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MONOGRAFIA DAS PROVAS DO PROCESSO PENAL

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
DAS PROVAS NO PROCESSO PENAL 
 
 
 
CAMILA MAHIBA PEREIRA FARHAT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, novembro de 2008.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DAS PROVAS NO PROCESSO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
CAMILA MAHIBA PEREIRA FARHAT 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Orientador: Professor MSc. Rogério Ristow 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, novembro de 2008.
 
 
 
AGRADECIMENTO 
Primeiramente a Deus, por nunca ter me 
deixado falhar. 
 
Ao meu pai Hosseim e minha mãe Eleide, pela 
educação proporcionada, pelo exemplo e lição 
de vida, e ao grande amor que sempre me 
deram. 
 
As minhas irmãs Jamile e Aline, pelo amor que 
tenho por elas. 
 
A meu noivo Alirio Jr., pela compreensão, 
paciência, e principalmente por suas palavras 
de suporte. 
 
Ao ilustre Professor Orientador desta 
monografia Rogério Ristow, que com admirável 
paciência e tranqüilidade, soube partilhar de 
sua imensa sabedoria. 
 
As valiosas amizades que encontrei durante 
estes anos de Universidade. 
 
E acima de tudo a minha Vó Maud in 
memoriam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho aos meus pais, Hosseim e 
Eleide, por terem sido as pessoas que me 
apoiaram sempre e sem as quais teria sido 
impossível a conclusão deste curso, e acima de 
tudo, por serem um exemplo a ser seguido.
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí, novembro de 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
Camila Mahiba Pereira Farhat 
Graduando 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Camila Mahiba Pereira Farhat, sob 
o título Das Provas no Processo Penal, foi submetida em 19 de novembro de 
2008 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Rogério 
Ristow (orientador), Carlos Roberto da Silva (membro da banca) e aprovada com 
a nota _________, (____________________________________). 
 
Itajaí, novembro de 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
MSc. Rogério Ristow 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor MSc. Antônio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
ROL DE CATEGORIAS 
Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
Constituição 
É a lei fundamental e suprema de um Estado, onde suas normas se referem à 
estruturação d próprio ordenamento jurídico. 
Crime 
É toda atitude tipica e anti-juridíca, praticada por uma ser humano. 
Prova 
È o meio pelo qual é possível apresentar os fatos ou atos que irão, 
posteriormente, lhe dar um direito. 
Ônus da Prova 
Todo aquele que alega um fato, tem o dever de prova-lo. 
Perícia 
Parecer ou laudo técnico de perito oficial ou pessoa habilitada, que serve para 
esclarecer o delito. 
Processo Penal 
É o ramo que é da Teoria Geral do Processo, é o modo pelo qual atua a jurisdição 
em matéria penal. 
Princípios 
São as normas eleitas pelo constituinte como fundamento ou qualificações 
essenciais da ordem jurídica que institui. 
Prova Lícita 
 
È toda aquela taxada pelas normas processuais e obtidas pelos meios 
moralmente legítimos. 
Prova Ilícita 
È toda aquela colhida com infringência às normas ou princípios colocados pela 
Constituição ou Leis. 
Testemunha 
Pessoa que viu, ou ouviu alguma coisa, e que é chamada em juízo para prestar 
depoimento sobre algum fato ocorrido. 
Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada 
Prova ilícita por derivação. 
SUMÁRIO 
RESUMO............................................................................................ X 
INTRODUÇÃO ................................................................................... 1 
CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 4 
O PROCESSO E AS PROVAS........................................................... 4 
1.1 CONCEITO DA PROVA ...................................................................................4 
1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DESTACADOS .....................................................5 
1.2.1 PROTO-HISTÓRIA .............................................................................................7 
1.2.2 CÓDIGO DE HAMURÁBI ......................................................................................7 
1.2.3 CÓDIGO DE MANU.............................................................................................8 
1.2.4 DIREITO ROMANO .............................................................................................9 
1.3 OBJETO DA PROVA .....................................................................................10 
1.4 MEIOS E ELEMENTOS DA PROVA ..............................................................12 
1.5 CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS PROBATÓRIOS..........................................14 
1.5.1 PROVAS DIRETAS OU INDIRETAS ......................................................................14 
1.5.2 PROVAS PESSOAIS OU REAIS ..........................................................................15 
1.5.3 PROVA PLENA E NÃO PLENA...........................................................................16 
1.5.4 PROVA LÍCITA ................................................................................................16 
1.5.5 PROVA ILÍCITA................................................................................................17 
1.6 O PROCESSO................................................................................................19 
1.7 PRODUÇÃO DAS PROVAS...........................................................................20 
1.7.1 PRODUÇÃO ANTECIPADA DAS PROVAS .............................................................22 
CAPÍTULO 2 .................................................................................... 24 
DAS PROVAS EM ESPÉCIE ........................................................... 24 
2.1 PROVA TESTEMUNHAL ...............................................................................24 
2.1.1 CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR...................................................................27 
2.2 PROVA DOCUMENTAL.................................................................................29 
2.3 PROVA PERICIAL..........................................................................................33 
2.3.1 DO EXAME DE CORPO E DELITO ......................................................................37 
CAPÍTULO 3 .................................................................................... 41 
A PROVA COMO FACULDADE PROBATÓRIA DO JUIZ............... 41 
3.1 ÔNUS DA PROVA..........................................................................................41 
3.1.1 INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA .......................................................................46 
3.2 VALORAÇÃO DA PROVA .............................................................................473.3 OS PODERES INTRUTÓRIOS DO MAGISTRADO .......................................52 
3.4 TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA..................................56 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 61 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 64 
 
RESUMO 
A presente monografia trata do instituto da prova dentro do 
Direito Processual Penal brasileiro, tendo como objetivo fazer um apanhado geral 
da prova e de seus aspectos. O presente trabalho relaciona-se com a teoria geral 
da prova no Processo Penal brasileiro, onde se encontram destacadas suas 
principais características, conceitos e classificações que estabelecem limites à 
cerca da produção probatória, que irá nos proporcionar um entendimento 
completo do instituto da prova, a fim de fazer uma abordagem, para que se tenha 
uma visão geral deste instituto. Por fim, pauta-se pela busca de subsídios e 
fundamentos à produção de prova como elementos de exatidão e convicção na 
busca da garantia do Direito e da verdade objetivando a paz, certeza e segurança 
social em acatamento aos liames da legislação processual penal, onde estão 
presentes nas considerações finais, breves sínteses de cada capítulo, dos quais 
restam demonstrados se as hipóteses da pesquisa foram ou não confirmadas. 
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto, a Prova no 
Processo Penal brasileiro, onde será feito um estudo que vai desde seu conceito 
até a classificação das provas em espécie admitidas em nosso ordenamento 
jurídico. 
Esta pesquisa tem objetivos definidos, sendo o primeiro 
institucional, com o fim de produzir uma monografia para obtenção de Bacharel 
em Direito. 
O seu objetivo é geral é esclarecer a função da prova, que é 
essencialmente demonstrar que um fato existiu, e de que forma existiu ou como 
existe e de que forma existe. È, portanto, uma tarefa reconstrutiva, com um só 
objetivo, a de comprovar em juízo a verdade real e o fato perturbador ou violador 
de um direito. 
O objetivo específico do presente trabalho é demonstrar que 
o direito processual é a ciência que estuda o julgar, e este ato têm como suporte 
alcançar o justo critério rigoroso do exame de prova, não restando dúvidas à 
cerca dos fatos. 
Para tanto, principia–se, no Primeiro Capítulo, tratando do 
conceito da prova, que é utilizado para comprovar a veracidade dos fatos alegados 
de um ato jurídico. De início, a primeira etapa busca demonstrar ainda a trajetória 
das provas ao passar do tempo sob o aspecto jurídico do Direito Penal, desde a 
formação das primeiras sociedades, onde a prova já existia e se fazia presente 
como instituto. Será demonstrado ainda seu objeto, finalidade e meios de prova, 
provas lícitas, ilícitas e demais características que circundam esta entidade jurídica 
ora em relevo, desta forma proporcionando uma formalização do processo como 
meio de resolução dos conflitos. 
No Segundo Capítulo, tratando de abordar a classificação 
das espécies de prova consideradas mais importantes para o processo, 
 2
conceituando e exemplificando cada uma, sejam elas; Prova Testemunhal, 
Documental e Pericial. Respectivamente, a prova testemunhal corresponde à 
afirmação pessoal, resultante do depoimento prestado por sujeito estranho ao 
processo, sobre fatos que tenha conhecimento, sobre o delito objeto do litígio; já a 
prova documental diz respeito quaisquer escritos, instrumentos, papéis públicos 
ou particulares, que venham a ser utilizados como provas no processo; por fim, a 
prova pericial que tem a finalidade de obter informações específicas sobre a 
materialidade do fato, através de exames feitos por profissionais especializados, 
podendo ser de natureza diversa, tais como exames laboratoriais, grafotécnicos, 
de insanidade mental, etc. Sendo assim, essas provas produzidas serão utilizadas 
para levar o conhecimento técnico ao juiz, auxiliando em seu convencimento. 
No Terceiro Capítulo, far-se-á um estudo do ônus da prova, 
que é, pois, o encargo que tem os litigantes de provar, pelos meios admissíveis, a 
verdade dos fatos, que no âmbito do Processo Penal cabe a parte que alega o 
fato comprovar a materialidade do crime. Trata ainda da possibilidade da inversão 
do ônus probatório, que amparado pelo princípio constitucional indubio pro reo, 
não ocorre no Processo Penal, uma vez que ninguém é culpado até que se prove 
o contrário. Continuamente, o terceiro capítulo, relata o valor da prova e o poder 
instrutório do magistrado, entendendo que a produção de provas é o momento em 
que o magistrado começa a declinar sua decisão, e a partir daí proferir sua 
sentença, porém, sempre devidamente fundamentada. 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados sobre as Provas no Processo Penal, bem como as respostas as 
hipóteses que foram levantadas: 
È através das provas que se torna possível alegar a 
veracidade dos fatos que concorreram para formação de um eventual crime. 
Existe a possibilidade onde o juiz não irá aceitar as prova 
produzidas no processo. 
 3
As provas se dividem em espécies, podendo às vezes uma 
ter um valor maior que a outra. 
O juiz formará sua decisão a partir de sua livre convicção, 
sempre devidamente fundamentada. 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase 
de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados 
o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente 
Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
Por fim, nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa 
Bibliográfica. 
 
