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Bioquímica Licenciatura em Dietética Aula nº 13 Metabolismo dos aminoácidos Metabolismo dos nucleotídeos Sumário � Transaminação e desaminação oxidativa � Ciclo da ureia � Aminoácidos cetogénicos e glicogénicos � Fixação do nitrogénio (N2) � Biosíntese dos aminoácidos 2 � Biosíntese dos aminoácidos � Aminoácidos percursores de outras biomoléculas � Grupo Heme � Biosíntese de nucleotídeos � Degradação de nucleotídeos � Artrite metabólica e sindroma de Lesch-Nyhan Aminoácidos Aminoácido – Fórmula geral � Os aminoácidos são moléculas orgânicas detentoras de um grupo amino (-NH2) e um grupo carboxilo (-COOH), uma cadeia lateral variável e um protão alfa, covalentemente ligados a um átomo de carbono assimétrico (centro assimétrico). Carbono assimétrico (Cα) Grupo amino Grupo carboxilo 4 � As proteínas são polímeros construídos a partir de sequências específicas de aminoácidos (monómeros). � As células constroem as suas proteínas a partir de uma variedade de apenas 20 aminoácidos, designados de aminoácidos essenciais. � As cadeias laterais dos 20 aminoácidos essenciais dividem-se em apolares, polares e electricamente carregadas. Carbono assimétrico (Cα) Aminoácidos – Cadeias laterais � Os aminoácidos que apresentam cadeias laterais (-R) apolares, ou hidrofóbicas, são os seguintes: 5 Aminoácidos – Cadeias laterais � Os aminoácidos que apresentam cadeias laterais (-R) hidrofílicas, electricamente carregadas ou polares, são os seguintes: Aminoácidos polares 6 Aminoácidos básicos Aminoácidos ácidos Aminoácidos polares Degradação dos aminoácidos Degradação dos Aminoácidos � Ao contrário, dos lípidos e hidratos de carbono, os aminoácidos em excesso não são armazenados, mas também não são excretados. � No processo de degradação dos aminoácidos, os grupos amino são removidos por desaminação oxidativa, e convertidos em ureia. Aminoácidos Grupo amino Transaminases Esqueleto carbonado 8 � O restante esqueleto carbonado é convertido em Acetil CoA, acetoacetil CoA, piruvato e outros aminoácidos do ciclo do ácido cítrico. � O fígado é o órgão responsável pela degradação dos aminoácidos � Os ácidos gordos, os corpos cetónicos e a glucose podem ser formados a partir de aminoácidos. NH4+ Ciclo da Ureia Ureia Acetil CoA ou Acetoacetil CoA Piruvato α-cetoglutarato Succinil CoA Fumarato Oxaloacetato Grupo amino: Transaminação e Desaminação oxidativaoxidativa Aminoácidos - Transaminação � Degradação dos aminoácidos: Passo 1 – Reacção de Transaminação � No processo de degradação dos aminoácidos, o grupo amino do aminoácido é transferido para o αααα-cetoglutarato (um α-ceto ácido), com formação de glutamato e um outro α-ceto ácido, numa reacção catalizada pelas enzimas aminotransferases ou transaminases. � As enzimas aminotransferases possuem um grupo prostético de piridoxal fosfato (PLP), grupo derivado da piridoxina (Vitamina B6). � Ex1: Reacção de transaminação do aspartato catalizada pela aminotransferase do aspartato: 10 do aspartato: Aspartato + αααα-Cetoglutarato = Oxaloacetato + Glutamato Aminotransferase do aspartato Aminoácidos - Transaminação Ex2:Reacção de transaminação da alanina catalizada pela alanina aminotransferase: Alanina + αααα-Cetoglutarato = Piruvato + Glutamato 3 3 11 Ex3:Reacção de transaminação da fenilalanina: Fenilalanina + αααα-Cetoglutarato = Fenilpiruvato + Glutamato ++ Aminoácidos -Desaminação oxidativa � Degradação dos aminoácidos: Passo 2 – Desaminação oxidativa � Na reacção de desaminação oxidativa, o ião amónio (NH4+) é formado a partir de glutamato, numa reacção catalizada pela desidrogenase do glutamato, com redução de NAD+ ou NADP+ a NADH e H+ ou NADPH e H+, respectivamente: Glutamato + NAD+/NADP+ + H2O = NH4+ + α-cetoglutarato + NADH/NADPH + H+ � As 6 subunidades da desidrogenase do glutamato sofrem activação alostérica pelo GDP e ADP e inibição alostérica pelo GTP e ATP. Deste modo, a 12 diminuição da energia disponível à célula acelera o processo de oxidação dos aminoácidos. Glutamato α-cetoglutarato Desidrogenase do glutamato ↑[ATP] e ↑[GTP] ↑[ADP] e ↑[GDP] - + Aminoácidos – Desaminações directas � A desaminação dos aminoácidos serina e treonina ocorre de forma directa, a NH4+, e piruvato e αααα-cetobutirato, respectivamente. As enzimas desidratase da serina e desidratase da treonina, cujo grupo prostético é composto de fosfato piridoxal (PLP) catalizam esta reacção: Treonina → α-cetobutirato + NH4+ Serina → Piruvato + NH4+ 13 Desidratase da serinaSerina Piruvato Degradação dos aminoácidos � Grupo amino (resumo) � No que diz respeito ao grupo amino, a degradação dos aminoácidos, envolve as seguintes reacções de transaminação e desaminação oxidativa: UREIA 14 Aminoácido α-cetoácido α-cetoglutarato Glutamato NADH + NH4+ NAD+ + H2O 1 Transaminação Desaminação oxidativa 2 Excreção do ião amónio - NH4+ � Uma parte do NH4+ obtido na degradação dos aminoácidos é consumido na biosíntese de compostos nitrogenados. � O excesso de NH4+ na maioria dos vertebrados terrestres é convertido em ureia (NH2CONH2) e excretado na urina (animais ureotélicos). � Nos pássaros e répteis terrestres, o ião NH4+ é convertido em ácido úrico e excretado (animais uricotélicos). 15 excretado (animais uricotélicos). � Nos animais aquáticos, o NH4+ é directamente excretado (animais amonotélicos). � Animais Ureotélicos Ureia � Animais Uricotélicos Ácido úrico � Animais Amonotélicos Ião Amónio Grupo amino: Ciclo da Ureia Ciclo da Ureia (Hans Krebs) � A ureia é sintetizada a partir do ião NH4+ através do ciclo da ureia. � No ciclo da ureia, o grupo carbonilo da ureia (NH2CONH2) é proveniente do CO2, um dos átomos de nitrogénio é proveniente do ião amónio (NH4+), enquanto o outro átomo de nitrogénio é proveniente do aminoácido aspartato (R’-NH2). UreiaArgininaFumarato 17 Ureia Carbamoil fosfato Citrulina Aspartato Argininosuccinato Fumarato Ornitina 1 2 3 4 Formação de Carbamoil fosfato � O composto carbamoil fosfato é sintetizado a partir do ião amónio (NH4+), dióxido de carbono (CO2), ATP e H2O numa reacção catalizada pela enzima carbamoil fosfato sintetase. � O consumo de duas moléculas de ATP transforma a síntese da carbamoil fosfato num processo praticamente irreversível. 18 CO2 Carbamoil fosfatoCarbamoil fosfato sintetase Ciclo da Ureia: Passo 1 � Ciclo da Ureia: Passo 1 � Na primeira reacção do ciclo da ureia o grupo carbamoil é transferido para a molécula de ornitina para formar citrulina numa reacção catalizada pela enzima ornitina transcarbamoilase. 19 Ornitina Transcarbamoilase Ornitina Citrulina Carbamoil fosfato Ciclo da Ureia: Passo 2 � Ciclo da Ureia: Passo 2 � Reacção de condensação da citrulina com o aminoácido aspartato, que cede o segundo átomo de nitrogénio, para a formação da molécula final de ureia. Nesta reacção, há formação do composto argininosuccinato e consumo de ATP, numa reacção catalizada pela enzima argininosuccinato sintetase. Aspartato 20 Argininosuccinato sintetase ArgininosuccinatoCitrulina Aspartato Ciclo da Ureia: Passo 3 � Ciclo da Ureia: Passo 3 � Neste passo, do conjunto de reacções do ciclo da ureia, o argininosuccinato é clivado a arginina e fumarato pela enzima argininosuccinase. Argininosuccinase 21 Fumarato ArgininaArgininosuccinato Ciclo da Ureia: Passo 4 � Ciclo da Ureia: Passo 4 � No passo final do ciclo da ureia, há formação de ureia e regeneração da molécula de ornitina através de uma reacção de hidrólise da arginina, numa reacção catalizada pela enzima arginase. 