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TRE/SE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Prof. Paola Restini 
Aula 01 
 
Prof. Paola Restiniwww.concurseiro24horas.com.br1|129 
 
 
 
 
 
 
 
Direito 
Constitucional 
Noções de Direito Constitucional - Constituição: conceito e poder constituinte. Dos 
princípios fundamentais. Dos direitos e garantias fundamentais. 
 
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Aula 
01 
 
Aula 
01 
TRE/SE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Prof. Paola Restini 
Aula 01 
 
Prof. Paola Restiniwww.concurseiro24horas.com.br2|129 
 
AULA 
Sumário 
AULA .......................................................................................................2 
1. APRESENTAÇÃO ...................................................................................4 
1.1 CRONOGRAMA DAS AULAS. ................................................................4 
1.2 O CURSO ............................................................................................5 
1.3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...............................................................7 
2. ESTRUTURA DAS CONSTITUIÇÕES .......................................................9 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ......................... 10 
2.2 NORMAS DE EFICÁCIA PLENA .......................................................... 11 
2.3 NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA ...................... 11 
2.4 NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA ..................... 11 
2.5 NORMAS DE EFICÁCIA ABSOLUTA ................................................... 13 
2.6 NORMAS COM EFICÁCIA PLENA ....................................................... 13 
2.7 NORMAS COM EFICÁCIA RELATIVA RESTRINGÍVEL ......................... 13 
2.8 NORMAS COM EFICÁCIA RELATIVA COMPLEMENTÁVEL OU 
DEPENDENTES DE COMPLEMENTAÇÃO. .................................................. 13 
2.9 APLICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO ............... 14 
3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
 .............................................................................................................. 15 
4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
 .............................................................................................................. 22 
5. PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM 
SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. ...................................................... 23 
6. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ......................................... 25 
7. LIMITES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. ......................................... 27 
8. A EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ..................................... 27 
9. CARACTERÍSTICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................ 28 
10. O ARTIGO 5° DA CF/88 .................................................................... 29 
RESUMINDO: ......................................................................................... 45 
TRE/SE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Prof. Paola Restini 
Aula 01 
 
Prof. Paola Restiniwww.concurseiro24horas.com.br3|129 
11. QUESTÕES PARA FIXAÇÃO ............................................................... 90 
12. RESUMO DA AULA .......................................................................... 114 
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 128 
 
TRE/SE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Prof. Paola Restini 
Aula 01 
 
Prof. Paola Restiniwww.concurseiro24horas.com.br4|129 
Temas abordados: Constituição, conceito, classificações, princípios fundamentais 
e direitos e garantias fundamentais. 
1. Apresentação 
Prezado aluno, nossa aula demonstrativa tratará do Tema Constituição, conceito, 
classificações, princípios fundamentais e direitos e garantias fundamentais. 
Destaco que apresentaremos conteúdo completo para sua prova, bem como 
questões comentadas e resumo da aula ao final de cada material. 
A proposta deste curso é dar a você o melhor suporte teórico, para a 
resolução das questões objetivas de concursos em especial do Tribunal 
Regional Eleitoral de Sergipe. Tudo isso em linguagem fácil e com muitos 
esquemas, para facilitar a fixação. 
Além disso, resolveremos milhares de questões em nossas aulas. Questões 
comentadas, de várias bancas, em especial FCC. Você ficará "expert", não tem 
jeito de errar na hora da prova! 
 
1.1 Cronograma das Aulas. 
Antes de iniciar os estudos, me apresento: meu nome é Paola Restini, sou 
professora de Direito Constitucional e Previdenciário e estarei aqui para um único 
objetivo: a aprovação de vocês! 
A matéria será dividida em vários assuntos. 
O objetivo dessa divisão é fazer com que o leitor se prepare para a realização de 
provas de concursos, sem grandes dificuldades. A apresentação do tema será 
de forma clara, didática, sem embromação. A linguagem utilizada é simples e 
acessível a todos. Abordarei os assuntos de modo objetivo com inúmeros 
quadros e tabelas comparativos, o que facilita o entendimento e a memorização. 
Ao final de cada titulo, inclui as questões mais recentes de provas, para que o 
leitor tenha a oportunidade de testar seu conhecimento e perceber de forma bem 
clara como os temas são cobrados em provas. 
É uma leitura que recomendo, pois quanto mais objetivo e simples for à leitura, 
maior será o grau de aprovação. 
Agora chegou a hora de conhecer um pouco mais sobre mim. 
Me formei em direito e já obtive êxito na prova da OAB. Tentei advogar na 
iniciativa privada, mas não era o que realmente queria. Iniciei meus estudos 
TRE/SE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Prof. Paola Restini 
Aula 01 
 
Prof. Paola Restiniwww.concurseiro24horas.com.br5|129 
para concursos públicos, e ao mesmo tempo, comecei a dar aulas nessa área e 
escrever livros. Me identifiquei muito lecionando. 
A partir daí as oportunidades foram surgindo. Me aperfeiçoei em cursos de 
extensão em direito previdenciário e logo mais termino minha pós graduação na 
área. 
Segue meu currículo para vocês me conhecerem melhor: 
o Bacharel em Direito pela Faculdade Colégio Osvaldo Cruz; 
o Pós graduada em Direito Administrativo e Comercial com relações 
com o mercado; 
o Pós graduada em Direito Previdenciário; 
o Professora de Direito Constitucional, Administrativo e Previdenciário 
na escola preparatória para concursos Eclipse em Ribeirão Preto. 
Para que vocês obtenham sucesso nessa escola que é o concurso público basta 
manter o foco e ter disciplina, sendo objetivo e organizado. 
Torço pelo sucesso de vocês! 
 
1.2 O Curso 
O objetivo maior deste curso é compilar os estudos das leis com o regulamento e 
suas alterações de forma a facilitar os estudos de vocês para a tão sonhada 
aprovação. 
O curso contará com a análise das jurisprudências atuais bem como com 
resolução de questões da FCC, vocês poderão tirar dúvidas comigo por email. 
Meu objetivo maior é fazer com que vocês estudem de uma forma objetiva, sem 
se tornar cansativo, pois sei muito bem como é chato ficar lendo artigos, 
jurisprudências e doutrinas. 
Espero que vocês alcancem a tão sonhada aprovação. 
Vamos agora ao nosso cronograma! 
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL: 
AULA 1 Noções de Direito Constitucional - Constituição: conceito e poder 
constituinte. Dos princípios fundamentais. Dos direitos e garantias fundamentais. 
TRE/SE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
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Aula 01 
 
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AULA 2 Da organização do Estado: Da organização Político Administrativa;Da 
União; Dos Estados Federados; Dos Municípios; Do Distrito Federal e dos 
Territórios; 
 
AULA 3 Da Administração Pública (Disposições Gerais; Dos Servidores Públicos). 
 
AULA 4 Da Organização dos Poderes: Do Poder Legislativo; 
 
AULA 5 Do Poder Executivo; 
 
AULA 6 Do Poder Judiciário (Disposições Gerais; 
 
AULA 7 Do Supremo Tribunal Federal; Do Superior Tribunal de Justiça; Dos 
Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais; Dos Tribunais e Juízes 
Eleitorais; Dos Tribunais e Juízes dos Estados); 
 
AULA 8 Das Funções Essenciais à Justiça 
 
AULA 9 Simulado final 
Assim, o cronograma do curso será o seguinte: 
Aula 01 
Noções de Direito Constitucional 
Constituição: conceito e poder 
constituinte. Dos princípios 
fundamentais. Dos direitos e garantias 
fundamentais. 
27.08.15 
Aula 02 
Da organização do Estado: Da 
organização Político Administrativa; Da 
União; Dos Estados Federados; Dos 
04.09.15 
TRE/SE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Prof. Paola Restini 
Aula 01 
 
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Municípios; Do Distrito Federal e dos 
Territórios; 
 
Aula 03 
Da Administração Pública (Disposições 
Gerais; Dos Servidores Públicos). 
 
