Buscar

Resumo av1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ATIVIDADE ECONOMICA
Conceito de Empresário 
Artigo 966 Código Civil
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
 - Algumas atividades foram excluídas do contexto empresarial.
Art.966 Parágrafo Único Código Civil
“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual de natureza científica (qualquer profissional liberal), artística ou literária, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores SALVO se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. 
O Enunciado 54 do CJF preceitua “é caracterizador do elemento de empresa a declaração da atividade-fim, assim como a prática de atos empresariais
Lei Especial – Estatuto dos Advogados
Artigo 16 Lei 8.906/94
Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades de advogados que apresentem forma ou características mercantis, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou totalmente proibido de advogar.
EMPRESARIO INDIVIDUAL
Capacidade Civil
Artigo 5º Código Civil Parágrafo único 
Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II – pelo casamento ; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Pressupostos Regular Atividade de Empresário Individual
Art. 972 Código Civil.
“Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.”
No caso do empresário individual ou de firma individual, uma vez que o patrimônio do empresário individual confunde-se com o pessoal no caso dos autos, de sorte que corresponde a um só conjunto de bens, cujo domínio pertence à pessoa física, mesmo que sirva à atividade empresarial exercida de forma individual, não é necessária sua desconsideração, nem para fins de penhora patrimonial, legitimidade passiva ou citação.
Portanto, nada obsta que se proceda a penhora do patrimônio da empresa individual para garantir o pagamento de dívidas contraídas pela pessoa física e vice-versa.
Nesse sentido é pacífica a jurisprudência:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO. EXECUÇÃO. PENHORA. FIRMA INDIVIDUAL. CONFUSÃO PATRIMONIAL COM A PESSOA FÍSICA. Considerando que, no caso de firma individual, empresa e empresário se confundem, não há óbice para que os bens da pessoa física respondam por dívidas pessoais da empresa. RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70050560705, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli, Julgado em 24/08/2012).
Decisão monocrática. Agravo de instrumento. Ensino particular. Ação monitoria. Possibilidade de deferimento da consulta pelo BACEN-JUD e da penhora on line, em nome do empresário individual. O empresário individual possui personalidade jurídica diversa da pessoa física apenas para fins fiscais. Ausência de distinção entre o patrimônio da firma individual e o da pessoa física. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 70049331978, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ney Wiedemann Neto, Julgado em 28/06/2012).
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMPRESA INDIVIDUAL. PENHORA ON LINE. SÓCIO. CABIMENTO. Tratando-se de execução fiscal proposta contra firma individual, na qual há identidade entre empresa e pessoa física, não consubstanciando pessoa jurídica, possível a perfectibilização de penhora on line sobre crédito existente no CPF de seu único sócio. (Agravo de Instrumento Nº 70048695365, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Armínio José Abreu Lima da Rosa, Julgado em 02/05/2012).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. EXECUÇÃO. PLEITO DE PENHORA ON LINE. FIRMA INDIVIDUAL. CONFUSÃO ENTRE O PATRIMÔNIO DA FIRMA INDIVIDUAL E DA PESSOA FÍSICA DE SEU TITULAR. CABIMENTO. Conforme referido nas razões de recurso, a decisão atacada incorre em erro material ao fazer menção ao pleito de que sejam atingidos os "sócios referidos no contrato social", tendo em vista em que a agravada constitui-se em firma individual, o que é comprovado pelos documentos que instruem o recurso Na situação, considerando que a executada é firma mercantil individual, forçoso reconhecer que há evidente confusão entre a pessoa jurídica e a pessoa física do proprietário. Desta forma, existindo confusão entre o patrimônio da firma individual e o da pessoa física de seu titular, tenho que não há empecilho ao deferimento do pedido de que a penhora on line possa recair sobre eventuais contas existentes em nome da pessoa física (Trinida Rodrigues Velasque) titular da firma individual. Precedentes. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70047870464, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 25/04/2012).
No caso da pessoa constituída como Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI, modalidade nova de personificação jurídica, introduzida no Código Civil vigente, pela Lei n.º 12.441/11 (art. 980-A e seguintes), que traz em si a particularidade de o seu sócio único, ao contrário da empresa individual, pode apenas ser responsabilizado tão-somente até o limite do capital de sua empresa.
Logo na Eireli a desconsideração da personalidade jurídica é medida excepcional como em qualquer sociedade limitada, dependendo da comprovação de abuso da personalidade, caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial da pessoa jurídica e de seus sócios. Tratando-se de sociedade limitada, a figura da pessoa jurídica não se confunde com a pessoa dos sócios.
