Buscar

NOVO CPC SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS ART. 42 A 65

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS
DA COMPETÊNCIA INTERNA (ART. 42 A 69)
Competência nada mais é senão a especialização da jurisdição. Como forma de melhor atender o jurisdicionado a Constituição estabeleceu critérios a delinear o exercício da jurisdição de modo que seu préstimo se dê não somente com celeridade, mas, sobretudo, com eficiência e qualidade. Para tanto, estabelece critérios de ordem objetiva, funcional e territorial. Em outras palavras, a competência será então analisada em razão do valor dado a causa, em razão do território, em razão da matéria, em razão da pessoa e em razão da função.
De forma geral, em nossa sistemática processual, dois são os regimes jurídicos a avaliar a competência: competência absoluta e competência relativa. Estes critérios têm como parâmetro de balizamento a maior ou menor ingerência das partes sobre as regras que fixam a competência. Significa dizer, portanto, que aqueles critérios taxados como matéria de ordem pública merecerão maior atenção eis que o poder de ingerência das partes em alterar suas regras de fixação é bastante diminuto, por vezes inexiste. Enquanto que os critérios marcados sob o signo do interesse privado guardam maior flexibilidade e podem, em sua maioria, ganhar contornos que atendam à vontade das partes.
Quando o critério é de competência absoluta, diz-se que o juiz poderá conhecê-lo de ofício, independentemente de requerimento da parte, a qualquer tempo no processo e em qualquer grau de jurisdição, não havendo aplicabilidade, neste momento, do fenômeno da preclusão para as partes, inclusive. No entanto, porque matéria de ordem pública, as partes não poderão, ao seu bel prazer, pretender quaisquer alterações e jamais haverá a prorrogação de competência.
Quando o juízo é de competência relativa, significa dizer que as normas que pretendem a fixação da competência serão encaradas como flexíveis ao atendimento da vontade das partes, por isso, a princípio, o juiz não poderá manifestar-se de ofício, a depender, portanto, de requerimento, sofrerão com o fenômeno da preclusão e, caso não seja suscitada a incompetência relativa na primeira oportunidade de manifestação nos autos haverá a prorrogação da competência, situação que faz com que o juízo que, até então, era incompetente, passe a ser competente para o processamento e julgamento da causa.
Art. 42o  As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.
Causas Cíveis. Em nossa sistemática jurídico-processual as causas cíveis são, por excelência, matéria residual, ou seja, serão aquelas que não são penais nem trabalhistas. São, por exemplo, causas em que a matéria debatida possa ser de direito privado, concorrencial, como aquelas ligadas ao direito público, como administrativo, tributário, previdenciário etc. Desta forma, dentro dos limites traçados pela Constituição e pelo regramento infraconstitucional, é competente o juízo cível, sempre, de forma residual às matérias penais ou trabalhistas.
Arbitragem. A Lei 9.307/96 inovou em nosso ordenamento trazendo a possibilidade de instituição, a depender da vontade das partes, de modo alternativo de resolução de conflito chamado arbitragem. Referidos conflitos, pelo que dispõe a referida legislação, devem versar sobre direitos patrimoniais disponíveis. Vale dizer que porque adotamos a sistemática de unicidade jurisdicional, as decisões em procedimento arbitral, quanto a sua legalidade e validade, poderão ser questionadas em âmbito do Poder Judiciário, eis que, como dito, não fugimos ao controle da tutela jurisdicional. A legislação arbitral estipula duas possibilidades a que as partes convencionem a arbitragem: a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (art. 3, Lei 9.307/96). Caso uma das partes, ainda que tenha estabelecido a possibilidade de resolução de seu conflito por intermédio da arbitragem, pretenda a propositura da ação, o demandado, como preliminar de contestação, deverá arguir a convenção de arbitragem, sob pena de se entender pela disponibilidade daquela escolha anterior e acontecido o fenômeno processual da preclusão (art. 337, X).
Art. 43o  Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
Perpetuação da jurisdição. Determina-se a competência no momento em que a demanda é proposta, quando do momento do registro ou da distribuição da petição inicial, e não quando de sua admissibilidade (art. 312). Eventuais modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente serão irrelevantes para fins de modificação da competência. Havendo a propositura da ação, naquele momento também terá havido a perpetuação da jurisdição fazendo com que, de modo geral, não possa haver deslocamento superveniente de competência, garantindo a estabilidade, imparcialidade e segurança jurídicas necessárias ao bom desenvolvimento do processo.
Modificação superveniente. Somente dar-se-á a modificação da competência em casos como a supressão de órgão judicial ou a alteração da competência absoluta, o que, neste último caso, perfaz a lógica clara de que o juízo onde se propôs a demanda jamais fora competente e por isso sua modificação superveniente e a absoluta impossibilidade de ter havido a perpetuação da jurisdição. Quando suprimido o órgão judiciário perante o qual tramitava a ação o processo será redistribuído ao juízo remanescente. Vale dizer que o regime adotado será aquele de possibilidade de reconhecimento de ofício da incompetência e declínio e remessa imediata do processo ao juízo competente.
Art. 44o  Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados.
Especialização da jurisdição. Os critérios que estabelecem as regras de competência objetivam a especialização do exercício da jurisdição, garantindo maior presteza na entrega da tutela jurisdicional, maior eficiência e celeridade das decisões. As regras balizadoras de especialização encontram-se, de maneira geral, na Constituição da República, portanto, dela emana todo o regramento genérico e de observância e aceite absolutos. É na Constituição, por exemplo, que se tem o estabelecimento da determinação de competência do Supremo Tribunal Federal e da Justiça Federal (arts. 102, I, “e” e “f”, e 109, I e II). As legislações federais e estaduais também cumprem seu papel de especificar e delinear a competência e seu exercício.