CAPÍTULO 1 
O PROCESSO E AS PROVAS 
Para a total compreensão deste trabalho, abordaremos 
neste capítulo o conceito de prova, nele incluindo outros sub-itens, bem como, 
uma breve retrospectiva histórica, assim como o objeto das provas e seus 
elementos, tratando em seguida de sua classificação, fazendo assim um 
levantamento geral do tema. 
 
1.1 CONCEITO DA PROVA 
PROVA, originária do latim probatio, que por sua vez emana 
do verbo probare, com o significado de demonstrar, reconhecer, examinar e 
persuadir, todo elemento que possa levar ao conhecimento de um fato, ou de 
alguém1. O Código de Processo Penal regulamenta a prova em seu Título VII a 
partir do artigo 155. 
Entende-se assim, no sentido jurídico a denominação que se faz, 
pelos meios legais, da existência ou veracidade de um fato 
material ou de um ato jurídico, em virtude da qual se conclui por 
sua existência do fato ou ato demonstrado. 2 
 Em um estudo aprofundado sobre a prova, pode-se dizer 
que ela é “a soma dos motivos geradores da certeza” 3, compreendendo em seus 
conceitos, aspectos, objetivos e subjetivos. 
 Durante a instrução, é feita à apuração de determinados 
fatos, a fim de convencer o juiz que o acusado deverá ser condenado. “Essa 
 
1
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 239 
2
 SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 1125. 
3
 MITTERMAIER, Carl Joseph Anton. Tratado da Prova em Matéria Criminal. Tradução de 
Herbert Wüntzel Heinrich. 2. ed. São Paulo: Bookseller, 1997. p. 55 
 5
demonstração a respeito da veracidade ou falsidade da imputação, que deve 
gerar no juiz a convicção de que necessita para o seu pronunciamento é o que 
constitui a prova”. 4 
O que constitui a prova é saber que todos aqueles fatos, 
acontecimentos, coisas e circunstâncias relevantes e úteis para formar a 
convicção do julgado acerca do ocorrido, é a pretensão do autor e aquilo que o 
réu alega em resistência a essa pretensão, é o que constituia prova. 
Quando dados fatos são propostos pelas partes, cabe a estas e 
ao juiz fazê-las ao processo, segundo a forma determinada na lei. 
Por isso, o que existe, realmente, é a demonstração, a exibição, a 
investigação dos fatos, respeitadas as regras processuais. Será 
bem a apuração dos fatos no processo. Daí pode-se formular uma 
definição – prova é a soma dos fatos produtores da convicção, 
apurados no processo. 5 
Por fim, a prova é o elemento demonstrativo da 
autenticidade ou veracidade de um fato, que tem por objetivo formar a convicção 
do juiz sobre os elementos necessários para a decisão da causa. 
 
1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DESTACADOS 
A importância das provas é o assunto que remonta as mais 
antigas civilizações. O Direito Penal surgiu com o Homem, através do 
desenvolvimento da razão. Podemos afirmar que, através dos tempos o homem 
tem aprendido a viver numa verdadeira societas criminis, onde nasce o Direito 
Penal com o intuito de defender a coletividade e promover uma sociedade mais 
pacífica6. 
 
4
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. 11. ed. São Paulo: Atlas, 
2007. p. 453. 
5
 SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judicial no Cível e Comercial. 3. ed. São Paulo: Max 
Limonad, 1961. p. 21. 
6DUARTE, Maércio Falcão. Evolução Histórica do Direito Penal. Disponível em 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=932. Acesso em 06 abr. 2008. 
 6
Esse Direito não existia nos tempos primitivos, uma vez que, 
os grupos sociais dessa época eram envoltos em ambiente mágico e religioso, 
todos os fenômenos naturais maléficos eram tidos como resultante das forças 
divinas. “Para aplicar a ira dos deuses, criaram-se séries de proibições, 
conhecidas por tabu, que não obedecidas, acarretavam em castigo”. 7 
O Homem que infringisse ou desobedece às regras, era 
punido, o que modernamente denominamos de crime e pena. 
Os povos antigos, mesmo aqueles de civilizações mais 
rudimentares, possuíam certa noção de prova. Contudo, nessa época, 
predominava a chamada prova mística, que sujeitava os acusados a 
determinados processos bárbaros e desumanos. 
Tais processos recorriam ao juízo dos deuses para a indicação do 
culpado. Para tanto, os suspeitos tinham que suportar toda sorte 
de sofrimentos, pois, se resistissem a eles, provariam sua 
inocência. Esse meio primitivo denominava-se ordália. 8 
A ordália era é um tipo de prova judiciária, utilizada para 
determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da participação de 
elementos da natureza, cujo resultado é interpretado como um juízo divino. As 
práticas mais utilizadas, eram as que envolviam o acusado fazendo com que ele 
se submetesse a uma prova dolorosa, se após a prova não houvessem nenhum 
ferimento ou se as feridas eram rapidamente curadas, o acusado era considerado 
inocente, uma vez que, fundavam-se na premissa de que Deus protegia o 
inocente. Esse método foi extinto no final da idade média, sendo substituído pela 
confissão mediante tortura, mas a prática caiu em desuso apenas no século XVI9. 
 
7
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 35. 
8
 AQUINO, José Carlos G. Xavier. A Prova testemunhal no Processo Penal Brasileiro. São 
Paulo: Saraiva, 1987. p. 3 
9
 VOLD, George B. BERNARD, Thomas J. SNIPES, Jeffrey B. Ordália. Disponível em 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ord%C3%A1lia. Acesso em 06 abr. 2008. 
 7
1.2.1 Proto-História 
A Bíblia contém a presença da prova testemunhal, como 
meio de atestar a realidade de um fato. Ninguém poderia ser acusado, se o fato 
não fosse provado por uma testemunha. Também, se observava a presença de 
normas práticas para evitar a mentira, pois quem prestasse um falso testemunho 
recebia uma punição. 
As testemunhas de um fato criminoso eram obrigadas, por lei, a 
mostrar que não puderam evitar o crime e socorrer a vítima, além 
disso eram obrigadas a denunciar o crime e prosseguir na 
acusação, sob pena de umas tantas bastonadas. O acusador, 
convencido de calúnia, sofria a pena do crime que imputou. Havia 
ali um caso único de acusação e defesa orais: era o processo e 
julgamento dos mortos perante os curiosos reunidos às margens 
do Lago Moeris. Mas este processo era, em geral, destinado ao 
exame da conduta dos reis e grandes do Estado no dia destinado 
às suas exéquias, as demais testemunhas que mentissem eram 
torturadas.10 
A apreciação da prova nessa época, era tomada pelas 
necessidades biológicas, as paixões, as emoções e os fatores sociais, 
freqüentemente foram os réus absolvidos pelos juízes devido a erro, provocado 
por tais sentimentos, ou ainda, por belas palavras proferidas nos discursos dos 
oradores. 
1.2.2 Código de Hamurábi 
Khammu-rabi, foi rei da Babilônia no 18º século A.C., 
estendeu grandemente o seu império e governou uma confederação de cidades- 
estado. Erigiu, no final do seu reinado, uma enorme estela em diorito, na qual, ele 
é retratado recebendo a insígnia do reinado e da justiça do rei Marduk. Abaixo 
 
10
 ALTAVILA, Jayme de. A Testemunha na História e no Direito. São Paulo: Melhoramentos, 
1992. p. 17. 
 8
mandou escreverem 21 colunas, 282 cláusulas, que ficaram conhecidas como 
Código de Hamurábi11. 
Na Babilônia, aquele que acusasse e não provasse a 
culpabilidade do imputado, sofreria a mesma pena que a este seria infligida, caso 
a acusação fosse verdadeira. Quanto às leis criminais, vigorava a lex talionis: a 
pena de morte era largamente aplicada, seja na fogueira, na forca, seja por 
afogamento ou empalação. A mutilação era infligida de acordo com a natureza da 
ofensa. 
1º - Se alguém acusa um outro, lhe imputa um sortilégio, mas não 
pode dar a prova disso, aquele que acusou, deverá ser morto. 
2º - Se alguém avança uma imputação de sortilégio contra um 
outro e não a pode provar e aquele contra o qual a imputação de 
sortilégio foi feita, vai ao rio, salta no rio, se o rio o traga, aquele 
que acusou deverá receber em posse à sua casa. Mas, se o rio o 
demonstra inocente e ele fica ileso, aquele que avançou a 
imputação deverá ser morto àquele que saltou no rio deverá 
receber em posse a casa do seu acusador. 
3º - Se alguém em um processo se apresenta como testemunha 
de acusação e, não prova o que disse, se o processo importa 
perda de vida, ele deverá ser morto... 12 
O Código de Hamurábi ficou conhecido pela sua severidade 
e repressão em seus dispositivos, fazendo com que a prática do crime fosse 
desencorajada. 
1.2.3 Código de Manu 
 Na Índia antiga preservou-se um código atribuído a Manu, 
personagem mítico, considerado Filho de Brama e Pai dos Homens. Manu, 
segundo a lenda é progênie de Brahma, podendo ser considerado como o mais 
 
