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Contratos II Compra e Venda (arts. 482 e ss do CC) A compra e venda é o contrato pelo qual o vendedor se obriga a entregar a coisa e o comprador a pagar o preço em dinheiro. - para que se configure o contrato de compra e venda o preço deverá ser pago em dinheiro ou sua maior parte deverá ser satisfeita em dinheiro. - quando a maior parte for em objeto, configurará a troca, porém se a metade for paga em dinheiro e a outra metade em bem, configurará o contrato de compra e venda (STJ). Classificação do contrato de compra e venda: - oneroso (aufere sacrifício patrimonial para ambas as partes); - comutativo (prestações certas e determinadas – objeto certo); - não-solene (verbal); exceção: imóveis (o contrato de compra e venda referente a imóveis é solene, portanto, deve ser de forma escrita) - real/consensual: real nasce com a tradição do objeto enquanto a consensual nasce com o acordo de vontades (pacto entre as partes) – objeto e preço. A compra e venda é um contrato tido como consensual. Por ser consensual a compra e venda pode recair sobre objetos futuros. (ocorre principalmente no mercado rural). Elementos: 1) capacidade das partes (arts. 3º e 4º CC) - os incapazes devem ser assistidos ou representados. - jurisprudência pacífica do STJ estabelece que não é preciso da capacidade das partes quando a compra e venda é sobre bens de consumo de pequeno valor. O parâmetro adotado é objetivo, ou seja, será considerado como pequeno valor aquilo que for de pequeno valor para a sociedade. 2) Objeto: lícito, corpóreos, incorpóreos, inalienáveis (direitos da personalidade), futuro (área rural). 3) Preço: precisa ser sério, justo e real. - art. 489, CC – o contrato de compra e venda será nulo no caso de cartel (empresas que combinam o preço), porém o preço poderá ser fixado por terceiro. - art. 490, CC – as despesas serão pactuadas pelas partes. Regra geral, a despesa da tradição ficam a cargo do vendedor e a documentação fica a cargo do comprador. Obs: o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. Art. 492, CC: - perda: a coisa se perde totalmente ou em grande parte. - deteriorização: a coisa se perde em partes. - res perit domínio – a coisa perece para o dono. Obs: antes da tradição a coisa perecerá para o vendedor, sendo que após a tradição a coisa perecerá para o comprador. Exceção: -quando houver mora do credor; individualização ou marcação pelo comprador. Restrições à compra e venda: 1) ascendente para descendente: - para que a venda de ascendente para descendente seja válida, é necessária a concordância dos demais herdeiros e do cônjuge alienante (vendedor), salvo se casado no regime da separação obrigatória de bens, ou nos casos de separação absoluta. - o vício, neste caso, padece de anulabilidade – prazo de 2 anos para propor ação. 2) venda de parte indivisa de condomínio (mais de um proprietário): - os bens indivisíveis quando de titularidade de duas ou mais pessoas não podem ser vendidos antes de dado o direito de preferência ao outro condômino. - o vício padece de anulabilidade – prazo decadencial de 180 dias para a propositura da ação, se contrário, o vício se convalidará. Art. 497, CC – Nulidade - os tutores, curadores, administradores, leiloeiros e os magistrados não podem comprar os bens que estão sob sua administração, isto porque, não haverá dualidade de interesses. Modalidades Especiais (art. 500, CC): Podem ser classificadas as compras e venda em: Ad corpus ( imóvel é adquirido por um todo, sendo suas dimensões meramente elucidativas – melhor para o vendedor) ou ad mensuram (imóvel é adquirido com base nas suas dimensões – melhor para o comprador) – no caso de imóveis. - nos casos da compra e venda na modalidade ad mensuram e houver erro na dimensão o comprador poderá pedir: a) abatimento do preço; b) complementação da área; c) desfazimento do contrato. - o contrato deve ser de forma escrita e nele deverá ser especificado a modalidade (ad corpus/ad mensuram). Se o contrato não constar a modalidade a lei especificará que se a área anunciada e a área rural do imóvel não ultrapassar 5% de diferença, será considerado ad corpus. Portanto, se ultrapassar a diferença de 5% o contrato será ad mensuram. Venda por amostra - o produto deve ser exatamente igual, porém a jurisprudência aceita pequenas divergências que deverão ser analisadas em cada caso. - a compra