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curso 13947 aula 02 v1

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Aula 02
Legislação Penal e Processual Penal Especial p/ Polícia Civil-GO (Agente)
Professores: Marcos Girão, Paulo Guimarães
Legislação Penal e Processual Penal Especial para PC-GO 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 02 
 
Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 61 
AULA 02: Crimes de tortura. Crimes de Abuso de 
autoridade (Lei nº 4.898/1965). 
Observação importante: este curso é protegido por direitos 
autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, 
atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá 
outras providências. 
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e 
prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o 
trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente 
através do site Estratégia Concursos ;-) 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Crimes de tortura 2 
2. O direito de representação e o processo de
responsabilidade administrativa civil e penal, nos casos
de abuso de autoridade (Lei n° 4.898/1965).
12 
3. Resumo do concurseiro 25 
4. Questões comentadas 32 
5. Lista das questões apresentadas 52 
Olá, amigo concurseiro! Nosso curso está andando 
rapidamente e imagino que você está ganhando cada vez mais confiança 
na preparação, não é mesmo? - 
Quero desde já chamar sua atenção para a necessidade de 
estruturar uma boa estratégia de revisão. Claro que isso será mais 
importante nos dias que antecederem a sua prova, mas desde já é bom 
pensar nisso, ok? 
Força! Bons estudos! 
01406544108
Legislação Penal e Processual Penal Especial para PC-GO 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 02 
 
Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 61 
1. CRIMES DE TORTURA
A Lei dos Crimes de Tortura é pequena, mas muito 
importante. A Constituição Federal traz como princípio o repúdio à tortura 
e às penas degradantes, desumanas e cruéis. Vejamos o que diz a nossa 
Constituição sobre o assunto. 
Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante; 
[...] 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, 
se omitirem. 
A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insuscetível 
de graça ou anistia. ATENÇÃO! O crime de tortura não é imprescritível! 
Essa característica é aplicável apenas aos crimes de racismo e às ações 
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
estado democrático. 
Já houve decisão do STF no sentido de negar também a 
aplicação do indulto a condenado por crime de tortura. 
A Constituição determina que o crime de tortura é 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, mas não é 
imprescritível. 
01406544108
Legislação Penal e Processual Penal Especial para PC-GO 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 02 
 
Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 61 
O STF também já decidiu que o condenado por crime de 
tortura também não pode ser beneficiado com indulto. 
A definição de tortura deve ser buscada na Convenção 
Internacional contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, 
Desumanos e Degradantes, aprovada pelas Nações Unidas em 1984 e 
ratificada e promulgada pelo Brasil em 1991. 
O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos 
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma 
pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou 
confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha 
cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta 
pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em 
discriminação de qualquer natureza, quando tais dores ou sofrimentos 
são infligidos por um funcionários público ou outra pessoa no 
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu 
consentimento ou aquiescência. 
Podemos ver, portanto, que a tortura não resume à imposição 
de dor física, mas também está relacionada ao sofrimento mental e 
emocional. Essa agonia mental muitas vezes é chamada de tortura 
limpa, pois não deixa marcas perceptíveis facilmente. 
Antes da Lei n° 9.455/1997 não havia qualquer definição legal 
acerca do crime de tortura. O termo era mencionado em algumas leis, 
mas de forma genérica e esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou 
que houvesse a tipificação do crime de tortura antes da referida lei. 
A Lei da Tortura é muito criticada pela imprecisão na 
tipificação do crimes. A lei foi votada às pressas e sem muita discussão no 
Poder Legislativo, sob o impacto emocional no que aconteceu na Favela 
Naval, em Diadema. 
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Teoria e exercícios comentados 
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Esse caso se refere a uma série de reportagens investigativas 
conduzidas em 1997 acerca de condutas praticadas por policiais militares 
na Favela Naval. Esses policiais foram filmados extorquindo dinheiro, 
humilhando, espancando e executando pessoas numa blitz. 
O fervor das discussões então levou à apresentação de um 
projeto de lei que foi rapidamente aprovado pelo Poder Legislativo, sem 
as discussões que seriam necessárias à elaboração de uma lei 
tecnicamente bem feita. 
Esse é o pano da fundo da história, mas isso obviamente não 
interessa para a nossa prova, não é mesmo!? Vamos ao que realmente 
interessa, que é a análise do texto legal. 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima
ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico 
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter 
preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime 
material, pois só ha consumação com o próprio resultado: o sofrimento 
da vítima. Pela mesma razão, podemos dizer que é possível a tentativa 
e a desistência voluntária. 
Além disso, não se admite o arrependimento eficaz e 
nem o arrependimento posterior. O crime de tortura é de ação penal 
pública incondicionada. 
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Teoria e exercícios comentados 
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CRIME DE TORTURA 
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES 
É um crime material 
É possível a tentativa e a desistência voluntária 
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior 
Ação penal pública incondicionada 
Pelo texto do art. 1°, podemos concluir que há diferentes 
modalidades de tortura, a depender da intenção do agente criminoso. 
Vejamos quais são essas modalidades, de acordo com a própria lei e a 
Doutrina. 
MODALIDADES DE TORTURA 
TORTURA-PROVA ou TORTURA 
PERSECUTÓRIA 
Infligida com a finalidade de obter 
informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira 
SHVVRD��LQFLVR�,��DOtQHD�³D´�� 
TORTURA PARA A PRÁTICA DE 
CRIME ou TORTURA-CRIMEInfligida para provocar ação ou 
omissão de natureza criminosa. 
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou 
TORTURA-RACISMO 
Infligida em razão de 
discriminação racial ou religiosa 
TORTURA-CASTIGO 
Infligida como forma de aplicar 
castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
01406544108
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Teoria e exercícios comentados 
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Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que 
você memorize uma característica diferente. O inciso II do art. 1° tipifica 
a conduta daquele que inflige sofrimento a pessoa que esteja sob sua 
guarda, poder ou autoridade, com finalidade de castigar. 
Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um 
crime próprio, pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever 
de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima. Ao mesmo 
tempo exige-se também uma condição especial do sujeito passivo, que 
precisa estar sob a autoridade do torturador. 
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum é o do agente 
penitenciário que tortura presos, ou do pai que tortura os próprios filhos. 
As demais modalidades de tortura são crimes comuns, 
pois não se exige nenhuma qualidade especial do agente ou da vítima. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por 
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de 
medida legal. 
Esta é a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A 
MEDIDA DE SEGURANÇA. A tipificação específica de crime cometido 
contra essas pessoas reforça o que determina a Lei do Abuso de 
$XWRULGDGH�H�D�SUySULD�&RQVWLWXLomR�)HGHUDO��TXH�DVVHJXUD�³DRV�SUHVRV�R�
respeito j�LQWHJULGDGH�ItVLFD�H�PRUDO´� 
Perceba que esta conduta é a única que não exige dolo 
específico do agente. Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de 
segurança seja submetida a sofrimento, não sendo exigida nenhuma 
finalidade especial por parte do torturador. 
