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TOXICODINÂMICA Toxicodinâmica Ação do agente tóxico sobre o organismo; O agente tóxico interage com os receptores biológicos no sítio de ação e desta interação resulta o efeito tóxico. Toxicocinética Toxicodinâmica Dose do agente químico administrada Resposta Tóxica Agente Químico no Local de ação Relaciona a dose-externa com a quantidade enviada ao órgão-alvo Biodisponibilidade - Depuração Meia-vida - Acúmulo Relaciona a dose-interna com a resposta do órgão-alvo Ativação - Destoxificação Citoproteção - Homeostase Meia-vida (t1/2) É o tempo gasto para que a concentração plasmática ou a quantidade de um determinado xenobiótico no organismo seja reduzida em 50%. Depuração (Clearance) É o processo pelo qual o agente químico é removido permanentemente da circulação, por biotransformação ou excreção. CL = taxa de eliminação do agente químico Concentração plasmática Local de exposição: pele, trato GI, trato respiratório, placenta Toxicante Molécula-alvo (proteína, lipídio, ácido nucléico e macromoléculas) ou sítio- alvo de ação Toxicante Final Absorção Distribuição para o alvo Ativação Eliminação pré-sistêmica Excreção Destoxicação A L C A N C E Processo de alcance do toxicante no sítio-alvo de ação Inibição irreversível de enzimas Inseticidas organo-fosforados inibem irreversivelmente a acetilcolinesterase (AChE). Impedem que a acetilcolina (Ach) seja degradada em colina e ácido acético, após transmitir o impulso nervoso através da sinapse. Acúmulo de Ach os efeitos tóxicos decorrentes deste acúmulo. Inibição reversível de enzimas Anti-metabólitos quimicamente semelhantes ao substrato normal de uma enzima. AT é captado pela enzima não consegue ser transformado por ela interrompe reações metabólicas essenciais para o organismo. O próprio organismo ao final da exposição é capaz de revertê-la, em velocidade não muito lenta. Interferência com a neurotransmissão Inibição enzimática ATs atuam nos neurotransmissores pré-sináptico, sináptico e/ou pós-sináptico Ex.: Bloqueio na síntese ou metabolismo de neurotransmissores (mercúrio) Inibição da liberação pré-sináptica dos neurotransmissores (toxina botulínica - Clostridium botulinum) Estimulação da liberação de neurotransmissores (anfetamina) Seqüestro de metais essenciais Vários metais atuam como cofatores em vários sistemas enzimáticos, como por exemplo os citocromos, envolvidos nos processos de oxi- redução: Fe, Cu, Zn, Mn e Co Alguns ATs podem atuar como quelantes ligam ou sequestram os metais impedem que eles atuem como cofatores enzimáticos. Interferência com o transporte de oxigênio Hemoglobina (Hb) constituída de uma parte protéica (globina) e outra não protéica (heme- Fe2+ ligada a quatro moléculas de protoporfirina) Ferro 6 valências restam ainda 2 uma é ligada à globina formando a hemoglobina outra (a 6a) é ligada ao O2 (HbO2) Ação mutagênica e carcinogênica ATs alterarem o código genético se ocorrer em células germinativas efeito mutagênico. Teratogênese ação tóxica de xenobióticos sobre o sistema genético de células somáticas do embrião/feto desenvolvimento defeituoso ou incompleto Interferência com as funções gerais das células - Interferência com o transporte de oxigênio e nutrientes para as células AT se acumula na membrana impede passagem destes nutrientes Irritação direta dos tecidos ATs reagem quimicamente no local de contato irritação, efeitos cáusticos ou necrosantes Pele, mucosas do nariz, boca, olhos, garganta e trato pulmonar Ex.: gases irritantes (NO2, Cl) e lacrimogênicos (Br, Cl) Mecanismos de Toxicidade Estágios no desenvolvimento da toxicidade: 2. Alteração do ambiente biológico - Compostos químicos podem adquirir características estruturais e reatividade por biotransformação, que permite uma interação mais eficiente com receptores e enzimas. - Esse aumento de reatividade pode ser devido à conversão em (1) eletrófilos; (2) radicais livres; (3) nucleófilos; ou (4) reagente redox-ativo. Estresse Oxidativo • Proteínas • Ácidos nucléicos • Lipídeos • Carboidratos Tioredoxina redutase O que são radicais livres? • São átomos ou moléculas altamente reativos com elétrons