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Apostila Tópicos Especiais

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CURSOS DE PEDAGOGIA E ADMINISTRAÇÃO
TÓPICOS ESPECIAIS: ÉTICA E CIDADANIA 
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Faculdade Internacional Signorelli
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - CIDADANIA CONCEITUAL ...............................................................5
AULA 1: ANTIGUIDADE CLÁSSICA - GRÉCIA E ROMA .........................................6
 1 O que você entende por ética na antiguidade? ...............................................6
 2 Ética na antiguidade clássica ...........................................................................8
AULA 2 - ANTROPOCENTRISMO, REVOLUÇÃO INGLESA E 
 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ..................................................................10
 1 O que você entende por antropocentrismo, Revolução 
 Inglesa e Revolução Industrial? .....................................................................10
 2 A ética na modernidade .................................................................................11
AULA 3 - INDEPENDÊNCIA EUA E REVOLUÇÃO FRANCESA............................13
 1 O que você entende por Revolução Francesa? ............................................13
 2 O princípio ético .............................................................................................14
UNIDADE 2 - CIDADANIA CONTEMPORÂNEA I .................................................19
AULA 4 - BRASIL: DA PRIMEIRA REPÚBLICA AO ESTADO NOVO ....................20
 1 O que você entende por ética no Brasil? .......................................................20
 2 Ética na política ..............................................................................................21
AULA 5 - BRASIL PÓS-30, A ERA VARGAS ..........................................................23
 1 O que você entende por ética na antiguidade? .............................................23
 2 A ética no espaço público ..............................................................................24
AULA 6 - BRASIL: DO PÓS-GUERRA À ATUALIDADE .........................................25
 1 O que você entende por ética no pós-guerra? ..............................................25
 2 Ética no pós-guerra ........................................................................................26
UNIDADE 3 - CIDADANIA CONTEMPORÂNEA II ................................................32
AULA 7 - A VIA PARA O NEOLIBERALISMO, O CONTEXTO 
 INTERNACIONAL ..................................................................................33
 1 O que você sabe sobre ética da responsabilidade? ......................................33
 2 Ética da responsabilidade ..............................................................................34
AULA 8 - BRASIL ANOS 80 – A LUTA PELA REDEMOCRATIZAÇÃO ...................36
 1 O que você sabe sobre a redemocratização? ...............................................36
 2 Ética e luta por redemocratização .................................................................37
AULA 9 - BRASIL NO ANOS 90 – CIDADANIA E DEMOCRACIA. ........................39
 1 O que você entende por cidadania e democracia no Brasil 
 nos anos 90? .................................................................................................39
 2 Código de Ética ..............................................................................................40
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Faculdade Internacional Signorelli
UNIDADE 4 - ESTADO GLOBALIZADO E CIDADANIA .......................................44
AULA 10 - GLOBALIZAÇÃO E PÓS-MODERNIDADE: ESTADO 
 GLOBALIZADO E CIDADANIA .............................................................45
 1 O que você entende sobre Estado globalizado e cidadania? ........................45
 2 Ética na globalização .....................................................................................47
AULA 11 - DESAFIOS GLOBAIS E VELHAS QUESTÕES ....................................48
 1 O que você sabe sobre desafios da ética global? .........................................48
 2 Ética moderna ................................................................................................49
AULA 12 - DESAFIOS GLOBAIS E NOVAS QUESTÕES ......................................51
 1 O que você entende por desafios globais ......................................................51
 2 Novas questões éticas ...................................................................................52
REFERÊNCIAS ......................................................................................................58
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Faculdade Internacional Signorelli
PALAVRAS DO PROFESSOR
O autor é mestre em Teologia Sistemática pela PUC-Rio, bacharel e licen-
ciado em Filosofia pela mesma instituição. Pós-Graduado em Sociologia e 
Educação a Distância. Atualmente leciona na graduação de Pedagogia e 
Administração da Faculdade Internacional Signorelli.
Prezado estudante,
Este material é referente à disciplina Tópicos Especiais: Ética e Cidadania, constante 
nas estruturas curriculares dos Cursos de Administração e Pedagogia.
Essa disciplina é constituída de 40 horas-aula, divididos em 4 (quatro) Unidades, sendo 
12 aulas.
Esta disciplina buscará trabalhar, essencialmente, os conhecimentos teórico-práticos 
relativos aos principais conceitos e institutos da ética e cidadania.
É importante salientar que o estudante necessita, para uma formação completa, adquirir 
conhecimentos nas áreas éticas. Graças ao slogan infeliz, um anúncio de cigarros ampla-
mente divulgado na década de 70 tornou-se a melhor (e a pior) tradução da malandragem 
brasileira. O jogador Gerson, da seleção tricampeã de futebol, foi o garoto-propaganda que 
proferiu a sentença: “O importante é levar vantagem em tudo”. Nascia assim a chamada “Lei 
de Gerson”, símbolo de uma postura que legitima o individualismo e estabelece como valor 
socialmente aceitável a noção de que devemos priorizar nossos próprios interesses em de-
trimento do coletivo.
A História do Brasil está repleta de casos afins. Nos anos 60, por exemplo, ganhou fama 
a política do “rouba mas faz”, atribuída ao então governador paulista Adhemar de Barros. Na 
prática, o lema significa que as obras públicas necessárias seriam realizadas – ainda que com 
o custo extra da comissão embolsada pelos governantes. E como esquecer o escândalo do 
Mensalão, que gerou uma CPI e um dos maiores julgamentos de nossa história?
Para finalizar essa nossa conversa inicial, vale destacar o nosso compromisso com o 
perfil esperado para o egresso, segundo as Diretrizes Curriculares estabelecidas para o cur-
so, pelo Conselho Nacional de Educação, através do desenvolvimento das competências e 
habilidades propostas no PPC (Projeto Pedagógico do Curso).
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CIDADANIA CONCEITUAL
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Prezado estudante, 
Nessa unidade estudaremos os aspectos históricos dos conceitos de cidadania e éti-
ca. Tem surgido à preocupação com a instauração de um estado ético, para contrapor-se a 
toda uma desordem moral que parece ser a tônica desse final de século. Ética aqui funciona 
como um paradigma de caráter, modo correto de serem, os valores de um ser. Os tratados 
de sociologia nos trazem ética como teoria ou ciência do comportamento moral dos homens 
em sociedade.
AULA 1: ANTIGUIDADE CLÁSSICA - GRÉCIA E ROMA
 ObjetivO
 ▪ Proporcionar a reflexão sobre a ética, enquanto disciplina filosófica que estabelece 
os fundamentos e a validade das normas morais e dos juízos de valor concernentes 
às coisas, aos fatos e às ações humanas.
1 O QUE VOCÊ ENTENDE POR ÉTICA NA ANTIGUIDADE?
Os antigos gregos falam de ética como a procura de umavida moralmente boa. Segun-
do Immanuel Kant, a ética fundamenta-se no dever moral o que significa um ato motivado 
somente por um dever moral. No campo da finalidade, vemos que a ética tem como objetivo 
traçar normas à vontade, na sua inclinação para o bem. Assim, ética trata do uso que o ho-
mem deve fazer da sua liberdade para atingir seu fim último.
Nas relações humanas, a ética precisa ser vista como uma faculdade moral, em que o 
ser humano torna-se um sujeito ético ou moral. A partir da percepção concreta, graças a uma 
faculdade ou senso, do ponto de vista moral, a pessoa percebe imediatamente a diferença 
entre o certo (o bem) e o errado (o mal). Se for um ser livre, iluminado pelo direito natural, 
ele abraçará o primeiro, desprezando o outro.
A história humana nos mostra que a ética sofreu, no decurso dos tempos, algumas 
modificações, a ponto de o que foi ético há séculos não o seria hoje. As mudanças culturais 
influenciaram, de certa forma, sobre alguns princípios éticos. De todo conjunto, entretanto, 
permanece uma base, buscada na natureza, no direito natural ou nas leis sagradas.
Hoje, por exemplo, temos situações sociais e contextos humanos bem diversos, sujeitos 
à imposição da moda, de costumes e modelos sociais em permanentes mudanças. Preocupa-
do com a busca do lucro e da produtividade, o homem do século XX exilou a ética das suas 
discussões de vida, e por isso está pagando um preço elevadíssimo, assistindo à hipertrofia 
de valores materiais - que se transformam em antivalores - bem como à atrofia dos valores 
éticos, com desequilíbrio vital grave.
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A ética foi entendida como um bem absoluto. Falava-se em ética profissional como um 
dogma. O código de ética dos médicos, advogados, contadores e demais profissionais nos 
levava a imaginar pessoas entregando-se ao sacrifício de suas vidas, para não trair a ética 
de sua classe e o juramento de sua profissão.
Hoje não é bem assim. O próprio direito reduz a moral a um “mínimo ético”; ou seja, 
indispensável. Hoje é de certo modo comum escutarmos políticos afirmarem que o princípio 
ético que movia sua atuação era: é feio perder. Nesse modo de pensar vê-se todo um modelo 
social ligado não à ética, mas à chamada “Lei de Gerson”, pela qual “é preciso levar vantagem 
em tudo”, custe o que custar. Mesmo que, para obter esse sucesso, arranhe-se ou enterre-se 
os mais elementares princípios da ética.
Parece desnecessário dizer que toda a crise sociopolítica do Brasil tem sua gênese a 
partir de uma enorme crise de ética. Por causa de um comportamento moral conflituoso, com 
tendências individualistas, surgem conseqüências incontroláveis que, aliadas à impunidade, 
fazem alastrar-se progressivamente, nos mais estratégicos setores da nação, um caos sem 
precedentes.