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§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a 
quatro anos. 
Esta é a OMISSÃO PERANTE A TORTURA. Já sabemos que, 
de acordo com o próprio Código Penal, a omissão só é penalmente 
UHOHYDQWH�³TXDQGR�R�RPLWHQWH�GHYLD�H�SRGLD�DJLU�SDUD�HYLWDU�R�UHVXOWDGR´� 
A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas 
criminaliza a omissão daquele que tinha o dever de agir para evitar a 
tortura, e não inclui aquele que, apesar de não ter o dever, tinha a 
possibilidade de impedir o ato de tortura e não o fez. 
Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA 
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e não o faz. 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão 
é de oito a dezesseis anos. 
Estas são as hipóteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas 
chamo sua atenção para as qualificadoras, que são o resultado lesão 
corporal grave ou gravíssima, ou morte. A lesão corporal leve não é 
qualificadora do crime de tortura. 
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A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de 
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver 
como resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, ainda, o 
resultado morte. 
Para esclarecer as questões acerca da natureza da lesão 
corporal, é interessante que você relembre o teor do art. 129 do Código 
Penal, que trata do tema. As hipóteses de lesão corporal grave estão 
previstas no §1°, enquanto o §2° traz os casos de lesão corporal 
gravíssima. 
CP, Art. 129. 
[...] 
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta 
dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
[...] 
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
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Agora voltaremos à Lei n° 9.455/1997 para analisar as causas 
de aumento de pena para o crime de tortura. 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público; 
II ± se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
A definição de agente público deve ser tomada de forma 
ampla, nos termos do Código Penal, que estabelece que, para efeito 
penais, deve ser considerado funcionário S~EOLFR� ³DTXHOH� TXH�� HPERUD�
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
S~EOLFD´� 
Você já sabe que, nos casos em que a condição de agente 
público é elementar do crime, não pode se aplicada esta agravante. Não 
faria sentido, por exemplo, aplicar agravante à TORTURA-CASTIGO 
infligida por agente penitenciário contra presos, pois, se o agente não 
fosse funcionário público, não poderia haver o crime. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são 
consideradas crianças as pessoas que tenham menos de 12 anos, 
enquanto adolescentes são aqueles que têm mais de 12 e menos de 18. 
Por fim, a agravante relacionada ao sequestro é aplicável 
quando a vítima é sequestrada e, durante o sequestro, o agente comete 
crime de tortura. Caso o agente cerceie a liberdade da vítima com a 
finalidade única de infligir a tortura, não há que se falar em sequestro. 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do 
prazo da pena aplicada. 
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Este é um efeito extrapenal administrativo da 
condenação. Caso o agente do crime de tortura seja funcionário público, 
perderá seu cargo, função ou emprego e ficará interditado para seu 
exercício pelo período equivalente ao dobro da pena. 
O STF e o STJ já decidiram que esse efeito decore 
automaticamente da condenação. 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do §
2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. 
Para responder as questões de prova com precisão, é 
importante conhecer, ao menos em parte, o conteúdo da Lei n° 
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a 
tortura. 
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas 
relativas aos crimes hediondos e equiparados em regime integralmente 
fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que 
houve derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. 
Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje 
todos os crimes hediondos e equiparados devem ter suas penas 
cumpridas inicialmente em regime fechado, mas é possível a 
progressão de regime.A polêmica, porém, não acabou. O STJ tem afirmado, em 
julgados recentes, que não é obrigatório que o condenado por crime 
de tortura inicie o cumprimento da pena em regime fechado. Esse 
entendimento decorre do posicionamento do STF relacionado aos crimes 
hediondos e equiparados, e entre os equiparados está o crime de tortura. 
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DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO 
CRIME DE TORTURA. 
Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o 
cumprimento da pena no regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º, 
§ 7º, da Lei 9.455/1997 ± lei que define os crimes de tortura e dá outras
providências ± TXH� ³2�FRQGHQDGR�SRU� FULPH�SUHYLVWR�QHVWD�/HL�� VDOYR�D
KLSyWHVH�GR�†��ž�� LQLFLDUi�R� FXPSULPHQWR�GD�SHQD�HP�UHJLPH�IHFKDGR´�
Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário do STF, ao julgar o HC
111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do
regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e
equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de
cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP.
Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput
e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que essa interpretação também
deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar a
regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a mesma
disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao
adotar essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do
STF, que assim dispõe: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art.
97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder 
público, afasta sua incidência, no todo ou em parte". De fato, o 
entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plenário do 
STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao Órgão Especial 
desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: "Os órgãos 
fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão 
especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver 
pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre 
a questão". Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte, 
deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, 
o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ
e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes 
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Teoria e exercícios comentados 
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sumulares: "Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o 
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em 
razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do 
delito." (Súmula 440 do STJ) e "A imposição do regime de cumprimento 
mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea." 
(Súmula 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-PR, Quinta 
Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado 
em 13/5/2014. 
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não 
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou 
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 
Em algumas situações, a Lei de Tortura pode ser aplicada 
mesmo fora do território nacional: 
- Quando a vítima do crime for brasileira;
- Quando o agente se encontre em local em que a lei
brasileira seja, em geral, aplicável. 
Encerramos aqui nosso estudo dos crimes de tortura. 
2. CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº 4.898/1965)
2.1. Introdução e aspectos gerais 
Quando pensamos em abuso de autoridade, vem à nossa 
mente logo a imagem de um policial excedendo seus poderes. Entretanto, 
qualquer servidor público que tenha entre suas atribuições a 
determinação de conduta pode cometer abuso de autoridade. 
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Vejamos a definição de autoridade trazida pela Lei nº 
4.898/1965. 
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem 
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, 
ainda que transitoriamente e sem remuneração. 
A definição trazida pela lei é bastante ampla, lembrando 
bastante o conceito de funcionário público para fins penais, não é 
mesmo? 
Já houve questões anteriores que cobraram o conhecimento 
dessa definição, então preste atenção. Pode ser considerado autoridade o 
servidor público, o membro do Poder Legislativo (Senador, Deputado, 
Vereador), o magistrado, o membro do Ministério Público (Promotor de 
Justiça, Procurador da República), bem como o militar das Forças 
Armadas, o Policial, o Bombeiro, etc. 
Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se 
autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza 
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. 
O crime de abuso de autoridade é, via de regra, um atentado 
contra as liberdades e garantias do cidadão. A própria Constituição 
confere a qualquer pessoa, na qualidade de garantia individual, o direito 
de petição contra o abuso de poder (art. 5°, XXXIV). 
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Vamos agora estudar de forma mais profunda esse direito, 
utilizando as definições e institutos trazidos pela Lei n° 4.898/1965, 
conhecida como Lei do Abuso de Autoridade. 
Art. 1º O direito de representação e o processo de 
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades 
que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela 
presente lei. 
Perceba que o objeto da lei não é apenas a responsabilidade 
penal do servidor público que cometer abuso, mas também a 
responsabilidade civil e a administrativa. 