Competência em razão da pessoa. A competência em razão da pessoa guarda previsão constitucional e é absoluta. Portanto, pode ser conhecida de ofício, independente de requerimento, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, não havendo a prorrogação da competência e podendo ser arguida como preliminar de contestação ou simples petição intercorrente (art. 64, parágrafo 1).
Competência em razão da matéria. A competência em razão da matéria guarda previsão na Constituição da República e no Código de Processo Civil e, ainda, nos códigos de organização e distribuição judiciária dos estados. As normas de organização judiciária de cada Estado e do Distrito Federal organizarão, segundo seus critérios, varas e órgãos fracionários e especializados nos Tribunais que terão competência em razão da natureza do tema debatido no processo, em razão da análise da causa de pedir e do pedido.
Competência em razão do valor. A competência em razão do valor encontra delineamento nas normas de organização judiciária do Estado e do Distrito Federal. O Código de Processo Civil mantém a característica deste critério de fixação de competência como relativo, o que implica na impossibilidade de conhecimento de ofício, dependente de requerimento e ocasionandoa prorrogação sempre que não houver a arguição em preliminar de contestação e em momento oportuno. No Juizado Especial Federal, a competência em razão do valor ganha outras vestes e é tida por absoluta (art. 3, parágrafo 3, L. 10.259/01), fazendo com que possa ser conhecida de ofício, independente de requerimento, não haja a prorrogação da competência e podendo ser arguida como preliminar de contestação ou simples petição intercorrente (art. 64, parágrafo 1).
Critério funcional para fixação da competência. O critério funcional para fixação da competência baseia-se em analisar, com previsibilidade anterior ao acontecimento do litígio, quais juízes “funcionarão” naquele processo. É critério que surge a fim de dar azo ao princípio atinente à jurisdição da imparcialidade. Este critério, porque se preocupa com o estabelecimento e previsão de um juízo anterior ao conflito, dá as partes a segurança constitucional exigida, afastando a possibilidade de juízos ou tribunais de exceção. O estabelecimento prévio de varas, câmaras, turmas, seções garantem ao jurisdicionado, ao menos, a higidez do princípio da imparcialidade. Por essa característica, é norma de ordem pública e, por isso, de competência absoluta, fazendo com que possa ser conhecida de ofício, independente de requerimento, não haja a prorrogação da competência e podendo ser arguida como preliminar de contestação ou simples petição intercorrente (art. 64, parágrafo 1).
Art. 45o Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
I – de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II – sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
§2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
Competência em razão da matéria. Justiça Federal e Justiça Estadual. Como se sabe a jurisdição federal, como regra geral, atrai para si os processos nos quais a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente (art. 109, I, CR e Súm 150, 224, 254 e 365, STJ) eis que somente a Justiça Federal tem a competência – absoluta – para decidir quanto ao interesse de determinado ente federal na causa. Uma vez havendo julgamento pela justiça federal e concluído pela falta de interesse de quaisquer destes entes, o processo deverá ser remetido à justiça estadual.
Recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho. Cabe ao juiz de direito processar e julgar o processo judicial de recuperação, falência, insolvência civil e acidente de trabalho, ainda que haja interesse dos entes mencionados no caput. Súm. Vinculante 22, STF: “A justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004”. Súm. 480, STJ: “O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação de empresa”.
Justiça eleitoral e justiça do trabalho. Súm. 374, STJ: “Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito decorrente de multa eleitoral”. Súm. 736, STF: “Compete à justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores”.
Cumulação de pedidos. Impossibilidade de remessa. Vale frisar que, caso o interesse do ente federal se dê apenas em parte do pedido, este procedimento não deve ser remetido à justiça federal, devendo o juiz estadual inadmitir aquele pedido de interesse do ente federal e cuidar somente do restante do pedido anteriormente cumulado.
Art. 46o  A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
§1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
Regra de fixação de competência em razão do território. A regra de fixação de competência em razão do território faz com que, de forma geral, quando se tratar de direito pessoal ou real, o foro de domicílio do réu será o competente para recebimento e processamento da demanda. Vale dizer que trata-se de critério relativo de fixação de competência, não permitindo ao juiz conhecer de ofício – com exceção da hipótese do art. 63, CPC – e também não sendo possível à parte a alegação a qualquer tempo acerca da incompetência do juízo, eis que prorrogável sua competência. Caso o réu pretenda impugnar a competência do juízo deverá fazê-lo em preliminar de contestação, sob pena de preclusão.
Direito pessoal e direito real mobiliário. As ações fundadas em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro de domicílio do réu. Os direitos da personalidade assim como os direitos obrigacionais são exemplos de direitos pessoais. Ao direitos reais encontram previsão no art. 1.225 do Código Civil.
Domicílio. Seguindo o regramento do Código Civil, art. 70, domicílio da pessoa natural é o local onde ela estabelece sua residência com ânimo definitivo. Se pessoa jurídica, domicílio é o lugar onde funcionarem as diretorias, administrações, onde estiver estabelecida sua sede etc.
Mais de um domicílio. Caso haja mais de um domicílio, o réu poderá ser demandado em qualquer um deles.
Incerto ou desconhecido o domicílio. Se incerto ou desconhecido o domicílio do réu, este poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor. Vale dizer que o legislador não criou regra de preferência entre o local onde for encontrado e o domicílio do autor.
Quando não houver domicílio ou residência no Brasil. Quando não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor. Se o autor também não tiver residência ou domicílio no Brasil, a ação poderá ser proposta em qualquer foro.
