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Informativo STF mensal agosto 2017 Para mais acesse https://direitonaestaciofapbelem.blogspot.com.br

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1 
Agosto/2017 
 
Sessões de 1º a 31 de agosto de 2017 
 
71 
número 
 2 
 
 
Agosto de 2017 
Compilação dos Informativos nos 871 a 875 
 
 
O Informativo por Temas apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelo 
Informativo STF concluídos no mês a que se refere e é organizado por ramos do Direito e por 
assuntos. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Direito Administrativo 
 
Agentes Políticos 
Aposentadoria compulsória de magistrado: processo disciplinar e prova emprestada 
Controle de Constitucionalidade 
Alteração de limites de municípios e plebiscito 
Amianto e competência legislativa concorrente 
Competência legislativa concorrente e direito ambiental 
Direito à saúde e amianto 
Julgamento de governador por crimes comuns e de responsabilidade e competência legislativa 
Domínio Público 
Terras tradicionalmente ocupadas por indígenas: titularidade e indenização 
Organização Político-Administrativa 
TCU: redução de pensão e direito individual 
Responsabilidade Civil do Estado 
ED: responsabilidade civil do Estado por ato ilícito e contrato administrativo 
 
Direito Constitucional 
 
Competência 
Justiça competente e servidor público celetista 
Competência Legislativa 
Competência legislativa: proteção do consumidor e lealdade à Federação 
Lei estadual e prestação de serviço de segurança 
Lei estadual e serviço de empacotamento 
 
Direito Internacional 
 
Estrangeiro 
Extradição e expulsão de estrangeiro pai de filho brasileiro 
 
Direito Processual Civil 
 
Atos processuais 
Alegação de nulidade e aproveitamento de atos processuais 
 
Direito Processual Penal 
 
Competência 
Crime praticado por procurador da República e competência 
Execução Penal 
Execução antecipada da pena e ação cautelar 
 3 
Execução provisória da pena 
Habeas Corpus 
Habeas corpus e direito à visitação 
Habeas corpus e estabelecimento prisional adequado 
Jurisdição e Competência 
Encaminhamento de cópia de depoimento e definição de competência 
 
Direito Tributário 
 
Tributos 
Majoração de taxa por portaria e princípio da reserva legal 
Município e taxa de combate a sinistros 
 
 
 
 4 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Agentes Políticos 
 
Aposentadoria compulsória de magistrado: processo disciplinar e prova emprestada 
A Primeira Turma, por maioria, negou provimento a agravo regimental em que 
questionada a legalidade de ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quanto à aplicação 
da pena de aposentadoria compulsória a magistrado estadual por prática de infração 
disciplinar grave. 
 
O agravante alegou ofensa ao princípio da subsidiariedade, dada ausência de análise 
prévia da suposta falta pela Corregedoria local; invalidade das provas, as quais haviam sido 
obtidas durante a investigação de outras pessoas; possibilidade de apontamento de 
nulidades por meio de petição após o prazo previsto no art. 23 da Lei 12.016/2009 (1); 
incompatibilidade entre o ato de instauração do processo administrativo disciplinar e o 
acórdão impugnado; e descabimento da sanção imposta por insuficiência probatória. 
 
Primeiramente, a Turma evidenciou entendimento consolidado pela Corte no sentido 
da competência originária e concorrente do CNJ conferida pela Constituição, na aplicação 
de medidas disciplinares. Em seguida, reafirmou a possibilidade de utilização de dados 
obtidos por descoberta fortuita em interceptações telefônicas devidamente autorizadas como 
prova emprestada em processo administrativo disciplinar. 
 
Ademais, não verificou a ocorrência de atraso indevido no envio das provas aos 
órgãos competentes no que se refere a indivíduos detentores de foro por prerrogativa de 
função. Destacou, ainda, a incongruência entre dilação probatória e mandado de segurança. 
 
 Afastou também a hipótese de incompatibilidade entre a portaria de instauração do 
processo e o ato contrariado, visto que a defesa no processo administrativo disciplinar se dá 
em relação aos fatos descritos na própria portaria de instauração. 
 
Outrossim, ausente conclusão do juízo criminal pela prova da inexistência do fato ou 
pela negativa de autoria, não estão presentes circunstâncias suscetíveis de autorizar 
excepcional comunicabilidade das esferas penal e administrativa. 
 
