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Como vimos, para se estabelecer responsabilidade civil, é preciso estabelecer que a conduta do agente foi causa do resultado danoso. 
Com efeito, o dano só pode gerar a obrigação de indenizar quando for possível estabelecer com certeza absoluta quem foi o agente causador do dano.
Nas palavras de Agostinho Alvim:
 “O dano só pode gerar responsabilidade quando seja possível estabelecer um nexo causal entre ele e o seu autor, ou, como diz SAVATIER, um dano só produz responsabilidade, quando ele tem por causa uma falta cometida ou um risco legalmente sancionado.” 
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O elemento constitutivo da responsabilidade civil, portanto, que permite alcançarmos essa certeza absoluta é o nexo causal. Ele é o elemento referencial entre a conduta e o resultado; o liame que une a conduta do agente ao dano. Nesse sentido, ninguém pode responder por algo que não fez.
No entanto, excepcionalmente, existem algumas situações em que o indivíduo responde pelo ato de terceiro. Em outras palavras, é possível a imputação da responsabilidade sem que aquele que foi obrigado a indenizar tenha praticado a conduta causadora do dano.
Essas situações são: 
RESPONSABILIDADE POR ATO DE OUTREM; 
RESPONSABILIDADE POR FATO DOS ANIMAIS; E 
RESPONSABILIDADE POR FATO DA COISA.
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RESPONSABILIDADE POR ATO DE OUTREM
 A lei institui casos em que a pessoa responde sem ter causado dano. O art. 932 do Código Civil estabelece situações em que o indivíduo responde pelos atos danosos de outra pessoa.
Art. 932. São TAMBÉM responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
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RESPONSABILIDADE POR ATO DE OUTREM
 Enuncia o art. 933 do CC que a responsabilidade das pessoas acima elencadas independe de culpa, tendo sido adotada a teoria do risco. 
Assim, as pessoas arroladas, ainda que não haja culpa de sua parte (responsabilidade objetiva), responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Mas para que essas pessoas respondam, é necessário provar a culpa daqueles pelos quais são responsáveis. Por isso a responsabilidade é denominada de objetiva indireta ou objetiva impura. (Álvaro Villaça Azevedo apud Flávio Tartuce).
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RESPONSABILIDADE POR ATO DE OUTREM
 
ESCLARECENDO:
“Para que os pais respondam objetivamente, é preciso comprovar a culpa dos filhos; para que os tutores ou curadores respondam, é preciso comprovar a culpa dos tutelados ou curatelados; para que os empregadores respondam, é preciso comprovar a culpa dos empregados; e assim sucessivamente.”
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RESPONSABILIDADE POR ATO DE OUTREM
 Desse modo é fundamental repetir que NÃO se pode mais falar em culpa presumida (culpa in vigilando ou culpa in eligendo) nesses casos, mas em responsabilidade sem culpa, de natureza objetiva.
Os casos de presunção relativa de culpa foram banidos do ordenamento jurídico brasileiro, diante de um importante salto evolutivo. Vale ainda lembrar que deve ser tida como cancelada a Súmula 341 do STF, pela qual seria presumida a culpa do empregador por ato de seu empregado. Na verdade, a responsabilidade do empregador por ato do seu empregado, que causa dano a terceiro, independe de culpa (responsabilidade objetiva – arts. 932, III e 933 do CC).
V Jornada de Direito Civil 
Enunciado 451 - A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
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OS PAIS, PELOS FILHOS MENORES QUE ESTIVEREM SOB SUA AUTORIDADE E EM SUA COMPANHIA E O TUTOR E O CURADOR, PELOS PUPILOS E CURATELADOS, QUE SE ACHAREM NAS MESMAS CONDIÇÕES;
Partindo de uma interpretação literal, o STJ, no REsp 540459-RS, afastou a responsabilidade do pai que não detinha a guarda e não estava na companhia do menor. 
A ponderação crítica que fazem Pablo, Giselda Hironaka e Maria Berenice Dias é no sentido de que se o dever de educar cabe a ambos, a responsabilidade também. Tartuce e Gustavo Tepedino discordam desses autores e concordam com o julgado do STJ.
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A responsabilidade civil dos pais que estiverem separados por atos do filho divide-se em duas correntes:
 
1. Para primeira corrente, apoiada no STJ, o genitor no exercício do poder familiar que não possui a guarda de filho menor responde civilmente pelos danos causados por este, salvo se provar que não teve culpa. Vigora uma presunção de culpa contra o genitor, mesmo sob o ambiente do CC/02. 