Nesse sentido:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA. CITAÇÃO DA EMPRESA INDIVIDUAL. DESNECESSIDADE. Tratando-se de pessoa jurídica constituída na modalidade de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI, não há confusão patrimonial entre o ente jurídico e a pessoa física (já citada). Não obstante, ainda remanesce a desnecessidade de citação da empresa individual, na hipótese de desconsideração inversa da sua personalidade jurídica, pois que, nos moldes em que ocorre na desconsideração propriamente dita, a superação episódica da personificação não gera a abertura de uma nova execução, tampouco altera a relação de direito material que constituiu o título executivo extrajudicial, não havendo razão, portanto, para que integre o pólo passivo da demanda executiva. Sobremais, o exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório estará assegurado à pessoa jurídica, assim que penhorado seus bens, na eventualidade de ocorrer o deferimento, pelo Juízo de Primeiro Grau, da desconsideração inversa da personalidade jurídica. Desnecessária, assim, a citação determinada na origem. DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70060682770, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Pedro Celso Dal Pra, Julgado em 09/10/2014)
Direito empresarial: empresário, registro e sociedade empresária
1. Introdução
As pessoas vocacionadas a gerenciar os fatores de produção e transformando uma atividade em uma verdadeira organização econômica especializada são os empresários. Vislumbrando a chance de ganhar muito dinheiro, eles são responsáveis por reunir recursos financeiros (próprio ou de terceiros), mão de obra, insumo e tecnologia, para produzir bens e serviços que sejam úteis a sociedade. Tal atividade não é fácil de ser realizada e tambémnão é garantido o lucro ou o sucesso dessa organização, mas é um risco assumido pelo empresário que vê a chance de lucrar ao atender uma demanda de uma quantidade considerável de pessoas. É necessário vocação e competência para estruturar qualquer tipo de atividade e viabilizar a oferta de todos esses recursos ao mercado consumidor de maneira competitiva e atingindo a qualidade necessária para agradar seus compradores. Os empresários devem mensurar e atenuar os riscos para que tenham alguma chance de sucesso pois uma atividade econômica está sujeita a diversos fatores (como a chance de não surgir interesse por seu produto) que podem fazê-los perder todo o capital investido. Muitas vezes esses fatores podem nem ser de responsabilidade deles, que estão sujeito a crises econômicas (no Brasil ou no exterior) que podem também leva-lo ao fracasso.
O exercício dessa atividade econômica organizada de fornecimento de bens e serviços é denominada de empresa e o Direito Comercial cuida desse exercício com o objetivo de resolver eventuais problemas/conflitos envolvendo empresários ou relacionado às empresas que exploram.
2. História
Os bens e serviços que muitos precisam para viver hoje como vestir, alimentar-se, divertir-se são produzidos por esses empresários pelas organizações econômicas especializadas, mas não foi sempre assim. Na Antiguidade, as pessoas produziam em suas casas o que precisavam para viver e eventualmente, trocavam algum excedente com seus vizinhos. Os fenícios se destacaram por expandir essa produção para fins econômicos, o comércio, o que estabeleceu intercâmbio entre culturas, desenvolveu-se o transporte, fortaleceram os Estados e infelizmente ocasionaram guerras, escravizaram-se povos, esgotaram-se recursos entre outras coisas.
A intensificação das trocas fizeram com que muitas pessoas começassem a produzir bens, não para si próprias, mas para poder vender.
Na Idade Média, o comércio deixou de ser uma atividade característica de alguns povos e culturas e passou a ser algo geral. No Renascimento Comercial, artesãos e comerciantes se reuniam em poderosas entidades burguesas que possuíam alguma autonomia diante do poder real e dos senhores feudais. Como expressão dessa autonomia, surgiram normas para disciplinar tais relações. Na era moderna, essas normas seriam chamadas de Direito Comercial. Esta primeira fase, o Direito Comercial é aplicado aos integrantes de uma específica corporação de oficio, a corporação dos comerciantes, a qual os usos e costumes tinha especial importância na sua aplicação.
No século XIX, na França, Napoleão patrocina dois monumentais diplomas jurídicos, o Código Civil (1804) e o Comercial (1808). A delimitação do campo de incidência do Código Comercial era feia pela teoria dos atos de comércio. Sempre que alguém explorava atividade econômica considerada ato de comércio, submetia-se às obrigações do Código Comercial e passava a usufruir da proteção dele.
O Direito Comercial deixou de ser disciplina de uma categoria para ser a disciplina de um conjunto de atos que poderiam, em tese, ser praticados por qualquer cidadão. O fracionamento do direito privado em regimes para as atividades civis e comerciais, característico da teoria dos atos de comércio, reveste-se da falta de consistência jurídica e por isso, substituída pela teoria da empresa (sistema italiano).
A Teoria da Empresa surge na Itália em 1942, como um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares. O Codice Civile passa a disciplinar tanto matéria civil como a comercial. A teoria da empresa muda o foco do Direito Comercial, que deixa de ser “atos de comércio” e passa a ser da “empresa”.
No Brasil, o Código Comercial de 1850 sofreu forte influência da teoria dos atos de comércio. Mas a defasagem entre a teoria dos atos de comércio e a realidade disciplinada pelo Direito Comercial, e a atualidade do sistema italiano de bipartir o direito privado começaram a ser apontadas na doutrina brasileira nos anos 1960.
