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AULA 02

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Prévia do material em texto

Aula 02
Direito Tributário p/ XXII Exame de Ordem - OAB 
Professor: Fábio Dutra
Direito Tributário Exame da OAB Curso 
de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 02 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 31 
AULA 02: Limitações ao Poder de Tributar 
(Imunidades) 
SUMÁRIO PÁGINA 
Observações sobre a aula 01 
Imunidades 02 
Espécies de Imunidades Tributárias 08 
Outras Espécies de Imunidades Tributárias 28 
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 31 
Observações sobre a Aula 
Olá, amigo (a), tudo bem? 
Está pronto para mais uma aula? O assunto a ser tratado hoje é 
continuidade do que vimos na aula anterior. Dando prosseguimento ao estudo 
das limitações ao poder de tributar, estudaremos as imunidades tributárias. 
Fiz o máximo possível para tornar o conteúdo bastante claro, sem exigir 
conhecimento prévio de outros temas do Direito Tributário. Quando isso se 
fizer necessário, fazemos uma breve explicação do assunto. 
Caso você sinta dificuldade em compreender algum conceito, não deixe 
de nos notificar. O objetivo é trazer a você uma aula 100% 
compreensível! 
Chega de papo! Vamos começar? 
Direito Tributário Exame da OAB Curso 
de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 02 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 31 
1 - IMUNIDADES 
O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para as 
provas do Exame de Ordem. As bancas adoram cobrar imunidades tributárias 
nas provas de Direito Tributário. 
 Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele 
merece, com o intuito de deixá-lo totalmente preparado para qualquer prova 
sobre o assunto. 
Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não 
incidência. Posteriormente, serão abordadas as classificações doutrinárias das 
imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em espécie! Vocês verão 
que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência. 
Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que, 
embora se trate de uma dispensa constitucional do pagamento de tributos, a 
imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas 
pela legislação tributária. 
NessH�VHQWLGR��SDUD�R�67)��5(�����������³exigir de entidade imune a 
manutenção de livros fiscais é consentâneo com o gozo da imunidade 
tributária �����´� A manutenção de livros fiscais é um exemplo de obrigação 
acessória. 
A grosso modo, podemos dizer que as obrigações acessórias são 
condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário, 
FULDQGR� REULJDo}HV� GH� ³ID]HU´� RX� ³GHL[DU� GH� ID]HU´� DOJR� QR� LQWHUHVVH� GD�
arrecadação e fiscalização. Não se preocupe com detalhes por ora, pois isso é 
tema de outra aula. 
Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa 
jurídica não está dispensada de cumprir obrigações 
acessórias e de se submeter à fiscalização tributária. 
 9DPRV��HQWmR��HVWXGDU�R�WHPD�³,PXQLGDGHV´� 
1.1 - Conceito de Imunidade, Isenção e Não Incidência 
A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos 
de imunidade, isenção e não incidência, é necessário que entendamos 
primeiramente o que vem a ser incidência tributária. 
Direito Tributário Exame da OAB Curso 
de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 02 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 31 
Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos 
essenciais para que seja possível sua cobrança (hipótese de incidência, sujeitos 
ativo e passivo, base de cálculo e alíquota). 
Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na 
instituição dos tributos, prevê na lei uma situação que, ocorrida no mundo 
real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a 
situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária 
(ocorre o fato gerador). Nós já vimos superficialmente isso na aula anterior, 
você se lembra? 
Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser 
considerado não incidência? Podemos citar três situações: 
‡ A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida.
Podemos dizer que seria o casR�GH�XP�WULEXWR�LQVWLWXtGR�³SHOD�PHWDGH´��HP�TXH�
o ente não prevê todas as hipóteses de incidência capazes de gerar a
tributação; 
‡ A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas
situações fáticas como hipótese de incidência. Esta hipótese se refere a 
situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por exemplo, o IPVA 
não pode incidir sobre bicicletas; 
‡ $� SHVVRD� SROtWLFD� p� ³EDUUDGD´� SHOD� &)����� 2X� VHMD�� Ki� FHUWR� GLVSRVLWLYR
constitucional que inibe a possibilidade de o ente prever aquela situação como 
hipótese de incidência do tributo. 
Observação: Competência tributária é o poder conferido pela Constituição 
aos entes federados para instituírem tributos (impostos, taxas etc.), sempre 
por meio de lei. Como a CF não cria tributos, é o exercício da 
competência tributária que torna possível a cobrança dos tributos. O 
tema será estudado em outra aula. 
Todas as três situações acima se referem à não incidência tributária. 
Contudo, a última pode ser considerada como hipótese de não 
incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é 
denominada IMUNIDADE. 
A imunidade pode ser considerada uma incompetência 
tributária. 
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de Teoria e Questões 
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Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade 
propriamente dita como nas demais situações que de não incidência, não há a 
ocorrência do fato gerador. Guarde isso! 
Precisamos, ainda, diferenciar isenção da imunidade. A isenção decorre 
do exercício da competência tributária e o fato gerador chega a 
ocorrer. Isto é, o ente poderia cobrar aquele tributo, mas decide isentar os 
contribuintes, mediante a edição de uma lei. 
Por outro lado, a imunidade é uma delimitação da competência 
tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de tributar, 
posicionando-se ao lado dos princípios constitucionais tributários. Ou seja, 
existe um limite além do qual o ente instituidor não pode tributar, por 
expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato 
gerador neste caso. 
Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada 
pela CF/88 para tratar das imunidades, visto que o simples fato de estar no 
texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade. 
Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art. 
195, § 7°��GD�&)�����PHQFLRQH�D�SDODYUD�³LVHQWDV´��D� LQWHUSUHWDomR�TXH�GHYH�
ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade. 
Repare que, embora diferenciamos não incidência de 
imunidade, esta está inserida dentro do conceito daquela, 
com a ressalva de que foi prevista constitucionalmente. 
Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que 
dissemos até agora. 
