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RESPONSABILIDADE+CIVIL+SUBJETIVA+E+OBJETIVA

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10/03/2015
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RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE CIVIL 
SUBJETIVASUBJETIVASUBJETIVASUBJETIVA
Prof. Wesley MonteiroProf. Wesley MonteiroProf. Wesley MonteiroProf. Wesley Monteiro
A CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVIL
�A culpa não é definida e nem
conceituada na legislação pátria. A
regra geral do Código Civil Brasileiro
para caracterizar o ato ilícito, contida
no artigo 186, estabelece que este
somente se materializará se o
comportamento for culposo. Neste
artigo está presente a culpaculpaculpaculpa latolatolatolato sensusensusensusensu,
que abrande tanto a dolo quanto a
culpa em sentido estrito.
A CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVIL
�Por dolodolodolodolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o
agente atua conscientemente de forma que deseja que ocorra o
resultado antijurídico ou assume o risco de produzi-lo.
�Já na culpaculpaculpaculpa strictostrictostrictostricto sensusensusensusensu não existe a intenção de lesar. A conduta é
voluntária, já o resultado alcançado não. O agente não deseja o
resultado, mas acaba por atingi-lo ao agir sem o dever de cuidado. A
inobservância do dever de cuidado revela-se pela imprudência,
negligência ou imperícia.
A CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVIL
A exigência da culpa como pressuposto da
responsabilidade civil representou, inegavelmente, um
grande avanço na história da civilização, na medida
em que se abandonou o objetivismo típico das
sociedades antigas, onde a resposta ao mal causado
era difusa, passando-se a se exigir um elemento
subjetivo que pudesse viabilizar a imputação
psicológica do dano ao seu agente.
A despeito da falta de consenso, muitos
doutrinadores apontam que foi por meio da LexLexLexLex
AquiliaAquiliaAquiliaAquilia que o conceito de culpa incorporou-se
definitivamente à responsabilidade extracontratual (ou
aquiliana) do Direito Romano.
A CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVILA CULPA NA RESPONSABILIDADE CIVIL
�Foi, então, com base na interpretação e aplicação cada vez mais
extensiva da LexLexLexLex AquiliaAquiliaAquiliaAquilia pelos jurisconsultos que o CódigoCódigoCódigoCódigo NapoleônicoNapoleônicoNapoleônicoNapoleônico
adotou uma teoria geral de responsabilidade civil fundada na culpa.
Essa teoria foi posteriormente adotada por quase todos os
ordenamentos jurídicos. No Brasil não foi diferente.
�Na vigência do CódigoCódigoCódigoCódigo CivilCivilCivilCivil dededede 1916191619161916, estabeleceu-se como regra a
responsabilidade civil subjetiva. Ou seja, só era possível imputar
responsabilidade a alguém caso o ato tivesse sido cometido
culposamente. AAAA responsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidade objetiva,objetiva,objetiva,objetiva, portanto,portanto,portanto,portanto, eraeraeraera exceçãoexceçãoexceçãoexceção só
admitida quando prevista em lei.
O QUE É CULPAO QUE É CULPAO QUE É CULPAO QUE É CULPA
Segundo STOLZESTOLZESTOLZESTOLZE,
A culpa (em sentido amplo) deriva da inobservância de um
deverdeverdeverdever dededede condutacondutacondutaconduta, previamente imposto pela ordem jurídica, em
atenção à paz social. Se esta violação é propositalpropositalpropositalproposital, atuou o
agente com dolodolodolodolo; se decorreu de negligência,negligência,negligência,negligência, imprudênciaimprudênciaimprudênciaimprudência ouououou
imperíciaimperíciaimperíciaimperícia, a sua atuação é apenas culposa,culposa,culposa,culposa, emememem sentidosentidosentidosentido estritoestritoestritoestrito.
