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Estratégias de Investigação
Necessidade de Definir uma Estratégia de Investigação
Para realizar a sua pesquisa, o sociólogo dispõe de um conjunto de instrumentos que pode accionar – teorias, métodos e técnicas. No entanto, não os irá utilizar de uma forma indiscriminada, pois, a partir da questão formulada, começa-se a construir uma metodologia para o processo de pesquisa.
O processo de investigação segue uma trajectória e obedece a uma estratégia que se designa por estratégia de investigação – trajectória escolhida para a pesquisa. A sua escolha depende, essencialmente dos objectivos da pesquisa e da dimensão do universo a estudar.
Tendo em conta estes condicionalismos, é possível identificar diferentes estratégias de investigação, das quais se destacam as seguintes:
1. Estratégia intensiva;
2. Estratégia extensiva;
3. Estratégia investigação-acção.
Principais Estratégias de Investigação:
Estratégia de Investigação Intensiva [características] – neste tipo de investigação, utilizada em estudos que analisam grupos de dimensão reduzida, privilegia-se a abordagem directa das pessoas nos seus próprios contextos de interacção, através da observação participante ou não. Para além disto, tende-se a utilizar técnicas não só qualitativas como quantitativas ou extensivas.
[adequação/quando utilizar] Uma estratégia de investigação deve ser de carácter intensivo quando o universo a estudar é de pequena dimensão, pois só desta forma é que o sociólogo pode recorrer a uma multiplicidade de técnicas que lhe permitam estabelecer um contacto directo com a população em estudo.
Estratégia de Investigação Extensiva [características] – neste tipo de investigação, utilizada em estudos que analisam grupos de dimensão muito grande, tem de se formar e aplicar um inquérito por questionário a uma amostra representativa do universo – devido à sua grande dimensão que não permite o contacto directo com toda a população do universo do estudo –, permitindo a generalização das suas conclusões ao mesmo. Para além disto, recorre-se preferencialmente a técnicas quantitativas.
[adequação/quando utilizar] Uma estratégia de investigação não pode ser de carácter intensivo quando o universo a estudar é de grande dimensão, porque, sendo a população muito numerosa, o investigador não consegue ter contacto directo com todos os seus elementos. Para resolver este problema há que se optar por um carácter extensivo, constituindo-se um subgrupo representativo da população a estudar que seja representativa do universo de estudo, isto é, que apresente uma composição e características idênticas a ele – amostra. Desta forma, o sociólogo poderá aplicar, nessa amostra, o inquérito por questionário que ia utilizar no universo do estudo. Após a recolha e tratamento das informações recolhidas, os resultados poderão ser generalizados ao universo do estudo.
Investigação-acção – neste tipo de investigação, o investigador é simultaneamente actor, pois envolve-se directamente com o grupo que vai analisar, aplicando directamente os conhecimentos produzidos. Para além disto, podem utilizar-se tanto as técnicas quantitativas como as qualitativas.
Vantagens das Estratégias de Investigação:
Intensiva:
Profundidade de observação;
Valorização do quotidiano dos agentes sociais e das suas formas de expressão no próprio momento em que se produzem;
Atenção à especificidade de cada caso.
Extensiva:
Observação de populações numerosas;
Comparabilidade dos resultados e representatividade estatística;
Detecção das regularidades ou padrões nas práticas sociais estudadas.
Desvantagens das Estratégias de Investigação:
Intensiva:
Dificuldades na generalização da informação recolhida;
Maior tendência para a empatia e identificação com os observados, podendo-se perder objectividade;
Extensiva:
Superficialidade da informação recolhida;
«Frieza» e dificuldade em captar o lado vivido dos fenómenos sociais.
Métodos de Determinação da Amostra:
Método de amostragem casual (aleatório, ao acaso) – o facto que qualquer elemento do universo poder ser seleccionado oferece maiores garantias a este método;
Método de amostragem não causal (dirigido, não ao acaso).