desemparelhados, ou seja, contém número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica. Redução do oxigênio • EROs= 3 a 5 % do O2 consumido Oxigênio Superóxido Peróxido de hidrogênio Radical hidroxila Dano celular induzido por EROS Dano mitocondrial Dano às proteínas Peroxidação lipídica Dano às membranas Dano ao DNA Inchaço celular Aumento da permeabilidade Influxo massivo de Ca+ PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA Iniciação Propagação Degadação Terminação Malondialdeído Peróxido lipídico degradado Peróxido lipídico Dano em proteínas • Prolina, arginina, histidina, cisteína e metionina são particularmente suscetíveis; • Alterações conformacionais nas proteínas (inativação) Alteração de bases do DNA • 8-hidroxiguanina como marcador de dano oxidativo; • Alteração de bases (mutação); • Quebra da fita do DNA. Guanina 8-hidroxiguanina Antioxidantes Radical livre Compartimentalização das defesas antioxidantes Glutationa perxidase glutationa peroxidase + GSH Compartimentalização Citoplasma Mitocôndria Sequestro de Fe Bicamada lipídica de todas as membranas celulares Vitamina E + β-caroteno Superóxido Dismutase Superóxido Peróxido de hidrogênio Superóxid o dismutase Catalase Peróxido de hidrogênio (peroxissomos) Glutationa (GSH) e Glutationa peroxidase Glicina Cisteína Glutamato Glutationa dissulfeto Glutationa peroxidase Ciclo redox da glutationa Via das Pentoses fosfato Glutationa peroxidase Glutationa redutase 2. Reação do toxicante com a molécula alvo Tipos de reação: - Reação não-covalente - Reação covalente - Abstração de hidrogênio - Transferência de elétrons - Reações enzimáticas 3. Disfunção celular e toxicidade resultante - Desregulação da expressão gênica - Desregulação da atividade celular - Depleção de ATP - Aumento prolongado de cálcio intracelular - Apoptose - Necrose 4. Reparo ou falha no reparo - Reparo molecular (proteínas, lipídeos, DNA) - Reparo celular - Reparo tecidual Exemplo: Biomarcadores Entrada do agente tóxico ou poluente no sistema Alterações fisiológicas nos organismos levando à morte Variações populacionais Alteração na constituição das comunidades Ecossistema afetado N íveis d o s efeito s eco to xico ló gico s d e u m a su stân cia BIOMARCADORES Avaliação da exposição à substâncias químicas + Conhecimento dos efeitos à saúde • Avaliar o RISCO da população exposta • Fixação de NORMAS AMBIENTAIS p/ um contaminante químico • Observações clínicas em indivíduos expostos (geralmente ocupacional) • Experimentos com animais• Estudos epidemiológicos (dificuldade de se determinar efeitos de exposição à uma única substância - não deve ser base das decisões regulamentares) Avaliação da exposição aos contaminantes químicos • Detecção precoce: prevenção • Monitorização da exposição ambiental: 1. Definir níveis permissíveis de exposição que não causem efeitos adversos 2. Avaliar regularmente os riscos associados à estes limites permissíveis Monitorização Ambiental • Rotina de avaliação de parâmetros ambientais, com a finalidade de detectar riscos à saúde 1. Medida da concentração do agente químico em amostras ambientais 2. Medida de parâmetros biológicos (Bioindicadores e Biomarcadores) Monitorização Biológica • Para a avaliação biológica da exposição à substâncias químicas é necessário conhecer o mecanismo e ação e/ou a toxicocinética dos agentes químicos: – Como a substância é absorvida por diferentes vias – Distribuição no organismo – Biotransformação – Eliminação – Acumulação – Toxicodinâmica Biomarcador • Compreende toda substância ou seu produto de biotransformação, assim como, qualquer alteração bioquímica precoce, cuja determinação nos fluidos biológicos, tecidos ou ar exalado, avalie a intensidade da exposição e o risco à saúde. Seleção e avaliação de biomarcadores Para que uma substância química, seu metabólito ou uma alteração biológica sejam validados e/ou propostos como bioindicadores é desejável que o mesmo apresente as seguintes características: • A quantificação do indicador deve: – Refletir a interação (qualitativa ou quantitativa) do sistema biológico com a substância química – Ter conhecida e apropriada sensibilidade e