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Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987. http://www.ufrgs.br/farmacia/cadfar digitalizado do original: Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987 EEIICCOOSSAANNOOIIDDEESS ((PPAARRTTEE II)) BARREIRO, E. J. Depto. de Tecnologia Farmacêutica - Faculdade de Farmácia - Universidade Federal do Rio de Janeiro RESUMO: Os eicosanóides compõem uma família de substâncias endógenas de biossíntese comum, a partir de ácidos graxos essenciais, com importante perfil farmacológico. Englobam as prostaglandinas, tromboxanas e leucotrienos, além das prostaciclinas. Nesta revisão são descritos alguns aspectos da atividade biológica desta família, enfatizando-se as prostaglandinas modificadas da série desóxi-11-prostaglandinas e os progressos observados na compreensão do mecanismo de formação dessa classe, assim como aqueles referentes às propriedades biológicas. A estratégia desenvolvida para a definição de análogos de maior importância terapêutica é considerada. UNITERMOS: Prostaglandinas, eicosanóides, revisão. ABSTRACT: Eicosanoids. Eicosanoids belongs to a family of endogenous substances originated from the fatty acids metabolism. This group of compounds with significant pharmacological profile includes prostaglandins, thromboxanes, leukotrienes and prostacyclins. Some aspects of the pharmacological activity of these substances are here described. The approach for the design of derivatives of major therapeutical significance is also discussed. KEYWORDS: Prostaglandins, eicosanoids, review. INTRODUÇÃO Desde o isolamento das primeiras prostaglandinas (PG), prostaglandinas E1 (PGE1) e prostaglandina F2 (PGF2) da glândula seminal de carneiro, decorreram aproximadamente 25 anos. Nesse tempo o conhecimento científico sobre estas substâncias de enorme significado biológico não tem cessado de evoluir, sendo hoje estimado em cerca de 70 o número de representantes. Desde a época de sua descoberta sabia-se que as prostaglandinas propriamente ditas (PG) possuíam uma conformação, dita “grampo de cabelo”, entre as cadeias carbônicas que substituem o anel ciclopentânico funcionalizado, sendo esta categoria de substâncias relacionadas com o esqueleto de ácido prostanóico (1). Alguns anos após, a família de substâncias oriundas na cadeia biossintética do ácido araquidônico (AA) apresentou outros componentes acíclicos ou bicíclicos. A descoberta da prostaciclina (PGI2), com uma unidade bicíclica do tipo 2-oxa- biciclo[3.3.0] octano funcionalizado, da tromboxana A2(TXA2), com um anel oxânico, e dos leucotrienos (LT), levou o Professor Corey a sugerir o termo eicosanóides para o conjunto de substâncias cíclicas ou não, bioformadas na cadeia biossintética do AA, também denominada cascata do ácido araquidônico. Esta terminologia é atualmente adotada para denominar todos os metabólitos do AA, tanto aqueles bioformados por ação de lipoxigenases (LD), como aqueles originados por ação da cicloxigenase (CO). HISTÓRICO A história das PG remonta a 1920, quando, na Universidade de Berkeley, Califórnia, estudava- se a ovulação e a participação da vitamina E neste fenômeno (1). Deste estudo resultou o conceito de ácido graxo essencial (AGE), sendo o ácido γ- linolenêico e o ácido araquidônico classificados como tal, o que permitiu relacionar, posteriormente, os AGE com as prostaglandinas. A descoberta das PG deveu-se aos trabalhos de dois pesquisadores nova-iorquinos, LIEB e KURZROKZ (2) que, em 1930, descreveram que o útero humano reagia a injeções de líquido seminal, por meio de contrações ou dilatações (3). Em 1937, GOLDBLATT e VON EULER mostraram, em trabalhos independentes, que extratos do plasma seminal humano, ou de glândulas vesiculares de carneiro, abaixavam a tensão arterial e produziam c f de aderno armácia ISSN 0102-6593 CO2H 2 3579 10 11 13 15 