Etapas de Investigação
Princípios Básicos do Procedimento Científico
O processo de investigação envolve um conjunto de fases – etapas de investigação –, as quais devem respeitar «os princípios básicos do procedimento científico»:
Ruptura com os preconceitos e as falsas evidências que a realidade tão próxima dos indivíduos proporciona;
Construção de um quadro teórico de referência, indispensável para se operar a ruptura e validar a experimentação;
Verificação das explicações formuladas.
Fases/Etapas de Investigação
As etapas de investigação seguem normalmente um modelo padrão do qual se destacam as seguintes fases:
Definição do problema – deve ser clara [«o que se entende por funcionamento de uma escola?»], exequível [disponho de condições para analisar o problema?] e pertinente [poderei ficar a conhecer o assunto a analisar através da minha investigação?];
Estudo exploratório – recolha de informações sobre o tema a investigar, através da pesquisa documental ou da análise de dados estatísticos, podendo-se também contactar especialistas sobre o assunto.
Definição de hipóteses de trabalho – formulação de hipóteses explicativas do fenómeno em análise, recorrendo à produção teórica já existente sobre o tema em análise. 
Selecção e aplicação dos instrumentos de observação – Escolher os instrumentos (técnicas) capazes de fornecer as informações adequadas para testar as hipóteses.
Recolha da informação – aplicação dos instrumentos de observação escolhidos, a todo o universo ou apenas a uma parte, com o objectivo de recolher a informação útil para a investigação.
Análise da informação recolhida – análise dos dados obtidos no sentido de verificar se correspondem aos problemas e/ou hipóteses colocadas. Esta etapa corresponde ao processo de verificação empírica, cujo resultado final poderá significar a comprovação ou a refutação dos problemas e/ou das hipóteses formuladas.
Conclusões – apresentação das conclusões do estudo e de todos os procedimentos seguidos.
TÉCNICAS
Técnicas Documentais E Não Documentais 
Os sociólogos dispõem de um conjunto de técnicas que, seleccionadas pelo método, são utilizadas para recolher e tratar a informação sobre a realidade social e que se dividem em dois grandes grupos:
Técnicas documentais, baseadas na observação de documentos escritos e não escritos, englobam a pesquisa documental e a análise de conteúdo;
Técnicas não documentais, que englobam a observação (participante e não participante).
Técnicas Documentais:
Pesquisa documental – a pesquisa documental é uma técnica, de base qualitativa, que tem por base a observação e a análise de documentos já existentes que se relacionem com os fenómenos sociais em análise. Este tipo de pesquisa pode ser efectuado em documentos escritos ou não-escritos e possibilita a formulação das hipóteses de trabalho e a sua posterior verificação empírica.
Análise de conteúdo – a análise de conteúdo é uma técnica, de base quantitativa, que permite analisar texto a partir do agrupamento de significações (contando o número de vezes que certas palavras ocorrem num texto, por exemplo). Este tipo de técnica visa captar as informações explícitas no texto e o contexto em que foram produzidas.
Técnicas Não Documentais:
Observação – é uma técnica fundamental da investigação sociológica, pois o contacto directo pode mostrar características dos indivíduos e dos grupos impossíveis de descobrir quando se utilizam as outras técnicas de investigação. Desta forma, a compreensão dos comportamentos e das práticas sociais só é possível a partir da sua observação minuciosa e sistemática.
Existem diferentes formas de observação, que dependem da integração ou não integração do investigador no grupo em análise:
Observação participante;
Observação não participante.
Observação Participante
Na observação participante,o investigador envolve-se directamente com o grupo social que estuda, participando na sua vida colectiva, o que lhe permite observar e registar com rigor e precisão os comportamentos e os fenómenos que ocorrem na vida do grupo. Contudo, com este envolvimento, o investigador arrisca-se a cair na participação inobservante com uma interiorização total dos interesses e ideias do grupo a estudar e a cair numa observação distante e fria que lhe impeça uma visão profunda do grupo social a estudar.
