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(20170828190426)DIREITO CIVIL I (LINDB) (2)

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 DIREITO CIVIL I – PESSOAS E BENS
Faculdade Pitágoras
Prof. Pablo Bonfim
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Direito Civil I
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Decreto-Lei 4.657/1942 – redação da pela Lei 12.376/2010
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Direito Civil I
A Lei da Leis
“Disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento, no tempo e no espaço”.
Carlos Roberto Gonçalves 
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Direito Civil I
Modo de aplicação da Lei:
Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 
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Direito Civil I
Modo de entendimento:
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito
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Direito Civil I
Modo de aplicação no tempo:
Art. 1º. Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada
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Direito Civil I
Modo de Aplicação no Espaço:
Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
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Direito Civil I
Assim, a LINDB tem por funções regulamentar:
O início da obrigatoriedade da lei:
 Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
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Direito Civil I
O tempo de obrigatoriedade da lei;
 
 Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
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Direito Civil I
A eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente, que a comprometeria:
 Art. 3o  Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
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Direito Civil I
Os mecanismos de integração das normas quando houver lacunas;
 Art. 4o  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
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Direito Civil I
Acompanha o Código Civil simplesmente porque se trata do diploma considerado de maior importância. Trata-se de um conjunto de normas sobre normas, visto que disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento no tempo e no espaço. Ultrapassa ela o âmbito do Direito Civil, pois, enquanto o objeto das leis em geral é o comportamento humano, o da Lei de Introdução é a própria norma (GONÇALVES; LENZA, 2015, p. 53).
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Lei de Introdução às normas do direito brasileiro (LINDB):
	Tem aplicabilidade sobre todo o ordenamento jurídico brasileiro. Não importa se são normas de direito privado ou de direito público.
	Aplica-se a todas as normas de direito privado e público salvo disposição em sentido contrário.
Conceito: é uma norma jurídica que tem por objetivo regular a aplicação das leis em nosso país no tempo (art. 1º ao 6º) e no espaço (art. 7º ao 19).
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Interpretação das normas jurídicas (hermenêutica):
Interpretar é buscar o sentido (significado dos vocábulos) e o alcance (âmbito de aplicação) da norma jurídica.
Toda norma jurídica precisa ser interpretada? Na atualidade deve ser gabaritado que toda norma jurídica deve ser interpretada.
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O seu desenvolvimento deveu-se historicamente, á Escola de Exegese.
 	A Escola da exegese, também conhecida como Escola filológica, em direito, é uma corrente de pensamento jurídico que floresceu no início do século XIX, a partir do Código Napoleônico.
	O art. 4º desse código afirmava que um juiz jamais poderia evitar julgar algo que lhe fosse dado. Assim, a escola da exegese, confirma que a interpretação deve ser mecânica, de acordo com a intenção do legislador.
	Esta escola afirmava que o Código de Napoleão resolveria qualquer problema do dia-a-dia, na sociedade da época que era mais ligada nos costumes habituais. Portanto, para a Escola da exegese, a lei seria uma expressão da razão.
	A Escola da Exegese surgiu na França, no início do século XIX.
	Havia, naquela época, um sentimento de extremado respeito e observância aos códigos, pois eram consideradas obras perfeitas, imunes a quaisquer falhas, regulando, de maneira completa, a totalidade dos assuntos sociais, políticos e econômicos.
	Não havia nenhuma outra fonte de Direito
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Meios de interpretação:
Interpretação gramatical ou literal: é aquela que se baseia nas regras da linguística.
Interpretação lógica: utiliza raciocínios lógicos.
Interpretação sistemática: é aquela que analisa o sistema em que está inserido o dispositivo legal. Verifica a lei, o capítulo, o título, etc.
Interpretação histórica: I – análise dos fatos históricos que antecederam a norma; II – análise do processo legislativo. Verifica a proposta legislativa, as emendas apresentadas, os vetos, as razões do veto, etc.
Interpretação teleológica ou sociológica: é aquela que busca a finalidade social da norma. (finalidade social do CDC e da CLT – consagração do princípio da igualdade material ou isonomia substancial – proteção do hipossuficiente).
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Aplicação da norma jurídica:
Subsunção:
I - Conceito Clássico: é o enquadramento do fato concreto ao conceito abstrato contido na norma (positivista – está preocupado apenas com o que está no papel).
	Olhar qual foi o fato e qual a norma jurídica aplicável. No passado, Direito era apenas o que estava na norma jurídica. (Hans Kelsen – Teoria Pura do Direito). Kelsen queria que o direito não fosse contaminado pelos valores.
	Dignidade da pessoa humana é um valor, na teoria pura do direito não leva em consideração.
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II - Conceito moderno: a subsunção é a aplicação da norma jurídica através da integração de 03 subsistemas isomórficos entre si: fatos, normas e valores.
 