Nesse sentido, o STJ, apoiando-se tanto no CC/16 quanto no CC/02, afastou a responsabilidade de pai no caso de filho menor que, sob a guarda da mãe, tomou arma comprada por esta há poucos dias e desferiu tiros em terceiros.
 
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2. Para a segunda corrente, segundo o CC/02, a responsabilidade dos pais é objetiva, de modo que é irrelevante a discussão de culpa. Ambos os pais no exercício do poder familiar devem responder solidariamente pelos atos de seus filhos menores, mesmo se separados, ressalvado o direito de regresso contra o genitor que tiver culpa exclusiva pelo fato. 
É a orientação repousada no enunciado nº 449 das Jornadas de Direito Civil: "Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores." 
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Obs.: Vale lembrar que a doutrina e a jurisprudência (RT 494/92) têm entendido que na emancipação voluntária, os pais não se isentam de responsabilidade.
A lei que rege a responsabilidade civil é a lei do tempo do ato ilícito (tempus regit actum): se foi à época do Código Civil/16, este se aplica. 
Na vigência daquele código, os menores relativamente incapazes (de 16 a 21 anos) eram equiparados aos capazes (respondiam sozinhos ou em solidariedade com os pais). 
Já o absolutamente incapaz era inimputável e só os pais respondiam.
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Veja que, ao dispor, no caput do art. 932, que “são também responsáveis [...]”, o CC de 2002, homenageando a vítima, entendeu que o incapaz também poderá ter responsabilidade, ainda que subsidiária.
O Código de 2002, em seu art. 928, passou a admitir expressamente a responsabilidade do incapaz (mesmo absolutamente incapaz), ainda que em caráter subsidiário.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
 
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PERGUNTA-SE: 
TERÃO OS PAIS AÇÃO REGRESSIVA CONTRA OS FILHOS? 
NÃO. 
Não cabe ação regressiva, nos termos do art. 934, se a pessoa por quem a indenização foi paga for descendente, absoluta ou relativamente incapaz, da pessoa que pagou.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
 
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VEJA QUE O INCAPAZ SERÁ RESPONSÁVEL PELOS PREJUÍZOS CAUSADOS:
Se os seus responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo Ex.: medida sócio-educativa do ECA, conforme
enunciado 40 da I Jornada de Direito Civil.
Se seus responsáveis não dispuserem de meios suficientes.
O parágrafo único do art. 928 traz norma diretamente relacionada com o ESTATUTO DO PATRIMÔNIO MÍNIMO e com o princípio da dignidade da pessoa humana.
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Ressarcimento de danos - Pichação de muros de escola municipal - Ato infracional praticado por menores - Ação proposta em face de incapazes - Inobservância das condições do art. 928, do Código Civil - As consequências civis dos atos danosos praticados pelo incapaz devem ser imputadas primeiramente aos pais - Extinção do processo sem resolução do mérito. 
(TJSP Ap. Cível – 9071934-50.2009. Rel. Des. Ferraz de Arruda. 13ª Câmara de Direito Público. DJ. 09/06/2010). 
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O EMPREGADOR OU COMITENTE, POR SEUS EMPREGADOS, SERVIÇAIS E PREPOSTOS, NO EXERCÍCIO DO TRABALHO QUE LHES COMPETIR, OU EM RAZÃO DELE
A Teoria que explica a responsabilidade do empregador pelo ato do empregado é a Teoria da Substituição (entende-se que o empregado substitui o empregador na conduta, e o empregador substitui o empregado no pagamento à vítima).
Superando a súmula 341 do STF (“é presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”), o novo CC-02 estabelece ser objetiva a responsabilidade do empregador ou comitente por ato do preposto ou empregado: não cabe a alegação de ausência de culpa na escolha de seu funcionário.
Todavia, é possível a discussão da culpa na relação externa com a vítima, como em um acidente de trânsito (por exemplo, alegando que o empregado não teve culpa).
A lei diz que o empregador responde pelo empregado que atue em razão ou no exercício da função. Para a caracterização dessa responsabilidade, não há sequer necessidade de prova do vínculo de emprego.