11
 PINSKY, Jaime. Código de Hamurábi. Disponível em http://www.culturabrasil.org.br. Acesso 
em 25 maio 2008. 
12
 PINSKY, Jaime. Código de Hamurábi. Disponível em http://www.culturabrasil.org.br. Acesso 
em 25 maio 2008. 
 9
antigo legislador do mundo. A data de promulgação de seu código não é certa, 
calculam que seja aproximadamente entre os anos 1300 e 800 a.C. 
Apesar de ser tão antigo, é valido lembrar que o Código de 
Hamurabi, é mais antigo que o de Manu em pelo menos 1500 
anos, não se trata de um verdadeiro código no sentido técnico da 
palavra, mas de uma coletânea de normas que abrange vários 
assuntos e preceitos. 13 
As regras no Código de Manu são expostas em versos. 
Cada regra consta de dois versos, cuja metrificação, segundo os indianos era 
composto por mais de cem mil dísticos (grupo de dois versos) e que, através de 
manipulações e cortes feitos em épocas diferentes, nas edições hojeconhecidas 
constam 2.685 dísticos distribuídos em doze livros. 
As provas são citadas no Livro Oitavo, em seu capítulo II, 
Dos meios de Prova, que vai do artigo 47 ao 114. 
Os dados processuais que se baseiam sobre credibilidade dos 
testemunhos, atribuem diferente validade à palavra dos homens, 
conforme a classe a que pertencem. A mulher se acha sempre em 
extrema desvantagem e em condição totalmente passiva dentro 
da sociedade. A honra das pessoas e sua situação dentro da 
aplicação do direito, dependiam da condição de sua classe. 14 
Além de injusto, o Código de Manú era obscuro e 
impregnado de artificialismo. Somente homens de confiança e sem cobiça 
poderiam testemunhar, isentando as classes inferiores do direito de defesa. 
1.2.4 Direito Romano 
O Direito Romano muito contribuiu para a evolução do 
Direito Penal, quando foi criado princípio penal ao erro, culpa, legitima defesa, 
agravantes entre outros. 
 
13Código de Manu. Disponível em http:www.inforjur.ufsc.br/aires/arquivos/código_%manu.pdf 
Acesso em 27 maio 2008. 
14
 MIRANDA, Pontes de. Fontes e Evolução do Direito Civil Brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 1981. p. 245. 
 10
Os Romanos constituíram um autêntico e vasto Império. Para 
manter, durante séculos, o domínio sobre as regiões e povos 
dominados, não bastava apenas à força física dos seus exércitos. 
Era necessária a criação de um sistema jurídico complexo e 
eficiente, que contribuísse de forma decisiva e duradoura para 
manutenção da ordem, chamada pax romana, nas mais 
longínquas regiões dominadas. Foi essa necessidade de natureza 
socioeconômica e política, possivelmente, o fator determinante da 
monumental obra jurídica construída pelos romanos, cujos 
institutos, práticas e entendimentos doutrinários perduraram 
através dos tempos e constituem, ainda hoje, a base histórica dos 
sistemas jurídicos modernos. 15 
O ônus da prova surgiu nesse período, posto que o encargo 
da prova não se transferisse à parte ré, mesmo que negasse os fatos alegados 
pelo autor. Prevalecia a regra de que o ônus da prova incumbe a quem afirma ou 
age. Logo caberia ao autor afirmar o fato, salvo quando a defesa afirmasse fato 
novo. 
1.3 OBJETO DA PROVA 
Provar é demonstrar a verdade, ou uma afirmação de um 
fato. “Aquilo sobre o que o juiz deve adquirir o conhecimento necessário para 
resolver o litígio processual será denominado o objeto da prova” 16. Portanto, o 
objeto da prova são os fatos, todos aqueles acontecimentos, coisas e 
circunstâncias relevantes e úteis para formar a convicção do julgado a cerca do 
ocorrido, isto é, aquilo sobre o que versa o litígio. 
Aquilo sobre o que o juiz deve adquirir o conhecimento necessário 
para resolver o litígio processual é o objeto da prova, que abrange 
não só o fato delituoso, mas também todas suas circunstâncias 
objetivas e subjetivas que possam influenciar na responsabilidade 
penal e na fixação da pena ou imposição de medida de 
segurança. 17 
 
15
 LEAL, João José. Direito Penal Geral. 3. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2004. p. 71 
16
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. p. 453. 
17
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. p. 237. 
 11
Entende-se, dessa forma, que a prova no plano jurídico, é o 
meio através do qual obter-se-á a demonstração ou veracidade dos fatos 
alegados no processo judicial. Ou seja, a partir do momento em que a parte 
formula sua pretensão, independente seja ela estatal ou privada, cível ou penal, a 
prova é que demonstrará a veracidade das bases que compõem as razões do 
direito que se quer defender. 
Como o juiz se presume instruído sobre o direito a aplicar, os atos 
instrutórios só se referem à prova das quaestiones facti. O juiz 
deve conhecer o Direito, obrigação essa que é elementar para o 
exercício da jurisdição (jura novit curia). Donde se segue que, 
abstratamente falando, constitui objeto de prova tão-só o que diz 
respeito às questões de fato surgidas no processo. 18 
Inclui-se, portanto, como objeto da prova, não só o fato 
criminoso e sua autoria, “mas também todas as circunstâncias objetivas e 
subjetivas que circundam e que possam influir na responsabilidade penal e na 
fixação da pena ou imposição de medida de segurança”. 19 
Como regra geral, os fatos presumidos pela lei, independem 
de prova, excepcionalmente o direito que poderá ser objeto de prova, não se 
tratando de direito federal. “O direito municipal, estadual estrangeiro ou 
consuetudinário, se assim exigir o juiz, devem ser provados”. 20 
Temos ainda o chamado, fato incontroverso ou fato 
admitido, que não devem ser excluído no Processo Penal. O julgador deverá 
chegar à verdade dos fatos, tal como ocorreu historicamente, e não como querem 
as partes. Assim, a confissão, por exemplo, que elimina a controvérsia sobre a 
autoria, não dispensa a necessidade de outras provas sobre ela21. 
 
18MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. Campinas: Bookseller, 
1997. 1 e 2v. p. 254. 
19
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 14. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2003. p. 249. 
20
 GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 176. 
21
 BERTRAND, Antonio. Processo Penal. Disponível em http://www.bertrand.com.br/provas.doc. 
Acesso em 26 abr. 2008. 
 12
O objeto poderá ser direto, caso referir-se imediatamente ao 
fato probando, ou, ao fato cuja prova desejada. Ou ainda poderá ser indireto, caso 
afirme outro fato do qual, por via do raciocínio, se chega ao que de deseja provar, 
necessitando, destarte, para sua apreciação, um trabalho de raciocínio indutivo22. 
Alguns fatos não precisam ser provados, tais como os fatos 
intuitivos ou evidentes, os quais se têm certeza dos conhecimentos nos quais o 
cunho de verdade se impõe, dispensando assim qualquer prova. Não há 
necessidade de quando a presunção legal é a conclusão decorrente da lei, 
podendo ser absoluta ou condicionada. Os fatos inúteis serão aqueles que não 
resultarem proveito, já que deles não se podem tirar proveito jurídico. Por fim, os 
fatos notórios também não necessitam de prova, uma vez que, faz parte da 
cultura normal e própria de determinada sociedade23. 
Todos os fatos restantes deverão ser provados, obedecendo 
ao princípio do ônus da prova. Podendo as provas ser admissíveis, ou permitidas 
por lei, pertinentes que são relacionadas ao processo, concludentes que visam 
esclarecer determinados pontos e por fim as provas possíveis, que possibilitam ou 
não o esclarecimento do fato24. 
 