O direito brasileiro já incorporava então a teoria das empresas, mesmo antes da entrada em vigor do Código Civil, nas lições da doutrina, na jurisprudência e em leis esparsas. Com a entrada em vigor do Código, conclui a demorada transição do sistema francês para o italiano.
3. O empresário
No Código Civil, encontramos a definição de empresário no artigo 966.
Artigo 966: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente (1) atividade econômica organizada (2) para a produção de bens ou serviços (3).”
(1) Profissionalismo. São considerada três ordens para o exercício profissional de uma atividade. O primeiro trata de habitualidade. Não é empresário aquele que desempenha uma atividade de forma esporádica, mesmo que a explore comercialmente. O segundo trata de pessoalidade. Um empresário deve ter empregados. Enquanto o empresário exerce a atividade pessoalmente, seus empregados trabalham em seu nome. O terceiro e mais importante trata do monopólio das informações. O empresário deve conhecer seus bens ou serviços fornecidos, conhecendo por inteiro, informações como uso, qualidade, insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos potenciais a saúde de seus funcionários e compradores etc. O empresário deve então conhecer todos esses aspectos de seus bens ou serviços, até para informar seus consumidores corretamente.
(2) Atividade. Empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de bens ou serviços. Muitas vezes, a palavra empresa é empregada incorretamente no cotidiano, até mesmo nos ambientes jurídicos. Empresa deve ser tratada como sinônimo de empreendimento. É a atividade em si. Não deve ser confundida com o estabelecimento comercial (lugar onde é desenvolvida tal atividade), nem com o sujeito de direito que a explora, o empresário. Não é a “empresa que importa mercadorias”, ou “a empresa que faliu”, e sim o empresário. Não é “a empresa que pegou fogo” e sim o estabelecimento comercial. Também não se deve confundir empresa com sociedade.
Econômica. A atividade empresarial é econômica pois tem a finalidade de obter-se, na maioria dos casos, o lucro. O lucro é essencial para manter a empresa, uma vez que se as despesas superam os rendimentos, fica impossível de se auto sustentar. Claro que existe exemplos em que o lucro não é a finalidade, mas eles continuam sendo essenciais para o custeio do empreendimento. Nesse caso, o lucro passa a ser um meio e não mais uma finalidade.
Organizada. Uma atividade é organizada no sentido em que o empresário deve articular os quatro fatores de produção citados no início desse texto (capital, mão de obra, insumos e tecnologia). Caso um desses fatores de produção não estejam incluídos na atividade empresarial, a pessoa que os articula não é considerado empresário.
(3) Produção de bens ou serviços. A produção de bens é a fabricação de produtos ou mercadorias. São produtoras de bens as montadoras de veículos, fábricas de eletrônicos etc. A produção de serviços, nada mais é do que a prestação de um serviço. São as escolas, hospitais, bancos etc.
Circulação de bens ou serviços. Circulação de bens é o comércio na sua forma primitiva. É ir buscar o bem no produtor e levá-lo até o consumidor. Circulação de serviços é a intermediação na prestação de um serviço (um exemplo são as agências de turismo).
Bens ou serviços. Antes do comércio via internet, a definição de bens e serviços não tinha grandes complicações. A primeira se refere a algo material enquanto a segunda a uma obrigação de fazer. Mas com os bens virtuais, um jornal virtual por exemplo, com o mesmo conteúdo do jornal material, fica a dúvida de como definir. Porém, para caracterizar empresário, o comercio eletrônico em todas suas variações tratam sim de atividade empresarial.
-Empresário individual
O empresário pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. O primeiro denomina-se empresário individual e o segundo sociedade empresária.
Outro erro comum é pensar que os sócios da sociedade empresária são os empresários, oque está errado. O empresário nesse caso é a própria sociedade, a própria pessoa jurídica com personalidade autônoma. Os sócios da sociedade empresária serão os empreendedores ou investidores, dependendo da sua colaboração dada a sociedade. As regras aplicadas ao empresário individual não se aplicam aos sócios da sociedade empresária.
O empresário individual explora atividades economicamente menos importantes, geralmente negócios rudimentares e marginais, muitas vezes ambulantes. Atividades economicamente de maiores proporções ficam reservadas as sociedades empresárias anônimas ou limitadas, justamente por ser o tipo societário que melhor lida com perdas (pois quanto maior a atividade, mais difícil é desempenhá-la e maior a chance de fracasso).
Existem dois casos em que o exercício de uma atividade empresarial é vedada em relação a uma pessoa física. Uma trata da capacidade da pessoa (que deve estar em pleno gozo de sua capacidade civil) e a outra refere-se a proteção de terceiros e se manifesta em proibições ao exercício da empresa (presente no artigo 973 do Código Civil).
-Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI)
Título I-A acrescentado pela Lei 12441/2011. Artigo 980-A: “A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular de da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no país.”