20 Ácido Prostanóico (1) 17 Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987. também contrações musculares na musculatura lisa. VON EULER (4) concluiu que o principio ativo destes extratos era uma substância lipossolúvel de propriedades ácidas, que ele denominou prostaglandina (5), por acreditar que era biossintetizada pela próstata (6). Em 1949 BERGSTRÖM, publicou o primeiro de uma série de artigos sobre a estrutura destes compostos. Passou-se uma década até que em 1962 BERGSTRÖM, SJÖVALL, SAMUELSSON e RYHAGE conseguiram elucidar a estrutura química de duas PG denominadas PGE2 e PGF2α, devido à diferença de solubilidade destes compostos quanto particionados entre éter (E) e uma solução tampão de fosfato (F) (7). A confirmação definitiva de suas estruturas assim como a determinação da estereoquímica são devidas aos trabalhos de ABRAHAMSON (8), com o emprego da difração de raios-x (9). Em 1966, BEAL, BABOCK e LINCOLN (10) descreveram a primeira síntese total de um derivado prostranoidal, o éster etílico da diidro PGE1 (2) um metabólito natural da PGE1 (Fig. 1). Os trabalhos de síntese total de PG desenvolveram-se desde então graças as inúmeras contribuições do grupo sob a direção do Professor COREY (11). Figura 1: Ester etílico da diidro PGE2 (2) NOMENCLATURA DE PROSTAGLANDINAS (12). As PG possuem o esqueleto básico do ácido prostanóico (1). São compostos com 20 átomos de carbono possuindo como unidade estrutural um ciclopentano substituído por duas cadeias laterais vizinhas de sete e oito átomos de carbono, de configuração relativa trans. A cadeia lateral de sete átomos de carbono possui uma função ácido carboxílico em C-1, tendo orientação α no ciclopentano. A cadeia lateral de 8 átomos tem orientação β, e é chamada por autores anglo- saxões como cadeia-ω . Todas PG possuem uma função oxigenada em C-9; quando esta função é um grupo hidroxila ela tem configuração absoluta (S), representada pela orientação α. As primeiras séries de PG diferenciam-se entre si pela natureza desta função em C-9, pela presença de um grupo hidroxila suplementar em C-11 e pela posição da dupla ligação endocíclica. As PG possuem como característica comum uma insaturação de configuração trans entre os carbonos 13 e 14, um grupamento hidroxila em C- 15 de configuração absoluta (S), representada pela orientação α. Na nomenclatura das PG utilizam-se letras, de acordo com as funções em C-9 e C-11 e posição de liga dupla endocíclica; o número de ligações duplas é indicado como índice (Fig. 2). OCORRÊNCIA As PG estão presentes em uma grande variedade de tecidos de diferentes espécies de mamíferos (14). A PFG2α foi isolada do tecido pulmonar de carneiro e do homem. A concentração de PG foi estimada em torno de 0,3 mg/g de tecido, estando presentes em maiores concentrações nas glândulas vesiculares do carneiro e no plasma seminal humano. A Tabela 1 resume algumas fontes de PG. A PGA2 ocorre em ppb em cebolas, entretanto, não há nenhuma menção na literatura relatando a ocorrência de PG em plantas superiores. BOHLMANN e col. (15) descreveram recentemente o isolamento e a elucidação estrutural de ácidos graxos ciclopentânicos aparentados às PG, de Choromolarna morri. Figura 2: Nomenclatura das Prostaglandinas. A descoberta de Pg em corais Plexaura homomalla Esper deve-se aos trabalhos de WEINHEIMER e SPRAGGINS (24). Estes autores descreveram o isolamento e identificação da 15- (R)-PGA2. A elevada concentração de PG nesses corais (cerca de 1,5% do peso seco) promoveu essa espécie a condição de principal fonte de PG, cobiçada por inúmeros laboratórios universitários e/ou indústrias interessados em pesquisar a utilização prática de PG e necessitando de quantidades maiores para realizarem ensaios farmacológicos (25). OH OH CO2Et O OO O O OH O O OH OH OHCO2H OH 5 7 13 17 PGA PGB PGC PGD PGE PGF PGG C13 insaturado ∆13 - trans = série 1 C5 insaturado ∆13 - trans, d5 - cis = série 2 C17 insaturado ∆13 trans, d5, d17 - cis = série 3 Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987. Tabela 1: Ocorrência natural de Prostaglandinas Prostaglandinas Primárias COREY descreveu a conversão de 15-(R)- PGA2 de coral em PGE2(25). Empregando o superóxido de potássio em dimetil sulfóxido em presença de éter coroa-18, alcançou-se a inversão de configuração em C-15, com elevado rendimento, sem que produtos secundários de eliminação fossem formados (26). BIOSSÍNTESE Os primeiros trabalhos sobre a biossíntese de PG, datando de 1964, relacionam os ácidos graxos do organismo com a bioformação de PG (27). O modelo escolhido para o estudo do sistema enzimático foi à glândula vesicular do carneiro, pois é particularmente dota ta de atividade prostaglandina-sintetase (28). Os resultados iniciais demonstraram que para a transformação do ácido 8, 11, 14-eicosatrienóico em PGE, havia necessidade de um co-fator de redução (28). Quando a incubação do ácido graxo se fazia em condições anaeróbicas, apenas pequenas quantidades de PG eram obtidas, o que demonstrou a participação essencial do oxigênio neste processo biossintético. A utilização da espectrometria de massas permitiu determinar a origem dos átomos de oxigênio das posições 9, 11 e 15. Foi demonstrado que esses átomos são provenientes do oxigênio molecular, sendo que aqueles do ciclo originam-se da mesma molécula de oxigênio, o que sugere a participação de um intermediário cíclico (29). O processo atualmente aceito como responsável pela bioconversão do AA, reconhecido como o ácido graxo essencial mais disponível nos mamíferos (30) em PG, envolve em uma primeira etapa a participação de um complexo enzimático denominado de cicloxigenase (CO) (31). Atualmente, sabe-se que apenas o ácido livre é substrato para esta enzima, embora seja o AA largamente distribuído nos tecidos de forma esterificada. Isso significa que, precedente a ação da CO, há participação de uma fosfolipase A2 (32), enzima responsável pela hidrólise de posição 2 dos glicerídeos e largamente distribuída no organismo. A conversão do AA em PGE2 envolve a introdução de dois grupamentos hidroxila e um cetônico. Incubação do AA em atmosfera de oxigênio (18O2) permitiu esclarecer que, além da participação de um intermediário cíclico, mais tarde evidenciado e caracterizado (PGG2 e PGH2), a primeira etapa do processo consiste numa oxigenação radicalar, com eliminação estéreo específica do átomo de hidrogênio pró-S em C-13, enquanto que os átomos de hidrogênio em C-8, C- 11 e C-12 permanecem fixos (33). Esses resultados evidenciam a possibilidade de um mecanismo concertado, consistindo na adição de oxigênio em C-9 e C-11 com a formação concomitante da nova ligação Csp3-Csp3 entre C-8 e C-12 ou, alternativamente, a participação de um radical peroxila intermediário em C-11. Experiências realizadas com a utilização de AA marcado com 3H em C-11 e 14C em C-13 permitiram concluir sobre a participação desse radical intermediário, o que sugere para o CO um caráter do tipo lipoxigenase (34). A espécie intermediária é subseqüentemente transformada em um endoperóxido através de uma reação concertada, que consiste na adição de oxigênio em C-15 seguida de isomerização da ligação dupla ∆13 e formação de uma nova ligação C-C entre C-8 e C-12 com ataque radicalar à posição 9. A participação dos endoperóxidos PGG2 e PGH2 na biossíntese foi confirmada pelo isolamento destas substâncias lábeis, quando da rápida incubação de AA com a fração microssomal de homogenatos de glândulas seminal de carneiros (35). Tratamento da mistura incubada por cloreto de estanho II em etanol produziu a PFG2α SAMUELSSON logrou isolar os endoperóxidos-ácidos, denominados PGG2 e PGH2 em função da diferença de comportamento cromatográfico destas substâncias, sendo o