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AGRAVO PERDA REMIÇÃO – FALTA GRAVE.001

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE MACEIÓ / AL.  
 
 
 
Processo n.º _____________  
 
 
 
EIKE BATISTA, já qualificado nos autos do processo, vem, pelo Defensor Público em exercício na VEP, não se conformando com a decisão, que declarou a perda dos dias remidos pelo trabalho, com fulcro nos artigos 197 da Lei de Execução Penal, sob o rito previsto pelo artigo 581, e seguintes, do Código de Processo Penal, apresentar   
 
AGRAVO A EXECUÇÃO 
 
Pelos motivos de fato e de direito a seguir apresentados. 
Vale salientar, com fulcro no art. 197 da Lei 7210/84, pelos fundamentos de fato e de direito apresentados nas razões anexas. 
Indica, nessa oportunidade, as peças a seguir relacionadas, necessárias à formação do instrumento: 
Carta de Execução de Sentença; 
Fichas disciplinares; 
Folhas de cálculo de pena; 
Procedimento disciplinar; 
Parecer do Ministério Público; 
Decisão Agravada. 
P. Deferimento. 
 
Maceió 22 de Março de 2017. 
Defensor: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAZÕES DE AGRAVANTE 
 
Agravante: EIKE BATISTA  
Agravado: MINISTERIO PUBLICO 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL 
 
Em que pese a acuidade e o espírito humanitário do douto prolator da decisão ora impugnada, desta vez não observou o magistrado a costumeira justiça ao declarar a perda de metade dos dias remidos em função de notícia da suposta prática de falta grave. 
Tal decisão não pode permanecer no mundo jurídico eis que prolatada em evidente error in judicando. 
A decisão não pode prosperar diante da fragilidade dos fundamentos apresentados, pois está sobejamente comprovado que o agravante satisfez as exigências legais para a obtenção de seu direito, que deveria ter sido declarado pelo juízo, não se devendo discutir sobre mutabilidade na execução, e sim, em direitos de todo o cidadão, presidiário ou não. 
Ocorre que a suposta falta grave, devidamente justificada pela coerção sofrida pelos detentos que convivem juntamente com o agravante, além das ameaças recebidas pelos mesmos. Com a decisão, ora impugnada, o douto Juízo a quo continua penalizando o agravante pelo mesmo fato, embora já tenha sido penalizado, com a sanção do isolamento, constituindo tal fato um verdadeiro bis in idem, repelido veementemente pelo direito pátrio. 
Ademais, durante todo o tempo em que o agravante está no Sistema Penitenciário demonstrou maturidade e total adaptação quer em relação aos companheiros, quer quanto às autoridades locais, mantendo postura cordial e bom desenvolvimento nos trabalhos que executava. 
Tanto isso é verdade que se verifica a realização de  todo o trabalho com muito afinco, sempre com o intuito de remir e ressocializar-se. 
 
DAS PRELIMINARES 
DA AUSENCIA DE ADVOGADO DE DEFESA 
Busca a nulidade de sindicância que apurou falta grave por ausência de defensor técnico ( advogado) na oitiva de testemunhas, Inocorrência na sindicância não incidem os princípios do contraditório e da ampla defesa sendo assim o procedimento de caráter inquisitório. 
A defesa, como é sabido, é uma injunção legal, como faz certo o art. 261, do CPP;
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
 