10.09.15 
Aula 04 
Da Organização dos Poderes: Do Poder 
Legislativo 18.09.15 
Aula 05 
Do Poder Executivo; 
 
24.09.15 
Aula 06 
Do Poder Judiciário (Disposições Gerais 
01.10.15 
Aula 07 
Do Supremo Tribunal Federal; Do 
Superior Tribunal de Justiça; Dos 
Tribunais Regionais Federais e dos 
Juízes Federais; Dos Tribunais e Juízes 
Eleitorais; Dos Tribunais e Juízes dos 
Estados); 
 
06.10.15 
Aula 08 
Funções essenciais à justiça. 8.1 
Ministério Público, Advocacia e 
Defensoria Públicas. 
13.10.15 
09 Simulado 16.10.15 
 
 
 
1.3 Considerações iniciais 
Iniciaremos nossa aula apresentando o conceito de Constituição. 
A Constituição é a lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela 
vontade soberana do povo. Ela determina a organização político-jurídica do 
Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as 
competências destes bem como a aquisição e o exercício do poder. Cabe 
também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
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direitos e garantias fundamentais. 
Para compreender bem o Direito Constitucional, é fundamental que estudemos a 
hierarquia das normas, através do que a doutrina denomina "pirâmide de 
Kelsen". 
A pirâmide de Kelsen representa bem como nosso ordenamento jurídico é 
dividido: em seu vértice se encontra a Constituição e as emendas 
constitucionais, conhecidas como o fundamento e a validade de todas as demais 
normas do sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode 
se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais normas jurídicas, que 
são, por isso mesmo, denominada infraconstitucional. 
Importante destacar aqui, que após a promulgação da emenda constitucional de 
número 45 de 2004, os tratados internacionais de direitos humanos 
passaram a ter status de emenda constitucional situando-se, portanto, no 
topo da pirâmide, juntamente com a Constituição Federal. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito 
ordinário, têm, segundo o STF, "status" supralegal. Isso significa que se situam 
logo abaixo da Constituição e acima das demais normas do ordenamento 
jurídico. 
 
Logo abaixo da CF e das emendas, encontramos as normas infraconstitucionais, 
como as leis, tratados, medidas provisórias, decretos legislativos normas 
constitucionais, as resoluções legislativas, os tratados internacionais em geral 
incorporados ao ordenamento jurídico e os decretos autônomos. Todas essas 
normas serão estudadas em detalhes em aula futura, não se preocupem! 
 
O importante aqui é vocês saberem quais são as normas existentes e que não há 
hierarquia entre elas. 
 
Essas normas são primárias, sendo capazes de gerar direitos e criar obrigações, 
desde que não contrariem a Constituição. 
 
Destaca-se que o Supremo Tribunal Federal entende que a lei complementar não 
é hierarquicamente superior a lei ordinária. Ambas possuem campo de atuação 
diverso, ou seja, eventuais alterações no texto da lei podem ocorrer tanto pela 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
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lei ordinária quanto pela lei complementar (lógico que aqui temos as condições 
de cada uma, que veremos em aula específica). 
 
Por fim, abaixo das leis encontram-se as normas infra legais. Tais normas não 
tem poder de gerar direitos nem de criar obrigações, são exemplos: portarias, 
instruções normativas, entre outras. 
 
Vejamos: 
 
 
 
2. Estrutura das Constituições 
A Constituição se divide em três partes: preâmbulo, parte dogmática e 
disposições transitórias. 
O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. 
Serve para sintetizar a ideologia do poder constituinte originário, expondo os 
valores por ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. Segundo o STF, ele 
não dispõe de força normativa, não tendo caráter vinculante. 
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A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, 
onde se encontram os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Tais 
normas não têm caráter transitório, embora possam ser modificadas pelo poder 
constituinte derivado, mediante emenda constitucional. 
Por fim, a parte transitória da Constituição visa a integrar a ordem jurídica 
antiga à nova, quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a 
segurança jurídica e evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. 
 
2.1 Classificação das normas constitucionais 
O grande jurista Michel Temer, dispõe que: “considerando que a Constituição 
Federal de 1988 é do tipo formal, entende-se por normas constitucionais 
quaisquer disposições nela inseridas, independentemente de seu conteúdo. 
Assim, a distinção entre normas formalmente materiais (todas as normas da 
CF/88) e normas materialmente constitucionais (aquelas que regulam a 
estrutura do Estado, a organização do Poder e os direitos fundamentais) é 
irrelevante, à luz da Constituição atual”. 
Para que haja a aplicação das normas constitucionais mister analisar alguns 
pontos: vigência, validade ou legitimidade e eficácia. 
Vejamos cada um deles. 
 Vigência: compreende o período entre a entrada em vigor da 
norma e sua revogação, durante o qual a norma existe juridicamente 
e tem observância obrigatória. 
 Validade e legitimidade: é a compatibilidade da norma com o 
ordenamento jurídico. No caso da Constituição, tendo em vista 
situar-se no topo do ordenamento jurídico, sua validade não depende 
de qualquer outra norma. Seu fundamento advém do poder 
constituinte originário, cujo titular é o povo. 
 Eficácia: é a qualidade de a norma produzir efeitos jurídicos. 
OBS: Aplicabilidade e eficácia são fenômenos distintos, embora 
intimamente relacionados. A aplicabilidade é a capacidade de 
aplicação da norma, enquanto a eficácia é sua capacidade de 
produzir efeitos. A aplicabilidade depende da eficácia, só sendo 
aplicável a norma eficaz. Enquanto a eficácia se dá quanto à 
produção potencial de efeitos, a aplicabilidade exige realizabilidade, 
praticidade. 
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Prof. Paola Restiniwww.concurseiro24horas.com.br11|129Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade, ou seja, produzem 
efeitos jurídicos. 
José Afonso da Silva classifica as normas constitucionais em: normas de eficácia 
plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada. 
2.2 Normas de eficácia plena 
São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm 
possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis 
regular. E o caso do art. 2° da CF/88,o qual dispõe: "são Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o judiciário". 
São normas de aplicabilidade direta, imediata e integral: produzem todos os 
efeitos de imediato, independentemente de lei posterior que lhes complete o 
alcance e o sentido. 
 
2.3 Normas constitucionais de eficácia contida 
São aquelas em que a Constituição regulou suficientemente os interesses 
relativos à determinada matéria, mas permitiu a atuação restritiva por parte do 
Poder Público. Um exemplo é o art. 5°, LVIII, que estabelece que "o civilmente 
identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses 
previstas em lei". O dispositivo é de aplicabilidade imediata, produzindo todos 
os efeitos imediatamente. Entretanto, pode ter sua eficácia restringida por lei 
ordinária. Importante ressaltar que, enquanto tal lei ordinária não for criada, sua 
eficácia é plena, ou seja, não depende de lei para produzir todos os efeitos. 
Cabe destacar que a aplicabilidade das normas de eficácia contida é direta e 
imediata, mas não é integral, já que podem ter sua eficácia restringida por lei, 
por outras normas constitucionais ou por conceitos jurídicos indeterminados 
nelas presentes (ao fixar esses conceitos, o Poder Público poderá limitar seu 
alcance, como é o caso do art.5°, XXIV e XXV, que restringem o direito de 
propriedade estabelecido no art.5°, XXII da CF/88). 
 
2.4 Normas constitucionais de eficácia limitada 
São aquelas que dependem de regulamentação futura para produzirem todos os 
seus efeitos. Sua aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida, pois somente 
produzem integralmente seus efeitos quando regulamentadas por lei posterior 
que lhes amplia a eficácia. 
José Afonso da Silva as subdivide em normas declaratórias de princípios 
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institutivos ou organizativos e normas declaratórias de princípios programáticos. 
As primeiras são aquelas que dependem de lei para estruturar e organizar as 
atribuições de instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição. É o caso 
do art. 18, §30, CF/88, que dispõe: "os Estados podem incorporar-se entre si, 
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos 
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente 
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei 
complementar". Já as segundas estabelecem programas a serem desenvolvidos 
pelo legislador infraconstitucional. Um exemplo é o art. 196 da Carta Magna que 
dispõe: "a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação". 
 