Por fim, a Turma concluiu pela ausência de ilegalidade do ato e entendeu por 
justificada a pena de aposentadoria compulsória, haja vista demonstração probatória de 
infração disciplinar grave. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio, que entendeu haver dúvidas em relação à 
culpabilidade do acusado e destacou a impossibilidade de condenação a partir de simples 
indícios. Desse modo, sem julgar o aspecto material do caso, votou pelo provimento do 
agravo regimental. 
 
(1) Lei 12.016/2009: “Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e 
vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado”. 
MS 30361 AgR/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 29.8.2017. 
(Informativo 875, 1ª Turma) 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
Alteração de limites de municípios e plebiscito 
O Plenário, em conclusão de julgamento, reputou parcialmente procedente pedido 
formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei 3.196/1999 e para 
não conhecer da ação quanto à Lei 2.497/1995, ambas do Estado do Rio de Janeiro. As 
 5 
normas impugnadas estabelecem os novos limites territoriais dos Municípios de 
Cantagalo e Macuco — Informativos 495, 776 e 786. 
 
No que se refere à Lei estadual 3.196/1999, o Colegiado apontou ofensa ao § 4º 
do art. 18 da Constituição Federal (CF) (1), tendo em conta a ausência de consulta 
prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos. 
 
A respeito da Lei estadual 2.497/1995, entendeu que o diploma foi elaborado 
antes do parâmetro constitucional estabelecido pela EC 15/1996, tido por violado. 
 
Por fim, o Colegiado, por maioria, decidiu não modular os efeitos da decisão, em 
razão da impossibilidade de repristinação da Lei 2.497/1995 para disciplinar os limites 
territoriais entre os Municípios de Cantagalo e Macuco, haja vista o trânsito em julgado 
de mandado de segurança, julgado pelo TJ/RJ, em que expressamente declarada a 
invalidade do aludido diploma legal. 
 
Vencidos, quanto à modulação, os ministros Teori Zavascki e Celso de Mello. 
 
(1) Constituição Federal/1988: “Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do 
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta 
Constituição. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, 
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, 
às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e 
publicados na forma da lei”. 
ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, 
julgamento em 9.8.2017. 
(Informativo 872, Plenário) 
 
 
Amianto e competência legislativa concorrente 
O Plenário, em conclusão e por maioria, julgou improcedente ação direta ajuizada 
contra a Lei 12.684/2007, do Estado de São Paulo, que proíbe o uso de produtos, 
materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto no território estadual. 
Além disso, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do artigo 2º da Lei 
9.055/1995 (1), que permite a extração, industrialização, comercialização e a 
distribuição do uso do amianto na variedade crisotila no País (vide Informativos 686, 
848 e 872). 
 
O Colegiado salientouque, no tocante à competência legislativa para normatizar a 
matéria, a necessidade de busca, na Federação, de um ponto de estabilidade entre 
centralização e descentralização. Dessa forma, compete concorrentemente à União a 
edição de normas gerais e aos Estados-Membros suplementar a legislação federal no 
que couber [Constituição Federal (CF), art. 24, §§ 1º e 2º] (2). Somente na hipótese de 
inexistência de lei federal é que os Estados-Membros exercerão competência legislativa 
plena (CF, art. 24, § 3º) (2). Sobrevindo lei federal dispondo sobre normas gerais, a lei 
estadual terá sua eficácia suspensa naquilo que contrariar a federal (CF, art. 24, § 4º) 
(2). De igual modo, aos Municípios compete legislar sobre assuntos de interesse local e 
suplementar a legislação federal ou estadual no que couber (CF, art. 30, I e II) (3). 
 
Frisou ser imperativo que a competência concorrente exercida pela União englobe 
os interesses nacionais, que não podem ser limitados às fronteiras estaduais. Entretanto, 
a competência federal para editar normas gerais não permite que o ente central esgote 
toda a disciplina normativa, sem deixar competência substancial para o Estado-Membro. 
Isso significa, também, não se admitir que a legislação estadual possa adentrar a 
competência da União e disciplinar a matéria de forma contrária à norma geral federal. 
 
 6 
No caso, a Lei 9.055/1995 admite, de modo restrito, o uso do amianto, de modo 
que a legislação local não poderia, em tese, proibi-lo totalmente. Porém, no momento 
atual, a legislação nacional sobre o tema não mais se compatibiliza com a Constituição, 
razão pela qual os Estados-Membros passaram a ter competência legislativa plena sobre 
a matéria até que sobrevenha eventual nova lei federal. 
 