Todo o problema moral, social e político do Brasil nasce a partir de uma quase total falta 
de ética. A ética profissional, que encantou as gerações passadas, como guardiã da moral, 
hoje converteu-se num corporativismo, em que, para não revelar atos, muitas vezes ilícitos 
ou duvidosos, pessoas ou entidades invocam essa ética para encobrir aqueles atos, em de-
trimento da justiça e do direito da coletividade. Essa distorção da ética tem levado grupos a 
confundir lei com justiça, bem individual com bem comum, direito com moral.
A caminhada até a ética precisa percorrer alguns estágios de entendimento. Dentre eles 
situa-se a conceituação de bem e de valor. Se ética é bom comportamento moral, voltado 
para a vivência do bem como valor máximo, para entrarmos no campo da moral é necessário 
estudarmos os conceitos intermediários
 Aristóteles, em sua obra, Ética a Nicômaco, conceitua o bem, aquilo que é bom como 
uma aspiração universal de todos os seres. Nos tempos modernos, nenhuma classe social 
aceita como bom aquilo que entra em contradição com seus interesses sociais. Por isso, o 
bom (ou o bem), para uma determinada classe, num mesmo grupo social ou sociedade, pode 
resultar em algo danoso para a outra. Nota-se que as idéias de bem e mal variam de acordo 
com as diferentes tendências morais de cada época.
Levando em conta a aspiração comum dos homens de alcançarem o bem, por consi-
derá-lo o valor moral fundamental, embora sempre de acordo com as aspirações concretas 
em cada época e em cada sociedade, existem concepções médias que definem o bom como 
felicidade, prazer, boa vontade, utilidade.
As ideologias modernas alimentam seus valores. O que é aceito como bem para uma 
facção, pode ser entendido como mal pela outra. Por ideologia entende-se aqui uma forma 
de expressão ou pensamento de um determinado grupo em certo período histórico.
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Dessa multiplicidade de formas de sentir o bem, a sociedade pluralista vai segmentando-
se, e cada um de seus grupos pensando aprisionar o maior número possível de verdades, 
resultando o confronto e, não raro, o conflito.
Na iminência do conflito, os pensadores modernos foram buscar juízos medianos entre 
os comportamentos e aspirações sociais, a que chamaram de bem comum, que é a base 
de toda a convivência humana. Nessa conformidade o bem é um valor. O ato moral perfeito 
busca ser a realização do bem. Um ato moral positivo torna-se um ato axiologicamente rico.
2 ÉTICA NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA
Historicamente, a idéia de Ética surgiu na antiga Grécia, por volta de 500-300 a.C, através 
das observações de Sócrates e seus discípulos. A ética surge na Grécia, quando os filósofos 
de cultura ocidental apontam suas teorias aos contemporâneos dos mistérios do universo e 
das forças cósmicas (cosmogonia), para a essência moral e o caráter dos indivíduos, então 
o homem passa a ser objeto de pesquisa, iniciando a temática do discurso moral e político 
como forma de enquadramento social. Essa tendência movimenta o mundo das ideias, que, 
percorre em diversos períodos na visão de filósofos até os dias atuais. 
Sócrates (470-399 a.C.) considerou o problema ético individual como o problema filosófico 
central e a ética como sendo a disciplina em torno da qual deveriam girar todas as reflexões 
filosóficas. Para ele ninguém pratica voluntariamente o mal. Somente o ignorante não é vir-
tuoso, ou seja, só age mal, quem desconhece o bem, pois todo homem quando fica sabendo 
o que é bem, reconhece-o racionalmente como tal e necessariamente passa a praticá-lo. Ao 
praticar o bem, o homem sente-se dono de si e consequentemente é feliz. 
A virtude seria o conhecimento das causas e dos fins das ações fundadas em valores 
morais identificados pela inteligência e que impelem o homem a agir virtuosamente em dire-
ção ao bem. 
Platão (427-347 a.C.) ao examinar a idéia do Bem a luz da sua teoria das ideias, subor-
dinou sua ética à metafísica. Sua metafísica era a do dualismo entre o mundo sensível e o 
mundo das ideias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, que constituíam a verdadeira 
realidade e tendo como cume a idéia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo. 
Aristóteles (384-322 a.C.), não só organizou a ética como disciplina filosófica, mas além 
disso, formulou a maior parte dos problemas que mais tarde iriam se ocupar os filósofos morais: 
relação entre as normas e os bens, entre a ética individual e a social, relações entre a vida 
teórica e prática, classificação das virtudes, etc. Sua concepção ética privilegia as virtudes 
(justiça, caridade e generosidade), tidas como propensas tanto a provocar um sentimento de 
realização pessoal àquele que age quanto simultaneamente beneficiar a sociedade em que 
vive. A ética aristotélica busca valorizar. a harmonia entre a moralidade e a natureza humana, 
concebendo a humanidade como parte da ordem natural do mundo sendo, portanto uma ética 
conhecida como naturalista.9
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Na Idade Média, os valores éticos são marcados pela influência da religião católica e 
suas doutrinas. O cristianismo que se tornou a religião oficial de Roma a partir do século IV, 
sobreviveu ao fim do império e ganhou força sobre as ruínas da sociedade antiga imperou 
seu domínio por dez séculos. Neste período a igreja enriqueceu e manteve um forte domínio 
sobre o modo de pensar fazendo com que o teocentrismo passasse a definir as formas de 
ver e sentir, contribuindo para a formação ética medieval. 
Para a ética cristã medieval a igualdade só podia ser espiritual ou no futuro para um mundo 
sobrenatural e a mensagem cristã tinha um conteúdo moral, não havendo proposta por uma 
igualdade real dos seres humanos. Com isto, a ética cristã procura regular o comportamento 
dos humanos com vistas ao outro mundo, sendo o valor supremo encontrado em Deus. 
Santo Agostinho (354-430) fundamentou a moral cristã, com elementos filosóficos da 
filosofia clássica. O objetivo da moral é ajudar os seres humanos a serem felizes, mas a 
felicidade suprema consiste num encontro amoroso do homem com Deus. Só através pela 
graça de Deus podemos ser verdadeiramente felizes. 
São Tomás Aquino (1225-1274). No essencial concorda com Santo Agostinho, mas 
procura fundamentar a ética tendo em conta as questões colocadas na antiguidade clássica 
por Aristóteles. 
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AULA 2 - ANTROPOCENTRISMO, REVOLUÇÃO INGLESA E 
 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 ObjetivO
 ▪ Apresentar os fundamentos dos valores éticos e morais concernentes ao processo 
histórico e antropocêntrico.
1 O QUE VOCÊ ENTENDE POR ANTROPOCENTRISMO, REVOLUÇÃO 
 INGLESA E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL?
O pensamento moderno reduz o homem à razão. A ética doutrinante deste século é a 
ética moderna. Aqui neste período, a ética se caracteriza pelo contraste à ética Teocêntrica e 
Teológica da Idade Média. A ética moderna surge com a sociedade que sucede a sociedade 
feudal da Idade Média, moldada pelas consequências da Reforma Protestante que provoca 
um retorno aos princípios básicos da tradição cristã, porém o individuo passa a ter respon-
sabilidades, tomadas como mais importantes que obediências aos ditames religiosos e a au-
toridades e costumes, assim, com essa transformação, em varias ordens, leva o surgimento 
da ética moderna. 
Neste período ocorrem mudanças na Ciência, na Política, na Economia, na Arte e princi-
palmente na Religião, onde se transfere o centro de Deus para o homem que passa a adquirir 
um valor pessoal, que acabará por apresentar-se como o absoluto, ou como o criador ou 
legislador em diferentes domínios, incluindo nestes a moral.
René Descartes (1596-1650), simboliza toda a fé que a Idade Moderna deposita na razão 
humana. Só ela nos permitiria construir um conhecimento absoluto. Em termos morais mos-
trou-se, todavia muito cauteloso. Neste caso reconheceu que seria impossível estabelecer 
princípios seguros para a ação humana. Limitou-se a recomendar uma moral provisória de 
tendência estóica: O seu único princípio ético consistia em seguir as normas e os costumes 
morais que visse a maioria seguir, evitando deste modo rupturas ou conflitos. 
John Locke (1632-1704), parte do princípio que todos os homens nascem com os mesmos 
direitos (Direito á Liberdade, à Propriedade, à Vida). A sociedade foi constituída, através de 
um contrato social, que visava garantir e reforçar estes mesmos direitos. Neste sentido, as 
relações entre os homens devem ser pautadas pelo seu escrupuloso respeito. 
David Hume (1711-1778), defende que as nossas ações são em geral motivadas pelas 
paixões. Os dois princípios éticos fundamentais são a utilidade e a simpatia. 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), concebe o homem como um ser bom por natureza 
(mito do “bom selvagem) e atribui a causa de todos os males à sociedade e à moral que o 
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corromperam. O Homem sábio é aquele que segue a natureza e despreza as convenções 
sociais. A natureza é entendida como algo harmonioso e racional. 
2 A ÉTICA NA MODERNIDADE
A Ética moderna é a Ética fundada numa compreensão “moderna” - que é uma compre-
ensão antropocêntrica e racional - do Ser humano e de seu comportamento. A expressão 
mais perfeita da Ética moderna é a Ética de Immanuel Kant (1724-1804). Kant partiu de uma 
concepção universalista do homem. Afirma que este só age moralmente quando, pela sua livre 
vontade, determina as suas ações com a intenção de respeitar os princípios que reconheceu 
como bons. O que o motiva, neste caso, é o puro dever de cumprir aquilo que racionalmente 
estabeleceu sem considerar as suas conseqüências. A moral assume assim, um conteúdo 
puramente formal, isto é, não nos diz o que devemos fazer (conteúdo da ação), mas apenas 
o princípio (forma) que devemos seguir para que a ação seja considerada boa.
