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internacional matéria até 02.10.2017

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CURSO	DIREITODISCIPLINA	DIREITO INTERNACIONAL CÓDIGOJUR 8048
CARGA HORÁRIA	60H
PROFESSOR	
EMENTA	
A discussão sobre o Estado como titular de direitos e obrigações no cenário jurídico internacional; organizações internacionais; compromissos internacionais; litígios internacionais; aplicação da lei estrangeira; homologação de sentença estrangeira; processualística internacional; tribunal penal internacional; situação jurídica do estrangeiro em território brasileiro: vistos e medidas compulsórias; direito penal internacional e direito internacional penal.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA	
Reconhecer o Estado brasileiro como titular de direitos e obrigações na ordem jurídica internacional; aprender todo o processo de celebração de tratados internacionais e incorporação ao ordenamento jurídico brasileiro, conhecer a organização do Estado, das organizações jurídicas internacionais, as hipóteses de aplicação da lei brasileira e da lei estrangeira em casos concretos; compreender o procedimento de homologação de sentença estrangeira, a processualística internacional, o funcionamento do tribunal penal internacional; conhecer as formas de aquisição da nacionalidade, as variadas hipóteses situacionais de um estrangeiro em solo brasileiro (através da concessão de vistos) e as hipóteses de retirada do estrangeiro de solo brasileiro; identificar as hipóteses de aplicação da lei penal brasileira mesmo nos casos de crimes praticados em território estrangeiro. 
PROGRAMA DETALHADO
UNIDADE 1 - TEORIA GERAL DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Objetivos:
Compreender as relações jurídicas internacionais, o Estado como sujeito de obrigações no plano jurídico internacional, a celebração de tratados internacionais, as fontes do direito internacional público.
Conteúdo:
1.1 Sociedade internacional: características. Conceito de direito internacional público, terminologia, objeto, fundamento do DIP, o ordenamento jurídico internacional.
1.2 DIP e direito interno: dualismo x monismo; fontes do direito internacional: fontes formais e materiais, tratados, costume internacional, decisões judiciais: a jurisprudência internacional, doutrina, princípios gerais do direito (e do direito internacional público), analogia, equidade, decisões de organizações internacionais.
1.3 Os tratados internacionais como fonte do DIP: espécies de tratados, classificação, condições de validade, processo de elaboração, efeitos dos tratados, interpretação, adesão, alteração, reservas, extinção e suspensão, incorporação ao direito interno.
UNIDADE 2 - SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Objetivos:
Compreender a existência de sujeitos de direito internacional público, seu papel e sua importância no ordenamento jurídico internacional e na relação entre os Estados.
Conteúdo:
2.1 Personalidade internacional: as organizações internacionais, Santa Sé e Estado da Cidade do Vaticano, as organizações não governamentais, as empresas, grupos beligerantes e insurgentes, blocos regionais.
2.2 O Estado: conceito, elementos constitutivos: território, povo e governo, surgimento e extinção e sucessão dos Estados, direitos e deveres, imunidade à jurisdição internacional; órgão dos Estados nas relações internacionais. 
2.3 As organizações internacionais, a ONU e outras organizações: teoria geral, conceito e natureza jurídica, personalidade jurídica; ONU: histórico, objetivos e princípios, órgãos, organizações regionais - OEA.
UNIDADE 3 - NACIONALIDADE E CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO 
Objetivos:
Compreender as formas de aquisição da nacionalidade brasileira e, porventura, de outra nacionalidade estrangeira bem como as hipóteses de entrada de estrangeiro em solo brasileiro - vistos, e as formas de retirada desse do território. 
Conteúdo:
3.1Nacionalidade: conceito, princípios gerais, conflito de nacionalidade (polipatrida, apatrida), nacionalidade primária, nacionalidade secundária, aquisição da nacionalidade brasileira originária, naturalização no Brasil, mudança, perda e reaquisição, nacionalidade de pessoas jurídicas.
3.2 Entrada e permanência em Estado estrangeiro - discricionariedade na admissão do estrangeiro, títulos de ingresso - documentos de viagem, vistos.
3.3 Medidas de retirada do estrangeiro do solo brasileiro: deportação, expulsão, extradição - noções gerais, fundamentos.
UNIDADE 4 - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Objetivos:
Identificar as relações objeto do Direito Internacional Privado, a diferença entre direito penal internacional e direito internacional penal; Visualizar as hipóteses de jurisdição internacional através a homologação das sentenças estrangeiras, a cooperação jurídica internacional, assim como a existência, funcionamento e competência do Tribunal Penal Internacional.
Conteúdo:
4.1 Direito internacional privado: conceito, objeto, denominação e fontes; Direito penal internacional e direito internacional penal: conceito, diferenças; o Tribunal Penal Internacional: noções gerais, estrutura, competência; cooperação internacional em matéria penal, transferência de presos; auxílio direto.
4.2 Aplicação da lei no espaço: conflitos de lei no espaço e a norma de direito internacional privado: objetos de conexão, elementos de conexão; institutos de DIPR: ordem pública, qualificação e reenvio; Aplicação do direito estrangeiro em matéria de direito processual civil: competência internacional, litispendência internacional, cláusula de eleição do foro (fórum shopping). Cooperação jurídica internacional: cartas rogatórias, regime de provas, auxilio direto; Homologação de sentença estrangeira: noções gerais, competência, condições para homologação, procedimento. 
4.3 Nacionalidade: natureza, aquisição, perda, polipátrida, apátrida, nacionalidade originária e naturalização. Condição jurídica do estrangeiro.	
METODOLOGIA	
A metodologia utilizada visa a preparar os alunos para uma sociedade pluralista, em constante processo de transformação e proporcionar uma educação preocupada com o desenvolvimento humano. Para tal, as atividades propostas deverão favorecer a didática do aprender, a reflexão, a construção e reconstrução do conhecimento além de proporcionar a autonomia do estudante. Além das aulas expositivas dialogadas será proposta a exposição oral com participação direta dos alunos, discussões de textos, debates, seminário, estudo de casos, atividades de pesquisa, aulas teóricas expositivas e aulas práticas, com utilização de quadro, trabalhos em grupo e estudo dirigido. Aulas expositivas e análise de casos concretos. O estudo do Direito Internacional deve repousar sobre a análise da doutrina, do Direito Positivo e da jurisprudência brasileira no que respeita aos itens que compõem o programa. As aulas expositivas devem, na medida do possível, conviver com atividades práticas que viabilizem a compreensão da aplicação prática dos conhecimentos específicos da disciplina, como o estudo de casos concretos e a pesquisa em torno das decisões dos tribunais brasileiros.
ATIVIDADES DISCENTES
 Realizar leituras dirigidas de artigos, decisões e 'jurisprudência' cujo tema seja a aplicação do Direito Internacional na esfera nacional e internacional. Apresentação de atividades considerando a análise de casos concretos. 
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
O processo avaliativo do desempenho dos alunos será realizado através dos seguintes instrumentos: Avaliações escritas (A1 e A2), Seminário, fichamentos e trabalhos dirigidos. 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento e; CASELLA, Paulo Borba. Manual de direito internacional público. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Direito constitucional internacional. 15. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
AMORIM, Edgar Carlos de. Direito internacional privado. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado: parte geral. Rio de Janeiro:Renovar, 2003.
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado: teoria e prática.16. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MOREIRA, Thiago Oliveira. O Direito Internacional e as normas de Jus Cogens: uma questão filosófica FIDES: Revista de Filosofia do Direito, do Estado e da Sociedade, 2012, Vol.3(1), pp.24-42
CITTADINO, Gisele; Dutra, DEO Campos. Direito Internacional Privado: o diálogo como instrumento de efetivação dos Direitos Humanos. Sequência : Estudos Juridicos e Politicos, 2012, Vol.33(64), p.259
UNIDADE 1 - TEORIA GERAL DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Objetivos:
Compreender as relações jurídicas internacionais, o Estado como sujeito de obrigações no plano jurídico internacional, a celebração de tratados internacionais, as fontes do direito internacional público.
Conteúdo:
Sociedade internacional: características. 
Sociedade internacional
Para a Doutrina tradicional: envolvia apenas os Estados
Doutrina atual: Estados, organizações internacionais, organizações não governamentais (ONGs), empresas, indivíduos e outros.
O direito internacional público não tem o condão de solucionar todos os problemas encontrados nas relações internacionais.
Sociedade internacional x comunidade internacional 
Termos usados comumente como sinônimos, porém com significados diferenciados pela doutrina.
Comunidade internacional
Se fundamenta em vínculos espontâneos e de caráter subjetivo, envolvendo identidade e laços culturais, emocionais, históricos, sociais, religiosos e familiares comuns.
Ausência de dominação, cumplicidade e identificação entre seus membros, cuja convivência é naturalmente harmônica.
Conceito: 
Doutrina majoritária -> não existe uma comunidade internacional. Os laços que unem os Estados são os seus interesses, não laços espontâneos e subjetivos. Há muitas diferenças entre os povos dificultando uma identificação entre as pessoas no mundo.
Doutrina minoritária -> é possível defender a existência de uma comunidade internacional à luz de problemas globais que se referem a todos os seres humanos, como segurança alimentar, proteção do meio ambiente, direitos humanos e paz.
Sociedade internacional
Os integrantes decidem associar-se para atingir certos objetivos que compartilham.