Dois ou mais réus com domicílios diferentes. Havendo dois ou mais réus com domicílios diferentes, serão demandados em qualquer deles, à escolha do demandante.
Art. 47o  Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.
§1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
Direito real imobiliário. As ações fundadas em direito real imobiliário deverão, como regrageral, ser propostas no foro da situação da coisa.
Direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. Ações fundadas em direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova, não poderá o demandante optar pelo foro eis que a regra de fixação de competência é funcional, portanto, inderrogável, portanto, de competência absoluta. Caso a ação proposta discuta qualquer outro direito real imobiliário que não aqueles delineados acima, poderá o demandante optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição, haja vista que, neste momento, trata-se de competência relativa.
Ações Possessórias. As ações possessórias somente poderão ser propostas no foro da situação da coisa, regra cogente, portanto, de observância obrigatória pelas partes o que inviabiliza flexibilizações.
Art. 48o  O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único.  Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I – o foro de situação dos bens imóveis;
II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
O foro do domicílio do autor da herança no Brasil será o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as demandas em que o espólio for réu, mesmo que a morte tenha se dado em país estrangeiro. Vale dizer que a estipulação em vida de foro de eleição é regular. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o foro competente do autor da herança é matéria de ordem relativa (STJ, 2 Seção, CC 19.334/MG, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 28.11.2001, DJ 25.02.2002, p. 195). Caso não seja conhecido o foro do autor da herança, competente é o foro da situação de qualquer dos bens imóveis ou, se não houver, o foro de qualquer outro bem do acervo hereditário.
Art. 49o A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
 
Ausente. Pelo que disciplina o Código Civil, em seu art. 22, a falta da presença e o desconhecimento do paradeiro da parte de seu domicílio sem o estabelecimento de um terceiro que a represente é tida como ausência. Importa salientar que o mandatário, para que se descaracterize a ausência, deve não somente pretender representar o mandante como também poder fazê-lo, o que significa dispor de poderes para tanto – art. 23, Código Civil. Caso a demanda tenha como autor o ausente, deve ser respeitado o regramento geral de competência. Demandas em face do ausente devem ser intentadas no foro de seu último domicílio, que será igualmente competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. As ações em face do ausente que tenham como objeto direito real imobiliário deverão ser intentadas no foro da situação da coisa, nos moldes do art. 47, CPC.
Art. 50o  A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente.
Incapaz. Pelo que estabelece o art. 76 do Código Civil, o incapaz, relativa ou absolutamente, dispõe de domicílio necessário, qual seja, o de seu assistente ou representante. Sendo assim, a ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Vale dizer que o regramento do art. 47 do CPC tem aplicação cogente e prioritária a este regramento em específico.
Art. 51o É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
Parágrafo único.  Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.
União. A Constituição da República, em seu art. 109, parágrafo primeiro, já guardava este tipo de previsão de maneira bem próxima daquilo estabelecido atualmente no CPC. As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. As causas intentadas contra a União poderão ser intentadas na seção judiciária em que for domiciliado o demandante, onde houver ocorrido o fato ou ato que deu origem, ou no local da coisa.
Súmulas atinentes ao tema: Súm. 11, STJ: a presença da União ou de qualquer dos seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel; Súm. 32, STJ: compete à Justiça Federal processar justificações judiciais destinadas a instruir pedidos perante entidades que nala têm exclusividade de foro, ressalvada a aplicação do art. 15, II, da Lei 5.010/66; Súm. 82, STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os feitos relativos a movimentação do FGTS; Súm. 173, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar o pedido de reintegração em cargo público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes da instituição do Regime Jurídico Único; Súm. 324, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar ações de que participa a Fundação Habitacional do Exército, equiparada à entidade autárquica federal, supervisionada pelo Ministério do Exército; Súm. 365, STJ: A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo estadual; Súm. 368, STJ: Compete à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de retificação de dados cadastrais da Justiça Eleitoral; Súm. 557, STF: É competente a Justiça Federal para julgar as causas em que são partes a COBAL e CIBRAZEM; Súmula Vinculante 27, STF: Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente.
Art. 52o É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único.  Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
As ações a serem propostas pelo Estado ou pelo Distrito Federal tem como foro competente o domicílio do réu. No entanto, quando Estado ou Distrito Federal forem demandados, o foro competente para o ajuizamento da ação será o domicílio do autor da demanda, podendo, ainda, optar pelo foro da ocorrência do ato ou fato que deu origem à demanda, o local da situação da coisa ou o foro da capital. Vale dizer que esta regra guarda observância naquilo disposto no art. 182 do CPC, o que faz estender a norma a todas as pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta.
Art. 53o  É competente o foro:
I – para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
II – de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
III – do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
e) deresidência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;
IV – do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
Ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável. Tais ações devem ser propostas, seguindo a seguinte ordem, e em virtude da vulnerabilidade:
Havendo prole incapaz, no domicílio daquele que detém a sua guarda;
Não havendo filho incapaz, a ação deve ser proposta no lugar do último domicílio do casal;
Não havendo filho incapaz, caso nenhuma das partes resida no local do último domicílio, a ação deverá ser proposta no domicílio do réu.
A súmula 383 do STJ determina que quando há conexão entre ações que apresentem interesse de “menor”, o foro competente deverá ser o do domicílio do detentor da sua guarda.
Foro competente: alimentos. Ainda que cumulada com a ação de reconhecimento de paternidade, o foro competente para a propositura da ação de alimentos será o foro do domicílio do alimentando. Trata-se de regra presente na súmula 1 do STJ. Tal regra também se aplica às ações que têm como fim os alimentos provisionais.