Kant afirma que a filosofia moral deve ser pura, isto é, despida de tudo o que é empí-
rico. Nesta perspectiva a moral é concebida como independente de todos os impulsos e 
tendências naturais ou sensíveis; a ação moralmente boa seria a que obedecesse unicamente 
à lei moral em si mesma. Esta somente seria estabelecida pela razão, o que leva a conce-
ber a liberdade como postulado necessário da vida moral. A vida moral somente é possível, 
para Kant, na medida em que a razão estabeleça, por si só, aquilo que se deva obedecer 
no terreno da conduta.
Kant investiga a liberdade como a razão de ser da vida moral. Em outras palavras, ele 
demonstra que a lei moral provém da idéia de liberdade e que, portanto, a razão pura é por 
si mesma prática, no sentido de que a idéia racional de liberdade determina por si mesma a 
vida moral e com isso demonstra sua própria realidade. Em suma, o incondicionado e abso-
luto (inatingível pela razão no terreno do conhecimento) seria alcançado verdadeiramente na 
esfera da moralidade; a liberdade seria a coisa-em-si almejada pela razão. 
Nesse sentido, a razão prática tem primazia sobre a razão pura. Kant chama a lei moral 
de “imperativo categórico” que - contrariamente aos “imperativos hipotéticos” - é incondicio-
nado e absoluto, podendo ser formulado com as palavras: “Age de tal maneira que o motivo 
que te levou a agir possa ser convertido em lei universal”. Sendo a razão pura por si mesma 
prática, o “imperativo categórico” afirma a autonomia da vontade. 
Segundo Kant, o único bom em si mesmo, sem restrição é uma boa vontade. A bonda-
de de uma ação não se deve procurar em si mesma, mas na vontade com que se fez. Mas 
quando é que uma vontade é boa, ou como uma boa vontade age ou quer? É boa a vontade 
que age por puro respeito ao dever, sem razões outras a não ser o cumprimento do dever 
ou a sujeição à lei moral. O que a boa vontade ordena é universal por sua forma e não tem 
um conteúdo concreto: refere-se a todos os seres humanos em todo o tempo, e em todas as 
circunstâncias e condições. O ser humano é o legislador de si mesmo.
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Portanto, a Ética de Kant é uma Ética formal e autônoma. Por ser puramente formal, 
tem de postular um dever para todos os seres humanos, independentemente da sua situação 
social e seja qual for o seu conteúdo concreto. Por ser autônoma aparece como a culmina-
ção da tendência antropocêntrica iniciada no Renascimento, em oposição à Ética medieval. 
Enfim - por ser a ética de um sujeito autônomo e livre - a Ética de Kant é o ponto de partida 
de uma ética que define o ser humano como ser ativo e criador e que deseja ver realizado 
no mundo real (e não no mundo ideal) o princípio kantiano: o ser humano deve ser sempre 
tomado como fim e nunca como meio.
A imortalidadeda alma e a existência de Deus - como a liberdade - são para Kant pos-
tulados da “razão pura prática”. A fé moral na imortalidade da alma é necessária para que se 
conceba uma vida suprassensível na qual a virtude possa receber seu prêmio. A existência de 
Deus, por outro lado, é necessária enquanto afirma um ser cuja vontade e cujo intelecto criam 
um mundo no qual não há abismo algum entre o real e o ideal, entre o que é e o que deve ser.
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AULA 3 - INDEPENDÊNCIA EUA E REVOLUÇÃO FRANCESA.
 ObjetivO
 ▪ Proporcionar o conhecimento dos valores éticos na atualidade.
1 O QUE VOCÊ ENTENDE POR REVOLUÇÃO FRANCESA?
Na atualidade, a palavra virtude está em desuso e a palavra moral foi substituída por 
ética. Por ser mais geral e menos identificada com a religião. Entretanto, mantém inalterada 
a certeza de que a vida humana é constitutivamente moral, pois ela se estrutura em torno 
de valores. Os projetos de vida, sejam eles individuais ou coletivos, configuram-se a partir 
de ideias que outra coisa não são senão valores. Nossas ações, das mais simples às mais 
complexas, pressupõem escolhas que são feitas a partir do valor que elas tenham para nós. 
O que é valor? Normalmente, quando falamos em valor, vêm a nossa mente ideias como 
honestidade, bondade e justiça, assim como podemos pensar em beleza, lucro ou utilidade. 
O que nos faz lembrar que podemos falar de valores em varias acepções: estéticos, políticos, 
jurídicos ou morais, que os valores podem ser morais ou imorais. 
Os valores não morais diferem dos morais, sobretudo por possuírem uma base real, um 
substrato material. Por exemplo, a água, o ar que respiramos uma cadeira, um prato de alimento 
possuem valor; contudo, ele só se tornará realidade na relação com o ser humano, que em 
sua articulação cultural dirá se aquela coisa é útil, bonita, confortável ou imprescindível à vida. 
Os valores morais, diferentemente dos não morais, não possuem substrato material e 
só existem nos atos e produtos humanos, tais como: comportamentos, interações sociais, 
decisões tomadas, no produto e aplicação desses atos. Deles podemos falar em justiça, ho-
nestidade ou integridade, assim como em responsabilidade. Os valores morais são exclusivos 
do ser humano,
O bem, que a filosofia trata como o bom (do grego agatón) e o mal são realidades que 
aparecem dialeticamente, numa relação de recíproca oposição, e que apesar de opostas 
situam-se, comparativamente, de forma inseparável.
 A partir da Idade Média (período da Escolástica), o bem passou a ser visto como algo 
que deriva da vontade de Deus, e o mal oriundo dos poderes diabólicos. Nesse particular, 
e perfilado aos princípios tomistas do bem comum, o bem tornou-se um sinônimo de felici-
dade. Esse bem já era visto dessa forma por Aristóteles, em sua formulação da eudaimonia 
(literalmente, bom espírito = felicidade; é um método aristotélico que afirma que a felicidade 
é sumo bem, o ápice da busca e realização humana), ou maneira de viver bem, conforme o 
espírito interior.
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Se o bem é visto como felicidade, para aprofundarmos nosso estudo é necessário que 
busquemos alguns conceitos de felicidade, tais como: ausência de dor (Epicuro); satisfação 
de todas as nossas necessidades (Leibniz); ideal de vida; autossuficiência, harmonia e liber-
dade (Kant); somatório de eventuais momentos agradáveis (Kierkegaard); não passa de um 
valor cultural (Freud); felicidade é viver na graça de Deus (cristianismo).
2 O PRINCÍPIO ÉTICO
A fenomenologia de Max Scheler, admite que os valores são qualidades objetivas do 
ser, ligados à sua vida espiritual. Na verdade, os valores morais, oriundos da ética, existem 
unicamente em relação aos atos humanos. Tão somente o que tem significado humano pode 
ser avaliado moralmente. De uma obra de arte, podemos avaliar seu valor econômico ou 
estético, mas nunca indagar um valor moral. Se a imagem retratada não condiz com certos 
padrões, a questão moral localiza-se no comportamento do ser humano que a expôs ou a 
produziu. As coisas materiais são neutras no seu valor moral.
O bem, entretanto, e sua aplicação na vida do ser humano é um valor, talvez o maior. 
A vida, por exemplo, é o maior bem do ser humano. Mas não só a vida vegetativa, animal, 
espontânea, mas sobretudo a vida cercada de valores.
Como valores de vida temos a beleza, a utilidade, a bondade, a justiça, a solidariedade, 
entre outros. Os valores negativos (alguns chamam de antivalores), indiferença, injustiça, 
egoísmo, opressão, são fatores determinantes de uma diminuição da qualidade de vida do 
ser humano, ou seja, um achatamento de valores, uma diminuição de vida, no sentido mais 
profundo de bem, uma vez que esses valores negativos mais se aproximam do mal do que 
do bem.
Nem sempre perfilada às exigências do bem comum, nossa sociedade entroniza seus 
valores, relativos, porque só promovem o bem de alguns grupos sociais. Os bens econômi-
cos têm valor de utilidade para quem pode consumi-los e para os que dele auferem lucro. Os 
bens sociais e morais são determinados pela dialética bem/mal, ético/não-ético, legal/ilegal, 
justo/injusto.
Se o valor da ação humana se mede por sua utilidade ao bem de todos, o das coisas 
materiais, revela-se conforme as circunstâncias. A água, por exemplo, é um bem à medida 
que serve para lavar, refrescar, beber. Torna-se, entretanto, um mal quando, numa enchente, 
destrói e mata. Nesse aspecto, há o valor circunstancial da coisa. Não se fala na bondade 
da água, mas que ela é boa enquanto mata a sede, e má quando, turbulenta, torna-se um 
perigo para a navegação.
Deste modo se pode afirmar que só as ações humanas podem ser caracterizadas, em 
termos de valor, como boas ou más. Na natureza temos, por exemplo, os minerais cumprindo, 
seu papel de mineral. Uma pedra foi criada para ser pedra, e isso ela sempre saberá fazer 
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muito bem. Um vegetal ou um animal irracional igualmente têm sua destinação natural e 
por todo o sempre cumprirão sua finalidade. Num plano hipotético, poderíamos afirmar que, 
cumprindo sua finalidade, pedras, vegetais e bichos são, à sua maneira, felizes.