Marcada, portanto, pela vontade, como elemento que promove a aproximação entre seus membros, e pela existência de fins que o grupo pretende alcançar.
Características da sociedade internacional
A - Universal
Abrange o mundo inteiro, ainda que o nível de integração de alguns de seus membros às suas dinâmicas não seja tão profundo.
Mesmo que um Estado adote política externa isolacionista deve, no mínimo, se relacionar com o Estado com o qual tem fronteira.
B - Heterogênea
Integram-na atores que podem apresentar diferenças entre si, de cunho econômico, cultural, etc. 
C - Interestatal - Característica não unânime.
1ª Corrente: Parte da doutrina defende que a sociedade internacional é interestatal, ou seja, que é composta meramente por Estados. 
2ª corrente: Outra parte afirma que este entendimento está superado desde que as organizações internacionais se firmaram como sujeitos de Direito Internacional e que não se sustenta diante da crescente participação direta de entes como empresas, ONGs e indivíduos nas relações internacionais.
D - Paritária 
Partindo da premissa de que a sociedade internacional é interestatal, a sociedade internacional seria paritária, em vista da igualdade jurídica entre os Estados integrantes.
Marcada pela desigualdade de fato, corolário da heterogeneidade e do grande diferencial de poder entre os Estados.
E - Descentralizada
Não há um poder central internacional ou um governo mundial, mas vários centros de poder. A sociedade internacional não possui uma organização institucional.
 Globalização e sistema normativo internacional
Globalização: emprego impreciso e indeterminado.
Conceito (Paulo Henrique Gonçalves Portela): 
Definimos a globalização como um processo de progressivo aprofundamento da integração entre as várias partes do mundo, especialmente nos campos político, econômico, social e cultural, com vistas a formar um espaço internacional comum, dentro do qual bens, serviços e pessoas circulem da maneira mais desimpedida possível.
Na acepção mais comum na contemporaneidade, refere-se ao forte incremento no ritmo da integração da economia mundial nos últimos anos.
A globalização é fenômeno recorrente na história da humanidade. 
Momentos de intensidade: 
- Grandes Navegações, 
- Revolução Industrial e 
- A década de noventa, após o fim da Guerra Fria. 
Características da globalização no presente: 
- aumento nos fluxos de comércio internacional e de investimento estrangeiro direto (IED); 
- acirramento da concorrência no mercado internacional; 
- a maior interdependência entre os países; 
- a expansão dos blocos regionais; 
- a redefinição do papel do Estado e de noções como a de soberania estatal.
Os Estados limitam cada vez mais sua soberania, ampliando sua submissão a um número crescente de tratados e de órgãos internacionais encarregados de assegurar a aplicação das normas internacionais.
Conceito de direito internacional público, terminologia, objeto, fundamento do DIP, o ordenamento jurídico internacional.
A guerra dos 30 anos e a Paz de Westfália 
Várias nações da Europa estiveram em guerra e conflitos entre si motivados por rivalidades religiosas (protestantes X católicos), dinásticas, territoriais e comerciais. A principal foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648).
Em 1648, após três, quatro anos de negociação de paz entre protestantes e católicos, reunidos em Münster e Osnabrück, um conjunto de tratados firmado nas cidades de Münster e Osnabrück da região de Vestfália (atual região oeste da Alemanha) encerrou a Guerra dos Trinta anos. Portanto, é chamada de Paz de Vestfália em razão da região onde foram firmados os tratados.
Com o fim da Guerra dos 30 anos várias nações, entre as quais os Países Baixos e a Suíça, viram reconhecida a sua independência. Assim, a Paz de Vestfália foi um marco para formação dos Estados Soberanos, pois a partir dele, foram definidas fronteiras e controle absoluto sob esses territórios.
A paz de Vestfalia pôs fim no antigo sistema medieval, em que era depositado no Império e no Papado a autoridade suprema, dando-lhes direito de intervenção nos assuntos internos dos reinos e principados. Tal arcabouço sócio-político foi substituído pelo conceito de soberania estatal.
Vestfália permitiu a constituição da sociedade internacional, com normas mutuamente acordadas que definem os detentores de autoridade e suas prerrogativas, sendo o Estado moderno essa autoridade detentora de soberania.
A autoridade suprema do Estado sobre seu território e população foi firmada, não havendo poder imaginário, religioso ou espiritual superior aos objetivos de progresso do estado e metas de estruturação ou manutenção da ordem. Tal cenário mantém-se até os nossos dias fundamentado na horizontalidade da soberania estatal.
Portanto, o entendimento clássico é o de que a sociedade internacional é formada apenas por Estados soberanos, desde a Paz de Vestfália, quando o ente estatal se estabeleceu como detentor do monopólio da administração da dinâmica das relações internacionais da sociedade que governava.
Conceito clássico do Direito Internacional Público " conjunto das regras escritas e não-escritas que regula o comportamento dos Estados”.
“Ubi societas, ibi jus”: onde houver sociedade, deverá haver normas voltadas a regular a convivência entre seus membros. Nesse sentido, o Direito é fenômeno presente também na sociedade internacional, pautando as relações entre seus integrantes.
Entretanto, a atual dinâmica das relações internacionais vem alterando o entendimento tradicional acerca da composição da sociedade internacional. Com efeito, uma das marcas do mundo de hoje é a participação direta de sujeitos como as empresas e os indivíduos na seara internacional,muitas vezes agindo independentemente de qualquer envolvimento dos Estados.
Com isso, o Direito Internacional Público passa a tutelar não só os vínculos estabelecidos entre Estados e organizações internacionais, como também uma ampla gama de questões de interesse direto de outros atores sociais, como os indivíduos.
Conceito moderno: "sistema de normas jurídicas que visa a disciplinar e a regulamentar as atividades exteriores da sociedade dos Estados (e também, modernamente, das organizações internacionais e ainda do próprio indivíduo)”.
TERMINOLOGIA 
O termo "Direito Internacional" foi empregado pela primeira vez em 1780, pelo inglês Jeremy Bentham, em sua obra An Introduction to the Principies of Moral and Legíslation, com o intuito de diferenciar o Direito que cuida das relações entre os Estados (também designados em inglês como nations) do Direito nacional (National Law) e do Direito municipal (Municipal Law).
Há autores que se referem ao Direito Internacional como "Direito das Gentes" tradução literal do jus gentium do Direito Romano e que predominava até o século XVIII.
PREDOMINANTE: Direito Internacional Público (Bentham -1780) 
OUTRAS: Direito das Gentes, Direito Internacional e jus inter gentes
OBJETO do Direito Internacional
Tradicionalmente: limitar as competências de Estados, conferindo-lhes direitos e obrigações. 
A finalidade seria reduzir a anarquia na sociedade internacional, marcada pela inexistência de um poder mundial superior a todos os Estados e pelo fenômeno da coordenação de interesses (e não da subordinação).
Atualidade: ampliação do objeto, incluindo a regulamentação da cooperação internacional – como os Estados, as organizações internacionais e outros atores procederão para atingir objetivos comuns, ligados a problemas globais (ex. proteção do meio ambiente, interesses regionais, como integração regional). 
O Direito Internacional inclui como objeto tutelar questões que transcende as fronteiras estatais (ex. direitos humanos e meio ambiente), disciplinando como os integrantes da sociedade internacional se comportarão para alcançar objetivos de interesse internacional.
Fundamento do direito internacional 
Teorias: (1) voluntarista e (2) Objetivista
Voluntarista 
Também chamada de positivista.
Corrente doutrinária de caráter subjetivista, cujo elemento central é a vontade dos sujeitos de direito internacional.
Para esta corrente, os Estados e organizações internacionais devem observar as normas internacionais porque expressaram livremente sua concordância em fazê-lo, de forma expressa (por meio de tratados) ou tácita (pela aceitação generalizada de um costume).
 
Objetivista, objetivismo
Sustenta que a obrigatoriedade do Direito Internacional decorre da existência de valores, princípios ou regras se revestem de uma importância tal que delas pode depender, objetivamente, o bom desenvolvimento e a própria existência da sociedade internacional.
Nesse sentido, tais normas surgem a partir da própria dinâmica da sociedade internacional e que existem independentemente da vontade dos sujeitos de direito internacional, colocam-se acima da vontade dos Estados e devem, portanto, pautar as relações internacionais, devem ser respeitados por todos.
Críticas:
Condiciona toda a regulamentação internacional à mera vontade dos Estados.
Coloca em risco a própria convivência internacional ao facilitar o surgimento de normas que podem não corresponder aos anseios legítimos dos povos.
Em resposta as críticas às duas correntes, Dionísio Anzilotti formulou uma terceira teoria:
- Fundamentada no pacta sunt servanda
- O direito internacional é obrigatório por conter normas importantes para o desenvolvimento da sociedade internacional, mas que ainda dependem da vontade do Estado para existir.
- Os Estados devem de boa-fé expressar seu consentimento em cumprir certas normas internacionais.
Conclusão:
O fundamento do Direito internacional inclui elementos voluntaristas e objetivistas. Nesse sentido, os Estados obrigam-se a cumprir as normas internacionais com as quais consentirem.
Entretanto, o exercício da vontade estatal não pode violar o jus cogens.
O jus cogens é um conjunto de preceitos entendidos como imperativos e que, por sua importância, limitam essa vontade (Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 - art. 53): é nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma de Direito Internacional aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo como preceito do qual nenhuma derrogação é permitida.
