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plano de aula 1 - Faculdade Estácio de Sá

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Plano de Aula: A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da 
cultura 
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001 
Título 
A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
1 
Tema 
A questão do conhecimento: senso comum e pensamento científico. 
Objetivos 
Reconhecer o conhecimento como característica do ser humano. 
Identificar as características do senso comum. 
Distinguir o conhecimento científico do senso comum. 
Compreender a importância do pensamento científico para a elaboração de uma visão crítico-reflexiva da 
sociedade. 
Estrutura do Conteúdo 
Antes da aula, leia o Capítulo 1 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 10 até a 18. 
 
1 - O conhecimento como característica do ser humano 
O homem é o único animal que vive no mundo e pensa sobre o mundo em que vive. Ao pensar, ele 
formula explicações acerca da realidade e dos fenômenos que o cerca. Portanto, é no ato de pensar 
que o homem conhece a si e o mundo, manifestando isso através da linguagem. 
Logos: lógica, razão, palavra, estudo > pensamento, linguagem, conhecimento, discurso. 
Em resumo, logos significa palavra e estudo, ou seja, linguagem e pensamento ao mesmo tempo. 
É interessante observar que linguagem e pensamento são coisas indissociáveis, não se pode conceber 
uma sem a outra. 
Tomemos, então as seguintes definições: 
- pensamento: capacidade de, ao articular acontecimentos, coisas e fatos, instaurar um sentido. 
- linguagem: capacidade de tornar esse sentido manifesto. 
"O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar". 
(Lupicínio Rodrigues) 
As coisas não têm um sentido em si, os homens é que lhes dão sentido, através do pensamento e da 
palavra, que, sistematizados de alguma maneira, formam o CONHECIMENTO. 
 