22Arginase OrnitinaArginina Ureia � Na síntese de uma molécula de ureia o ciclo da ureia corresponde à seguinte reacção global: CO2 + NH4++ 3ATP + Aspartato + 2H2O→ Ureia + 2ADP + AMP + 4Pi +Fumarato � A síntese de fumarato no ciclo da ureia, une este ciclo com o ciclo do ácido cítrico: Ciclos da Ureia e do Ácido Cítrico Amino ácido αααα-ceto ácido Citoplasma AspartatoCitrulinaCarbamoil Fosfato 23 � O fumarato é hidratado a malato que de seguida oxidado a oxaloacetato. O Oxaloacetato por sua vez pode ter 4 destinos: 1) transaminação a aspartato, 2) conversão a glucose pela via da gluconeogénese, 3) condensação com acetil CoA para formar citrato pelo ciclo do ácido cítrico e 4) conversão a piruvato. Matrix Mitocondrial ácido Oxaloacetato Malato FumaratoArginina Arginino succinatoOrnitina Fosfato Ureia Glucose Ciclo do ácido cítrico Piruvato 1) 2) 3) 4) Hiperamonémia � Altos níveis de ião NH4+ são tóxicos para o Homem. � A síntese, no fígado, de ureia a partir de NH4+ é a maior via de remoção do NH4+. � O bloqueio enzimático do ciclo da ureia é fatal pois não se conhece mais nenhuma via de excreção de NH4+. � Já foram, contudo, diagnosticadas patologias associadas ao bloqueio parcial de alguns dos passos do ciclo da ureia. É o caso Hiperamonénia, em que os pacientes apresentam níveis elevados de NH + no sangue. 24 pacientes apresentam níveis elevados de NH4+ no sangue. � A Hiperamonénia está associada a atraso mental, letargia e episódios de vómito. � Uma dieta reduzida em proteínas conduz à diminuição dos níveis NH4+ no sangue, e a melhorias da condição clínica de pacientes com formas pouco agravadas da doença. � A causa da Hiperamonénia parece estar associada ao desvio da reacção catalizada pela enzima glutamato desidrogenase no sentido da formação do glutamato (ver slide 12), que por sua vez reage novamente com NH4+ para formar glutamina, e altos níveis de glutamina conduzem a lesões cerebrais graves. Degradação dos aminoácidos: Esqueleto carbonado Aminoácidos – Cadeia carbonada � As cadeias carbonadas dos 20 aminoácidos essenciais podem ser convertidas num pequeno grupo de 7 moléculas: Acetil CoA, Acetoacetil CoA, Piruvato, Oxaloacetato, αααα-cetoglutarato, succinil CoA e Fumarato. Leucina Lisina Fenilalanina Tirosina Triptofano Alanina Glicina Cisteína Serina Treonina Triptofano Isoleucina Leucina Triptofano Glucose PiruvatoFosfoenol Família C3 26 Glutamato Glutamina Histidina Prolina ArgininaIsoleucinaMetionina Valina Tirosina Fenilalanina Aspartato Aspargina Aspartato Acetil CoA Acetoacetil CoA Citrato α-ceto glutaratoSuccinil CoA Fumarato Oxaloacetato PiruvatoFosfoenol piruvato Família C5 Família C4 Aminoácidos – Cadeia carbonada � Na sequência, os aminoácidos dividem-se em: • Aminoácidos cetogénicos • Aminoácidos degradados a Acetil CoA e Acetoacetil CoA e que podem originar corpos cetónicos. • Aminoácidos glucogénicos αααα 27 • Aminoácidos degradados a Piruvato, Oxaloacetato, αααα-cetoglutarato, succinil CoA e Fumarato, e uma vez convertidos a fosfoenolpiruvato podem originar glucose pela via da gluconeogénese. � Os aminoácidos encontram-se ainda divididos em famílias de acordo com o número de carbonos do composto de entrada no ciclo metabólico. A família C3, tem como ponto de entrada o piruvato (C3), a família C4 tem como ponto de entrada o oxaloacetato (C4) e a família C5, o α-cetoglutarato (C5). Fenilcetonúria � A fenilcetonúria é uma doença congénita autossómica recessiva associada ao metabolismo da fenilalanina. � A fenilcetonúria provoca problemas cerebrais graves, como atraso mental severo. Prevê-se que cerca de 1% dos pacientes em instituições de doenças mentais tenham fenilcetonúria. •O peso do cérebro destes pacientes é inferior ao normal, observa-se Fenilalanina Hidroxilase 28 •O peso do cérebro destes