A Lei n° 4.898/1965 trata do direito de representação e da 
responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que 
cometerem abusos. 
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de 
petição: 
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para
aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção; 
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência
para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada. 
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá 
a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as 
suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de 
testemunhas, no máximo de três, se as houver. 
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Já vimos que o direito de representação contra o abuso de 
autoridade pode ser exercido por qualquer pessoa. Além disso, não é 
necessária a assistência de advogado. 
Perceba que a petição deve ser dirigida a duas autoridades 
diferentes: uma é a autoridade superior àquela que cometeuo abuso, e 
que tenha competência para apurar o ilícito e aplicar a sanção. Outra é o 
Ministério Público, que detém competência constitucional para apurar 
crimes e promover a ação penal contra os culpados. 
Apesar de o dispositivo dar a entender que a persecução penal 
do abuso de autoridade deve dar-se por meio de ação penal pública 
condicionada à representação, a Lei n° 5.249/1967 deixa claro que o 
abuso de autoridade é crime de ação penal pública incondicionada e, 
portanto, não é necessário que haja a representação para que o Ministério 
Público aja. 
Os elementos formais que devem estar presentes na 
representação são os seguintes: 
- Exposição do fato;
- Qualificação do acusado;
- Rol de testemunhas (no máximo 3).
2.2. Crimes em espécie 
Os crimes de abuso de autoridade em geral obedecem a um 
formato específico: o atentado aos direitos fundamentais. São, portanto, 
crimes de perigo. 
Estudaremos agora as condutas previstas no art. 3º, e logo 
após as condutas do art. 4º. 
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ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
À liberdade de locomoção 
A liberdade é um direito fundamental tutelado por 
diversos dispositivos constitucionais, e pressupõe 
também princípio do nosso Direito Processual Penal: 
o indivíduo apenas pode ser preso quando praticar
flagrante delito, mediante ordem judicial ou em 
hipóteses de prisão administrativa aplicáveis apenas 
aos militares. 
À inviolabilidade do domicílio 
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GR� LQGLYtGXR´� H� SURtEH� D� HQWUDGD� VHP� R�
consentimento do morador, salvo em quatro 
hipóteses: 
- Flagrante delito;
- Desastre;
- Para prestar socorro;
- Durante o dia, por determinação judicial.
A Jurisprudência já tem assentido que o conceito de 
casa deve ser encarado de forma ampla, incluindo o 
local não aberto ao público onde é exercida 
atividade profissional. 
Ao sigilo da correspondência 
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da correspondência e das comunicações 
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A Jurisprudência já relativizou essa garantia, 
aceitando, por exemplo, que a correspondência 
destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente do 
estabelecimento prisional. 
À liberdade de consciência e 
de crença e ao livre exercício do 
culto religioso 
A liberdade de consciência e de crença também é 
considerada inviolável pela Constituição. Essa noção 
também já foi relativizada pela Jurisprudência: hoje 
já é pacífico que as manifestações religiosas não 
podem ofender outros direitos fundamentais, a 
exemplo do direito à vida, à liberdade, à integridade 
física, etc. 
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À liberdade de associação 
A Constituição assegura o direito de associação, 
independentemente de autorização estatal. A 
exceção fica por conta da proibição constitucional às 
associações de caráter paramilitar e com fins 
ilícitos. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício do 
voto 
O voto é um direito fundamental de todo cidadão 
brasileiro. Atos atentatórios à sistemática das 
eleições também são tipificados como crimes de 
responsabilidade. 
Ao direito de reunião 
A Constituição assegura o direito de reunião, desde 
que as pessoas reúnam-se de forma pacífica e sem 
armas, e não frustrem uma reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local. Apenas para fins de 
organização do Poder Público, é necessário 
comunicar previamente a ocorrência de reunião. 
À incolumidade física do 
indivíduo 
Não só a violência física, mas também a violência 
psicológica pode caracterizar o abuso de autoridade. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício 
profissional 
A liberdade de profissão também é assegurada pela 
Constituição, desde que sejam atendidas as 
qualificações profissionais estabelecidas em lei. Para 
exercer a advocacia, por exemplo, é requisito legal 
ser bacharel em Direito e estar inscrito nos quadros 
da OAB. 
ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
Ordenar ou executar medida 
privativa da liberdade 
individual, sem as formalidades 
legais ou com abuso de poder 
Mais uma vez o bem jurídico tutelado aqui é a 
liberdade. As formalidades legais mencionadas 
estão relacionadas, via de regra, à exigência de 
ordem judicial, exceto no que tange à prisão em 
flagrante delito e à prisão administrativa militar. 
Submeter pessoa sob sua guarda 
ou custódia a vexame ou a 
constrangimento não 
autorizado em lei 
Vexame é uma humilhação, uma vergonha 
infligida a uma pessoa. Esse abuso é aquele 
cometido pelo agente público que detém autoridade 
(poder de guarda) sobre outra pessoa. 
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Deixar de comunicar, 
imediatamente, ao juiz 
competente a prisão ou 
detenção de qualquer pessoa 
A Constituição determina que a prisão de qualquer 
pessoa deve ser comunicada imediatamente à 
autoridade judicial competente e à família do 
preso. 
Deixar o Juiz de ordenar o 
relaxamento de prisão ou 
detenção ilegal que lhe seja 
comunicada 
Obviamente esta conduta somente pode ser 
praticada por magistrado, e também ofende um 
dispositivo constitucional, que determina que a 
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Levar à prisão e nela deter quem 
quer que se proponha a prestar 
fiança, permitida em lei 
A regra do Direito Processual Penal brasileiro é a 
liberdade provisória. Em alguns casos, porém, a lei 
determina que a autoridade deve arbitrar uma 
fiança, e nesse caso se ela for paga não há razão 
para negar a liberdade. 
Cobrar o carcereiro ou agente de 
autoridade policial carceragem, 
custas, emolumentos ou 
qualquer outra despesa, desde 
que a cobrança não tenha apoio 
em lei, quer quanto à espécie 
quer quanto ao seu valor 
Esta conduta é praticada pela autoridade que cobra 
valores indevidos dos presos. Normalmente essas 
cobranças estão relacionadas à concessão de certos 
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praticados dentro da prisão. 
Recusar o carcereiro ou agente 
de autoridade policial recibo de 
importância recebida a título 
de carceragem, custas, 
emolumentos ou de qualquer 
outra despesa 
O ato lesivo da honra ou do 
patrimônio de pessoa natural ou 
jurídica, quando praticado com 
abuso ou desvio de poder ou sem 
competência legal 
Este tipo é muito amplo, e diz respeito a atos de 
autoridade praticados de forma ofensiva à honra e 
ao patrimônio da pessoa. É o caso, por exemplo, 
do agente de trânsito que, em vez de apenas 
aplicar a multa devida, profere xingamentos contra 
o motorista que pratica irregularidade.
Prolongar a execução de prisão 
temporária, de pena ou de 
medida de segurança, deixando 
de expedir em tempo oportuno 
A prisão temporária pode durar no máximo 5 dias 
(exceto nos crimes hediondos), ao fim dos quais, se 
não foi decretada a prisão preventiva, o próprio 
delegado deve providenciaro alvará de soltura. 