É importante destacar que, embora as normas de eficácia limitada não produzam 
todos os efeitos tão somente com sua promulgação, muitos entendem que estas 
completamente desprovidas de eficácia jurídica, o que é mentira! Sua eficácia é 
limitada, não inexistente! Isso porque, independentemente de regulamentação 
pelo legislador infraconstitucional, produzem alguns efeitos: revogam disposições 
anteriores em sentido contrário e impedem a validade de leis posteriores que se 
oponham a seus comandos. 
Resumindo: 
 
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Outra classificação das normas constitucionais bastante cobrada em concursos 
públicos é aquela proposta por Maria Helena Diniz, explanada a seguir. 
 
2.5 Normas de eficácia absoluta 
São aquelas que não podem ser suprimidas por meio de emenda constitucional. 
Podemos citas como exemplo o art. 60, parágrafo 4° da CF/88, que dispõe: "não 
será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma 
federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação 
dos Poderes e, finalmente, os direitos e garantias individuais. São as 
denominadas cláusulas pétreas expressas. 
2.6 Normas com eficácia plena 
O conceito utilizado pela autora é o mesmo aplicado por José Afonso da Silva 
para normas de eficácia plena. Destaca-se que essas normas se assemelham às 
de eficácia absoluta por possuírem aplicabilidade imediata, independendo de 
regulamentação para produzirem todos os seus efeitos. A distinção entre elas se 
dá pelo fato de as normas com eficácia plena poderem sofrer emendas tendentes 
a suprimi-las. 
 
2.7 Normas com eficácia relativa restringível 
Essas normas são as normas de eficácia contida, referidas anteriormente. Essas 
normas possuem cláusula de redutibilidade, possibilitando que atos 
infraconstitucionais lhes componham o significado. Além disso, sua eficácia 
poderá ser restringida ou suspensa pela própria Constituição. 
 
2.8 Normas com eficácia relativa complementável ou dependentes de 
complementação. 
São equivalentes às normas de eficácia limitada de José Afonso da Silva, ou seja, 
dependem de legislação infraconstitucional para produzirem todos os seus 
efeitos. 
Alguns autores consideram, ainda, a existência de normas constitucionais de 
eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. São normas cujos efeitos cessaram, 
não mais apresentando eficácia jurídica. É o caso de vários preceitos do ADCT da 
CF/88. 
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2.9 Aplicação das normas constitucionais no tempo 
Com o advento de uma nova constituição todos os atos normativos com ela 
compatíveis permanecem validos, ou seja, a nova constituição recepciona esses 
atos. Podemos citar como exemplo o Código Tributário Nacional que, embora 
tenha sido criado como lei ordinária, foi recepcionado como lei complementar. 
Destaca-se que no caso de lei editada por ente federativo diverso daquele ao 
qual a nova Constituição atribuiu competência para dispor sobre a matéria, esta 
também será recepcionada, se houver compatibilidade material com o novo 
texto constitucional. Nesse caso, a lei será recebida como se tivesse sido editada 
pelo ente competente para tratar da matéria. 
Outra possibilidade de recepção se dá quando a nova Constituição determina, 
expressamente, a continuidade de dispositivos daquela que lhe precedeu. 
Insta mencionar que o princípio da recepção não ocorre no caso de emenda 
constitucional. Isso porque o poder de reforma encontra limites na própria 
Constituição. Assim, o que se dá, no caso de edição de emenda constitucional, é 
a revogação do direito ordinário anterior, se desconforme com ela, ou a 
manutenção de sua validade, caso ele seja com ela compatível. 
Muitos autores entendem que as normas, no caso de entrada em vigor de uma 
nova Constituição, com ela incompatíveis se tornam inconstitucionais, pelo 
fenômeno da inconstitucionalidade superveniente. Porém, essa não é a posição 
do STF. 
Para o STF, trata-se de simples conflito de normas no tempo, em que a norma 
posterior revoga a anterior. Nesse caso, portanto, haveria simples revogação, e 
não inconstitucionalidade. 
Os atosque são incompatíveis com a nova Constituição serão revogados (tanto 
expressamente quanto tacitamente), suprimidos no nosso ordenamento jurídico, 
ou seja, perdem sua vigência. 
Curiosidade: os atos revogados pela Constituição pretérita podem ser revogados 
pela nova Constituição? 
Claro que sim! Trata-se da repristinação (provas de concursos adora perguntar o 
que é repristinação). 
Vamos ao conceito de repristinação! 
É o fenômeno pelo qual “ressuscita” as normas anteriormente revogadas. Tal 
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prática somente é admitida em casos excepcionais e quando há disposição 
expressa nesse sentido em virtude da necessidade de se resguardar a segurança 
jurídica. Por esse motivo, em regra, só ocorre recepção de dispositivos legais em 
vigor no momento da promulgação da nova Constituição. 
Por fim, pode uma norma constitucional revogada na vigência da Constituição 
pretérita adquirir "status" de lei com a promulgação da nova Constituição? 
Tem-se, aí, o princípio da desconstitucionalização, em que a nova Constituição 
recepciona as normas da pretérita, conferindo-lhes "status" legal. Embora não 
houvesse óbice para que a CF/88 adotasse a desconstitucionalização, ela não o 
fez, nem de forma genérica nem quanto a algum dispositivo específico. 
Pronto! Vimos os conceitos e as classificações da Constituição Federal. 
Partiremos para os princípios fundamentais. 
Essa parte quase não cai em prova: DESPENCA!Por isso prestem muita atenção, 
e caso tenham dúvidas podem entrar em contato comigo por email. 
3. Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil 
Primeiramente vamos analisar dois conceitos: regras constitucionais e princípios 
constitucionais. 
As regras e os princípios são espécies de normas constitucionais. As primeiras 
são mais concretas, servindo para definir condutas. Já os segundos são mais 
abstratos. Não definem condutas, mas sim diretrizes para que se alcance a 
máxima concretização da norma. Por esse motivo, as regras não admitem o 
cumprimento ou o descumprimento parcial, mas apenas total, enquanto os 
princípios podem ser cumpridos apenas parcialmente. 
Assim, quando duas regras entram em conflito, cabe ao aplicador do direito 
determinar qual delas foi suprimida pela outra. Já no caso de confronto entre 
princípios, o conflito é apenas aparente, ou seja, um não será excluído pelo 
outro. Portanto, apesar de a Constituição, por exemplo, garantir a livre 
manifestação do pensamento (art.5°, IV, CF/88), esse direito não é absoluto. Ele 
encontra limites na proteção à vida privada (art.5°, X, CF/88), outro direito 
protegido constitucionalmente. 
Os princípios fundamentais são as características essenciais de um Estado, 
representam os valores que orientaram o constituinte na elaboração da 
Constituição bem como suas escolhas políticas fundamentais. 
Segundo Alexandre de Morais, “são os princípios constitucionais politicamente 
conformadores do Estado, que explicitam as valorações políticas fundamentais 
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do legislador constituinte, revelando as concepções políticas triunfantes numa 
Assembleia Constituinte, constituindo-se, assim, no cerne político de uma 
Constituição política”. 
Estão dispostos no Título I, artigo primeiro na Constituição Federal: 
Art. 10 A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
1 - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Vejamos cada um deles. 
No "caput", observa-se a forma de estado adotada pelo Brasil, qual seja: a 
federação. 
O que é federação? 
Dá-se o nome de Federação ou Estado federal a um Estado composto por 
diversas entidades territoriais autônomas, dotadas de governo próprio. 
Depreende-se, ainda, que a Federação brasileira é composta por União, estados-
membros, Distrito Federal e Municípios. Todos pessoas jurídicas de direito 
público, com vínculo indissolúvel (não há direito de secessão em nosso 
ordenamento jurídico). Na CF/88 os Municípios foram incluídos, pela primeira 
vez, como entidades federativas. Observe que os Territórios não fazem parte da 
Federação. Por isso, nosso federalismo é de terceiro grau: temos uma federação 
composta por União, Estados e Municípios. Em outros Estados, o federalismo é 
de segundo grau, composto apenas pelas esferas federal e estadual. 
Segundo nossos doutrinadores, o Estado federal apresenta duas características: 
autonomia e participação. 
A primeira traduz-se na possibilidade de os Estados e Municípios terem sua 
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própria estrutura governamental e competências distintas daquelas da União. A 
participação desses entes consiste na possibilidade de interferir na formação das 
leis, através do Senado (órgão legislativo que representa os Estados). 
Cabe lembrar que autonomia não se confunde com soberania. Soberania se 
concentra na autoridade suprema do poder representante, na hierarquia dos 
órgãos integrantes da Administração e, sobretudo, na justificação da autoridade 
conferida ao titular do poder supremo, não permitindo que dentro da sociedade 
haja um poder superior ao seu. Assim, temos que, mesmo a soberania 
pertencendo ao próprio povo, o povo deve se submeter à soberania no Estado. 
Ou seja: o Brasil possui personalidade internacional 
Destaca-se que a federação pressupõe um território, dentro do qual o Estado 
federal exerce a soberania e a descentralização política dentro desse mesmo 
território. Isso significa que os membros da federação têm capacidade política 
assegurada pela Constituição. 
Além de pressupor um território, também admite uma entidade central com suas 
ramificações, todas dotadas de capacidade política concedida pela Constituição 
Federal. Tal capacidade implica na possibilidade de produção de normas de sua 
competência. 
Como não há hierarquia entre os poderes, o governo de qualquer um deles não 
pode impor normas ou determinar ações a serem realizadas. Cada qual exerce 
sua competência dentro dos limites reservados pela CF/88. 
Outra característica importante da federação é a indissolubilidade, ou seja, os 
entes federativos não têm direito a secessão (art. 1°, "caput", CF). Além disso, a 
federação é considerada como cláusula pétrea (art. 60, § 4°, 1, CF), não 
podendo sofrer emenda tendente a aboli-la. 
Insta mencionar ainda o cooperativismo presente na federação sendo que a 
repartição de competências entre os entes da federação se dá de forma que 
todos contribuam para que o Estado alcance seus objetivos. Algumas 
competências são comuns a todos, como por exemplo, a colaboração técnica e 
financeira entre os entes para a prestação de alguns serviços públicos, e até 
mesmo repartição das receitas tributárias. 
E quanto nossa forma de governo?? O modo como se dáa instituição do poder na 
sociedade e a relação entre governantes e governados. 
Sem titubear: República. 
 