especificidade para a interação – Ser reprodutível qualitativamente e quantitativamente Seleção e avaliação de biomarcadores • Estar contido em um meio biológico acessível de análise, considerando a necessidade de manuseio da integridade da amostra entre a coleta e o procedimento analítico, e de preferência não ser invasivo. • Exatidão e precisão na medição analítica. • Conhecer os valores normais do indicador (em populações não expostas) assim como variações intra e interindividuais. Aplicação dos bioindicadores • Avaliação da exposição (quantidade absorvida ou dose interna) • Avaliação dos efeitos das substâncias químicas • Avaliação da susceptibilidade individual Aplicação dos bioindicadores • Sua utilização pode ter como finalidade elucidar a relação dose-efeito na avaliação de risco ou p/ fins de monitorização ambiental quando realizada de forma sistemática e periódica. Classificação dos biomarcadores • Biomarcadores de exposição: confirmar e avaliar a exposição individual ou de um grupo, para uma substância em particular estabelecendo uma ligação entre a exposição externa e a quantificação da exposição interna. Classificação dos biomarcadores • Biomarcadores de efeito: documentar as alterações pré-clínicas ou efeitos adversos à saúde decorrentes da exposição e absorção da substância química. Contribui para a definição da relação dose-resposta. • Biomarcadores de susceptibilidade: permitem elucidar o grau de resposta da exposição provocada nos indivíduos. Biomarcadores de exposição (ou dose interna) • Estima a dose interna, através da determinação da substância química ou de seu produto de biotransformação em fluídos biológicos quando a toxicocinética é bem conhecida. • Refletem a distribuição da substância química ou seu metabólito através do organismo (dose interna). • Obs.: Dose externa: concentração da substância química no ambiente em contato com o organismo. O termo dose interna pode abranger: • A quantidade da substância absorvida a curto, médio e longo prazo dependendo da meia vida da substância. • Quantidade armazenada em um ou vários compartimentos do organismo ou distribuído por todo organismo • Quantidade da substância ligada ao sítio alvo ou biodisponível para interagir. • Para a escolha do biomarcador é necessário conhecimento do comportamento cinético do agente químico presente no ambiente, bem como do tempo de permanência da substância química no organismo para a escolha do momento ideal para a coleta. Biomarcadores de efeito • Mede uma alteração biológica em um estágio ainda reversível (ou precoce), quando ainda não apresenta agravo à saúde. • Esta estratégia é baseada na identificação das alterações bioquímicas precoces e reversíveis que são indicadores sensíveis e específicos de uma resposta do organismo à exposição. • Para a ação preventiva de uma exposição excessiva (ou que provoca danos à saúde), o efeito biológico medido, que é um biomarcador, tem que ser, necessariamente, um efeito não adverso. • Dentre os indicadores biológicos de efeito tem-se: – carboxiemoglobina, –atividade da enzima colinesterase eritrocitária, –níveis de enzimas e intermediários da biossíntese do HEME, de proteínas na urina etc. • Cada um apresenta características diferentes segundo a sua especificidade. Colinesterases: Atividade das enzimas colinesterase eritrocitária e colinesterase plasmática Indivíduos expostos aos inseticidas organofosforados e/ou carbamatos Diagnóstico e tratamento das intoxicações. Inibição da colinesterase Enzima delta aminolevulinato desidratase (ALA-D) nos eritrócitos: • Sensível à inibição pelo chumbo: –Em uma concentração de chumbo na faixa de 5 a 40 mg/dL já é possível observar uma correlação negativa entre a atividade da ALA-D e o Pb. –Representa um adequado indicador de efeito para exposição ambiental ao chumbo. Inibição da ALAD por Pb Ácido delta aminolevulínico (ALA) na urina: • Devido à inibição da ALA-D pelo chumbo, o ALA se acumula nos tecidos e é excretado em grande quantidade na urina. • No entanto, este biomarcador apresenta correlação com concentrações de Pb acima de 40ug/dL, mostrando uma sensibilidade diferente da enzima. • É considerado