A Corte ressaltou que o processo de inconstitucionalização da Lei 9.055/1995 se 
operou em razão de mudança no substrato fático da norma. A discussão em torno da 
eventual necessidade de banimento do amianto é diferente da que havia quando da 
edição da norma geral. Se, antes, tinha-se notícia de possíveis danos à saúde e ao meio 
ambiente ocasionados pela utilização da substância, hoje há consenso em torno da 
natureza altamente cancerígena do mineral e da inviabilidade de seu uso de forma 
segura. Além disso, atualmente, o amianto pode ser substituído por outros materiais 
(fibras de PVA e PP), sem propriedade carcinogênica e recomendados pela Anvisa. 
 
Portanto, revela-se a inconstitucionalidade material superveniente da Lei 
9.055/1995, por ofensa ao direito à saúde [CF, arts. 6º (4) e 196 (5)], ao dever estatal de 
redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e 
segurança [CF, art. 7º, XXII (6)], e à proteção do meio ambiente [CF, art. 225 (7)]. 
 
Diante da invalidade da norma geral federal, os Estados-Membros passam a ter 
competência legislativa plena sobre a matéria, até sobrevinda eventual de nova 
legislação federal. Como a lei estadual questionada proíbe a utilização do amianto, ela 
não incide no mesmo vício de inconstitucionalidade material da lei federal. 
 
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Luiz Fux que julgaram 
procedente a ação. O ministro Marco Aurélio concluiu pela constitucionalidade do art. 
2º da Lei 9.055/1995, bem como pela inconstitucionalidade da legislação estadual, por 
inadequação ao art. 24, V, VI, XII, e § 3º, da CF (8). 
 
Já o ministro Luiz Fux, entendeu que os Estados-Membros não tem competência 
legislativa para proibir atividade expressamente admitida na Lei 9.055/1995. Pontuou 
que a matéria tratada pela Lei estadual transcende os limites de competência do Estado-
membro porque também trata de matéria de Direito do Trabalho e Comércio 
Interestadual, que são de competência da União. 
 
Vencido parcialmente o ministro Alexandre de Moraes, que julgou improcedente 
a ação, sem declaração incidental de constitucionalidade. Para ele, a competência 
legislativa dos Estados-membros deve ser ampliada, tendo em vista as diversas 
características locais. 
 
(1) Lei 9.055/1995: “Art. 2º O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco), do grupo dos minerais 
das serpentinas, e as demais fibras, naturais e artificiais de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim, serão 
extraídas, industrializadas, utilizadas e comercializadas em consonância com as disposições desta Lei”. 
(2) Constituição Federal/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a 
estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência 
suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência 
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais 
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”. 
(3) Constituição Federal/1988: “Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse 
local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”. 
(4) Constituição Federal/1988: “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência 
aos desamparados, na forma desta Constituição”. 
(5) Constituição Federal/1988: “Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. 
 7 
(6) Constituição Federal/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança”. 
(7) Constituição Federal/1988: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 
(8) Constituição Federal/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...) V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, 
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; (...) XII - previdência 
social, proteção e defesa da saúde; (...)§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades”. 
ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, 
julgamento em 24.8.2017. 
(Informativo 874, Plenário) 
 
 
Competência legislativa concorrente e direito ambiental 
O Plenário julgou improcedente ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo 
governador do Estado de Santa Catarina, contra os arts. 4º (1) e 8º, parágrafo único (2), 
da Lei estadual 11.078/1999, que estabelece normas sobre controle de resíduos de 
embarcações, oleodutos e instalações costeiras. 
 
No caso, aponta-se ofensa ao art. 22, caput e I (3), da Constituição Federal (CF), 
por ser competência privativa da União legislar sobre direito marítimo e civil. Alega-se, 
ainda, a existência de ofensa à Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por 
Alijamento de Resíduos e Outras Matérias, concluída em Londres, em 29.9.1972, e 
promulgada no Brasil pelo Decreto 87.566/1982. 
 
Primeiramenteo Colegiado não conheceu do pedido de declaração de 
inconstitucionalidade quanto à ofensa à referida convenção, promulgada pelo Decreto 
87.566/1982. Esclareceu que a jurisprudência da Corte não admite o exame de 
contrariedade à norma infraconstitucional em sede de controle concentrado de 
constitucionalidade. 
 