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ou de cumprir imediatamente 
ordem de liberdade 
Também comete crime de abuso o juiz que não 
emite ordem para que seja solto o preso que 
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do 
estabelecimento prisional que não cumpre a ordem. 
Para concluirmos nosso estudo das condutas relacionadas ao 
abuso de autoridade, chamo sua atenção para o conteúdo da Súmula 
Vinculante nº 11, do STF, editada em meio a uma grande controvérsia 
gerada pela anulação de um julgamento em razão do uso de o réu estar 
algemado durante a sessão. 
SÚMULA VINCULANTE Nº 11 do STF 
Uso de Algemas - Restrições - Responsabilidades do Agente e 
do Estado - Nulidades 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou 
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se 
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
2.3. Sanções 
A Lei do Abuso de Autoridade traz a possibilidade da aplicação 
de sanções administrativas, civis e penais. Estudaremos agora as sanções 
aplicáveis em cada uma das esferas. 
Para compreendermos as sanções administrativas, precisamos 
ter atenção a alguns aspectos relacionados ao Direito Administrativo, e 
também precisamos lembrar, em nossa análise, que a lei que estamos 
estudando é de 1965 e, portanto, pode ser necessário um esforço 
interpretativo direcionado à atualização dos institutos por ela 
mencionados. 
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ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
Advertência Apenas verbal. 
Repreensão Por escrito. 
Suspensão do cargo, função 
ou posto por prazo de 5 a 
180, com perda de 
vencimentos e vantagens 
O agente deixa de exercer o cargo por um período 
determinado, sem percepção de remuneração. 
Destituição de função 
Devemos entender que se trata da destituição de 
função de confiança ou de cargo em comissão. É 
uma penalidade equivalente à demissão. 
Demissão 
É a penalidade mais gravosa prevista na Lei nº 
8.112/1990, e consiste na perda de vínculo do 
servidor com a Administração Pública. 
Demissão, a bem do serviço 
público 
Esta modalidade de demissão era prevista no antigo 
estatuto dos servidores civis federais. Atualmente, 
ainda existe na Lei nº 8.429/1992, para a hipótese 
de demissão em razão de não entrega ou entrega 
fraudulenta de declaração de bens para posse e na 
Lei nº 8.026/1990, a qual definiu dois ilícitos 
funcionais contra a Fazenda Nacional e para eles 
previu tal pena de demissão. 
Quando a autoridade administrativa competente para aplicar a 
sanção receber a representação, deve determinar a instauração de 
inquérito para apurar o fato. Esse inquérito deve obedecer às normas 
próprias de cada esfera federativa, devendo a sanção ser anotada nos 
assentamentos funcionais. 
Vejamos agora o que a Lei do Abuso de Autoridade determina 
a respeito das sanções civis aplicáveis. 
Art. 6º, § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do 
dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez 
mil cruzeiros. 
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Hoje o valor determinado pela lei para a indenização civil 
obviamente não é mais aplicável. Na realidade, o estabelecimento de 
valores absolutos por meio de lei merece duras críticas, pois a 
Jurisprudência é pacífica no sentido de que em casos como esses não 
deve ser aplicada correção monetária. 
Para aplicar uma sanção civil hoje, o ofendido deve recorrer 
ao Poder Judiciário, que determinará o valor a ser pago a título de 
indenização, seguindo o regramento comum, constante do Código de 
Processo Civil. 
ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES PENAIS 
Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente 
Multa de cem a cinco mil cruzeiros 
Mais uma vez a lei trata de valores, que 
não são aplicáveis hoje. Hoje tem sido 
aplicada a regra de cálculo de multas do 
Código Penal, utilizando-se os dias-multa 
para determinar o montante. 
Detenção por 10 dias a 6 meses Não há pena de reclusão prevista na lei. 
Perda do cargo e a inabilitação para o 
exercício de qualquer outra função pública 
por prazo até 3 anos 
Quando o abuso for cometido por agente 
de autoridade policial, civil ou militar, 
de qualquer categoria, poderá ser 
cominada a pena autônoma ou acessória, 
de não poder o acusado exercer funções 
de natureza policial ou militar no município 
da culpa, por prazo de um a cinco anos. 
Esta é uma pena específica, aplicável 
somente quando o abuso de autoridade for 
cometido por policial civil ou militar. 
2.4. Processo penal 
Como regra geral, os crimes de abuso de autoridade são 
considerados de menor potencial ofensivo, sendo processados perante os 
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Juizados Especiais Criminais, por meio do procedimento sumaríssimo, 
criado pela Lei nº 9.099/1995. 
Para os casos em que o procedimento sumaríssimo não é 
aplicável, a própria Lei do Abuso de Autoridade traz procedimento próprio. 
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de 
inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, 
instruída com a representação da vítima do abuso. 
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, 
aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que 
o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua
citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e 
julgamento. 
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.
Lembre-se de que a ação penal é pública incondicionada, 
não sendo necessário que haja inquérito policial e nem representação da 
vítima. 
Caso haja representação da vítima, a denúncia deve ser 
apresentada no prazo de 48h. Essa regra demonstra a urgência 
conferida pela lei à apuração dos crimes de abuso de autoridade. 
Perante a inércia do Ministério Público, a própria lei permite a 
apresentação da ação penal privada subsidiária da pública. O 
Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer 
denúncia substitutiva, além de intervir em todos os termos do processo, 
interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, 
retomar a ação como parte principal. 
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver 
deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: 
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a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio
de duas testemunhas qualificadas; 
b) requerer ao Juiz, até setenta e duashoras antes da audiência de
instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as 
verificações necessárias. 
Caso haja vestígios do crime de abuso de autoridade, não é 
necessário que haja perícia, sendo suficiente a oitiva de duas 
testemunhas. Não há óbice, porém, à realização de perícia mediante 
requerimento formulado pelo ofendido ou pelo acusado. 
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e 
oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. 
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que 
deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro de cinco dias. 
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e
para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita por 
mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da 
representação e da denúncia. 
Perceba mais uma vez os prazos enxutos da lei. São apenas 
48h para que o magistrado decida pelo aceitação ou rejeição da 
denúncia. Caso haja a aceitação, no despacho já deve constar a data e 
hora da audiência, que deve ser realizada em no máximo 5 dias. 
Caso o membro do Ministério Público requeira o arquivamento 
do feito ao invés de oferecer a denúncia e o Juiz considerar as razões 
improcedentes, deverá enviar a representação ao Procurador-Geral, para 
que este ofereça a denúncia ou insista no arquivamento. 
Por fim, temos as regras da lei quanto à realização da 
audiência, nomeação de defensor, etc. 
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Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o 
interrogatório do réu, se estiver presente. 
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o 
Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos 
ulteriores termos do processo. 
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a 
palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver 
subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de 
quinze minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do 
Juiz. 
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a 
sentença. 