2 - Formas de conhecimento 
A ciência é uma forma de conhecimento, não é? Mas será que sempre foi? É a única forma de 
conhecimento? Não, existem algumas formas de conhecer além da ciência. O homem sempre buscou 
expressar o conhecimento dos fenômenos da natureza e de si mesmo utilizando-se de outros tipos de 
linguagem que não a científica. 
2.1. O mito 
O mito é uma narrativa, uma fala, que contém em si diversas ideias. É uma mensagem cifrada, que nã o é 
entendida facilmente por quem não está dentro da cultura de que o mito faz parte. 
O mito não é objetivo, assim como não se situa no tempo, fala das origens, sem, no entanto, referir -se ao 
contexto histórico. Trata de tempos fabulosos. 
Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que as pessoas sentem intuitivamente. 
O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma espécie de conhecimento, muitas vezes 
sobre a origem do mundo, algumas sobre processos de cura, outras sobre interpretações de fenômenos 
da natureza e, ainda, sobre a sociedade e a relação entre os homens, através de histórias mitológicas. 
Quem não ouviu falar do mito do Cupido, que fala do enamoramento? 
2.2. Conhecimento religioso 
Esse tipo de conhecimento do mundo se dá a partir da separação entre a esfera do sagrado e do profano. 
As religiões também apresentam, de forma geral, uma narrativa sobrenatural para o mundo, porém, para 
aderir a uma religião, é condição fundamental crer ou ter fé nessa narrativa. Além disso, é u ma parte 
essencial da crença religiosa a fé no fato de que essa narrativa sobrenatural pode proporcionar ao 
homem uma garantia de salvação, bem como prescrever maneiras ou técnicas de obter e conservar essa 
garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações. 
2.3. Conhecimento filosófico 
De modo geral, o conhecimento filosófico pode ser traduzido como amor à sabedoria, à busca do 
conhecimento. O saber filosófico trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem 
e sua presença no universo. A Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em problema. Por isso, 
é, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova material da realidade. 
Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas questões 
formuladas pela mente, ela é traduzida em ideologia. E como tal influi diretamente na vida concreta do ser 
humano, orientando sua atividade prática e intelectual. 
2.4. Senso comum 
Retomando a ideia de que as coisas por si só não têm sentido, sendo este atribuído a elas pelos homens, 
tratemos agora do senso comum, que é algum sentido dado coletivamente às coisas vividas. Para se 
orientar no mundo, o ser humano assume como certas e seguras diversas coisas, situações e relações 
entre fatos, coisas e situações. 
Nem sempre o senso comum representa a realidade. É o caso daquele cidadão fumante que, respeitoso 
pelas regras de convívio, não fuma em ambientes em que haja outras pessoas, como um ônibus. Ele 
costuma esperar seu ônibus sem acender um cigarro, pois logo o ônibus chegará, deixando, assim, o 
prazer de fumar para depois da viagem. Se o ônibus, porém, demora a chegar, a falta de nicotina em seu 
organismo o deixará em estado de ansiedade que o levará a acender um cigarro. Como já se terá 
passado algum tempo de espera, o ônibus provavelmente já estará próximo e, assim, nosso amigo será 
surpreendido antes de acabar o cigarro. Como em sua experiência diária, pouco depois de acender o 
cigarro, é surpreendido com a aparição do ônibus, poderia supor que o fato de acender o cigarro causa a 
chegada do ônibus. O fenômeno observado por várias pessoas poderia estabelecer uma crença comum 
na causalidade entre o ato de acender o cigarro e o ônibus chegar. Aí está um caso de armadilha que o 
senso comum pode conter. 
Algo simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que a humanidade estabelecesse 
mais uma diferença fundamental entre formas de pensamento humano, entre o senso comum e a 
ciência. 
2.5. Ciência 
A ciência é uma forma de conhecimento, ou seja, é um tipo de sistematização de discursos (logos). Não é 
só o modo como são organizados os discursos, mas o próprio discurso científico é que tem características 
próprias. Ele se refere a algo bastante especificado. Não se faz ciência sobre a vida em geral ou o mundo 
em geral. Faz-se ciência quando se delimita aquilo que se quer estudar, o objeto de que se quer tratar. O 
objeto não é apenas delimitado, é construído, pois trata-se de algo ideal, de uma representação. 
Mesmo nas ciências em que o objeto parece bastante concreto, como a química, por exemplo, que lida 
com os elementos da natureza, o discurso é montado sobre uma abstração, uma representação. O 
discurso científico trata do ferro ou do manganês abstratamente, fala de suas propriedades, classifica-as, 
agrupa os elementos de acordo com suas propriedades. O químico diz, por exemplo, que o sódio, o lítio e 
o potássio têm propriedades semelhantes e, por este motivo, pode classificá -los em um mesmo 
compartimento de saber, em uma mesma unidade abstrata de conhecimento, em uma mesma coluna da 
tabela periódica. Esta delimitação é da ordem do discurso e não da experiência. 
Evidentemente, a delimitação é resultado da experiência humana na lida com os elementos da natureza. 
E, além disso, os resultados das sistematizações dos discursos podem ser verificados em condições 
experimentais, isto é, em laboratórios. O que se procura verificar é se o discurso que se fez é verdadeiro, 
ou seja, se o que se disse é condizente com a realidade. E isto que se diss e tem o nome de hipótese, 
outra palavra grega, que significa: (hipo: sob, embaixo de) + thesis (tese, proposição, ato de por). Isto é, a 
hipótese é um discurso que está, na hierarquia do conhecimento, abaixo da tese. Esta só existe depois da 
verificação pela experiência. 
Na produção do conhecimento científico é necessário, também, que se aja com MÉTODO. 
Método gregomethodos: meta (por, através de) + hodos (caminho) 
Método, assim, é o caminho que se deve trilhar para se obter determinado resultado desejad o. No caso 
de que tratamos aqui, método científico é o caminho para se obter o CONHECIMENTO CIENTÍFICO. 
Aplicação Prática Teórica 
Questão discursiva: 
Leia o diálogo a seguir. 
- Hoje o sol está de rachar! 
- É verdade! Como pode uma bola de fogo menor que a Terra, que fica girando em volta da gente, fazer 
tanto calor? 
- Que nada, homem! A Terra é menor do que o sol! É por isso que faz tanto calor! 
 
A Ciência, recorrentemente, se defronta com raciocínios desse tipo, relacionado a falsas certezas. 
Demonstre as principais diferenças entre o pensamento científico e o senso comum e apresente, pelo 
menos, dois outros exemplos de convicções equivocadas decorrentes da utilização do senso comum e 
refutadas pela ciência. 
 
Questão de múltipla escolha: 
?Foram os gregos que, rompendo com o senso comum, com a tradição e o misticismo, desenvolveram 
uma reflexão laica e independente, própria do espírito especulativo, que se debruçava sobre o mundo 
procurando entendê-lo em sua objetividade? (Cristina Costa. Sociologia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 
2005). Esse conhecimento, denominado filosófico, tem como importante característica: 
A) A busca do entendimento do mundo por meio da separação entre as esferas do sagrado e do profano. 
B) A compreensão do mundo por meio do aprendizado acumulado de gerações anteriores. 
C) A busca da comprovação das relações de causa e efeito entre os fenômenos observados. 
D) A tentativa de explicar a realidade a partir de narrativas mitológicas. 
E) A contínua busca do conhecimento por meio do questionamento, da reflexão.

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