O ordenamento jurídico internacional
Há teorias que negam a existência de um direito internacional com as seguintes alegações:
- As normas internacionais têm natureza meramente moral e de pura cortesia;
- Seria impossível haver uma ordem jurídica internacional enquanto não existir uma sociedade mundial organizada;
- Os Estados atuam unicamente em função de seus interesses ou as relações internacionais são baseadas apenas na força, ou a ordem jurídica internacional carece de coercitividade;
- O direito das gentes não tem relevância e utilidade, pois acabariam prevalecendo apenas os interesses dos Estados, que se impõem segundo os respectivos diferenciais de poder, ficando a aplicação das normas internacionais vinculada a considerações de caráter político, militar, etc.
Características do Direito internacional Público
Marcado pela dicotomia entre a relativização da soberania nacional e a manutenção de sua importância.
O direito das gentes implica nova concepção de poder soberano, não mais entendido como absoluto, mas sim sujeito a limites demarcados juridicamente, ideia, aliás, consentânea com o espírito do Estado de Direito. 
Ao celebrar um tratado, o ente estatal se submete à competência de um tribunal internacional, restringindo sua capacidade de deliberar sobre todos os assuntos de seu interesse. Por outro lado, a soberania ainda impõe limites ao Direito Internacional. Os Estados mantêm competências exclusivas no território sob sua jurisdição. São competentes para decidir a respeito da celebração de tratados e do modelo de incorporação das normas internacionais ao ordenamento interno, bem como sua submissão a órgãos internacionais de solução de controvérsias.
O direito internacional é um direito de coordenação, em oposição ao direito interno que é de subordinação.
Dentro dos Estados, as normas são elaboradas por órgãos estatais com regras determinadas pelo ordenamento jurídico nacional, representantes de um poder soberano capaz de se fazer impor aos particulares.
Na ordem internacional não há poder central, o ordenamento jurídico é fruto de articulação entre Estados e organizações internacionais, que elaboram as normas internacionais a parti de negociações e consentem em observá-las. São normas obrigatórias para seus destinatários.
O direito internacional também inclui a possibilidade de imposição de sanções.
Não há hierarquia entre as normas do Direito Internacional, porém um tratado não pode estar em conflito com as normas do jus cogens. 
Fragmentação – mais uma característica do direito internacional, em razão da heterogeneidade de suas normas, variedade de matérias e condições em que são elaboradas. O que tem levado ao aparecimento de ramos específicos do direito internacional como os Direitos Humanos, direito internacional do Trabalho, do Meio Ambiente, etc.
Os tratados normalmente determinam ações que os Estados deverão efetivar dentro de seus territórios, como no caso do Protocolo de Quioto (redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa).
1.2.DIP e direito interno: dualismo x monismo; fontes do direito internacional: fontes formais e materiais, tratados, costume internacional, decisões judiciais: a jurisprudência internacional, doutrina, princípios gerais do direito (e do direito internacional público), analogia, equidade, decisões de organizações internacionais.
Direito internacional público e direitointerno
O direito internacional tem impacto direto no âmbito interno dos Estados.
Vários atos vinculados ao Direito das Gentes dependem de regras do ordenamento nacional, como a competência para celebrar tratados.
Ao mesmo tempo, muitos compromissos internacionais requerem ações das autoridades estatais e a execução de ações dentro dos Estados. Em muitos casos, as normas internacionais são incorporadas à ordem jurídica doméstica, como no Brasil.
Conflito entre as normas internacionais e nacionais
Teorias – (1) dualismo e (2) monismo 
Dualismo 
Principal premissa – o direito internacional e o direito interno são dois ordenamentos jurídicos distintos e totalmente independentes entre si, cujas normas não poderiam entrar em conflito umas com as outras.
Direito Internacional: dirige a convivência entre os Estados.
Direito Interno: disciplina as relações entre os indivíduos e entre estes e o ente estatal.
Tratados: compromissos na esfera externa, sem capacidade de gerar efeitos no interior dos Estados. 
A eficácia das normas internacionais não depende de sua compatibilidade com a norma interna, e o Direito nacional não precisaria se conformar com os preceitos de Direito das Gentes.
Principais expoentes: Heinrich Trieppel e Dionísio Anziolotti.	
a.1. – Dualismo Radical
O dualismo vincula-se também à “Teoria da incorporação” (ou da transformação de mediatização) – Paul Laband: 
	Um tratado poderá regular relações dentro do território de um Estado somente se for incorporado ao ordenamento jurídico interno, por meio de um procedimento que o transforme em norma nacional.
	O ente estatal nega aplicação imediata ao Direito Internacional, mas a partir do momento em que se integrem ao Direito Nacional por meio de diploma legal distinto, que adote o mesmo conteúdo do tratado, apreciado por meio do processo legislativo estatal cabível, permite que suas normas se tornem vinculantes internamente.
Assim, os conflitos envolverão apenas normas nacionais.
a.2 - Dualismo moderado (Yepes Pereira, Nascimento e Silva, Hildebrando Accioly):
Não é necessário que o conteúdo das normas internacionais seja inserido em um projeto de lei interna, bastando apenas a incorporação dos tratados ao ordenamento interno por meio de procedimento específico, distinto do processo legislativo comum, que normalmente inclui apenas a aprovação do parlamento e, posteriormente, a ratificação do Chefe de Estado, bem como, no caso do Brasil, um decreto de promulgação do Presidente, que inclui o ato internacional na ordem jurídica nacional.
Monismo 
Existe apenas uma ordem jurídica, com normas internacionais e internas, independentes entre si.
As normas internacionais podem ter eficácia condicionada à harmonia de seu teor com o Direito Interno, e a aplicação das normas nacionais pode exigir que estas não contrariem os preceitos de Direito das Gentes aos quais o Estado se encontra vinculado.
Não é necessário diploma legal que transforme o direito internacional em direito interno.
Qual norma deverá prevalecer em caso de conflito?
Duas correntes:
Monismo nacionalista (monismo com primazia do Direito Interno)
Prega a primazia do direito interno de cada Estado fundamentado na soberania estatal absoluta. 
Os Estados só se vinculariam às normas com as quais consentissem e nos termos estabelecidos pelas respectivas ordens jurídicas nacionais.
Consequentemente, o Ordenamento interno é hierarquicamente superior ao internacional, prevalecendo as normas internas quando em conflito com as internacionais.
Monismo internacionalista 
(Monismo com primazia do Direito Internacional)
Formulado pela Escola de Viena – representante mais famoso: Hans Kelsen.
O ordenamento jurídico é uno. O direito das Gentes é de ordem hierarquicamente superior, da qual derivaria o Direito interno e à qual este estaria subordinado. 
b.1) monismo internacionalista radical
O Tratado teria supremacia sobre o direito nacional, e uma norma interna que contrariasse o direito internacional deveria ser declarada inválida.
b.2) monismo internacionalista moderado – Alfred von Verdross
Nega a não validade da norma interna cujo teor contrarie norma internacional.
Tanto o direito internacional como o nacional poderiam ser aplicados pelas autoridades do Estado, dentro do que determina o ordenamento estatal. Entretanto, eventual descumprimento da norma internacional poderia ensejar a responsabilidade internacional do Estado que a violasse.
A teoria adotada pelo direito internacional é o monismo internacionalista, conforme art. 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969: 
Direito Interno e Observância de Tratados 
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado.
Com isso as normas internacionais deveriam prevalecer sobre a própria Constituição do Estado. 
A supremacia do Direito Internacional foi proclamada pelo menos desde 1930, a partir do entendimento da antecessora da Corte Internacional de Justiça (CIJ), a Corte Permanente de Justiça Internacional (CPJI), que declarou que “É princípio geral reconhecido, do direito internacional, que, nas relações entre potências contratantes de um tratado, as disposições de uma lei não podem prevalecer sobre as do tratado”.
Entretanto, como a manutenção da soberania é um dos fatos determinantes das relações internacionais, muitos Estados acabam adotando entendimentos próprios sobre o tema dos conflitos entre direito internacional e direito interno.
Portela afirma que o Brasil adota elementos das duas teorias (monismo e dualismo).
Outras possibilidades: a primazia da norma mais favorável
A clássica divisão entre monismo e dualismo é objeto de crítica na doutrina. As teorias ensejam controvérsias de pouco ou nenhum impacto prático. Tais doutrinas enfatizam questões formais e, nesse sentido, podem desconsiderar a relevância do valor que a norma pretende proteger. Nessa hipótese, o preceito legal pode deixar de ser aplicado simplesmente por pertencer a um ordenamento que, de acordo com as concepções teóricas mencionadas, não deve prevalecer.
É nesse sentido que, em vista do valor incorporado pela norma, o Direito Internacional dos Direitos Humanos vai conceber o princípio da primazia da norma mais favorável à vítima/ao indivíduo, pelo qual, em conflito entre normas internacionais e internas, deve prevalecer aquela que melhor promova a dignidade humana. Fundamenta-se no imperativo da proteção da pessoa humana como superior a qualquer outro.
1.3 Os tratados internacionais como fonte do DIP: espécies de tratados, classificação, condições de validade, processo de elaboração, efeitos dos tratados, interpretação, adesão, alteração, reservas, extinção e suspensão, incorporação ao direito interno
Perspectiva histórica. 