Não Incidência Imunidade 
x Situação não
prevista na lei
instituidora ou
impossível;
x Não há norma que
preveja;
x Não ocorre fato
gerador;
x Limitação ao poder
de tributar;
x Previsão no texto
constitucional;
x Não ocorre fato
gerador;
Isenção 
x Opção política do
ente tributante;
x Previsão em norma
infraconstitucional;
x Ocorre fato gerador;
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Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma 
hipótese em que o tributo acaba não sendo cobrado. Nesse caso, ocorre 
o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquotaé zero.
Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota 
de Imposto de Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao 
País. 
1.2 ± Classificação das Imunidades Segundo a Doutrina 
Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades 
adotadas pela doutrina. À medida que expusermos uma classificação, traremos 
exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de facilitar a absorção 
do assunto. 
1. Classificação quanto ao parâmetro para concessão: subjetivas,
objetivas ou mistas 
A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como 
parâmetro tanto as pessoas (imunidade subjetiva) quanto as coisas 
(imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que consideram as coisas 
e as pessoas ao mesmo tempo, sendo estas denominadas imunidades mistas. 
As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade 
recíproca. De acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos 
Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a renda 
ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas 
políticas, mas não o é às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica 
clara D� LPSRUWkQFLD�TXH� WHP�D�³SHVVRD´�SDUD�VH�GHILQLU� VH�KDYHUi�RX�
não imunidade. 
Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela 
abrangidas da responsabilidade pela retenção de tributos, caso estejam 
designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a título de exemplo, 
responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os 
rendimentos de seus servidores, pois estes não são imunes. 
Observação: Responsável tributário, como veremos em momento oportuno, 
é a pessoa que, embora não tenha relação pessoal com a situação que fez 
surgir o fato gerador, está a ela ligada por expressa disposição legal. 
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$LQGD� TXH� HVWHMD� LPXQH�� D� ³SHVVRD´� SRGH� HVWDU� VXMHLWD�
por meio de lei a fazer retenção e recolhimento dos 
tributos devidos por outrem. 
Temos aqui mais um exemplo obrigação acessória: 
o fato de a empresa estar obrigada a descontar os
tributos devidos por terceiros e recolhê-los. Veja que não 
há encargo financeiro, mas tão somente a obrigação de 
³ID]HU�DOJR´�� 
No que se refere às imunidades objetivas, o exemplo amplamente 
utilizado é o da imunidade cultural. De acordo com o art. 150, VI, d, da CF/88, 
é vedado a todos os entes federativos instituir impostos sobre os livros, 
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não 
importa qual pessoa esteja vendendo um jornal, por exemplo. O que é 
relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo 
objeto de comercialização. 
Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade 
que impede a incidência do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural sobre 
as pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário 
que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais 
constituem o aspecto objetivo, e o fato de seu proprietário não poder possuir 
outro imóvel revela o aspecto subjetivo da referida imunidade. 
Até aqui, tudo compreendido? Passemos, pois, para a segunda 
classificação. 
2. Classificação quanto à origem: ontológicas e políticas
As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da
isonomia e do pacto federativo. Ou seja, são imunidades que, ainda que 
não houvesse sua previsão constitucional, existiriam. 
Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. 
Repare que tal imunidade busca preservar a autonomia financeira dos entes 
federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo. 
Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem 
por decisão expressa do legislador constituinte. Isso não quer dizer que 
elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo a imunidade 
cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o 
papel destinado à sua impressão. 
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3. Classificação quanto à forma de previsão: explícitas ou implícitas
Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio
texto constitucional. Trata-se das hipóteses que o legislador já previu, no 
momento da elaboração da Constituição Federal. 
É possível também que algumas imunidades não tenham sido 
reconhecidas expressamente, mas, por decorrerem de princípios 
constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as 
que estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina 
denominou implícitas. Até o momento, não temos exemplos de 
imunidades implícitas. 
Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e 
o que vimos na classificação quanto à origem das imunidades. As imunidades
políticas são sempre explícitas, pois necessariamente devem estar 
previstas no texto da Constituição. 
Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não 
fossem previstas na CF, existiriam. Desta maneira, podemos afirmar que 
tais imunidades podem ser tanto explícitas como implícitas. 
4. Classificação quanto à necessidade de regulamentação:
incondicionadas e condicionadas 
Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para 
surtir efeitos no mundo concreto, esteja regulamentada por norma 
infraconstitucional, ou seja, por leis. 
Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por 
exemplo, a imunidade recíproca, não há necessidade de edição de lei, 
produzindo efeitos imediatamente. 
Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são 
aquelas que dependem de regulamentação por lei, para que possam produzir 
efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade prevista no art. 150, VI, 
c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e 
assistência social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse 
constitucional, caso haja regulamentação legal. 
Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer 
que as imunidades condicionadas constituem normas de eficácia 
limitada, pois se faz necessária uma regulamentação infraconstitucional. 
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5. Classificação quanto ao alcance: gerais e específicas
Em alguns casos, o legislador constituinte optou por incluir vários
tributos e todos os entes federativos dentro de certas imunidades. Por 
exemplo, a imunidade recíproca veda a instituição de diversos impostos (sobre 
patrimônio, renda ou serviços) e tal vedação é extensiva à União, aos Estados, 
ao DF e aos Municípios. Neste caso, tal imunidade é denominada geral ou 
genérica. 
Todas as imunidades previstas no art. 150, VI, da CF/88 
são consideradas genéricas. 
Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas, 
alcançando tributos específicos e, por consequência, apenas o ente competente 
para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade concedida ao IPI 
sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser 
denominada específica, tópica ou especial. 
2 ± ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
Neste tópico, abordaremos as principais imunidades de forma 
aprofundada, e mencionaremos as demais, previstas fora do Capítulo do 
Sistema Tributário Nacional, apenas para que você tenha conhecimento da 
existência delas. Ok? 
2.1 ± Imunidade Recíproca 
Mencionamos a imunidade recíproca em vários exemplosno estudo da 
classificação doutrinária das imunidades, certo? Por esse motivo, creio que 
vocês acabaram tendo uma noção do que se trata. 