Quando a ação de alimentos for proveniente da relação de casamento, união estável ou parentesco, o foro competente será o do domicílio do alimentando, aplicando-se, assim, em virtude da vulnerabilidade, a regra do dispositivo em comento.
Entretanto, caso a ação de alimentos tenha por fundamento ato ilícito, disposições testamentárias ou por convenção, afasta-se a regra do dispositivo em comento e aplica-se a regra geral, disposta no artigo 46 deste Código.
Decisão do STJ, emanada no CC 20.175/SP, já determinou que se o devedor de alimentos residir no exterior, caberá à Justiça Estadual do foro do domicílio do alimentando, ainda que tal ação de alimento tenha como fundamento as situações descritas no parágrafo anterior.
Em situação contrária, sendo o alimentando domiciliado no exterior, a competência para julgar a ação de alimentos, independentemente da sua natureza será da Justiça Federal ( STJ – CC 13.093/RJ).
O lugar, como foro competente
Da sede da pessoa jurídica, quando esta for ré;
Da agência, sucursal ou filial, quanto as obrigações contraídas nestes locais pela pessoa jurídica
Que exerce a sua atividade, quando ré, caso a sociedade ou a associação não detenha personalidade jurídica.
Onde a obrigação deva ser satisfeita, para as ações que exigir o seu cumprimento;
Apontou o STJ que o foro do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita é o competente tanto para as ações em que se exige pagamento, como para aquelas em que se questiona a existência, a validade ou a eficácia de determinado negócio jurídico ou ainda, de alguma de suas cláusulas ( STJ – Resp 119.383/DF)
A residência do idoso, nas causas referentes aos seus direitos, emanados pelo Estatuto do Idoso, Lei 10.741/2003.
Da serventia notarial ou de registro para demandas que pretendam de dano praticado por estas.
Lugar do ato ou do fato como competente. O local onde se deu o ato ou o fato será o foro competente para as ações de reparação de dano, decorrente destes, bem como para as ações de responsabilidade pessoal contra o administrador ou gestor de negócio alheios, quando os tiver cometido.
Do domicílio do autor ou lugar do fato, como foro competente. Caso a ação tenha como objeto a reparação de dano causado por acidente de veículo, incluindo aeronaves, o autor poderá escolher o lugar da propositura desta, podendo ser proposta no foro do local do fato, ou no foro do seu domicílio.
Seção II
Da Modificação da Competência
Art. 54o A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção.
Modificação da competência relativa. O art. 54 do CPC/15 teve pequenas alterações quanto ao dispositivo equivalente anterior – CPC/73, art. 102. As mudanças se deram apenas em caráter redacional e em uma maior técnica, especificamente ao se referir a “competência relativa” e não mais a competência “em razão do valor e do território”.
A regra aborda a possibilidade de modificação da competência relativa de um órgão da jurisdição.
Em uma breve revisitação, por mais que sejam características da jurisdição sua unidade e indivisibilidade, é por meio da distribuição desta pelos diversos órgãos estatais, previamente estipulados, que se dá o seu exercício.
Pode-se afirmar, então, que a competência consiste na medida da jurisdição, que é distribuída para atuação por um órgão estatal (geralmente do Poder Judiciário).
Nessa linha, a modificação de competência consiste na necessidade de alteração do exercício da jurisdição: um órgão, mesmo não tendo em um primeiro momento a atribuição para conhecer de uma causa, após a verificação de alguns elementos passa a tê-la, ocorrendo a prorrogação, ou melhor, a ampliação da esfera dessa competência. É como se, por mais que, inicialmente, não houvesse a previsão da distribuição da competência para a atuação desse órgão, uma configuração de fatores implicasse na extensão dessa atuação.
A partir de uma interpretação sistêmica entre a Constituição Federal e o CPC (seja ele o de 1973, ou ainda o novo de 2015), somente caberá modificação de competência quando se tratar de competência relativa, e não absoluta, ou seja, somente quando se tratar de questões que envolvam valor e território, não sendo aplicável aos casos que envolvam matéria, pessoa ou função. Esse entendimento já era assim quando do CPC de 1973, como se observa pelo art. 102, e restou mantido no novo CPC como se observa pelo presente art. 54 em comento, bem como pelo art. 62 infra.
Dois gêneros de modificação. Tratando-se de competência relativa, o CPC/15 prevê dois gêneros de modificação: modificação legal (quando houver conexão ou continência) e voluntária (quando houver foro de eleição, ou ainda quando não tiver sido alegada em sede de contestação a incompetência relativa, hipótese que ensejará sua prorrogação).
Enquanto na anterior sistemática havia sido consolidado o entendimento de que a modificação de competência por conexão/continência era uma
faculdade do magistrado – mesmo sendo verificado no caso o preenchimento dos requisitos necessários para tanto -, salvo melhor juízo, a nova sistemática altera tal entendimento.
Não haveria lógica em se interpretar o instituto de forma diversa a partir das orientações basilares que moveram as alterações do novo CPC.
Se a busca por uma uniformidade das decisões judiciais é tamanha na redação do CPC/15, observando-se, para tanto, não apenas o sistema de precedentes adotado no novo diploma – que visa não só à aplicação de uma mesma tese jurídica a casos com uma mínima similaridade, mas ainda algumas alterações específicas nesse sentido (como, por exemplo, a obrigatoriedade da uniformidade da jurisprudência pelas cortes superiores, nos termos do novo art. 926) -, o que se dirá na necessidade de que não sejam proferidas decisões contraditórias/conflitantes entre si em ações que possuam um grau vinculativo maior.
