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Resumo – Direito Penal II – Josemara Concurso de crimes É a prática, mediante uma ou mais condutas (ação ou omissão), de duas ou mais infrações penais, em um mesmo contexto jurídico. Significa, pois, que todas essas infrações devem ser analisadas em conjunto, o que refletirá na pena a ser imposta em caso de eventual condenação. Concurso aparente de normas O concurso ou conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada à hipótese. Concurso material Previsto no art. 69 do Código Penal, o concurso material, também chamado de concurso real, pressupõe a existência de duas ou mais condutas, acarretando igualmente dois ou mais crimes, que podem ser idênticos ou não. Para que haja o reconhecimento do concurso material, é necessário que haja uma conexão entre os fatos praticados, de modo que entre eles possa haver julgamento em um único processo. Por esse raciocínio, quando o autor pratica um roubo (art. 157, CP) e, dias depois, em diferente contexto, um crime ambiental (Lei n. 9.605 de 1998), entre essas infrações penais não existirá concurso material. Concurso formal O concurso formal (ou ideal) surge quando, com apenas uma conduta, o sujeito ativo comete dois ou mais crimes, Tal qual o concurso material, o concurso formal também pode ser homogêneo (crimes idênticos) ou heterogêneo (crimes diferentes). Ele também se classifica em perfeito (próprio) ou imperfeito (impróprio), o que determinará a adoção de diferentes sistemas de aplicação da pena. No concurso formal perfeito (art. 70, 1ª parte, CP), há desígnio único, isto é, apesar de o agente cometer dois ou mais crimes, a sua intenção não é dirigida a essa pluralidade de resultados criminosos, como ocorre no exemplo já citado dos delitos de trânsito. Falamos em concurso formal imperfeito quando o sujeito ativo atua com desígnios autônomos, ou seja, ele deseja os crimes praticados. Crime continuado Disciplinado no art. 71 do CP, o crime continuado (ou continuidade delitiva) é uma forma de concurso material que, todavia, é tratado como crime único. São requisitos necessários para caracterizar um crime continuado: -Mais de um crime da mesma espécie; - Mais de uma ação; - Necessidade de que os crimes posteriores, levando-se em consideração as condições de tempo, lugar, maneira de execução, dentre outros, sejam considerados como uma continuação do primeiro crime. Crimes da mesma espécie No que se refere a “crimes da mesma espécie”, deve ser ressaltado que existem duas posições: - Primeiro posicionamento: é necessário que os crimes estejam previstos no mesmo tipo legal, sendo admitido ainda que diversas suas modalidades (doloso, culposo, tentado, majorado, qualificado.). - Segundo posicionamento: são crimes da mesma espécie os que protegem o mesmo bem jurídico, embora previstos em tipos diferentes. Assim seriam delitos da mesma espécie o roubo e o furto, pois ambos protegem o patrimônio. Condições semelhantes de tempo, lugar e maneira de execução Tais condições servem para estabelecer a existência de um nexo de continuidade entre os crimes precedentes e subsequentes. No que concerne às CONDIÇÕES DE TEMPO, já decidiu o STF que o distanciamento superior a 30 dias entre uma conduta e aquela que imediatamente a sucede impediria o reconhecimento do crime continuado. Quanto ao modo de EXECUÇÃO, devem ser levados em consideração os métodos utilizados para a prática dos crimes, de forma a possibilitar a identificação de um padrão no modus operandi, não precisa ser idêntica, bastando que seja assemelhada. Princípios relativos às penas - Legalidade: Previsto no art. 5º, XXXIX, da CF, e no art. 1º do CP, o princípio da legalidade não é atinente apenas à incriminação de condutas: também as penas exigem cominação legal, isto é, não há pena sei lei. - Humanidade das penas: impõe o respeito à integridade física e moral do condenado, vedando tratamentos violadores de seus direitos fundamentais. Relativo à dignidade da pessoa humana. - Intranscedência (Personalidade): o princípio impõe que ninguém pode ser penalmente sancionado pela conduta de outrem, porém há exceções, como no descrito no art. 5º, XLV (“...podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”) - Intervenção mínima: O estado só deve intervir pelo Direito Penal quando os outros ramos do Direito não conseguirem prevenir a conduta ilícita. - Insignificância ou Bagatela: Baseia no pressuposto de que a tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico, reconhecendo a “atipicidade do fato nas perturbações jurídicas mais leves.” - Culpabilidade: Só será penalizado quem agiu com dolo ou culpa cometeu um fato atípico e antijurídico. Reincidência Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Comete a reincidência o sujeito que comete crime depois de ter sido definitivamente condenado por outro crime. Isso justifica que uma segunda pena deva ser mais grave. Não importa o tipo de pena, ou se houve substituição dela, o importante é que exista uma condenação definitiva anterior. É considerado o réu primário o sujeito que – Comete crime pela primeira vez; – Já cometeu, mas que não foi definitivamente condenado; – Já cometeu crime, foi condenado, mas o novo crime ocorreu antes da condenação definitiva; – Já cometeu, já foi condenado e já se passara mais de 05 anos após a extinção da punibilidade. Observações: Se o agente pratica um crime, depois de ter sido condenado definitivamente por contravenção, não há a reincidência. Se o agente pratica contravenção no Brasil, depois de ter sido condenado por outra contravenção no exterior, não há a reincidência. Espécies de reincidência Real – O agente comete novo crime depois de ter cumprido a pena; Presumida – o agente comete novo crime depois da condenação definitiva, independentemente de já ter cumprido a pena. Genérica – Os crimes podem ser diversos; Específica – Os crimes devem ser iguais (Adotada pelo CP). Extinção da punibilidade Se a causa da extinção de punibilidade se deu antes do trânsito em julgado da sentença, não há reincidência; Isso ocorre, por exemplo, no caso de prescrição do direito de punir, pois não há condenação definitiva.Mas, se a causa da extinção da punibilidade for posterior à condenação, então há reincidência.
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