O artigo traz a definição da EIRELI com alguns problemas. O primeiro problema é “por uma única pessoa”, que não especifica o tipo de pessoa (física ou jurídica). O segundo problema é que o capital social da EIRELI deve ser subscrito e integralizado no momento de sua criação, diferentemente da sociedade limitada e anônima que o montante deve ser subscrito no momento da criação, mas integralizado posteriormente somente quando houver necessidade. O terceiro problema é o valor estabelecido pelo Estado para o capital social. Além do valor ser muito alto para uma única pessoa, o Estado estabelece um valor mínimo inicial, coisa que só o titular deveria determinar, como ocorre nos outros tipos de sociedade.
Apesar da Lei n. 12441/2011 não se ter valido da melhor técnica ao alterar disposições do Código Civil e instituir a EIRELI, ela trouxe o instituto da sociedade limitada unipessoal (sociedade limitada constituída por um único sócio). Da mesma forma das sociedades, o sócio da EIRELI não é o empresário e sim a própria pessoa jurídica EIRELI, sujeito de direito que explora a atividade empresarial.
-Prepostos do empresário
Como já dito anteriormente, para ser empresário, é necessário a contratação de mão de obra, um dos fatores de produção. Para efeito do Direito das Obrigações, esses trabalhadores são chamados de prepostos e seus atos praticados em estabelecimento comercial relacionados a atividade econômica desempenhada ali, obrigam o empresário prepotente. Os prepostos também estão proibidos de concorrer com seu prepotente sem sua autorização expressa, respondendo por perdas e danos, podendo ate configurar-se crime de concorrência desleal.
4. Registro de Empresa
-Órgãos do registro de empresa
De acordo com o artigo 967 do Código Civil:
Artigo 967: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.”
O registro das Empresas está estruturado de acordo com a Lei n 8.934/1994. O registro das Empresas trata-se de um sistema integrado por dois órgãos de níveis diferentes, um federal e outro estadual, o DREI e as Juntas Comerciais, respectivamente.
O primeiro órgão é o Departamento de Registro Empresarial e Integração, e é o órgão máximo do sistema. Suas principais funções são: I) supervisionar e coordenar a execução do registro de empresa; II) orientar e fiscalizar Juntas Comerciais; III) promover ou providenciar medidas correcionais do Registro de Empresa e IV) organizar e manter atualizado o Cadastro Nacional das Empresas Mercantis. Por essas atribuições, fica claro que o DREI não tem funções executivas (não realiza os registros em si), mas deve fixar as diretrizes gerais para o ato do registro, feito pelas Juntas Comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo distorções.
Já a Junta Comercial, cabe a ela, dentre outras funções, a execução do registro de empresa. Destacam-se as competências I) assentamento dos usos e praticas mercantis; II) habilitação e nomeação de tradutores públicos e interpretes comerciais e III) expedição da carteira de exercício profissional de empresário e demais pessoas legalmente inscritas no registro de empresa.
Em questões de Direito Comercial, a subordinação hierárquica da Junta diz respeito ao DREI; já em termos de direito administrativo e financeiro, diz respeito ao Poder Executivo estadual em que faz parte.
A Junta Comercial, só pode negar registro caso ocorra algum vício formal, sempre sanável. Caso se recuse a registrar por outro motivo ou por imposição de um requisito não presente no ordenamento jurídico vigente, pode o prejudicado recorrer ao Poder Judiciário.
-Atos do registro de empresa
São três os atos de registro de empresa: a matrícula (1), o arquivamento (2) e a autenticação (3).
(1) Matrícula. Ato de inscrição dos tradutores públicos, interpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. São profissionais que desenvolvem atividades paracomerciais.
(2) Arquivamento. Referente a inscrição do empresário individual bem como à constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades empresárias.
(3) Autenticação. Referente aos instrumentos de escrituração, que são os livros comerciais e as fichas escriturais. É a condição de regularidade do documento
-Processo decisório do registro de empresa
São dois regimes de execução do registro de empresa. O da decisão colegiada e o singular.
Processa-se pelo primeiro regime os atos de arquivamento relacionado com a sociedade anônima, tais como estatuto, atas etc. Além do arquivamento da transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedade empresaria de qualquer tipo. São dois os órgãos colegiados. O Plenário e as Turmas. O Plenário têm assento os vogais (no mínimo 11 e no máximo 23) que serão distribuídos em turmas de 3 membros cada. As turmas são responsáveis pelas decisões com o prazo de 5 dias para uma decisão colegiada, a qual não respeitado o prazo, poderão os interessados requerer o arquivamento independentemente da deliberação.
Já a decisão singular é feita pelo Presidente da Junta ou pelo vogal por ele designado, com o prazo de 2 dias. A decisão singular compreende a matrícula, a autenticação e todos os demais arquivamentos.
Os recursos dos atos praticados pelas Juntas serão julgados pelo Plenário, sempre por decisões colegiadas.