e venda pode ser considerada sujeita à prova/ad gustum (gosto), neste caso, se o produto tiver as qualidades anunciadas pelo vendedor, mesmo que o comprador não goste o objeto não poderá ser devolvido. Cláusulas Especiais (arts. 505, ss do CC) a) Retrovenda: pela cláusula de retrovenda o vendedor tem o direito de recomprar o imóvel no prazo de até 3 anos, independentemente da vontade do comprador em querer vendê-las. - aplicada somente a bens imóveis. - atualmente essa cláusula caiu em desuso por ferir a segurança jurídica. b) Preferência: - art. 513 e ss, CC Na cláusula de preferência o comprador quando quiser vender o bem adquirido terá que dar preferência ao antigo vendedor para readquirir a coisa em primeiro lugar. - aplicada a bens imóveis e móveis. - imóveis: prazo para resposta 2 anos - móveis: prazo de 180 dias para resposta. Algumas preferências que mesmo não colocadas no contrato a lei disporá: - Lei 8.245/91 (LLIU): locatário tem direito de preferência, independentemente de cláusula contratual. - arts. 981 e ss do CC: o sócio tem direito de preferência. c) Venda com reserva de domínio: - aplica-se a bens móveis; - a cláusula só existe se ela estiver pactuada por escrito; - aparecerá quando houver bem móvel à crédito (parcelado); - apesar da tradição a propriedade permanece com o vendedor; - não há a res perit domínio na venda com reserva de domínio. DOAÇÃO – ARTS. 538 e ss, CC 1) conceito: é o contrato pelo qual o doador, por mera liberalidade transfere bens ou vantagens patrimoniais para o patrimônio do donatário (art. 538, CC) 2) elementos: a) “animus donandi”: vontade de doar = mera liberalidade - coação direta: extingue o animus donandi - coação indireta: persiste o animus donandi b) bens ou vantagem patrimonial obs: órgão e sangue: para Paulo Lobo a terminologia doação é equivocada, sendo que o correto seria o termo de dação de órgãos/sangue, simplesmente por não ser bem ou vantagem patrimonial. c) aceitação do donatário - aceitação expressa: o donatário expressamente se manifesta quanto da aceitação. - aceitação tácita: na aceitação tácita o donatário não manifesta expressamente sua vontade em receber a coisa, mas suas atitudes levam a crer que ele aceitou a doação. - aceitação presumida (art. 539, CC): É diferente de aceitação tácita, pois há um lapso temporal para se presumir a aceitação. - aceitação ficta: aquela q nunca existiu por vontade do donatário, porém a lei é quem aceita em seu favor (art. 543, CC). Geralmente ocorre na doação pura para absolutamente incapaz. 3) classificação do contrato de doação: - gratuita: mesmo na doação com encargo a doação continua sendo gratuita. - solene: a) doação de imóveis necessariamente deve ser feito com escritura pública. b) doação de bens móveis deverá ter um contrato – instrumento particular. c) exceção: a doação de bens móveis de pequeno valor podem ser feitas de forma verbal. Posições: - Paulo Lobo: pequeno valor corresponde a 10 salarios mínimos. - majoritária: pequeno valor é aquilo que é quantificado para média nacional. d) real: se perfaz com a tradição ou registro do título. 4) modalidades de doação: a) pura: mera liberalidade transfere-se bem ou vantagem patrimonial ao donatário. b) doação com encargo: da tranferencia para o donatário é exigido um encargo. A doação com encargo é sempre onerosa. c) doação por subvenção periódica: é uma doação de execução periódica. d) remuneratória: doa-se em virtude da contraprestação de um serviço prestado. e) contrato de casamento futuro = doação condicionalsuspensiva f) com clausula de reversão: o patrimônio doado volta ao doador, caso o donatário faleça em primeiro lugar. g) Universal (proibida): a doação universal é nula, pois só se pode dispor de 50% do patrimônio. 