1.4 MEIOS E ELEMENTOS DA PROVA 
O Direito Processual regula os meios de prova, que são os 
instrumentos que trazem os elementos de provas aos autos, são as técnicas 
destinadas à investigação de fatos relevantes para a causa. As denominadas 
fontes probantes, ou os meios pelos qual o juiz recebe esses elementos ou 
 
22
 ARANHA, Adalberto José Q.T. de Camargo. Da Prova no Processo Penal. 4. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1996. p. 23. 
23Teoria Geral das Provas no Processo Penal. Disponível em 
http://meumaterialdeconcurso.blogspot.com/2008/05/teoria-geral-das-provas-no-processo.htm. 
Acesso em 25 maio 2008. 
24Teoria Geral das Provas no Processo Penal. Disponível em 
http://meumaterialdeconcurso.blogspot.com/2008/05/teoria-geral-das-provas-no-processo.htm. 
Acesso em 25 maio 2008. 
 13
motivos de prova que poderão ser apresentados através de documentos, 
testemunhas, depoimentos das partes, etc. 
Na verdade, enquanto o juiz “não penal” deve satisfazer-se com a 
verdade formal ou convencional que surja das manifestações 
formuladas pelas partes, e a suaindagação deve circunscrever-se 
aos fatos por elas debatidos, no Processo Penal o Juiz tem o 
dever de investigar a verdade real, procurar saber como os fatos 
se passaram na realidade, quem realmente praticou a infração e 
em que condições a perpetrou, para dar base à cerca da justiça25. 
O Código de Processo Penal, traz vários meios de provas 
em seus artigos 158 a 250. São os meios úteis para formação, direta ou indireta, 
da verdade real, ou seja, tudo quanto possa comprovar o fato ou a afirmação. São 
fenômenos internos do processo e do procedimento, realizados na forma regulada 
pela lei, que prevê como se desenvolve cada uma das técnicas utilizadas. 
Serão admitidas todas as provas obtidas por meio lícito e, 
não somente aquelas insertas no CPP. “São os instrumentos pessoais ou 
materiais aptos a trazer ao processo a convicção da existência ou inexistência de 
um fato”. 26 
Existem espécies de provas que são proibidas por lei, tais 
como as provas ilícitas e as derivas das ilícitas. Respectivamente, são aquelas 
obtidas com a violação de norma de direito material, tais como provas obtidas 
mediante as práticas de delitos criminais, civis, comerciais ou administrativos ou 
que são contrárias aos princípios constitucionais. Ou ainda aquelas obtidas por 
derivação das ilícitas, conhecidas como Teoria dos Frutos da Árvore 
Envenenada27. 
 
25
 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 20. ed. São Paulo: Ed. Saraiva,1998. 
1v. p. 41. 
26
 GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. pP. 197. 
27
 PINHO, Marco Antonio Garcia de. Breve Ensaio das Provas Ilícitas e Ilegítimas no Direito 
Processual Penal. Disponível em http://ultimainstancia.uol.com.br/ensaios/ler_noticia.php?idNo 
Ticia=34917. Acesso em 18 jun. 2008. 
 14
1.5 CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS PROBATÓRIOS 
Na busca pela verdade processual, devem ser utilizadas 
todas as espécies de provas existentes e possíveis para o caso, de forma a 
permitir ao juiz um conhecimento amplo a cerca do mérito da ação. 
As provas podem ser classificadas sob vários aspectos, 
porém, a de maior importância para o fulcro do presente estudo é a que distingue 
os meios probatórios, pelo qual o julgador adquire o conhecimento do objeto de 
prova. ”Não há prova sem percepção do juiz, uma vez que ela pode recair 
diretamente sobre o objeto ou sobre um fato do qual se possa concluir, segundo a 
experiência, a existência de um outro fato”. 28 
1.5.1 Provas Diretas ou Indiretas 
Dentre as várias classificações de provas adotadas pela 
doutrina, umas delas as classificam em meio de prova direta e meio de prova 
indireta. 
 O meio de prova direta ocorre quando, o juiz mediante 
percepção direta do objeto, obtém o seu conhecimento. Elas referem-se 
diretamente ao fato probando, relatando-o ou representando-o. O juiz deve 
entender que, em virtude das características de sua função jurisdicional, não pode 
exercer a judicatura. Em outros termos a própria prova consegue demonstrar o 
fato a ser provado, como por exemplo, a testemunha presencial, o exame de 
corpo de delito, etc. 29 
Já os meios de provas indiretas, diz-se haver quando o 
magistrado adquire o conhecimento do objeto da prova por meio de terceiros. São 
as provas que se chega à conclusão com base no raciocínio, como as presunções 
e indícios, nessas não há referência ao fato probando diretamente, mas sim a 
 
28
 MENDES. João de Castro. Do Conceito de Prova. Lisboa: Ática, 1961. p. 176. 
29Teoria Geral das Provas no Processo Penal. Disponível em 
http://meumaterialdeconcurso.blogspot.com/2008/05/teoria-geral-das-provas-no-processo.htm. 
Acesso em 25 maio 2008. 
 15
outros fatos que induzem à prova deste. Podemos dizer que neste caso acontece 
quando o fato é demonstrado por meio de raciocínio lógico-dedutivo30. 
A prova indireta é também chamada de circunstancial, ou 
seja, aquela que se deduz da existência de um fato ou de um grupo de fatos, que, 
aplicando-se imediatamente ao fato principal, levam a concluir que este fato 
existiu. Poderá ser exemplificada ainda, através do álibi apresentado pelo 
acusado. 
1.5.2 Provas Pessoais ou Reais 
Outro tipo de classificação é em relação ao sujeito da prova, 
aquele que afirma ou atesta a existência do fato probando, que se divide em 
prova pessoal ou real, respectivamente representadas por uma pessoa, e a outra 
por uma coisa. 
A presunção da veracidade humana, inspirando a fé na firmação 
de pessoa, faz com que seja procurada e aceita como prova 
pessoal, do mesmo modo que a presunção da veracidade das 
coisas, inspirando fé na afirmação de coisa, faz com que ela seja 
procurada e aceita como prova real. 31 
No que tange a prova pessoal, ela deverá ser obtida por 
meio da manifestação humana, devendo ter afirmação pessoal consciente, 
destinada a fazer fé dos fatos afirmados, por exemplo, o testemunho, o 
interrogatório e o depoimento32. 
 Diz-se da prova real, quando emerge do próprio fato, 
quando há atestação inconsciente a exibição de uma arma ou de uma fotografia, 
 
30DUARTE, Liza. Desafios do Direito. Disponível em: 
http://www.conjur.com.br/static/text/45406,1. Acesso em 12 abr. 2008. 
31
 MALATESTA, Nicola Flamarino dei. A Lógica das Provas em Matéria Criminal. 6. ed. São 
Paulo: Bookseller, 2005. p. 319. 
32MAGNO, Alexandre. Direito Processual Penal. Disponível em 
http://alexandremagno.com/read.php?n_id=99. Acesso em 05 maio 2008. 
 16
por exemplo. Esse tipo de prova é obtido por meio de apreciação de elementos 
físicos, distintos da pessoa humana, por exemplo, o desespero e o terror real33. 
1.5.3 Prova Plena e Não Plena 
 Ainda podemos fazer uma classificação das provas quanto 
aos seus efeitos, através das provas plenas e não plenas. No que se refere à 
prova plena, é a que conduz a um juízo de certeza, é a prova convincente ou 
necessária para a formação do processo. 
A prova plena é o equivalente lógico-jurídico ao não repúdio, 
expressão oriunda da comunidade técnica informática que, 
juridicamente, não passa de uma falácia (visto que o repúdio 
sempre poderá ocorrer num incidente de falsidade). A prova plena 
é o máximo de validade e eficácia que o direito vigente nas 
democracias liberais admite como força probatória. 34 
Já a prova não plena, é a prova que conduz a um juízo de 
probabilidade acerca do fato e de sua autoria, indica alguma circunstância (como 
a prova judiciária) e é suficiente para alguns procedimentos, como o arresto de 
bens.35 
Para a decisão de pronúncia aceita-se a prova não plena, 
mas para a condenação é necessária a prova plena. 
1.5.4 Prova Lícita 
Tanto no âmbito do Direito Processual Civil como no Direito 
Processual Penal, há uma previsão das provas, que podem ser produzidas e 
consequentemente aceitas. 
Porém, nem toda prova poderá ser produzida pelas partes, 
ainda que de grande importância para a solução do litígio. A sua produção tem 
 
33MAGNO, Alexandre. Direito Processual Penal. Disponível em 
http://alexandremagno.com/read.php?n_id=99. Acesso em 05 maio 2008. 
34
 FERREIRA, Paulo Roberto G. Autenticidade e Privacidade na ICP-Brasil. Disponível em 
http://www.iti.gov.br/twiki/bin/view/OLD/Forum/ArtigoD203. Acesso em 22 set. 2008. 
35
 ALBERTO, Octavio Manuel Gomes. Princípios Gerais do Processo Penal. Disponível em 
http://octalberto.no.sapo.pt/principios_gerais_do_processo_penal.htm. Acesso em 22 set. 2008. 
 17
um limite dentro da lei, que não pode ser desrespeitado, mesmo no caso do 
Direito Penal, onde a busca pela verdade real é algo árduo e incessante. 
Mirabete36 ensina a cerca das provas lícitas: 
A busca da verdade real e o sistema de livre convencimento do 
juiz,que conduzem ao principio da liberdade probatória, levam 
também a doutrinar a concluir que não se esgotam nos artigos 
158 a 202 do Código de Processo Penal, os meios de prova 
permitidos na nossa legislação. A previsão legal não é, portanto 
exaustiva, mas exemplificativa, sendo admitidas às chamadas 
provas inominadas, aquelas não previstas expressamente na 
legislação. Entretanto, essa ampla liberdade da prova encontra 
limites além daqueles estabelecidos no art. 155 do CPP e em 
outros dispositivos da lei processual. Segundo a doutrina, são 
também inadmissíveis as provas que sejam incompatíveis com os 
principio de respeito ao direito de defesa e à dignidade humana, 
aos meios cuja utilização se opõem às normas reguladoras do 
direito que, com caráter geral, regem a vida social de um povo. 
Lembra-se também a proibição de invocação ao sobrenatural. 
Desta forma, prova lícita é aquela que não contraria o 
estabelecido em lei nem a moralidade. 
1.5.5 Prova Ilícita 
No caput do artigo 157 do Código de Processo Penal, 
verifica-se a não admissão de provas ilícitas, sendo que demonstrado sua 
ocorrência, estas não serão admitidas no processo. 
Foi nos Estados Unidos que primeiro se fixou o princípio da 
inadmissibilidade das provas obtidas ilicitamente, e assim, 
reconhecido tal defeito da prova, esta não poderia ser aceita no 
processo. Anteriormente, existiam quatro correntes em relação à 
questão da inadmissibilidade da prova ilícita propriamente dita. 
Pela primeira, em não havendo impedimento em nível da lei 
processual, somente a prova ilegítima poderia ser excluída do 
processo, já que, no que tange à prova ilícita, ficaria reconhecido 
 