pacientes é inferior ao normal, observa-se desmielinização dos nervos, reflexos hiperactivos e a presença de fenilalanina na urina. •A fenilcetonúria conduz à morte prematura entre os 20 e 30 anos de idade. •A fenilcetonúria está associada à falta da enzima fenilalanina hidroxilase, ou em situações mais raras, à falta do co-factor desta enzima, a tetrahidrobiopterina. A fenilalanina não consegue ser convertida em tirosina e há acumulação de fenilalanina em todos os fluidos biológicos. •O tratamento da doença consiste na remoção de alimentos ricos em fenilalalina da dieta dos pacientes. Síntese de aminoácidos Fixação do Nitrogénio (N2) � O nitrogénio é incorporado sob a forma de NH4+, na síntese de aminoácidos, bases purinas, pirimidinas e outras biomoléculas. � Os organismos superiores são incapazes de fixar N2 sob a forma de NH4+, como tal, a reacção de fixação de N2 é realizada por bactérias e algas. � O processo biológico de fixação de N2 envolve o complexo enzimático da nitrogenase: 30 N2 + 6 e- + 12 ATP + 12 H2O → 2 NH4++ 12 ADP + 12 Pi + 4 H+ As bactérias fixadoras de nitrogénio vivem nos nódulos das raízes de algumas plantas. Incorporação de NH4+ no Glutamato � A assimilação de nitrogénio pelos organismos superiores, decorre através da reacção de incorporação de NH4+ em moléculas de αααα-cetoglutarato com formação de glutamato e água (H2O), numa reacção catalizada pela enzima glutamato desidrogenase: 31 α-cetoglutarato L-glutamato Glutamato desidrogenase � A incorporação do ião amónio (NH4+) na glutamina decorre através da reacção de amidação do glutamato a glutamina, catalizada pela enzima glutamina sintetase, com hidrólise de uma molécula de ATP: Incorporação de NH4+ na Glutamina 32 � As enzimas glutamato desidrogenase e glutamina sintetase estão presentes em todos os organismos vivos. Glutamina sintetase Enzima reguladora do metabolismo do nitrogénioGlutamato Glutamina Biosíntese de aminoácidos � Certas bactérias, tais como a Escherichia coli, conseguem sintetizar os 20 aminoácidos essenciais que constituem as proteínas. � O Homem, no entanto, entre os 20 aminoácidos essenciais, consegue sintetizar apenas 11, pelo que os restantes 9 aminoácidos devem ser obtidos na dieta, nomeadamente: - Histidina (His, H) - Isoleucina (Ile, I) 33 - Isoleucina (Ile, I) - Leucina (Leu, L) - Lisina (Lys, K) - Metionina (Met, M) - Fenilalanina (Phe, F) - Treonina (Thr, T) - Triptofano (Trp, W) - Valina (Val, V) Biosíntese de aminoácidos � O grupo amino da maioria dos aminoácidos é proveniente da transaminação do grupo α-amino do aminoácido glutamato, ou do grupo amino da cadeia lateral da glutamina: Piruvato + Glutamato = Alanina + α-cetoglutarato Oxaloacetato + glutamato = Aspartato + α-cetoglutarato � No que diz respeito ao restante esqueleto carbonado dos aminoácidos, a sua proveniência é variada, mas obedece à característica comum de provir de compostos intermediários da via da glicólise, via das pentoses fosfato e ciclo 34 compostos intermediários da via da glicólise, via das pentoses fosfato e ciclo do ácido cítrico. � Na sequência, há apenas 6 famílias biosintéticas das cadeias carbonadas dos aminoácidos: � 1. Família do αααα-cetoglutarato (composto do ciclo do ácido cítrico) � 2. Família do 3-fosfoglicerato (composto da glicólise) � 3. Família do fosfoenolpiruvato e eritrose 4-fosfato (Glic. e Via Pentoses-P) � 4. Família do oxaloacetato (composto do ciclo do ácido cítrico) � 5. Família do piruvato (composto da glicólise) � 6. Família da ribose 5-fosfafo (composto da via das pentoses fosfato) Família biosintética de aminoácidos: 1 αααα-Cetoglutarato Glutamato 35 Glutamina Prolina Arginina - Grupos variáveis característicos da cadeia lateral de cada aminoácido Família biosintéticade aminoácidos: 