Parte fundamental do direito das gentes, o direito dos tratados apresentava até o romper do século XX uma consistência costumeira, assentada, entretanto, sobre certos princípios gerais, notadamente o pacta sunt servanda e o da boa-fé. (REZEK) 
No século XIX sucede uma sensível ampliação no acervo normativo dos tratados, por força de quanto o tratado multilateral desafiava — desde a conferência preparatória até o mecanismo de extinção — aquelas regras concebidas para reger acordos meramente bilaterais.
As comunidades jurídicas nacionais deram-se conta da distinção entre esses dois objetos de análise, nenhum deles exíguo: o direito dos tratados no quadro do direito internacional público, e o — às vezes mais controvertido — direito dos tratados no contexto do direito constitucional. Resultou induvidoso que essa fase interna, a da consulta ao parlamento como preliminar de ratificação, impôs ao direito das gentes uma importante remissão ao direito doméstico dos Estados.
A Convenção de Viena Sobre o Direito dos Tratados teve seu texto ultimado em 23 de maio de 1969. Sua negociação envolvera cento e dez (110) Estados, dos quais apenas trinta e dois (32) firmaram, naquela data, o documento.Somente entrou em vigor em 27 de janeiro de 1980, quando, nos termos de seu art. 84, chegou-se ao quórum mínimo de trinta e cinco (35) Estados-partes.
Conceito
Tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público destinado a produzir efeitos jurídicos.
A matéria versada num tratado pode ela própria interessar de modo mais ou menos extenso ao direito das gentes: em razão da matéria, pontificam em importância os tratados constitutivos de organizações internacionais, os que dispõem sobre o serviço diplomático, sobre o mar, sobre a solução pacífica de litígios entre Estados. É certo, contudo, que todos os tratados — mesmo quando disponham sobre um tema prosaico como a classificação de marcas de origem de vinhos ou queijos — interessam igualmente, em razão da forma, a esta parte do direito das gentes que ora nos ocupa, o direito dos tratados.
Terminologia: 
Variantes terminológicas de tratado concebíveis em português: acordo, ajuste, arranjo, ata, ato, carta, código, compromisso, constituição, contrato, convenção, convênio, declaração, estatuto, memorando, pacto, protocolo e regulamento. 
As expressões são alternativas — ou juridicamente sinônimas
Esses termos são de uso livre e aleatório, não obstante certas preferências denunciadas pela análise estatística: as mais das vezes, por exemplo, carta e constituição vêm a ser os nomes preferidos para tratados constitutivos de organizações internacionais, enquanto ajuste, arranjo e memorando têm largo trânsito na denominação de tratados bilaterais de importância reduzida.
Apenas o termo concordata possui, em direito das gentes, significação singular: esse nome é estritamente reservado ao tratado bilateral em que uma das partes é a Santa Sé, e que tem por objeto a organização do culto, a disciplina eclesiástica, missões apostólicas, relações entre a Igreja católica local e o Estado copactuante.
Formalidade. 
O tratado é um acordo formal: ele se exprime, com precisão, em determinado momento histórico, e seu teor tem contornos bem definidos
O tratado internacional não prescinde da forma escrita, do feitio documental. 
Convenção da Havana (1928) sobre tratados, art. 2º: 
“É condição essencial nos tratados a forma escrita. A confirmação, prorrogação, renovação ou recondução serão igualmente feitas por escrito, salvo estipulação em contrário”.
Convenção de Viena (1969) sobre o direito dos tratados, art. 2º, I, a: 
“Tratado significa um acordo internacional celebrado por escrito...” 
A oralidade é destoante do modelo fixado em 1928 pela Convenção da Havana, e retomado em 1969 pela de Viena; e desajustada ao sistema de registro e publicidade das Nações Unidas.
O conceito proposto se refere a um acordo concluído.
Não existe um tratado internacional sem a confirmação do compromisso e sua entrada em vigor. O término das negociações consiste apenas em um projeto concluído. 
Atores. 
As partes, em todo tratado, são necessariamente pessoas jurídicas de direito internacional público: tanto significa dizer os Estados soberanos — aos quais se equipara, como será visto mais tarde, a Santa Sé — e as organizações internacionais. Não têm personalidade jurídica de direito das gentes, e carecem, assim, por inteiro, de capacidade para celebrar tratados, as empresas privadas, pouco importando sua dimensão econômica e sua eventual multinacionalidade
Efeitos jurídicos
A produção de efeitos de direito é essencial ao tratado, que não pode ser visto senão na sua dupla qualidade de ato jurídico e de norma.
O acordo formal entre Estados é o ato jurídico que produz a norma, e que, por produzi-la, desencadeia efeitos de direito, gera obrigações e prerrogativas, caracteriza enfim, o tratado internacional.
gentlemen’s agreement 
É conhecida em direito das gentes a figura do gentlemen’s agreement, que a doutrina uniformemente distingue do tratado, sob o argumento de não haver ali um compromisso entre Estados, à base do direito, mas um pacto pessoal entre estadistas, fundado sobre a honra, e condicionado, no tempo, à permanência de seus atores no poder.
Exemplo: Carta do Atlântico, declaração firmada pelo presidente americano Franklin Roosevelt e pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, a bordo do navio Augusta, em 14 de agosto de 1941.
Características:
- Nenhum vínculo jurídico para os Estados em causa, 
- compromisso moral, a operar enquanto esses Estados se encontrem sob o governo dos dignitários responsáveis pela manifestação conjunta.
- pacto pessoal entre estadistas
Distinção entre tratado internacional e gentlemen’s agreement 
À consideração inicial, afirma-se que a diferença não está no teor do compromisso, mas da qualidade dos atores: 
- O gentlemen’s agreement não é um tratado pela razão elementar de que os contratantes não são pessoas jurídicas de direito internacional. Não são Estados. 
- São pessoas humanas, investidas em cargos de mando, e hábeis para assumir externamente — sobretudo em matéria política prospectiva — compromissos de pura índole moral, cuja vitalidade não ultrapassará aquele momento em que uma dessas pessoas deixe a função governativa.
Rezek afirma que as bases dessa tradicional análise são inconsistentes, pois não se conhece um único exemplo de gentlemen’s agreement em cujo cabeçalho os cavalheiros pactuantes tenham declarado agir a título pessoal. E como presumi-lo? Cuida-se de chefes de Estado, de chefes de governo, de ministros de relações exteriores, de estadistas, enfim, plenamente capazes, segundo o direito internacional, para falar pelos respectivos Estados.
A realidade é que nenhum analista pôde jamais classificar certo acordo como um gentlemen’s agreement senão depois de haver examinado o teor do compromisso, para, ali, detectar a falta de uma tendência à produção de efeitos jurídicos. E para, consequentemente, evocando a noção do comprometimento honorífico, concluir que não os Estados e sim as pessoas haviam chegado àquele acordo.
Bem o ilustra a Carta do Atlântico. As palavras iniciais são as de um tratado internacional típico, na descrição das partes: “O Presidente dos Estados Unidos e o Primeiro-Ministro Sr. Churchill, representando o Governo de Sua Majestade do Reino Unido, havendo-se reunido, no mar, ...”. De modo que a qualificação da carta como um gentlemen’s agreement, e, pois, como um não tratado, só é possível depois da leitura integral do texto, ante a percepção de que aquele acordo formal, lavrado por pessoas indiscutivelmente representativas de duas personalidades de direito internacional público, não se destinou a produzir efeitos jurídicos, a estabelecer normas concretas e cogentes para as partes, mas apenas a “... dar a conhecer alguns dos princípios comuns às políticas nacionais de seus países, nos quais baseiam as suas esperanças de um futuro melhor para o mundo”.
Regência do direito internacional. 
Para os redatores da Convenção de Viena, o tratado é um compromisso “... celebrado por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional...”
Embora certos autores pareçam admitir algo diverso, nenhum acordo entre Estados pode escapar à regência do direito internacional, ainda que, no uso do poder soberano que essa ordem jurídica lhes reconhece, os Estados pactuantes entendam de fazer remissão a um sistema de direito interno.
É absurda a ideia de que um compromisso entre Estados possa reger-se por seus próprios termos, flutuando no espaço à margem de toda ordem jurídica.
Referindo-se àqueles casos em que a remissão a certa ordem jurídica interna aparece no acordo entre sujeitos de direito das gentes, Lauterpacht pondera que a escolha de um direito determinado é sempre imputável à vontade das partes. E esclarece que, por força de uma disposição desse tipo, o direito em questão é transformado em direito internacional convencional: exatamente aquilo a que se refere o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça quando fala em “... regras expressamente reconhecidas pelos Estados em litígio”
Base instrumental. 
O tratadointernacional pode materializar-se em duas ou mais peças documentais distintas. Isto sempre pareceu óbvio no caso de documentos diversos, porém produzidos a um só tempo, e por todas as partes contratantes, tal como sucede sempre que o tratado se faz acompanhar de anexos. Quando os negociadores da Convenção de Viena quiseram deixar claro que um tratado pode tomar corpo “... num instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos”14, não cogitavam dessa hipótese, mas daquela outra em que o acordo internacional se desdobra em textos — via de regra, dois textos — produzidos em momentos diversos, cada um deles firmado em nome de uma das partes apenas.
Troca de notas: 
- um meio de comunicação.
Se dá apenas quando é possível determinar a presença do animus contrahendi. Quando é válido dizer que as partes, por esse processo formal — embora não solene —, entraram efetivamente num acordo destinado a produzir efeitos jurídicos, criando, entre ambas, o vínculo convencional.