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"DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL POR ERRO MÉDICO E POR DEFEITO NO SERVIÇO. SÚMULA 7 DO STJ. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 334 E 335 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. REDIMENSIONAMENTO DO VALOR FIXADO PARA PENSÃO. SÚMULA 7 DO STJ. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DA DECISÃO QUE FIXOU O VALOR DA INDENIZAÇÃO. 
1. A responsabilidade das sociedades empresárias hospitalares por dano causado ao paciente-consumidor pode ser assim sintetizada: (i) as obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento de recursos materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços médicos e à supervisão do paciente, hipótese em que a responsabilidade objetiva da instituição (por ato próprio) exsurge somente em decorrência de defeito no serviço prestado (art. 14, caput, do CDC); (ii) os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou subordinação com o hospital são imputados ao profissional pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de qualquer responsabilidade (art. 14, § 4, do CDC), se não concorreu para a ocorrência do dano; (iii) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC). (REsp nº 1.145.728⁄MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,  Rel. p⁄ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28⁄6⁄2011, DJe 8⁄9⁄2011 - grifou-se).
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Súmula nº 492 do Supremo Tribunal Federal: 
"A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.".
Crítica: Solidariedade se presume? (Álvaro Villaça Azevedo)
Art. 265 do Código Civil
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 OS DONOS DE HOTÉIS, HOSPEDARIAS, CASAS OU ESTABELECIMENTOS ONDE SE ALBERGUE POR DINHEIRO, MESMO PARA FINS DE EDUCAÇÃO, PELOS SEUS HÓSPEDES, MORADORES E EDUCANDOS
José de Aguiar Dias justifica a responsabilidade dos donos de hotéis e congêneres no dever de segurança, e Cavalieri Filho complementa lembrando que, por se tratar de relação de consumo, essa responsabilidade é objetiva.
O inciso IV abrange também os donos de escola, que são responsáveis somente por atos dos educandos menores, vez que os maiores de idade já têm responsabilidade jurídica própria.
Se porventura o ato for causado por educando menor, o dono da escola indeniza e, em regra, não cabe ação regressiva contra os pais da criança, vez que eles transferiram a guarda provisória à escola, a qual, por seu turno, falhou em seu dever de zelo.
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Obs.: no caso de escolas públicas, a responsabilidade é do Estado. 
Outro assunto a se considerar é a possível responsabilidade civil dos donos de escolas por omissão pelos danos sofridos pelo educando em caso de bullying (tema em moda nos concursos públicos).
Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.
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PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. VIOLENCIA ESCOLAR. “BULLYNG”. ESTABELECIMENTO DE ENSINO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. I – Palavra inglesa que significa usar o poder ou força para intimidar, excluir, implicar, humilhar, “Bullying” é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos; II – Os fatos relatados e provados fogem da normalidade e não podem ser tratados como simples desentendimentos entre alunos. III – Trata-se de relação de consumo e a responsabilidade da ré, como prestadora de serviços educacionais é objetiva, bastando a simples comprovação do nexo causal e do dano; IV – Recursos – agravo retido e apelação aos quais se nega provimento. TJRJ - Julgamento: 02/02/2011.
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Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL DANOS MORAIS HUMILHAÇÃO POR PARTE DE PROFESSOR E COLEGAS BULLYING. I - Menor que veio a ser jogado em lixeira por professor que objetivava impor ordem na sala de aula. Ação desproporcional que deu ensejo a zombarias e piadas por parte dos demais colegas Configuração do chamado bulying Reparação por danos morais cabíveis. II - Adequação do valor arbitrado na condenação Redução à quantia de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais). Sentença reformada em parte. Recurso parcialmente provido. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 0169350-45.2007.8.26.0000 Apelação Relator(a): Nogueira Diefenthaler. Comarca: Ribeirão Preto. Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Público.
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 OS QUE GRATUITAMENTE HOUVEREM PARTICIPADO NOS PRODUTOS DO CRIME, ATÉ A CONCORRENTE QUANTIA
O inciso V trata de todos aqueles que se beneficiarem, participando gratuitamente do produto do crime. 
Exemplo: receptador.
OBS. O dispositivo não se refere aos co-autores, porque estes estão incluídos no art. 942 e respondem solidariamente. O artigo diz respeito as pessoas que inocentemente acabam auferindo proveito da prática de um determinado crime. 
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A responsabilidade por fato de animais vem regulada no art. 936 do Código Civil, que estabelece que o dono ou detentor do animal ressarcirá o dano por este causado.
 Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
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O dispositivo em exame não atribui a responsabilidade exclusivamente ao dono do animal porque, pode ele ter transferido juridicamente a guarda do animal a outrem, como no caso de locação, comodato
etc., ou tê-la perdido em razão de furto ou roubo. 
Por isso o Código atribui também responsabilidade ao detentor do animal, isto é, àquele que, embora não sendo o dono, tinha o efetivo controle dele, o poder de direção, podendo, assim, guardá-la com o cuidado necessário e preciso para que ele não cause dano a outrem.
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Responsabilidade objetiva ou culpa presumida?
- No CC/16 no art. 1527 tratava de culpa presumida in custodiendo, porque o dispositivo permitia ao dono ou detentor do animal eximir sua responsabilidade provando que o guardava com cuidado preciso.
Já no CC/02 a responsabilidade é objetiva – e a responsabilidade só poderá ser afastada se o dono ou detentor do animal provar o fato exclusivo da vítima ou força maior. A responsabilidade objetiva se apresenta tão forte que ultrapassa os limites da teoria do risco criado ou risco proveito.
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RESPONSABILIDADE CIVIL. ANIMAL. LESÕES CORPORAIS. O dono do animal é civilmente responsável pela reparação dos danos provocados por ele (CC, art. 936), salvo se provar a culpa da vítima ou motivo de força maior. Caso em que o cachorro bravo e de porte morde a perna de quem passa na carona de motocicleta, em passagem de acesso à moradia de terceiro, enseja dever de indenizar os danos materiais pela vítima da lesão corporal. Recurso desprovido. Unânime. (TJ-RS - Recurso Cível: 71000605717 RS, Relator: João Pedro Cavalli Junior, Data de Julgamento: 02/12/2004, Primeira Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia)
RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL E MATERIAL CAUSA DO POR ATAQUE DE CÃO. De acordo com o art. 1.527 do CC de 1916, então vigente, o dono do animal responde pelo dano por este causado. Responsabilidade presumida, cabendo aos autores provar, apenas, o dano, o ato do animal e a relação de causalidade. Ao dono do cão compete demonstrar a existência de causa excludente da responsabilidade, no caso, inexistente (TJRS, AC n.70006268213, de Porto Alegre, rel. Des. Leo Lima, j. Em 2-10-2003). 
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APROFUNDANDO O TEMA:
Um cão de raça violenta, está na posse de preposto do dono (v.g., adestrador, treinador ou personal dog). O ultimo se distrai e o cachorro ataca um terceiro. De quem será a responsabilidade? 
ATENÇÃO!
A responsabilidade do preposto é objetiva por fato do animal (Art. 936), enquanto a do dono é objetiva indireta, desde que comprovada a culpa do seu preposto (arts. 932, III e 933 do CC).
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“Ação de indenização. Danos materiais e morais. Acidente do trabalho. Ferimentos produzidos por animal (macaco) fugitivo ao ser capturado por empregado de zoológico. Culpa do empregador pelo evento danoso ocorrido devidamente demonstrada. Demais elementos que compõem a responsabilidade também positivados nos autos. Dano moral reconhecido, incluído o estético. Dever de indenizar proclamado. Dano material, porém, inexistente. Indenização a título de danos morais majorada” (TJRS, Processo: 700006938252. Data: 12.05.2004...)