Com o homem, a coisa torna-se diferente. Por ter liberdade de escolha e por impregnar 
de valor suas atitudes, o ser humano nem sempre consegue viver o bem, e em função disto 
nem sempre é feliz, provocando muitas vezes a infelicidade sua e daqueles que o cercam. 
Terá a visão desfocada da ética e da moral a ver alguma coisa com isto? Veremos isso em 
nossas próximas aulas.
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 AtividAdes de FixAçãO
1. Numa sociedade marcada por uma profunda crise de valores, a palavra éti-
ca aparece nos discursos de quase todos os indivíduos. Muitos eleitores 
cobram dos políticos uma postura ética; no entanto, nem sempre o cidadão 
age, ele próprio, eticamente. Dentre as alternativas abaixo, escolha a que 
melhor define a Ética:
a. Ética diz respeito às ações humanas, dizendo aquilo que se deve e o que não se 
deve fazer, sem que precisemos pensar a respeito.
b. Ética é a ciência do comportamento humano, preocupada exclusivamente com as 
ações individuais, sem nenhuma relação com a política.
c. Ética é a ciência do comportamento humano; como o ser humano é um ser social, 
ética e política estão necessariamente articuladas.
d. Ética é a ciência do conhecimento humano, preocupada com tudo aquilo que de-
vemos saber para poder agir politicamente.
e. Cabe à ética o papel de indicar a meta, o caminho que a pessoa, ao percorrer, 
torna a si mesma e a sociedade verdadeiramente humana.
2. O que é a consciência ética?
a. O estado decorrente de mente e espírito, através do qual nãosó aceitamos mod-
elos para a conduta, como efetivamente julgamentos próprios.
b. Princípio fundante da ação política que determina a forma de comportamento;
c. Ato volitivo que surge da espontaneidade no cumprimento dos princípios das vir-
tudes morais e éticas.
d. A qualidade do que é ético decorrente de uma ação harmônica entre o ser que o 
pratica e a comunidade na qual se insere.
e. Ética diz respeito às ações humanas, dizendo aquilo que se deve e o que não se 
deve fazer, sem que precisemos pensar a respeito.
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3. A ética contém atribuições específicas, entre elas a elucidação a respeito do 
que é bom, do sentido do bem. Portanto:
I. Cabe à ética o papel de indicar a meta, o caminho que a pessoa, ao percorrer, 
torna a si mesma e a sociedade verdadeiramente humana.
II. A ação moral é singular, fruto da consciência, da liberdade, do caráter, da decisão 
e da responsabilidade do sujeito em particular.
III. A comunidade não exerce influência decisiva na regulamentação do compor-
tamento moral, e exatamente por isso não há a necessidade da pessoa seguir um 
padrão comportamental vigente em seu meio.
Estão corretas
a. II, III
b. I e II
c. I, II e III
d. Somente I
e. Somente III
4. A ética é um fenômeno humano e a experiência moral é um dos aspectos es-
senciais que se manifesta tanto na existência de cada pessoa em particular 
como na comunidade da qual participa. Com isso é correto afirmar que:
a. a ambiência deteriorara-se há muito, a partir dos maus exemplos de expressivos 
dirigentes do Estado, mergulhados que estão na prática de atos imorais;
b. a consciência ética resulta da relação íntima do ser humano consigo mesmo, pois 
é fruto da conexão entre as capacidades do “ego” e as energias espirituais, re-
sponsáveis pela nossa vida.
c. a experiência moral é revelada pois se define através da ação e o sentido ético 
pode ser captado e definido em relação aos comportamentos, às práticas, aos atos 
realizados pela pessoa humana;
d. a felicidade está na eficácia de nossa ação em nosso ambiente, em confronto com 
as necessidades que programamos, e que nos condiciona a atitudes e condutas 
que exigem uma linha normativa ou não de experiência moral.
e. a comunidade exerce influência decisiva na regulamentação do comportamento 
moral, moldando e configurando a pessoa segundo o padrão comportamental vi-
gente em seu meio e indispensável para a convivência social.
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5. “Age sempre de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer 
como princípio universal de conduta.” (Immanuel Kant, filósofo alemão do 
século XVIII).
Esta frase traduz os princípios fundamentais da ética kantiana e significa que:
a. devemos agir sempre pensando em nós mesmos, sem nos importar com os outros.
b. nossa ação deve ser racionalmente decidida, de forma que possa valer para todos 
e não apenas para nós mesmos.
c. devemos sempre agir pensando nos outros, sem nos importar com nós mesmos.
d. nossa ação deve sempre estar fundamentada em nossos desejos, exclusivamente
e. cientificamente falando, a ética é um entrave que deve ser dispensado; ela apenas 
atrapalha o desenvolvimento da ciência.
GAbARitO
1-c, 2-a, 3-b, 4-c, 5-b.
 síntese
Na UNIDADE 1 aprendemos sobre os valores da ética e cidadania ao longo da histó-
ria. Procuramos identificar e refletir sobre as bases morais da nossa sociedade hoje, 
sobre as características das relações humanas, e apontar alguns caminhos; antes, 
porém, procuraremos entender alguns conceitos básicos, tais como: valores, ética, 
moral, suas origens e consequências, assim como as condições para a responsabi-
lidade moral. A importância da ética hoje se dá pela necessidade, por uma questão 
de sobrevivência; considerando que a humanidade passa por um momento de anseio 
por uma vida melhor e acima de tudo digna e feliz. Podemos dizer que o tema mais 
ecumênico que existe atualmente é o da dignidade humana, vida com qualidade e por 
fim, a felicidade. No entanto percebemos que o mundo se tornou um caos, e o homem 
como um todo se encontra perdido em meio a tanta confusão; é o verdadeiro “jogo 
dos interesses”. O comportamento ético não consiste exclusivamente em fazer o bem 
a outrem, mas em exemplificar em si mesmo o aprendizado recebido. É o exercício 
da paciência em todos os momentos da vida, a tolerância para com as faltas alheias, 
a obediência aos superiores em uma hierarquia, o silêncio ante uma ofensa recebida..
Espero que a mesma tenha cumprido com os seus objetivos, ou seja, de fornecer 
subsídios para seu aprendizado. 
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2
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CIDADANIA CONTEMPORÂNEA I
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Faculdade Internacional Signorelli
Prezado estudante, 
A questão das relações entre ética e política se transformou na questão número um 
do debate nacional a partir das denúncias de corrupção dos últimos anos. Este debate tem 
certamente méritos e é de fundamental importância para a vida nacional, mas é marcado 
por uma visão muito unilateral do fenômeno político. Ele dá a entender que tudo seria ma-
ravilhoso se nossos governantes possuíssem um conjunto de virtudes que atestassem seu 
bom caráter do qual dependeriam a paz e a ordem social. Nessa unidade estudaremos os 
aspectos contemporâneos dos conceitos de cidadania e ética. 
AULA 4 - BRASIL: DA PRIMEIRA REPÚBLICA AO ESTADO NOVO 
 ObjetivO
 ▪ Proporcionar ao aluno o entendimento dos diferentes critérios éticos no aspecto po-
lítico.
1 O QUE VOCÊ ENTENDE POR ÉTICA NO BRASIL?
Uma das intuições fundamentais do pensamento ético contemporâneo é a ética na política, 
não são simplesmente as virtudes privadas dos governantes, mas o ordenamento institucional, 
porque é dele que depende se os cidadãos têm acesso ou não a seus direitos universais.
Claro que neste contexto é muito importante ter presente de que a corrupção individual 
e social não começou no atual governo, mas lamentavelmente se transformou num elemento 
estrutural do exercício do poder e da cultura política que nos marca. Por isto, não espanta e 
nem causa indignação a muitos o fato de que nossos partidos políticos não tenham defendido 
no parlamento de modo consistente as reformas e as políticas públicas que tornariam o país 
menos vulnerável sejam à corrupção individual seja à continuidade de uma configuração iníqua 
da vida coletiva, porque marcada por um conjunto de instituições que sustentam as diferentes 
formas de exploração e de degradação da vida humana. Para além das virtudes pessoais dos 
governantes, o que realmente pode garantir a ética na política é a existência de instituições 
sólidas e de mecanismos de administração transparente, que sejam capazes de garantir os 
direitos universais do cidadão assim também como a existência de meios de comunicação 
livres, independentes, e de organismos de controle social que acompanhem o exercício do 
governo. O grande desafio do momento é que, sejamos capazes de ir além de uma crítica 
moralizante à corrupção pessoal, que facilmente é acompanhada de enorme hipocrisia, e 
nos empenhemos com seriedade numa crítica cívica às instituições e às políticas públicas.
Na origem da cultura ocidental, a distinção entre as esferas da vida privada e pública 
corresponde à existência dos domínios da família e da política como entidades diferentes, 
21
Faculdade Internacional Signorelli
separadas e em tensão. O que especifica a esfera privada (da família) é que nela a aglutinação 
se dá em função das necessidades de sobrevivência. Nesse espaço, a força e a violência são 
entendidas como justificáveis por serem os únicos meios considerados capazes de vencer a 
necessidade. O que especifica a esfera pública (esfera da política) é que ela constitui lugar 
exclusivo da liberdade. Nesse sentido,é um espaço de convivência entre iguais.