Ex. Notas com que dois governos se entendem para o efeito de ab-rogar um tratado bilateral vigente; bem assim aquelas que exprimem a denúncia do tratado, por uma das partes, e a notícia de recebimento, pela outra. 
Obs: Diverso, porém, é o caso da troca de notas com que as partes visam a modificar o teor, ou mesmo a prorrogar a vigência, de um acordo preexistente. Nestas hipóteses, defrontamo-nos com novo acordo — no estilo dos protocolos adicionais, bem caracterizado na sua vocação para instituir obrigações mútuas entre as partes.
- Um método negocial
Um processo de conclusão de tratados bilaterais.
A troca de notas pode, pois, ser o meio escolhido pelas partes para a conclusão de um compromisso internacional que resolvam denominar acordo, convenção, ajuste, declaração, ou o que melhor lhes pareça.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS
1 - Número de partes.
Diz-se bilateral o tratado se somente duas as partes, e multilateral ou coletivo em todos os outros casos, ou seja, se igual ou superior a três o número de pactuantes.
– Procedimento adotado para sua conclusão.
Interessa detectar duas fases de expressão do consentimento das partes: 
- prenunciativo na primeira, a da assinatura, e 
- definitivo na segunda, a da ratificação, 
ou se unifásico: o consentimento definitivo se exprime na assinatura, desde logo criadas as condições para a vigência do tratado.
3 - Dependente do parlamento ou não 
Acordo executivo: o tratado que se conclui sob a autoridade do Chefe do Poder Executivo, independentemente do parecer e consentimento do Senado.
Distinção entre o tratado executivo e o tratado abonado pelo parlamento: a subjetividade. Não se leva em conta qualquer característica do tratado, mas a maneira de agir de cada uma das partes pactuantes, em atenção às normas do seu direito interno que distribuem competência para o comprometimento exterior. 
Consequência dessa subjetividade é que um mesmo tratado pode ter caráter executivo para algumas das partes e não para outras.
Ex.: Acordo militar Brasil­Estados Unidos, de 15 de março de 1952, foi um acordo executivo apenas do ponto de vista norte­americano, havendo motivado no Brasil a necessária consulta ao Congresso, preliminar à ratificação.
Um tratado em forma simples, concluído e posto em imediato vigor pela assinatura das partes (no instrumento único ou por troca de notas) não se confundirá com um acordo executivo se os governos pactuantes estiverem agindo com apoio em aprovação parlamentar tópica, expressa pelo Legislativo ao tempo mesmo da negociação ou antes. 
Por outro lado, é executivo o Tratado solene, de procedimento longo, em que o intervalo entre a assinatura e a ratificação de cada parte se vê preencher (não com a consulta ao respectivo parlamento — acaso desnecessária, segundo seu sistema constitucional —) com reflexões no âmbito governamental.
4 - Execução no tempo
Denominações: tratados dispositivos, reais, territoriais, executados, e até mesmo — o que soa paradoxal — transitórios.
- Há tratados que criam uma situação jurídica estática, objetiva e definitiva
Esse tratado, assim, não se executa no dia a dia dos pactuantes, como um acordo de intercâmbio comercial. Ele opera como título jurídico, para fundamentar, a todo tempo, a legitimidade da situação que nele encontra origem.
Eles vigem, sem dúvida, apesar da profunda diversidade reinante entre sua vigência, que é estática — como a da escritura que prova uma transação imobiliária —, e a vigência dinâmica dos restantes compromissos internacionais.
Exemplos: Tratados de fronteiras e Tratados pertinentes à cessão territorial (Tratado de 17 de novembro de 1903 (Bolívia­Brasil), sobre a compra do Acre por 2 milhões de libras esterlinas).
- aquele que estabelece uma relação jurídica obrigacional dinâmica, a vincular as partes por prazo certo ou indefinido. 
É sempre possível encontrar combinadas as duas características num mesmo tratado, como aquele que traça a linha limítrofe entre dois Estados e ao mesmo tempo institui comissão mista para preservar os recursos naturais da zona de fronteira. 
Ex. Esse feitio híbrido marca o tratado boliviano­brasileiro de 1903, relativo à negociação do Acre. Ali não se cuidou da venda de uma área já perfeitamente delimitada, por preço uniforme e liquidado no ato. A necessidade de bem determinar os contornos do território em causa, e ainda a complexidade da contraprestação, além do parcelamento da soma expressa em dinheiro, conduziram a que a execução desse pacto se prolongasse acentuadamente no tempo
Execução no espaço. 
Exemplo hipotético: 
O Reino Unido celebra um tratado relativo à padronização do uso de cheques ou à proteção do meio ambiente ou os direitos humanos, em regra esse tratado será aplicado a todo o território sujeito àquela soberania pactuante, mas também poderia, aplicar­se somente às ilhas britânicas, ou às terras ultramarinas, ou ainda ao conjunto, mas com a exclusão do país de Gales, ou das ilhas Shetland. 
Já se o Reino Unido trata com o Uruguai sobre a compra de carne, ou ingressa numa organização internacional mediante adesão a seu tratado constitutivo, ou se envolve em pactos pertinentes ao alto mar, à Lua, à Antártica, tende a ser de total impertinência o tema do alcance espacial desses compromissos no quadro territorial da potência contratante. Sua execução implica uma conduta centralizada, a cargo da administração do Estado, e voltada para o exterior. A presunção de validade do tratado em todo o território desse Estado faz aqui pouco sentido.
Desse exemplo depreendemos duas espécies:
Primeira espécie — art. 29 da Convenção de Viena: 
“Aplicação territorial dos tratados. A menos que uma intenção diferente resulte do tratado, ou seja de outro modo estabelecida, um tratado obriga cada uma das partes em relação a todo o seu território”.
- intenção diferente ex.: a chamada “cláusula colonial” – colonizadores deixaram expressa a inaplicabilidade às suas colônias de tratados (geralmente afetos ao progresso social, a benefícios de ordem econômica, à garantia de direitos individuais). 
Segunda espécie - de total impertinência o tema do alcance espacial desses compromissos no quadro territorial da potência contratante. Sua execução, com efeito, implica uma conduta centralizada, a cargo da administração do Estado, e voltada para o exterior.
 - limitação do alcance territorial por razões somente técnicas. 
Ex. Tratado de Cooperação Amazônica celebrado entre Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela: “O presente Tratado se aplicará nos territórios das partes contratantes na Bacia Amazônica, assim como, também, em qualquer território de uma parte contratante que, pelas suas características geográficas, ecológicas ou econômicas, se considere estreitamente vinculado à mesma”
PRODUÇÃO DO TEXTO CONVENCIONAL
Competência negocial. 
Têm capacidade para celebrar tratados:
- Todo Estado soberano e 
- Organizações internacionais. 
Quem está habilitado a agir em nome daquelas personalidades jurídicasà hora do procedimento negocial?
Chefes de Estado e de governo. 
A voz externa do Estado é, por excelência, a voz de seu chefe. A condução efetiva da política exterior lhe incumbe nas repúblicas presidencialistas (chefia do Estado e do governo se confundem em uma única pessoa). 
No regime parlamentarista, a representatividade do chefe de Estado não sofre desgaste à conta do em que se lhe preserva de toda responsabilidade governativa — transferida esta ao primeiro­ministro, titular da chefia do governo. Os chefes de Estados parlamentares não governam. O que lhes sobra costuma ser a encarnação da soberania estatal, e essa virtude representativa, no que toca à celebração de tratados internacionais, tem irrecusável importância.
A autoridade do chefe de Estado na conclusão de tratados internacionais não conhece limites: ele ostenta idoneidade para negociar e firmar o acordo; e para exprimir — desde logo, ou mediante ratificação ulterior — o consentimento estatal definitivo. 
Mesmo os chefes de Estados presidencialistas costumam ter partilhada com o poder Legislativo a competência para resolver sobre tratados; assim como é sabido que nas nações parlamentaristas o chefe de Estado — presidente ou monarca — nem sequer partilha essa competência, visto que mantido, em regra, à margem do processo decisório. Em ambos os casos, a limitação constitucional de poder não prejudica a plenitude da representatividade exterior.
Em todos os atos relacionados com o comprometimento internacional, o chefe de Estado dispõe da autoridade fluente de seu cargo. A prática internacional, ora espelhada na Convenção de Viena, atribui idêntico estatuto de representatividade ao chefe do governo — quando essa função, qual sucede no parlamentarismo, seja distinta da precedente. 
Plenipotenciários. 
Ministro de Estado responsável pelas relações exteriores, em qualquer sistema de governo. 
A representatividade do chefe de Estado e do chefe do governo pode entender­se originária, o que não sucede no caso do ministro, que a tem derivada. 
Plenipotenciários – é expressão adequada a quem se viu conceder os plenos poderes — não a quem por natureza detém tais poderes, e a prerrogativa, inerente ao cargo, de outorgá­los a outrem. 
Ex.: ministro das relações exteriores se entende um plenipotenciário — no quadro internacional — desde o momento em que investido pelo chefe de Estado, ou pelo chefe do governo, naquela função especializada. 
Prescinde da apresentação de carta de plenos poderes o chefe de missão diplomática. 