A anomalia sistêmica que consiste na existência de decisões contraditórias em demandas decorrentes de um mesmo conflito (causas vinculadas/afins) é mais grave do que a existência de decisões diferentes proferidas em demandas que, por mais que comunguem de uma mesma tese jurídica, não possuam maiores pontos de afinidade.
A modificação de competência visa não apenas combater um sintoma do sistema, mas também concorre com a expectativa de efetividade e celeridade do processo por ser um significante claro da economia e eficiência processuais, bem como da própria isonomia.
Superação do entendimento do STJ. Pelo exposto no item anterior, resta superado o posicionamento do STJ quantoa ser facultativa a conexão das causas (STJ, REsp nº 1366921/PR, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, v.u., j. em 24/02/2015, DJe 13/03/2015), devendo imperar na nova sistemática a modificação da competência com a reunião das demandas sempre que preenchidos os requisitos.
Por fim, mesmo que não ocorra a hipótese de modificação de competência por conexão ou continência nos casos de demandas que tratarem de competência absoluta, quando houver o risco de serem proferidas decisões contraditórias entre si, a forma mais adequada para evitar essa anomalia do sistema será a suspensão por prejudicialidade externa, conforme CPC/15, art. 313, V, a.
Art. 55o Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.
§2o Aplica-se o disposto no caput:
I – à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II – às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Conceito. O art. 55 do CPC/15 reflete uma “fusão” dos artigos 103 e 105, do CPC/73, abordando o conceito de conexão no novo diploma.
O instituto da conexão está contido no amplo campo das relações de nexo (vínculo, afinidade ou semelhança) – e não de identidade – entre duas demandas que podem gerar diversos efeitos jurídico-processuais.
A conexidade entre causas leva em consideração a existência de laços comuns entre, no mínimo, duas demandas, capazes de gerar um vínculo entre elas. É como se, ao colocar duas demandas, uma em sobreposição à outra, fosse possível identificar alguns pontos comuns.
O nível de nexo entre as demandas pode variar como um intervalo que vai de um primeiro ponto comum de intersecção, passando pela existência de vários pontos, até chegar ao limite da identidade plena das demandas.
A doutrina classifica essa evolução de nexo entre causas na seguinte sequência: parte-se de uma relação de mera afinidade, passando pela conexão, comunhão, chegando ao limite da própria litispendência (ou litispendência parcial nos casos de continência). Como critério principal para essa distinção, utiliza-se dos elementos constitutivos das ações, quais sejam: partes, causa de pedir e pedido
Matéria de ordem pública. No CPC/15, a conexão é interpretada como matéria de ordem pública, podendo ser alegada – e, portanto, conhecida – a qualquer tempo e grau de jurisdição, observando-se para tanto não apenas os limites da formação da coisa julgada material, mas também a existência de julgamento em qualquer uma das demandas vinculadas.
Da mesma forma como previsto no CPC/73, em seu art. 105, das matérias que no CPC/15 deverá o réu abordar na contestação (antes de se manifestar sobre o mérito), encontra-se a conexão (CPC/15, art. 337, inciso VIII), sendo que, todas as matérias lá descritas – excetuadas convenção de arbitragem e incompetência relativa -, poderão ser conhecidas de ofício (§5º).
Inicialmente, para se verificar a conexão, devem existir ao menos duas demandas, e nenhuma delas deverá envolver questão de competência absoluta.
Além dessa configuração prévia, para que haja a modificação da competência por conexão, nos termos do caput do dispositivo em comento, necessário se faz ser comum entre as demandas ou a causa de pedir, ou o pedido.
A nova redação é mais técnica do que a anterior (CPC/73, art. 103) ao indicar o pedido e não o objeto como ponto comum a ser identificado. Causas de pedir comuns são aquelas que possuem, ao menos, o mesmo substrato fático (causa de pedir remota), enquanto que pedidos comuns são aqueles relacionados a um mesmo bem da vida.
Identidade de partes. Quanto à necessidade da identidade das partes, tanto o novo diploma, como o anterior, não enfrentou a questão de forma direta. Como não há a indicação expressa nesse sentido, em uma primeira leitura, poder-se-ia concluir que tal identidade não era necessária no diploma anterior.
Todavia, essa questão não era pacífica em nossa jurisprudência, uma vez que, por mais que existam julgados entendendo pela possibilidade de conexão mesmo quando nenhuma das partes de demandas vinculadas fossem iguais (TJRS, AI nº 70060282613, 12ª Câmara Cível, Rel. Des. GuintherSpode, v.u., DJ 16/06/2014), a maioria dos julgados eram no sentido ou de ser necessária a identidade de todas as partes (STJ, REsp 514.454/SP, 3ªTurma, Rel. Min. Nancy Andrighi, v.u., j. em 02/09/2003, DJ 20/10/2003), ou, no mínimo, de haver identidade parcial delas (STJ, REsp 772252/SP, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, v.u., j. em 28/03/2006, DJ 08/05/2006).
Mesmo que tenha ocorrido nova “omissão” no caput do art. 55, o parágrafo terceiro deste dispositivo, como será abaixo analisado, aparenta ter resolvido a dúvida existente dentro do ordenamento.
Súmula 235 do STJ. A regra esculpida no §1º do art. 55 vem consolidar o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, esboçado na súmula 235, de que, configurada a conexão, deverá haver sua reunião desde que um dos processos conexos ainda não tenha sido julgado – Súmula 235: “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”.
Destaca-se que o entendimento jurisprudencial de que seria necessário que os processos estivessem na mesma fase processual não mais impera no novo CPC, uma vez que a letra da Lei é clara ao colocar como limite para a reunião a existência de processo sentenciado – poderá, ainda, haver a reunião dos processos mesmo que não se identifique entre eles o mesmo tipo de rito, ou ainda em grau recursal, desde que em ambos se respeite o limite do fim do ofício jurisdicional para a questão.