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A tese da RC objetiva por fato do animal é reforçada pela incidência do CDC, isto por que é possível sua aplicação a casos de serviço de lazer, como circos, hotéis que disponibilizam cavalos para passeio, parques de diversões, rodeios, entre outros.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS CAUSADOS A VIATURA POLICIAL QUE TRAFEGAVA EM RODOVIA MANTIDA POR CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO DE ANIMAL NA PISTA. RELAÇÃO CONSUMERISTA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES. INEXISTÊNCIA DE EXCLUDENTE DE RESPONSABILIZAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. (STJ)
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RESPONSABILIDADE CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO DO JULGADO. ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. ESPETÁCULO CIRCENSE – MORTE DE CRIANÇA EM DECORRÊNCIA DE ATAQUE DE LEÕES – CIRCO INSTALADO EM ÁREA UTILIZADA COMO ESTACIONAMENTO DE SHOPPING CENTER. LEGITIMIDADE PASSIVA DAS LOCADORAS. DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADE DE ENTRETENIMENTO COM O FIM DE ATRAIR UM MAIOR NÚMERO DE CONSUMIDORES. RESPONSABILIDADE. DEFEITO DO SERVIÇO (VÍCIO DE QUALIDADE POR INSEGURANÇA). DANO MORAL. VALOR EXORBITANTE. REDUÇÃO. MULTA. ART. 538 DO CPC. AFASTAMENTO. (...) 2- Está presente a legitimidade passiva das litisconsortes, pois o acórdão recorrido afirmou que o circo foi apenas mais um serviço que o condomínio do shopping, juntamente com as sociedades empresárias rés, integrantes de um mesmo grupo societário, colocaram à disposição daqueles que frequentam o local, com o único objetivo de angariar clientes potencialmente consumidores e elevar os lucros. Incidência da Súmula 7⁄STJ. 3- No caso em julgamento – trágico acidente ocorrido durante apresentação do Circo VostoK, instalado em estacionamento de shopping center, quando menor de idade foi morto após ataque por leões -, o art. 17 do Código de Defesa do Consumidor estende o conceito de consumidor àqueles que sofrem a consequência de acidente de consumo. Houve vício de qualidade na prestação do serviço, por insegurança, conforme asseverado pelo acórdão recorrido. 4- Ademais, o Código Civil admite a responsabilidade sem culpa pelo exercício de atividade que, por sua natureza, representa risco para outrem, como exatamente no caso em apreço. (...)
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O Código Civil estabelece duas situações expressas de responsabilidade pelo fato da coisa. 
A primeira, prevista no art. 937, determina que o dono do edifício ou construção responde pelos danos oriundos de sua ruína.
A segunda situação, prevista no art. 938, estabelece que aquele que habitar prédio responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem.
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RESPONSABILIDADE CIVIL PELA RUÍNA DA COISA OU CONSTRUÇÃO
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
“o proprietário é sempre o responsável pela reparação do dano causado a terceiro pela ruína do edifício ou construção de seu domínio, sendo indiferente saber se a culpa pelo ocorrido é do seu antecessor na propriedade, do construtor do prédio ou do inquilino que o habitava. Ele é o réu da ação de ressarcimento.” SÍLVIO RODRIGUES
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A ruína do prédio pode causar dano para o proprietário do edifício, para seu ocupante (locatário, comodatário, posseiro) e, ainda para terceiros (vizinhos e transeuntes).
 -No caso do proprietário a indenização não poderá ser pleiteada com base no dispositivo em exame. A ação deverá ser proposta em face do construtor do prédio com fundamento no art. 618.
 "Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.“
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 Se estiver configurada uma relação de consumo – e quase sempre estará, porque o construtor é um prestador de serviço quando constrói – a indenização poderá ser pleiteada com base nos artigos 12 e 14 do CDC.
 Tratando-se de vizinhos, poderão pleitear a indenização com base no direito de vizinhança – artigos 1277 e 1299 CC/02.
 "Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.“
 "Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.”
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RESPONSABILIDADE DO DONO DO EDIFÍCIO
 - A jurisprudência tem interpretado a expressão “ruína” com bastante elasticidade, abrangendo revestimentos que se desprendem das paredes dos edifícios, telhas que caem do teto, vidros que se soltam das janelas etc. – o que importa dizer que a ruína pode ser total ou parcial.
 - De acordo
com o art. 937 CC/02, só proprietário é o responsável pelos danos resultantes da ruína do edifício. O máximo que a jurisprudência tem admitido, já que não acarreta prejuízo algum a vítima – antes, pelo contrário, maior garantia no recebimento da indenização -, é a condenação solidária do empreiteiro ou construtor, se ingressou no processo como, litisconsórcio. 
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CASO PALACE II
Responsabilidade do incorporador/construtor. Defeitos da obra. Solidariedade passiva entre o incorporador e o construtor. Incidência do Código do Consumidor. Desconsideração da personalidade jurídica. Incorporador, consoante definição legal, é não somente o que compromissa ou efetiva a venda de frações ideais de terrenos objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas, como também, e principalmente,o construtor e o proprietário do terreno destinado ao empreendimento. Essa vinculação legal entre todos os que participam da incorporação decorre do fato de ser a edificação o seu objeto final, de sorte que quando o incorporador celebra, posteriormente, contrato de empreitada com o construtor, esta', na realidade, se fazendo substituir por este. E quem se faz substituir e' responsável, solidariamente com o substituído, pelos danos que este vier a causar. Em face do conceito claro e objetivo constante do art. 3., par. 1. do Código do Consumidor, o incorporador e' um fornecedor de produtos, pois quando vende e constrói unidades imobiliárias assume uma obrigação de dar coisa certa, e isso e' a própria essência do conceito de produtos. E quando essa obrigação e' assumida com alguém que se coloca no ultimo elo do ciclo produtivo, alguém que adquire essa unidade para dela fazer a sua residência e da sua família, esta' fechada a relação de consumo, tornando-se impositiva a disciplina do CDC, cujas normas são de ordem publica. 
