da famosa frase só sei que nada sei, sugeria a aristocracia como melhor regime, por entender que não era verdade absoluta o fato de que as decisões, por partirem da somatória de muitas idéias individuais (democracia), seriam corretas. Por este pensamento foi acusado de traição e condenado. Outros grandes nomes surgiram como Platão (429-347 a.C), discípulo de Sócrates, sendo o responsável pela organização e sistematização do estudo da Filosofia. Dentre suas obras destaca-se A República, tratando da forma ideal de Estado e conceito de Justiça. Aristóteles (384-322 a.C) por sua vez, foi discípulo de Platão. Criador da lógica, ficou eternizado ao estruturar o silogismo (consiste em se fazer uma ou mais afirmações/premissas maiores e uma afirmação intermediária/premissas menores e chegar desta forma à conclusão). Estudou a fundo o sentido de justiça ligado ao conceito de igualdade.
Roma
 
Posição Geográfica: Localizada no continente europeu, na Itália, acima do continente africano e do mar Mediterrâneo.
 
Sociedade: patrícios (em referência direta ao pater familias, aristocracia de caráter hereditário, proprietários das melhores terras); clientes (classe intermediária entre patrícios e plebe, vinculados jurídica e economicamente aos patrícios); plebe (livres, porém, sem riqueza, submetiam-se à classe dominante) e escravos (não eram considerados classe social e sim res –coisa). 
 
Instituições Políticas:
a)    Realeza (753 a.C a 510 a.C) – A exemplo do que ocorria em outras Cidades-Estado, Roma era governada por um rei. A realeza era vitalícia, porém eletiva e não hereditária. O rei era escolhido pelas Assembleias (Comicios Curiatos – Todos os homens enquanto povo, exceto a plebe e os escravos), indicado pelo Senatus (Senado – 300 membros conselheiros do rei). Poder total que abrangia os âmbitos civil, militar, religioso e judiciário.
 
b)    República (510 a.C a 27 a.C) – O poder passou das mãos de um rei para muitos. República vem de Res + Publicae que significa coisa do povo. Os escolhidos tinham um mandato curto, normalmente de 1 ano, de forma que o poder acabava centralizado nas mãos do Senado que era vitalício. Os Magistrados, como eram chamados, dividiam-se em Ordinários e Extraordinários. Os Magistrados Ordinários (Cônsules, Pretores, Edis e Questores) eram eleitos anualmente, enquanto que os Magistrados Extraordinários (Censores) eram escolhidos quando havia necessidade.
 
b1) Cônsules – Sempre em número de 2 com poderes equivalentes (colegialidade). Comandavam o exército, presidiam o Senado e os Comícios, representavam a cidade em cerimônias religiosas e eram os superintendentes dos funcionários nas questões administrativas.
 
b2) Pretores – Os magistrados mais importantes pois a atuação se dava em relação à Justiça. Havia o Pretor Urbano (cuidava das questões que envolviam os romanos na cidade) e o Pretor Peregrino (cuidava das questões de justiça no campo e nas que envolviam estrangeiros). Os Pretores cuidavam da administração da Justiça mas não julgavam os casos, remetiam a um juiz. Após a Lex Aebutia, os Pretores tiveram seus poderes aumentados, sendo que podiam além de fixar os limites da demanda dar instruções ao juiz em como proceder (editos – fonte do direito positivo).
 
b3) Edis – Cuidavam do abastecimento (provisões) da cidade, do policiamento e da conservação.
 
b4) Questores – Tesoureiros, cuidavam das questões da fazenda, cobrando devedores e os denunciando à Justiça.
 
b5) Censores – cuidavam com senso populacional e econômico de Roma.
 
c)    Império (27 a.C a 566 d.C) – Poder centralizado nas mãos do Imperador em todos os aspectos: civil, militar e judiciário. As magistraturas republicanas permaneceram, porém, com poderes limitados, assim como o Senado.
         
Direito Romano – Podemos conceituar o direito romano como o conjunto de normas vigentes em Roma da sua fundação até Justiniano. O direito tinha como pressuposto “viver honestamente, não lesar ninguém e dar cada um o que é seu” (Ulpiano). O direito romano passou por três fases ou períodos distintos: Arcaico, Clássico e o Pós-Clássico.
 