DA NULIDADE DO PROCESSO 
 As Súmula nº. 523 do Supremo Tribunal Federal, sendo certo que a Carta Política de 1988, com acurado acerto, no inciso LV do art. 5º, equiparou as garantias dos acusados em geral, seja no processo penal ou no processo administrativo disciplinar. 
A Súmula 523 do STF:
“No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta,...
O combativo artigo 5º da CF dispõe diretamente sobre a ampla defesa:
LV — aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
De acordo com Celso de Mello, a falta do cumprimento da exigência legal configura “típica hipótese de nulidade processual absoluta” — ou seja, fica caracterizado vício suficiente para anular todo o processo. No caso, ele entendeu que houve prejuízo da garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório.
 DA AUSÊNCIA DE EXAME TOXICOLÓGICO 
Observando decisão dos TJSP, verifica-se a ausência de materialidade visto que não há provas contundentes nem vinculo do tipo( trafico). Vislumbrando o histórico do Agravante em sua permanência no ambiente de convívio com os apenados reclusos.
 TJSP - Apelação nº990.10.298255-6 - acórdão
	Tráfico de Drogas – Entendimento Majoritário no TJSP – Cabimento de Internação - “Apelação – Tráfico de drogas e associação para o mesmo fim – Aplicação de semiliberdade – Recurso para reconhecimento da associação e aplicação de internação – Acolhimento parcial – Prova suficiente da autoria e materialidade do tráfico – Admissão da posse e guarda dos entorpecentes – Destinação ao fornecimento de terceiros evidenciada, ademais, pela grande quantidade, diversidade e forma de acondicionamento da droga – Apreensão de cerca de quatro quilos de crack e cem gramas de cocaína, mais petrechos para embalo da droga e numerário – Tráfico de grande porte – Prova insuficiente, contudo, para o reconhecimento da associação – Ato que pressupõe violência contra toda a sociedade, principalmente por atingir a sua população mais jovem e vulnerável – Ausência de condições pessoais favoráveis à ressocialização em meio aberto – Ociosidade – Uso de drogas – Ausência de respaldo familiar – Internação que se apresenta como medida cabível e necessária para a ressocialização do adolescente – Provimento parcial do recurso.
	
“É que fora indeferida a realização de exame toxicológico, pleito este indeferido pelo magistrado. Haviam indícios fortes de dependência química e, a falta de realização do exame toxicológico constitui nulidade por cerceamento de defesa. Várias notas de jurisprudência neste sentido foram carreadas à apelação criminal.”
 Em verdade, não havia qualquer denotação fática que indicasse a existência do tráfico de drogas. (CPP, art. 386, inc. II)
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: 
II - não haver prova da existência do fato;
DO DIREITO 
 
Sustenta ainda o agravante que a decisão impugnada fere o direito adquirido do apenado, constitucionalmente garantido, uma vez que a remição, ainda que não declarada por decisão judicial, constitui um direito adquirido do condenado conforme torrente decisões de nossos Tribunais que permitimo-nos trazer a cotejo: 
 
“Remição – Falta grave – Perda do Direito ao Tempo Remido – Inconstitucionalidade. 
 
Na seção à remição nada existe capaz de autorizar o entendimento do agravante no sentido de fazer depender a decisão da juntada do histórico disciplinar do preso.  
Para remição dos dias trabalhados basta apenas a comprovação da atividade laborativa pelo apenado, ex: VI do art. 126 e parágrafo da Lei 7210/84. 
Quanto à perda do direito ao tempo remido ante a comprovação de falta grave – art. 127 da LEP – este dispositivo afronta o preceito constitucional que trata do direito adquirido, por isso que ao trabalhar para obter a remição de 1 dia de pena por 3 trabalhados, o preso incorpora esse direito que não pode ser fulminado por falta grave, pois remir significa quitação ou cumprimento de parte da pena imposta (TACRIM-RJ – Ac. Unân. 3ª Câm. – julg. em 12.08.97 – Agr. 605/96 – Capital – Rel. Juiz Valmir de Oliveira Silva; in ADCOAS 8158114). (grifos nossos).  
 
Por óbvio, não se pode afastar o direito adquirido, como pretende o Juiz a quo, uma vez que, ainda que prevalece a mutabilidade em sede de execução penal, o que se busca garantir, neste momento, é que o preso despendeu força laborativa, e como qualquer trabalhador faz jus à remuneração, que in casu, se faz através da remição de pena.  
Assim, não há como se considerar como constitucional uma previsão infraconstitucional, como o do art. 127 da LEP, se esta fere frontalmente a proibição, do art. 5º da CRFB/88, de trabalhos forçados, bemcomo a garantia a todo e qualquer trabalhador de proteção ao salário, constituindo crime sua retenção dolosa. Pois bem, in casu, a remição constitui um tipo de salário, merecendo, também, proteção constitucional. 
 