É importante ressaltar que deverá ser observado como termo para a ocorrência da reunião dos processos não apenas a sentença, mas sim a decisão de mérito que resolver a questão, podendo ocorrer a sentença parcial de mérito em alguns casos – nesta hipótese, ocorrendo o chamado julgamento fracionado e já tendo sido conhecido o pedido conexo, mesmo ainda não tendo ocorrido sentença proferida, não haverá possibilidade de reunião.
Tomada de posição em questões polêmicas. Uma das características do CPC/15, além do destaque da necessidade de uniformidade da jurisprudência, ou ainda do reforço dos princípios constitucionais aplicáveis ao processo, é a da resolução de questões controversas específicas, presentes no ordenamento.
A postura do legislador, ao dar tamanha importância em resolver pela própria letra da Lei casos dúbios do ordenamento se deu a fim de sanar, “de uma vez por todas” – e de forma clara e límpida, para que, mesmo com a alteração, não restassem dúvidas ou margem para interpretações -, os diversos entendimentos existentes sobre algumas questões dentro do nosso ordenamento.
Nesse sentido, é possível afirmar que os incisos I e II do parágrafo 2º do artigo 55 refletem essa necessidade verificada pelo legislador, a fim de sanar os questionamentos existentes sobre a possibilidade de conexão entre ação de execução e a ação de conhecimento que discute o título, bem como a possibilidade de reunião de mais de uma execução sobre um mesmo título.
Nesses exemplos, por mais que não venha a ocorrer necessariamente uma decisão de mérito em ambos os processos, a “aplicação da lei ao caso concreto” é melhor viabilizada pela possibilidade de se concentrar a resolução das demandas vinculadas (unidade das decisões), evitando-se a existência de decisões conflitantes.
Ressalta-se, apenas, que não se trata de rol taxativo, mas sim exemplificativo, cabendo, portanto, o entendimento de um vasto campo de possibilidades de conexão em demandas típicas e atípicas, como, por exemplo: alimentos e investigação de paternidade; usucapião e reivindicatória; prestação de contas e consignatória, etc.
Reunião de processos sem conexão. Já no § 3º, o novo códigolegaliza uma situação que já existia em nosso ordenamento, mas se baseava apenas na doutrina e jurisprudência como justificativa, qual seja, a possibilidade de modificação da competência, mesmo em casos em que não ocorra conexão, mas que possa ensejar a existência de decisões conflitantes entre si em demandas afins.
Como apontado no comento do dispositivo anterior, é possível a modificação de competência mesmo que não ocorram as hipóteses de conexão – indicadas no caput do art. 55 -, mas que seja constatada uma relação vincular em que os efeitos possam trazer prejuízos não apenas para as partes relacionadas, mas também para o próprio Estado-juiz como prestador da tutela jurisdicional.
Ponto finalizando, haverá modificação de competência quando houver entre duas causas vinculadas uma relação de afinidade mínima capaz de ensejar o proferimento de decisões conflitantes entre si.
Art. 56o Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
Conceito. O art. 56 do CPC/15 praticamente repetiu a redação do artigo 104, do CPC/73, trazendo uma melhor técnica da redação do dispositivo ao substituir objeto por pedido.
O instituto da continência, da mesma forma que o da conexão, consiste na relação de afinidade (vinculo, nexo ou semelhança) – e não de identidade – entre pelo menos duas demandas, em que sejam comuns: (a) as mesmas partes, (b) a mesma causa de pedir (causa de pedir remota – substrato fático comum), (c) mas, diferente da conexão, o pedido de uma delas (continente) será maior do que a outra (contida).
Conexão e continência. De partida, já se nota uma basilar diferença da conexão: na continência, há a imprescindibilidade de que ocorra a identidade das partes (identificação subjetiva).
Exemplos que podem ser citados: em uma ação há a discussão da nulidade de uma cláusula (demanda contida), enquanto que em outra discute-se a nulidade de todas as cláusulas (ação continente), ou ainda nos casos de acidente de veículos, enquanto que em uma se pleiteia a reparação pelos danos emergentes, e na outra há o pleito não só dos danos emergentes, mas também dos lucros cessantes.
Pode-se afirmar, então, que a continência é uma espécie de conexão, consistindo também em matéria de ordem pública que pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição como já exposto nos comentários do dispositivo anterior.
Normalmente, a continência serve de critério para a distribuição por dependência (quando alegada na petição inicial), ou como preliminar da contestação (quando alegada pelo réu em preliminar de mérito).
Art. 57o Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
Consequências da continência. O art. 57 do CPC/15 altera substancialmente a consequência que era prevista nos casos de continência (CPC/73, art. 102).
Da mesma forma como ocorre com a conexão no novo diploma, no caso de continência a regra é a de que haja a reunião dos processos, a fim de garantir toda a eficiência da uniformidade do exercício jurisdicional, como ainda afastar os sintomas decorrentes da existência de decisões conflitantes proferidas em demandas vinculadas.
Contudo, como se observa pelo dispositivo em comento, essa regra somente valerá quando a ação continente for ajuizada após a ação contida.
De forma inovadora, o CPC/15 prevê que, caso a ação contida seja ajuizada posteriormente, não deverá haver a reunião dos processos, mas sim a extinção desta, sem julgamento do mérito. Nesta hipótese, como já havia sido indicado pela doutrina como a melhor solução, haverá a extinção por litispendência parcial.
Caso possível a reunião – demanda continente posterior à contida -, da mesma forma como ocorre nos casos de conexão, ela é obrigatória.