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�a)a)a)a) negligêncianegligêncianegligêncianegligência ———— é a falta de observância do dever de cuidado, por omissão. Tal
ocorre, por exemplo, quando o motorista causa grave acidente por não haver
consertado a sua lanterna traseira, por desídia;
�b)b)b)b) imprudênciaimprudênciaimprudênciaimprudência ———— esta se caracteriza quando o agente culpado resolve enfrentar
desnecessariamente o perigo. O sujeito, pois, atua contra as regras básicas de
cautela. Caso do indivíduo que manda o seu filho menor alimentar um cão de guarda,
expondo-o ao perigo;
�c)c)c)c) imperíciaimperíciaimperíciaimperícia ———— esta forma de exteriorização da culpa decorre da falta de aptidão ou
habilidade específica para a realização de uma atividade técnica ou científica. É o
que acontece quando há o erro médico em uma cirurgia em que não se empregou
corretamente a técnica de incisão ou quando o advogado deixa de interpor recurso
que possibilitaria, segundo jurisprudência dominante, acolhimento da pretensão do
seu cliente.
ART. 186 DO CÓDIGO CIVIL ELEMENTOS DA CULPAELEMENTOS DA CULPAELEMENTOS DA CULPAELEMENTOS DA CULPA
�voluntariedadevoluntariedadevoluntariedadevoluntariedade dodododo comportamentocomportamentocomportamentocomportamento dodododo agenteagenteagenteagente ---- a atuação do sujeito
causador do dano deve ser voluntária, para que se possa reconhecer a
culpabilidade;
�PrevisibilidadePrevisibilidadePrevisibilidadePrevisibilidade ---- só se pode apontar a culpa se o prejuízo causado, vedado
pelo direito, era previsível. Escapando-se do campo da previsibilidade,
ingressamos na seara do fortuito que, inclusive, pode interferir no nexo de
causalidade, eximindo o agente da obrigação de indenizar;
�violaçãoviolaçãoviolaçãoviolação dededede umumumum deverdeverdeverdever dededede cuidadocuidadocuidadocuidado ---- a culpa implica a violação de um dever
de cuidado. Se esta inobservância é intencional, como visto, temos o dolo.
CLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO DADADADA CULPACULPACULPACULPA
�GRAVEGRAVEGRAVEGRAVE – intenção dolosa ou negligência imprópria da pessoa comum (“culpa
lata dolo aequiparatur”).
�LEVELEVELEVELEVE – falta evitável com atenção ordinária. É a falta de diligência média
que um homem normal observa em sua conduta;
LEVÍSSIMALEVÍSSIMALEVÍSSIMALEVÍSSIMA – falta evitável com atenção extraordinária. Trata-se da falta
cometida por força de uma conduta que escaparia ao padrão médio, mas que
um diligentíssimo pater familias, especialmente cuidadoso e atento, guardaria.
CLASSIFICAÇÃO PELA GRAVIDADE DA CULPACLASSIFICAÇÃO PELA GRAVIDADE DA CULPACLASSIFICAÇÃO PELA GRAVIDADE DA CULPACLASSIFICAÇÃO PELA GRAVIDADE DA CULPA
Não obstante os diferentes graus, aquele que age com culpa (mesmo que levíssima)
está obrigado a reparar (in lege Aquilia et levissima culpa venit).
Nesse sentido, SÍLVIOSÍLVIOSÍLVIOSÍLVIO RODRIGUESRODRIGUESRODRIGUESRODRIGUES:
“Tal distinção se apresenta irrelevante
em matéria de responsabilidade
extracontratual, onde a necessidade de
reparar advém de culpa do agente (de
qualquer grau), mas onde o elemento
predominante é o alcance do prejuízo
experimentado pela vítima”
�CULPACULPACULPACULPA ININININ CONCRETOCONCRETOCONCRETOCONCRETO
Seria examinada no caso sob julgamento, considerando
as circunstâncias fáticas apresentadas;
�CULPACULPACULPACULPA ININININ ABSTRACTOABSTRACTOABSTRACTOABSTRACTO
Aquela que contempla o homem médio, segundo a
noção de bonus pater familias dos romanos.
RELATIVAMENTE AOS MODOS DE SUA APRECIAÇÃO
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A culpa pode ser contratual e extracontratual ou aquiliana.
CONTRATUALCONTRATUALCONTRATUALCONTRATUAL - o dever se funda num contrato, consoante o
CC, como p. ex. : se o locatário que deve servir-se da coisa
alugada para os usos convencionados não cumprir com tal
obrigação;
EXTRACONTRATUALEXTRACONTRATUALEXTRACONTRATUALEXTRACONTRATUAL OUOUOUOU AQUILIANAAQUILIANAAQUILIANAAQUILIANA - quando o dever for
originário de violação de preceito geral de direito, oqual
manda respeitar a pessoa e os bens alheios, como p. ex.: o
proprietário de um automóvel que, imprudentemente, o
empresta a um sobrinho menor, sem carteira de habilitação,
que ocasiona um acidente.