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E quais as características da República? 
Caráter eletivo, representativo e transitóriodos detentores do poder político. 
 
Os governantes são eleitos pelo povo, o que vincula a forma de governo à 
democracia. Além disso, na República, o governo é limitado e responsável, 
surgindo à ideia de responsabilidade da Administração Pública. 
 
Finalmente, o caráter transitório dos detentores do poder político é inerente ao 
governo republicano, sendo ressaltada, por exemplo, no art. 60, §40 da CF/88, o 
qual impede que seja objeto de deliberação a proposta de emenda constitucional 
tendente a abolir o "voto direto, secreto, universal e periódico". 
 
Cabe destacar que a República é fundada na igualdade formal das pessoas, 
sendo terminantemente intolerável qualquer forma de discriminação. 
 
Continuando ainda na análise do artigo primeiro da CF/88, temos ainda o regime 
político adotado pelo Brasil, qual seja, democracia. 
 
Esse regime garante uma sociedade pluralista, em que todas as pessoas se 
submetem às leis e ao Direito, que, por sua vez, são criados pelo povo, por meio 
de seus representantes. A lei e o Direito, nesse Estado, visam garantir o respeito 
aos direitos fundamentais, assegurando a todos uma igualdade material, ou seja, 
condições materiais mínimas a uma existência digna. Nos dizeres de Dirley da 
Cunha Jr, "o Estado Democrático de Direito, portanto, é o Estado Constitucional 
submetido à Constituição e aos valores humanos nela consagrados'". 
 
Resumindo! 
 
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O princípio democrático é reforçado pelo parágrafo único do art.10 da 
Constituição Federal. Por ele conclui-se que em nosso Estado vigora a 
democracia semidireta ou participativa. Nela há uma combinação de 
representação política com formas de democracia direta (o plebiscito), referendo 
e iniciativa popular. 
 
Ai vocês me questionam: qual a diferença entre plebiscito e referendo?? 
 
De acordo com o Tribunal Superior eleitoral, plebiscito e referendo são consultas 
ao povo para decidir sobre matéria de relevância para a nação em questões de 
natureza constitucional, legislativa ou administrativa. 
A principal distinção entre eles é a de que o plebiscito é convocado previamente 
à criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta, e o 
referendo é convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a 
proposta. 
Ambos estão previstos no art. 14 da Constituição Federal e regulamentados pela 
Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998. Essa lei, entre outras coisas, 
estabelece que nas questões de relevância nacional e nas previstas no § 3º do 
art. 18 da Constituição – incorporação, subdivisão ou desmembramento dos 
estados –, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto 
legislativo. Nas demais questões, de competência dos estados, do Distrito 
Federal e dos municípios, o plebiscito e o referendo serão convocados em 
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conformidade, respectivamente, com a Constituição Estadual e com a Lei 
Orgânica. 
 
Os incisos do art. 1° da CF/88 preveem os fundamentos da República Federativa 
do Brasil, que são os pilares do nosso ordenamento jurídico. É o 
famosoSOCIDIVAPLU. 
 
 
 
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 Vamos ver cada uma delas? 
 
A soberania é um poder supremo e independente. Por ser o Estado brasileiro é 
superior ou supremo a todas as outras pessoas no âmbito interno: as normas e 
decisões elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as emanadas de grupos 
sociais intermediários. 
É independente, pois não depende de nenhum outro poder para se 
manifestar, 
A cidadania exige que o Poder Público incentive a participação popular nas 
decisões políticas do Estado. Nesse sentido, está intimamente ligada ao conceito 
de democracia, supondo que o cidadão seja responsável pela construção de seu 
Estado, da sua ordem democrática. 
A dignidade da pessoa humana é um dos pontos mais importantes dos 
fundamentos da República Federativa do Brasil, ela é a base de todos os direitos 
fundamentais, pois coloca o ser humano a uma preocupação central para o 
Estado brasileiro. Determina que a pessoa humana deve ser tratada como um 
fim em si mesma, e não como meio para se obter um resultado. 
Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana é princípio supremo, 
"significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira 
todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo 
expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem 
republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional 
positivo.'" 
Com base nesse principio, o STF decidiu: "assistir, a qualquer pessoa, o direito 
fundamental à orientação sexual, havendo proclamado, por isso mesmo, a plena 
legitimidade ético-jurídica da união homoafetiva como entidade familiar, 
atribuindo-lhe, em consequência, verdadeiro estatuto de cidadania, em ordem a 
permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexuais, relevantes 
consequências no plano do Direito, notadamente no campo previdenciário, e, 
também, na esfera das relações sociais e familiares". 
Considerou ainda que "a extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime 
jurídico aplicável à união estável entre pessoas de gênero distinto justifica- se e 
legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos princípios constitucionais da 
igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança jurídica e do postulado 
constitucional implícito que consagra o direito à busca da felicidade, os quais 
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configuram, numa estrita dimensão que privilegia o sentido de inclusão 
decorrente da própria Constituição da República (art. 10, III, e art. 30, IV), 
fundamentos autônomos e suficientes aptos a conferir suporte legitimador à 
qualificação das conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como espécie do 
gênero entidade familiar". Além disso, entendeu ser impossível a coação do pai 
no sentido da realização do exame de DNA. 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa foram considerados como 
fundamentos tendo em vista que o trabalho tem um valor social. Podemos 
observar essa norma analisando concomitantemente o artigo 170 da CF/88 o 
qual dispõe: "a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social". 
Por fim, o pluralismo político visa garantir a inclusão dos diferentes grupos 
sociais no processo político nacional. 
 
4. Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil 
O art. 3° da CF/88 estabelece os objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil, sendo eles: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Para que vocês nunca mais esqueçam, pois as provas 
costumam misturar os objetivos com os fundamentos, vai uma dica: 
objetiVos = V de verbo – todos os objetivos começam com verbos! 
Cabe destacar aqui que o último inciso, que trata da promoção do bem de todos, 
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
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discriminação, consagra a igualdade formal, como por exemplo, a reserva de 
vagas nas Universidades Federais, a serem ocupadas exclusivamente por alunos 
egressos de escolas públicas. Busca-se tornar o sistema educacional mais justo, 
mais igual. Não se trata de preconceito, mas de uma ação afirmativa do Estado. 
Complementando esse conceito, o STF dispôs que "ações afirmativas são 
medidas especiais tomadas com o objetivo de assegurar progresso adequado de 
certos grupos raciais, sociais ou étnicos ou indivíduos que necessitem de 
proteção, e que possam ser necessárias e úteis para proporcionar a tais grupos 
ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades 
fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam, em consequência, à 
manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais, e não 
prossigam após terem sido alcançados os seus objetivos" (REsp 1132476/PR, 
Rei. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/10/2009, 
Die 21/10/2009) 
 
5. Princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas 
relações internacionais. 
O artigo 4° da CF/88 prevê os princípios que regem a RFB em suas relações 
internacionais, sendo eles: 
Art.4°: A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
1 - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
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Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
É bem simples esse artigo, sendo, na maioria das vezes, cobrados da 
seguinte maneira: o legislador mistura tais fundamentos com os objetivos. Mas 
como eu dei uma diquinha básica, vocês não vão errar! Objetivos são os 
verbos!!! 
Tal artigo foi criado através da grande inspiração no sentimento de paz mundial 
após a Segunda Guerra Mundial. 
Podemos perceber ao analisarmos os incisos III, IV, VI, VII e IX, os quais 
dispõem: a autodeterminação dos povos, ou seja, respeitar a sua soberania, não 
intervindo em suas decisões. Isso porque defende a paz e, para tal, a solução 
pacífica dos conflitos, assumindo que as relações entre os povos devem ser de 
cooperação. 
Para que se alcançasse a paz mundial, que era o desejo dos nossos 
constituintes, necessário se fazia a independência nacional, ou seja, ter sua 
soberania respeitada pelas outras nações. Ademais, verificou-se que a paz 
somente seria possível com a igualdade entre os Estados, pois a existência de 
colônias e as sanções impostas à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial 
foram as principais causas para a eclosão da Segunda Guerra. A igualdade entre 
os Estados é uma contrapartida à independência nacional: é o compromisso de 
que uns respeitem a soberania dos outros. Esses são os motivos pelos quais os 
incisos I e V do art. 40 foram escolhidos por nosso constituinte como princípios 
das relações internacionais do Brasil. 
A Carta da ONU assume como princípio o estímulo aos direitos humanos. 
Inspirado naquela Carta, nosso constituinte elevou à condição de princípios a 
serem buscados pela RFB em suas relações internacionais a prevalência dos 
direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo. 
 
O parágrafo único do art.4° da Constituição traz um objetivo a ser buscado pelo 
Brasil em suas relações internacionais: a integração econômica, política, social e 
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade 
latino-americana de nações. 
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Ficar atento aqui, pois o examinador costuma trocar algumas palavrinhas como: 
América Latina por América do Sul. 
 
Pronto! Agora vamos entrar no tópico mais importante de Direito Constitucional, 
os Direitos e Garantias Fundamentais. 
 
6. Direitos e Garantias Fundamentais 
Os Direitos fundamentais são os bens protegidos pela constituição Federal, como 
a vida, a liberdade, propriedade e outros mais. 
As garantias são os meios ou as formas de se protegerem desses bens, ou seja, 
os instrumentos constitucionais utilizados para materializar os direitos, como o 
habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, etc. 
Podemos classificar os direitos fundamentais em quatro gerações. 
 
A Primeira geração abrange os direitos relativos à liberdade, isto é, os civis e 
políticos, reconhecidos no final do século XVIII, com as Revoluções Francesas e 
Americana. Tem o escopo de restringem a ação do Estado sobre o indivíduo, 
impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. 
São por isso também chamado liberdades negativas: traduzem a liberdade de 
não sofrer ingerência abusiva por parte do Estado. Exemplo: direito de 
propriedade. 
 
Os de segunda geração abrangem os direitos referentes à igualdade, tais como 
aqueles ligados aos direitos econômicos, sociais e culturais. Tais direitos são 
representados por liberdades positivas, ou seja, os indivíduos recebem 
prestações do Estado através de políticas e serviços públicos, como no caso da 
educação, por exemplo. Destaca-se que alguns desses direitos consubstanciam 
liberdades negativas, de não fazer, tais como o direito de greve. 
 
Já os direitos de terceira geração referem-se ao principio da fraternidade, 
compreendendo os direitos difusos e coletivos, tais como o direito do consumidor 
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e o direito ao desenvolvimento. 
 
Mas o que seria os direitos difusos e coletivos? 
 
 
 
Conclui-se portanto, que as três primeiras gerações seguem o lema: igualdade, 
liberdade e fraternidade. 
 
Alguns doutrinadores, ainda, considera a existência de mais uma geração, a 
quarta, a qual inclui o direito a democracia, a informação e ao pluralismo 
político. 
 
Como não temos, ainda, um consenso, não vamos nos aprofundar nessa 
geração. 
 
Outro ponto importante a ser destacado é a natureza dos direitos fundamentais. 
Eles possuem natureza relativa e não absoluta! 
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Todos os direitos encontram limites uns nos outros. Casa haja conflito entre dois 
direitos, não haverá o sacrifício total de um em relação ao outro, mas redução 
proporcional de ambos, buscando-se, com isso, alcançar a finalidade da norma. 
 
Também é importante destacar que os direitos fundamentais cumprem a função 
de direito de defesa dos cidadãos, sob dupla perspectiva: não permitem aos 
Poderes Públicos a ingerência na esfera jurídica individual, bem como conferem 
ao indivíduo, poder para exercê-los e exigir do Estado à correção das omissões a 
eles relativas. 
 
7. Limites aos direitos fundamentais. 
Conforme mencionado acima, os direitos são relativos e não absolutos e para 
complementar essa tese a doutrina apresentam duas teorias: a externa e a 
interna. 
 
A primeira preceitua que as limitações aos direitosfundamentais encontram-se 
externamente a seu conceito, ou seja, os direitos são restringíveis, respeitando o 
principio da proporcionalidade ou da proteção de seu núcleo essencial, como por 
exemplo, o direito a vida pode sofrer restrições no caso concreto (fala-se aqui do 
aborto). 
 
Já a segunda estabelece que o conteúdo de um direito somente pode ser 
definido após seu confronto com os demais direitos. 
 
8. A Eficácia dos Direitos Fundamentais 
Antigamente os direitos fundamentais eram tidos como eficácia vertical, ou seja, 
somente se aplicavam nas relações entre o individuo e o Estado. 
Após o século XX, surge a teoria da eficácia horizontal a qual estende essa 
aplicação não somente entre as relações de indivíduos e o Estado, mas também 
nas relações entre particulares, podendo ser de maneira indireta e mediata ou 
direta e imediata. 
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A eficácia indireta e mediata consiste em aplicar os direitos fundamentais 
somente nas relações entre particulares de maneira indireta, através de 
cláusulas gerais de direito privado. Tal teoria é totalmente incompatível como 
nosso texto constitucional, pois, como vimos anteriormente, as normas 
definidoras dos direitos fundamentais possuem aplicabilidade imediata. 
 
A eficácia direta e imediata consiste na aplicação dos direitos fundamentais 
diretamente nas relações entre particulares, sendo que esses estão obrigados a 
cumprir os direitos na mesma proporção que o poder público. Essa teoria é a 
adotada pelo nosso ordenamento. 
 