36
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 206. 
 18
o vício material, punindo-se o autor de sua produção, mas a prova 
permaneceria válida no processo. Três outras correntes dão por 
inadmissíveis as prova ilícitas no processo penal: uma sob o 
fundamento de que, se o direito é uno e se a prova é ilícita, não 
pode ser reconhecida no processo; outra baseia-se no fato de que 
o Estado deve se ater ao princípio da moralidade, não podendo se 
utilizar de meios ilícitos, nem para combater o crime, e, ainda, a 
quem defende a prova ilícita ofende a Constituição, atingindo 
valores fundamentais do indivíduo e as garantias individuais37. 
A prova ilícita fere o direito material, podendo ser 
conceituada no sentido de que abrange não apenas as provas que afrontam a 
Constituição, como também as contrárias às leis ordinárias e aos bons costumes, 
assim, como dizem respeito àquelas ofensivas às disposições legais e 
constitucionais. Em outras palavras, são aquelas vedadas e inadmissíveis no 
processo. 
Nesta linha de raciocínio, a renomada processualista Ada 
Pellegrini Grinover38 entende por prova ilícita, em sentido estrito: 
A prova colhida com infringência às normas ou princípios 
colocados pela Constituição e pelas leis, freqüentemente para a 
proteção das liberdades públicas e especialmente dos direitos de 
personalidade e mais especificamente do direito à intimidade. 
São as provas ilícitas espécie das chamadas provas 
vedadas, porque por disposição de lei é que não podem ser trazidas a juízo ou 
invocadas como fundamento de um direito. 
Desse modo, vê-se que serão ilícitas todas as provas 
produzidas mediante a prática de crime ou contravenção, as que violem normas 
de direito civil, comercial, administrativo, bem como aquelas que afrontem 
princípios constitucionais. 
 
37
 FERREIRA, Ruy Barbosa Marinho. Alterações do Código de Processo Penal comentado. 
São Paulo: Jurídica, 2008. p.123-124. 
38
 GRINOVER, Ada Pellegrini. As nulidades no processo penal. 6. ed. São Paulo: Saraiva 1996. 
p. 131. 
 19
Observa-se que para se descobrir se uma prova é ilícita ou é 
o locus da sua obtenção: dentro ou fora do processo. De qualquer maneira, 
combinando-se o que diz a CRFB/88, art. 5º, inc. LVI "São inadmissíveis, no 
processo, as provas obtidas por meios ilícitos”, com o que ficou assentado no 
novo art. 157 do CPP "ilícitas são as provas obtidas em violação a normas 
constitucionais ou legais” 39, se vê que umas e outras passaram a ter um mesmo 
e único regramento jurídico: são inadmissíveis. 
 
1.6 O PROCESSO 
“O processo, oriundo do latim procedere, tem entre alguns 
dos seus significados, o de seguir adiante, caminhar, avançar, fenômeno de 
desenvolvimento” 40. O processo abrange os instrumentos de que se utiliza os três 
poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário), cada qual 
desempenhando funções diversas, utilizando-se de processos próprios cuja fonte 
criadora é a própria Constituição. 
O Processo Penal está subordinado à Lei Maior, que é a 
Constitucional, em princípio, no art. 5º inc. LVI. Ele tornou inadmissível, no 
processo as provas obtidas por meios ilícitos, razão por que o juiz não pode 
admiti-la como fundamento de sua decisão, sob pena de nulidade da sentença. 
Com a formalização do processo como meio de resolução 
dos conflitos, viu-se a necessidade cada vez maior de se materializar uma 
previsão legal das provas, um processo dotado dos princípios fundamentais 
sujeito a normas e regras especificadamente delineadas, legalmente e 
formalmente possibilitar ao julgador critérios objetivos e subjetivos específicos na 
valoração das provas obtidas, atendendo assim um julgamento justo. 
 
39
 MENDONÇA, Andrey Borges de. Reforma do Código de Processo Penal. São Paulo: Método, 
2008. p. 157 
40
 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de Processo Civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. 1v. p. 01. 
 20
Por isso, passou-se a atentar para a formulação de 
legislações mais adequadas, bem como a idéia de “fazer do processo um meio 
efetivo para a realização da justiça” 41. Uma vez que o processo “é o 
encadeamento necessário e ordenado de atos e fatos destinados à formação ou 
execução de atos jurídicos cujos fins são juridicamente regulados” 42. 
No caso do Direito, o processo “é o meio pelo qual o Estado 
procede à composição da lide, aplicando o direito ao caso concreto e dirimindo os 
conflitos de interesse” 43. 
Nesse caminho, pode-se entender como processo, todo 
meio pelo qual, após, uma sucessão de atos e fatos chega-se ao resultado 
perseguido. 
 
1.7 PRODUÇÃO DAS PROVAS 
Na visão de Jacinto Nelson de Miranda Coutinho44 
A produção da prova no processo penal tem por objetivo formar a 
convicção do juiz a respeito da existência ou inexistência dos fatos 
e situações relevantes para a sentença. É, em verdade, o que 
possibilita o desenvolvimento do processo enquanto reconstrução 
de um fato pretérito, conforme restou demonstrado. 
Tem a prova à finalidade de “formar a convicção do juiz 
sobre os elementos necessários para a decisão da causa. Para julgar o litígio 
precisa o juiz ficar conhecendo a existência do fato sobre o qual versa a lide”. 45 
 
 
41
 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Candido R. 
Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 37. 
42
 SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos do Direito Público. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 91. 
43
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 13. 
44
 COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Crítica à Teoria Geral do Direito Processual Penal. 
Rio de Janeiro: Renovar, 2000. p. 03. 
45
 DUCLERC, Elmir. Direito Processual Penal. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. 1v. p. 229. 
 21
Tendo o autor de provar aquilo que constitui seu direito, 
poderíamos dizer que a prova não é somente um direito, mas um ônus. É como 
se diz: o ônus da prova cabe a quem alega. Esse adágio é conseqüênciado 
princípio dispositivo, pelo qual o Juiz está impedido, para manter sua 
imparcialidade. 
 
 No entanto, em nosso ordenamento jurídico esse princípio é 
mitigado, pois, o Juiz pode determinar a produção de prova, não pedida pelas 
partes, desde que relevante para a reconstituição do fato. Nos crimes de ação 
pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, 
quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo, disposto no art. 24 do 
CPP. Por sua vez a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em 
seu art. 129, preceitua: 
São funções institucionais no Ministério Público: 
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da 
lei. Conclui-se, desse modo, que o Ministério Público é uma 
instituição pública, à qual compete, com exclusividade, buscar a 
satisfação do poder de punir do Estado sempre que ocorrer crime 
cuja gravidade transcenda aos interesses do ofendido. No 
entanto, não tem o dever de postular sempre a condenação, 
orientando sua atuação de modo a buscar sempre a solução mais 
justa para o processo. 
O objeto da prova, no entanto, deve ultrapassar a seara 
concernente ao crime, e abranger, inclusive, situações objetivas ou subjetivas 
que, de certa maneira, podem intervir na resolução do feito. Deve abarcar todos 
os fatos, principais ou secundários, que reclamem uma apreciação judicial e 
exijam uma comprovação. 
Assim, no processo penal, em que a busca da verdade 
processual e a observância de princípios como o devido processo legal tem 
acentuada pertinência, caso o fato seja controvertido ou não, deverão restar 
 22
provados. Até mesmo a confissão do réu, que não tem valor absoluto, devendo 
ser confrontado com o restante das provas produzidas no processo. 
1.7.1 Produção antecipada das provas 
As provas produzidas perante a autoridade judicial, antes do 
seu momento processual oportuno ou até mesmo antes de iniciado o processo, 
em situações de urgência e relevância e observado o contraditório real são 
consideradas como antecipadas. 
O Código de Processo Penal em seu artigo 225 prevê a 
possibilidade de o juiz antecipar a produção da prova testemunhal nos seguintes 
termos: 
Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por 
enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da 
instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente 
o depoimento. 
 Assim como a Lei nº. 11.690 de 09 de junho de 2008 em 
seu art. 159, inciso I, permite a possibilidade da produção antecipada da prova, 
que se dará desde que considerada urgente e deverá ser acompanhada pelo 
Ministério Público e pelo defensor dativo. 
A produção antecipada de provas é medida que a sensatez abona 
e a prudência recomenda, em face da imprevisibilidade do 
momento em que o processo retomará seu curso. Se próximo, 
caberá na ocasião deferir à Defesa a renovação da prova. Se 
distante, ter-se-á acertadamente obviado à eventualidade de 
apresentar-se dificuldade intransponível na produção longamente 
protelada. Em ambos os casos, ver-se-á assegurada à perquirição 
da verdade, objetivo último do esforço processual. 46 
Cabe ao Juiz, dentro de seu prudente arbítrio, decidir sobre 
a conveniência e oportunidade da produção antecipada de provas, quando 
 