EM FUNÇÃO DA NATUREZA DO DEVER VIOLADO
�a culpa inininin committendocommittendocommittendocommittendo ouououou inininin faciendofaciendofaciendofaciendo quando o agente
pratica um ato positivo, isto é, com imprudência.
� Mas se ele cometer uma abstenção, ou seja, for negligente, a
culpa será inininin omittendoomittendoomittendoomittendo , como p. ex.: um professor de
natação que, por estar distraído, não socorre o aluno,
deixando-o morrer afogado.
�Contudo, a omissão só poderá ser considerada causa jurídica
do dano se houver existência do dever de praticar o ato não
cumprido e certeza ou grande probabilidade do fato omitido
ter impedido a produção do evento danoso.
QUANTO AO CONTEÚDO DA CONDUTA CULPOSA
�Já a culpaculpaculpaculpa inininin eligendoeligendoeligendoeligendo advém da má
escolha daquele em quem se confia a
prática de um ato ou o adimplemento da
obrigação, como p. ex.: admitir ou manter
a seu serviço empregado não habilitado
legalmente ou sem aptidões requeridas.
�Esta modalidade estava prevista no art.
1521, inc. III do CC de 1916 e na Súmula
341 do STF.
QUANTO AO CONTEÚDO DA CONDUTA CULPOSA
Responsabilidade civil. Cirurgia. Queimadura causada na paciente por bisturi elétrico.
Médico-chefe. CulpaCulpaCulpaCulpa ‘‘‘‘inininin eligendo’eligendo’eligendo’eligendo’ eeee ‘in‘in‘in‘in vigilando’vigilando’vigilando’vigilando’.... Relação de preposição. Dependendo
das circunstâncias de cada caso concreto, oooo médicomédicomédicomédico----chefechefechefechefe podepodepodepode virvirvirvir aaaa responderresponderresponderresponder porporporpor
fatofatofatofato danosodanosodanosodanoso causadocausadocausadocausado aoaoaoao pacientepacientepacientepaciente pelopelopelopelo terceiroterceiroterceiroterceiro quequequeque estejaestejaestejaesteja diretamentediretamentediretamentediretamente sobsobsobsob suassuassuassuas
ordensordensordensordens.... HipóteseHipóteseHipóteseHipótese emememem quequequeque oooo cirurgiãocirurgiãocirurgiãocirurgião----chefechefechefechefe nãonãonãonão somentesomentesomentesomente escolheuescolheuescolheuescolheu oooo auxiliar,auxiliar,auxiliar,auxiliar, aaaa quemquemquemquem
sesesese imputaimputaimputaimputa oooo atoatoatoato dededede acionaracionaracionaracionar oooo pedalpedalpedalpedal dodododo bisturi,bisturi,bisturi,bisturi, comocomocomocomo aindaaindaaindaainda deixoudeixoudeixoudeixou dededede vigiarvigiarvigiarvigiar oooo
procedimentoprocedimentoprocedimentoprocedimento cabívelcabívelcabívelcabível emememem relaçãorelaçãorelaçãorelação àqueleàqueleàqueleàquele equipamentoequipamentoequipamentoequipamento. Para o reconhecimento do
vínculo de preposição, não é preciso que exista um contrato típico de trabalho; é
suficiente a relação de dependência ou que alguém preste serviços sob o comando
de outrem. Recurso especial não conhecido” (Resp 200831/RJ, Rel. Min. Barros
Monteiro, DJ, 20-8-2001).
�A culpaculpaculpaculpa inininin vigilandovigilandovigilandovigilando é aquela que decorre da falta de
atenção com o procedimento de outrem, cujo ato ilícito o
responsável deve pagar, como p. ex.: a ausência de
fiscalização do patrão, quer relativamente aos seus
empregados, quer à coisa.
�É a hipótese de empresa de transportes que permite a
saída de ônibus sem freios, o qual origina acidentes.