9. Característica dos direitos fundamentais 
Os direitos fundamentais possuem as seguintes características: 
 Historicidade; 
 Universalidade; 
 Inalienabilidade; 
 Imprescritibilidade; 
 Irrenunciabilidade; 
 Limitabilidade; 
 Concorrência e 
 Proibição de retrocesso. 
 
A historicidade decorre da criação dos mesmos através de acontecimentos 
históricos. 
 
A universalidade dispõe que os direitos fundamentais são comuns a todos os 
seres humanos, respeitadas suas particularidades. Isso porque existem direitos 
comuns a todos (como o direito à vida, por exemplo) e direitos próprios de um 
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grupo (como os direitos dos trabalhadores). 
 
A inalienabilidade preceitua que os direitos fundamentais são intransferíveis e 
inegociáveis, não podendo ser abolidos por vontade de seu titular. Além disso, 
não possuem conteúdo econômico-patrimonial. 
 
Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem com o tempo, sendo 
sempre exigíveis. 
 
Irrenunciabilidade: o titular dos direitos fundamentais não pode deles dispor, 
embora possa deixar de exercê-los. É admissível, entretanto, em algumas 
situações, a autolimitação voluntária de seu exercício, num caso concreto. 
 
Limitabilidade: não há direitos fundamentais absolutos. Trata-se de direitos 
relativos, limitáveis, no caso concreto, por outros direitos fundamentais. No caso 
de conflito entre eles, há uma concordância prática ou harmonização: nenhum 
deles é sacrificado definitivamente. 
 
Concorrência: os direitos fundamentais podem ser exercidos cumulativamente, 
podendo um mesmo titular possuir vários direitos ao mesmo tempo. 
 
Proibição do retrocesso: por serem os direitos fundamentais o resultado de um 
processo evolutivo, de conquistas graduais da Humanidade, não podem ser 
enfraquecidos ou suprimidos. Isso significa que as normas que os instituem não 
podem ser revogadas ou substituídas por outras que os diminuam, restrinjam ou 
suprimam. 
 
10. O artigo 5° da CF/88 
Após essas considerações acerca dos direitos fundamentais, vamos iniciar o 
estudo do artigo mais importante do nosso ordenamento jurídico, o artigo 5°. 
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Art.5°Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ( ... ) 
Há a previsão de cinco direitos fundamentais: os direitos à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade. 
Apesar de referir-se apenas a "brasileiros e estrangeiros residentes no país", há 
consenso na doutrina de que eles abrangem qualquer pessoa que se encontre 
em território nacional, mesmo que seja estrangeira residente no exterior, como 
no caso dos turistas. 
Nesse sentido, o STF entende que o súdito estrangeiro, aquele sem domicílio no 
Brasil, tem direito a todas as prerrogativas básicas que lhe assegurem a 
preservação do status libertatis e a observância, pelo Poder Público, da cláusula 
constitucional do dueprocess. 
Com relação ao direito a vida, importante destacar um recente entendimento do 
nosso STF: “é legítima e não ofende o direito a vida nem, tampouco, a dignidade 
da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, 
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização "in vitro" e não 
utilizados neste procedimento”. Isso tem sido cobrado em prova! 
 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos 
termos desta Constituição; 
Conceitua-se aqui o princípio da igualdade, que determina que se dê tratamento 
igual aos que estão em condições equivalentes e desigual aos que estão em 
condições diversas, dentro de suas desigualdades. Obriga tanto o legislador 
quanto o aplicador da lei. 
Cabe destacar que o legislador fica obrigado a obedecer à 'igualdade na lei", não 
podendo criar leis que discriminem pessoas que se encontram em situação 
equivalente, exceto quando houver razoabilidade para tal, como por exemplo: 
concurso público para provimento de vagas somente a pessoas do sexo 
masculino. O mesmo vale para limites de idade em concursos públicos: o STF 
considera a previsão legítima quando justificada pela natureza das atribuições do 
cargo a ser preenchido (súmula 683). 
Nesse sentindo, entende o STF que não afronta o princípio da isonomia a adoção 
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de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo feminino e 
masculino da Aeronáutica. Trata-se de uma hipótese em que a distinção entre 
homens e mulheres visa a atingir a igualdade material, sendo, portanto, 
razoável. 
Também entende a Corte Suprema que o foro especial para a mulher nas ações 
de separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não 
ofende o princípio da isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade entre 
os cônjuges. Isso porque não se trata de um privilégio estabelecido em favor das 
mulheres, mas de uma norma que visa a dar um tratamento menos gravoso à 
parte que, em regra, se encontrava e, ainda se encontra, em situação menos 
favorável econômica e financeiramente. 
Importante! 
Lembrem-se! Somente a lei ou a própria Constituição podem determinar 
discriminações entre as pessoas. Os atos infralegais (como edital de concurso, 
por exemplo) não podem determinar tais limitações sem que haja previsão legal. 
Veja o interessante julgado do STF a respeito do assunto: 
 
O principio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, 
não é - enquanto postulado fundamental de nossa ordem 
politico jurídica - suscetível de regulamentação ou de 
complementação no rmat i va . E s se p r i n c i p i o - cu ja 
obse rvânci a v i n cu l a , incondicionalmente, todas as 
manifestações do Poder Público - deve ser considerado, em 
sua precípua função de obstar discriminantes e de extinguir 
privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: (a) o da igualdade 
na lei; e (b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei - 
que opera numa fase de generalidade puramente abstrata - 
constitui exigência destinada ao legislador que, no processo de 
sua formag5o, nela não poderá incluir fatores de discriminação, 
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. A igualdade 
perante a lei, contudo, pressupondo lei já elaborada, traduz 
imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação 
da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem 
tratamento seletivo ou discriminatório. 
 
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O STF entende que o principio da isonomia não autoriza ao Poder 
Judiciário estender a alguns grupos vantagens estabelecidas por lei a 
outros. Isso porque se assim fosse possível, o Judiciário estaria 
"legislando". O STF considera que, em tal situação, haveria ofensa ao 
principio da separação dos Poderes. 
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei; 
Percebemos aqui o principio da legalidade o qual preceitua que os particulares 
só podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa através de lei. 
Tal princípio se aplica também ao poder público, mas de maneira mais restrita, 
pois este somente pode fazer o que é permitido em lei, é uma legalidade estrita. 
Mas não se preocupem, veremos mais a funda na aula sobre Administração 
Pública. 
Para complementar, precisamos saber a diferença entre legalidade e reserva 
legal. 
A legalidade consiste quando a CF/88 determina a submissão e o respeito à lei, 
ou a atuação dentro dos limites legais, ou seja, a lei adquire sentido mais 
amplo, sendo considerados também atos infra legais, desde que expedidos nos 
limites da norma legal. Trata-se da lei em sentido material, ou seja, todo ato 
normativo do Estado que obedeça às formalidades que lhe são próprias e 
contenha uma regra jurídica. 
 
Já a reserva legal ocorre quando a Constituição exige expressamente que 
determinada matéria seja regulada por lei formal ou atos com força de lei (como 
decretos autônomos, por exemplo). E o caso do art. 173, §10, CF/88, que 
determina que lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade 
econômica. Trata-se do sentido formal, ou seja, a lei é necessariamente 
emanada do Poder Legislativo, podendo conter ou não uma regra jurídica. 
 
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante; 
 
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Inciso tranquilo, sem necessidade de comentários adicionais. 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato; 
Trata-se da liberdade de expressão. Todos podem se manifestar, oralmente ou 
por escrito, desde que não seja feito anonimamente. A vedação ao anonimato 
visa a garantir a responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar 
danos a terceiros. 
Com base na vedação ao anonimato, o STF veda, em regra, o acolhimento a 
denúncias anônimas. Essas poderão servir de base para gerar investigação pelo 
Poder Público, mas jamais poderão ser causa única de exercício de atividade 
punitiva pelo Estado. 
 
