Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Princípios de Direito do Trabalho: Princípio protetivo Segundo Plá Rodriguez (1979, p. 27), no direito do trabalho a preocupação central parece ser a de proteger uma das partes com o objetivo de, mediante essa proteção, alcançar-se uma igualdade substancial e verdadeira entre as partes. Segundo Couture (Apud 1944 Plá Rodriguez 1979, p. 29) “o procedimento lógico de corrigir desigualdades é o de criar outras desigualdades” Aplicação prática: 103000288644 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO DE REVISTA - ACORDO COLETIVO DE TRABALHO - PLANO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR - GRATUIDADE - Não obstante previsão, em norma coletiva, desde 1992, para desconto a título de assistência médico-hospitalar, é incontroverso que o benefício continuou a ser prestado aos reclamantes, sem ônus, até 2006, razão pela qual a sua cobrança posterior ofende o princípio protetivo previsto no art. 444 da CLT . Princípio “In dúbio pro operário”: Se a norma jurídica é suscetível de várias interpretações, deve ser interpretada da maneira mais benéfica ao empregado. De se ressaltar que não diz respeito a valoração da prova, mas sim a interpretação de normas. Aplicação prática: 30015608 - ABANDONO DE EMPREGO - ÔNUS DA PROVA - Alegado o abandono de emprego, cabe ao empregador prová-lo. Não o fazendo, presume-se verdadeira a dispensa imotivada, em face da inversão do onus probandi e porque milita a favor do obreiro o princípio do in dúbio pro operario. A colocação do emprego à disposição do empregado não exíme o empregador da reparação devida, nem a recusa de aceitação constitui fato abonador de sua responsabilidade, pois a verdade presumida favorece a pretensão do obreiro. Revista não provida. (TST - RR 118411/1994 - 3ª T. - Rel. Min. Roberto Della Manna - DJU 18.08.1995 - p. 25289) Princípio ou regra da norma mais favorável No caso de haver mais de uma norma aplicável, deve-se optar por aquela que seja mais favorável, ainda que não seja a que corresponda aos critérios clássicos de hierarquia das normas. Aplicação prática ACORDO E CONVENÇÃO COLETIVA - CONFLITO - PREVALÊNCIA - NORMA MAIS BENÉFICA - Segundo o entendimento desta Corte Superior, no conflito entre Acordo e Convenção Coletiva, deve prevalecer a norma mais favorável ao empregado, em sua integralidade, em respeito aoprincípio da unicidade da norma coletiva, consagrado na teoria do conglobamento. Assim, uma vez reconhecido pela Corte Regional que a Convenção Coletiva era mais favorável à reclamante, esta deve prevalecer sobre o Acordo, nos termos doartigo 620 da CLT . Precedentes. Violação do artigo 7º, VI, da Constituição Federal não demonstrada. Incidência da Súmula nº 126 e 333 e do artigo 896, § 4º, da CLT . Agravo de instrumento a que se nega provimento. (TST - AIRR 5205-12.2010.5.01.0000 - Rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos - DJe 03.02.2012 - p. 417) Em se tratando norma que comparativamente apresente alguns aspectos mais benéficos, mas outros menos, a doutrina propõe duas soluções: Teoria do conglobamento: Prevalece a norma que em seu todo for a mais benéfica, analisados todos os seus aspectos. É a teoria que tem sido aplicada atualmente. Teoria da acumulação: Aplicam-se os dispositivos mais benéficos de cada norma. Atualmente minoritária. Princípio da condição mais benéfica. A aplicação de uma nova norma trabalhista nunca deve servir para diminuir as condições favoráveis em que se encontrava um trabalhador. Por isso, cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. 103000261159 - CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO (SINDIMES E SINTTEL) – NORMA MAIS BANÉFICA - PREVALÊNCIA SOBRE ACORDO COLETIVO DE TRABALHO - Inobstante haver cláusula em acordo coletivo, dispondo que referido instrumento prevalece sobre a convenção coletiva, cláusula essa que, em tese, teria eficácia, por força do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, o fato é que o Regional negou- lhe validade, sob o fundamento de que: por se verificar que, invariavelmente, os acordos coletivos que possuem cláusulas idênticas à ora em exame são efetivamente mais prejudiciais aos empregados, o que evidencia o propósito do empregador de impedir o acesso de seus empregados aos direitos conquistados pela categoria em geral, e isso com auxílio do sindicato profissional, o que é lamentável, este Relator modifica o seu entendimento, para voltar a adotar o princípio de aplicação da norma mais benéfica para o empregado, independentemente da existência de cláusulas de prevalência em acordos coletivos. Tais cláusulas não podem prevalecer se não visam a melhoria da condição social do trabalhador, mas sim, importam em meio de fraudar ou impedir o acesso do trabalhador às normas mínimas de proteção ao trabalho que já integram ou podem integrar o seu patrimônio jurídico.. Nesse contexto, a hipótese atrai a aplicação do artigo 9º da CLT , de forma que o acordo coletivo entre a SINTTEL e a Contax S/A não afasta a aplicação da Convenção Coletiva firmada entre SINDIMEST e o SINTTEL. Intactos os artigos 7º, XXVI , e 8º, III e VI, ambos da Constituição Federal e artigo 581, § 2º, da CLT . Agravo de instrumento não provido. (TST- AIRR 7003-08.2010.5.01.0000 - Rel. Min. Milton de Moura França - DJe 20.05.2011 - p. 954) Irrenunciabilidade dos Direitos Trabalhistas É a impossibilidade jurídica de privar-se voluntariamente de uma ou mais vantagens concedidas pelo direito trabalhista em benefício próprio. Caso clássico é a renuncia do trabalhador ao vale-transporte quando da sua admissão, mesmo que precise do benefício. 