No mérito, o Plenário entendeu que as questões atinentes a direito marítimo não 
constituem o objeto principal do art. 4º da Lei 11.078/1999, do Estado de Santa 
Catarina. A tutela ao meio ambiente é o seu principal escopo. Na mesma linha, afirmou 
que não se trata, no art. 8º desse diploma estadual, de legislação sobre responsabilidade 
civil. O caso é de responsabilidade do agente causador por dano ao meio ambiente, nos 
limites do disposto no art. 24, VIII (4), da CF. É, portanto, matéria de competência 
legislativa concorrente. 
 
Nesse contexto, o Colegiado esclareceu que cabe à União editar normas gerais que 
traçam um plano, sem estabelecer pormenores. A competência legislativa dos Estados-
membros e do Distrito Federal é de caráter suplementar [CF, art. 24, § 2º (5)]. 
 
Todavia, diante da ausência de lei com normas gerais, o Estado-Membro pode 
legislar amplamente, até que seja editada referida lei [CF, art. 24, §§ 3º e 4º (6)]. Assim, 
tendo em vista que, à época da edição da Lei 11.078/1999, não havia lei geral sobre o 
tema, o Estado de Santa Catarina tinha competência legislativa plena nessa matéria. 
 
(1) Lei 11.078/1999 do Estado de Santa Catarina: “Art. 4º - As embarcações deverão contar com sistemas 
adequados para receber, selecionar e dispor seus próprios resíduos, que serão descartados somente em instalações 
terrestres”. 
(2) Lei 11.078/1999 do Estado de Santa Catarina: “Art. 8º - Em caso de derrame, vazamento ou deposição 
acidental de óleo, em trato d’água ou solo, as despesas de limpeza e restauração da área e bens atingidos, assim como 
a destinação final dos resíduos gerados, serão de responsabilidade do porto, terminal, embarcação ou instalação em 
 8 
que ocorreu o incidente. Parágrafo único – É proibido o emprego de produtos químicos no controle de eventuais 
derrames de óleo”. 
(3) Constituição Federal/1988: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, 
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”. 
(4) Constituição Federal/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...)VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de 
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”. 
(5) Constituição Federal/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...) § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a 
competência suplementar dos Estados”. 
(6) Constituição Federal/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...) 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência 
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais 
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”. 
ADI 2030/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 9.8.2017. 
(Informativo 872, Plenário) 
 
 
Direito à saúde e amianto 
Em julgamento desprovido de eficácia vinculante por não alcançar o quórum 
exigido pelo art. 97 (1) da Constituição Federal (CF) em razão de impedimento dos 
ministros Roberto Barroso e Dias Toffoli, o Plenário, em conclusão, não pronunciou 
juízo de constitucionalidade ou inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995 (2), 
que disciplina a extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte do 
asbesto/amianto crisotila e dos produtos que o contenham. (vide Informativo 873). 
 
Os ministros Rosa Weber (relatora), Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Celso 
de Mello e Cármen Lúcia (presidente) julgaram procedente o pedido e declaram a 
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995. 
 
A relatora consignou que, diante das determinações constitucionais direcionadas 
ao legislador, a tolerância ao uso do amianto crisotila, tal como positivada no art. 2º da 
Lei 9.055/1995, não protege adequada e suficientemente os direitos fundamentais à 
saúde e ao meio ambiente, tampouco se alinha aos compromissos internacionais de 
caráter supralegal assumidos pelo Brasil, sendo caso de inconstitucionalidade por 
proteção insuficiente. 
 
O ministro Edson Fachin reconheceu a existência de omissão caracterizada por 
proteção insuficiente à saúde e ao meio ambiente, precisamente, porque, 22 anos depois 
da entrada em vigor da norma atacada, o conjunto das circunstâncias técnico-científicas 
precisa ser revisitado. 
 
O ministro Ricardo Lewandowski afirmou não haver dúvida, na comunidade 
científica mundial e brasileira, quanto ao potencial cancerígeno de todas as variedades 
do amianto, inclusive do crisotila. Para ele, ainda que houvesse alguma dúvida com 
relação à lesividade do amianto crisotila para a saúde humana, é o caso de se aplicar o 
princípio da precaução, segundo o qual, para que o ambiente seja protegido, serão 
aplicadas pelos Estados, de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde 
existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis, não será utilizada a falta de certeza 
científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, 
para evitar a degradação ambiental. 
 