Na verdade, tal imunidade ± também denominada imunidade 
intergovernamental ± existe para proteger a autonomia financeira dos entes 
federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos afirmar, 
portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da 
Suprema Corte (ADI 939). 
Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo 
com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, 
renda ou serviços uns dos outros. 
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Você precisa estar atento ao fato de que a única espécie de tributo 
abrangida por esta imunidade são os impostos. Além disso, note que o 
conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o patrimônio, renda 
ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca. 
Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você 
conheça o conceito de contribuinte de direito e contribuinte de fato. Esse 
tema toma relevância em situações nas quais as pessoas que arcam, de fato, 
com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário. 
Isso ocorre nos denominados tributos indiretos. 
Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma 
loja de eletrodomésticos. Sobre a incidência do ICMS nesta operação, a loja é 
eleita pela lei como contribuinte, e é ela quem vai recolher tal imposto, 
correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas sim a 
pessoa física que adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente 
acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV. 
Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito 
pela lei para recolher o tributo, e contribuinte de fato é o que arca 
realmente com o ônus do tributo. Entendido? 
Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O 
importante agora é que você saiba distinguir tais figuras, para entender com 
precisão o que será dito a seguir. 
Vejamos, então, como é o entendimento da Suprema Corte em relação à 
aplicabilidade da imunidade recíproca sobre os tributos indiretos: 
Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA. 
MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, 
VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A 
imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao 
imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente 
beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. II - Como o 
Município não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviços de energia 
elétrica, não tem o benefício da imunidade em questão, uma vez que esta 
não alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III ± Agravo regimental 
improvido. 
(STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, Julgado em 28/02/2012) 
Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se 
aplica se o ente beneficiado estiver na condição de contribuinte de direito, não 
o alcançando como contribuinte de fato.
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Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de 
energia elétrica, são as próprias prestadoras de serviço, sendo elas 
denominadas contribuinte de direito. 
Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações 
de importação de bens, quando o ente federado for o importador. Neste 
caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do 
contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário 
(STF, AI 518.405-AgR). 
Além destas situações, podemos acrescentar que o STF (AI AgR/RS 
174.808 e RE 196.415/PR) já considerou ilegítima a incidência de IOF 
sobre aplicações financeiras dos entes federados, bem como a 
tributação da renda resultante de tais aplicações pelo IR. 
Observação: O reconhecimento da imunidade tributária às operações 
financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do 
procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de 
finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o 
crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. (STF, 
RE 259.976-AgR) 
Ressalte-se ainda que, para o STF (ADI 2.024 e RE 364.202/RS, 
respectivamente), a imunidade recíproca não pode ser invocada para as 
contribuições previdenciárias e para as taxas. Sendo assim, por exemplo, 
uma repartição federal poderia estar sujeita a pagar taxa pela coleta de lixo. 
Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes 
federados. No entanto, há que se lembrar de que esta limitação constitucional 
ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de acordo com 
o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito:
³$UW������������ 
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao 
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades 
essenciais ou às delas decorrentes�´ 
A citada H[WHQVmR� p� GHQRPLQDGD� ³LPXQLGDGH� WULEXWiULD� UHFtSURFD�
H[WHQVLYD´�SRU�SDUFHOD�GD�GRXWULQD�� 
Note que há uma restrição neste parágrafo, que é a necessidade de que 
o patrimônio, a renda e os serviços das referidas entidades estejam vinculados
às finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Perceba ainda que esta 
restrição não foi feita em relação aos entes políticos, como demonstra 
a ementa do seguinte julgado: 
Direito Tributário Exame da OAB Curso 
de Teoria e Questões 
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"O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está 
condicionada ao ônus de comprovar vinculação do bem tributado a 
uma finalidade pública, o que somente ocorre nos casos das 
autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no 
que se refere à tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados 
a suas finalidades essenciais. �����´ 
(RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em 
07/02/2013) 
Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a 
aplicação desta imunidade às autarquias e às fundações públicas, o 
entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que 
a benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de 
economia mista (SEM) prestadoras de serviço público de prestação 
obrigatória e exclusiva do Estado. 
A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, § 
�ƒ�� GD� &)����� VHJXQGR� R� TXDO� ³DV� HPSUHVDV� S~EOLFDV� H� DV� VRFLHGDGHV� GH�
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do 
VHWRU�SULYDGR´� 
Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e 
SEM, isto é, há aquelas exploradoras de atividade econômicas (sujeitas ao art. 
173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços públicos (sujeitas ao art. 175, 
da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as 
prestadoras de serviço público. 
Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes EP e SEM: 
x Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ± (STF, RE
407.099);
x Infraero ± (STF, RE 524.615-AgR);
x Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) ± (STF, AC
1.550-2/RO);
x Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) ± (STF, RE
253.472) 
x Casa da Moeda do Brasil (CMB) ± (STF, RE 610.517)
Ressalte-se que a OAB ± entidade não integrante da administraçãopública indireta ± também foi alcançada pela imunidade recíproca, no 
entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema Corte, a 
OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que 
ela também esteja imune. 
No entanto, o fato de a OAB estar inserida no seleto rol de entidades 
abrangidas pela imunidade recíproca, não faz com que a Caixa de Assistência 
Direito Tributário Exame da OAB Curso 
de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 02 
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dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, esteja imune. Isto 
ocorre porque a atividade da Caixa de Assistência dos Advogados tem sua área 
de atuação voltada aos benefícios individuais dos associados (STF, RE 
662.816/BA- AgR). 
A OAB é imune, mas a Caixa de Assistência dos 
Advogados não é! 
No que se refere à delegação de serviços públicos (prestação por 
particulares), cumpre destacar que se o patrimônio pertencer a um ente 
federado, independentemente de estar ocupado por empresa 
delegatária de serviços públicos, continua imune à tributação (STF, RE 
253.394/SP). 
Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa 
sobre a imunidade recíproca, que é o § 3° do art. 150, que diz o seguinte: 
³$UW������������ 
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se
aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com 
exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a 
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou 
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o 
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao 
EHP�LPyYHO�´ 
Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses 
que escapam da abrangência da imunidade recíproca. 