46
 MARCÃO, Renato. A produção antecipada da prova no art. 366 do Código de Processo 
Penal. Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4118. Acesso em 30 jun. 2008. 
 23
incontestável o seu caráter urgente, não configuradas na espécie, uma vez que o 
fundamento utilizado consiste na mitigação ou perda de memória dos fatos. 
Para que a produção de prova seja possível, são 
necessários dois pressupostos: fumus boni iuris (relevância) e periculum in mora 
(urgência). 
A relevância se verifica pela urgência – ou seja, que a prova diga 
respeito aos fatos de eventual processo futuro ou do próprio 
processo já instaurado. 
(...) 
A urgência, por sua vez, caracteriza-se pelo risco de 
desaparecimento da prova, ou seja, pela presença do periculum in 
mora. 47 
Por fim, entendemos que o magistrado somente pode 
determinar a produção antecipada de provas no curso do processo. Fora disto, ou 
seja, antes de iniciada a ação penal, não pode fazê-lo de ofício. Somente poderá 
agir a partir do requerimento do Ministério Público ou do ofendido, do investigado 
ou, ainda, de representação da autoridade policial. 
Esgotada a discussão da prova no contexto geral, 
trataremos no capítulo a seguir, Das Provas em Espécie. 
 
 
47
 MENDONÇA, Andrey Borges de. Reforma do Código de Processo Penal. P. 163. 
CAPÍTULO 2 
DAS PROVAS EM ESPÉCIE 
Neste capítulo, o estudo será concentrado nas em algumas 
das espécies de provas, dentre todas as apresentadas no Código de Processo 
Penal, entre elas testemunhal, documental e pericial, para as quais será dado o 
devido enfoque sob o prisma do direito processual brasileiro. 
 
2.1 PROVA TESTEMUNHAL 
No referente à sua forma, a prova poderá ser classificada 
como testemunhal que corresponde à afirmação pessoal, resultante do 
depoimento prestado por sujeito estranho ao processo sobre fatos que tenha 
conhecimento sobre o delito objeto do litígio. Consiste ainda, em uma reprodução 
oral do que se encontra na memória daqueles que, não sendo parte, 
presenciaram ou tiveram notícia dos fatos da demanda. 48 
O testemunho é um meio de prova disciplinado pelos arts. 
202 a 225 do CPP. O Juiz, tendo em vista o sistema de apreciação de provas do 
livre convencimento, pode valorá-lo livremente à luz das demais provas 
produzidas. No antigo sistema da certeza legal ou da prova legal, prevalecia o 
brocardo testis unus/ testis nullus, onde uma só testemunha não valia como 
prova. Hoje se admite até uma condenação com base em um único testemunho, 
desde que, corroborado com os demais meios probatórios colacionados aos 
autos. Por outro lado, muitas vezes vários testemunhos não são suficientes para 
uma sentença condenatória. Portanto, o que importa não é o número de 
 
48
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 14. p. 268. 
 25
testemunhas, mas a credibilidade do respectivo depoimento e o critério com que o 
julgador o aferirá. 49 
Arruda Alvim50 explica, prova testemunhal “é aquela 
produzida oralmente perante o Juiz, através de depoimento espontâneo de 
pessoa estranha à lide, exceto nos casos em que a lei vede esse meio de prova”. 
A testemunha poderá ser considerada a pessoa que presta 
depoimento sobre fatos relevantes para a apuração de uma infração penal, de 
que tomou conhecimento por meio de sua percepção sensorial, sendo constituída 
por pessoas que presenciaram ou que tiveram ciência do fato probando. 
A presunção da veracidade humana, inspirando fé na afirmação 
de pessoa, faz com que seja procurada e aceita como prova 
pessoal, do mesmo modo que a presunção da veracidade das 
coisas faz com que ela seja procurada e aceita como prova real. 
51
 
A prova testemunhal, chamada por muitos autores como “a 
prostituta das provas”, tem essa fama por seu grande grau de falibilidade. É muito 
difícil discernir o comportamento humano, até porque quem irá avaliar é um 
magistrado, graduado em direito, e não em psicologia. O jurista não possui 
domínio sobre a psique humana, tendo um conhecimento vulgar sobre o assunto. 
Como indaga Dietrich, “como, então, evitar os erros, já que se está diante de 
tantas peculiaridades afetas à psicologia? Como saber o Juiz, se a testemunha 
sofre de histeria, ou de qualquer outrodistúrbio da mente” 52 ? 
Frederico Marques53 esclarece: 
No processo penal, não há as limitações criadas pelo processo 
civil a respeito da prova testemunhal. Ao revés, de largo uso é 
 
49 AQUINO, José Carlos G. Xavier de. A prova testemunhal no Processo Penal Brasileiro. p. 19. 
50 ALVIM NETTO, José Manoel de Arruda. Manual de Direito Processual Civil. 6. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1997. 2v. p. 32. 
51 MALATESTA, Nicola Flamarino dei. A Lógica das Provas em Matéria Criminal. p. 319. 
52 DIETRICH, Gustavo Henrique. A Verdade no processo penal moderno.Disponível em 
 http://www.dietrich.adv.br/i_ler_artigos.asp?id=15. Acesso em 03 ago. 2008. 
53 MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. p. 404. 
 26
essa prova, a qual, além disso, pode supor a produção de outras 
mais adequadas para o caso, como se verifica, verbi gratia, nas 
hipóteses previstas nos arts. 167 e 168, § 3º, respectivamente, do 
Código de Processo Penal. 
Não discute o autor a questão da falibilidade do testemunho, 
mas raciocina com elementos de que a prova testemunhal tenha o condão de dar 
início a novas provas. Certo estaria o autor se, e apenas se, na prática 
conseguíssemos verificar que o testemunho pudesse produzir novas provas. Mas 
acontece que, na realidade o testemunho é tomado como forma definitiva, como 
elemento que vai compor o convencimento do magistrado, que por “n” motivos 
(celeridade, excesso de trabalho, etc.) acaba por não derivar a prova testemunhal 
da forma que o autor imagina. 
Capez 54 faz uma classificação muito pertinente no tocante 
às características da prova testemunhal, sendo que para o mesmo suas 
características são: 
a) Judicialidade: tecnicamente, só é prova testemunhal aquela 
produzida em juízo; 
b) Oralidade: a prova testemunhal deve ser colhida por meio de 
uma narrativa verbal prestada em contato direto com o juiz e as 
partes e seus representantes. O depoimento será oral (Art. 204 
do CPP), salvo o caso do mudo, do surdo e do surdo-mudo (Art. 
192 c/c Art. 233 parágrafo único do CPP). A lei veda que a 
testemunha traga o depoimento por escrito porque falta a este 
espontaneidade necessária revelada em depoimento oral. Além 
disso, o depoimento por escrito não permitiria reperguntas, 
violando-se o princípio do contraditório. Há uma exceção prevista 
na Lei de Abuso de Autoridade (Art. 14, §1º da Lei nº. 4898/65), 
segundo a qual a materialidade delitiva no crime de lesões 
corporais poderá ser comprovada mediante depoimento do perito 
e das testemunhas, hipóteses em que a lei permite seja o mesmo 
trazido por escrito e lido em audiência; 
c) 0bjetividade: a testemunha deve depor sobre os fatos sem 
externar opiniões ou emitir juízos valorativos. A exceção é 
admitida quando a reprodução exigir necessariamente um juízo 
 