O ministro Celso de Mello ressaltou que a legislação federal ora em exame 
mostra-se incompatível com valores básicos e direitos fundamentais consagrados pela 
ordem constitucional, pois não dispensa tutela adequada e proteção suficiente ao direito 
à saúde, a revelar situação configuradora de inconstitucionalidade por omissão, 
resultante da falta ou da realização incompleta e imperfeita de um programa social que 
 9 
deveria ter sido efetivamente assumido e implementado pelo Estado. Segundo o 
ministro, o conteúdo material do preceito normativo em causa também vulnera a 
cláusula inscrita no art. 225 da Constituição da República, que consagra o direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
A ministra Cármen Lúcia assentou a importância do princípio da precaução para a 
manutenção do meio ambiente equilibrado. 
 
Já os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Marco Aurélio 
reputaram improcedente o pleito e declaram constitucional a norma impugnada. 
 
O ministro Alexandre de Moraes salientou que, ao autorizar somente a variedade 
amianto crisotila, a norma visou proteger a saúde e o meio ambiente equilibrado. O 
caráter protetivo da legislação ficou demonstrado na medida em que veda 
expressamente outras formas de amianto. Ademais, ao permitir a exploração do amianto 
crisotila, a norma impõe inúmeras restrições, além de observância contínua e 
permanente da evolução da legislação sobre segurança, higiene, medicina do trabalho, 
acordos e convenções internacionais e dos acordos entre sindicatos de empregados e 
empregadores. 
 
O ministro Luiz Fux enfatizou que há uma profunda controvérsia na comunidade 
científica em relação ao amianto, o que recomenda a autorrestrição do Poder Judiciário. 
 
O ministro Gilmar Mendes ponderou que esse é um caso limítrofe, em termos de 
jurisdição constitucional. Para ele, talvez se devesse adotar um juízo sensório na 
constatação de uma possível caminhada rumo à inconstitucionalização. Seria o caso de 
recomendar que o Congresso reavaliasse o sistema adotado, o que poderia levar até, 
eventualmente, à supressão da exploração.Entretanto, sublinhou que a hipótese não 
seria de declaração de inconstitucionalidade de caráter cassatório. 
 
O ministro Marco Aurélio afirmou que, ao declarar a inconstitucionalidade do 
dispositivo legal, o Poder Judiciário substituiu o Congresso Nacional, em ofensa a 
independência e a harmonia entre os Poderes. 
 
(1) Constituição Federal/1988: “Art. 97 Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos 
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
do Poder Público”. 
(2) Lei 9055/1995: “Art. 2º O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco), do grupo dos minerais 
das serpentinas, e as demais fibras, naturais e artificiais de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim, serão 
extraídas, industrializadas, utilizadas e comercializadas em consonância com as disposições desta Lei. Parágrafo 
único. Para os efeitos desta Lei, consideram-se fibras naturais e artificiais as comprovadamente nocivas à saúde 
humana”. 
ADI 4066/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 23 e 24.8.2017. 
(Informativo 874, Plenário) 
1ª Parte: 1ª Parte: 
2ª Parte: 2ª Parte: 
3ª Parte: 3ª Parte: 
 
Julgamento de governador por crimes comuns e de responsabilidade e competência 
legislativa 
É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a 
instauração de ação penal contra o governador por crime comum à prévia autorização da 
casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) dispor 
fundamentadamente sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive o 
afastamento do cargo. 
 
Com esse entendimento, o Plenário, em conclusão e por maioria, julgou 
procedentes pedidos formulados em ações diretas para declarar a inconstitucionalidade 
 10 
de dispositivos e expressões contidas em normas das Constituições dos Estados da 
Bahia e do Rio Grande do Sul e da Lei Orgânica do Distrito Federal. As normas 
questionadas tratam do condicionamento de instauração penal contra governador por 
crime comum à prévia autorização da casa legislativa; do julgamento de governador, 
por crime de responsabilidade, pela casa legislativa; e do afastamento automático do 
governador de suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime. 
 
O Colegiado citou a Súmula Vinculante 46, segundo a qual a definição dos crimes 
de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e 
julgamento são da competência legislativa privativa da União. São, portanto, inválidas 
as normas de constituição estadual que atribuam o julgamento de crime de 
responsabilidade à assembleia legislativa, em desacordo com a Lei 1.079/1950. 
 