A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são 
utilizados para exploração de atividades econômicas em concorrência com os 
empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é ao motivo que fez o 
legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que 
haja concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas 
entidades utilizassem da imunidade para concorrer no mercado, certo? 
Essa vedação é aplicável aos entes de direito público, 
pois as EP e SEM já possuem vedação própria no art. 
173, § 2°. 
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A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o 
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente 
ao bem imóvel. 
A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente 
comprador) assina um contrato de compra e venda, adquirindo um imóvel de 
um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato não transfere 
a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o 
direito real de aquisição de coisa alheia, bastando, segundo a CF/88, 
para ser tributado normalmente. 
Nesse contexto, o STF já sumulou o seguinte entendimento: 
Súmula STF 583 - Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito 
em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano. 
Vamos esquematizar isso que vimos: 
Questão 01 ± FGV/XX Exame de Ordem Unificado/2016 
Fulano de Tal prometeu adquirir de uma autarquia federal um imóvel 
residencial urbano. O sinal e parte substancial do preço são pagos no momento 
da lavratura da escritura pública de promessa de compra e venda, que é 
prontamente registrada no Registro Geral de Imóveis (RGI) competente. O 
saldo do preço será pago em várias parcelas. 
Após o registro da promessa de compra e venda 
A) passa a incidir o IPTU, a ser pago pela autarquia.
IMUNIDADE 
RECÍRPOCA 
Impostos 
Patrimônio 
Renda 
Serviços 
Extensiva a 
autarquias e 
fundações públicas 
Vinculação a 
finalidades 
essenciais 
EP e SEM 
prestadoras 
de serviço 
público 
Não se aplica: 
Taxas 
Contr. Previd. 
Não se aplica: 
- Explor. Ativ. Econ. 
- Contrib. De fato 
- Caixa Assist. Adv. 
- Serv. Cartoriais 
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B) continua a não incidir o IPTU, por força da imunidade da autarquia (cujo
nome continua vinculado ao imóvel no RGI, ainda que agora a autarquia figure 
como promitente vendedora). 
C) passa a incidir o IPTU, a ser pago solidariamente pela autarquia e por
Fulano de Tal. 
D) passa a incidir o IPTU, a ser pago por Fulano de Tal, uma vez que
registrada no RGI a promessa de compra e venda do imóvel. 
Comentário: As autarquias gozam da denominada imunidade recíproca 
extensiva, não incidindo IPTU sobre os seus imóveis. Contudo, em 
conformidade com o disposto no art. 150, § 3º, da CF/88, tal imunidade não 
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente 
ao bem imóvel. Portanto, passa a incidir o IPTU, a ser pago por Fulano de Tal, 
uma vez que registrada no RGI a promessa de compra e venda do imóvel. 
Trata-se, inclusive de jurisprudência do STF, consolidada na Súmula 583. 
Gabarito: Letra D 
Questão 02 ± FGV/II Exame de Ordem Unificado/2010 
 A01138 
A Cia. de Limpeza do Município de Trás os Montes, empresa pública municipal, 
vendeu um imóvel de sua titularidade situado na rua Dois, da quadra 23, 
localizado no nº 06. Neste caso, o novo proprietário: 
A) não paga o imposto de transmissão de bens imóveis, em função de ser bem
público. 
B) fica isento do imposto predial e territorial urbano, ante a imunidade do
patrimônio público. 
C) paga o IPTU, mas não paga o ITBI, uma vez que, nesta última hipótese,
quem transmite a propriedade do bem é empresa pública. 
D) fica obrigado a pagar todos os tributos que recaiam sobre o bem.
Comentário: Primeiramente, deve-se ter em mente que nem todas as 
empresas públicas são imunes à incidência dos impostos sobre o seu 
patrimônio, renda e serviços. De qualquer modo, o que nos importa no 
momento é saber o que consta no art. 150, § 3º, da CF/88, no sentido de que 
a imunidade recíproca exonera o promitente comprador da obrigação de pagar 
imposto relativamente ao bem imóvel. Na realidade, deve pagar não só os 
impostos, mas todos os tributos que recaiam sobre o bem. 
Gabarito: Letra D 
Questão 03 ± FGV/III Exame de Ordem Unificado/2011 
A imunidade recíproca impede que 
A) a União cobre Imposto de Renda sobre os juros das aplicações financeiras
dos Estados e dos Municípios. 
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B) o Município cobre a taxa de licenciamento de obra da União. 
C) o Estado cobre contribuição de melhoria em relação a bem do Município 
valorizado em decorrência de obra pública. 
D) o Estado cobre tarifa de água consumida em imóvel da União. 
Comentário: 
Alternativa A: De fato, a imunidade recíproca, no entendimento do STF, 
impede que a União cobre Imposto de Renda sobre os juros das aplicações 
financeiras dos Estados e dos Municípios. Alternativa correta. 
Alternativa B: A imunidade recíproca restringe-se aos impostos, não 
alcançando as taxas. Alternativa errada. 
Alternativa C: A imunidade recíproca restringe-se aos impostos, não 
alcançando as contribuições de melhoriaAlternativa errada. 
Alternativa D: A imunidade recíproca restringe-se aos impostos, não 
alcançando as tarifas, que não chegam nem mesmo a se enquadrar na 
definição de tributos. Alternativa errada. 
Gabarito: Letra A 
Questão 04 ± FGV/IX Exame de Ordem Unificado/2012 
O procurador do município Gama decide contestar judicialmentea cobrança do 
ICMS discriminada na fatura da conta de luz do imóvel onde funciona a sede 
da prefeitura, alegando a condição de ente político para livrar-se da exação. 
A demanda da municipalidade deverá ser 
A) acolhida, em razão da imunidade recíproca, que impede que os entes da
federação instituam impostos sobre bens e serviços uns dos outros. 
B) rejeitada, pois na situação apresentada o município se apresenta na
condição de contribuinte de direito do ICMS. 
C) acolhida, pois a empresa concessionária prestadora do serviço de
fornecimento de energia não tem competência para cobrar ICMS. 