A Convenção de Viena diz que esse poder geralmente reconhecido aos chefes de missão diplomática, para a negociação bilateral, vai até a adoção do texto do compromisso. Este é um momento processual que a própria Convenção, logo adiante, antepõe ao da autenticação do texto. Na exata medida em que a assinatura signifique desfecho do processo negocial e autenticação do texto avançado, sem implicar consentimento definitivo.
A plenipotência de modo amplo ou limitado — respectivamente —, recai sobre o ministro das relações exteriores e o chefe de missão diplomática, é certo que os demais plenipotenciários demonstram semelhante qualidade por meio da apresentação da carta de plenos poderes. 
O destinatário dessa carta é, se bilateral a negociação, o governo copactuante, e sua entrega deve preceder o início da negociação, ou a prática do ato ulterior a que se habilita o plenipotenciário. O expedidor formal da carta de plenos poderes é o chefe de Estado (nas repúblicas presidencialistas e nos sistemas parlamentares).
Delegações nacionais. 
A delegação tem a ver com a fase negocial da gênese dos tratados. 
Pluralizar a representação do Estado é oneroso, só em circunstâncias raras encontra justificativa à hora dos atos posteriores ao esforço preparatório do texto convencional. Naquela fase, contudo, a individualidade do plenipotenciário costuma não bastar à completa e adequada colocação dos desígnios do Estado. Dá­se­lhe apoio mediante a composição do grupo, subordinado à sua chefia. 
Seu chefe — e apenas ele — detém a carta de plenos poderes. 
Não se concebem conflitos dentro da delegação: há de prevalecer, em face da eventual variedade de opiniões, a voz do chefe, pela origem de seus plenos poderes.
O chefe da delegação não é necessariamente um diplomata. Outros servidores do Estado, civis ou militares, podem receber o encargo. Neste caso é comum — embora não obrigatória — a presença de pelo menos um diplomata no corpo da delegação. No caso das organizações internacionais, quem encabeça o quadro administrativo da organização, sob a autoridade da assembleia geral, conclui seus tratados. Essa prática tem sido adotada pela OEA e pelas congêneres de alcance regional. 
EX.: O Secretário­geral da ONU esteve incumbido de celebrar tratados afetos à competência decisória da Assembleia Geral — como os acordos de sede, em 1946­47, com a Suíça e os Estados Unidos —, à do Conselho de Segurança e à do Conselho Econômico e Social. Houve casos em que o secretário­geral subdelegou esse encargo a diretores executivos da organização.
Negociação bilateral: roteiro e circunstâncias. 
Em regra, a negociação bilateral ocorre no território de uma das partes contratantes. 
A falta de relacionamento diplomático permanente entre dois Estados não impede que o preparo de um tratado bilateral se faça no território de um deles, mediante o envio, pelo outro, de delegação ad hoc. 
-> Negociação em território de terceiro Estado pelos seguintes fatores:
(a) animosidade/desconfiança entre as partes e 
(b) a vantagem operacional/econômica representada pelo cenário neutro, onde se encontrem representações diplomáticas permanentes dos dois pactuantes.
Exs: O acordo de Paris pôs termo a cinco anos de negociação, na capital francesa, entre o Vietnã e os Estados Unidos da América, enquanto continuava em curso um conflito armado entre as partes (1968­1973). 
Egito e Israel concluíram o acordo de Camp David, em território americano, em 26 de março de 1979. 
O Brasil, não dispondo, no Império e na República velha, de missões diplomáticas permanentes em diversas nações da América Latina — que tampouco se faziam representar no Rio de Janeiro —, com elas desenvolveu negociações convencionais naqueles centros de grande convergência diplomática do passado. Tal foi o caso das convenções de arbitragem Brasil­Haiti e Brasil­República Dominicana, ambas negociadas em Washington, por contacto entre embaixadas, e concluídas, respectivamente, em 25 e 28 de abril de 1910.
Idioma: 
Se as partes fazem uso de um mesmo idioma, é natural que nele se desenvolva a negociação e se lavre o texto do tratado. A regra vale também no caso de Estados plurilíngues que tenham um idioma em comum, qual o francês entre Bélgica e Suíça, ou o inglês entre Canadá e Nigéria. 
Se diferentes as línguas das partes em negociação bilateral, o diálogo terá curso no idioma — não raro um terceiro — que maior comodidade ofereça. O resultado, contudo, há de ser um texto convencional: 
a) lavrado numa única versão autêntica;
O latim não sobreviveu ao século XVIII e o esperanto não fez sucesso. O francês foi, nos séculos XVIII e XIX, o idioma que mais se empregou nos tratados bilaterais entre países que não o tinham como vernáculo, com incômodo político, traduzido numa cláusula final de que o uso daquele idioma não o consagrava para qualquer efeito. 
Exs.: Tratados de Rastadt de 1714 e de Aix­la­Chapelle de 1748, no Tratado de aliança franco­austríaco de 1756, na Ata final do Congresso de Viena de 1815, e ainda no tratado relativo ao casamento do príncipe D. Pedro com a arquiduquesa Leopoldina, de 1816.
b) lavrado em duas versões autênticas e de igual valor;
Tem merecido preferência na prática internacional moderna, apesar do embaraço prático que pode resultar de dar­se valor uniforme aos dois textos, para efeito de interpretação.
c) lavrado em mais que duas versões, todas autênticas e de igual valor;
Comum nos tratados multilaterais, explica­se no planobilateral quando uma das partes, pelo menos, é um Estado plurilíngue, ou uma organização internacional empenhada em valorizar de modo paritário, nesse terreno, os idiomas de seus Estados­membros.
d) lavrado em duas ou mais versões autênticas, mas com privilégio assegurado a uma única, para efeito de interpretação.
Se, neste caso, o privilégio recaísse sobre o idioma de uma das partes, a comodidade interpretativa mal compensaria o incômodo político, semelhante àquele que marca o sistema da versão única. Tem sido comum, à vista disso, que se dê prevalência à versão concebida em terceiro idioma. 
Ex.: Acordo sobre transporte marítimo Brasil­Polônia, de 1976, art. 10: “Feito em Varsóvia, em 26 de novembro de 1976, em dois originais, nas línguas portuguesa, polonesa e inglesa, sendo todos os textos igualmente autênticos. Em casos de qualquer divergência, prevalecerá o texto em língua inglesa”.
O texto de todo tratado bilateral expresso em instrumento único há de resultar, na sua integralidade, do consenso entre as partes, corresponsáveis por sua formulação. Quando, sobre a substância do pactuado, tanto quanto sobre sua expressão formal, nenhum debate sobreviva entre os pactuantes, a negociação terá terminado. 
Negociação coletiva: roteiro e circunstâncias.
Negociação coletiva comum: reclama a convocação de uma conferência diplomática internacional, em que se inclua alguma produção convencional (um ou mais tratados).
Exs: Conferências de Viena de 1961 e de 1963 - fim único de produzir os tratados sobre serviço diplomático e consular. 
Conferências interamericanas anteriores à fundação da OEA produziram tratados, sem que sua agenda se limitasse somente a esse trabalho.
Iniciativa: grupo de Estados, organização internacional, ou um Estado isolado que, por qualquer razão, tenha especial interesse no trato da matéria. 
Se a iniciativa é de uma organização internacional impõe-se o entendimento oportuno com Estado que ofereça seu território para sediar a conferência.
Versão autêntica é a que se produz no curso da negociação, e que a seu término merece a chancela autenticatória das partes. 
Versão oficial é a que, sob a responsabilidade de qualquer Estado pactuante, produz­se a partir dos textos autênticos, no seu próprio idioma. 
Ex. A Carta das Nações Unidas foi concebida em cinco versões autênticas — chinês, espanhol, francês, inglês e russo —, e deu origem a inúmeras versões oficiais — como a em português, foi lavrada no Brasil. 
A ordem dos trabalhos numa conferência multilateral preparatória de tratado exige um regulamento interno que costuma ser projetado pelo Estado sede ou organização internacional convocadora, e submetido à deliberação plenária. 
A divisão inicial dos negociadores em grupos de trabalho garante a racionalidade da negociação, virtualmente impossível no plenário. A disponibilidade de um projeto de tratado tem sido regra nas conferências internacionais. 
Nenhuma negociação bilateral chega a bom termo sem que o texto convencional, em cada uma de suas palavras, tenha parecido convir a ambas as partes. Num quadro coletivo, o ideal do assentimento unânime é de tanto mais difícil conquista quanto maior o número de Estados pactuantes. 
Os pactuantes minoritários somente enfrentam contrariedade quando opostos a uma expressiva maioria. À luz dessa ideia fermentou o princípio dos 2/3 — por oposição ao de simples maioria absoluta. Consagra­o, hoje, a Convenção de Viena:
“A adoção do texto de um tratado numa conferência internacional efetua­se por maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, a menos que esses Estados decidam, por igual maioria, aplicar uma regra diversa” (art. 9º, § 2º).
Estrutura do tratado. 
Preâmbulo, parte dispositiva e eventualmente anexos. 
Preâmbulo: enuncia o rol das partes pactuantes, e fala dos motivos, circunstâncias e pressupostos do ato convencional. 
As considerações do preâmbulo não integram a parte compromissiva do tratado mas pode apoiar a interpretação do dispositivo.
Ex.: Convenções da Haia (1899, 1907) sobre o direito da guerra- o preâmbulo lembra que, nas situações ali não regidas, os beligerantes e a população civil estarão “sob a salvaguarda e sob o império dos princípios do direito das gentes, tal como resultam dos usos estabelecidos entre nações civilizadas, das leis de humanidade e das exigências da consciência pública”.