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3. RESUMO DO CONCURSEIRO
LEI Nº 9.455/1997 
A Constituição determina que o crime de tortura é 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, mas não é 
imprescritível. 
O STF também já decidiu que o condenado por crime de 
tortura também não pode ser beneficiado com indulto. 
CRIME DE TORTURA 
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES 
É um crime material 
É possível a tentativa e a desistência voluntária 
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior 
Ação penal pública incondicionada 
MODALIDADES DE TORTURA 
TORTURA-PROVA ou TORTURA 
PERSECUTÓRIA 
Infligida com a finalidade de obter 
informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira 
SHVVRD��LQFLVR�,��DOtQHD�³D´�� 
TORTURA PARA A PRÁTICA DE 
CRIME ou TORTURA-CRIME 
Infligida para provocar ação ou 
omissão de natureza criminosa. 
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou 
TORTURA-RACISMO 
Infligida em razão de 
discriminação racial ou religiosa 
TORTURA-CASTIGO 
Infligida como forma de aplicar 
castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
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Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA 
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e não o faz. 
A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de 
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver 
como resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, ainda, o 
resultado morte. 
LEI Nº 4.898/1965 
Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se 
autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza 
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. 
A Lei n° 4.898/1965 trata do direito de representação e da 
responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que 
cometerem abusos. 
ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
À liberdade de locomoção 
A liberdade é um direito fundamental tutelado por 
diversos dispositivos constitucionais, e pressupõe 
também princípio do nosso Direito Processual Penal: o 
indivíduo apenas pode ser preso quando praticar 
flagrante delito, mediante ordem judicial ou em 
hipóteses de prisão administrativa aplicáveis apenas 
aos militares. 
À inviolabilidade do domicílio 
$� &RQVWLWXLomR� TXDOLILFD� D� FDVD� FRPR� ³DVLOR� LQYLROiYHO�
GR� LQGLYtGXR´� H� SURtEH� D� HQWUDGD� VHP� R� FRQVHQWLPHQWR�
do morador, salvo em quatro hipóteses: 
- Flagrante delito;
- Desastre;
- Para prestar socorro;
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- Durante o dia, por determinação judicial.
A Jurisprudência já tem assentido que o conceito de 
casa deve ser encarado de forma ampla, incluindo o 
local não aberto ao público onde é exercida atividade 
profissional. 
Ao sigilo da correspondência 
$� &RQVWLWXLomR� HVWDEHOHFH� TXH� ³p� LQYLROiYHO� R� VLJLOR� GD�
FRUUHVSRQGrQFLD�H�GDV�FRPXQLFDo}HV�WHOHJUiILFDV´� 
A Jurisprudência já relativizou essa garantia, 
aceitando, por exemplo, que a correspondência 
destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente do 
estabelecimento prisional. 
À liberdade de consciência e 
de crença e ao livre exercício 
do culto religioso 
A liberdade de consciência e de crença também é 
considerada inviolável pela Constituição. Essa noção 
também já foi relativizada pela Jurisprudência: hoje já 
é pacífico que as manifestações religiosas não podem 
ofender outros direitos fundamentais, a exemplo do 
direito à vida, à liberdade, à integridade física, etc. 
À liberdade de associação 
A Constituição assegura o direito de associação, 
independentemente de autorização estatal. A exceção 
fica por conta da proibição constitucional às 
associações de caráter paramilitar e com fins ilícitos. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício do 
voto 
O voto é um direito fundamental de todo cidadão 
brasileiro. Atos atentatórios à sistemática das eleições 
também são tipificados como crimes de 
responsabilidade. 
Ao direito de reunião 
A Constituição assegura o direito de reunião, desde 
que as pessoas reúnam-se de forma pacífica e sem 
armas, e não frustrem uma reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local. Apenas para fins de 
organização do Poder Público, é necessário comunicar 
previamente a ocorrência de reunião. 
À incolumidade física do 
indivíduo 
Não só a violência física, mas também a violência 
psicológica pode caracterizar o abuso de autoridade. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício 
profissional 
A liberdade de profissão também é assegurada pela 
Constituição, desde que sejam atendidas as 
qualificações profissionais estabelecidas em lei. Paraexercer a advocacia, por exemplo, é requisito legal ser 
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bacharel em Direito e estar inscrito nos quadros da 
OAB. 
ABUSO DE AUTORIDADE ± CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
Ordenar ou executar medida 
privativa da liberdade 
individual, sem as formalidades 
legais ou com abuso de poder 
Mais uma vez o bem jurídico tutelado aqui é a 
liberdade. As formalidades legais mencionadas 
estão relacionadas, via de regra, à exigência de 
ordem judicial, exceto no que tange à prisão em 
flagrante delito e à prisão administrativa militar. 
Submeter pessoa sob sua guarda 
ou custódia a vexame ou a 
constrangimento não 
autorizado em lei 
Vexame é uma humilhação, uma vergonha 
infligida a uma pessoa. Esse abuso é aquele 
cometido pelo agente público que detém autoridade 
(poder de guarda) sobre outra pessoa. 
Deixar de comunicar, 
imediatamente, ao juiz 
competente a prisão ou 
detenção de qualquer pessoa 
A Constituição determina que a prisão de qualquer 
pessoa deve ser comunicada imediatamente à 
autoridade judicial competente e à família do 
preso. 
Deixar o Juiz de ordenar o 
relaxamento de prisão ou 
detenção ilegal que lhe seja 
comunicada 
Obviamente esta conduta somente pode ser 
praticada por magistrado, e também ofende um 
dispositivo constitucional, que determina que a 
³SULVmR� LOHJDO� VHUi� LPHGLDWDPHQWH� relaxada pela 
DXWRULGDGH�MXGLFLiULD´� 
Levar à prisão e nela deter quem 
quer que se proponha a prestar 
fiança, permitida em lei 
A regra do Direito Processual Penal brasileiro é a 
liberdade provisória. Em alguns casos, porém, a lei 
determina que a autoridade deve arbitrar uma 
fiança, e nesse caso se ela for paga não há razão 
para negar a liberdade. 
Cobrar o carcereiro ou agente de 
autoridade policial carceragem, 
custas, emolumentos ou 
qualquer outra despesa, desde 
que a cobrança não tenha apoio 
em lei, quer quanto à espécie 
quer quanto ao seu valor 
Esta conduta é praticada pela autoridade que cobra 
valores indevidos dos presos. Normalmente essas 
cobranças estão relacionadas à concessão de certos 
SULYLOpJLRV�� RX� j� ³YLVWD� JURVVD´� IHLWD� D� LOtFLWRV�
praticados dentro da prisão. 
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Recusar o carcereiro ou agente 
de autoridade policial recibo de 
importância recebida a título 
de carceragem, custas, 
emolumentos ou de qualquer 
outra despesa 
O ato lesivo da honra ou do 
patrimônio de pessoa natural ou 
jurídica, quando praticado com 
abuso ou desvio de poder ou sem 
competência legal 
Este tipo é muito amplo, e diz respeito a atos de 
autoridade praticados de forma ofensiva à honra e 
ao patrimônio da pessoa. É o caso, por exemplo, 
do agente de trânsito que, em vez de apenas 
aplicar a multa devida, profere xingamentos contra 
o motorista que pratica irregularidade.
