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As diferenças entre personalidade, temperamento e caráter by Thais de Souza http://www.psiconlinews.com/2017/06/as-diferencas-entre-personalidade-temperamento-e-carater.html Estes conceitos servem para expressar formas de pensar e sentir, não devemos confundi-los. Na linguagem cotidiana, usamos os termos “personalidade”, “temperamento” e “caráter” aleatoriamente; mas a psicologia estabelece limites claros entre estes três conceitos que representam diferentes aspectos da experiência humana. Neste artigo, definiremos o que é a personalidade, o temperamento e o caráter. Para isso, vamos fazer uma breve revisão da etimologia dos termos e da utilização deles ao longo da história e do ponto de vista da psicologia científica a respeito de suas diferenças e semelhanças. O que é o temperamento? Quando falamos de temperamento estamos nos referindo à dimensão biológica e instintiva da personalidade, que se manifesta antes de outros fatores. Durante a vida de qualquer pessoa, as influências ambientais interagem com sua base temperamental, resultando em recursos que a caracterizam e a diferenciam das outras pessoas. O temperamento é determinado pela herança genética, o que influencia de forma muito significativa o funcionamento dos sistemas nervoso e endócrino, ou seja, influencia relativamente distintos neurotransmissores e hormônios. Outros aspectos inatos, como o nível de alerta cerebral, também são importantes para o desenvolvimento da personalidade. Estas diferenças individuais geram variações em diferentes características e predisposições; por exemplo, a hiperatividade do sistema nervoso simpático favorece o aparecimento de sentimentos como a ansiedade, enquanto as pessoas introvertidas se caracterizam por níveis cronicamente baixos de ativação cortical, de acordo com o modelo PEN descrito por Hans Eysenk. Evolução histórica do conceito Na Grécia Antiga, o famoso médico Hipócrates afirmou que a personalidade e a enfermidade humana dependiam do equilíbrio ou do desequilíbrio entre quatro humores corporais: a bile amarela, a bile negra, ofleuma e o sangue. No século II dC, cerca de 500 anos mais tarde, Galeno de Pérgamo criou uma tipologia temperamental que classificava as pessoas de acordo com o humor predominante. No tipo colérico predominava a bile amarela, no melancólico a negra, no fleumático o fleuma e no sanguíneo, o sangue. Bem mais tarde, no século XX, autores como Eysenck e Pavlov desenvolveram teorias da personalidade baseadas na biologia. Como os modelos de Hipócrates e Galen, ambos usaram a estabilidade (Neuroticismo – Estabilidade emocional) e a atividade (Extroversão – introversão) do sistema nervoso central como critérios diferenciadores básicos. Definindo o caráter O caráter é o componente aprendido da personalidade. São as consequências das experiências que vivemos e que influenciam na nossa maneira de ser, modulando as predisposições e tendências biológicas, ou seja, temperamentais. Não existe um grau de acordo tão elevado sobre a definição de caráter como no caso do temperamento, a maioria das propostas destacam que seus efeitos derivam da interação social. Isto significa que depende do contexto em que o desenvolvemos e que, portanto, tem uma origem cultural. No início do século XX, o estudo do caráter ou caracterologia, era uma tendência predominante que acabou sendo substituída pela Psicologia da Personalidade; na verdade, essas perspectivas não são muito diferentes dos modelos atuais. Entre os autores que trabalharam com o conceito de caráter, se destacam Ernst Kretschmer e William Stern. Atualmente, em muitos casos, não se faz distinção entre o caráter e a personalidade. De forma estrita, o caráter é especificamente a parte da nossa natureza que é determinada pelo ambiente, mas a dificuldade de separá-la do temperamento faz com que as definições de caráter e personalidade se sobreponham. Personalidade: a soma da biologia e do ambiente Na psicologia, o termo “personalidade” é definido como uma organização de emoções, cognições e condutas que determinam os padrões de comportamento de uma pessoa. Na formação da personalidade intervém tanto a base biológica (temperamento), como as influências ambientais (caráter). Portanto, o aspecto mais notável da personalidade, em comparação com os conceitos de temperamento e caráter, é que ambos são incluídos. Visto que é difícil definir qual parte do modo de ser pertence à hereditariedade e qual parte provém do ambiente, o termo personalidade é mais útil do que os citados acima, a nível teórico e prático. A psicologia tem oferecido uma série de concepções da personalidade. Uma das mais influentes é a de Gordon Allport, que também destaca as manifestações mentais e comportamentais e o componente organizacional, mas acrescenta um fator de dinamismo (contínua interação com o ambiente) e de especificidade individual. Cada teoria psicológica sobre a personalidade destaca diferentes aspectos da experiência humana. Além da teoria individualista de Allport, entre as mais importantes encontramos as de Eysenck, que foca nas dimensões biológicas, e as dos humanistas Rogers e Maslow. É importante também fazer menção aos modelos situacionistas, que aproximam o conceito de personalidade ao de comportamento. A partir dessas perspectivas, propõe-se que o comportamento humano não depende tanto de construções mentais como das influências ambientais em uma situação concreta, ou que a personalidade seja um repertório comportamental. A história da palavra “personalidade” Na Grécia Antiga, a palavra “persona” era usada para se referir às máscaras dos atores no teatro. Mais tarde, em Roma, passou a ser usada como sinônimo de “cidadão”, designando principalmente os papéis sociais dos indivíduos privilegiados e influentes. Com o tempo, o termo “persona” começou a referir-se ao indivíduo, como um ser distinto ao seu ambiente. “Personalidade” é o termo derivado desta palavra, e é usada desde a Idade Média para descrever uma série de características que determinam as tendências de comportamento de uma pessoa.
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