Dispositivo - em linguagem jurídica (não obrigatória para o preâmbulo e anexos). 
Têm o feitio de normas, ordenadas e numeradas como artigos ou cláusulas. 
Anexos - constituem parte do teor compromissivo do tratado. 
Pode ter outro gênero de linguagem — quando não de equações ou fórmulas numéricas, gráficos, ilustrações, lista de produtos químicos, de cereais, de entorpecentes, de espécies da fauna marinha, e muito mais.
EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO
Assinatura. Põe termo a uma negociação autenticando o texto do compromisso e exteriorizando em definitivo o consentimento dos signatários. (Não há ratificação ou gesto confirmatório alternativo.)
O tratado tem vigência imediata — a menos que prefiram diferir a vigência por tempo certo (vacatio legis). 
Acordo Brasil­Colômbia, de assistência recíproca para a prevenção do uso e tráfico ilícitos de substâncias estupefacientes e psicotrópicas: “Art. VIII. O presente Acordo (...) entra em vigor sessenta dias depois da data de sua assinatura. 
Não há retratação possível, a pretexto de que o pacto ainda não entrou em vigor. 
Ratificação: 
Conceito: é o ato unilateral com que a pessoa jurídica de direito internacional, signatária de um tratado, exprime definitivamente, no plano internacional, sua vontade de obrigar­se.
Características. 
O intervalo entre a assinatura e a ratificação era tempo de meditar sobre a qualidade do desempenho negocial do plenipotenciário, e sobre a conveniência de confirmar o pacto.
* Razões para a ratificação:
- reclama o pronunciamento pessoal do chefe de Estado, 
- previne controvérsias acerca de um eventual abuso ou excesso de poder por parte do plenipotenciário, à ocasião da assinatura, 
- desenvolvimento da participação do poder Legislativo na formação da vontade do Estado sobre o comprometimento exterior. 
A ratificação se consuma pela comunicação formal à outra parte, ou ao depositário, do ânimo definitivo de ingressar no domínio jurídico do tratado.
A ratificação — mais que tudo uma comunicação formal de parte a outra — pode consumar­se independentemente da entrega do instrumento escrito, seja porque esta última formalidade deva sofrer algum retardo, seja porque simplesmente reputada desnecessária pelas partes.
O primeiro caso é aquele em que a ratificação é declarada oralmente — num encontro público de chefes de Estado, por exemplo — ou pela via telegráfica, transitando o respectivo instrumento alguns dias mais tarde. O segundo é aquele em que o tratado reclama a confirmação do consentimento, mas não fala em cartas de ratificação, senão em notas diplomáticas com que as partes se informem reciprocamente que, atendidos os pressupostos do direito interno de cada uma delas, pode seu governo dar por firme o compromisso.
Pressupostos constitucionais do consentimento: o sistema brasileiro
A Constituição brasileira de 1988 diz ser da competência exclusiva do Congresso Nacional “resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”, sendo que ao Presidente incumbe “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. A carta não inova por mencionar encargos, etc: não há compromisso internacional que não os imponha às partes, ainda que não pecuniários. A prática recente, alcançando até os primeiros anos do novo século, prova que o governo e o parlamento brasileiros assim entendem: até mesmo tratados bilaterais para a mera dispensa de vistos em passaportes têm sido regularmente submetidos à aprovação do Congresso.
O acordo executivo — se assim chamamostodo tratado internacional carente da aprovação individualizada do Congresso — é uma prática convalidável, desde que, abandonada a ideia tortuosa de que o governo pode pactuar sozinho sobre “assuntos de sua competência privativa. Três categorias de acordos executivos parecem compatíveis com o preceito constitucional: 
- os acordos “que consignam simplesmente a interpretação de cláusulas de um tratado já vigente”,
- os “que decorrem, lógica e necessariamente, de algum tratado vigente e são como que o seu complemento”, e
- os de modus vivendi, “quando têm em vista apenas deixar as coisas no estado em que se encontram, ou estabelecer simples bases para negociações futuras”.
Aprovado o compromisso pelo Congresso Nacional, o presidente do Senado promulga um decreto legislativo, que é publicado no DOU. 
Não se produz este documento quando o Congresso rejeita o tratado.
Um decreto legislativo pode aprovar dois ou mais tratados.
Reservas
É um qualificativo do consentimento.
Define­a a Convenção de Viena como a declaração unilateral do Estado que consente, visando a “excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em relação a esse Estado”.
Não se compreende a reserva a tratado bilateral, onde cada tópico reclama o perfeito consenso de ambas as partes, sem o que a negociação não chega a termo.
No silêncio do texto, vale a disciplina estabelecida pela Convenção de Viena: a reserva é possível, desde que compatível com o objeto e a finalidade do tratado.
Mesmo entre os tratados multilaterais, alguns há que parecem não comportar reservas por sua própria natureza, e independentemente de cláusula proibitiva. É o caso dos pactos institucionais e das convenções internacionais do trabalho.
A responsabilidade pela negociação torna o Executivo, e ele somente, hábil para opor reservas quando da assinatura de um pacto coletivo.
Atento aos limites acaso estabelecidos no tratado que examina, tem o Congresso Nacional o poder de aprová­lo com restrições — que o governo, à hora de ratificar, traduzirá em reservas —, como ainda o de aprová­lo com declaração de desabono às reservas acaso feitas na assinatura — e que não poderão ser confirmadas, desse modo, na ratificação.
Vícios do consentimento.
a) Consentimento viciado pela desobediência ao direito público interno - ilícito praticado pelo poder Executivo quando externa, no plano do direito internacional, um consentimento a que não se encontra constitucionalmente habilitado.
Se incontroversa, porém, sua incompetência para o ato internacional já consumado, e se fluente da lei funda mental a disciplina da matéria, dificilmente o princípio pacta sunt servanda servirá para fazer convalidar, na ordem interna, semelhante afronta ao primado da constituição.
Poucas luzes oferece a respeito a jurisprudência brasileira. Não há notícia de que se tenha diretamente arguido no Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade de tratado à conta da falta de aprovação parlamentar.
A Convenção de Viena consagra a essa questão o seu art. 46: 
“Disposições de direito interno sobre competência para concluir tratados. 
1. Um Estado não poderá invocar o fato de que seu consentimento em obrigar­se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação seja manifesta e diga respeito a uma regra de seu direito interno de importância fundamental. 
2. Uma violação será manifesta caso seja objetivamente evidente, para qualquer Estado que proceder, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa­fé”.
Regra de importância fundamental é, em princípio, a que se exprime na lei maior de todo Estado que possua constituição escrita.
b) Erro, dolo, corrupção e coação sobre o negociador. 
O erro é a hipótese mais recorrente (erro de fato). 
E o erro de maior incidência tem dito respeito a questões cartográficas em tratados de limites. A coação sobre o negociador é algo de que o passado oferece exemplos surpreendentes, à vista da estatura hierárquica da vítima: o Papa Pascoal II, a quem Henrique V do Sacro Império manteve preso por dois meses para forçar a conclusão de uma concordata, em 1111; e Francisco I de França, cativo de Carlos V em Madri até que pactuasse, em 14 de junho de 1526, cedendo a Borgonha à coroa hispânica.
Coação sobre o Estado 
Tal como a coação sobre o negociador, a que se exerce sobre a pessoa jurídica de direito internacional importa nulidade absoluta, nos termos do art. 52 da Convenção de Viena:
“Coação de um Estado pela ameaça ou emprego da força. É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de direito internacional incorporados na Carta das Nações Unidas”.
Exs: Pactos de 1773 e de 1793 (Áustria­Polônia­Prússia­Rússia), sobre a partilha do território polonês, ratificados mediante ocupação militar de Varsóvia e violência contra o parlamento; o de 16 de setembro de 1915 (EUA­Haiti), sobre o controle financeiro do Haiti pelos Estados Unidos, firmado também num quadro de ocupação militar; o de março de 1939 (Alemanha­Tchecoslováquia), submetendo a segunda à soberania da primeira, firmado mediante ameaça do bombardeio de Praga.
ENTRADA EM VIGOR
a) Vigência contemporânea do consentimento. 
Na troca de notas, entendida como método negocial, é corrente que sejam simultâneos o término da negociação, o consentimento definitivo e a entrada em vigor.
b) Vigência diferida.
Nestes outros casos, perfeito que se encontre o vínculo convencional pelo consentimento de ambas as partes — ou de quantas componham o quorum previsto, nos pactos multilaterais —, certo prazo de acomodação flui antes da entrada em vigor.
O TRATADO EM VIGOR
Efeitos sobre as partes
Terá ele a estatura hierárquica de uma lei nacional.
Efeitos sobre terceiros
a) Efeito difuso: as situações jurídicas objetivas. 
Se um acordo de permuta territorial entre os Estados A e B modifica o curso da linha limítrofe que os separa, esta nova situação jurídica objetiva se impõe, indiscriminadamente, aos restantes Estados, ainda que para o só efeito de se inteirarem do que vem a ser, desse momento em diante, a correta cartografia da região.
b) Efeito aparente: a cláusula de nação mais favorecida. Este é o caso em que determinado terceiro sofre consequências diretas de um tratado — geralmente bilateral — por força do disposto em tratado anterior, que o vincule a uma das partes. Tal perspectiva não se esgota no domínio da cláusula de nação mais favorecida, cuja habitual evocação decorre de seu valor didático, a título de exemplo.