103000335269 - RECURSO DE REVISTA - ADESÃO A NOVO PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DA CEF - IMPOSIÇÃO DE RENÚNCIA A DIREITOS E DESISTÊNCIA DE AÇÕES JUDICIAIS - 1- Em cumprimento à regra pactuada (ACT 2006/2007), a Caixa Econômica Federal editou a Circular Interna - SUPES/GEINP nº 265/06, elucidando as regras para unificação das carreiras profissionais do PCS/98, bem como para migração dos empregados vinculados a outro PCS. 2- As exigências impostas com o advento da referida Circular Interna demonstram o desvirtuamento do que restou pactuado no ACT 2006/2007, especialmente porque, ali, inexiste qualquer alusão à necessidade de desistência ou renúncia a direitospara que se efetive a adesão à nova estrutura salarial. Tal iniciativa revela a conduta abusiva do empregador, além de eventual afronta aos princípios da irrenunciabilidade de direitos trabalhistas, da inafastabilidade da jurisdição ( CF, 5º, XXXV ) e da dignidade da pessoa humana ( CF, art. 1º, III ). Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR 122800-30.2006.5.05.0010 - Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira - DJe 30.09.2011 - p. 1450) Imperatividade das normas trabalhistas Deve haver prevalência das normas trabalhistas, não podendo as partes, via de regra, as afastarem mediante declaração bilateral de vontades, caracterizando, assim, restrição à autonomia das partes no ajuste das condições contratuais trabalhistas. AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO DE REVISTA - PLANO DE DESLIGAMENTO INCENTIVADO (PDIS, PDVS, PADVS E CONGÊNERES) - POSSIBILIDADES E LIMITES DA TRANSAÇÃO BILATERAL EM TAIS CASOS - EFEITOS JURÍDICOS - A renúncia e a transação são firmemente restringidas pelo Direito Individual do Trabalho, em face dos princípios da imperatividade das normas juslaborais, da indisponibilidadedos direitos trabalhistas e da inalterabilidade contratual lesiva. Um dos raros (e mais destacados) exemplos de efetiva e válida transação no âmbito do Direito Individual reside nos planos de desligamento incentivado (PDVs, PDIs e congêneres) Princípio da inalterabilidade contratual lesiva “Art. 444 da CLT – As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação pelas partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.” Irredutibilidade salarial A garantia da irredutibilidade salarial está prevista na Constituição Federal no Artigo 07 Inciso VI - Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em Convenção ou Acordo Coletivo, é proibido ao empregador diminuir o salário do empregado. Uma vez estipulado um valor no contrato de trabalho, este não poderá sofrer redução. (Exceção: prevista na CLT, em seu artigo 503, que torna lícita a possibilidade de redução do salário em até 25% com redução de jornada de trabalho em casos de força maior ou prejuízos suscetíveis de afetar substancialmente a situação econômica da empresa, observando sempre o limite do salário mínimo. Esta possível redução deverá ser feita mediante Acordo Coletivo entre a empresa e o sindicato dos empregados.) Primazia da realidade Em matéria de trabalho importa o que ocorre na prática, mais do que aquilo que as partes hajam pactuado de forma mais ou menos solene, ou expressa, ou aquilo que conste em documentos, formulários e instrumentos de controle. "O princípio da primazia da realidade significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de documentos ou acordos, deve-se dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos fatos" (Américo Pla Rodrigues) 113000054839 - HORAS EXTRAS - Os controles de ponto juntados pela primeira reclamada afiguram-se imprestáveis ao fim colimado, na medida em que não era permitida a anotação da real e efetiva jornada cumprida. Reverte-se em benefício do obreiro, quanto à jornada inicial, ante a manifesta intenção de fraudar, já que ao empregador compete o efetivo controle e fiscalização de horário, em face da primazia da realidade do contrato de trabalho e das normas tutelares do direito do trabalho, de conteúdo cogente e inderrogável (inteligência dos arts. 9º e 74 da CLT ). Apelo rejeitado, no particular. (TRT-02ª R. - RO 00586008320095020271 (00586200927102001) - (20110391530) - 17ª T. - Relª Juíza Dâmia Ávoli - DOE/SP 04.04.2011 ) Continuidade da relação de emprego O Princípio da Continuidade do vínculo empregatício visa assegurar maior possibilidade de permanência do trabalhador em seu emprego, podendo ser traduzido em algumas medidas concretas. Exemplo: a preferência pelos contratos de duração indeterminada, a proibição de sucessivas prorrogações dos contratos a prazo e a adoção do critério da despersonalização do empregador, que visa a manutenção do contrato nos casos de substituição do empregador. 103000279813 – RECURSO DE REVISTA - 1- DISPENSA EM DECORRÊNCIA DA APOSENTADORIA ESPONTÂNEA DO EMPREGADO - IMOTIVADA - DIREITO A VERBAS RESCISÓRIAS - Consoante a nova jurisprudência deste colendo Tribunal Superior, a aposentadoria espontânea não tem o condão de extinguir automaticamente o contrato de trabalho. Na hipótese, restando incontroverso que a rescisão do contrato de trabalho se deu por ocasião da aposentadoria espontânea e havendo presunção de interesse do reclamante em continuar a prestar serviços para a reclamada, ante o princípio da continuidade da relação de emprego, caracterizada está a dispensa imotivada, sendo devido o pagamento das verbas rescisórias pleiteadas e não pagas quando da rescisão do contrato de trabalho, quais sejam a multa de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos fundiários e o aviso prévio indenizado. Incidência da Orientação Jurisprudencial nº 361 daSBDI-1. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR 1583/2007-005-21-00.8 - Rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos - DJe 17.06.2011 - p. 854)
Compartilhar