QUANTO AO CONTEÚDO DA CONDUTA CULPOSA
“Ementa: Responsabilidade civil — Fuga e desaparecimento do
paciente de clínica psiquiátrica — Culpa dos responsáveis pelo
estabelecimento — Dano moral — Indenização devida. IncideIncideIncideIncide emememem
culpaculpaculpaculpa inininin vigilandovigilandovigilandovigilando prepostosprepostosprepostosprepostos dededede estabelecimentoestabelecimentoestabelecimentoestabelecimento manicomialmanicomialmanicomialmanicomial quequequeque
permitempermitempermitempermitem aaaa fugafugafugafuga dededede interno,interno,interno,interno, anteanteanteante aaaa facilidadefacilidadefacilidadefacilidade decorrentedecorrentedecorrentedecorrente dadadada ausênciaausênciaausênciaausência
dededede obstáculosobstáculosobstáculosobstáculos físicosfísicosfísicosfísicos eeee númeronúmeronúmeronúmero insuficienteinsuficienteinsuficienteinsuficiente dededede vigilantesvigilantesvigilantesvigilantes. Cabível é a
indenização por dano moral aos familiares da vítima, alienada mental,
que foge e desaparece. Recurso adesivo dos autores conhecido e
desprovido, e provimento parcial do recurso da ré. Decisão: Negar
provimento ao recurso adesivo dos autores e dar parcial provimento
ao recurso da ré. Unânime”
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�E, por fim, a culpaculpaculpaculpa inininin custodiendocustodiendocustodiendocustodiendo é aquela que advém da
falta de cautela ou atenção em relação a uma pessoa,
animal ou objeto, sob os cuidados do agente.
QUANTO AO CONTEÚDO DA CONDUTA CULPOSA
“Ementa: Responsabilidade civil. Disparo de arma de fogo por menor,
que atinge a região frontal da cabeça da vítima, causando-lhe a
cegueira irreversível. ObrigaçãoObrigaçãoObrigaçãoObrigação dededede indenizarindenizarindenizarindenizar aaaa cargocargocargocargo dasdasdasdas pessoaspessoaspessoaspessoas sobsobsobsob
aaaa qualqualqualqual estavaestavaestavaestava aaaa guardaguardaguardaguarda dadadada menor,menor,menor,menor, autoraautoraautoraautora dodododo disparo,disparo,disparo,disparo, porporporpor incidiremincidiremincidiremincidirem emememem
culpaculpaculpaculpa ‘in‘in‘in‘in vigilandovigilandovigilandovigilando’,’,’,’, ‘in‘in‘in‘in custodiendocustodiendocustodiendocustodiendo’’’’ relativamenterelativamenterelativamenterelativamente àààà arma,arma,arma,arma, quequequeque
permaneciapermaneciapermaneciapermanecia àààà mostramostramostramostra emememem umumumum cômodocômodocômodocômodo dadadada casacasacasacasa dededede propriedadepropriedadepropriedadepropriedade dosdosdosdos réus,réus,réus,réus,
respectivamenterespectivamenterespectivamenterespectivamente mãemãemãemãe eeee tiotiotiotio dadadada causadoracausadoracausadoracausadora dodododo eventoeventoeventoevento danosodanosodanosodanoso. Fixação
dos lucros cessantes em valor compatível com as perspectivas dos
rendimentos que auferiria a vítima, em vista da idade e do grau de
instrução que atingiu quando do evento. Recurso provido em parte”
(Ap. Cível n. 590013702, 2.ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, Rel. Des. Arnaldo Rizzardo, j. 20-6-1990).
Importante notar, finalmente, a existência ainda da
denominada culpaculpaculpaculpa inininin contrahendocontrahendocontrahendocontrahendo, aquela em que incorre o
agente na fase anterior à elaboração de um contrato (fase
de puntuação ou de negociações preliminares).
Trata-se, pois, de uma modalidade de culpa derivada de um
comportamento danoso da parte que, negando-se a celebrar
o contrato esperado, prejudica o legítimo interesse da outra,
em detrimento da regra ética de BOABOABOABOA----FÉFÉFÉFÉ OBJETIVAOBJETIVAOBJETIVAOBJETIVA....