Período Arcaico ou Pré-Clássico (753 a.C a 27 a.C)
 
Durante o período arcaico a família era o centro de tudo. Cada cidadão romano era visto como parte integrante de uma unidade familiar. Neste período surge a Lei das XII Tábuas (451-450 a.C) como uma resposta a uma das revoltas da plebe, que lutou durante séculos por igualdade civil e política com os patrícios). O direito aplicado era consuetudinário e favorecia aos patrícios na aplicação das normas. Os plebeus na verdade, exigiram que as normas jurídicas fossem positivadas.
 
Tábua I – do chamamento a Juízo.
Tábua II – dos julgamentos e dor furtos.
Tábua III – dos direitos de crédito.    
Tábua IV – do pátrio poder e do casamento.
Tábua V – das heranças e tutelas.
Tábua VI – do direito de propriedade e da posse.
Tábua VII – dos delitos.
Tábua VIII – dos direitos prediais.
Tábua IX – do direito público.
Tábua X – do direito sacro.
Tábua XI – sem título (genérica)
Tábua XII – sem título (genérica).
 
Muitos dispositivos da Lei das XII Tábuas são utilizados em nosso ordenamento jurídico. Exemplos: Itens 10 e 11 da Tábua I:
 
10 – Depois do meio dia, se apenas uma parte comparece, o Pretor decida a favor da que está presente.
11 – O pôr-do-sol será o termo final da audiência.
 
O disposto no item 10 refere-se ao instituto da revelia, previsto no artigo 344 do NCPC “Se o réu não contestar a ação, srá considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor".
 
O disposto no item 11 refere-se ao horário dos atos processuais, previsto em nosso ordenamento no artigo 212 do NCPC “os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 às 20 horas”.
 
Período Clássico (27 a.C a 284 d.C – Alto Império Romano)
 
Considerado o período áureo do D. Romano. São marcantes as figuras dos pretores e dos jurisconsultos (estudiosos do Direito que interpretavam a lei e tinham reconhecimento de todos como sendo a expressão exata na norma). Os jurisconsultos eram considerados a aristocracia intelectual, devido à inteligência e conhecimentos técnicos. Os jurisconsultos também eram conhecidos como Prudentes. Os jurisconsultos poderiam resolver as hipóteses concretas que lhe eram submetidas (respondere), podiam orientar os particulares nas atividades negociais que envolviam questões jurídicas (cavere), podiam ainda, em caso de litígios, aconselhar as partes (agere). Muito do direito privado, principalmente o direito civil desenvolveu-se nesta fase.
 
Dentre os jurisconsultos, destaca-se GAIUS, que escreveu as Institutiones, dividido em 4 livros:
 
1) Fontes do Direito e das Pessoas;
2) Das Coisas, Dos Direitos Reais e das Sucessões Testamentárias;
3) Das Sucessões sem Testamentos e das Obrigações;
4) Das Ações.
 
ULPINIANUS, JULIUS PAULUS, PAPINIANO (considerado o maior de todos os jurisconsultos) e MODESTINUS fecham a era de ouro do que se chamava “letras jurídicas romanas”. Depois deles os Imperadores passaram a decidir, pessoalmente, as questões mais relevantes. Aos poucos, instituiu-se o período de fórmulas, ou direito formular, principalmente com a já referida Lex Aebutia, na qual passou-se a admitir a utilização da fórmula, onde os pretores, passaram a ouvir as partes na primeira fase do processo e, encontrando fundamentos para o seguimento do feito, elaboravam uma fórmula, a qual seria entregue aos árbitros.
 
Período Pós-Clássico (284 d.C a 565/566 d.C – Baixo Império Romano)  
 
Período de declínio do Direito Romano. Poucas inovações foram introduzidas no Direito, vivendo-se mais da fase áurea. O direito formular deixou de ser aplicado, dando lugar às Constituições Imperiais (providências legislativas do Imperador), que podiam se apresentar nas seguintes formas: edicta; mandata;decreta ou rescripta.
 