D) rejeitada, pois o município não goza de imunidade com relação a imposto
que incide apenas indiretamente sobre seus bens e serviços. 
Comentário: Conforme visto durante a aula, a imunidade relativa aos 
impostos indiretos somente subsiste quando o ente público esteja na condição 
de contribuinte de direito. No caso apresentado, o Município, como consumidor 
de energia elétrica, não se reveste na condição de contribuinte de direito, mas 
sim de contribuinte de fato, não fazendo jus à isenção, conforme entendimento 
jurisprudencial. 
Gabarito: Letra D 
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Questão 05 ± FGV/X Exame de Ordem Unificado/2013 
Uma autarquia federal, proprietária de veículos automotores adquiridos 
recentemente, foi surpreendida com a cobrança de IPVA pelo Estado 
responsável pelos respectivos licenciamentos, não obstante vincular a 
utilização desses veículos às suas finalidades essenciais. 
Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta. 
A) A cobrança é constitucional, por se tratar de fato gerador do IPVA.
B) A cobrança é constitucional, por se aplicar o princípio da capacidade
contributiva. 
C) A cobrança é inconstitucional, por se tratar de isenção fiscal.
D) A cobrança é inconstitucional, por tratar de hipótese de imunidade
tributária. 
Comentário: A imunidade recíproca, que veda a incidência de impostos sobre 
o patrimônio, renda e serviços da União, Estados, DF e Municípios, é extensiva
às suas autarquias. Assim sendo, os veículos constituem propriedade da 
referida autarquia, não podem incidir sobre eles impostos, como é o caso do 
IPVA. Logo, a cobrança é inconstitucional, por se tratar de hipótese de 
imunidade tributária. 
Gabarito: Letra D 
2.2 ± Imunidade Religiosa 
O art. 150, VI, b, da CF/88 veda que todos os entes federativos cobrem 
impostos sobre os templos de qualquer culto. Levando em consideração o 
disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade de culto é 
um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se 
configure uma cláusula pétrea. 
Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a 
imunidade religiosa alcança todas as religiões, sem qualquer distinção. 
A imunidade religiosa é incondicionada! Grave isso! 
Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre 
com as demais imunidades inseridas no art. 150, VI, da Magna Carta, a 
imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo extensiva, 
no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais. 
Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto 
FRQVWLWXFLRQDO� PHQFLRQH� TXH� D� LPXQLGDGH� SURWHJH� RV� ³WHPSORV´�� GHYHPRV�
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entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação abrange 
também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as 
finalidades essenciais da entidade religiosa. 
Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada 
entidade religiosa encontre-se alugado para terceiros, a imunidade 
subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o 
disposto no art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos 
gerados estejam sendo vertidos para as finalidades essenciais de tais 
entidades. 
Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando entendimento extensivo 
à imunidade religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam 
extensões destas entidades também são alcançados pela vedação 
constitucional em tela. 
Perceba que não são todos os cemitérios que estão 
abrangidos pela imunidade, mas apenas aqueles que são, 
de fato, mera extensão da entidade religiosa. 
Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de 
que a maçonaria não é alcançada pela imunidade religiosa, já que nas 
lojas maçônicas não se professa qualquer religião. 
Vamos ao nosso esquema: 
2.3 Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos 
Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social 
De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes 
políticos cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços dos 
IMUNIDADE 
RELIGIOSA 
Impostos 
Patrimônio 
Renda 
Serviços 
Alcança Imóveis 
Alugados a 
Terceiros 
Relacionados 
com finalidades 
essenciais RECURSOS 
GERADOS 
Cemitérios 
(Extensão) 
Não se aplica: 
Maçonaria 
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partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e das 
instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os 
requisitos da lei. 
Observação: De acordo com a doutrina, R� UHTXLVLWR� ³sem fins lucrativos´�
mencionado no art. 150, VI, c, da CF/88, diz respeito apenas às entidades 
educacionais e de assistência social. 
Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos 
pela imunidade. Os sindicatos dos empregadores ou 
de setores (ou categorias) econômicos não estão. 
O que nos chama a atenção ± e por tal motivo eu o negritei ± é o fato de 
a norma constitucional exigir a edição de uma lei, para que as instituições de 
educação e assistência social gozem da referida imunidade. Além disso, seria 
uma lei ordinária ou complementar? 
Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF 
acerca do assunto, conforme vemos a seguir (grifos nossos): 
³&RQIRUPH�SUHFHGHQWH�QR�STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha 
da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no 
tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a 
constituição e o funcionamento da entidade educacional ou 
assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, 
que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou 
reservado à lei complementar.´� 
(ADI-MC 1.802/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence) 
Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o 
funcionamento das referidas entidades, basta que se edite uma lei ordinária. 
Contudo, o caso em análise trata-se de uma imunidade, que, como já 
vimos, é uma das formas de limitação ao poder de tributar. De acordo com o 
art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição de lei complementar para 
regular tais limitações ao poder de tributar. O STF, portanto, veio apenas 
a confirmar algo que já estava subentendido. 
Outra pergunta pertinente seria qual lei cumpre com esse papel? Ora, 
trata-se de uma lei muito conhecida por nós (ou que ainda o será), que é o 
CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os requisitos para que as já 
mencionadas entidades gozem da imunidade: 
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³$UW�����± (...) 
I ± não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas 
rendas, a qualquer título;II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na 
manutenção dos seus objetivos institucionais; 
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros 
revestidos de formalidades capazes de assegurar VXD�H[DWLGmR�´ 
Na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade 
competente pode suspender a aplicação do benefício da 
imunidade tributária, conforme preconiza o art. 14, § 1°. 
Perceba que, ao lermos na CF/88 que tais entidades não podem ter fins 
lucrativos, não quer dizer que elas não podem obter resultado financeiro 
positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se desenvolva. No 
entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu 
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios, 
gerentes etc. 
Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa 
remuneração de seus colaboradores pelos trabalhos desenvolvidos na 
entidade. Isso é permitido. 
Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o 
conhecimento amplo da imunidade estudada, é a restrição de que somente o 
patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais 
da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata-
se, pois, da mesma restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150, 
§ 4°, da CF/88.
Repare que a imunidade religiosa não se submete às 
restrições do art. 14 do CTN. 
Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade 
religiosa, o STF tem sido bastante flexível na análise da vinculação 
asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, alguns 
julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem 
cobrados em prova. Portanto, atenção total! 
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Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece 
imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo 
DUW�������9,��³F´��GD�&RQVWLWXLomR�)HGHUDO��GHVGH�TXH�R�YDORU�GRV�DOXJXpLV�VHMD�
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. 
Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula 
724 do STF. Isso significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF. 
A distinção é que, a partir da sua publicação, o posicionamento nela contido 
possui efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta. 
Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF 
também entende que se aplica a imunidade quando o imóvel, pertencente às 
entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros. A única 
condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das 
entidades. 
Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os 
serviços não relacionados às finalidades essenciais das entidades, desde que 
a receita deles destine-se ao financiamento de tais finalidades. No caso 
concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de 
veículos prestado por hospital em pátio interno. 
Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do 
IPTU imóvel de propriedade de uma entidade beneficente, em cujas 
instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso, 
pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a 
manutenção de suas atividades institucionais. 
Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que 
também já foi considerado imune pelo STF ³D� UHQGD�REWLGD�SHOR�6(6&�
na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de 
LQJUHVVRV�GH�FLQHPD�DR�S~EOLFR�HP�JHUDO´. 
Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão 
enquadradas no rol de entidades do art. 150, VI, c. Cite-
se, como exemplo, o SENAC e o SENAI. 
Outro ponto digno de nota é o que foi disposto no art. 202, § 3°, da 
CF/88, como vemos a seguir: 
³Art. 202 ± (...) 
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§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, 
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras 
entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, 
em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do 
segurado.´ 
O dispositivo menciona que os entes políticos e as entidades a eles 
vinculadas (administração indireta) somente contribuirão com entidades de 
previdência privada na condição de patrocinadores, e, mesmo assim, as 
contribuições deles não podem exceder às dos segurados. 
Agora eu te pergunto: se as contribuições dos patrocinadores devem ser 
menores que a dos segurados, é porque sempre deve haver contribuições dos 
segurados, para que os entes públicos participem como patrocinadores, 
concorda? 
Fazendo uma relação, portanto, com o que acabamos de ver, não será 
possível que uma entidade tenha patrocinadores públicos e, ao mesmo tempo, 
goze da imunidade do art. 150, VI, c. 
Como de praxe nessa aula, vamos esquematizar a estudada imunidade 
(incluindo apenas o principal): 
Vamos, então, estudar agora a imunidade cultural. 
2.4 ± Imunidade Cultural 
O art. 150, VI, d, da CF/88 estabelece que é vedado a todos os entes 
federados instituírem impostos sobre os livros, jornais, periódicos e o papel 
destinado à sua impressão. 
IMUNIDADE 
Art. 150, VI, 
³F´ 
Impostos 
Patrimônio 
Renda 
Serviços 
Partidos Políticos 
Sindicato Trab. 
Inst. Educacionais 
Inst. Assistenciais 
SEM FINS 
LUCRATIVOS 
Requisitos em LC 
Abrange IOF 
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Trata-se da imunidade cultural ± também denominada imunidade de 
imprensa ± cujo principal objetivo é favorecer o acesso aos meios culturais, 
como livros, jornais e periódicos. 
De imediato, percebemos uma grande diferença entre as demais 
imunidades já vistas durante a aula e a cultural: esta é objetiva, incidindo 
VREUH� ³FRLVDV´�� DR� SDVVR� TXH� DV� GHPDLV� VmR� VXEMHWLYDV�� VHQGR�
SDUkPHWUR�SDUD�FRQFHVVmR�D�³SHVVRD´� 
Seguindo essa linha de entendimento, poderíamos dizer que a imunidade 
não alcança o Imposto de Renda, por exemplo, incidente sobre os lucros 
auferidos pelas editoras: 
EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL. IPMF. EMPRESA DEDICADA À EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E 
COMERCIALIZAÇÃO DE LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PERIÓDICOS. 
Imunidade que contempla, exclusivamente, veículos de comunicação e 
informação escrita, e o papel destinado a sua impressão, sendo, portanto, 
de natureza objetiva, razão pela qual não se estende às editoras, 
autores, empresas jornalísticas ou de publicidade -- que permanecem 
sujeitas à tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos. 
Consequentemente, não há falar em imunidade ao tributo sob enfoque, que 
incide sobre atos subjetivados (movimentação ou transmissão de valores e 
de créditos e direitos de natureza financeira). Recurso conhecido e provido. 
(STF, RE 206.774, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 03/08/1999) 
No mesmo sentido, as operações financeiras realizadas pelas 
empresas que industrializam tais produtos não podem ser imunizadas 
do IOF (STF, RE 504.615-AgR). 
Ademais, a referida imunidade acaba por defender o direito à liberdade 
de expressão, caracterizado nos incisos IV, V, IX e XIV do art. 5º da CF/88, o 
que a torna uma cláusula pétrea. 
Vistos os conceitos iniciais da imunidade cultural, é necessárioque 
conheçamos a jurisprudência a ela atinente, sendo de suma importância para 
as provas da OAB! 
Assim sendo, a jurisprudência consagrada no STF era a de que, além dos 
livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, também 
estavam imunes os outros insumos assimiláveis ao papel. Foi nessa 
linha que o STF demonstrou, por meio da Súmula 657, que a imunidade 
cultural abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de 
jornais e periódicos: 
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Súmula STF 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange 
os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e 
periódicos. 