QUANTO AO CONTEÚDO DA CONDUTA CULPOSA
RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE 
CIVIL CIVIL CIVIL CIVIL 
OBJETIVAOBJETIVAOBJETIVAOBJETIVA
DA CULPA AO RISCODA CULPA AO RISCODA CULPA AO RISCODA CULPA AO RISCO
Por influência do DireitoDireitoDireitoDireito francêsfrancêsfrancêsfrancês, o Código Civil de Beviláqua calcou a
responsabilidade civil na ideia de culpa, consoante se depreende da simples
leitura do seu art. 159: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica
obrigado a reparar o dano”.
AsAsAsAs hipóteseshipóteseshipóteseshipóteses dededede responsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidade objetiva,objetiva,objetiva,objetiva, porporporpor suasuasuasua vez,vez,vez,vez, ficariamficariamficariamficariam relegadasrelegadasrelegadasrelegadasaaaa
isoladosisoladosisoladosisolados pontospontospontospontos dadadada leileileilei codificadacodificadacodificadacodificada, a exemplo da regra prevista em seu art.
1.529, que impunha a obrigação de indenizar, sem indagação de culpa, àquele
que habitar uma casa ou parte dela, pelas coisas que dela caírem ou forem
lançadas em lugar indevido.
“Os proveitos e vantagens do mundo tecnológico são postos num dos
pratos da balança. No outro, a necessidade de o vitimado em
benefício de todos poder responsabilizar alguém, em que pese o
coletivo da culpa. O desafio é como equilibrá-los. Nessas
circunstâncias, fala-se em responsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidade objetivaobjetivaobjetivaobjetiva e elabora-se a
teoriateoriateoriateoria dodododo riscoriscoriscorisco, dando-se ênfase à mera relação de causalidade,
abstraindo-se, inclusive, tanto da ilicitude do ato quanto da existência
de culpa.”
CALMON DE PASSOSCALMON DE PASSOSCALMON DE PASSOSCALMON DE PASSOS
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SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA COMO SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA COMO SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA COMO SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA COMO 
SOCIEDADE DE RISCOSOCIEDADE DE RISCOSOCIEDADE DE RISCOSOCIEDADE DE RISCO
�TECNOLOGIATECNOLOGIATECNOLOGIATECNOLOGIA é a maior
característica da sociedade
contemporânea ocidental.
�A tecnologia está presente em
todos os setores da vida social.
�É uma exigência cada vez maior
em todos os setores da vida social.
�TecnologiaTecnologiaTecnologiaTecnologia aumentaaumentaaumentaaumenta asasasas
possibilidadespossibilidadespossibilidadespossibilidades dededede riscoriscoriscorisco....
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TENDÊNCIA TENDÊNCIA TENDÊNCIA TENDÊNCIA OBJETIVISTA OBJETIVISTA OBJETIVISTA OBJETIVISTA 
GUSTAVO TEPEDINO
“Com efeito, os princípios de SOLIDARIEDADE SOCIAL e da JUSTIÇA
DISTRIBUTIVA, capitulados no art. 3.º, incisos I e III, da Constituição, segundo os
quais se constituem em objetivos fundamentais da República a construção de
uma sociedade livre, justa e solidária, bem como a erradicação da pobreza e da
marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais, não podem
deixar de moldar os novos contornos da responsabilidade civil. Do ponto de vista
legislativo e interpretativo, retiram da esfera meramente individual e subjetiva o
dever de REPARTIÇÃO DOS RISCOS DA ATIVIDADE ECONÔMICA E DA
AUTONOMIA PRIVADA, cada vez mais exacerbados na era da tecnologia.
Impõem, como linha de tendência, o caminho da intensificação dos critérios
objetivos de reparação e do desenvolvimento de novos mecanismos de seguro
social”
TENDÊNCIA TENDÊNCIA TENDÊNCIA TENDÊNCIA OBJETIVISTA OBJETIVISTA OBJETIVISTA OBJETIVISTA 
Leis especiais consagraram a nova teoria, admitindo a
responsabilização do agente causador do dano, independentemente da
prova de dolo ou culpa:
•Decreto n. 2.681, de 1912 (responsabilidade das estradas
de ferro por danos causados aos proprietários
marginais);
•A legislação de acidente do trabalho (Lei n. 5.316/67, o
Decreto n. 61.784/67, Lei n. 8.213/91);
•Leis n. 6.194/74 e 8.441/92 (seguro obrigatório de
acidentes de veículos — DPVAT);
•Lei n. 6.938/81 (referente a danos causados no meio
ambiente);
•Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90).