Prolongar a execução de prisão 
temporária, de pena ou de 
medida de segurança, deixando 
de expedir em tempo oportuno 
ou de cumprir imediatamente 
ordem de liberdade 
A prisão temporária pode durar no máximo 5 dias 
(exceto nos crimes hediondos), ao fim dos quais, se 
não foi decretada a prisão preventiva, o próprio 
delegado deve providenciar o alvará de soltura. 
Também comete crime de abuso o juiz que não 
emite ordem para que seja solto o preso que 
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do 
estabelecimento prisional que não cumpre a ordem. 
SÚMULA VINCULANTE Nº 11 do STF 
Uso de Algemas - Restrições - Responsabilidades do Agente e 
do Estado - Nulidades 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou 
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se 
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
Advertência Apenas verbal. 
Repreensão Por escrito. 
01406544108
Legislação Penal e Processual Penal Especial para PC-GO 
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Suspensão do cargo, função ou 
posto por prazo de 5 a 180, 
com perda de vencimentos e 
vantagens 
O agente deixa de exercer o cargo por um período 
determinado, sem percepção de remuneração. 
Destituição de função 
Devemos entender que se trata da destituição de 
função de confiança ou de cargo em comissão. É 
uma penalidade equivalente à demissão. 
Demissão 
É a penalidade mais gravosa prevista na Lei nº 
8.112/1990, e consiste na perda de vínculo do 
servidor com a Administração Pública. 
Demissão, a bem do serviço 
público 
Esta modalidade de demissão era prevista no 
antigo estatuto dos servidores civis federais. 
Atualmente, ainda existe na Lei nº 8.429/1992, 
para a hipótese de demissão em razão de não 
entrega ou entrega fraudulenta de declaração de 
bens para posse e na Lei nº 8.026/1990, a qual 
definiu dois ilícitos funcionais contra a Fazenda 
Nacional e para eles previu tal pena de demissão. 
ABUSO DE AUTORIDADE ± SANÇÕES PENAIS 
Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente 
Multa de cem a cinco mil cruzeiros 
Mais uma vez a lei trata de valores, que não são 
aplicáveis hoje. Hoje tem sido aplicada a regra 
de cálculo de multas do Código Penal, utilizando-
se os dias-multa para determinar o montante. 
Detenção por 10 dias a 6 meses Não há pena de reclusão prevista na lei. 
Perda do cargo e a inabilitação para 
o exercício de qualquer outra função
pública por prazo até 3 anos 
Quando o abuso for cometido por 
agente de autoridade policial, 
civil ou militar, de qualquer 
categoria, poderá ser cominada a 
pena autônoma ou acessória, de não 
poder o acusado exercer funções de 
natureza policial ou militar no 
município da culpa, por prazo de um 
Esta é uma pena específica, aplicável somente 
quando o abuso de autoridade for cometido por 
policial civil ou militar. 
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a cinco anos. 
A seguir estão questões de concursos anteriores que tratam 
dos assuntos que estudamos hoje. Ao final, incluí a lista das questões 
sem os comentários. Estou disponível no fórum e no e-mail, ok? - 
Grande abraço! 
Paulo Guimarães 
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4. QUESTÕES COMENTADAS
1. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2015 ± Cespe. SITUAÇÃO
HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade
carcerária, colocou em perigo a saúde física de preso em virtude de
excesso na imposição da disciplina,com a mera intenção de aplicar
medida educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa
situação, o referido agente responderá pelo crime de tortura.
COMENTÁRIOS: Neste caso não podemos dizer que houve tortura, pois 
não houve dolo e nem sofrimento. Na realidade o caso trazido pela 
questão é de crime de maus tratos, tipificado no art. 136 do Código Penal. 
GABARITO: E 
2. DPU ± Defensor Público Federal ± 2015 ± Cespe. Caracteriza uma
das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego
de grave ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial,
causando-lhe sofrimento mental.
COMENTÁRIOS: Corretíssimo! Essa modalidade é a tortura-racismo. 
GABARITO: C 
3. SEAP-DF ± Agente de Atividades Penitenciárias ± 2015 ±
Universa. A condenação por crime de tortura acarretará a perda do
cargo, da função ou do emprego público e a interdição, para seu
exercício, pelo triplo do prazo da pena aplicada.
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COMENTÁRIOS: Opa! Olha a pegadinha!!! Na realidade a interdição 
deve perdurar pelo dobro do prazo da pena, e não pelo triplo! 
GABARITO: E 
4. PC-CE ± Escrivão de Polícia ± 2015 ± VUNESP. O crime de tortura
(Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto até um terço se for
praticado
a) ininterruptamente, por período superior a 24 h.
b) em concurso de pessoas
c) por motivos políticos.
d) contra mulher
e) por agente público.
COMENTÁRIOS: Aumenta-se a pena de um sexto até um terço nas 
seguintes circunstâncias: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
GABARITO: E 
5. DPE-RS ± Defensor Público ± 2014 ± FCC. Sobre a Lei nº 9.455/97
(Crimes de Tortura), é correto afirmar que
a) se a vítima da tortura for criança, a Lei nº 9.455/97 deve ser afastada
para incidência do tipo penal específico de tortura previsto no Estatuto da 
Criança e do Adolescente (art. 233 do ECA). 
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b) há previsão legal de crime por omissão.
c) é inviável a suspensão condicional do processo para qualquer das
modalidades típicas previstas na lei. 
d) o regramento impõe, para todos os tipos penais que prevê, que o
condenado inicie o cumprimento da pena em regime fechado. 
e) há vedação expressa, no corpo da lei, de aplicação do sursis para os
condenados por tortura. 
COMENTÁRIOS: A alternativa A está incorreta porque o tipo penal do 
ECA que tratava de tortura contra criança ou adolescente foi revogado 
pela Lei de Tortura. Hoje a tortura praticada contra criança, gestante, 
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos sujeita o 
infrator a aumento de pena de um sexto até um terço. A alternativa B 
está correta, pois a lei traz a previsão da tortura por omissão em seu art. 
1o, §2o. As alternativas C e E estão incorretas porque na tortura por 
omissão cabe a suspensão condicional do processo, uma vez que a pena 
deste delito é de 1 a 4 anos de detenção. A alternativa D está incorreta 
porque o STF já afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado. 
GABARITO: B 
6. DPE-PB ± Defensor Público ± 2014 ± FCC. Com relação à tortura,
cabe afirmar:
a) Genericamente trata-se de crime próprio.
b) Não está tipificada distintamente a conduta cometida com finalidade
puramente discriminatória. 
c) Na versão especificamente omissiva, trata-se de crime comum.
d) Trata-se de crime insuscetível de graça, porém não de anistia.
e) Pode ser aplicada a lei brasileira ao crime praticado por brasileiro no
estrangeiro. 