2 3-fosfoglicerato Serina 36 Cisteína Glicina Família biosintética de aminoácidos: 3 Fosfoenolpiruvato Eritrose 4-fosfato + 37 Fenilalanina* Tirosina Tirosina Triptofano* *Aminoácido essencial cuja via de síntese não existe no Homem. Família biosintética de aminoácidos: 4 Aspartato Lisina* Oxaloacetato Aspargina 3 - + + 3 38 Treonina* *Aminoácido essencial cuja via de síntese não existe no Homem. Isoleucina*3 + - Metionina* 3 + - 3 - + 3 - + 3 Família biosintética de aminoácidos: 5 Piruvato 39 Alanina Valina* Leucina* *Aminoácido essencial cuja via de síntese não existe no Homem. 3 + - + - + - Família biosintética de aminoácidos: 6 Ribose 5-fosfato Histidina* 40 *Aminoácido essencial cuja via de síntese não existe no Homem. Os aminoácidos são percursores de outras biomoléculas: bases azotadas � Os aminoácidos são as unidades de construção de peptídeos e proteínas. � Os aminoácidos são também as moléculas percursoras de pequenas moléculas com relevância biológica, nomeadamente: � 1. As bases purinas e pirimidinas Parte da estrutura molecular das bases azotas pirimidinas e purinas é 41 � Parte da estrutura molecular das bases azotas pirimidinas e purinas é proveniente dos aminoácidos: Aminoácidos Base purina e Base pirimidina Adenina Citosina Os aminoácidos são percursores de outras biomoléculas: esfingosina e histamina � 2. O composto intermediário na síntese de esfingolípidos, a esfingosina: Aminoácido Serina Esfingosina 42 � 3. O vasodilatador Histamina, é produzido através da descarboxilação da Histidina. Aminoácido Histidina Histamina CO2 Os aminoácidos são percursores de outras biomoléculas: tiroxina, epinefrina e NAD+ � 4. O aminoácido tirosina é percursor das hormonas tiroxina, epinefrina e do pigmento poliméricomelanina. Tirosina Epinefrina Tiroxina 43 � 5. O aminoácido triptofano é percursor do anel nicotinamida do NAD+ e do neurotransmissor serotonina. Tirosina Tiroxina Triptofano Anel nicotinamida do NAD+ Serotonina Aneis Porfirina dos grupos Heme Grupo Heme � O grupo Heme é o grupo prostético de várias proteínas como a mioglobina, a hemoglobina, a catalase, a peroxidase e o citocromo c. � O grupo Heme resulta da associação do ferro ao anel de protoporfirina IX, formado a partir da reacção inicial de condensação do aminoácido glicina com Succinil CoA. Glicina 45 � Existem várias patologias hereditárias associadas a erros enzimáticos no metabolismo das porfirinas. É o caso da porfiria eritropoiética congénita e porfiria intermitente aguda. Grupo Heme (Fe) Glicina Succinil CoA + Biosíntese de nucleotídeos Nucleotídeos Nucleotídeos � 1. Os nucleotídeos são as unidades constituintes do ADN (DNA) e ARN (RNA). � 2. Certos derivados de nucleotídeos são os intermediários activados na síntese de várias biomoléculas (ex: UDP-glucose na formação do glicogénio e CDP- diacilglicerol na síntese dos fosfoglicerídeos). � 3. O nucleotídeo trifosfatado de adenina (ATP) é a moeda energética universal em sistemas biológicos. � 4. Os nucleotídeos de adenina são constituintes das três mais importantes 48 � 4. Os nucleotídeos de adenina são constituintes das três mais importantes coenzimas, nomeadamente, NAD+, FAD e Coenzima A (CoA). � 5. Os nucleotídeos são reguladores metabólicos como é o caso da adenosina monofosfato cíclica (cAMP), molécula reguladora da actividade de inúmeras hormonas. Certos compostos inibidores da biosíntese de nucleotídeos são actualmente usados como drogas anticancerígenas (ex: metotrexato, inibe a síntese de um dos percursores do DNA) , bem como no tratamento do SIDA (AZT – azidotimidina, inibidor da enzima transcriptase reversa). Nucleotídeos - Nomenclatura Nomenclatura das bases azotadas, nucleosídeos e nucleotídeos: (Nucleosídeo (base azotada + pentose), Nucleotídeo (nucleosídeo + grupo fosfato)) RNA Base Azotada (Ribo)nucleosídeo (Ribo)nucleotídeo (5´-monofosfato) Adenina (A) Adenosina (A-Ribose) Adenilato (AMP) Citosina (C) Citidina (C-Ribose) Citidilato (CMP) Guanina (G) Guanosina (G-Ribose) Guanilato (GMP) Uracilo (U) Uridina (U-Ribose) Uridilato (UMP) 49 Uracilo (U) Uridina (U-Ribose) Uridilato (UMP) DNA Base Azotada (Desoxiribo)nucleosídeo (Desoxiribo)nucleotídeo (5’-monofosfato) Adenina (A) Desoxiadenosina (A-Desoxiribose) Desoxiadenilato (dAMP) Citosina (C) Desoxicitidina (C-Desoxiribose) Desoxicitidilato (dCMP) Guanina (G) Desoxiguanosina (G-Desoxiribose) Desoxiguanilato (dGMP) Timina (T) Desoxitimidina (T-Desoxiribose) Desoxitimidilato (dTMP) Grupos Ribose-Fosfato � Os grupos ribose-fosfato dos nucleotídeos de purina e pirimidina são provenientes de um derivado da ribose 5-fosfato, o 5-fosforibosil-1-pirofosfato (PRPP). O PRPP é sintetizado a partir de ATP e ribose 5-fosfato numa reacção catalizada pela enzima ribose fosfato pirofosfocinase: 50 Ribose 5-fosfato 5-Fosforibosil-1-pirofosfato (PRPP) Ribose 5-fosfato pirofosfocinase Biosíntese de purinas � 1. O passo inicial da biosíntese de nucleotídeos de purina consiste na formação de 5-fosforibosil-1-amina, a partir de PRPP e glutamina, pela enzima fosforibosil amina transferase. Biosíntese das purinas PRPP 5-fosforibosil-1-amina Glutamina (-NH2) Glutamato Fosforibosilamina transferase 52 � 2. O anel purina de hipoxantina é construído sobre a unidade de 5-fosforibosil-1- amina, através de uma sequência de 10 reacções, e a partir de uma grande variedade de precursores: Aminoácido glutamina N10-Formil-tetrahidrofolato N10-Formil-tetrahidrofolato Aminoácido aspartato Aminoácido glicinaCO2 PRPP Biosíntese das purinas (síntese de novo) � O ribonucleotídeo inosinato, composto pela base hipoxantina (purina) associada à ribose e um grupo fosfato, dá por sua vez origem aos ribonucleotídeos adenilato (AMP) e guanilato (GMP) que compõem o RNA. 53 Adenilato AMP Guanilato GMP Adenilsuccinato Xantilato Inosinato (IMP) Biosíntese das purinas (síntese de recurso) � A síntese de ribonucleotídeos de purina pode também decorrer através de uma via energeticamente menos dispendiosa. Pode decorrer da adição directa, de bases purinas livres, hipoxantina, adenina e guanina (resultantes da degradação de ácidos nucleicos) à unidade ribofosfatatada de PRPP, com formação de inosinato, adenilato e guanilato, respectivamente. Purina Purina 54 � A enzima adenina fosforibosil transferase cataliza a formação de adenilato, enquanto a enzima hipoxantina-guanina fosforibosil-transferase cataliza a formação de inosinato e guanilato: Adenina + PRPP → Adenilato (AMP) + PPi Hipoxantina + PRPP → Inosinato (IMP) + PPi Guanina + PRPP → Guanilato (GMP) + PPi PRPP Ribonucleotídeo de purina Regulação da síntese de purinas � A síntese de ribonucleotídeos de purina é regulada por inibição retroactiva em diferentes locais: 5-fosforibosil- Adenilo succinato Inibido por ↑[AMP] 55 Ribose 5-fosfato 5-fosforibosil- 1-amina Xantilato Inibido por ↑[GMP] Inibido por ↑[IMP], ↑[AMP] e ↑[GMP] Biosíntese das pirimidinas Síntese das pirimidinas � Ao contrário da sequência de reacções da síntese de novo das purinas, a síntese do anel de pirimidina precede a sua associação à unidade de ribose- fosfato na formação de ribonucleotídeos de pirimidina: � 1. As moléculas percursoras do anel de pirimidina são o aspartato e o carbamoil fosfato, (composto intermediário também no ciclo da ureia, mas que neste caso é formado no citosol a partir de glutamina, e não na mitocôndria a partir de NH4+): Glutamina + 2 ATP + HCO -→ Carbamoil fosfato + 2 ADP+ P + Glutamato 57 Glutamina + 2 ATP + HCO3-→ Carbamoil fosfato + 2 ADP + Pi + Glutamato � 2. O passo regulador na biosíntese