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RESPONSABILIDADE CIVIL PELA QUEDA OU LANÇAMENTO DE COISAS
Enuncia o Código Civil que aquele que habitar uma casa ou parte dela responde pelos danos provenientes das coisas que dela caírem ou forem lançadas (sólidas ou líquidas) em lugar indevido (art. 938). Trata-se de responsabilidade civil por defenestramento ou por effusis et dejectis. 
Coisas que não são parte do prédio, que não integram a construção, como vasos de plantas derrubados pelo vento e outros objetos. Exemplo: O letreiro luminoso instalado na fachada de um banco caiu sobre uma pessoa que passava na calçada, ferindo-a gravemente.
 
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Responsabilidade do habitante
É relevante destacar que o art. 938 fala em morador do prédio, aquele que habita, como o responsável pelo dano decorrente de coisa dele caída ou lançada em lugar indevido.
 - O artigo não falou em dono e nem em detentor. Por quê? Por causa da teoria da guarda. Aquele que habita o prédio é o guardião das coisas que guarnecem, e cabe ao guardião o dever de segurança por todas essas coisas.
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A responsabilidade pelo effusum et deiectum é de caráter objetivo de acordo com o Código Civil. Dessa forma, o habitante responde independentemente de culpa pelo dano causado por queda ou arremesso de coisa em local indevido.
 Questão complexa acerca do dispositivo legal diz respeito a objeto lançado de condomínio edilício quando não for possível identificar o apartamento de onde a coisa caiu. Para Caio Mário Pereira da Silva é imprescindível determinar qual a unidade autônoma. A crítica a essa posição é que em inúmeros casos (ou quase todos) será impossível para a vítima produzir essa prova.
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Por outro lado, para José de Aguiar Dias, a solução é a responsabilidade solidária de todos os moradores. 
Admite, porém, a exclusão dos moradores da ala oposta àquela em que o fato ocorreu. Essa é a posição que a jurisprudência vem adotando, fundada na ideia de causalidade alternativa.
 
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RESPONSABILIDADE CIVIL. OBJETOS LANÇADOS DA JANELA DE EDIFÍCIOS.A REPARAÇÃO DOS DANOS É RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO. A impossibilidade de identificação do exato ponto de onde parte aconduta lesiva, impõe ao condomínio arcar com a responsabilidadereparatória por danos causados à terceiros. Inteligência do art. 1.529, do Código Civil Brasileiro. Recurso não conhecido. (STJ - REsp: 64682 RJ 1995/0020731-1, Relator: Ministro BUENO DE SOUZA, Data de Julgamento: 10/11/1998, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 29/03/1999 p. 180)
RECURSO ESPECIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL - DIREITO DE VIZINHANÇA - LEGITIMIDADE PASSIVA - CONDOMÍNIO - PRESCRIÇAO - JULGAMENTO ALÉM DO PEDIDO - MULTA COMINATÓRIA - FIXAÇAO EM SALÁRIOS MÍNIMOS - SENTENÇA - CONDIÇAO. 1. Na impossibilidade de identificar o causador, o condomínio responde pelos danos resultantes de objetos lançados sobre prédio vizinho . (REsp 246830/SP - Relator: Ministro Humberto Gomes de Barros - Órgão Julgador: Terceira Turma - Data do Julgamento: 22/02/2005)
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Dúvidas surgem quanto à responsabilização dos condôminos que estão do lado oposto de onde caiu a coisa. 
Flavio Tartuce e Silvio de Salvo Venosa entendem que todo o condomínio deve ser responsabilizado, não interessando de onde exatamente caiu o objeto. 
Para justificar este posicionamento, os doutrinadores falam em PULVERIZAÇÃO DOS DANOS NA SOCIEDADE, ensinando que “assim, quando o dano é praticado por um membro não identificado de um grupo, todos os seus integrantes devem ser chamados para a reparação”

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