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COMENTÁRIOS: A alternativa A está incorreta porque, apesar de o crime 
ser considerado comum na maior parte das suas modalidades, o art. 1o, II 
traz uma modalidade própria do crime de tortura, assim como a tortura 
por omissão. Isso também torna a alternativa C incorreta. A alternativa B 
está incorreta por causa da previsão da tortura racismo (art. 1o��,��³F´���$�
alternativa D está incorreta porque a tortura é crime inafiançável e 
insuscetível de graça e anistia, nos termos da Constituição Federal. 
GABARITO: E 
7. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2013 ± Cespe. Joaquim, agente
penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três
anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos
da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo
prazo de seis anos.
COMENTÁRIOS: A condenação por crime de tortura acarreta a perda do 
cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo 
dobro do prazo da pena aplicada, nos termos do art. 1o, §5o da Lei no 
9.455/1997. 
GABARITO: C 
8. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2013 ± Cespe. Um agente
penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia,
permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber
água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia
cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situação, esse
agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de
violência ou grave ameaça contra José.
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COMENTÁRIOS: Para responder corretamente a questão você precisa 
conhecer o conteúdo do §1o do art. 1o GD�/HL�GH�7RUWXUD��³Na mesma pena 
incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a 
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto 
HP�OHL�RX�QmR�UHVXOWDQWH�GH�PHGLGD�OHJDO´� 
GABARITO: C 
9. PRF ± Agente ± 2013 ± Cespe. Para que um cidadão seja
processado e julgado por crime de tortura, é prescindível que esse crime
deixe vestígios de ordem física.
COMENTÁRIOS: $� SDODYUD� ³SUHVFLQGtYHO´� VLJQLILFD� ³GLVSHQViYHO´�� $�
assertiva, portanto, está dizendo que não é necessário que o crime de 
tortura deixe vestígios de ordem física. Nada impede que a prova do 
crime seja produzida de outras maneiras. 
GABARITO: C 
10. PC-BA ± Delegado de Polícia ± 2013 ± Cespe. Determinado
policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à
delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a
prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu
interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no
seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-
o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de
cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não
confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na
sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior,
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Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso 
sofrimentofísico e mental. 
Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei 
Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes. 
Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é 
imprescindível a realização de exame de corpo de delito que confirme as 
agressões sofridas por Luciano. 
COMENTÁRIOS: A Lei da Tortura não menciona em nenhum de seus 
dispositivos a necessidade de exame de corpo de delito para que se 
comprove que houve o crime. No exemplo dado na questão houve 
inclusive tortura de natureza mental/emocional. 
GABARITO: E 
11. MPU ± Técnico ± 2010 ± Cespe. O crime de tortura é inafiançável e
insuscetível de graça ou anistia.
COMENTÁRIOS: Esta é a letra da Constituição Federal, em seu art. 5º, 
XLIII. O STF já decidiu que o indulto também não é aplicável no caso de
crime de tortura. Lembre-se também de que o crime de tortura não é 
imprescritível! 
GABARITO: C 
12. MPU ± Técnico ± 2010 ± Cespe. É considerado crime de tortura
submeter alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.
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COMENTÁRIOS: Esta é a Tortura-Castigo. Lembre-se de que esta 
modalidade é crime próprio, pois somente pode ser praticado por quem 
tenha o dever de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima. 
Ao mesmo tempo exige-se também uma condição especial do sujeito 
passivo, que precisa estar sob a autoridade do torturador. 
GABARITO: C 
13. TJ-RO ± Analista Judiciário ± 2012 ± Cespe (adaptada). A perda
da função pública e a interdição de seu exercício pelo dobro do prazo da
condenação decorrente da prática de crime de tortura previsto em lei
especial são de imposição facultativa do julgador, tratando-se de efeito
genérico da condenação.
COMENTÁRIOS: A perda da função pública e a interdição de seu 
exercício são imediatas e obrigatórias, nos termos do §5° do art. 1° da 
Lei n° 9.455/1997. 
GABARITO: E 
14. TJ-AC ± Técnico Judiciário ± 2012 ± Cespe. Suponha que João,
penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com
emprego de violência, a contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-
lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João deverá
responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena
em regime inicial fechado.
COMENTÁRIOS: O crime de tortura exige um elemento subjetivo 
HVSHFtILFR�� ³REWHU informação, declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pesVRD´��³SURYRFDU�DomR�RX�RPLVVmR�GH�QDWXUH]D�FULPLQRVD´��³SRU�
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PRWLYR� GH� GLVFULPLQDomR� UDFLDO� RX� UHOLJLRVD´�� 2� DJHQWH� TXH� LQIOLJH�
sofrimento em outra pessoa por sadismo não comete crime de tortura, 
mas sim de lesão corporal ou, a depender do caso, de homicídio tentado. 
GABARITO: E 
15. DPF ± Agende da Polícia Federal ± 2012 ± Cespe. O policial
condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências
do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática
do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário,
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.
COMENTÁRIOS: A perda do cargo, emprego ou função pública é efeito 
extrapenal administrativo da condenação, e não precisa ser declarado 
pelo juiz. 
GABARITO: C 
16. DPU ± Defensor Público ± 2007 ± Cespe. Não se estende ao crime
de tortura a admissibilidade de progressão no regime de execução da
pena aplicada aos demais crimes hediondos.
COMENTÁRIOS: Para responder as questões de prova com precisão, é 
importante conhecer, ao menos em parte, o conteúdo da Lei n° 
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a 
tortura. Essa lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos 
crimes hediondos e equiparados em regime integralmente fechado. 
Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que houve 
derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. Em 2007 a 
Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e 
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equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime 
fechado, mas é possível a progressão de regime. 
GABARITO: E 
17. PC-RN ± Escrivão de Polícia Civil ± 2009 ± Cespe (adaptada).
Um delegado da polícia civil que perceba que um dos custodiados do
distrito onde é chefe está sendo fisicamente torturado pelos colegas de
cela, permanecendo indiferente ao fato, não será responsabilizado
criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n.º 9.455/1997 não podem
ser praticados por omissão.
COMENTÁRIOS: O crime de tortura conta com uma modalidade 
omissiva, prevista no §2° do art. 1°. Entretanto, apenas é criminalizada a 
omissão daquele que tinha o dever de agir para evitar ou apurar a 
ocorrência de atos de tortura. 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a 
quatro anos. 
GABARITO: E 
18. PC-RN ± Escrivão de Polícia Civil ± 2009 ± Cespe (adaptada).
Se um membro da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte,
integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos, for passar uma
temporada de trabalho no Haiti ² país que não pune o crime de tortura ²
e lá for vítima de tortura, não haverá como aplicar a Lei n.º 9.455/1997.
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COMENTÁRIOS: O art. 2° da Lei da Tortura determina que ela se aplica 
ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, 
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob 
jurisdição brasileira. 