DIREITO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEODIREITO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEODIREITO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEODIREITO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
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�Fundamentado em princípios constitucionais.
�Princípio da dignidadedignidadedignidadedignidade dadadada pessoapessoapessoapessoa humanahumanahumanahumana é o
principal.
�Aproximação do Direito Público e do Direito Privado.
�Atuação ampliada dos juízes na interpretação e
aplicação da lei.
RC OBJETIVA NO CC/2002RC OBJETIVA NO CC/2002RC OBJETIVA NO CC/2002RC OBJETIVA NO CC/2002
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ArtArtArtArt.... 927927927927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
ParágrafoParágrafoParágrafoParágrafo únicoúnicoúnicoúnico.... Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casoscasoscasoscasos especificadosespecificadosespecificadosespecificados emememem leileileilei, ou
quandoquandoquandoquando aaaa atividadeatividadeatividadeatividade normalmentenormalmentenormalmentenormalmente desenvolvidadesenvolvidadesenvolvidadesenvolvida pelopelopelopelo autorautorautorautor dodododo danodanodanodano
implicar,implicar,implicar,implicar, porporporpor suasuasuasua natureza,natureza,natureza,natureza, riscoriscoriscorisco paraparaparapara osososos direitosdireitosdireitosdireitos dededede outremoutremoutremoutrem.
QualQualQualQual seria,seria,seria,seria, pois,pois,pois,pois, oooo âmbitoâmbitoâmbitoâmbito dededede incidênciaincidênciaincidênciaincidência dessadessadessadessa norma?norma?norma?norma?
QuemQuemQuemQuem estariaestariaestariaestaria aíaíaíaí compreendido?compreendido?compreendido?compreendido?
Teoria do RiscoTeoria do RiscoTeoria do RiscoTeoria do Risco
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CARLOSCARLOSCARLOSCARLOS GONÇALVESGONÇALVESGONÇALVESGONÇALVES pontifica:
“... a admissão da responsabilidade sem culpa pelo
exercício de atividade que, por sua natureza, representa
risco para os direitos de outrem, da forma genérica
como está no texto, possibilitará ao Judiciário uma
ampliação dos casos de dano indenizável.”
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Teoria do RiscoTeoria do RiscoTeoria do RiscoTeoria do Risco
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Por essa teoria, compreende-se que
se alguém exerce uma atividade
criadora de perigos especiais, deve
responder pelos danos que
ocasione a terceiros. A
responsabilidade, portanto, surge
em virtude da potencialidade de
danos da atividade exercida.
Teoria do RiscoTeoria do RiscoTeoria do RiscoTeoria do Risco
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(I) Risco-proveito: responsável é aquele que tira proveito da atividade danoso,
com base no princípio de quem aufere o bônus, deve suportar o ônus.
(II) Risco profissional: o dever de indenizar tem lugar sempre que o fato
prejudicial é uma decorrência da atividade ou profissão do lesado. Foi
desenvolvida especificamente para justificar a reparação dos acidentes de
trabalho.
(III) Risco excepcional: a reparação é devida sempre que o dano é
consequência de um risco excepcional, que escapa à atividade comum da
vítima, ainda que estranho ao trabalho que normalmente exerça.
(IV) Risco criado: aquele que, em razão de sua atividade ou profissão, cria um
perigo, está sujeito à reparação do dano que causar, salvo prova de haver
adotado todas as medidas idôneas a evitá-lo.