Edicta: deliberações de ordem geral com duração indefinida.
Mandata: deliberações de caráter administrativo aos funcionários do império e governadores de províncias.
Decreta: decisões proferidas no âmbito do poder jurisdicional do Imperador (jurisdictio).
Rescripta: respostas dadas pelo Imperador a respeito de casos jurídicos a ele submetidos por magistrados e/ou particulares.
 
Estas constituições, na verdade, tinham o objetivo da personificação do monarca, chamadas também de leges.
 
Em 395 d.C o Império Romano é dividido em dois, ficando a primeira sede em Milão e a capital do segundo no Bizâncio, depois foi trocado o nome para Constantinopla, pelo Imperador Constantino. Atualmente diz respeito à região de Istambul, na Turquia.
 
O Imperador do Oriente JUSTINIANUS (527-565 d.C), enxergou a necessidade de reerguer o Direito Romano, que se apresentava como condição indispensável para estruturar seu império. Convocou uma comissão dos maiores jurisconsultos de sua época, para criar o Corpus Iuris Civilis, composto por quatro obras: o Codex, o Digesto, as Institutas e as Novelas.
 
Codex – Do latim caudex, quer dizer tronco de árvore, diz respeito ao suporte do sistema legal. Compilação das Constituições Imperiais para que os romanos conhecessem todas as leis que vigoravam. Dividido em 12 Livros da seguinte forma: Livro I (direito eclesiástico, fontes do Direito e das funções dos servidores públicos); Livro II-VIII (direito privado); Livro IX (delitos); Livro X-XII (regras administrativas).
 
Algumas regras: Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa (comparativo com o texto constitucional em seu artigo 5º, IV – É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato); o encargo da prova fica com aquele que afirma e não com o que nega (comparativo com a regra do Direito Processual Civil de que, quem alega um fato deve prová-lo - ônus da prova).
             
Digesto – Destinou-se à reunião dos pareceres e escritos dos jurisconsultos, no total de 50 Livros. Muito se aproveitou desta obra no tocante aos critérios de interpretação das leis.
 
Institutas - Considerado uma espécie de manual de Direito para os estudantes. Declaradas de uso obrigatório, tiveram força de lei. Dividida em 4 Livros.
 
Novelas – Regras do próprio Justiniano que se faziam necessárias no próprio cotidiano, tendo o poder de derrogar as regras dos livros anteriores que se chocassem com o novo direito. Praticamente todas as escritas eram em grego já que se destinavam às populações do Império do Oriente.
IDADE MÉDIA
 
Período – Século V d. C até século XV na Europa (476-1453), sendo Alta Idade Média (séc. V-IX) e Baixa Idade Média (séc. IX-XV).
 
Alta Idade Média – Período marcado pela desconstrução e construção, ou seja, pelo fim do mundo romano com a construção de um novo mundo, tendo como elementos centrais a cultura germânica e a Igreja católica.
 
Baixa Idade Média – Passado o momento de integração entre os dois mundos (Romano e Germânico), encontramos a consolidação da instituição considerada como símbolo da Idade Média, o Feudalismo.
 
Feudalismo – Teve como característica marcante a fragmentação do poder, uma vez que, o poder acabou sendo dividido entre os grandes senhores feudais ou proprietários de terras. Surgem as figuras dos vassalos e dos servos.
 
Contrato Feudo-Vassálico – Tratava-se de um contrato realizado entre o senhor feudal e o vassalo com obrigações recíprocas. O vassalo colocava-se nas mãos do senhor feudal jurando fidelidade e defendendo-o (ajuda material e militar) bem como a sua família, para isso, o vassalo recebia um feudo.
O contrato poderia ser desfeito unilateralmente em caso de uma das partes não cumprir com a obrigação. Os servos eram homens livres e não escravos, porém, estavam presos às terras nas quais trabalhavam. O contrato era personalíssimo (não hereditário) e solene, realizado em público dentro de um cerimonial (investidura). Os direitos de uso e propriedade do feudo eram limitados.
 