Destaca-se que, caso já tenha ocorrido julgamento anterior da causa contida, também não poderá haver a reunião dos processos, devendo a causa continente prosseguir somente quanto à parte restante do objeto litigioso.
Art. 58o A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente.
Reunião no juízo prevento. O art. 58 do CPC/15 preserva a orientação que advinha das normas dos seus dispositivos equivalentes anteriores (CPC/73, arts. 105 e 106).
Quando houver mais de uma demanda – com relação de afinidade mínima entre si, capaz de gerar decisões conflitantes – tramitando em diferentes juízos, por mais que estes sejam inicialmente competentes para cada uma especificamente, necessário se fará a reunião delas em um único juízo.
Prevenção como critério. O que determinará o juízo no qual serão reunidas as demais demandas conexas é o instituto da prevenção, que nada mais é, portanto, do que um critério para a definição de qual juízo tramitará as demais ações, por mais que estas estejam tramitando em seus juízos competentes.
Assim, não é a prevenção que define a competência. A prevenção define a modificação da competência, nos casos de continência e conexão, nos termos da legislação processual.
Art. 59o O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.
Prevenção do juízo. O art. 59 do CPC/15 resolve as discussões que muito tempo decorreram da interpretação do CPC/73 nos artigos 106 e 219, no que se refere ao termo pelo qual um juízo se torna prevento, ou melhor, o critério que se define qual o juiz natural para uma causa (perpetuatio jurisdictionis).
Enquanto que no CPC/73 o critério para definir a fixação da prevenção se dava ou pela decisão que recebia a petição inicial e determinava a citação da
parte adversa (quando os juízos em foco eram da mesma comarca – CPC/73, art. 106), ou pela citação válida (quando os juízos em foco eram de comarcas distintas – CPC/73, art. 219), no novo CPC a regra foi simplificada, tornando o sistema mais eficaz.
Critério temporal. Como se observa pelo dispositivo em comento, quando houver demandas vinculadas tramitando em juízos distintos, a prevenção se fixará pelo critério temporal.
Caso as demandas vinculadas tramitem perante juízos diferentes, mas de uma mesma competência territorial, o critério para a fixação da prevenção será o da anterioridade da distribuição – os processos serão reunidos perante o juízo que tiver recebido primeiramente uma das demandas vinculadas.
Casos as demandas vinculadas tramitem perante juízos distintos, e de competência territorial diversa, o critério para fixação será daquela demanda que tiver a petição inicial distribuída anteriormente (caso haja mais de um juízo na competência territorial de ambas demandas vinculadas), ou ainda daquela demanda que tiver a petição inicial anteriormente registrada (caso não haja mais de um juízo na competência territorial de qualquer uma dessas demandas), observando-se a regra esculpida no CPC/15, em seu art. 284.
Art. 60o Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.
Extensão da competência do juízo prevento. Como já era previsto no art. 107 do CPC/73, o dispositivo em comento manteve a mesma orientação, com pequenas alterações de sua redação.
No caso de imóveis que se estendem por mais de uma comarca, secção ou subsecção judiciaria – ou seja, que está contido, ao mesmo tempo, em no mínimo duas unidades diferentes de exercício da jurisdição -, haverá a extensão dessa competência. A redação do dispositivo ficou mais clara e técnica.
Destaca-se que o caso da hipótese prevê a possibilidade de mais de uma unidade de jurisdição para ser competente para uma mesma causa, sendo que o que definirá a competência para a ação será a própria fixação da competência – ou pelo registro, ou pela distribuição -, ampliando-se, assim, os limites da competência para além do próprio limite territorialda comarca.
Art. 61o A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal.
Conexão por assessoriedade. A redação do dispositivo em comento é praticamente idêntica a de seu equivalente no CPC/73, como se observa pela redação de seu art. 108.
Segundo a doutrina, trata-se de competência funcional a distribuição da ação acessória ao juízo competente para a principal, não podendo, assim, haver a derrogação de competência por acordo das partes (conexão por assessoriedade).
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.
.
Impossibilidade de convenção sobre competência absoluta. A redação do art. 62 em comento é mais técnica do que a do seu equivalente no diploma anterior (CPC/73, art. 111), uma vez que, além da constatação da proibição da convenção das partes sobre competência em razão da matéria, deixou de se referir à hierarquia, fazendo constar expressamente tanto a competência em razão da função, quanto da pessoa.
Trata-se, em uma congruência lógica da própria Seção, da impossibilidade de modificação quando se tratar de competência de matéria absoluta, observando-se as regras específicas previstas na legislação (CPC/15, art. 45).
Por se tratar de matéria de direito indisponível, não podem as partes convencionar sobre tal (prorrogação ou disposição), em razão do interesse público envolvido na hipótese.
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
 
Convenção sobre competência relativa. O dispositivo em comento, por mais que não haja um equivalente específico a ele no diploma anterior – de forma aproximada, CPC/73, arts. 111 e 112 -, reflete a possibilidade de ser modificada a competência quando não se tratar de matéria de ordem pública.
Em consonância com a nova redação dos artigos 54 e 62 do CPC/15, o novo art. 63 caput traz a possibilidade de alteração da competência originária quando se tratar de competência relativa, ou seja, em razão do valor e do território. É a previsão procedimental, dentro do CPC/15, quando envolver questão de eleição de foro.
Cláusula de eleição de foro. Em seu §1 º, é prevista a forma na qual deverá ser observada a cláusula de eleição de foro para que possua validade: cláusula
escrita (e jamais oral), contida em um instrumento em que se refira a um negócio jurídico principal. A referida cláusula vincula os herdeiros e sucessores do contrato (§ 2º).