2 ÉTICA NA POLÍTICA
Desse modo, ao contrário da esfera política, a da família é o espaço da mais profunda 
desigualdade. O significado de “privado”, então, era de “privação”; privação do que era consi-
derado essencial ao homem, a liberdade. Com a emergência do mundo moderno, do capita-
lismo, esses significados mudaram, culminando com a quase extinção da diferença entre os 
dois domínios, ambos subsumidos num âmbito propriamente social. O que caracteriza esse 
âmbito é o fato de que aí a problemática da sobrevivência, antes restrita ao mundo privado, 
adquire crucial importância como questão pública.
Como campo de organização pública do processo de sobrevivência, a esfera do social 
instituiu todos os seus membros como figuras da relação de trabalho. Então, no mundo mo-
derno, a economia, antes objeto privado primordial, torna-se o cerne da problemática política. 
As questões da liberdade, da ética e da própria política, passam a ser sobredeterminadas 
pelas injunções econômicas. No reino do social, o que resta de privado, no sentido antigo, é 
o que se pode chamar de intimidade enquanto subjetividade interior dos indivíduos. 
Como pensar a relação entre ética e política num contexto em que o social tem as ca-
racterísticas supracitadas? Em termos gerais, como já indicado no início, na prática contem-
porânea, a política é claramente preponderante sobre a ética. Isso quer dizer o quê? Quer 
dizer que os valores, os costumes, os fins, o reconhecimento do outro, os critérios de juízo, 
são primordialmente estabelecidos ou legitimados a partir dos interesses da política (poder), 
que, como vimos, são por sua vez sobredeterminados pela lógica dos interesses econômicos.
Apesar da força do estabelecido, podemos pensar como desafio, como ato de rebeldia 
a esse estado de coisas, uma ética concebida de forma diferente (a que denominamos “ética 
da contradição”) e uma relação entre ela e uma política que também deve ser concebida 
de modo distinto. Essa política – resgatando ao presente o sentido de espaço público da 
tradição ocidental originária, sem que isso signifique reviver situações pregressas – deve ter 
como fundamento não exclusivamente as injunções da esfera econômica, mas também, num 
mesmo plano, as questões da liberdade. É na conjunção desses dois domínios que se pode 
especificar (historicamente) o que poderíamos chamar de bem-estar, ou boas condições de 
vida do povo. Designemos a política assim concebida como “política da vida e da liberdade”.
A rebeldia provocadora esboçada, entretanto, não se completa somente na enunciação 
desses termos dominiais inovadores. É necessário avançar na proposição e defesa de uma 
modalidade também radicalmente distinta para a relação entre as esferas da ética (enquanto 
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Faculdade Internacional Signorelli
ética da contradição) e da política (enquanto política da vida e da liberdade), que se constitua 
contra a barbárie da subjugação do domínio ético aos interesses político-econômicos e, es-
pecialmente, contra a ardilosa justificativa da suspensão da ética no embate político. Nesse 
sentido, sustento a prevalência do campo ético na íntima e necessária relação deste com a 
política, ou seja, sustento o campo dos valores de juízo como referente primordial às práticas 
políticas dos indivíduos, dos agentes da sociedade civil, do Estado.
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AULA 5 - BRASIL PÓS-30, A ERA VARGAS
 ObjetivO
 ▪ Analisar os conceitos da ética no Brasil republicano.
1 O QUE VOCÊ ENTENDE POR ÉTICA NA ANTIGUIDADE?
A propriedade da terra não se tornou propriedade régia ou patrimônio privado do rei, nem 
se tornou propriedade comunal ou da aldeia, mas manteve-se como propriedade de famílias 
independentes, cuja peculiaridade estava em não formarem uma casta fechada sobre si 
mesma, porém aberta à incorporação de novas famílias e de indivíduos ou não proprietários 
enriquecidos no comércio.
Apesar das diferenças históricas na formação da Grécia e de Roma, há três aspectos 
comuns a ambas e decisivos para a invenção da política. O primeiro, como assinalamos há 
pouco, é a forma da propriedade da terra; o segundo, o fenômeno da urbanização; e o terceiro, 
o modo de divisão territorial das cidades.
Como a propriedade da terra não pertencia à aldeia nem ao rei, mas às famílias indepen-
dentes, e como as guerras ampliavam o contingente de escravos, formou-se na Grécia e em 
Roma uma camada pobre de camponeses que migraram para as aldeias, ali se estabelece-
ram como artesãos e comerciantes, prosperaram, fizeram, das aldeias, cidades, passaram a 
disputar o direito ao poder com as grandes famílias agrárias. Uma luta de classes perpassa 
a história grega e romana exigindo solução.
A urbanização significou uma complexa rede de relações econômicas e sociais que co-
locava em confronto não só proprietários agrários, de um lado, e artesãos e comerciantes, 
de outro, mas também a massa de assalariados da população urbana, os não proprietários, 
genericamente chamados de “os pobres”.
A luta de classes incluía, assim, lutas entre os ricos e lutas entre ricos e pobres. Tais 
lutas eram decorrentes do fato de que todos os indivíduos participavam das guerras externas, 
tanto para a expansão territorial, quanto para a defesa de sua cidade, formando as milícias 
dos nativos da cidade. Essa participação militar fazia com que todos se julgassem no direito, 
de algum modo, de intervir nas decisões econômicas e legais das cidades. A luta das classes 
pedia uma solução. Essa solução foi a política.
Os primeiros chefes políticos ou legisladores introduziram uma divisão territorial das 
cidades que visava a diminuir o poderio das famílias ricas agrárias, dos artesãos e comer-
ciantes urbanos ricos e à satisfazer a reivindicação dos camponeses pobres e dos artesãos 
e assalariados urbanos pobres. 
24
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Em outras palavras, retiraram dos indivíduos o direito de fazer justiça com as próprias 
mãos e de vingar por si mesmos uma ofensa ou um crime. O monopólio da força, da vingança 
e da violência passou para o Estado, sob a lei e o direito.
De fato, e como vimos, a marca do poder despótico é o segredo, a deliberação e a de-
cisão a portas fechadas. A política, ao contrário, introduz a prática da publicidade, isto é, a 
exigência de que a sociedade conheça as deliberações e participe da tomada de decisão.
2 A ÉTICA NO ESPAÇO PÚBLICO
A existência do espaço público de discussão, deliberação e decisão significa que a so-
ciedade está aberta aos acontecimentos, que as ações não foram fixadas de uma vez por 
todas por alguma vontade transcendente, que erros de avaliação e de decisão podem ser 
corrigidos, que uma ação pode gerar problemas novos, não previstos nem imaginados, que 
exigirão o aparecimento de novas leis e novas instituições. 
Para responder às diferentes formas assumidas pelas lutas de classes, a política é in-
ventada de tal maneira que, a cada solução encontrada, um novo conflito ou uma nova luta 
podem surgir, exigindo novas soluções. Em lugar de reprimir os conflitos pelo uso da força e 
da violência das armas, a política aparece como trabalho legítimo dos conflitos, de tal modo 
que o fracasso nesse trabalho é a causa do uso da força e da violência.
Evidentemente, não devemos cair em anacronismos, supondo que gregos e romanos ins-
tituíram uma sociedade e uma política cujos valores e princípios fossem idênticos aos nossos. 
Em primeiro lugar, a economia era agrária e escravista, de sorte que uma parte da sociedade 
– os escravos – estava excluída dos direitos políticos e da vida política. Em segundo lugar, 
a sociedade era patriarcal e, conseqüentemente, as mulheres também estavam excluídasda cidadania e da vida pública. A exclusão atingia também os estrangeiros e os miseráveis.
A cidadania era exclusiva dos homens adultos livres nascidos no território da Cidade. 
Além disso, a diferença de classe social nunca era apagada, mesmo que os pobres tivessem 
direitos políticos. Assim, para muitos cargos, o pré-requisito da riqueza vigorava e havia mesmo 
atividades portadoras de prestígio que somente os ricos podiam realizar. 
Veja bem, o que procuramos apontar não foi a criação de uma sociedade sem classes, 
justa e feliz, mas a invenção da política como solução e resposta que uma sociedade oferece 
para suas diferenças, seus conflitos e suas contradições, sem escondê-los sob a sacralização 
do poder e sem fechar-se à temporalidade e às mudanças.
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AULA 6 - BRASIL: DO PÓS-GUERRA À ATUALIDADE
 ObjetivO
 ▪ Proporcionar o conhecimento dos valores éticos na atualidade.
1 O QUE VOCÊ ENTENDE POR ÉTICA NO PÓS-GUERRA?
A ética e a crise da modernidade tem sido um dos temas mais discutidos na atualidade. 
E a discussão se aprofunda quando nem ao menos temos um princípio geral de definição de 
modernidade. O que é a modernidade? Não sabemos! Ela é a fusão do múltiplo, do hetero-
gêneo, do fragmentado, do efêmero, onde se envolve atividade racional, científica, tecnoló-
gica e administrativa. Basicamente, existem duas figuras condensadoras da modernidade: a 
racionalização e a subjetivação.
Racionalização e subjetivação aparecem ao mesmo tempo, como a Renascença e a Re-
forma, que se contradizem, mas se completam ainda mais. O drama da nossa modernidade 
é que ela se desenvolveu lutando contra a metade dela mesma, fazendo a caça ao sujeito 
em nome da ciência, rejeitando toda a bagagem do cristianismo que vive ainda em Descarte, 
destruindo a herança do dualismo cristão e as teorias do direito natural que haviam provocado 
o nascimento das Declarações dos Direitos do Homem.