Justiça – A justiça era praticada pelo senhor feudal que detinha o poder de jurisdição em toda a sua propriedade, bem como nos feudos que tinham sido dados em benefício. Esta jurisdição, no início única passou a ser exercida juntamente com os Conselhos de Vassalos (Consilium), constituindo uma Assembleia deliberativa presidida pelo senhor feudal com capacidade para julgamento das questões submetidas ao Conselho.
 
Direitos da Idade Média – “Como a Idade Média nasceu da união do que restou do Império Romano, mais os povos germânicos que invadiram a Europa romana, mais a Igreja Católica que sobreviveu à queda do Império Romano e se fortaleceu durante o período medieval, o Direito na Idade Média não poderia ser composto por outros elementos que não os descritos acima. Assim, compondo o Direito Medieval como um todo podem ser vistos os Direitos romano, germânico e canônico (relativo à Igreja).”. [1]    
 
Direito Germânico – Os povos que invadiram o Império Romano eram originários da região da Germânia, quase que em sua maioria não utilizavam a escrita, de forma que seu direito era praticamente consuetudinário (oral). O poder era centralizado na figura do pai de família. Quando da invasão algumas tribos estabeleceram-se como reinos, outras, para um maior controle da população romana conquistada e acostumada com o direito escrito, passaram a confeccionar suas normas.
Fala-se em direitos germânicos, pois eram várias tribos com diferentes tradições. Surge a chamada Personalidade das Leis – cada tribo leva consigo, para onde quer que vá ou qualquer que seja o soberano, o estatuto jurídico de sua tribo de origem.  
 
Direito Romano – Pela sua força e complexidade não poderia deixar de ser aplicado mesmo frente às invasões dos povos germânicos. Aplicou-se o princípio da Personalidade das Leis, onde o direito romano continuou a ser aplicado aos romanos e o direito germânico às tribos invasoras. Em regiões pouco romanizadas, o direito romano cedeu em favor do direito germânico e, em regiões muito romanizadas, suplantou o direito germânico. O direito romano serviu como base direta da legislação ou indireta através de inspiração para novas legislações (fenômeno da recepção).
 
Direito Canônico – É o nome dado ao direito da Igreja Católica. Cânon significa em grego regra. Direito muito importante na Idade Média em vista da importância da Igreja Católica neste período, e principalmente, por ser escrito, já que em muitas regiões pautavam-se pelos costumes e pela oralidade do direito.
A Igreja Católica teve um domínio de caráter universal, quase absoluto, entre os séculos VIII e XV, sendo o direito canônico o responsável pelo domínio do direito privado, para solução de questões relativas a casamentos, divórcios etc. Cria-se ao lado do direito laico o direito religioso com os Tribunais Eclesiásticos.
Posteriormente foi dado aos clérigos (padres, bispos etc.) o privilégio de foro, onde seriam julgados em qualquer matéria pelos Tribunais da Igreja. O direito laico enfraquecia em vista do declínio do poder real em favor do feudalismo e o direito eclesiástico aumentava seu poder, podendo julgar também, além dos clérigos, leigos em algumas questões específicas, tais como corpo discente e docente de Universidades[2] (que foram na verdade, até o século XVI instituições eclesiásticas), e as pessoas que cometessem infrações contra a religião (hereges, feiticeiros etc.) [3]. O processo eclesiástico cível era escrito, enquanto que o processo penal estava atrelado à acusação, baseado num tipo de prova chamado irracional (ordálios). Ex: provas de ferro em brasa ou água fervente em que se acreditava que o inocente não seria ferido.
 
Fontes – São consideradas fontes do Direito Canônico o ius divinum (conjunto de regras que podem ser extraídas da Bíblia, dos escritos dos doutores da Igreja e da doutrina patrística), a própria legislação canônica (formada pelas decisões dos Concílios e dos escritos dos Papas), bem como os costumes e os princípios recebidos do DireitoRomano.
 
Patrística – Patrística ou Patrologia significa o ensinamento dos padres católicos a respeito da doutrina da Igreja, uma vez que, a religião católica necessitava ampliar sua área de influência e convencer que seus dogmas possuíam fundamento e validade. Era na verdade a filosofia cristã, ou seja, a patrística constitui-se de elogios escritos ao Cristianismo, procurando demonstrar que a sua doutrina não se chocava com o racionalismo. Santo Agostinho (Aurelius Augustinus) em suas obras logrou vincular a razão que imperava da filosofia grega, à fé, base do catolicismo.
 