				 
					 Valores
 
					 
						 Direito
 Fatos Normas
	
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Miguel Reale: escola moderna, pós-positivismo. Direito Democrático: o direito não é um dado pronto, acabado, fechado, não é isolado, limpo.
	O direito na teoria tridimensional depende da análise de valores e na teoria pura, não podem ser analisados valores (dignidade da pessoa humana é um exemplo de valor).
	
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Lacuna (lacuna de omissão):
Conceito: Lacuna, também conhecida como lacuna propriamente dita ou lacuna de omissão, é a ausência de dispositivo legal que regule determinado fato concreto (art. 4º da LINDB).
Antinomia, também conhecida como Lacuna de Colisão ou Lacuna de Conflito é o conflito entre duas normas, dois princípios ou entre uma norma e um princípio na solução de um caso concreto (Gofredo Telles e Maria Helena Diniz).
Requisitos para a existência da antinomia:
Normas com soluções divergentes;
Normas vigentes e válidas.
A antinomia quanto à sua solução pode ser classificada em:
Antinomia aparente: é aquela que pode ser solucionada através da aplicação de normas do próprio ordenamento. Ex.: princípio/critério da hierarquia.
Antinomia real: é aquela que não tem solução prevista no ordenamento. Solução: critério do justum (equidade).
	