A modernidade precisou matar o sujeito para triunfar. No plano da ética, o problema se 
torna bem mais crucial. A pergunta a ser feita, hoje, é se os valores éticos se constituem em 
padrões uniformes, imutáveis e universais ou devemos ter regras casuísticas de conduta? 
Devemos adotar a subjetividade ou a objetividade axiológica? A absolutividade ou relatividade 
dos valores éticos? A sua Igualdade ou hierarquia?
Esses questionamentos permanecem ainda insolúveis, temos mais de três séculos de 
discussão sobre o triunfo da razão e o esboroamento das tradições ocidentais. E agora, o 
esgotamento da modernidade se transforma em sentimento de angústia e desencantamento 
do mundo. Surge a secularização e a separação entre o mundo dos fenômenos (da técnica) 
e o mundo do ser.
Parte da filosofia permanece arrebatada na contemplação dos grandes pensadores, 
sem trazê-los para fermentar a realidade do cotidiano. Mudaram os mitos, apagaram-se as 
luzes e alguns pensam que a filosofia ainda pensa controla a situação. Com a modernidade, 
a ciência se isolou de qualquer referência à religião, decretando o exílio do sagrado, como se 
a única resposta para o homem se condicionasse ao discurso científico. A ciência moderna 
está empenhada em transformar o mundo com novas tecnologias, mas para que mudar o 
mundo se a ciência ignora o homem com suas crenças e valores? De que servem todas as 
conquistas científicas se não para benefício do homem? E onde está o encontro da ciência 
com os valores humanos?
26
Faculdade Internacional Signorelli
A crise do “ethos” valorativo, vivenciada pelas formas de vida da sociedade contemporâ-
nea, tem sua razão de ser na profunda perda de identidade cultural, na desumanização das 
relações sócio-políticas, no individualismo irracionalista e egoísta, na ausência de padrões 
comunitários e democráticos, senão ainda na constante ameaça de destruição da humanidade 
e de seu meio-ambiente. Essa situação gera uma das grandes dificuldades presentes, que é 
arquitetar as bases de um conjunto de valores éticos capazes de internalizar o “eu” individual 
e o “nós” enquanto comunidade real. No meio da crise de legitimidade normativa, vive-se a 
falta de consenso e o impasse face à diversidade de interpretações sobre o que seja “virtude”, 
“bem-comum”, “vida boa” ou “ação justa”.
É óbvio, neste contexto, que, para diagnosticar uma saída para a crise ética da moderni-
dade, há de se contemplar todo um certo avanço de racionalização da vida, uma racionalização 
de cunho técnico que acaba fragmentando o mundo da vida e da cultura em dois níveis: de 
um lado, normas e orientações cada vez mais sofisticadas para a ação humana no campo 
instrumental e técnico. De outro, as normas e valores éticos da ação humana vão se gene-
ralizando cada vez mais, até o ponto de sua diluição ou extinção completa.
O reconhecimento do individualismo, da desumanização alienadora e da deslegitimação 
como traços ético-culturais das sociedades atuais propicia a abertura e a busca de alternativas 
para a descoberta de um novo universo axiológico. Dentre as muitas propostas aventadas, 
duas importantes contribuições filosóficas, configuradas, ora pelo “pragmatismo analítico”, 
ora pelo “racionalismo discursivo”, oferecem, no seu cerne, respostas paradigmáticas para o 
exaustão dos valores éticos da modernidade. 
A partir desta lógica, torna-se claro entender a defesa que o mesmo faz de uma ética 
específica, calcada nas tradições culturais do modo de vida liberal-individualista. Isso leva-o, 
não só a minimizar o papel de uma ética de racionalidade universal, como, sobretudo, a des-
considerar as concepções éticas de outros contextos culturais, principalmente no que tange 
às éticas libertárias desenvolvidas nas culturas. Na verdade, ainda que tenham a pretensão 
de ser “progressistas”, ao proclamarem a validade e a universalidade da filosofia analítica, 
buscam utilizar sua linguagem, sua lógica e seu instrumental metodológico para justificar uma 
ética regional de dominação inerente ao “ethos” de legitimação nacional.
2 ÉTICA NO PÓS-GUERRA
Deixando de lado o conservadorismo e a insuficiência do “pragmatismo analítico” e de 
outras correntes, importa explicitar a mais importante contribuição do racionalismo filosófico 
contemporâneo na edificação do projeto de uma ética universal: a ética racional do discurso. 
Diferentemente das posturas irracionalistas do pragmatismo analítico norte-americano e do 
pós-estruturalismo francês, a teoria da racionalidade comunicativa de Jürgen Habermas e 
Karl Otto-Apel se constitui no ponto referencial obrigatório e necessário para toda e qualquer 
investigação sobre a fundamentação de princípios éticos universais.
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Faculdade Internacional Signorelli
Trabalhando com um novo conceito de razão (não mais a “razão instrumental” iluminista, 
mas a “razão dialógica”, vivenciada e partilhada por atores lingüisticamente competentes), 
assentado num entendimento comunicativo, tanto Habermas quanto Apel buscam uma saída 
para a crise da ética moderna, ou seja, a proposição de normas e valores para a ação hu-
mana que levem à emancipação dos sujeitos históricos e dos grupos sociais. Neste sentido, 
Habermas e Apel procuram edificar as condições para uma ética universalista do discurso 
prático-comunicativo que objetive uma maior assimilação entre o “eu” individual e a autonomia 
das identidades coletivas.
Tendo presente e rompendo com a tradição clássica de ética aristotélico-tomista (que já 
estudamos anteriormente), Habermas, sustentando-se em argumentos apoiados na dialética 
hegeliana, retoma, amplia e transpõe a ética formalista de Kant (sistema de deveres: imperativo 
categórico como “a priori” de fundamentação dos enunciados normativos), caminhando em 
direção de uma ética do discurso prático. Desta maneira, os pressupostos deHabermas não 
mais recorrem exclusivamente à razão, mas interpõem os princípios gerais da comunicação 
humana dada pela vida concreta dos participantes. 
Além disso, toda e qualquer concepção ética, a partir do discurso prático consensuali-
zado, deve tratar e considerar a reciprocidade de três grandes princípios de fundamentação 
universal: princípio da justiça, princípio da solidariedade e princípio do bem comum. Passa 
a ser essencial para Habermas que a ética do discurso prático-comunicativo, enquanto ética 
de cunho universalista, dependa das formas reais de vida e das ações humanas concretas.
A ética do discurso ou da comunicação, alicerçada na “pragmática universal” (segundo 
Habermas) e/ou na “pragmática transcendental” (conforme Apel), por ser uma ética cognitiva, 
formalista e pós-kantiana, assume características de uma “macroética pós-convencional” 
que tem eficácia para o conjunto da humanidade, requerendo, para seu princípio fundante, 
uma validade universal intersubjetiva e independente das “circunstâncias”. Isso leva à pon-
deração de Apel de que a ética do discurso é mediada por dois níveis: o princípio formal de 
fundamentação racional último e as normas materiais justificadas pela comunicação prática.
Além da contribuição de Habermas, outra proposta não menos importante para a edi-
ficação racional de uma nova ética universalista, em fins do século XX, é a que vem sendo 
sistematizada pelo também integrante da Escola de Frankfurt, Karl-Otto Apel. Tendo presentes 
as proposições normativas de teor lingüístico-pragmático, muito próximas de Habermas, Apel 
avança, através de uma racionalidade marcada por uma reflexão transcendental, na constru-
ção de uma ética especial (discursivo-comunicativa), denominada “ética da responsabilidade”, 
que tem como exigência ser constituída pelo “consenso” de vontades livremente reafirmadas.
No instante em que a ciência busca traduzir uma civilização unitária, tornando-se insufi-
ciente a formação de éticas específicas de grupos e éticas subjetivas individuais, nada mais 
oportuno do que afirmar, mediante uma racionalidade estratégica de interação social, uma 
ética comunitária intersubjetivamente válida.
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Efetivando uma ponte conciliadora entre a racionalidade tecno-instrumental (adaptada 
e depurada a partir de categorias weberianas), Apel define o princípio de uma norma moral 
fundamental, denominada “ética da responsabilidade”. A “ética da responsabilidade” nada 
mais é do que uma ética dialógica que se articula através da interação social, mediação que 
possibilita as condições de existência da comunidade ideal com a Comunidade real.
Ressalta ainda Apel que a necessidade e o surgimento desta “norma moral fundamental” 
assenta na premissa de que todos os homens são parceiros, com os mesmos direitos e os 
mesmos deveres.
Insiste Apel em assinalar que somente este tipo de norma básica, universalmente válida, 
de fundamentação consensual-normativa, é que pode possibilitar a convivência das pessoas, 
dos povos e culturas, com diferentes interesses e tradições valorativas de mundos vitais. Ora, 
é justamente o reconhecimento intersubjetivo da “metanorma”, enquanto princípio da raciona-
lidade discursiva, que torna possível a condição do pluralismo valorativo do mundo moderno.
Para Apel, a forma de se conseguir aceitação das normas, no âmbito de uma “ética da 
responsabilidade” e/ou “ética do diálogo”, depende da capacidade de se obter consenso por 
parte dos atores sociais e “das consequências das normas que se há de aceitar”.
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 AtividAdes de FixAçãO
1. “ – O que significa exatamente essa expressão antiquada: ‘virtude’? – per-
guntou Sebastião.
- No sentido filosófico, compreende-se por virtude aquela atitude de, na ação, deixar-
se guiar pelo bem próprio ou pelo bem alheio – esclareceu o senhor Barros.
- O bem alheio? – perguntou Sebastião.