GABARITO: E 
19. PC-ES ± Escrivão de Polícia ± 2011 ± Cespe. Excetuando-se o
caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos
crimes de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, iniciará
o agente condenado pela prática do crime de tortura o cumprimento da
pena em regime fechado. 
COMENTÁRIOS: Já deu para perceber quais são os assuntos preferidos 
do Cespe no que se refere à Lei de Tortura, não é mesmo? A assertiva 
está correta em função do teor do §7° do art. 1°. Lembre-se da exceção! 
GABARITO: C 
20. PC-ES ± Escrivão de Polícia ± 2011 ± Cespe. No crime de tortura
em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu
aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando,
portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta
descrita no tipo objetivo.
COMENTÁRIOS: A conduta do §1° do art. 1° é a única que não exige 
dolo específico por parte do agente do crime de tortura. 
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§ 1º Na mesmapena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita
a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da 
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
GABARITO: C 
21. PC-ES ± Delegado de Polícia ± 2011 ± Cespe. Considere a
seguinte situação hipotética. Rui, que é policial militar, mediante violência
e grave ameaça, infligiu intenso sofrimento físico e mental a um civil,
utilizando para isso as instalações do quartel de sua corporação. A
intenção do policial era obter a confissão da vítima em relação a um
suposto caso extraconjugal havido com sua esposa.
Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua 
condição de militar e de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o 
crime de tortura na forma tipificada em lei específica. 
COMENTÁRIOS: Aqui estamos diante da Tortura-Prova ou Tortura 
Persecutória: a tortura foi infligida com a finalidade de obter informação, 
declaração ou confissão da vítima. 
GABARITO: C 
22. MPE-RR ± Promotor de Justiça ± 2008 ± Cespe. Daniel, delegado
de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes
de polícia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia
sido detida, sob a acusação de porte de arma e de entorpecentes. O
delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de
lavrar o auto de prisão em flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos
de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os
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agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao 
detido que ele confessasse quem era o verdadeiro proprietário da droga. 
Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido 
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que 
havia guardado a droga para um conhecido traficante da região. O 
delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer 
em relação aos seus agentes, uma vez que os considerava excelentes 
policiais. Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma 
que, sendo proferida sentença condenatória, ocorrerá, automaticamente, 
a perda do cargo. 
COMENTÁRIOS: Nesta hipótese foi praticada a tortura em sua 
modalidade omissiva. Lembre-se de que este crime apenas pode ser 
praticado por aquele que tinha o dever de evitar ou apurar o ato de 
tortura e não o fez. 
GABARITO: C 
23. STJ ± Analista Judiciário ± 2008 ± Cespe. O condenado pela
prática de crime de tortura, por expressa previsão legal, não poderá ser
beneficiado por livramento condicional, se for reincidente específico em
crimes dessa natureza.
COMENTÁRIOS: Esta questão não diz respeito à Lei da Tortura, mas 
achei interessante coloca-la aqui. O livramento condicional não pode ser 
concedido nesse caso em função do art. 83 do Código Penal: 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao 
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, 
desde que 
[...] 
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V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação 
por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente 
específico em crimes dessa natureza. 
GABARITO: C 
24. DPF ± Delegado de Polícia Federal ± 2009 ± Cespe. A prática do
crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação
religiosa, pois, sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em
assuntos religiosos dos cidadãos.
COMENTÁRIOS: Esta modalidade é chamada de Tortura Discriminatória 
ou Tortura-Racismo, e é praticada em razão de discriminação religiosa ou 
racial. 
GABARITO: E 
25. DEPEN ± Agente Penitenciário ± 2015 ± Cespe. SITUAÇÃO
HIPOTÉTICA: Em seu local de trabalho, um servidor público federal,
agente de segurança, se desentendeu com um cidadão e desferiu um
soco na direção do rosto deste, mas, por circunstâncias alheias à sua
vontade, foi bloqueado por outro colega de trabalho que segurou-lhe o
braço. ASSERTIVA: Nessa situação, o agente de segurança deverá
responder pelo delito de tentativa de abuso de autoridade.
COMENTÁRIOS: Neste caso podemos dizer que o agente público 
incorreu na conduta prevista no art. 3o�� ³L´�� DWHQWDGR� j� LQFROXPLGDGH�
física do indivíduo. Perceba que a conduta típica é o próprio atentado, e 
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por isso não podemos falar em tentativa, mas sim em crime consumado 
mesPR��SRLV�D�³WHQWDWLYD´�Mi�p�D�FRQGXWD�WtSLFD� 
GABARITO: E 
26. TCE-RN ± Auditor ± 2015 ± Cespe. Conforme o entendimento do
STJ, ao acusado de crime de abuso de autoridade pode ser feita
proposta de transação penal.
COMENTÁRIOS: É verdade. O STJ já entendeu que é possível propor 
a transação penal no crime de abuso de autoridade, pois a Lei n. 
10.259/2001 não exclui da competência do Juizado Especial Criminal os 
crimes que possuam rito especial. 
GABARITO: C 
27. AGU ± Advogado ± 2015 ± Cespe. O crime de abuso de
autoridade, em todas as suas modalidades, é infração de menor
potencial ofensivo, sujeitando-se seu autor às medidas
despenalizadoras previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais
cíveis e criminais, desde que preenchidos os demais requisitos legais.
COMENTÁRIOS: O abuso de autoridade sujeita o seu autor a sanções 
civis, penais e administrativas. Dentre as sanções penais cominadas 
consta a detenção de 10 dias a 6 meses. Por isso podemos dizer que se 
trata de uma infração penal de menor potencial ofensivo, pois sua pena 
máxima cominada não é superior a 2 anos, e, portanto, podem ser 
aplicadas as medidas despenalizadoras previstas na Lei no 9.099/1995. 
GABARITO: C 
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28. AGU ± Advogado ± 2015 ± Cespe. Constitui abuso de
autoridade impedir que o advogado tenha acesso a processo
administrativo ao qual a lei garanta publicidade.
COMENTÁRIOS: Esta é uma das condutas previstas na lei, e consta no 
art. 3o��³M´� 
GABARITO: C 
29. TJDFT ± Juiz de Direito ± 2014 ± Cespe (adaptada). Entre as
sanções penais previstas na lei que dispõe sobre abuso de autoridade,
incluem-se a perda do cargo público e a inabilitação para o exercício de
qualquer outra função pública por prazo de até três anos.
COMENTÁRIOS: Exato! Perceba que a perda do cargo aí é sanção de 
natureza penal, mesmo, e não administrativa. Cuidado para não se 
confundir hein!? 
GABARITO: C 
30. TJ-AP ± Analista Judiciário ± 2014 ± FCC. Com relação às sanções
do abuso de autoridade previstas na Lei no 4.898/1965, considere o
parágrafo 5o do artigo 6o da Lei de Abuso de Autoridade.
Art. 6o (...) 
§ 5o Quando o ...... for cometido por agente de autoridade ...... , ...... ou 
...... , de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena ...... ou ...... , 
de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no 
01406544108
Legislação Penal e Processual Penal Especial para PC-GO 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães

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