 Seguindo esse mesmo raciocínio, porém em direção oposta, o STF 
também já considerou que não está a tinta para impressão de jornais: 
"Ementa: - Imposto de importação. Tinta especial para jornal. Não-
ocorrência de imunidade tributária. - Esta Corte já firmou o 
entendimento (a título de exemplo, nos RREE 190.761, 174.476, 203.859, 
204.234 e 178.863) de que apenas os materiais relacionados com o 
papel - assim, papel fotográfico, inclusive para fotocomposicão por laser, 
filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens 
monocromáticas e papel para telefoto - estão abrangidos pela imunidade 
tributária prevista no artigo 150, VI, "d", da Constituição. �����´ 
(STF, RE 273.308/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Moreira Alves, Julgamento 
em 22/08/2000) 
Ocorre que, ao julgar o Recurso Extraordinário 202.149, a Primeira 
Turma do STF chegou a considerar que a imunidade tributária relativa a livros, 
jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos. 
A referência, no preceito, a papel seria, então, meramente exemplificativa e 
não exaustiva. 
Contudo, recentemente o Min. Celso de Mello admitiu e julgou embargos 
de divergência (DJe 16/04/2015), apresentados pela União, ocasião em que 
demonstrou que a decisão tomada pela Primeira Turma divergia da 
jurisprudência consagrada do STF, conhecendo e dando provimento ao 
recurso extraordinário da União. 
Sem nos aprofundarmos neste momento no rito processual, para nossa 
prova, isso significa que, atualmente, é recomendável seguir o entendimento 
mais restritivo, qual seja o de que apenas estão imunes livros, jornais, 
periódicos e o papel destinado a sua impressão, bem como outros 
insumos, desde que assimiláveis ao papel! 
Acrescente-se que, para a Suprema Corte, não há proteção 
constitucional à prestação de serviços de composição gráfica ou de 
impressão onerosos a terceiros (RE 723.018-AgR). 
Na linha desse mesmo entendimento, o STF (RE 630.462-AgR) também 
considerou que os serviços de distribuição de periódicos, revistas, 
publicações, jornais e livros não estão abrangidos pela imunidade 
cultural. Portanto, nesse caso, incide o ISS (Imposto sobre Serviços) 
normalmente. 
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Além disso, não há que se falar em análise do valor cultural, como 
UHTXLVLWR� SDUD� FRQFHGHU� D� LPXQLGDGH�� 'H� DFRUGR� FRP�R�67)�� ³os álbuns de 
figurinhas e os respectivos cromos adesivos estão alcançados pela 
LPXQLGDGH� WULEXWiULD� SUHYLVWD� QR� DUW�� ����� 9,�� ³G´�� GD� &RQVWLWXLomR�
Federal´� 
A concessão da imunidade sobre livros, jornais e 
periódicos independe da prova do valor cultural ou 
pedagógico da publicação. 
A referida imunidade também abrange as apostilas: 
³(0(17$��,081,'$'(��,0326726��/,9526��-251$,6��3(5,Ï',&26�(�3$3(/�
DESTINADO À IMPRESSÃO. APOSTILAS. O preceito da alínea "d" do 
inciso VI do artigo 150 da Carta da República alcança as chamadas 
apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado.´ 
(STF,RE 183.403/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento 
em 07/11/2000) 
Observação: O julgado trata das apostilas impressas. No que se refere às 
apostilas virtuais, o tema será decidido no RE 330.817/RJ, com repercussão 
geral. 
Destaque-se que a inserção de anúncios e publicidade em listas 
telefônicas, com o objetivo de permitir a divulgação das informações a 
custo zero para os assinantes, não descaracteriza a imunidade em tela 
(RE 199.183). 
No entanto, é de se ressaltar que os encartes de propaganda com 
exclusiva índole comercial não podem ser considerados imunes, como vemos a 
seguir: 
³(0(17$�� 75,%87È5,2�� (1&$57(6� '(� 3523$*$1'$� ',675,%8Ë'26� &20�
JORNAIS E PERIÓDICOS. ISS. ART. 150, VI, d, DA CONSTITUIÇÃO. Veículo 
publicitário que, em face de sua natureza propagandística, de exclusiva 
índole comercial, não pode ser considerado como destinado à cultura 
e à educação, razão pela qual não está abrangido pela imunidade de 
impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, a qual, 
ademais, não se estenderia, de qualquer forma, às empresas por eles 
responsáveis, no que concerne à renda bruta auferida pelo serviço 
prestado e ao lucro líquido obtido.´ 
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(RE 213.094/ES, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 22/6/1999) 
Observação: Mais uma vez podemos perceber o caráter objetivo da 
imunidade, a qual não alcançou as empresas! Nesse caso, 
excepcionalmente, a imunidade não alcançou nem mesmo os bens, por terem 
exclusiva índole comercial! 
Esquematizando: 
Questão 06 ± FGV/XI Exame de Ordem Unificado/2013 
Determinada editora de livros, revistas e outras publicações foi autuada pela 
fiscalização de certo Estado, onde mantém a sede da sua indústria gráfica, 
pela falta de recolhimento de ICMS incidente sobre álbum de figurinhas. 
Nessa linha, à luz do entendimento do STF sobre a matéria em pauta, tal 
cobrança é 
A) inconstitucional, por força da aplicação da isenção tributária.
B) inconstitucional, por força da aplicação da imunidade tributária.
C) constitucional, por força da inaplicabilidade da imunidade tributária.
D) inconstitucional, por estar o referido tributo adstrito à competência
tributária da União Federal. 
Comentário: O STF já decidiu que a imunidade cultural, que impede a 
incidência de impostos sobre livros, jornais e periódicos, também se estende 
aos álbuns de figurinhas. 
Gabarito: Letra B 
IMUNIDADE 
CULTURAL Impostos 
Livros, Jornais e Periódicos 
Papel destinado sua impressão 
As pessoas jurídicas não 
estão protegidas. 