Risco Risco Risco Risco ––––proveitoproveitoproveitoproveito
33
“A“A“A“A teoriateoriateoriateoria dodododo riscoriscoriscorisco nãonãonãonão sesesese justificajustificajustificajustifica desdedesdedesdedesde quequequeque nãonãonãonão hajahajahajahaja proveitoproveitoproveitoproveito
paraparaparapara oooo agenteagenteagenteagente causadorcausadorcausadorcausador dodododo dano,dano,dano,dano, porquanto,porquanto,porquanto,porquanto, sesesese oooo proveitoproveitoproveitoproveito éééé aaaa
razãorazãorazãorazão dededede serserserser aaaa justificativajustificativajustificativajustificativa dededede arcararcararcararcar oooo agenteagenteagenteagente comcomcomcom osososos riscos,riscos,riscos,riscos, nananana
suasuasuasua ausênciaausênciaausênciaausência deixadeixadeixadeixa dededede terterterter fundamentofundamentofundamentofundamento aaaa teoriateoriateoriateoria....”””” ((((ALVINOALVINOALVINOALVINO
LIMA)LIMA)LIMA)LIMA)
Risco Risco Risco Risco ––––proveito?proveito?proveito?proveito?
34
AndersonAndersonAndersonAnderson SchreiberSchreiberSchreiberSchreiber:
Diante do exposto, a conclusão mais razoável parece ser a de que aaaa cláusulacláusulacláusulacláusula
geralgeralgeralgeral dededede responsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidaderesponsabilidade objetivaobjetivaobjetivaobjetiva dirigedirigedirigedirige----sesesese simplesmentesimplesmentesimplesmentesimplesmente àsàsàsàs atividadesatividadesatividadesatividades
perigosas,perigosas,perigosas,perigosas, ouououou seja,seja,seja,seja,àsàsàsàs atividadesatividadesatividadesatividades quequequeque apresentamapresentamapresentamapresentam graugraugraugrau dededede riscoriscoriscorisco elevadoelevadoelevadoelevado seja
porque se centram sobre bens intrinsecamente danosos (como material
radioativo, explosivo, armas de fogo etc), seja porque empregam métodos de
alto potencial lesivo (como o controle de recursos hídricos, manipulação de
energia nuclear etc.). Irrelevante, para a incidência do dispositivo, que a
atividade de risco se organize ou não sob forma empresarial ou que se tenha
revertido em proveito de qualquer espécie para o responsável.
35
(...) Cinge-se a controvérsia a verificar se, nas hipóteses de locação de cofre bancário, há
responsabilidade da instituição financeira pelos bens alegadamente depositados (dinheiro e joias),
mesmo na hipótese de roubo.
(...) Ocorre que, conforme a jurisprudência desta Corte Superior, no caso de assalto de cofres
bancários, o banco tem responsabilidade objetiva, decorrente do risco empresarial, devendo
indenizar o valor correspondente aos bens reclamados.
Isso porque, embora não se trate propriamente de um contrato de depósito, tendo em vista que o
Banco não tem conhecimento sobre o conteúdo do cofre locado, o negócio jurídico entabulado
entre as partes, nesses casos, também não se trata de um mero contrato de locação, tendo a
instituição financeira o dever de zelar pelo que está no interior do cofre.
Com efeito, aquele que celebra um contrato com um Banco visando à utilização de seus cofres de
segurança, para custódia de determinados bens, tem a legítima expectativa de que referidos bens,
em regra de grande valor pecuniário ou sentimental, estarão em maior segurança do que se
estivessem em seu próprio poder.
É ínsita a esse tipo de contrato, portanto, a obrigação do Banco, que cobra por esse serviço de
locação de cofres, proporcionar segurança e incolumidade do conteúdo do cofre. Trata-se do risco
da atividade empresarial
(BRASIL(BRASIL(BRASIL(BRASIL.... SuperiorSuperiorSuperiorSuperior TribunalTribunalTribunalTribunal dededede JustiçaJustiçaJustiçaJustiça.... 3333ªªªª TurmaTurmaTurmaTurma.... RecursoRecursoRecursoRecurso especialespecialespecialespecial nnnn.... 1286180128618012861801286180/BA/BA/BA/BA.... RelRelRelRel.... MinMinMinMin.... NancyNancyNancyNancy
AndrighiAndrighiAndrighiAndrighi,,,, julgjulgjulgjulg.... 03030303 novnovnovnov.... 2011201120112011)))) 36
(...) Cinge-se a controvérsia a verificar se há responsabilidade objetiva da concessionária
de energia elétrica pelo acidente fatal ocorrido com o marido e pai dos autores.
(...) Ou seja, é fato que, após a reforma realizada no imóvel pelos recorridos MARLY
SOARES DE ANDRADE HIDALGO E OUTROS, a rede elétrica deixou de respeitar a distância
mínima do imóvel exigida pela legislação.