Segundo a Corte, as autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de 
persecução (penal ou disciplinar), apoiando-se apenas em peças apócrifas ou em 
escritos anônimos. As peças apócrifas não podem ser incorporadas, 
formalmente, ao processo, salvo quando tais documentos forem produzidos pelo 
acusado, ou, ainda, quando constituírem, eles próprios, o corpo de delito (como 
sucede com bilhetes de resgate no delito de extorsão mediante sequestro, por 
exemplo). E por isso que o escrito anônimo não autoriza a imediata instauração 
de "persecutio criminis". 
 
Entretanto, pode o Poder Público, provocado por delação anônima ("disque-
denúncia", p. ex.), adotar medidas informais destinadas a apurar, previamente, 
em averiguação sumária, a possível ocorrência de ilicitude, desde que o faça com 
o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados. Em caso 
positivo, poderá, então, ser promovida a formal instauração da "persecutio 
criminis", mantendo-se completa desvinculação desse procedimento estatal em 
relação as peças apócrifas. 
A prerrogativa jornalística em utilizar o sigilo da fonte foi uma inovação trazida 
pela Lei de Imprensa, nos seus artigos 7º, caput e 71, ao disporem que 
será assegurado e respeitado o sigilo quanto às fontes ou origem de informações 
recebidas ou recolhidas por jornalistas, rádio repórteres ou comentaristas, os 
quais não poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu 
informante ou a fonte de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, 
sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade. 
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Essa proteção jornalística também foi recepcionada pela Constituição Federal 
de1988 ao estabelecer que é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (artigo 
5º, inciso XIV). 
Segundo Celso Mello [93], o texto constitucional intensificou, ainda mais, a ideia 
de que o sigilo da fonte é um "dos valores essenciais à preservação do Estado 
Democrático de Direito, além, de ser uma garantia básica de acesso à 
informação". 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, 
além da indenização por dano material, moral ou imagem; 
Essa norma traduz o direito de resposta à manifestação do pensamento de 
outrem. Destaca que a resposta deverá ser sempre proporcional, ou seja, 
veiculada no mesmo meio de comunicação utilizado pelo agravo, com mesmo 
destaque, tamanho e duração. Salienta-se, ainda, que o direito de resposta se 
aplica tanto a pessoas físicas quanto a jurídicas ofendidas pela expressão 
indevida de opiniões. 
Destaca-se ainda que o direito de resposta proporcional ao agravo é aplicável em 
relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não 
infrações penais. Além disso, seu exercício não afasta o direito à indenização. 
 
Outro aspecto importante a ser considerado é que as indenizações materiais, 
morais e a imagem são cumuláveis, ou seja, podem ser aplicadas conjuntamente 
tanto a pessoas físicas (indivíduos) quanto a jurídicas ("empresas"). 
Importante ressaltar que as indenizações referente a imagem abrangem a honra, 
e, segundo a doutrina e a jurisprudência, o direito à honra se estende às pessoas 
jurídicas, que podem, inclusive, sofrer dano moral. É o que determina a Súmula 
227 do Superior Tribunal de Justiça: "a pessoa jurídica pode sofrer dano moral". 
Para o STF, há uma relação de proporcionalidade entre o dano 
moral ou material sofrido por alguém e a indenização que lhe 
caiba receber (quanto maior o dano maior a indenização), que 
opera no âmbito interno da potencialidade da ofensa e da 
concreta situação do ofendido. Nada tendo a ver com essa 
equação a circunstância em si da veiculação do agravo por órgão 
de imprensa, porque, senão, a liberdade de informação 
Jornalística deixaria de ser um elemento de expansão e de 
robustez da liberdade de pensamento e de expressão lato sensu 
para se tornar um fator de contraçãoe de esqualidez dessa 
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liberdade. Em se tratando de agente público, ainda que 
injustamente ofendido em sua honra e imagem, subjaz à 
indenização uma imperiosa cláusula de modicidade. Isso porque 
todo agente público está sob permanente vigília da cidadania. E 
quando o agente estatal não prima por todas as aparências de 
legalidade e legitimidade no seu atuar oficial, atrai contra si mais 
fortes suspeitas de um comportamento antijurídico francamente 
sindicável pelos cidadãos (ADPF 130, DJE de 6-11-2009). 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na 
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência 
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 
Consagra-se, nesses incisos, a liberdade religiosa. 
No que se refere ao inciso VII, observe que não é Poder Público o responsável 
pela prestação religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a 
Administração Pública esta impedida de exercer tal função. 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as 
invocar para eximir-se de obrigado legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
Tal inciso contempla a norma conhecida como "escusa de consciência". 
 
O que isso quer dizer? 
 
Isso significa que, em regra, ninguém será privado de direitos por no cumprir 
obrigação legal imposta a todos devido a suas crenças religiosas ou convicções 
filosóficas ou politicas. Entretanto, caso isso aconteça, o Estado poderá impor 
prestação alternativa fixada em lei. 
 
Caso o indivíduo se recuse a cumprir essa prestação, poderá sofrer restrição de 
seus direitos. Lembrem-se: para que isso aconteça é preciso que aconteça, 
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cumulativamente, duas condições: recusar-se a cumprir obrigação legal 
alegando escusa de consciência e, ainda, não cumprir a prestação alternativa 
fixada pela lei. Ai sim poderá haver a perda de direitos políticos, na forma do art. 
15, IV, da Constituição. 
 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou 
licença; 
 
Simples: veda-se a censura. Entretanto, a liberdade de expressão, como 
qualquer direito fundamental, é relativa. Isso porque é limitada por outros 
direitos protegidos pela CF, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade 
do indivíduo, por exemplo. 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e 
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
A CF/88 protege o direito a intimidade e a vida privada bem como a honra e o 
direito a imagem. 
 
Cabe destacar que para que haja condenação por dano moral, não é necessário 
ofensa à reputação do indivíduo. Esse é o entendimento do STF. 
Outro entendimento do STF se da no sentido de que não se pode coagir suposto 
pai a realizar exame de DNA. Essa medida feriria, também, outros direitos 
humanos, como, por exemplo, a dignidade da pessoa humana, a intangibilidade 
do corpo humano. Nesse caso, a paternidade só poderá ser comprovada 
mediante outros elementos constantes do processo. 
Importante, ainda, destacar que o STF entende ser válida decisão judicial 
proibindo a publicação de fatos relativos a um indivíduo por empresa jornalística. 
O fundamento da decisão é a inviolabilidade constitucional dos direitos da 
personalidade, notadamente o da privacidade. 
Outra importante decisão do STF diz respeito à privacidade dos agentes políticos. 
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Segundo a Corte, tal privacidade relativa, uma vez que estes devem à sociedade 
as contas da atuação desenvolvida. Mas isso não significa que quem se dedica à 
vida pública não tem direito à privacidade. O direito se mantém no que diz 
respeito a fatos íntimos e da vida familiar. 
 
Destaque-se também que, segundo Alexandre de Moraes, a inviolabilidade do 
sigilo de dados (art.5°, XII) complementa a previsão do direito a intimidade e 
vida privada (art. 5°, X), sendo ambas as previsões uma defesa da privacidade e 
regidas pelo principio da exclusividade. Esse princípio pretende assegurar ao 
individuo, como ressalta Tercio Ferraz a "sua identidade diante dos riscos 
proporcionados pela niveladora pressão social e pela incontrastável 
impositividade do poder político”. 
 