-Empresário Irregular
É empresário o exercente profissional de atividade econômica organizada para a produção de bens ou serviços, independentemente se é ou não registrado. Porém, os empresários registrados poderão usufruir dos recursos que o Direito Comercial o disponibiliza.
5. Estabelecimento Empresarial
O Estabelecimento Empresarial é a reunião dos bens necessários para o desenvolvimento de uma atividade econômica. O empresário reúne bens com prédios, máquinas, mercadorias etc. De maneira racionalmente organizada. Devido a essa maneira organizada, o valor do estabelecimento não é apenas a soma dos valores desses bens. Essa organização racional importará em um aumento de seu valor enquanto tiverem reunidos. De acordo a alguns autores, esse aumento, esse valor acrescido chama-se de “aviamento”.
O Direito Comercial deve proteger o empresário para que esse valor seja justamente retribuído em caso de perda do estabelecimento por culpa que não lhe seja imputável (um exemplo disso é uma possível desapropriação, a qual o empresário deve ser justamente indenizado).
Os bens do empresário que não desempenham função na atividade econômica, integram seu patrimônio, mas não ao estabelecimentoempresarial.
Configura-se “ponto” o local exato onde se encontra o estabelecimento comercial, o qual pode importar um acréscimo no valor dependendo da atividade exercida e da localização.
6. Sociedade Empresária
-Conceito de sociedade empresária
Para situar a sociedade empresária, é necessário situar sua localização no quadro geral de pessoas jurídicas. Pessoas jurídicas são divididas em dois grandes grupos, as de Direito Público e as de Direito Privado. A diferença entre esses dois grupos é o regime jurídico ao qual se encontram submetidos. As pessoas jurídicas de Direito Público se encontram em posição diferenciada, enquanto as de Direito Privado estão sujeitas a um regime de igualdade, isonomia. Dentro de Pessoa Jurídica de Direito Privado, encontra-se as estatais (cujo capital majoritário ou total é proveniente do poder público) e não estatais, que compreendem fundação, associação e sociedade. Este último subdivide-se em sociedade simples ou empresária
A sociedade empresária se diferencia da simples pelo modo de explorar o objeto (e não no intuito lucrativo como muitos pensam). O objeto social explorado sem empresarialidade (sem profissionalmente organizar os fatores de produção) confere a sociedade o caráter de simples, enquanto a exploração empresarial do objeto social caracteriza a sociedade como empresária.
Definido essas premissas, a sociedade empresária pode ser conceituada “como a pessoa jurídica de direito privado não estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou adota a forma de sociedade por ações.”
-Personalização da sociedade empresária
A sociedade empresária tem personalidade distinta dos seus sócios que a compõem. Ela, como pessoa jurídica, é sujeito de direito personalizado, e poderá, por isso, praticar todo e qualquer ato ou negócio jurídico em relação ao qual inexista proibição expressa.
-Sociedade Irregular
De forma semelhante ao que ocorre com o empresário individual, a sociedade empresária deve ser registrada na Junta Comercial e o registro deve ocorrer antes do início de suas atividades. Se não registrada, terá restrições quanto ao Direito Comercial, não podendo aproveitar de todos seus benefícios.
-Constituição das sociedades contratuais
A Sociedade empresária nasce do acordo de vontades dos seus sócios, na qual, dependendo do tipo societário que se pretende criar, será concretizado em um estatuto ou um contrato social, que definirão as normas dessa sociedade.
7. Administrador de Sociedade
O administrador é o indivíduo responsável por gerir os negócios, na qual uma ou mais pessoas são responsáveis pela gestão ou condução dos negócios. É o indivíduo responsável pela atuação da empresa, sendo que seus atos são fundamentais para que ela se desenvolva e consiga realizar seu objeto social.
Tipos de Livros Empresariais
1. Obrigação comum a todo empresário
Os empresários estão sujeitos a algumas obrigações que são comuns a todos tais como:
1. ter o seu registro regularizado no Registro de Empresas antes do inicio de suas atividades na forma disciplinado pelo (art. 967. CC);
2. manter a escrituração regular dos livros obrigatórios
3. levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano (art. 1.179, CC).
2. Conseqüência da não escrituração dos livros
O fato da não escrituração das obrigações citada no tópico supra, não exclui o empresário do regime jurídico-comercial, contudo estas não observâncias importam outras conseqüências, que embora não tenham o condão de punir muito mais o de estimular o comprimento destas obrigações. Não quer dizer que tais conseqüências não tenham o caráter punitivo, pois estas têm até um caráter punitivo, pois em certos casos podem ser considerados como crimes.
3. Falta de Registro
A falta de registro de inscrição do empresário antes de iniciar as sua atividades produz no mundo jurídico a irregularidade do empresário no exercício de suas atividades empresariais, ou seja, a ilegitimidade ativa para o pedido de falência e a de recuperarão judicial, a ineficácia probatória dos livros como também a responsabilidade ilimitada dos sócios pelas obrigações da sociedade.