Escolástica – Considerada a filosofia cristã. São Tomás de Aquino cuidou da razão como justificativa para fé. Neste período Teologia e Filosofia se interligam. Para São Tomás de Aquino as ideias estavam alicerçadas na existência de três planos de leis: divina (estabelecida nas escrituras sagradas), natural (intuitiva na humanidade) e humana (obra exclusiva dos homens, para regular as relações intersociais).
 
Processo Inquisitório - No fim da Idade Média utilizou-se largamente nos tribunais eclesiásticos assim como nos laicos, o processo inquisitório. No processo civil as sanções eram geralmente de caráter pecuniário (perda do feudo). No processo penal fazia-se o uso da tortura como pena ou meio de obtenção de prova.
A pena tinha a característica de vingança com aplicação de penas cruéis (mutilações múltiplas). Havia trabalhos forçados, exílio, degredo, desterro, morte civil, pelourinho. Havia ainda a aplicação das penas corporais como medidas preventivas (mutilações para mostrar a periculosidade do indivíduo). Havia o esquartejamento, fogo, roda, forca, decapitação entre outras penas.
O DIREITO INGLÊS
 
História
Até o séc. V d.C a Inglaterra esteve, em grande parte, sob o domínio romano. No entanto, como ocorreu em algumas regiões, não houve uma romanização, ou seja, uma transformação da população local de forma a adotar a cultura romana para si. Assim, o direito romano também foi pouco difundido na Bretanha.
Com a posterior invasão dos povos germânicos não foi diferente, a oposição foi acirrada e os germânicos formaram reinos bem instáveis e sem unificação. O direito germânico na Bretanha só teve aplicação efetiva quando a mesma converteu-se ao cristianismo (séc. VI d.C).
 
Por volta do ano 1066, um exército liderado por Guilherme (vassalo do rei da França), invadiu a Bretanha e tomou o domínio da região, governando-a de 1066 a 1087. Assim, as relações feudo-vassálicas que existiam na França (Normandia) foram introduzidas na Bretanha, a qual foi dividida em grandes feudos chamados condados.
Não houve grandes transformações no direito inglês, uma vez que Guilherme atestou a vigência do direito germânico, apenas centralizando-o.
 
Vários reis sucederam Guilherme fortalecendo o poder da monarquia mas foi o rei Henrique II (1154-1189) que conseguiu impor leis válidas em toda a região, nomeou juízes para presidência dos tribunais do Estado e submeteu os clérigos à legislação comum.
 
Henrique II foi sucedido por seu filho Ricardo I (Ricardo Coração de Leão) que voltado para a guerra e não para a administração do Estado, não conseguiu manter a concentração de poder. O irmão de Ricardo, de nome João (João Sem-Terra), assumindo o trono como Príncipe Regente enquanto seu irmão Ricardo I foi para as Cruzadas, opôs-se aos nobres e posteriormente criou relações complicadas com a Igreja pela recusa da nomeação de um bispo. Em represália aos nobres criou novos impostos e aumentou os impostos que já existiam. Em resposta, os nobres e o clero redigiram um documento chamado Magna Carta outorgada pelo rei João em 1215.
 
Magna Carta
Sem dúvida um documento feudal, salvaguardando os senhores feudais, indicando a defesa de direitos e liberdades.
 
Garantias e liberdades:
a) direito de ir e vir (para muitos autores nasce aqui a ideia de Habeas-Corpus);
b) julgamento pelos pares no caso de diminuição ou perda da liberdade e expropriação de bens (julgamento pelo júri);
c) proporcionalidade entre o delito e a pena no caso das penas pecuniárias, sem levar o condenado à falência.
 