Contudo, o Tribunal de origem entendeu que a ELETROPAULO não pode ser
responsabilizada pelo acidente se não foi avisada sobre a reforma no imóvel, fato que
excluiria sua culpa pelo ocorrido. Entretanto, mesmo antes da entrada em vigor do Código
Civil de 2002, já se reconhecia a responsabilidade objetiva da empresa concessionária de
energia elétrica, em virtude do risco da atividade, com fundamento no art. 37, §6º, da
CF/88.
(...) O risco da atividade de fornecimento de energia elétrica é altíssimo sendo necessária
a manutenção e fiscalização rotineira das instalações, exatamente para que os acidentes,
como aquele que vitimou o marido e pai dos recorrentes, sejam evitados
(BRASIL(BRASIL(BRASIL(BRASIL.... SuperiorSuperiorSuperiorSuperior TribunalTribunalTribunalTribunal dededede JustiçaJustiçaJustiçaJustiça.... RecursoRecursoRecursoRecurso especialespecialespecialespecial nnnn.... REspREspREspREsp 1095575109557510955751095575/SP/SP/SP/SP.... RelRelRelRel.... MinMinMinMin....
NancyNancyNancyNancy AndrighiAndrighiAndrighiAndrighi,,,, julgjulgjulgjulg.... 03030303 novnovnovnov.... 2011201120112011))))
10/03/2015
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De acordo com a GOOGLE, tendo o próprio TJ/MG reconhecido que o site não teve participação na criação do perfil
onde foram veiculadas as mensagens ofensivas, era incabível a sua condenação, vez que “as normas constantes nos
arts. 186 e 927 do CC impõem o dever de indenizar ao causador do ato ilícito” (fl. 345, e-STJ). O TJ/MG, por sua
vez, fundamenta o dever de indenizar da GOOGLE na falha do serviço prestado pelo site, “advinda da inexistência de
mecanismo de controle efetivo e eficaz do conteúdo das mensagens postadas pelos usuários” (fl. 320, e-STJ).
(...) Tampouco se pode falar em risco da atividade como meio transverso para a responsabilização do provedor por
danos decorrentes do conteúdo de mensagens inseridas em seu site por usuários. Há de se ter cautela na
interpretação do art. 927, parágrafo único, do CC/02.
No julgamento do REsp 1.067.738/GO, 3ª Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, minha relatoria p/ acórdão, DJe de
25.06.2009, tive a oportunidade de
enfrentar o tema, tendo me manifestado no sentido de que “a natureza da atividade é que irá determinar sua maior
propensão à ocorrência de acidentes. O risco que dá margem à responsabilidade objetiva não é aquele habitual,
inerente a qualquer atividade. Exige-se a exposição a um risco excepcional, próprio de atividades com elevado
potencial ofensivo”. Transpondo a regra para o universo virtual, não se pode considerar o dano moral um risco
inerente à atividade dos provedores de conteúdo. A esse respeito Erica Brandini Barbagalo anota que as atividades
desenvolvidas pelos provedores de serviços na internet não são “de risco por sua própria natureza, não implicam
riscos para direitos de terceiros maior que os riscos de qualquer atividade comercial” (Aspectos da responsabilidade
civil dos provedores de serviços da internet. In Ronaldo Lemos e Ivo Waisberg, Conflitos sobre nomes de domínio.
São Paulo: RT, 2003, p. 361).
Ademais, o controle editorial prévio do conteúdo das informações se equipara à quebra do sigilo da correspondência
e das comunicações, vedada pelo art. 5º, XII, da CF/88.
(BRASIL(BRASIL(BRASIL(BRASIL.... SuperiorSuperiorSuperiorSuperior TribunalTribunalTribunalTribunal dededede JustiçaJustiçaJustiçaJustiça.... 3333ªªªª TurmaTurmaTurmaTurma.... RecursoRecursoRecursoRecurso especialespecialespecialespecial REspREspREspREsp 1186616118661611866161186616/MG/MG/MG/MG.... RelRelRelRel.... MinMinMinMin.... NancyNancyNancyNancy AndrighiAndrighiAndrighiAndrighi,,,, julgjulgjulgjulg....
23232323 agoagoagoago.... 2011201120112011))))....

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