- Sim – disse o senhor Barros. – É verdade que a coragem e a moderação são virtu-
des, em primeiro lugar, para consigo mesmo, mas também há outras virtudes, como 
a benevolência, a justiça e a seriedade ou confiabilidade, ou seja, a qualidade de ser 
confiável, que são disposições orientadas para o bem dos outros.” (TUGENDHAT, 
Ernst; VICUÑA, Ana Maria; LÓPES, Celso. O livro de Manuel e Camila: diálogos 
sobre moral. Goiânia: Ed. da UFG, 2002. p. 142)
Com base no texto, é correto afirmar:
a. A ação virtuosa é orientada por princípios externos que determinam a qualidade 
da ação.
b. As virtudes são disposições desvinculadas de qualquer orientação, seja para o 
bem, seja para o mal.
c. As ações virtuosas são reguladas por leis positivas, determinadas pelo direito, 
independentemente de um princípio de bem moral.
d. A virtude limita-se às ações que envolvem outras pessoas; em relação a si próprio 
a ação é independente de um princípio de bem
e. Ser virtuoso significa guiar suas ações por um bem, que pode ser tanto em relação 
a si próprio quanto em relação aos outros.
2. O movimento negro no Brasil, embora exista de fato desde a Colônia, teve 
seus avanços reais constituídos em políticas públicas a partir dos anos 1990. 
Sobre as bandeiras, ações afirmativas e conquistas deste movimento, é IN-
CORRETO afirmar que:
a. Pretendem indenizar economicamente os descendentes de escravos negros no 
Brasil.
b. São movimentos sociais que, visando à autonomia e à participação mais efetiva 
dos negros, justapõem oposição e resistência em suas formas de atuação.
c. Tornaram possível a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasilei-
ra nas escolas de ensino fundamental e médio.
d. Pretendem contribuir para diminuir a distância socioeconômica entre negros e 
brancos no Brasil e um dos mecanismos para que isso ocorra é a instituição de 
cotas para negros na universidade.
e. Relacionam-se a um movimento de políticas de identidade étnico-racial que de-
nuncia a democracia racial brasileira como um mito.
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Faculdade Internacional Signorelli
3. Acerca da relação entre ética e moral, assinale a opção correta.
a. Durante as Idades Média e Moderna, a ética era considerada uma ciência, por-
tanto, era ensinada como disciplina escolar. Na Idade Contemporânea, a ética 
assumiu uma nova conotação, desvinculando-se da ciência e da filosofia e sendo 
vinculada às práticas sociais.
b. A simples existência da moral significa a presença explícita de uma ética, entendi-
da como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discute, problematiza e interpreta 
o significado dos valores morais.
c. O entendimento ético discorre filosoficamente, em épocas diferentes e por vários 
pensadores, dando conceitos e formas de alusão ao termo ética.
d. A ética não tem por objetivo procurar o fundamento do valor que norteia o compor-
tamento, tendo em vista a historicidade presente nos valores.
e. O conhecimento do dever está desvinculado da noção de ética, pois este é con-
sequência da percepção, pelo sujeito, de que ele é um ser racional e, portanto, 
está obrigado a obedecer ao imperativo categórico: a necessidade de se respeitar 
todos os seres racionais na qualidade de fins em si mesmos.
4. Sobre o conceito de ética marque a alternativa que NÃO representa uma al-
ternativa correta. 
a. Ética é o Julgamento da validade das morais.
b. Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética.
c. A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e cult-
urais.
d. Ética é a ciência normativa dos comportamentos humanos, sendo definida através 
de leis específicas. 
e. Ao conviver em sociedade o homem percebeu a necessidade de “regras” que 
regulamentassem esse convívio. 
5. A ética é um fenômeno humano e a experiência moral é um dos aspectos es-
senciais que se manifestatanto na existência de cada pessoa em particular 
como na comunidade da qual participa. Com isso é correto afirmar que 
a. a ambiência deteriorara-se há muito, a partir dos maus exemplos de expressivos 
dirigentes do Estado, mergulhados que estão na prática de atos imorais; 
b. a experiência moral é revelada pois se define através da ação e o sentido ético 
pode ser captado e definido em relação aos comportamentos, às práticas, aos atos 
realizados pela pessoa humana; 
c. a consciência ética resulta da relação íntima do ser humano consigo mesmo, pois 
é fruto da conexão entre as capacidades do “ego” e as energias espirituais, re-
sponsáveis pela nossa vida. 
d. a comunidade não exerce influência decisiva na regulamentação do comporta-
mento moral, e exatamente por isso não há a necessidade da pessoa seguir um 
padrão comportamental vigente em seu meio. 
e. a felicidade está na eficácia de nossa ação em nosso ambiente, em confronto com 
as necessidades que programamos, e que nos condiciona a atitudes e condutas 
que exigem uma linha normativa ou não de experiência moral; 
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GAbARitO
1-e, 2-a, 3-c, 4-d, 5-e.
 síntese
Em resposta às críticas feitas pelo “pós-estruturalismo” francês (Foucault, Deleuze, 
Derrida etc.), Apel pondera que a busca de valores universais não prejudica a diferen-
ça e a particularidade, porquanto, mais do que nunca, se faz necessária uma grande 
ética, uma ética cósmica, planetária. A intenção de Apel não é oferecer uma ética aca-
bada para uma realidade constituída de diferentes grupos particulares, mas sim prin-
cípios universais condutores que deverão ser usados como direção geral, princípios 
que ordenam uma ética coletiva da responsabilidade, envolvendo a participação de 
todos para o bem-estar e a felicidade geral. Certamente, deve-se, preliminarmente, 
reconhecer não só o esforço de Habermas e Apel no sentido de fundamentar uma éti-
ca racional, potencialmente universal, que parte de relações intersubjetivas e da ação 
comunicativa concreta, superadoras do formalismo positivista, como, sobretudo, a 
importância de suas análises e de suas categorias-chaves como “responsabilidade”, 
“práxis emancipatória”, “solidariedade”, “valorização das subjetividades do mundo da 
vida” e “consenso da comunidade real”, para se repensar e romper com todos os pa-
râmetros axiológicos convencionais. 
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CIDADANIA CONTEMPORÂNEA II
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Prezado estudante,
Indicar que uma ética para os nossos dias deve ser aquela que se oponha à moral es-
sencialista das instituições da modernidade, que, apesar de ter produzido o progresso técnico, 
produziu também injustiças sociais e o cinismo ético na observância dos princípios que não 
levaram em conta os fracos. Elaboramos na modernidade uma ética cínica. Para opor-se 
a essa, propõe-se uma ética solidária – Ética da Responsabilidade - que supere a ética de 
princípios, a individualista (da modernidade) e a fragmentada e niilista (da pós-modernidade), 
a fim de que possamos responder a pergunta inquietante – o que e como posso fazer? 
AULA 7 - A VIA PARA O NEOLIBERALISMO, O CONTEXTO 
 INTERNACIONAL 
 ObjetivO
 ▪ Analisar os conceitos atuais sobre os valores éticos.
1 O QUE VOCÊ SABE SOBRE ÉTICA DA RESPONSABILIDADE?
A palavra responsabilidade deriva do latim respondere, responder. No dicionário Mi-
chaellis, responsabilidade é a qualidade de responsável, que responde por atos próprios ou 
de outrem, que deve satisfazer os seus compromissos ou de outrem. Estas derivações nos 
remetem a questões ligadas ao dever, a obrigações, a moral que, por sua vez, nos faz de-
bruçar ao campo da ética. A relação da ética com responsabilidade social está diretamente 
vinculada aos costumes e hábitos de cada coletividade através de suas crenças e tradições.
A construção do conceito definindo como um processo dinâmico que reflete o próprio 
meio social, no qual se entrecruzam diversos fatores de ordem econômica, política e cultural 
e envolve os diversos segmentos da sociedade cidadãos, consumidores, organizações públi-
cas ou privadas, comunidades, etc. estreitamente vinculadas à ciência do dever humano que 
chamamos de ética e voltadas para o desenvolvimento sustentado da sociedade.
Temos nos orientado por uma ética de princípios baseada nas normas morais das socie-
dades tradicional e moderna e, atualmente, pelos princípios das regras fragilizadas e fugazes 
da chamada pós-modernidade. Essas concepções, que pautam e estudam o comportamento 
humano nas diferentes experiências de sociedades, são vistas como categorias universais 
e imutáveis. 
Não obstante, existe outro olhar ao qual se direciona a ética: a responsabilidade do in-
divíduo frente à vida do outro, o que, conseqüentemente, está relacionado com a noção de 
cidadania. Essa concepção de ética não deseja carregar o “apelido” de universal nem tampouco 
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o status de imutável, prefere ser forjada nos contextos históricos ao sabor das experiências 
grupais emergentes das mais variadas vivências e necessidades dos sujeitos nas tramas 
históricas. A diferença básica entre a ética da responsabilidade e as outras posturas é que 
ela não se orienta somente por princípios, mas principalmente pelo contexto e pelos efeitos 
que podem causar nossas ações. Dessa maneira, compreendemos que a responsabilidade 
social da ética é nos levar a refletir sobre os comportamentos dos indivíduos que se imaginam 
guiados por normas e preceitos transcendentais, ou por normas e leis criadas, sem levar em 
conta o ser aí - presente em toda sua existencialidade. 