mais adequado para avaliar a exposição ocupacional a este metal. Aumento nos níveis de Metalotioneínas • É composta de uma única cadeia de aminoácidos dos quais 20 são cisteínas, que representam em torno de 30% do total de aminoácidos. Regulação transcricional dos genes da MT Carboxiemoglobina (COHb): • A COHb, apesar de ser um biomarcador de efeito, apresenta uma correlação muito significativa com a exposição ambiental ao monóxido de carbono, e reflete a dose interna deste toxicante ligado ao tecido alvo; Biomarcadores de genotoxicidade • Técnicas sensíveis baseadas em métodos físico-químicos ou imunoquímicos para a detecção de uma variedade de substâncias conhecidas como carcinogênicas. • Entre estas estão incluídas as aflatoxinas, os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, as aminas aromáticas, e os praguicidas. Biomarcadores de hepatoxicidade • Os efeitos de substâncias químicas no fígado têm sido estimados tradicionalmente por determinação da atividade de várias enzimas, como, por exemplo: – aminotransferases, – álcool desidrogenase, – lactato desidrogenase, – glutationa-S-transferase, – entre outras. • A hepatotoxicidade é causada por várias substâncias químicas que são metabolizadas pelo Sistema Citocromo P-450 a intermediários reativos. • As biomarcadores de efeito podem incluir também níveis de glutationa, peroxidação lipídica ou número de células necrosadas. Biomarcadores de nefrotoxicidade • Estes têm sido classificados como:– marcadores funcionais (por exemplo, creatinina sérica e uréia); – proteínas de baixo ou alto peso molecular (por exemplo, albumina, transferina, globulinas); – marcadores de citotoxicidade; – enzimas urinárias. Biomarcadores de neurotoxicidade • Efeitos neurotóxicos se iniciam tardiamente, após exposições prolongadas ou mesmo após um período de latência após terminada a exposição. Enfoque neurofisiológico • Estudo da condução nervosa, o eletroencefalograma etc. • É bastante útil no diagnóstico de desordens neurológicas, mas a utilização destes parâmetros na identificação dos efeitos neurológicos iniciais é ainda pouco estabelecida e por isso apresenta um baixo valor preditivo. Enfoque neurocomportamental • Métodos para avaliar alterações de funções cognitiva (aprendizagem e memória) são utilizados em indivíduos expostos a solventes e metais pesados. • Em relação aos testes neurocomportamentais, estes podem estar alterados por motivos outros que não por ação de um xenobiótico. Enfoque neuroquímico • No enfoque neuroquímico: os eventos bioquímicos precedem as alterações estruturais e danos permanentes ao SNC. • Principal limitação: inacessibilidade do tecido alvo. • Utilização de tecidos mais acessíveis para determinar indicadores “substitutos” daqueles localizados no tecido nervoso. • Alguns parâmetros bioquímicos e moleculares, semelhantes aos envolvidos na ação tóxica sobre o SNC, podem estar presentes em tecidos mais acessíveis (fluído cerebro-espinhal, sangue, plasma e células sangüíneas). Alguns destes parâmetros são: – Receptores: Receptores da Acetilcolina em linfócitos; Receptores em plaquetas – Enzimas: Acetilcolinesterase eritrocitária; MAO – tipo B em plaqueta; Dopamina Beta hidoxilase no soro – Sistema de recaptação: serotonina em plaquetas – Transdução do sinal nervoso: Concentração de cálcio intracelular; Biomarcadores de susceptibilidade • A predisposição genética, além de fatores externos, tais como idade, dieta, estilo de vida, podem influenciar/afetar a suscetibilidade de indivíduos expostos a substâncias químicas. • Os biomarcadores de suscetibilidade podem refletir fatores genéticos ou adquiridos que influenciam na resposta do organismo a uma determinada exposição química. • Identificam aqueles indivíduos na população que têm uma diferença genética ou adquirida na suscetibilidade para os efeitos da exposição a substâncias químicas. • Indicam quais os fatores podem aumentar ou diminuir um risco individual no desenvolvimento da resposta do organismo decorrente da exposição aos agentes químicos ambientais. Biomarcadores de suscetibilidade para alguns agentes químicos
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