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Concentração de renda

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Concentração de renda
Em economia, concentração de renda é o processo pelo qual a renda, proveniente de lucro, de salário, de aluguéis ([1] rent) e quasi-rents [2] - (como os juros oligopolísticos) - e de outros rendimentos, converge para uma mesma empresa, região ou grupo privilegiado de pessoas. [1]
Um dos métodos usados para se medir a concentração de renda é medir quanto o grupo formado pelos 10% mais ricos da população recebe em comparação ao grupo dos 10% mais pobres, conhecido como P90/P10 ou 10% mais ricos a 10% mais pobres. Outro índice muito conhecido é o Coeficiente de Gini.
Pelo critério P90/P10, o país com a menor concentração de renda do mundo é o Japão, a segunda maior potência econômica do planeta, com 4,23. O Japão tem um Coeficiente de Gini de 24,9 perdendo apenas para a Dinamarca, cujo coeficiente é de 24,7.
Dentre os países desenvolvidos, a maior concentração de renda está nos EUA 15,57, seguido pela França, com 9,1 (pelo critério P90/P10).
No Brasil a concentração de renda é tão intensa que o índice P90/P10 está em 68 (2001).[carece de fontes?] Ou seja, para cada Dólar que os 10% mais pobres recebem, os 10% mais ricos recebem 68. O Brasil ganha apenas da Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.[2]
Segundo dados do Human Development Report (HDR) – Organização das Nações Unidas (ONU), de 2004, o Brasil apresenta historicamente uma desigualdade extrema, com índice de Gini próximo a 0,6. Este valor indica uma desigualdade brutal e rara no resto do mundo, já que poucos países apresentam índice de Gini superior a 0,5. [3] Dos 127 países presentes no relatório, o Brasil apresenta o 8º pior índice de desigualdade do mundo, superando todos os países da América do Sul e ficando apenas à frente de sete países africanos. [3] 
No Brasil as classes dirigentes têm demonstrado não ser sensíveis às questões de distribuição de renda. Ainda não se deram conta dos graves prejuízos que a excessiva desigualdade na distribuição da renda nacional causa ao próprio desenvolvimento econômico de seu país, a longo prazo. Sobre esse tema já disse Florestan Fernandes:
No Brasil, sempre se seguiu a rotina de privilegiar os privilegiados, sem tentativas frutíferas de intervenção programada na distribuição da renda. [4] 
Muitos tentam colocar a questão em termos puramente ideológicos. Na realidade a má distribuição de renda em um país é sobretudo um parametro econômico e de sua melhoria - que é condição para se obter um mais acelerado crescimento econômico, - deveriam se preocupar os economistas brasileiros de todos os matizes "ideológicos", da "extrema esquerda" à "extrema direita".
A melhor prova disso é que até o Banco Mundial, órgão ligado ao FMI, faz gestões para sensibilizar as elites governantes dos países subdesenvolvidos para tentar engajá-las num esforço para melhorar a distribuição de renda nos países que dirigem:
Um comitê conjunto formado pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) conclamou os países em desenvolvimento, assim como os doadores, a acelerar os esforços com vistas a atingir as metas de redução de pobreza acordadas internacionalmente, até a data prevista de 2015. [5] 
Pelo menos no que se refere ao Brasil, tudo indica que tais esforços meritórios do Banco Mundial ainda não surtiram quaisquer resultados práticos.
Concentração de renda no Brasil 
Assim, definir e compreender a pobreza e suas várias dimensões é, também, tornar transparente o número da população excluída de políticas públicas e de direitos sociais previstos e assegurados pela Constituição brasileira. Portanto, o Brasil, com 170 milhões de habitantes, a nona economia mundial e a quarta maior concentração de renda do planeta (só perdendo para países como Serra Leoa, República Centro-Africana e Suazilândia), tem em seu território cerca de 50 milhões de pessoas vivendo em condições de indigência, com renda inferior a 80 reais por mês. Ou seja, 29,26% da população do país não conseguem atender minimamente a suas necessidades diárias, de acordo com a pesquisa divulgada no primeiro semestre de 2002 pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro. 
No que concerne à concentração de renda no Brasil, é importante notar que, enquanto 1% das famílias mais ricas consome 15% da renda, mais de 85 milhões de pessoas, que compõem a metade mais pobre da população, consomem apenas 12%. Em meio a esses dados numéricos, há também a triste revelação de que a concentração extrema da renda está apoiada numa estrutura de poder fortemente controlada por elites tradicionais - locais e nacionais -, que pouco mudaram sua maneira de fazer política e de governar o país no último século. 
No relatório elaborado em 2000 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre a pobreza no planeta, foi explicitado que, no Brasil, a maior parte dos benefícios sociais se destinava à classe média e aos ricos. 
Também segundo esse estudo, a persistência da pobreza em nosso território tinha como causa direta as diferenças abissais de renda. Seguindo a mesma ordem de raciocínio, tal relatório afirmava que novas políticas eram necessárias para reduzir a desigualdade e estimular um maior crescimento econômico. Por fim, esse documento chamava a atenção para o fato de que a distribuição desigual do gasto social era a grande responsável pela persistência da pobreza no país. 
Em meio a esse cenário desolador, acrescente-se a dificuldade da população empobrecida de ocupar espaços de informação, conscientização, mobilização e participação política. Como é sabido, quanto mais pobres existirem numa sociedade, menores serão as chances de gerar espaços políticos de controle e mudança social.

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