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Meios de suprir a lacuna (de omissão): art. 4º, LINDB.
De acordo com a doutrina clássica e majoritária o juiz deve seguir a ordem prevista no art. 4º da LINDB: analogia, costumes e princípios gerais de direito.
Doutrina moderna (minoritária) aponta que o art. 4º não deve ser visto como uma ordem a ser seguida.
Recomenda-se a doutrina clássica em fases objetivas.
Suprir é sinônimo de colmatar.
Meios:
Analogia: consiste na aplicação de uma norma prevista para uma hipótese distinta, porém semelhante.
Analogia legal (legis): utiliza apenas um dispositivo legal para solucionar a omissão legislativa. Ex.: art. 12, parágrafo único CC – aplica-se também ao companheiro.
Analogia jurídica (juris): consiste na utilização
de um conjunto de normas com o objetivo de extrair uma regra/princípio comum.
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EXEMPLIFICANDO: 
Qual a diferença entre analogia e interpretação extensiva? A analogia é meio de integração e a interpretação extensiva é meio de interpretação.
	Na analogia a aplicação da norma ocorre em uma hipótese que não estava contemplada em seu espírito (Ex.: art. 12, parágrafo único).
	Na interpretação extensiva a aplicação da norma ocorre em hipótese que não estava expressa na letra da lei, mas está compreendida no seu espírito (Ex.: art. 422, CC – a boa-fé objetiva também na execução do contrato, não só no momento em que ele é celebrado).
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Costume: é a prática pública longa e reiterada de uma determinada conduta com a convicção de sua obrigatoriedade jurídica.
- Elementos do costume:
Objetivo: é a conduta (ato reiterado, público, geral, etc.)
Subjetivo ou psicológico: é a convicção de sua obrigatoriedade jurídica.
- Classificação dos costumes em relação à lei:
Secundum Legem: I - É aquele que está de acordo com a lei. II - É aquele que a própria lei determinou a sua observância (Ex.: art. 113).
Praeter Legem: é o costume que está além da lei. Regula uma situação que não está nem proibida, nem permitida pelo ordenamento jurídico. Ex.: cheque pré-datado / pós-datado (Súmula 370 do STJ). Quem deposita antes da data determinada, age em abuso de direito (espécie de ato ilícito).
Contra Legem: é aquele contrário a lei.
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Princípios gerais de Direito:
Princípios são regras norteadoras do ordenamento jurídico.
Princípios gerais são regras norteadoras universalmente aceitas. Não precisam estar expressos em lei (podem ser implícitos). Ex.: princípio da legalidade, da liberdade, da igualdade.
Princípios gerais do Direito Romano:
Honeste Vivere: viver honestamente;
Neminem Laedere: não causar dano a outrem (art. 186, CC);
Suum cuique tribuere: dar a cada um o que é seu.
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Equidade:
Maria Helena Diniz: “a equidade não é meio de integração, mas exerce função integrativa, uma vez esgotados os meios do art. 4º da LINDB.”
Equidade é a busca do ideal de justiça.
Qual a diferença entre julgar com equidade ou por equidade? Todo juiz deve julgar com equidade (deve buscar uma solução justa). Mas, só deve julgar por equidade quando houver determinação legal nesse sentido. Ex.: art. 20, §4º, CPC - “(...) consoante apreciação equitativa do juiz, (...)”.
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Vigência da Lei no Tempo:
Promulgação Publicação Momento da Vigência (vacatio legis)
Promulgação (requisito de existência da norma jurídica): é o ato do chefe do Poder Executivo que autentica a Lei e determina a sua obrigatoriedade.
Publicação (no Diário Oficial): é apenas um requisito para vigência da norma jurídica.
Momento da vigência: é a chamada vacatio legis.
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Vacatio Legis:
É o intervalo de tempo entre o momento da publicação de uma norma jurídica e o momento de sua vigência.
O legislador pode determinar:
	O cumprimento de um prazo específico de vacatio legis. (Ex.: CC/2002 entrou em vigor em 11/01/2003 – vacatio de 01 ano).
Ausência de prazo: vigência imediata da norma jurídica. Ex.: Emendas Constitucionais; Lei 11.441/07.
Omissão do legislador: art. 1º da LINDB: a lei entrará em vigor 45 dias após a sua publicação em todo o território nacional e em 03 meses nos Estados Estrangeiros onde for admitida a sua aplicabilidade.
Questão: Aplica-se o prazo de vacatio previsto na LINDB aos atos administrativos normativos (decretos, resoluções, portarias, etc.)? Em regra, entram em vigor no exato momento de sua publicação (Decreto 572/1890).
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Espécies de prazos de vacatio legis:
Prazo progressivo: é a hipótese em que a lei entra em vigor em diferentes momentos em todo o território nacional. É o que ocorria na antiga Lei de Introdução ao Código Civil – Lei 3.071/1916 – é o mesmo número do CC/16.
Prazo único ou simultâneo (princípio da vigência sincrônica): é a hipótese em que a lei entra em vigor ao mesmo tempo em todo o país. É o que ocorre na atual Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei 4.657/1942).
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Existem três espécies de leis referentes à vacatio legis:
1) Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão, que, de acordo com o artigo 8.º da Lei Complementar n. 95/98, tem expressa disposição do período de vacatio legis. Como exemplo, temos a expressão contida em lei determinando "entra em vigor um ano depois de publicada".
2) Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em consonância com o artigo 1.º da Lei de Introdução, ou seja, no silêncio da lei entra em vigor, no país, 45 dias depois de oficialmente publicada ou, no estrangeiro, quando admitida, três meses após a publicação oficial.
3) Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra em vigor na data de publicação, devendo esta estar expressa ao final do texto legal.
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Princípio da Continuidade da Lei:
Classificação da lei de acordo com sua vigência:
Lei temporária: é aquela que traz expresso o seu prazo de duração. Ex.: leis orçamentárias (01 ano), leis de incentivos fiscais (desconto de IPI, por exemplo). A lei temporária é uma exceção em nosso país.
Lei por tempo indeterminado: é aquela que vigora de forma indefinida no tempo até ser revogada por outra lei. ATENÇÃO: em nosso país somente leis revogam leis (princípio da supremacia das leis). O desuso e o costume contra legem não revogam leis.
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Revogação da lei:
Revogação é o ato de retirar a vigência de uma norma. A revogação é gênero que se divide em duas espécies:
Ab-rogação: é a revogação total.
Derrogação: revogação parcial.
A CF/88 ab-rogou ou derrogou a anterior? Ab-rogou a anterior.
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Repristinação:
É a recuperação da vigência de uma norma anteriormente revogada (em regra, através da revogação da norma revogadora).
Lei A Lei B (revogou A) Lei C (revogou B)
Volta a Lei A? Repristinação, em regra, não ocorre em nosso país, mas não é proibida. Pode ocorrer se houver determinação expressa do legislador.
Vigência da Lei no Espaço (Ler: art. 7º ao art. 19 da LINDB): Direito Internacional Privado.
O Brasil adotou quanto à vigência da lei no espaço, o princípio da territorialidade moderada / temperada: em regra aplica-se a lei brasileira no território nacional, mas admite-se a aplicabilidade de leis estrangeiras em certas situações especiais.
Princípio do Prélèvement: é a regra pela qual pode ser feita distinção entre o brasileiro e o estrangeiro com o objetivo de ser aplicada a lei mais benéfica ao brasileiro (Ex.: art. 10, §1º da LINDB; e, art. 5º, XXXI da CF/88).

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