4. Empresário no Simples Nacional
Há apenas uma categoria de empresários que estão que tem a possibilidade de ter a escrituração dos livros obrigatórios de forma simplificada, que é o microempresário e empresário de pequeno porte, optante pelo Simples Nacional. Este tipo societário já tinha a previsão legal no novo Código Civil para, norma prevendo a dispensa de escrituração para o titular de pequena empresa (art. 970 e 1.179,§ 2º).
Atualmente o empresário do Simples Nacional tem previsão própria na Lei Complementar 123/2006 e suas atualizações. Assim o art. 26, da LC que os optantes peli sistema do Simples Nacional manterão escrituração regular no livro caixa.
5. Espécie de livro empresarial
Temos no ordenamento jurídico livros tidos como livros empresariais e livros do empresário. No primeiro caso os chamados livros empresariais são os cuja escrituração é obrigatória ou facultativa ao empresário, em função da legislação comercial; além destes livros estão também os empresários obrigados a escriturar outros livros agora de natureza tributária, trabalhista ou previdenciária.
6. Espécie de livros Empresariais
Por conseqüente os livros empresariais são de duas espécies:
Obrigatórios ou facultativos. Obrigatórios são os que sua escrituração é imposta ao empresário e que a sua ausência traz conseqüência sancionadora.
7. livros Facultativos e Obrigatórios
Já os facultativos são os livros que tem para o empresário uma função de controle de seus negócios e de que a sua falta não importa nenhuma sanção.
Os obrigatórios também se subdividem em duas categorias:
Comuns e especiais. Como comum temos os livros cuja escrituração é imposta da todos os empresários indistintamente, quanto as especiais são s cuja a escrituração é imposta apenas a uma determinada categoria de exerceste da atividade empresariais.
No direito comercial brasileiro há apenas um livro comercial obrigatório a todos, que é o livro "Diário", por força do art. 1.180 do CC .
SOCIEDADE LIMITADA E A FIGURA DO ADMINISTRADOR SÓCIO E NÃO SÓCIO
O Código Civil de 2002, ao contrário do Decreto 3.708/19, que regulava as sociedades limitadas no Brasil, trouxe um regramento mais aprofundado sobre a figura do administrador nas sociedades limitadas. Na verdade, deixa de ser usada a expressão “sócio-gerente” para se fazer referência ao administrador.
O art. 1.060 do Código Civil assim se encontra redigido: “Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado”.
Algumas considerações iniciais podem ser feitas a partir do referido dispositivo. Primeiro, quanto ao número de administradores. O Código Civil é claro quando diz que a sociedade pode ter um ou mais administradores designados. Aliás, a regra é tão evidente que, no parágrafo único do mesmo artigo, ainda se encontra o seguinte: “A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade. Dessa forma, não há que se proibir a possibilidade de se designar mais de um administrador, o que se ventila em alguns órgãos registrais pelo Brasil, especialmente, nas Juntas Comerciais.” O texto, além de claro, é óbvio: se está diante de uma sociedade limitada grande, por exemplo, é claro que ela precisará de mais de um administrador que poderá ser designado tanto no contrato como em ato separado, como diz a lei. Em segundo lugar, não se pode confundir o administrador com o gerente. O próprio administrador pode indicar tantos gerentes quantos forem necessários para a realização do objeto social. O que deixa de existir, como dito, é a figura do sócio-gerente, que fazia as vezes do atual administrador.
Ponto importante, que deve ser considerado, é a possibilidade de se ter o administrador sócio ou não sócio. O art. 1.061, assim dispõe: “Art. 1.061.Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a integralização”. É importante grifar, apenas, que o contrato deve ser expresso quanto à possibilidade de se ter o administrador não sócio.
Assim, pode ocorrer o caso de os sócios não desejarem levar adiante a administração da sociedade, ou seja, não despontar entre eles um ou mais que queiram administrar a sociedade. Se isto ocorrer, podem escolher um administrador não sócio.
Questão interessante é a de se saber qual a relação guardada entre a sociedade limitada e o administrador não sócio. Se considerássemos apenas o administrador sócio, não haveria, evidentemente, nenhum questionamento, pois, sendo clara a natureza associativa, evidentemente é um sócio. Em sendo, aliás, sócio, sentirá mais de perto as angústias da administração; terá, ainda que inconscientemente, maior cuidado, em regra, em seus atos de administração.
Uma certa problemática aparece com a hipótese do administrador não sócio. Ora, obviamente, já se está afirmando: sócio, ele não é. Então, qual sua relação com a sociedade? A legislação brasileira não deixa área de manobra para se visualizar esta questão. A rigor, se não é sócio, deverá prestar serviço à sociedade e, nesta hipótese, será contratado como empregado. Ou seja, a relação entre o administrador não sócio e a sociedade limitada – seja ela empresária ou simples – é de emprego.
Por ser, então, uma relação de emprego, alguns pontos merecem realce, pois apesar do vínculo, estão sujeitos a responsabilidades como se sócios fossem.