das pirimidinas é a formação de N- carbamoilaspartato a partir de aspartato e carbamoil fosfato, na reacção catalizada pela enzima aspartato transcarbomoilase: Carbamoil fosfato Aspartato Carbamoil aspartato Aspartato transcarbamoilase Síntese das pirimidinas � 3. O anel de pirimidina orotato, presente no orotidilato é formado a partir da ciclização do carbamoil-aspartato: Carbamoil aspartato Orotato 58 � 4. Uma vez formada a molécula de orotato, esta pode associar-se ao grupo ribose-fosfato do PRPP, para formar orotidilato, e após descarboxilação formar uridilato: Carbamoil aspartato Orotato Orotato Orotidilato Uridilato (UMP) Orotato fosforibosil transferase Orotidilato descarboxilase Regulação da síntese de pirimidinas � O UMP (uridina monofosfato) é fosforilado a UTP pela enzima UMP cinase. � O UTP (uridina trifosfato) está por sua vez na origem de outro importante ribonucleotídeo de base pirimidina, o CTP (citidina trifosfafo): Glutamina (-NH2) Glutamato CO2 + Glutamina + ATP Carbomoil fosfato Inibição por ↑[UMP] 59 � A regulação da síntese das pirimidinas é feita através de inibição retroactiva pelo UMP e CTP, ao nível da carbomoil fosfato sintetase e da aspartato transcarbomoilase, respectivamente. UTP Ribose-P-P-P CTP Ribose-P-P-P Carbomoil aspartato Inibição por ↑[CTP] UMP UTP CTP Desoxiribonucleotídeos Desoxiribonucleotídeos � As unidades percursoras do DNA, os desoxiribonucleotídeos são formadas a partir da redução (perda de oxigénio) de ribonucleotídeos. � O grupo hidroxilo (-OH) no carbono 2 do anel de ribose é substituído por um átomo de hidrogénio, numa reacção catalizada pela enzima ribonucleotídeo redutase, com oxidação de NADPH a NADP+: 61 ADP → dADP, GDP → dGDP, CDP → dCDP e UDP → dUDP Ribonucleotídeo difosfato Desoxiribonucleotídeo difosfato Ribonucleotídeo redutase Desoxitimidilato (dTMP) � A base pirimidina uracilo não é uma das bases componentes dos nucleotídeos de DNA. Por conseguinte, no DNA, é encontrada a base timina (um derivado metilado análogo ao uracilo). � O nucleotídeo desoxitimidilato monofosfatado (dTMP) é formado através de uma reacção de metilação (adição do grupo –CH3) a partir de dUMP (desoxiuridilato), numa reacção catalizada pela enzima timidilato sintetase: 62 Metilenotetrahidrofolato Dihidrofolato Desoxiribose monofosfato Desoxiribose monofosfato dTMP dUMP Timidilato sintetase Fármaco anti-cancro (©Fluoro-uracil) Inibe irreversivelmente a timidilato sintetase Degradação de nucleotídeos Degradação de nucleotídeos � Na célula, os nucleotídeos são hidrolisados a nucleosídeos pelas enzimas nucleotidases. � Por seu turno, a clivagem fosforolítica (clivagem do grupo fosfato) dos nucleosídeos a bases livres e ribose 1-fosfato, é catalizada pelas enzimas nucleosídeo fosforilases. � A ribose 1-fosfato é isomerizada a ribose 5-fosfato pela enzima fosforibomutase. � Uma fracção das bases livres pode ser reutilizada em vias de recurso, para a síntese de nucleotídeos, enquanto a fracção em excesso é degradada a ácido 64 síntese de nucleotídeos, enquanto a fracção em excesso é degradada a ácido úrico (urato) e ureia, compostos excretados na urina. Nucleotídeos Nucleosídeos Nucleotidases Ribose 1-fosfato Ribose 5-fosfato Nucleosídeo fosforilases Fosfo ribomutase Síntese de PRPP Via das pentoses fosfato Bases livres Ácido úrico Via de recurso de síntese de nucleotídeos Ureia Degradação de bases azotadas Bases Purinas Bases Pirimidinas Ureia (urina) Succinil CoA Ciclo de Krebs Ácido úrico/Urato (urina) 65 Urato* AMP IMP Hipoxantina XantinaÁcido úrico *O urato é um importante antioxidante celular. Níveis mais elevados de urato são uma característica da espécie humana relativamente aos pro-símios, e pensa-se estar também associada à maior longevidade e menor incidência