Observação Não Participante
Na observação não participante, o investigador, embora observando o grupo em análise de forma directa, mantém uma posição de exterioridade relativamente a ele. Deste tipo de observação fazem parte as técnicas de inquérito, das quais se destacam:
Inquérito por entrevista
A entrevista é uma técnica de inquérito cuja recolha de informações utiliza sempre a comunicação verbal, pondo face a face o investigador com o entrevistado. Este tipo de inquérito pode assumir diversas formas, das quais se destacam as:
Não directivas (entrevista clínica e entrevista em profundidade) – a entrevista não directiva é uma entrevista informal, na qual o entrevistador intervém o mínimo possível, incentivando o entrevistado a exprimir-se livremente com vista a que este organize o seu próprio discurso de forma livre. Este tipo de entrevista pode ser de grande riqueza informativa e atingir um elevado grau de profundidade.
Semidirectivas (entrevista centrada) – a entrevista semidirectiva encontra-se num estádio intermédio entre a entrevista não directiva e directiva. Neste tipo de entrevista, o entrevistador dispõe de uma série de perguntas abertas ou de tópicos a partir dos quais recolhe as informações junto do(s) entrevistado(s), embora estes (perguntas e tópicos) sejam abordados de uma forma aleatória, consoante o decorrer da conversa e não de uma forma previamente definida.
Directivas – a entrevista directiva é uma entrevista inteiramente formalizada, na qual o entrevistador utiliza um guião com perguntas pré-determinadas de acordo com uma ordem e lógicas precisas. Essas perguntas podem assumir a forma de um questionário, com perguntas abertas e fechadas, que será preenchido pelo entrevistador. Com este tipo de entrevista, os resultados apresentam um elevado grau de padronização, sendo por isso mais fáceis de tratar e de quantificar.
Vantagens
As entrevistas apresentam como grande vantagem o facto de permitirem um elevado grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos porque o entrevistador, ao tentar respeitar a linguagem e os quadros de referência dos entrevistados, consegue compreender melhor o sentido que eles dão às suas práticas sociais e às situações com que se vêem confrontados. 
Para além disso, as entrevistas permitem também uma grande flexibilidade, na medida em que o contacto directo permite que o entrevistador, no decorrer da entrevista, vá alterando e explicando melhor as perguntas de acordo com os objectivos que pretende atingir e, por sua vez, o entrevistado vá respondendo de uma forma mais clara às mesmas.
Deste modo, as informações recolhidas devem ser analisadas qualitativamente, recorrendo a técnicas apropriadas, de preferência à análise de conteúdo.
Desvantagens
As entrevistas também apresentam algumas desvantagens, como a dificuldade de se proceder a generalizações se não se utilizar esta técnica (análise de conteúdo) juntamente com outras, pois, embora permitam obter informações em profundidade, não permitem obter informações em extensão, dado ser difícil efectuar um elevado número de entrevistas. Desta forma, as entrevistas são aconselháveis, sobretudo, aos estudos intensivos.
Inquérito por questionário
O questionário é uma técnica de inquérito, cuja recolha de informação se baseia na aplicação de um conjunto de perguntas estruturadas, de acordo com uma forma e uma ordem previamente programas, a um determinado nº de indivíduos. Ao contrário da entrevista, pode excluir a comunicação oral: nalguns casos, é preenchido pelos próprios inquiridos – administração directa –, noutros, é o entrevistador que formula e regista as respostas dos inquiridos – administração indirecta. Neste tipo de técnica, as perguntas podem ser de:
Questões fechadas, cujas respostas estão previamente tipificadas pelo inquiridor, tendo o inquirido de optar por uma delas. A informação que fornecem não é tão vasta, mas são mais fáceis de tratar estatisticamente.
Questões abertas, nas quais o inquirido se pode exprimir livremente utilizando as suas próprias palavas. A informação que fornecem é mais rica, mas o seu tratamento é bastante é bastante mais difícil, pois, muitas vezes, tem de ser efectuada uma análise do seu conteúdo e dificilmente são codificadas, impedindo assim o seu tratamento estatístico.
Esta técnica adequa-se aos estudos extensivos de universos muito grandes pois pode ser aplicado a uma amostra representativa do universo em estudo e porque os dados obtidos podem ser tratados quantitativamente, possibilitando uma generalização para o universo em estudo.