54
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 282. 
 27
de valor. Por exemplo: a testemunha afirma que o causador do 
acidente automobilístico dirigia em velocidade incompatível com o 
local, comportando-se de forma perigosa. Tal apreciação 
subjetiva é indestacavél da narrativa, devendo, portanto, ser 
mantida pelo juiz. Outra exceção é a dos peritos, cujo 
depoimento, por sua natureza, tem caráter opinativo; 
d) Retrospectividade: o testemunho dá-se sobre todos fatos 
passados. Testemunha depõe sobre o que assistiu e não sobre o 
que acha que vai acontecer; 
e) Imediação: a testemunha deve dizer aquilo que captou 
imediatamente através dos sentidos; 
f) Individualidade: cada testemunha presta o seu depoimento 
isolada da outra. 
Por fim, a prova testemunhal constitui uma das formas de 
prova mais antigas, não sendo possível imaginar a atividade probatória sem ela, 
onde, muitas vezes, é o único meio de provar os fatos alegados. 
 2.1.1 Capacidade para testemunhar 
A capacidade para ser testemunha, se encontra 
estabelecida no art. 202 e seguintes do Código de Processo Penal, segundo o 
qual “toda pessoa poderá ser testemunha”. 
Em suma toda pessoa possui capacidade indistintamente, a 
condição da pessoa, em verdade, é que pode influir nos deveres a que estão 
sujeita as testemunhas, determinando ou afastando a incidência de algum ou 
alguns desses deveres. Portanto, embora o testemunho seja um ato devido, só é 
para as pessoas que tenham condições de se tornarem sujeitos de tal dever, 
pessoas que tenham capacidade de perceber ou deduzir os fatos e transmití-los a 
outrem. 
A capacidade para ser testemunha não se confunde com a 
capacidade civil, eis que o cego e o surdo, bem como o enfermo, não são 
incapazes civilmente, mas o são para testemunhar, se a debilidade apresentada 
resultar na impossibilidade de percepção sensorial do fato a ser narrado. Todavia, 
 28
o surdo mudo capaz de comunicar-se por sinais pode servir de testemunha sobre 
os fatos que tenha presenciado. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos 
pode testemunhar, porém, fica impossibilitada a ocorrência de crime por falso 
testemunho, eis que este é inimputável criminalmente. Na esfera do direito de 
família, é comum o menor ser ouvido como informante, cujo valor probatório é 
menor do que a prova testemunhal. 55 
A testemunha não poderá ter interesse no litígio, não se 
confundindo com a parte da causa ou com o perito da causa, que deve limitar-se 
a utilizar seus conhecimentos técnicos para explicar ao Juiz algo sobre os fatos 
da causa. 
A princípio, todas as pessoas devem testemunhar, sob pena 
de serem conduzidas coercitivamente ao juízo e a responder processo-crime por 
desobediência. 
O Código de Processo Penal, afirma que estão dispensados 
de depor o cônjuge, o ascendente, o descendente ou o irmão, e os afins em linha 
reta do acusado (Art. 206, CPP). Assim, entende-se que estas testemunhas, se 
quiserem, podem prestar o depoimento, pois estão dispensadas e não proibidas. 
São estas denominadas informantes. 
Segundo Capez56: 
São proibidas de depor, contudo, as pessoas apontadas no art. 
207 do CPP: as pessoas que devem guardar sigilo em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão. Função é o exercício de 
atividade de natureza publica ou assemelhada (juiz, delegado, 
promotor, sindico de massa falida, jurado, comissário de 
menores, escrivão de cartório, diretor escolar). Ministério é o 
encargo de natureza religiosa ou social (sacerdotes e assistentes 
sociais). Oficio é a atividade manual (marceneiro, costureiro etc.). 
Profissão é a atividade predominantemente intelectual (médicos, 
advogados e os profissionais liberais, de um modo geral). Quase 
 
55
 MACHADO, Ângela C. Cangiano. JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. FULLER, Paulo 
Henrique Aranda. Elementos do Direito. Processo Penal. 5. ed. São Paulo: Premier: 2006. p. 
141 
56
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 207. 
 29
todos os códigos de ética relativos a uma profissão impedem a 
revelação de sigilo profissional. O Cânone 1.550,§ 2º, inciso II, do 
Codex luris Canonici considera o sacerdote como testemunha 
incapaz em relação ao que ficou sabendo em função de seu 
ministério. A parte final permite o depoimento se o interessado 
dispensar o sigilo (interessado aqui não é só quem passou a 
informação, ou acusado, mas também o órgão de classe ao qual 
pertence o profissional). Os deputados e senadores também não 
estão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas em 
função do mandato (art. 53, § 5º da CRF/88 – em regra 
extensível aos deputados estaduais, se assim dispuser a Carta 
Estadual). Também não podem depor como testemunha o 
membro do Ministério Público e o juiz que oficiaram no inquérito 
policial ou na própria ação penal. O advogado, mesmo com o 
consentimento do titular do segredo, estásempre impedido de 
depor a respeito do segredo profissional, pois o cliente não tem 
suficientes conhecimentos técnicos para avalia as conseqüências 
gravosas que lhe pode advir da quebra do sigilo. 
Assim, entende-se que estas testemunhas estão proibidas 
de depor, diferente das denominadas declarantes, que são as elencadas no art. 
206 do CPP, que se quiserem podem prestar depoimento. 
 
2.2 PROVA DOCUMENTAL 
Consideram-se documentos, “quaisquer escritos, 
instrumentos, papéis públicos ou particulares” (art. 232 do CPP). É o documento a 
afirmação pessoal consciente, escrita e irreprodutível oralmente, destinada a fazer 
fé sobre a verdade dos fatos afirmados. 
Capez57, define 
Documento é a coisa que representa um fato, destinado a fixá-lo 
de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo. 
Instrumentos são os escritos confeccionados já com finalidade de 
provar determinados fatos, enquanto papéis são os escritos não 
produzidos com o fim determinado de provar um fato, mas que, 
 
57
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 280. 
 30
eventualmente, podem servir como prova. Em sentido estrito, 
documento é o escrito que condensa graficamente o pensamento 
de alguém podendo provar um fato ou a realização de algum ato 
de relevância jurídica. É a coisa ou papel sobre o qual o homem 
insere, mediante qualquer expressão gráfica, um pensamento. 
Documento, em sentido amplo ou lato, são todos os objetos 
que servem para mostrar ao Juiz a verdade de um acerto, como escritos, 
fotografias, pinturas, etc. Em sentido estrito somente os escritos poderão ser 
utilizados como prova em juízo. 58 
No âmbito jurídico, a palavra documento adota um sentido 
mais restrito, podendo ser tratada como todo meio de prova pelo qual a 
representação se faz pela escrita, por sinais da palavra falada, ou pela 
reprodução de um fato ou acontecimento em objeto físico, passível 
hipoteticamente de servir como prova em juízo. No campo penal, a prova 
documental não tem a mesma relevância que no âmbito civil, embora seja 
elemento essencial em alguns crimes, como sonegação fiscal, estelionato, 
falimentar, etc.59 
Neste mesmo entendimento doutrina Marques60, 
O documento no processo penal pode ser objeto de prova ou, 
então, meio de prova. É ele objeto de prova quando tem de ser 
determinado como fato representativo, em seus aspectos 
externos e no tocante ao que representa como o seu conteúdo 
material, notadamente para se lhe determinar a autenticidade. 
Os documentos são divididos conforme a sua proveniência, 
em públicos e particulares. Públicos aqueles provenientes de funcionário público, 
dentro dos ditames da lei e confeccionado no exercício da função do funcionário. 
Particulares são os efeitos ou assinados por particulares sem a intervenção de 
funcionário público no exercício de suas atribuições. 
 
58
 MACHADO, Ângela C. Cangiano. JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. FULLER, Paulo 
Henrique Aranda. Elementos do Direito. Processo Penal. p. 149 
59
 MALATESTA, Nicola Flamarino dei. A Lógica das Provas em Matéria Criminal. p. 543. 
60
 MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. p. 417. 
 31
Malatesta61, afirma que: 
Tem sucedido, por vezes, querer alguém estabelecer como 
critério racional, determinado a publicidade de um escrito, a 
natureza do interesse que ele tem por objetivo; em outros termos, 
tem sucedido, por vezes, querer alguém considerar como pública 
um escritura, só por que seu objeto é um interesse público. Todo 
vêem sem esforço quanto é falaz tal critério. Um escrito, embora 
tendo por objetivo o interesse de todos os cidadãos, será sempre 
escrito particular, se foi redigido de forma privada; e vice-versa, 
tendo embora por objeto um interesse completamente privado, 
será público quando redigido de forma pública. O critério objetivo 
do interesse público é, portanto, absolutamente sem valor para a 
determinação da qualidade de público no escrito. 
Os documentos, segundo o art. 231, do Código de Processo 
Penal, poderão, em regra, ser juntados em qualquer fase do processo, exceto em 
casos especiais (art. 406, § 2º, do CPP: os documentos no júri não poderão ser 
juntados nas alegações finais; art. 475 do CPP: os documentos a serem lidos no 
plenário do júri deverão ser juntados com pelo menos três dias de antecedência). 
A princípio, qualquer documento pode ser juntado aos autos. 
Não poderão ser juntados, porém, documentos que configurem provas proibidas 
(art. 233 do CPP). 
Segundo o art. 233, parágrafo único, do Código de Processo 
Penal, as cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não 
serão admitidas em juízo, exceto se apresentadas pelo destinatário para defesa 
de seu direito. 
Para Capez62, cabe ao Juiz indagar a cerca de um 
documento juntado: 
a) Se o momento da proposição é tardia ou não; em caso 
afirmativo, recusará, salvo se houver razões que justifiquem o 
atraso; 
 