de cancro. Artrite metabólica e Sindroma de Lesch-Nyhan � Artrite metabólica � No entanto, doentes que apresentem níveis elevados de ácido úrico no sangue, e formação de cristais de urato de sódio, sofrem de inflamação das articulações e do fígado. � A artrite metabólica é uma doença associada a níveis deficitários da enzima hipoxantina-guanina fosforibosil transferase (HGPRT) responsável pela síntese de recurso de IMP e GMP: Hipoxantina + PRPP → IMP + PPi 66 Hipoxantina + PRPP → IMP + PPi Guanina + PRPP → GMP + PPi � Na sequência, há favorecimento em excesso da via de síntese de síntese de novo de purinas. � Sindroma de Lesch-Nyhan � Sindroma resultante da completa ausência da enzima hipoxantina-guanina fosforibosil transferase (HGPRT). � Lesões cerebrais extremamente graves e comportamento compulsivo de autodestruição, automutilação (morder dedos e lábios) e agressividade relativamente aos outros. Imagem_Fonte: http://www.lesch-nyhan.nl Integração do metabolismo Metabolismo - Situações de jejum � No Homem, as reservas de carbohidratos (glicogénio) são apenas suficientes para um dia em jejum. � Por outro lado, o cérebro e os eritrócitos não conseguem tolerar diminuições do níveis de glucose, mesmo por pequenos períodos de tempo. � Assim, é necessário aumentar as vias de degradação de ácidos gordos e formação de corpos cetónicos, no sentido de obter a energia necessária à sobrevivência. � As reservas de triacilglicerois conseguem responder às necessidades 68 � As reservas de triacilglicerois conseguem responder às necessidades calóricas do organismo, mesmo em situações de jejum prolongado, durante 2 ou 3 meses. ↓[Glucose]Sangue ↓Secreção de Insulina Jejum (1ºs dias) ↑Secreção de Glucagina (Glucagon) ↑ Glicogenólise ↑ Gluconeogénese (fígado) ↑ Degradação de ácidos gordos (Tecido adiposo) ↑ Degradação de aminoácidos (Músculo) Percursores de biosíntese Glucose Acetil CoA Ciclo de Krebs Situações de jejum prolongado ↓↓↓ [Glucose]Sangue ↓↓↓Secreção de Insulina Jejum (> 3º dia) ↓ Gluconeogénese (fígado) ↓Degradação de aminoácidos (Músculo) ↓↓↓ Oxaloacetato 69 ↑↑Secreção de Glucagina (Glucagon) ↑↑ Degradação de ácidos gordos (Tecido adiposo) ↑↑[Acetil CoA] Ciclo de Krebs ↓↓↓ Oxaloacetato Corpos cetónicos: D-3-Hidroxibutirato Acetoacetato Cérebro e Músculo cardiaco A Diabetes � O nome “Diabetes” advêm da urinação excessiva observada nos doentes. � A diabetes é uma doença metabólica grave que afecta milhões de pessoas em todo o mundo (cerca de 1% da população em países industrializados). � Entre as formas mais comuns de Diabetes encontramos: � Diabetes insipidus Doença associada à reabsorção desadequada da água ao nível do sistema renal. � Diabetes gestacional Doença associada ao aparecimento de altos níveis de glucose no sangue durante 70 Doença associada ao aparecimento de altos níveis de glucose no sangue durante a gravidez ou período gestacional. � Diabetes mellitus do Tipo I Doença associada a altos níveis de glucose no sangue. Doentes insulino-dependentes. Doença detectada na fase inicial da vida. � Diabetes mellitus do tipo II Doença associada a altos níveis de glucose no sangue. Doença geralmente desenvolvida mais tarde na vida e por factores ambientais. Doentes não insulino-dependentes Diabetes mellitus do Tipo I ↓↓Secreção de Insulina Doentes diabéticos do tipo I ↑↑↑[Glucose]Sangue ↑↑Gluconeogénese (fígado) ↑↑Degradação de aminoácidos (Músculo) Urina (”mellitus”) H2O ↑↑ Urinação ↑↑ Sede ↑↑ Desidratação 71 ↑↑Secreção de Glucagina (Glucagon)↑↑ Degradação de ácidos gordos (Tecido adiposo) aminoácidos (Músculo) ↑↑ [Acetil CoA] Ciclo de Krebs ↓ ↓Oxaloacetato ↑↑ [Corpos cetónicos] ↓pH→ Acidose ↓ Balanço ácido-base renal Desidratação e Coma
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