Os Estados A e B celebram em 1975 um tratado de comércio em que se concedem favores mútuos, cada um deles prometendo gravar os produtos originários do outro com uma alíquota privilegiada do imposto de importação. Fica estabelecido que, se no futuro um deles vier a tributar com alíquota ainda mais baixa os produtos de outra nação qualquer, o copactuante de agora terá direito imediato a igual benefício. Isto é, em linhas rudimentares, a cláusula de nação mais favorecida. Em 1980, B e C concluem tratado de igual gênero, cujo teor permite saber que
os produtos de C terão, quando importados por B, tratamento tarifário mais brando que o garantido, cinco anos antes, aos produtos de A. Diz­se então que este último, com direitos de nação mais favorecida, recolhe diretamente os efeitos benéficos do tratado B­C, em que ele próprio não é parte. Recolhe­os, porém, pela virtude daquele tratado anterior, em que se inscrevera a cláusula.
c) Previsão convencional de direitos para terceiros. A Convenção de Viena estipula, no art. 36, que mesmo a criação de direitos para um terceiro reclama o consentimento deste, mas lembra que o silêncio faz presumir aquiescência.
d) Previsão convencional de obrigações para terceiros. O sistema de garantia. Se se pretende que um Estado resulte obrigado por um acordo internacional de que não é parte, está naturalmente pressuposto o seu consentimento.“Art. 35. Tratados que criam obrigações para terceiros Estados. 
Uma obrigação surge para um terceiro Estado, de uma disposição de um tratado, se as partes no tratado têm a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição, e o terceiro Estado aceita expressamente por escrito essa obrigação”
Ingresso mediante adesão. 
A adesão é uma forma de expressão definitiva do consentimento do Estado em relação ao tratado internacional. O aderente é, em princípio, um Estado que não negociou nem assinou o pacto — e que assim não pode ratificá­lo —, mas que, tomado de interesse por ele, decide tornar­se parte, havendo­se antes certificado da possibilidade do ingresso por adesão.
A adesão tem por objeto um tratado multilateral.
Por princípio, o Estado aderente não se distingue do Estado ratificante dentro do quadro convencional. Tratados coletivos normalmente se caracterizam pela paridade dos direitos e obrigações das partes, sem privilégio em favor daquelas que, presentes desde a fase negocial, tenham ingressado em seu domínio jurídico mediante ratificação.
Presume­se que a perspectiva de adesão a certo tratado seja disciplinada em seu próprio texto. O silêncio faz supor, à luz da experiência, que se cuida de um compromisso fechado.
Tratados abertos costumam sê­lo em caráter permanente, de modo que não há falar, em princípio, num prazo para adesão.
O consentimento mediante adesão deve exprimir­se num gesto único e definitivo, qual seja a apresentação, ao depositário, da carta ou instrumento representativo da vontade estatal de ser parte no tratado.
Violação. 
A violação substancial de um tratado dá direito à outra parte de entendê­lo extinto, ou de suspender também ela seu fiel cumprimento, no todo ou parcialmente. Se o compromisso é coletivo igual direito têm, em conjunto, os pactuantes não faltosos, e o tem ainda cada um deles nas suas relações com o Estado responsável pela violação.
A Convenção de Viena propõe essa disciplina no art. 60, esclarecendo que por violação substancial deve entender­se tanto o repúdio puro e simples do compromisso quanto a afronta a um dispositivo essencial para a consecução de seu objeto e finalidade.
A Alemanha denunciou em 2005 um tratado preventivo da bitributação que a vinculara ao Brasil por trinta anos. Uma das razões transparentes desse gesto, e a principal segundo seus analistas no Brasil, foi o infiel cumprimento do tratado por parte de agentes do Estado brasileiro no domínio da imposição de tributos.
EXTINÇÃO DO TRATADO
A vontade comum. 
Extingue­se um tratado por ab­rogação sempre que a vontade de terminá­lo é comum às partes por ele obrigadas. 
a) Predeterminação ab­rogatória. 
-> termo cronológico de vigência previsto no texto: O término desse prazo de quantos anos sejam, significa a condição resolutiva, de feitio estritamente temporal.
Ex. Acordo Brasil­Estados Unidos, de 1972, sobre usos civis da energia atômica —, ou para viger até certa data — caso dos tratados anglo­chineses sobre Hong Kong
O tratado pode prever a possibilidade prorrogação da vigência: neste caso, o silêncio importaria sua extinção, somente evitada por novo e expresso consenso entre os pactuantes.
A predeterminação ab-rogatória, no entanto há de ser expressa, ou se entenderá inexistente.
-> extinção de outro tratado — que se considere principal —, a determinar o automático perecimento de convenções ancilares
- > a exaustão operacional do tratado (perfeitos todos os atos de execução previstos pelas partes)
Ex. Firmou­se no Rio de Janeiro, em 27 de agosto de 1927, o Ajuste Brasil­ ­França para a submissão à Corte Permanente de Justiça Internacional, na Haia, do litígio tocante ao modo de pagamento dos empréstimos federais brasileiros. Cumpriram as partes suas obrigações mútuas, e em 1929 a Corte veio a julgar a demanda60. O tratado estava extinto não por caso fortuito, mas porque esgotado o programa operacional que lhe ditaram as partes. 
-> a queda do número de partes.
Ex. Convenção sobre os direitos políticos da mulher (Nações Unidas, Nova York, 1953), no art. 8, § 2: “A presente Convenção deixará de vigorar a partir da data em que surtir efeito a denúncia que reduza a menos de seis o número de partes”. A Convenção sobre a nacionalidade da mulher casada (Nações Unidas, Nova York, 1957), em seu art. 9, § 2, reproduz essa exata linguagem.
b) Decisão ab­rogatória superveniente. 
Não existe compromisso internacional imune à perspectiva de extinção pela vontade de todas as partes. Pouco importa, neste caso, que o texto convencional nada disponha a respeito. Bilateral o tratado, a vontade uniforme de ambas as partes poderá sempre desfazê­lo, ainda que interrompendo o curso de um prazo certo de vigência
Exs. Sem discrepância, os Estados membros da Sociedade das Nações convieram em ab­rogar formalmente seu pacto constitutivo, e o fizeram pelo voto de 18 de abril de 1946 — quase sete anos depois que a organização desmoronou de fato, com o início da segunda grande guerra; e alguns meses após a entrada em vigor da Carta das Nações Unidas. Mediante resolução unânime, de 24 de setembro de 1975, os seis Estados remanescentes na OTASE decidiram dissolver a organização — e, consequentemente, de ab­rogar seu tratado institucional — a 30 de junho de 1977. Nove tratados bilaterais luso­brasileiros, concluídos entre 1951 e 1996, foram expressamente ab­rogados por uma cláusula final (art. 78) do Tratado de amizade, cooperação e consulta que Brasil e Portugal celebraram no quinto centenário do descobrimento (22 de abril de 2000), e que entrou em vigor em 5 de setembro de 2001. 
Ocorre às vezes a previsão, no tratado multilateral, de sua extinção por voto simplesmente majoritário. Havendo essa previsão, entende­se que todas as partes estão antecipadamente acordes em que o tratado deve desaparecer quando a maioria assim achar necessário.
Na falta de uma disposição dessa natureza, nenhum tratado coletivo se ab­roga por maioria.
ex. convenção internacional para a conservação do atum e afins no Atlântico (Rio de Janeiro, 1966), art. 12, § 1: “A presente Convenção permanecerá em vigor durante um período de dez anos, e, findo esse período, até que a maioria das partes contratantes concorde em pôr­lhe um fim”.
Pode dar­se, finalmente, a ab­rogação de um tratado por outro que lhe sobrevenha e que reúna todas as partes.
A vontade unilateral
Pela denúncia, manifesta o Estado sua vontade de deixar de ser parte no acordo internacional.
Tratados imunes à denúncia unilateral: tratados de vigência estática. Não se compreende que a vontade singular de uma das partes possa fazer reverter certo pacto de cessão territorial onerosa, ou de definição da fronteira comum.
Muitos compromissos internacionais facultam a retirada unilateral a todo momento — o que significa que, em tese, pode uma das partes tomar essa atitude logo após a entrada em vigor —, e tudo quanto exigem é o decurso de um prazo de acomodação, no interesse dos copactuantes. Dá­se­lhe correntemente o nome de pré­aviso, embora ele tenha, com mais frequência, o feitio de um prazo de dilação dos efeitos da denúncia: o Estado retirante não previne seus pares de que vai denunciar; ele efetivamente denuncia o tratado, mas só se encontra desobrigado após o curso do período previsto.
Sob o pálio da Convenção de Viena previnem-se os inconvenientes da desobrigação abrupta. Dispondo sobre estas exatas circunstâncias, a Convenção dá como regra geral o pré­aviso de doze meses - Art. 56, § 2.
A denúncia se exprime por escrito numa notificação, carta ou instrumento. Se coletivo o compromisso, a carta de denúncia dirige-se ao depositário, que dela fará saber às demais partes.
Ato retratável: o Estado retirante, no curso do prazo de acomodação, pode voltar atrás e exprime a vontade de permanecer comprometido.
Se a denúncia já viu seus efeitos consumados não há retratação possível. Neste último caso, caberá cogitar do retorno mediante adesão
c- Impossibilidade do cumprimento do tratado
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