2 ÉTICA DA RESPONSABILIDADE
A ética da responsabilidade tem por natureza preservar a vida onde quer que ela esteja 
ameaçada. Por isso, falamos em bioética, ecoética, etc.. O que realmente interessa é a vida 
do grupo e todos os esforços para mudar comportamentos e alterar normas caducas. Nessa 
concepção, as normas não devem ter um status de dogma, mas sim, de guia (kanôn, no 
sentido de guia – vara de conduzir), pelas quais a comunidade dos humanos percorre seu 
itinerário nesta oikoumene.
Esse quadro ético-moral determina que os efeitos e o campo em que a ação se desen-
rola servem como critério ético para avaliar o comportamento dos homens no contexto social. 
Nesse particular, faz-se necessária uma nova leitura das categorias morais que impregnaram 
nossos dicionários, como, por exemplo, justiça, paz e vida. A ética da responsabilidade social, 
ao contrário das demais concepções, é dinâmica, e por isso, se refaz a cada contexto consti-
tuindo-se em requisito para a busca da transformação das normas morais, uma vez que essas 
não são frutos de uma ordem transcendental, mas sim criação humana, sujeitas a falhas e, 
portanto, passíveis de constantes revisões, sempre que o contexto histórico assim o exigir.
Face a essa moldura teórica da ética e da moral, feita de maneira breve, perguntamos: 
de que maneira podemos refletir, como profissionais da educação, sobre a responsabilidade 
ético-social de nossas ações, numa sociedade marcada pela ética essencialista das tradições 
arcaicas de nossa cultura ibero-americana e ocidental, por uma ética cínica e uma moralida-
de individualista de nossa pretensa modernidade? Quais os valores que pautam nosso agir 
diante de um niilismo ético-moral em que as pessoas passam simplesmente de um valor de 
uso para um valor de troca [econômica] - transformando-se em mercadorias de um mercado 
mundializado?
Configura-se diante disso, a necessidade de se pensar outra eticidade, aquela que está 
para além dos códigos de ética profissionais, que, em geral, são fósseis arqueológicos de 
regrase normas petrificadas num tempo fora do tempo e que a eles se nos recomendam 
fidelidade. A ética da responsabilidade orienta-nos a ultrapassar suas barreiras e a buscar 
outros referenciais sócio-históricos, a fim de melhorar nossa eticidade no cotidiano e contribuir 
na formação dos novos sujeitos profissionais. 
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Pensar a ética nesses termos é também pensar a cidadania e buscar a compreensão que 
as instituições têm dessas duas dimensões da vida hoje. Para alguns, no Brasil, nem cidadãos 
há de fato, uma vez que o Estado ainda não concretizou os ideais burgueses de cidadania e 
do capitalismo, caracterizando-se como uma sociedade autoritária e hierarquizada, em que 
os direitos do homem e do cidadão simplesmente não existem para uma imensa maioria. 
Ao longo de sua recente história democrática, as tentativas desse contingente de exclu-
ídos conquistar essa cidadania, ainda que seja nos moldes do Estado burguês, foram sendo 
compreendidas como problemas de ordem e distúrbios sociais, e, portanto, casos de polícia. 
Por isso, é importante relacionar ética e cidadania neste país que as concebe a partir de 
uma perspectiva jurídica de Estado, quando os sociólogos já apontam para a fragilidade dos 
laços territoriais entre indivíduos e Estado, em que as lealdades se esvaem na emergência 
da sociedade civil global. 
A ética moderna foi suficiente para o estado burguês educar o cidadão, reduzindo-a ao 
longo da modernidade contemporânea numa reserva moral do privado e particularizando o 
dever ético dos indivíduos, sem levar em conta as advertências de Hegel de que as ações 
do cidadão e, portanto, sua eticidade se realizavam dentro das estruturas sociais - família, 
sociedade civil e estado - coletivamente.
Formar o cidadão implica repensar a ética e reconceituá-la a partir dos novos desafios 
que o tempo presente nos aponta. Propomos algumas perguntas que provocam e aguçam 
nossa reflexão sobre ética e educação: 1. pode o saber eliminar ou amenizar o autoritarismo, 
a injustiça, a imoralidade?; 2. a conduta dos que “sabem” menos é menos ética, solidária e 
“humana” que a dos que “sabem” mais?; 3. que tipo de saber é requerido para que se pro-
movam sociedades mais democráticas, justas e solidárias do que as que foram idealizadas 
pelo Estado Burguês?
Essas perguntas comprometem, de maneira indelével, a Educação. Se afirmarmos 
romanticamente que todo “saber” é libertador, estaremos sendo cúmplice dos velhos mitos 
iluministas e burgueses da educação do soberano. Se, de maneira crítica, reconhecermos que 
nem todo saber serve para promover uma sociedade mais igualitária, estaremos afirmando 
que nossa tarefa de educar foi sempre realizada para educar o soberano e não o cidadão. 
Sair desse dilema, que há muito já colocou Gramsci à educação (formar cidadãos ou 
funcionários e súditos?), é uma exigência do nosso tempo. Urge a necessidade de discutir 
uma ética cidadã, uma Escola Cidadã cuja ética exerça seu estatuto epistemológico de re-
flexão crítica sobre o comportamento dos homens e se comprometa a questionar a validade 
desse saber elaborado pelo conhecimento científico da modernidade, (ainda hoje socialmente 
válido) em detrimento dos outros saberes, de maneira que essa ética nos permita alcançar 
o objetivo de formar o cidadão.
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AULA 8 - BRASIL ANOS 80 – A LUTA PELA REDEMOCRATIZAÇÃO
 ObjetivO
 ▪ Reconhecer a origem da cidadania e sua ligação com a política e a redemocratiza-
ção.
1 O QUE VOCÊ SABE SOBRE A REDEMOCRATIZAÇÃO?
Muito se tem falado e escrito sobre a redemocratização do pais e da responsabilidade 
ética do processo de ensino-aprendizagem, de como a escola deve ter por objetivo a cons-
trução de cidadãos participativos e conscientes, isto é, indivíduos responsáveis e solidários 
com a comunidade e autônomos intelectualmente, de como a escola está empenhada em 
desenvolver atividades que tematizam os direitos humanos e o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e despertar o respeito ao meio ambiente (natureza). 
Salvo melhor juízo, não é possível observar o grande sucesso apregoado pelas escolas 
e educadores nesta questão tão premente. Mais e mais jovens estão saindo das escolas sem 
um sentimento de pertença à comunidade e à natureza e, também, sem possuir autonomia 
intelectual para a resolução de problemas cognitivos e práticos, além de não possuírem au-
tonomia moral para fundamentar racionalmente sua ação moral (deliberação). 
O homem relaciona-se de forma variada com o mundo. Seu comportamento é influenciado 
pelas variadas e diversas necessidades humanas, sendo direcionado de acordo com estas 
demandas. Devido a esta variedade de relações do homem com o mundo, desenvolvem-se 
relações diversas dos homens entre si na economia, direito, política etc. E são nestes rela-
cionamentos que afloram os vários tipos de comportamento.
O comportamento do homem varia de acordo com o objeto com o qual ele se relaciona 
e com a necessidade a ser satisfeita. Todas as formas de comportamento estão relacionadas 
entre si e variam de acordo com o contexto histórico em que ocorrem, pois ele determina qual 
a forma de comportamento deve dominar em determinada época ou sociedade.
Por ser um grupo de normas e regras que regem o comportamento individual e social 
dos homens, a moral tem uma relação articulada com as demais formas fundamentais de 
conduta humana. Mas é preciso observar que apesar das semelhanças entre as variadas 
formas de comportamento, existem diferenças que identificam cada tipo de conduta e que 
precisam ser respeitadas.
A moral não pode interferir nas demais condutas, assim como estas não podem interferir 
na moral, pois as diversas condutas possuem campos específicos. A relação da moral com 
os outros campos deve ser mútua.
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Uma das funções da moral é regulamentar as ações mútuas entre os indivíduos e entre 
estes e a comunidade, enquanto que a política abrange relações entre grupos humanos, como 
classes, povos de nações, incluindo a atividade destas classes ou grupos sociais através das 
suas organizações específicas.
2 ÉTICA E LUTA POR REDEMOCRATIZAÇÃO
A política é a atividade dos grupos sociais que tende a conservar a ordem social existente, 
a reformá-la ou mudá-la. É também a atividade que o próprio poder estatal desenvolve na 
ordem nacional e internacional.
A maneira com que os indivíduos se situam na política se difere da moral. No campo 
político os sujeitos da ação política são indivíduos, mas enquanto membros de um grupo 
social determinado, procurando defender os interesses comuns nas relações com o Estado, 
com outras classes e com outros povos. Na moral é o fator íntimo e pessoal que determinará 
sobremaneira as relações morais do indivíduo com os demais. Aqui, o indivíduo toma deci-
sões pessoais e assume uma responsabilidade pessoal pelos seus atos. Apesar de que as 
normas morais possuam um caráter coletivo, é o indivíduo que deve decidir pessoalmente 
se as cumpre, assumindo a responsabilidade.
Pode-se dizer que a moral e o direito se encontram inter-relacionados por se caracteriza-
rem em um conjunto de normas que visam regulamentar as ações humanas na perspectiva 
da manutenção da ordem social. Percebe-se, entre essas duas formas de comportamento 
humano, traços de semelhança que as identificam, fortalecendo a relação existente entre elas. 
Têm-se como pontos análogos à regulamentação das relações sociais através de normas de 
caráter obrigatório, onde estas impõem exigências para que sejam cumpridas, determinando 
um “certo” comportamento a ser seguido. Além disso, têm o mesmo objetivo, que é manter 
uma coesão social e são determinadas historicamente, já que são mutáveis

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