Incide: IOF/IR/ISS 
Abrange: Álbum de Figurinhas/ 
Apostilas/Filmes e papéis fotográficos 
Não Abrange: Tinta/Encartes de 
propag./Serv. Composição Gráfica 
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2.4 ± Imunidade em favor da produção musical brasileira 
Nesse momento, vamos tratar de uma recente emenda constitucional, 
que acrescentou mais uma imunidade ao texto constitucional, que afeta 
diretamente o tema estudado na aula de hoje. Trata-se da EC 75/2013, cujo 
projeto foi denominado PEC da Música. Vamos ver o que diz o seu texto: 
³$UW���ž�2�LQFLVR�9,�GR�DUW������GD�&RQVWLWXLomR�)HGHUDO�SDVVD�D�YLJRUDU�
acrescido da seguinte alínea e: 
VI . instituir impostos sobre: 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil
contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou 
obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os 
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo 
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a 
laser.´ 
O que isso significa? A emenda trouxe mais uma imunidadetributária. 
Lembre-se do que estudamos na semana passada: é 
permitido que uma emenda constitucional venha 
acrescentar novos direitos aos contribuintes, instituindo 
outras limitações ao poder de tributar! 
Vamos entender os termos mencionados no dispositivo constitucional: 
Fonogramas Æ Registro sonoro em suporte material (CDs ou disco de vinil) 
Videofonogramas Æ Registro de imagem e som em suporte material 
(DVDs). 
Obras Musicais Æ Relativas a música. 
Obras Literomusicais Æ Espetáculos ou reunião social em que se lêem 
trechos literários ou poemas e que há apresentações musicais. 
Sabendo-se que imunidade é uma forma de não incidência 
constitucionalmente qualificada, qual seria, portanto, a limitação imposta ao 
Estado pela EC 75/2013? Ora, está vedado a todos os entes federativos 
instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram cobrar) sobre 
fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras 
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral 
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interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou 
arquivos digitais que os contenham. 
 Destaque-se que a etapa de replicação industrial de mídias ópticas 
de leitura a laser foi excepcionada, não estando imune aos impostos. 
 Para facilitar a memorização de tal exceção, faz-se necessário entender o 
motivo de ela ter sido incluída no texto constitucional. Levando em 
consideração que a grande maioria dos CDs e DVDs fabricados no Brasil sai da 
Zona Franca de Manaus, o que houve foi a tentativa de manter aquele pólo 
industrial atrativo para as empresas. 
 Explique-se melhor: caso o processo de replicação se tornasse imune, 
não haveria motivo para as fábricas responsáveis por esta etapa industrial 
continuarem instaladas naquela longínqua região, já que o benefício fiscal lá 
concedido, hoje estaria imune em todo o território nacional. Entendeu? 
 O principal aspecto sobre essa novidade é saber como as bancas podem 
cobrar este assunto. Eu diria que elas vão permanecer estendendo aos tributos 
a imunidade que só abrange impostos, considerando incorreta a assertiva. 
 Outra possibilidade é cobrar a exceção que nós vimos (sobre a replicação 
das mídias), bem como a restrição de que apenas os fonogramas e 
videofonogramas musicais produzidos no Brasil e que contenham 
obras de autores brasileiros ± e/ou interpretadas por artistas 
brasileiros ± estão imunes aos impostos. 
 Enfim, você deve saber o seguinte: 
¾ Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil;
¾ As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem
ser, no mínimo, interpretadas por artistas brasileiros;
¾ Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham;
¾ A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser
não está imune.
3 - OUTRAS ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
Além das imunidades até agora estudadas, há várias outras espalhadas 
pela Constituição. 
Em alguns casos, como no art. 195, § 7, o texto constitucional trata tais 
limitações ao poder de tributar como isenção. Não obstante tais previsões, 
de acordo com o STF, são consideradas imunidades. 
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Como já vimos, a isenção seria a dispensa legal do pagamento do 
tributo, e não um preceito constitucional, condicionando o exercício da 
competência tributária. 
Feitas tais observações e revisões, seguem abaixo as demais imunidades 
mencionadas no corpo do texto constitucional: 
x São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a)
o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal (art. 5°, XXXIV);
x Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas
judiciais, as quais são consideradas taxas pelo STF (art. 5°, LXXIII);
x São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro
civil de nascimento e a certidão de óbito (art.5°, LXXVI);
x 6mR�JUDWXLWDV�DV�Do}HV�GH�³KDEHDV-FRUSXV´�H�³KDEHDV-GDWD´��H��QD�IRUPD�GD
lei, os atos necessários ao exercício da cidadania (art. 5°, LXXVII);
x As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não
incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, §2°,
I);
x O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao
exterior (art. 153, §3°, III);
x O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel (art.
153, §3°, II);
x O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF, sendo imune
de qualquer outro tributo (art. 153, §5°);
x O ICMS não incidirá (art. 155, §2°, X):
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários no exterior; 
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia 
elétrica; 
c) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita; 
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x À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 155, §3°);
Observação: A imunidade se refere a todos os demais impostos, com 
exceção do II, IE e ICMS. Nesse sentido, vejamos uma importante súmula do 
STF: 
Súmula STF 659 - É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL 
sobre as operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, 
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. 
x O ITBI não incidirá (art. 156, §2°,I):
(a) sobre transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de
pessoa jurídica em realização de capital;
(b) sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a
atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens
ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.
x São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de
reforma agrária (art. 184, §5°);
x A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social (art.
195, II);
x São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°);
x A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art.
226, § 1º).
Antes que você se desespere, pensando que não vai conseguir decorar 
tudo isso, posso garantir que durante o curso veremos todas as principais 
imunidades que são cobradas nas provas de Direito Tributário (as que 
foram inseridas dentro do capítulo que se dedica ao trato do Sistema Tributário 
Nacional. 
Portanto, à medida que formos explicando a matéria, você verá que a 
³GHFRUHED´� será quase que natural. Não se desespere, pois o objetivo deste 
tópico é que você tenha conhecimento daexistência de tais imunidades. Tudo 
bem? 
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Antes de partirmos para as questões, vamos estudar a seguir a 
imunidade prevista no art. 195, § 7º. 
Por hoje, é só, colega concurseiro (a). 
Um abraço e até a próxima aula! 
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4 ± GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA 
1 LETRA D 3 LETRA A 5 LETRA D 
2 LETRA D 4 LETRA D 6 LETRA B

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