O primeiro aspecto que chama a atenção é a possibilidade de o administrador não sócio ser atingido pela desconsideração da personalidade jurídica. O art. 50 do Código Civil de 2002 prevê o seguinte:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
Como se vê, a norma não restringiu os casos de administração; de tal sorte que, se o administrador, ainda que não sócio, praticar os atos adequados ao disposto no citado artigo, ele certamente sofrerá os efeitos da desconsideração. Realmente, o dispositivo faz menção genérica aos administradores, sem se preocupar com os sócios, ou não, aliás de maneira correta, uma vez que a intenção do instituto é a de proteger interesses de terceiros.
Na verdade, ainda que o administrador não sócio guarde uma relação de emprego com a sociedade, ele poderá sofrer os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica.
Questão também interessante é a que diz respeito à inserção da teoria “ultra vires”, observada no art. 1.015, parágrafo único, III, do Código Civil de 2002. Trata da irresponsabilidade da sociedade por atos praticados pelos administradores, mas estranhos ao objeto social ou aos negócios que ela costuma desenvolver. Vale dizer, responsáveis serão os tais administradores.
Se estamos fazendo referência às sociedades limitadas, então o administrador pode ser não sócio e ser considerado responsável por aqueles atos. Fábio Ulhoa Coelho explica cristalinamente esta hipótese, ao iniciar sua explanação alertando para o fato de que a sociedade deva estar sendo regida supletivamente pela sociedade simples, já que o dispositivo supracitado encontra-se inserido no regramento daquela. Para o mencionado autor, “pela teoria ‘ultra vires’, a pessoa jurídica só responde pelos atos praticados em seu nome, quando compatíveis com o seu objeto. Se estranho às finalidades da pessoa jurídica, o ato deve ser imputado à pessoa física de quem agiu em nome dela” 12.
Mais uma vez, pode se dizer que, independentemente de se ter um administrador sócio ou não sócio e se configurando a hipótese prevista no art. 1.015, parágrafo único, III, do Código Civil, o responsável será o administrador.
Fábio Ulhoa Coelho também ressalta que “no tocante aos débitos enquadráveis como dívida ativa, de natureza tributária ou não tributária (Lei n. 6.830/80, art. 2º), os administradores, sócios ou não, respondem por inadimplemento da sociedade limitada” 13.
Átila de Souza Leão Andrade Júnior levanta uma questão interessante quanto ao tema aqui tratado, qual seja, a hipótese de a sociedade não ter como cumprir sua obrigação tributária. Deve-se observar que, no primeiro caso, a legislação estava focalizada na hipótese de culpa do administrador; agora a situação é outra: o administrador quer cumprir a obrigação tributária, mas a sociedade não tem condições financeiras de o fazer. Para o autor, “neste caso, o administrador é obrigado a relatar a todos os titulares da sociedade ou órgão societário soberano, se houver, que deverá deliberar, na forma do contrato social, sobre o tema e, na conformidade da deliberação, instruir especificamente o administrador a como agir no caso em tela”. E ainda completa o autor, “destarte, fica assim exonerado administrador que assim proceda, de responsabilidade solidária” 14.
Mais uma vez se ressalta que a hipótese aqui tratada ocorrendo na sociedade limitada e havendo administrador não sócio, este estará inserido em todos os comentários aqui realizados, embora, como já dito, a relação seja de emprego.
Diante destas considerações, há ainda que observar outro ponto de relevo. Vamos imaginar que há uma sociedade limitada com quatro sócios.
Estes começam a verificar que a sociedade atravessa uma má fase financeira.
O que fazem então: dois dos quatro sócios, em alteração contratual, saem da sociedade, ou seja, deixam de ser sócios, e são designados, depois disso, na forma estabelecida pelo Código Civil, seja através da própria alteração, seja em ato separado – percebendo um alto salário cada um – administradores não sócios da sociedade. Nesta hipótese, havendo falência ou insolvência da sociedade, os administradores não sócios que, como visto, guardam vínculo empregatício, terão crédito privilegiado.
Certamente, o fato supracogitado não é capaz de gerar um prejuízo de grande proporção, digamos, mas pode ser utilizado como forma de ludibriar interesses de terceiros. O Judiciário Trabalhista, especificamente, deverá estar atento a esta hipótese, pois, sendo um ato planejado, realizado de má-fé, deve ser repelido e desconstituído, com o fito de evitar prejuízos em relação a outros empregados, por exemplo. Afinal, é importante lembrar, como diversas vezes já disse o prof. Miguel Reale em suas entrevistas, que os artigos 421 a 424 do Código Civil formam um verdadeiro preâmbulo para os contratos no Brasil, e o contrato de sociedade, que também está vinculado aos princípios sociais gerais em relação às contratações, não pode servir para trazer desequilíbrio às relações privadas.