Já no § 3º terceiro, é instituída uma nova previsão – por muitos definida como matéria de ordem pública -, onde, o magistrado que entender se tratar de abusividade da cláusula de eleição de foro – depois de observar a regra do CPC/15, art. 10 -, deverá de ofício determinar a remessa do processo para o juízo (e não o juiz) do domicílio do réu.
Diferente do que constava no CPC/73, art. 112, não se faz mais necessário que tal abusividade ocorra apenas em contratos de adesão (ou ainda apenas em relação jurídica consumerista), podendo ocorrer em qualquer contrato desde que preenchidos os requisitos da norma.
Destaca-se que para o magistrado existe uma preclusão projudicato, uma vez que, caso não faça tal constatação até a citação do réu, não poderá mais fazê-la – como se observa no § 4º, no momento da efetivação da citação, deixa o magistrado de poder exercer tal remessa, podendo apenas ocorrer caso haja a alegação pelo réu em sua resposta (contestação). Caso contrário, haverá a prorrogação da competência relativa.
Esse controle da abusividade pelo magistrado – que, na verdade, consiste em um dever -, em concomitância com o CPC/15, art. 190, parágrafo único, visa assegurar a isonomia processual (paridade de tratamento das partes), pela preservação do exercício do direito pela parte hipossuficiente, a fim de que se possa atingir uma decisão justa e efetiva (CPC/15, art. 6º) por meio de um processo justo.
Cláusula de eleição de foro e cláusula arbitral. Vale dizer ainda que é plenamente compatível a existência de cláusula de eleição de foro e cláusula arbitral, uma vez que aquela se destinará para as demandas judiciais prévias e posteriores ao juízo arbitral (por exemplo, o cumprimento de sentença proferida pelo próprio juízo arbitral), ou ainda das matérias que estiverem excluídas da arbitragem.
Por fim, é importante destacar que, mesmo que exista uma cláusula válida de eleição de foro, existindo outra demanda com vinculação atrativa prévia – seja conexão ou continência -, esta prevalecerá perante tal, ocorrendo a modificação de competência
Seção III
Da Incompetência
Art. 64o A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
§1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício.
§2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência.
§3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente.
§4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
 
No CPC/2015, que mudou parcialmente a sistemática do CPC/1973, tanto a incompetência absoluta quanto a relativa deverão ser suscitadas em preliminar de contestação, o que reflete a intenção do legislador de economizar o número de incidentes processuais.
A competência absoluta é inflexível porque determinada por razões de ordem pública (da administração da Justiça em geral), ao passo que a competência relativa se preocupa com meras conveniências do autor ou do réu. Sendo assim, somente a última admite alteração pelas partes ou pelo juiz (LOPES, João Batista. Curso de direito processual civil. São Paulo: Atlas, 2005, p. 126).Visto que a competência absoluta não admite qualquer modificação pela ação ou omissão das partes ou do juiz, o § 1º estatui que a incompetência absoluta é matéria não sujeita à preclusão, motivo pelo qual pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício, inclusive perante as instâncias superiores (vide art. 485, § 3º, do CPC/2015, que autoriza o conhecimento da matéria de ordem pública “enquanto não ocorrer o trânsito em julgado”).
É assegurado o exercício do contraditório após a alegação de incompetência absoluta ou relativa, em conformidade com os arts. 9º e 10 do CPC/2015 (§ 2º). Reconhecida a incompetência, caberá ao juízo remeter os autos ao juízo competente (§ 3º).Presumem-se válidos os efeitos das decisões do juízo incompetente até que uma outra decisão seja prolatada pelo juízo adequado, a não ser que este se manifeste em sentido diverso (§ 4º). Em suma, a ineficácia dos atos decisórios praticados pelo juízo incompetente não constitui uma consequência automática da declaração de incompetência, o que é uma novidade frente ao art. 113, § 2º, do CPC/1973.
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação.
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar.
Enquanto a incompetência absoluta é matéria não sujeita à preclusão e pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição, a incompetência relativa deve ser suscitada no primeiro momento no qual o demandado se manifestar no processo, o que, via de regra, será nacontestação (“caput”).Todavia, épossível o réu peticionar no processo antes, v.g., quando indicar o seu desinteresse na audiência de conciliação, por requerimento apresentado em até 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência (art. 334, § 5º). Nesse caso, a eventual omissão do réu em indicar imediatamente a incompetência relativa implicará na sua prorrogação (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. São Paulo: RT, 2015, v. 2, p. 68).
Da mesma forma, a equivocada distribuição ou reunião de processos por motivo de conexão, continência ou prejudicialidade inexistente precisa ser objurgada pela parte prejudicada na primeira oportunidade em que falar nos autos, sob pena de preclusão, salvo se violada regra de competência absoluta.
A decisão que venha a acolher ou rejeitar a alegação de incompetência (absoluta ou relativa) não está sujeita ao recurso de agravo de instrumento, porque fora do rol do art. 1.015, do CPC/2015.Portanto, a parte voltará a tratar da questão repelida em apelação ou contrarrazões de apelação. Caso não o faça, operar-se-á a preclusão se existente causa de incompetência relativa; se presente uma incompetência absoluta, a matéria poderá ser suscitada e acolhida posteriormente (art. 64, § 1º).
O parágrafo único dispõe que o Ministério Público poderá alegar a incompetência relativa “nas causas em que atuar”. Debate-se se esta prerrogativa será aplicável quando o MP figurar como mero fiscal da lei (e não parte principal do processo), pois tal interferência esbarraria no princípio dispositivo em razão de a competência relativa resguardar os interesses dos particulares.

Outros materiais