Nos inquéritos por questionário não se pode improvisar. Deste modo, existem várias fases no processo de realização dos inquéritos por questionário:
Definição do objectivo do inquérito e das hipóteses de trabalho – após definir o objecto de estudo e as respectivas hipóteses, o investigador tem de confirmar, face ao primeiro, que o inquérito por questionário é de facto a técnica mais adequada para recolher os dados que poderão validar as suas hipóteses.
Determinação do universo e construção da amostra – determina-se o universo – população sobre a qual incide o estudo – e, face à impossibilidade de inquirir todo o universo, há que se construir uma amostra estratificada e representativa do universo de acordo com uma das variáveis pré-identificadas. Esta deve ser escolhida por amostragem aleatória, de modo que todos os elementos do universo tenham a mesma probabilidade de serem incluídos.
Redacção do questionário – os objectivos do inquérito deverão ser traduzidos em linguagem, isto é, em questões, sendo necessário reflectir sobre as questões a incluir, nomeadamente quanto:
À sua forma e ao seu conteúdo
À sua ordem e sucessão
Formação dos inquiridores e realização material do inquérito – quando é efectuada por via indirecta, a aplicação do inquérito por questionário exige a constituição de uma equipa de entrevistadores. Assim, é nesta fase que se dá formação aos elementos da equipa através da organização de sessões de preparação com vista a que os mesmos comuniquem claramente com os inquiridos, informando-os sobre os objectivos do estudo e formulem correctamente as diferentes perguntas que o compõem. Uma vez constituída e preparada a equipa de entrevistadores, passa-se à realização material do inquérito.
Codificação dos questionários – o investigador trata a informação manualmente ou recorrendo a meios informáticos. Caso recorra a meios informáticos é essencial que o investigador codifique as respostas às perguntas do questionário, criando categorias de resposta identificadas por um número. Após a codificação, poderá registar-se no computador o conjunto de todas as respostas, distribuindo-as pelas categorias definidas.
Tratamento das informações recolhidas – os dados são tratados tendo em vista a comprovação das hipóteses que se estabeleceram de forma manual ou utilizando meios informáticos. Por um lado, utilizando-se meios informáticos, os dados são introduzidos no computador, podendo ser tratados estatisticamente através de programas que normalmente estão instalados nos computadores pessoais ou de programas específicos. Por outro, se os dados forem tratados manualmente, o investigador tem de construir tabelas com o número de inquiridos dentro dos subgrupos que responderam de forma idêntica às perguntas que referem às variáveis. 
Validação da amostra e análise dos resultados – o investigador analisa os dados obtidos, verificando se os resultados obtidos comprovam as hipóteses formuladas. Caso nãose confirmem as hipóteses formuladas, o estudo poderá permitir colocar novas hipóteses e novos problemas não previstos pelo investigador.
Redacção do relatório – redige-se uma comunicação escrita onde são apresentados os objectivos, as hipóteses, a metodologia utilizada, os resultados obtidos e as conclusões do inquérito por questionário.
Novos Campos de Investigação
Ao longo das décadas, a vida social tem-se tornando cada vez mais complexa, fazendo com que apareçam novos problemas aos quais os cientistas sociais tentam dar resposta. Este fenómeno tem feito aparecer novos campos de investigação, domínios especializados da investigação sociológica. Contudo, também podem surgir a partir de solicitações de entidades privadas ou públicas e não só de preocupações científicas.
Estas sociologias especializadas têm desenvolvido corpos teóricos, mas não correspondem a verdadeiras divisões da Sociologia. Com efeito, os saberes produzidos por estes novos campos de investigação deverão ser cumulativos e integrar-se na matriz disciplinar comum da Sociologia.
Para além disto, partilham com as outras ciências sociais o mesmo objecto de estudo: a realidade social. Ora, um conhecimento global da realidade social requer a constituição de equipas de cientistas com várias especializações, que, levando a cabo pesquisas integradas, orientem o seu trabalho com vista à interdisciplinaridade.

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