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) 
 
Acrescente-se que o princípio da proporcionalidade assegura que a sanção a ser aplicada diante da violação de uma norma será proporcional ao prejuízo por ela causado à sociedade, por considerar que nenhum crime é tão grave que mereça penas como o trabalho forçado, expressamente vedado pela nossa Lei Maior, alínea c, inciso XLVII, do art. 5º, o que, em verdade, ocorrerá caso a d. decisão monocrática seja mantida. 
Art.5º C.F. - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:  
 
XLVII - não haverá penas:  
c) de trabalhos forçados; 
 
Ainda argumentando, deve-se ressaltar que razão e a sensibilidade apontam que a perda dos dias remidos sem qualquer limitação temporal afronta os princípios humanizantes que devem orientar a execução penal, além de irracional por tratar-se de verdadeiro desestímulo à perseverança no trabalho prisional. 
Depois do tempo trabalhado e da certeza do condenado de ter resgatado parte de sua pena, em razão de “prática de uma falta grave”, sem efetiva comprovação e sem que seja dado ao apenado a ampla defesa, declarou a perda de metade dos dias remidos e trabalhados no período de sessenta e quatro dias remidos, anteriores à prática da falta grave, uma vez que a própria lei de execução dá orientação em outro sentido, se aplicada a interpretação sistemática. 
 
Em última análise, atentando para os princípios da proporcionalidade e da individualização das penas e buscando uma interpretação sistemática da Lei de Execuções Penais, com o fito de afastar situações anômalas e iníquas, o Egrégio Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, em acórdão pioneiro, decidiu que: 
 
“…Se para as sanções severas, como o isolamento, a suspensão e a restrição de direitos, não se pode exceder de trinta dias o período de imposição (LEP art. 58), o mesmo deve ocorrer com a perda dos dias remidos, para cada falta grave. Aliás, isso possibilita não somente um limite para cada sanção dessa espécie como individualiza e gradua a punição aplicada sem que se percam todos os frutos do trabalho e bom comportamento do sentenciado de uma única vez. 
Portanto, é de se entender que a sanção administrativa adicional, que é a perda dos dias remidos, por conta de falta disciplinar grave, deve ser fixada pelo juiz, considerando os antecedentes da conduta do apenado e as consequências do seu ato, até o limite previsto no art. 58 da LEP (AE 1.081.045/6 jul. em 25.11.1997 – 4ª Câm. – Rel. Juiz Figueiredo Gonçalves). (grifos nossos)   
 
DOS PEDIDOS 
 
Pelo exposto requer o agravante: 
 
a)Seja conhecido e provido o presente recurso de agravo para o fim de reformar a decisão recorrida, determinando-se sejam remidos os dias efetivamente trabalhados até a presente data por ser um direito adquirido pelo agravante, uma vez que deve ser considerado como pagamento pelos dias trabalhados, não admitindo nossa Constituição a pena de trabalhos forçados; 
 
b) Na remota hipótese de sobrevir qualquer perda de dias trabalhados para efeito de remição, o que se admite apenas para argumentar, seja estabelecido o limite temporal contido no Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011). 
 
C)Confiando no alto espírito de Justiça que norteia as doutas decisões desta Colenda Corte, aguarda o agravante o provimento do agravo para alterar a decisão impugnada, por ser esta a única resposta judicial compatível com a sapiência e sensibilidade destes Eméritos Julgadores e com a qual Vossas Excelências estarão distribuindo a costumeira e salutar JUSTIÇA. 
 
Nestes termos,  
pede deferimento. 
 
Maceió, 22 de março de 2017. 
 
Defensor Publico:____________________ 
OAB/AL Nº:_________________________

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