61
 MALATESTA, Nicola Flamarino dei. A Lógica das Provas em Matéria Criminal. p. 549. 
62
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 288. 
 32
b) Em regra, cabe às partes oferecer os documentos, salvo: - o 
juiz poderá ordenar, de ofício, que terceiro exiba documento que 
interesse à causa; - referindo-se uma testemunha a documento, 
eu poder, ou exibindo-o para confirmar o seu depoimento, ao juiz 
é lícito tomar a referencia ou a exibição como oferta do 
documento e determinar a juntada aos autos; - os peritos 
poderão trazer aos autos documento que esclareçam os seus 
pareceres; 
c) Todo documento oferecido sem a finalidade de provar fatos e 
circunstancias da causa deverá ser repelido; 
d) Impõe-se, no ato da admissão, a verificação das condições 
exteriores do documento (os escritos em língua estrangeira, para 
que tenham validade, devem vir acompanhados de tradução 
oficial, feita por tradutor juramentado); 
e) Oferecido um documento, sobre ele deverá ouvir-se a parte 
adversária do proponente; esta deverá, o prazo legal, contestar 
ou não a veracidade do contexto do documento ou a 
autenticidade da assinatura – uma vez impugnado, cabe ao juiz 
resolver o impasse. 
Acerca do conceito de documento, entende-se que nem toda 
escritura é documento, que os escritos que são considerados como documentais 
pela sua irreprodutibilidade oral, reduzem-se a quatro classes: 
I- Escritos autênticos; que são as provas que não são lícitas 
impugnar livremente com provas contrárias; destinam-se a impor 
a todas as conseqüências, compreendida a dos magistrados, a fé 
no seu conteúdo, que só pode ser abalada pela queixa de 
falsidade; 
II- Escritos antilitigiosos, é a legítima prova pessoal, e sua forma 
escritural é natural, não substituível pela oral. O homem se utiliza 
dessa prova, duvidando da memória alheia, e por vezes da sua, 
e, ainda, duvidando da boa-fé alheia, prefere sempre consagrar 
em escrito, para que não sejam postos em dúvida, os fatos civis 
que ocorram entre si e os outros; 
III- Escritos casuais pelos interessados em causa, são os escritos 
que não foram redigidos para prevenir controvérsias, nem são 
destinados ao fim do julgamento que se debate, tendo a razão da 
sua existência fora disso; 
 33
IV- Testemunhos escritos causais que não podem mais 
reproduzi-los oralmente em razão de supervenientes condições, 
ocorrem no caso em que a testemunha deixou uma declaração 
escrita e veio a falecer, desapareceu ou enlouqueceu tal 
declaração escrita não pode ser oralmente reproduzida por uma 
impossibilidade material ou psíquica, e torna-se assim verdadeiro 
o documento, cuja leitura do mesmo é admissível, como a de 
qualquer outro escrito probatório não substituível pela oralidade.63
 
Observa-se, portanto, que a avaliação das provas no 
processo é feita com obediência a um sistema, cujas regras são estabelecidas 
com o sentido de, valorizar o juízo crítico emitido pela autoridade judiciária 
aproximando-o o máximo possível da verdade. 
 
2.3 PROVA PERICIAL 
Estudando as formas em que se pode exteriorizar a 
afirmação de pessoa, vimos que elas se reduzem a duas, a forma testemunhal e 
a documental, cabe agora discorrer das formas das quais pode exteriorizar-se a 
afirmação da coisa, ou seja, a prova material. 
Quanto à sua forma consiste justamente em qualquer 
materialidade da prova do fato probando, refere-se especificamente a objetos 
como, por exemplo, instrumentos utilizados para a execução do crime, os 
exames, vistorias, perícias, instrumentos do crime e outros. 64 
Cada vez mais, com a finalidade de obter informações 
específicas sobre a materialidade do fato, o Juiz se utiliza da prova pericial e 
denota sua importância para o deslinde de controvérsias carecedoras de 
pareceres técnicos, com o escopo primordial de assegurar ao magistrado a 
segurança de informações acerca do objeto do conflito que se quer provar. 
 
63
 MALATESTA, Nicola Flamarino dei. A Lógica das Provas em Matéria Criminal. p. 559/ 
564/569. 
64
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 21. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2000. 2v. p. 329. 
 34
Silva 65 conceitua perícia da seguinte forma: 
Em sentido lato, a diligência realizada ou executada por peritos, a 
fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos. 
Significa, portanto, a pesquisa, o exame, a verificação, acerca da 
verdade ou da realidade de certos fatos, por pessoas que tenham 
reconhecida habilidade técnica ou experiência na matéria de que 
se trata (...). A perícia, segundo princípio da lei processual, é, 
portanto à medida que vem mostrar o fato, quando não haja meio 
de prova documental para mostrá-lo, ou quando se quer 
esclarecer circunstâncias, a respeito do mesmo, que não se 
acham perfeitamente definidas. 
Esses exames deverão ser feitos por um perito/técnico, 
habilitado que será o auxiliar da Justiça, pessoa hábil que tenha conhecimento em 
determinada área técnica ou científica. O Código de Processo Penal, em seu art. 
159, caput, estabelece que a perícia deverá ser realizado pelo perito oficial, 
portador de diploma de curso superior, no entanto, na falta destes, o §1º prevê 
que possa ser realizado por duas pessoas idôneas portadoras de diploma de 
curso superior, preferencialmente na área específica. Após a nomeação do perito 
feita pela autoridade competente, deverá este esclarecer um fato de natureza 
duradoura ou permanente. 
Afirma Mirabete66que: 
Não possuindo o juiz conhecimentos enciclopédicos e tendo de 
julgar causas das mais diversas e complexas, surge à 
necessidade de se recorrer a técnicos e especialistas que, por 
meio de exames periciais, com suas descrições e afirmações 
relativas a fatos que exigem conhecimento especiais, elucidam e 
auxiliam no julgamento. Entende-se perícia o exame procedido 
por pessoa que tenha determinados conhecimentos técnicos, 
científicos, artísticos ou condições pessoais inerentes ao fato 
punível a fim de comprová-los. 
A perícia então, além de estar adstrita à circunstância ou 
situação relevante ao processo, caracteriza-se por ser um meio de auxílio ao Juiz 
 
65
 SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. p. 602 
66
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 267. 
 35
durante a elucidação de fatos sob tutela jurisdicional do Estado, dos quais o 
julgador não tem conhecimento técnico específico. 
Nestes termos, Camargo Aranha67 aduz: 
O termo “perícia” tem sua origem etimológica no vocábulo latino 
perícia, significando habilidade, saber, capacidade, sendo que, 
no decorrer do tempo, a própria habilidade especial exigida 
passou a distinguir a ação ou a investigação praticada por outrem 
e para a qual colocou seu conhecimento ou saber altamente 
especializado. 
Em regra, cabe à autoridade policial requerer a perícia, 
entretanto, ela ainda pode ser determinada pelo magistrado ou requerida pelas 
partes. 
Alguns exames feitos pelos técnicos poderão ser de 
natureza diversa, tais como exames laboratoriais, grafotécnicos, de insanidade 
mental, dos instrumentos utilizados no crime, do local do crime, etc.68 
Podemos classificar a perícia em 10 modalidades69. 
a) Judicial – é determinada pela justiça de ofício ou a pedido das 
partes envolvidas; 
b) Extrajudicial – é feita a pedido das partes, particularmente; 
c) Necessária (ou obrigatória) – imposta por lei ou pela natureza 
do fato, quando a materialidade do fato se prova pela perícia. Se 
não for feita, o processo é passível de nulidade; 
d) Facultativa – quando se faz prova por outros meios, sem 
necessidade da perícia; 
e) Oficial – determinada pelo juiz; 
f) Requerida – solicitada pelas partes envolvidas no litígio; 
 
67
 ARANHA, Adalberto Jose Q. T. de Camargo. Da prova no processo penal. p. 155. 
68
 MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. p. 121. 
69Perícia. Disponível em http://www.direitonet.com.br/resumos/x/82/22/82/. Acesso em 01 set. 
2008. 
 
 36
g) Contemporânea ao processo – feita no decorrer do processo; 
h) Cautelar – realizada na fase preparatória da ação, quando 
realizada antes do processo (ad perpetuam rei memorian); 
i) Direta – tendo presente o objeto da perícia; 
j) Indireta – feita pelos indícios ou seqüelas deixadas. 
Entende-se que, a perícia é utilizada para levar 
conhecimento técnico ao juiz, produzindo prova para auxiliá-lo em seu livre 
convencimento, e levar ao processo a documentação técnica do fato, o qual é 
feito através de documentos legais. 
O Laudo será o documento apresentado pelo perito, após 
finalizar seu trabalho. Este documento deverá ser escrito e redigido da seguinte 
maneira: 70 
I - preâmbulo – que contém nome do perito, seus títulos, nome da 
autoridade que o nomeou, motivo da perícia, nome e qualificação 
do indivíduo a ser examinado; 
II - histórico – que é a anamnese do caso, colheita de 
informações do fato, local, envolvidos, etc; 
III - descrição – que é a parte mais importante, deve ser 
minuciosa ao relatar as lesões e sinais do indivíduo, e se 
envolver cadáver tem que constar os sinais da morte, identidade, 
exame interno e externo; 
IV - discussão – que é o diagnóstico onde o perito externará sua 
opinião, relatório dos critérios utilizados; 
V - conclusão – que é o resumo do ponto de vista do perito, 
baseando-se nos elementos objetivos e comprovadores de forma 
segura; 
VI - respostas aos quesitos – eventualmente oferecidos pelas 
partes ou juízo. 
 
70
 Perícia. Disponível em http://www.direitonet.com.br/resumos/x/82/22/82/. Acesso em 01 set. 
2008. 
 37
O Laudo Pericial deverá então conter as conclusões do 
perito, uma vez que, ele é prova de fato e depende de conhecimento especial. O 
art. 159, em seu parágrafo terceiro do CPP prevê a formulação dos quesitos, pelo 
Ministério Público assistente de acusação, ofendido, ao acusado e ao querelante. 
Os quesitos são as perguntas técnicas que as partes 
querem ver respondidas pelo profissional perito, que além de auxiliar o trabalho 
deste, ainda deixa bem clara a objetividade pretendida. Uma boa elaboração de 
quesitos é parte essencial na boa produção da prova pericial, e serão mais ricos 
quando elaborados conjuntamente por advogados e profissionais especialistas71. 
2.3.1 Do Exame de Corpo e Delito 
O estudo dos meios de prova no âmbito processual penal, é 
de importante relevo,

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