5) modalidades especiais: - restrições a liberdade de doar. - doação universal. - doador possui herdeiros necessários (Até 50%) -ascendente para descendente. Revogação de doação por qualquer motivo que fira a segurança jurídica: Dois motivos: a) inexecução do encargo b) ingratidão do donatário. EMPRÉSTIMO – ARTS. 579, ss do CC 1) modalidades: a) comodato b) mutuo Comodato: É o empréstimo gratuito de bens infungíveis (bens não consumíveis) - bens não consumíveis - gratuito - real (nasce com a tradição) - trata-se de empréstimo de uso. - comodato modal ou com encargo: é aquele em que o comodante impõe um ônus ou um encargo para o comodatário. O comodato modal, apesar do encargo, continua sendo gratuito. - se o comodante averiguar o descumprimento do encargo ele poderá rescindir o contrato - após o cumprimento deverá ser devolvido o mesmo bem emprestado. - o contrato de comodato não tem transferência de propriedade, tão somente de posse. - prazo para duração do comodato: determinado (2 a 5 anos) indeterminado (o prazo não é fixado). Obs: mesmo que o comodato seja pactuado por prazo indeterminado o comodante não pode reclamar o bem de volta antes do comodatário utilizar com a finalidade pela qual emprestou. Exceções: o comodante poderá reclamar o bem de volta antes do prazo: a) situação econômica (modificar com o empréstimo feito) b) nos casos de situação imprevistas ou emergentes. Obrigações do comodatário: a) conservar o bem como se seu fosse b) utilizar com a finalidade devida c) restituir ao final do prazo contratual (caso não ocorra, poderá ser fixado um aluguel – multa diária) obs: o comodatário poderá adquirir a propriedade do objeto quando configurar o abandono por parte do comodante. Mútuo - bens consumíveis - gratuito ou oneroso - empréstimo de consumo - devolução deverá ser com objeto de mesmo gênero, quantidade e qualidade - o mutuante não é obrigado a aceitar coisa diversa ainda que mais valiosa. - há transferência de propriedade para o mutuário. Obs: dinheiro é bem consumível. Mutuo de dinheiro: - consumível - gratuito/oneroso LOCAÇÃO 1) conceito: é o contrato pelo qual o locador (prop.) sede ao locatário o uso e gozo de bem infungível (não consumível) mediante certa retribuição (aluguel). - a locação é onerosa; - bem não consumível - nenhuma locação precisa ser escrita, portanto, trata-se de forma não-solene (pode ser verbal) - consensual. - objeto: só recai sobre coisa/bem: móvel (C.C) Imóvel (Lei nº 8.245/91) Incorpóreos (licença – ex: marca) Obrigações: - locador: a) entregar o bem para o locatário b) responsabilidade de manter a coisa em perfeito estado. - locatário: a) retribuição (aluguel) b) conservação da coisa c) utiliza-la com a finalidade pela qual locou. Lei 8.245/91 (Lei de locação de imóveis urbanos – LLIM) - locação de imóveis urbanos - prazo determinado: impõe uma data para o término - prazo indeterminado: ocorrerá quando ultrapassar o prazo determinado. Obs: - no prazo indeterminado o locador poderá pedir de volta notificando o locatário, diante da não notificação o locador deverá pagar uma multa. - nos casos de locação por prazo determinado o locador não pode pedir de volta, mesmo se pagar multa, salvo se o locatário estiver em atraso ou estiver deteriorando o bem - se o locatário quiser sair antes do prazo determinado deverá pagar multa, a exceção de que o locatário fica isento de multa é se ele precisar mudar de localidade por imposição de seu empregador (ex: ameaça de perder o emprego) – deverá ser analisado subjetivamente, ou seja, é aquela que cria um ônus muito grande ao trabalhador. - outra localidade é entendido como sendo o local diverso ao inicialmente pactuado no contrato de locação e que dificulte ou inviabilize a locomoção do trabalhador. Garantias reais e garantias pessoais: - garantia real: entrega de alguma coisa como cumprimento da obrigação - garantia pessoal: 3ª pessoa é quem garante o cumprimento da obrigação. Garantia pessoal: Fiança # Aval Fiança: - dada em contrato - responsabilidade subsidiária - pode ser pactuado com solidariedade - contrato acessório (depende do contrato principal) Aval: - dada em título de crédito - solidária (não pode ser pactuado com subsidiariedade) - contrato autônomo (mesmo se houver algum vicio contratual, não será exonerado a responsabilidade do avalista). FIANÇA (ART. 818 e ss do CC) o contrato acessório, só existe em virtude do contrato principal. - visa garantir o contrato de locação ou o contrato de empréstimo mútuo (bancário) - a fiança é uma relação jurídica, ou seja, um contrato celebrado entre credor e fiador. Quem pode ser fiador? - pessoa capaz - o credor só aceita o fiador que possua patrimônio - é de livre escolha do credor as condições que deverá ter o fiador. - o credor poderá pedir a troca do fiador a qualquer momento. Lei 8.009/90 - Bem de família: são as coisas necessárias para que possa viver com dignidade. São bens impenhoráveis. - art. 3º: os bens de família são impenhoráveis, exceto quando for objeto de fiança.
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