XI - a casa é asilo inviolável do individuo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Muito importante esse inciso! 
Trata-se da inviolabilidade domiciliar, a qual alcança não somente a residência 
do individuo, mas também o local onde ele exerce sua profissão. 
E em quais hipóteses se pode entrar na casa do indivíduo? 
Três hipóteses: 
 com o consentimento do morador; 
 sem o consentimento, sob ordem judicial, apenas durante o 
dia; 
 sem o consentimento, a qualquer hora do dia, em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou ainda, para prestar socorro. 
OBS: para o código civil, durante o dia seria das 06:00 as 20:00 horas. 
Qual o conceito de casa? 
Para o STF, o conceito de "casa" revela-se abrangente, estendendo-se a 
qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce 
profissão ou atividade (Código Penal, art. 150, § 40, III), bem como os 
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escritórios profissionais. (HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 
10-6-2008, Segunda Turma, DJE de 10-8-2008). 
Entretanto, embora o escritório esteja abrangido pelo conceito de "casa", o STF 
entende que não se pode invocar a inviolabilidade de domicilio como escudo para 
a prática de atos ilícitos em seu interior. Com base nisso, a Corte autorizou a 
instalação de escuta em um escritório de advogados, por ordem judicial. 
A Corte também considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de 
autoridade policial no estabelecimento profissional inclusive durante a noite para 
instalar equipamentos de captação de som ("escuta"). Entendeu-se que tais 
medidas precisavam ser executadas sem o conhecimento do investigado, o que 
seria impossível durante o dia. 
É importante destacar que a inviolabilidade domiciliar também se aplica ao fisco 
e à polícia judiciária. Segundo o STF, "nem a Polícia Judiciária e nem a 
administração tributária podem, afrontando direitos assegurados pela 
Constituição da República, invadir domicílio alheio com o objetivo de apreender, 
durante o período diurno, e sem ordem judicial, quaisquer objetos que possam 
interessar ao Poder Público" (AP 370-3/DF, RTJ, 162:249-250). 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
Esse dispositivo constitucional trata da inviolabilidade das comunicações e das 
correspondências. Mas como toda regra tem sua exceção, há a possibilidade de 
quebrado sigilo das comunicações telefônicas quando atendidos três 
requisitos: lei que preveja as hipóteses e na forma com que esta deva 
acontecer; existência de investigação criminal ou instrução processual penal e, 
finalmente, ordem judicial. 
Como não há direito absoluto, admite-se, mesmo sem previsão expressa na 
Constituição, a interceptação das correspondências e das comunicações 
telegráficas e de dados, sempre que a norma constitucional esteja sendo usada 
para acobertar a prática de ilícitos. Isso porque a Constituição não pode servir 
como manto protetor para a ilicitude. 
 
De acordo com a Lei 9.296, as interceptações telefônicas só podem ocorrer 
desde que haja a observância conjunta de três requisitos: 
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 Se existirem razoáveis indícios de autoria ou participação na infração 
penal; 
 Se a prova não puder ser obtida por outros meios disponíveis; 
 Se o fato investigado não constituir infração penal punida, no 
máximo, com pena de detenção (só pode haver interceptação em crime 
punível com reclusão). 
A decisão judicial deverá ser fundamentada, devendo o magistrado indicar a 
forma de sua execução, que não poderá ter prazo maior que quinze dias, 
renovável por igual período. O STF entende que pode haver renovações 
sucessivas desse prazo, e não apenas uma única renovação da medida, pois há 
situações extremas que o exigem (STF, HC 106.129, DIE de 23.11.20 10). 
Uma jurisprudência importante para provas de concurso é que o STF entende 
que, uma vez obtidas provas mediante quebra do sigilo das comunicações 
telefônicas com base no dispositivo constitucional acima, estas podem ser 
usadas, também, em processos de natureza administrativa. Trata- se da 
denominada "prova emprestada". Assim, caso uma "escuta telefônica" resulte 
em prova de que um juiz esteja recebendo dinheiro para atrasar o processo ou 
julgar a favor da parte, por exemplo, além de essa prova ser usada no processo 
penal do crime referente a essa pratica, poderá ser usada pela Corregedoria 
quando do processo administrativo destinado a apurar o ilícito e determinar a 
correspondente penalidade administrativa. 
O STF entende ainda que "é valida a prova de um crime descoberta 
acidentalmente durante a escuta telefônica autorizada judicialmente para 
apuração de crime diverso". Assim, se o juiz havia autorizado uma escuta 
telefônica para apurar um crime de homicídio e descobre-se que um dos 
interlocutores cometeu o crime de sequestro, a prova será válida no processo 
referente a este crime (sequestro). 
Para o STF, também não se opera a inviolabilidade do escritório de advocacia, 
quando o próprio advogado seja suspeito da pratica de crime, sobretudo 
concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de 
exercício da profissão. 
Muitos alunos me fazem a seguinte pergunta: é possível a gravação telefônica 
por um dos interlocutores sem a autorização judicial, caso haja investida 
criminosa daquele que desconhece que a gravação esta sendo feita. 
De acordo com o STF, é "inconsistente e fere o senso comum falar-se em 
violação do direito privacidade quando interlocutor grava diálogos com 
sequestradores, estelionatários ou qualquer tipo de chantagista". 
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Outra exceção à regra do sigilo prevista pelo STF é a admissão da interceptação 
da comunicação telefônica entre o acusado em processo penal e seu defensor. 
Isso porque, apesar de o advogado ter seu sigilo profissional resguardado para o 
exercício de suas funções, tal direito não pode servir como escudo para a prática 
de atividades ilícitas, pois nenhum direito é absoluto. O simples fato de ser 
advogado não pode conferir, ao individuo, imunidade na pratica de delitos no 
exercício de sua profissão. 
 
Admite-se, também, que o sigilo de correspondência sofra limitações, no caso de 
conflito com outros bens jurídicos. Nesse sentido, entende o STF que a 
administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, 
de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre 
excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo 
único, da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida 
pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar 
não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas (HC 70.814. 
Primeira Turma, Di de 24/06/1994). 
 
Por fim, destaca-se que o STF entende que a apreensão do disco rígido do 
computador no qual estão armazenados os e-mails recebidos pelo investigado 
não viola o sigilo das comunicações de dados. Isso porque, nesse caso, não há 
quebra do sigilo das comunicações de dados (interceptação das comunicações), 
mas sim apreensão de base física na qual se encontram os dados. Em outras 
palavras, a proteção constitucional é da comunicação 'de dados' e não dos 
'dados', o que tornaria impossível qualquer investigação. 
 
Aspecto importante a ser discutido, quando da análise do art.5°, XII, CF, é o 
direito ao sigilo bancário. Esse direito, como todos os demais direitos 
fundamentais, não é absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do ST] de 
que "havendo satisfatória fundamentação judicial a ensejar a quebra do sigilo, 
não há violação a nenhuma cláusula pétrea constitucional." (STJ, Di de 
23.05.2005). 
Segundo a jurisprudência, podem determinar a quebra do sigilo bancário os 
juízes e as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Entretanto, isso se 
dará em situações excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade 
das informações solicitadas e cumprir as condições legais. 
Nesse sentido, não pode o Banco Central (Bacen), por exemplo, violar esse 
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sigilo, mesmo se o envio dos dados bancários se desse para o Ministério Público 
da União. Segundo o Mm. Marco Aurélio, se, de um lado, a notícia da prática de 
crime é dever de todo cidadão e, com base maior, de entidade como o Bacen, de 
outro, o afastamento do sigilo de dados, consoante disposto no inciso XII do art. 
50 da CF ("é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal"), somente se faria possível 
mediante ato de órgão judicial. 
Também entende o STF que os dados bancários somente podem ser usados para 
os fins da investigag5o que lhes deu origem, não sendo possível seu uso quanto 
a terceiros estranhos a causa (STF, INq. 923/DF, 18.04.1996). 
Por fim, destaca-se que, para o STF, não é necessária a oitiva do investigado 
para a determinação da quebra do sigilo bancário. Isso porque o principio do 
contraditório no prevalece na fase inquisitorial (STF, HC 55.447 e 69.372, RE 
136.239, DJ de 24.03.1995). 
Bem extenso não é mesmo? 
Assim vocês ficam craques em direito Constitucional! 
Seguindo em frente. 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 
Olha uma norma constitucional de eficácia contida!!!! Esse inciso trata da 
liberdade de atividade profissional. Dispõe que, na inexistência de lei que exija 
qualificações para o exercício de determinada profissão, qualquer pessoa poderá 
exercê-la. Entretanto, existente a lei, a profissão só poderá ser exercida

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