endoperóxido PGG2 aquele de menor valor de Rf em radiocromatografia de camada fina (35). TECIDO OU ORGÃO PG Glândula vesicular do carneiro E1, E2, E2, F1α16 Plasma seminal humano E1, E2, E3, F1α17 Pulmão de carneiro E2, F2α Íris de carneiro E2, F2α19 Timo de bezerro E120 Cordão umbilical humano E1, E2, E3, F2α21 Intestino de coelho E2 Fluido menstrual E2, F2α23 OH OH OH COOH O OH OH COOH O OH OH COOH OH OH OH COOH O OH OH COOH Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987. Os endoperóxidos PGG2 e PGH2 apresentaram uma meia-vida in vitro da ordem de 5 minutos (37°C) podendo, entretanto, serem conservados sob atmosfera inerte à frio, quando sem solução acetônica (36). Quanto às propriedades biológicas, esses prostanóides evidenciaram-se tão ativos quanto a PGE2 na musculatura lisa do trato gastrintestinal, com um potente efeito constritor na artéria umbilical humana e demonstrando importantes propriedades em induzir irreversivelmente a agregação de plaquetas humanas (37). A ação de diferentes complexos enzimáticos sobre os endoperóxidos levam a formação das diferentes PG primárias (séries E, F e D)(37b). A investigação das propriedades dos endoperóxidos de prostaglandinas (PGG2 e PGH2) em induzir agregação plaquetária levou a descoberta das tromboxanas (TX) (38, 39). Estas substâncias mostraram-se extremamente lábeis, e para caracterizá-las foram utilizadas técnicas de marcação isotópica (18O e/ou 2H - ácido araquidônico) e incorporação de espécies reativas. A vida-média do TXA2 foi calculada em 30 segundos a 37°C (40). A tromboxana A2 é biotransformada em TXB2, um hemi-acetal com um anel de seis membros, que possui importantes propriedades quimiotácteis, estando relacionado com o fenômeno da inflamação (41). Esta substância parece estar envolvida também no processo hipercalcemia causada por certos tumores malignos (42), além do fenômeno da agregação plaquetária (42a). A pesquisa de compostos capazes de bloquear seletivamente a formação do TXA2 terá importante aplicação no controle das doenças cardiovasculares e inflamatórias, responsáveis por cerca de 1 milhão de óbitos/ano e atingindo cerca de 25 milhões de seres humanos (43). Em 1976 VANE e col. (44) demonstraram que os tecidos internos das artérias ou veias possuem a propriedade de transformarem os endoperóxidos em um novo prostanóide extremamente lábil, denominado PGI1. Essa nova substância é o mais poderoso agente conhecido com propriedades inibidoras de agregação plaquetária (45). O isolamento de 6-ceto-PGF2α de diferentes tecidos evidencia que a PGI2 também pode ser biossintetizada em diferentes órgãos, visto que a 6-ceto-PGF2α é produto de biotransformação da PGI2 (46). A estrutura química da PGI2 foi estabelecida por JOHNSON e col. (47), que propuseram o nome prostaciclina devido a natureza bicíclica deste composto. Deve-se, entre tanto, a COREY e col. a primeira síntese de PGI2, embora outros grupos tenham publicado diferentes métodos de síntese quase que simultaneamente (49, 50) (Fig. 4). Figura 4: Prostaciclina (PGI2). Em 1979, BORGEAT e SAMUELSSON (51), demonstram que a partir do ácido araquidônico, via a ação de uma lipoxigenase (LO) em presença de oxigênio molecular, origina-se através da oxidação o ácido 5-hidroperóxido araquidônico (5- HPETE), o qual posteriormente é transformado em uma série de ácidos hidroxilados denominados, conjuntamente leucotrienos (LT) (51a). A biossíntese dos principais representantes desta classe de substâncias está ilustrado na figura 5. Os produtos bioformados pela ação da 5- LO, particularmente o LTB4 é um potente agente quimiotáctil potencializando diversos quadros inflamatórios, tantoimuno-dependentes como agudos (52). Substâncias com ação inibidora ao nível de 5-LO apresentam, pois, potencial ação anti-inflamatória, com aplicações terapêuticas desejáveis, incluindo-se quadros asmáticos. LTC4 e LT D4 são conhecidos como sendo os principais compostos causadores da reação anafilática, o que sugere que tanto inibidores da 5- LO como antagonistas de LT terão valor terapêutico (53, 54). OHOH O COOR Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987. Figura 3: Biossíntese de Prostaglandinas. Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987. Figura 5: Biossíntese dos Leucotrienos. METABOLISMO DAS PROSTAGLANDINAS Os estudos das vias metabólicas e da velocidade de metabolização das PG foram efetuadas com as PG da série E e F de mamífero (55). Inúmeros sistemas in vivo e in vitro foram examinados com a finalidade de identificar os principais metabólitos. Um método de dosagem dos diferentes metabólitos utilizando a cromatografia de gás acoplado ao espectrômetro de massas (51), com a utilização de derivados deuterados como referências internas, permitiu evidenciar o desaparecimento em 1,5 minutos de 97% da PGE2 injetada por via venosa no homem (56). Somente 3% de PGE2 estava presente no sangue, enquanto que 40% dos metabólitos eram detectados como 15-ceto-13, 14-diidro-PGE2 (Fig. 6). Figura 6: Metabolismo de PG O catabolismo dos prostanóides ocorre por oxidação, reduzindo significativamente sua atividade biológica. A inativação de PG é rápida e extensa, inclusive in situ (57), conforme demonstrou DAWSON identificando 70% dos prostanóides em pulmão de cobaia, na forma metabolizada, após induzir anafilaxia. A principal via catabólica envolve um sistema enzimático, largamente distribuído, denominado desidrogenase de 15-hidroxi-prostaglandina (PGDH), e uma enzima, também solúvel, denominada redutase de prostaglandina (PGR), que ocorrem intracelularmente (58). Atualmente tem sido evidenciado que o único substrato para a PGR são as 15-ceto-PG, o que significa que esta enzima é dependente em substrato da ação de PGDH. Estudos in vitro têm demonstrado que, contrariamente ao que previamente acreditava-se, a TXB2 e a PGD2 são sensíveis a PGDH (59). Esta enzima inativa todas as prostaglandinas primárias, inclusive a PGI2. A natureza intracelular da PGDH implica na passagem do substrato através da membrana celular (60). O transporte de PG através de membranas apresenta especificidade distinta daquela demonstrada pela enzima, tanto que substâncias sintéticas possuindo um grupamento alquila em C-15 ou em C-16 preparadas com o intuito de prolongar a meia-vida in vivo das PG, são transportadas eficientemente através das membranas celulares, não sendo, porém, substratos para a PGDH, nem conseqüentemente para a PGR. A diferença na habilidade em transpor a membrana celular é a explicação para a não metabolização da PGI2 e da PGA2 no pulmão, visto que ambas substâncias são substratos da PGDH in vitro (61). O COOH OHOH 3 4 1 2 PGE2 1. Prostaglandina-desidrogenase PGHD 2. Prostaglandina-redutase PGR 3. β-oxidação 4. ω-oxidação Caderno de Farmácia, v. 3, n. 1/2, p. 67-83, 1987. Tem sido demonstrado que o pulmão de mulheres grávidas tem maior atividade em PGDH, retornando aos níveis normais até o parto (62). Esta observação sugere que a atividade PGDH é controlada hormonalmente, o que indica um possível mecanismo para a maior incidência de tromboses pulmonares quando do tratamento contraceptivo a base hormonal (63). É relevante observar o efeito antagônico existente entre a PGE2 e a PGF2α ao nível dos brônquios. Enquanto a primeira apresenta ação bronco-dilatadora, a segunda tem ação oposta. Este fato ilustra a importância do pulmão na ação das PG, demonstrando o enorme grau de especificidade dos receptores de PG neste órgão, visto que a diferença estrutural entre estas duas PG se dá apenas quanto ao grau de oxidação do carbociclo(64). Documento redigitalizado por Elias G. Schunck, Monitor da Disciplina FAR 02011/FFAR/UFRGS, programa ProGRAD.
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