Sociedade em comum
O Código Civil dividiu as sociedades em dois grandes grupos: sociedades personificadas e não-personificadas. Neste, estão a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. A sociedade em comum, que conhecemos tradicionalmente como sociedade irregular ou de fato, é um tipo de sociedade cujos atos constitutivos ainda não foram inscritos no registro próprio, sendo sociedades não personificadas. Estas sociedades se regem por normas próprias, e subsidiariamente pelas normas que regem as sociedades simples, quando forem compatíveis. Todas as sociedades que ainda não estiverem devidamente registradas se regem por essas disposições. Contudo, em se tratando de sociedades por ações não há aplicação dessas normas, por exceção prevista na própria lei, conforme determina o art. 986 do CC.
Como não há o registro como meio de prova da existência da sociedade, quando envolver direitos de terceiros, estes podem utilizar quaisquer meios de prova para comprovar a existência da sociedade emquestão.
Contudo, na relação interna dos sócios, e nas relações dos sócios com terceiros, a sociedade só pode ser comprovada por meio de documento escrito.
No caso de existir algum pacto que limite os poderes de determinado sócio, este só terá validade se os terceiros, com quem tiverem sido efetuadas relações, sabiam ou tinham condição de saber dessa limitação.
Embora a existência jurídica não esteja plenamente reconhecida, a existência fática pode ser facilmente demonstrada pelos terceiros que se relacionarem com esses entes. Através de qualquer meio de prova – qualquer documento, ou mesmo por intermédio de testemunhas – o interessado poderá demonstrar a existência da sociedade em comum.
Como a sociedade em comum, por não ser uma pessoa jurídica com existência formal reconhecida pelo ordenamento jurídico, não tem um “patrimônio próprio” que possa ser formalmente identificado, o seu “patrimônio social” é formado de bens e direitos titularizados por cada um de seus sócios. O que o CC fez, em seu art. 988, foi estabelecer um patrimônio especial (afetado ao exercício da atividade, garantidor de terceiro e de titularidade dos sócios em comum em face da ausência de personalidade jurídica).
Os sócios de sociedade em comum respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, ou seja, o sócio que efetuou o negócio responde com seus bens particulares, sem a garantia do benefício de ordem contido no art. 1024 do CC, mesmo que a sociedade tenha bens, o que significa dizer que o credor não é obrigado a executar primeiro os bens da sociedade, pode se preferir executar os bens do sócio contratante em primeiro lugar.
Sociedade simples
Sociedade Simples é a sociedade constituída por pessoas que reciprocamente se obrigam a
contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados, não tendo por objeto o exercício de atividade própria de empresário (art. 981 e 982).
São sociedades formadas por pessoas que exercem profissão intelectual (gênero, características comuns), de natureza científica, literária ou artística (espécies, condição), mesmo se contar com auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (§ único do art. 966).
A sociedade simples é considera pessoa jurídica
Exemplo: dois médicos constituem um consultório médico. Dois dentistas constituem um consultório odontológico.
Quais são as características da sociedade simples?
a) Além de integralizar o capital social em dinheiro, poderá o sócio fazê-lo em contribuição em serviços.
b) Os sócios respondem, ou não, subsidiariamente pelas obrigações sociais, conforme previsão contratual.
c) Capital social, expresso em moeda corrente ou outra espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária.
d) Registro da empresa no Cartório das Pessoas Jurídicas em até 30 dias da constituição (art.
998).
e) Responsabilidade ilimitada dos sócios.
f) Responsabilidade solidária do sócio cedente das cotas para com o cessionário, até 2 anos após alteração e averbação de sua saída.
g) Os sócios respondem na proporção da participação das cotas, salvo se houver cláusula de responsabilidade solidária.
h) Impossibilidade de excluir sócio na participação dos lucros ou perdas.
i) O credor de sócio de empresa pode, não havendo outros bens, requerer a execução nos lucros da empresa.
j) Retirada espontânea de sócio: aviso prévio de 60 dias, em caso de contrato por prazo indeterminado; ou judicialmente, se o contrato for por prazo determinado.
k) A Sociedade Simples poderá, se quiser, adotar as regras que lhes são próprias ou, ainda, um dos seguintes tipos societários: Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples ou Sociedade Limitada.
Sociedade em nome coletivo
Como observado na sociedade simples limitada, a sociedade simples pode adotar diferentes formas, dentre elas ainda estão as sociedade em nome coletivo e a sociedade em comandita simples, ambos tipos de sociedade empresária.
A sociedade em nome coletivo é um tipo societário onde todos os sócios são solidários e todos respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade, ou seja, a dívida da sociedade pode atingir os bens dos sócios. De acordo com o art. 1.039 do CC, essa sociedade é constituída, necessariamente, por pessoas físicas. A administração desta sociedade cabe exclusivamente aos sócios, não podendo um terceiro exercer este papel administrativo (art. 1.042, CC). Por fim, esta sociedade deve adotar a firma social. Todas as peculiaridades da sociedade em nome coletivo estão previstas nos arts. 1.039 a 1.044 do CC.

Outros materiais