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A Brecha Digital na América Latina LaBrechaDigital.org Evelio Martinez Tradução Washington Belo O que é a brecha digital? A Brecha Digital é um fenômeno que pode ser definido como “a separação que existe entre as pessoas (comunidades, Estados, países...) que utilizam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como uma parte integrante da sua vida cotidiana e aquelas que não têm acesso às mesmas, e ainda que mesmo que o tenham não saibam como utilizá-las”. É possível dizer que a Brecha Digital não se aplica exclusivamente às condições de um país, mas também se aplica à comunidades, inclusive a nível individual. O termo separação ou brecha se refere ao nível de acesso que se tem às TIC. As TIC podem ser entendidas como todas as tecnologias de redes, telecomunicações e informática (telefone, televisão, rádio, internet, computadores, etc…) que de maneira direta ou indireta, influem em nosso nível de vida e educação. Organizações que “medem” a Brecha DIgital Ainda que seja impossível medir a Brecha Digital de uma forma numérica, várias organizações internacionais se dão à tarefa de criar seus próprios índices e estatísticas anuais, para levar a conhecimento cifras sobre a maioria dos países do mundo. Por exemplo, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) gera anualmente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o qual utiliza a expectativa de vida ao nascer, taxa de alfabetização, matrícula escolar e o PIB (Produto Interno Bruto) per-capto de um país. Outro índice importante é o NRI (Network Readiness Index), é um índice anual gerado pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum) o qual monitora a viabilidade de integrar os benefícios das TIC em um país em particular, destacando os principais obstáculos estruturais, institucionais e políticos em tais países. A Brecha Digital na América Latina Em relação à América Latina existem diversos estudos e estatísticas onde se menciona o crescimento da região, assim como alguns retrocessos em algumas áreas. A seguir mencionaremos alguns deles. Segundo o último apontamento do Fórum Econômico Mundial, a região da América Latina e Caribe obteve notáveis melhoras nos que diz respeito a aceitação das TIC em cada um dos países. Ainda que não apareça nenhum país dentre os vinte primeiros lugares no apontamento do NRI de 2010 , há alguns países dentre os cinquenta primeiros: Barbados (38); Chile (39); Porto Rico(43); Uruguai (45); e Costa Rica (46). Quanto ao Brasil, o país subiu cinco lugares (ao 56), o México se mantém estável no lugar de número 78, e a Argentina caiu cinco lugares, para ocupar o lugar de número 96 no quadro de países do estudo. Neste mesmo informe do Fórum Econômico Mundial, se menciona que a expansão da tecnologia móvel, tem sido muito importante, dando ênfase também a como esta tecnologia chegou a cobrir áreas remotas, comunidades e grupos sociais que anteriormente estavam excluídos das TIC. Em particular, a telefonia móvel tem contribuído para a redução da Brecha Digital, alcançando uma penetração de em média 90% da população da América Latina e Caribe. O rápido desenvolvimento do setor de telecomunicações na região durante os últimos vinte anos não seria possível sem a contribuição de políticas públicas que incentivaram a abertura de mercados, aumentando a competitividade e atraindo investidores de grande capital, medidas necessárias para criar e renovar a infraestrutura de telecomunicações, tudo isso graças às intervenções do capital privado. Segundo um informe da CEPAL (Comissão Econômica Para a América Latina e Caribe), em 2010, a América Latina e o Caribe foi a região onde mais cresceu a porcentagem de receptação e emissão de investimento estrangeiro direto no mundo. Isto traz consigo muito benefícios para a região em questão de investimento estrangeiro em todas as áreas da economia, em particular do setor de telecomunicações. A chegada do Investimento Estrangeiro Direto (IED) aumentou em 40% em 2010 e totalizou 113 mil milhões de dólares, enquanto que as saídas quase se quadruplicaram e alcançaram as cifras recordes de 43 mil milhões de dólares. Segundo o estudo do Índice de Desenvolvimento Humano, na América Latina e Caribe têm-se implantado programas de transferência condicionada de renda, como o Bolsa Escola e Bolsa Família no Brasil, Oportunidades no México e Chile Solidário no Chile, programas empenhados em incrementar a assistência escolar. A região da América Latina e Caribe que por muito tempo abrigou a disparidade mais grave do mundo em matéria de ingressos e bens, hoje tem desenvolvido importantes avanços graças a mais gastos públicos e políticas sociais focalizadas. No que diz respeito ao número de usuários de Internet, segundo o site Internet World Stats (http://www.internetworldstats.com), a região da América Latina é a que teve um maior crescimento de cibernautas nos últimos dez anos. Infelizmente se a penetração média da Internet for considerada um fator chave na análise do uso ao redor do mundo, a região é colocada dentre as últimas posições. Segundo um estudo do site Tendenciasdigitales.com, Uruguai e Chile ocupam os primeiros lugares em penetração da internet, com 58%, seguido por Colômbia (50%), República Dominicana (41%), Brasil (38%), Venezuela (37%) e México (34%). Os últimos colocados em relação à penetração da Internet na região são El Salvador (14%) e Bolívia (12%). Comparando essa penetração de usuários da Internet com outras regiões, veremos que o Reino Unido tem uma penetração de 83%, Alemanha de 80%, EUA e Japão têm um incremento de 78%. Conclusões Ainda que tenha crescido o número de usuários da Internet na região da América Latina e Caribe, a porcentagem de penetração no entanto é muito baixa, nada comparado com o que acontece com a telefonia móvel. Se as companhias de telecomunicações oferecessem melhores tarifas de acesso à Internet, a penetração média cresceria, isto é um fato. Porém, infelizmente na região existem monopólios e políticas reguladoras arcaicas que impedem a livre e leal concorrência entre os provedores de serviço de Internet, trazendo consigo tarifas muito elevadas, que são impossíveis de ser pagas pela maioria da população da região. Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição- NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/. Disponível originalmente em espanhol em: <http://www.labrechadigital.org/labrecha/Articulos/la-brecha-digital-en-latinoamerica.html> Tradução de Washington Belo, 2017
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