Parlamento Inglês
Sendo a Magna Carta na verdade uma garantia feudal, deu ao Conselho de Nobres, chamado Grande Conselho ou Conselho do Reino grande poder, que a partir de 1265, passou a ser chamado de Parlamento. O Parlamento Inglês teve tanto poder que em muitos momentos da história da Inglaterra substituiu reis e comandou o país sozinho.
Nos períodos que se seguiram marcaram uma sucessão de conflitos entre Monarquia e Parlamento pela luta pelo poder, até que, no reinado de Carlos II, com o objetivo de minimizar os danos causados pelos conflitos que geravam  violências e prisões indevidas foi redigido o Habbeas Corpus Act no ano de 1679.
 
Habbeas-Corpus
Na atualidade, trata-se de um instituto que visa dar a garantia fundamental ao direito de locomoção (ir e vir) por meio de uma ordem judicial. À época, referido documento protegia os acusados de algum delito da privação da liberdade, não se aplicando aos presos inicialmente. A concessão do habbeas-corpus era definitiva. 
 
O Habbeas-Corpus reprimiu as prisões decorrentes dos conflitos gerados entre Monarquia e Parlamento, mas não solucionou o problema. Somente com Guilherme de Orange a questão foi pacificada com a instituição de fato do Parlamentarismo na Inglaterra.  Assim, em 1689 um documento efetivando este poder foi redigido o Bill of Rights.
 
Bill of Rights
a) a lei está acima de tudo (incluindo o rei);
b) prerrogativa exclusiva do Parlamento nas seguintes questões: impostos, controle do exército e poder para legislar;
c) eleições de seus membros.
 
Direito Inglês
Pode-se dizer que o direito inglês é obra das cortes reais: Common Law e a Equity, que criam o direito de precedente em precedente.
Common Law
A Common Law é utilizada para indicar o direito comum da Inglaterra, com aplicação dos costumes locais próprios de cada região, portanto um direito jurisprudencial. No sistema de common law, o direito é criado ou aperfeiçoado pelos juízes: uma decisão a ser tomada num caso depende das decisões adotadas para casos anteriores e afeta o direito a ser aplicado a casos futuros. Nesse sistema, quando não existe um precedente, os juízes possuem a autoridade para criar o direito, estabelecendo um precedente. O conjunto de precedentes é chamado de common law e vincula todas as decisões futuras.
Quando as partes discordam quanto o direito aplicável, um tribunal idealmente procuraria uma solução dentre as decisões precedentes dos tribunais competentes. Se uma controvérsia semelhante foi resolvida no passado, o tribunal é obrigado a seguir o raciocínio usado naquela decisão anterior. No entanto, se o tribunal concluir que a controvérsia em exame é fundamentalmente diferente de todos os casos anteriores, decidirá como "assunto de primeira impressão". Posteriormente, tal decisão se tornará um precedente e vinculará os tribunais futuros.
Equity
A Equity, inicialmente eram as regras emanadas pelo Tribunal de Chancelaria através de recursos de casos não solucionados ou injustiçados nos Tribunais Reais de Justiça e posteriormente emanadas dos Tribunais de Equidade (razoabilidade).
A common law, marcada por uma rigidez formal, não permitia ao sistema a liberdade de se adaptar às necessidades sociais que surgiam com o decorrer do tempo, gerando injustiças. Nessa conjuntura, surgiu um sistema rival chamado Equity.
Podemos dizer que durante um período, parecia que a common law seria trocada pela equity, um novo sistema, apoiado pelos reis e pela população, mas isso não aconteceu, principalmente pela resistência dos juristas e do Parlamento, que apoiavam a common law contra os reis.
Após um grande conflito entre os dois tipos de tribunais, decidiu-se estabelecer um meio termo, onde os dois sistemas coexistiriam, mas não perfeitamente, pois a Equity teria que se adaptar, não poderia ir contra as decisões tomadas pelos tribunais da common law, devendo obedecer à jurisprudência. Hojea Equity é considerada  algo que veio aperfeiçoar o sistema inglês e integrá-lo, não substituí-lo.
Por essa junção de sistemas, hoje se diz que o direito inglês possui uma estrutura dualista. Existiam tribunais separados, uns para aplicar a common law, outros para a equity, com regras diferentes para cada e advogados que atuavam especificamente em um ou noutro.

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