Além disso, a constituição estadual não pode condicionar a instauração de 
processo judicial por crime comum contra governador à licença prévia da assembleia 
legislativa. A República, que inclui a ideia de responsabilidade dos governantes, é 
princípio constitucional de observância obrigatória, de modo que a exceção prevista no 
art. 51, I (1), da CF é norma de reprodução proibida pelos Estados-Membros. 
 
Ademais, tendo em vista que as constituições estaduais não podem estabelecer a 
chamada “licença prévia”, também não podem autorizar o afastamento automático do 
governador de suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo STJ. 
 
Vencido o ministro Dias Toffoli (relator), que julgou parcialmente procedentes os 
pedidos, para considerar válidas as normas que determinam a necessidade de 
autorização prévia da casa legislativa para instauração de ação penal contra governador. 
Salientou que, à época de seu voto, era essa a orientação jurisprudencial do STF sobre o 
tema. 
 
(1) Constituição Federal/1988: “Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I – autorizar, por 
dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado”. 
 
ADI 4777/BA, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto 
Barroso, julgamento em 9.8.2017. 
ADI 4674/RS, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto 
Barroso, julgamento em 9.8.2017. 
ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto 
Barroso, julgamento em 9.8.2017. 
(Informativo 872, Plenário) 
 
 
Domínio Público 
 
Terras tradicionalmente ocupadas por indígenas: titularidade e indenização 
O Plenário, por unanimidade, julgou improcedentes duas ações cíveis originárias, nas 
quais o Estado de Mato Grosso solicitava indenização por desapropriação indireta de terras 
devolutas a ele pertencentes, sob a alegação de que as terras teriam sido incluídas no perímetro 
de áreas indígenas sem a obediência ao procedimento expropriatório devido. 
 
O Colegiado salientou que, desde a Constituição de 1934, não se pode caracterizar as 
terras ocupadas pelos indígenas como devolutas. Ressaltou ainda que a Constituição Federal de 
1988 (CF/1988) estabeleceu que as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da 
União e dedicou vários dispositivos para tratar da proteção dessas áreas [CF/1988, arts. 20, XI 
(1) e 213, § 1º a §6º(2)]. 
 
 11 
Ademais, pontuou que os laudos antropológicos juntados aos autos deixaram claro que as 
áreas em questão eram habitadas historicamente por indígenas. Nesse contexto, o Supremo 
Tribunal Federal assentou que a titularidade das terras não é do Estado do Mato Grosso, sendo 
indevida, portanto, a indenização pleiteada. 
 
(1) CF/1988: “Art. 20. São bens da União: (...) XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”. 
(2) CF/1988: “Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e 
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, 
proteger e fazer respeitar todos os seus bens. 
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para 
suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as 
necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. 
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto 
exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. 
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas 
minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as 
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. 
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis. 
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ‘ad referendum’ do Congresso Nacional, em caso 
de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação 
do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco. 
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a 
posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas 
existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a 
nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias 
derivadas da ocupação de boa-fé”. 
ACO 362/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamentoem 16.8.2017. 
ACO 366/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 16.8.2017. 
(Informativo 873, Plenário) 
 1ª Parte: 
2ª Parte: 
 
Organização Político-Administrativa 
 
TCU: redução de pensão e direito individual 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, indeferiu a ordem em 
mandado de segurança impetrado em face de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), 
que determinou, em 2015, a redução no valor de pensão percebida em decorrência do 
falecimento do marido da impetrante, que era servidor público. 
 
A impetração sustentou óbice à revisão implementada, em razão da decadência, pois o 
benefício foi deferido em 2007. Além disso, alegou cerceamento de defesa e violação do 
devido processo legal, pela ausência de participação da beneficiária no processo 
administrativo. 
 
A Turma salientou que o TCU atuou não apenas no sentido de alterar a pensão recebida 
pela impetrante, mas realizou auditoria relativa a proventos e pensões oriundos do órgão onde 
trabalhava o marido dela. Assim, a defesa de um direito individual não poderia ser exercida 
quanto àquele ato, porque, se admitidos todos os possíveis interessados em um 
pronunciamento do TCU, estaria inviabilizada a fiscalização linear, externa, da corte de 
contas. A irresignação, portanto, deveria ser dirigida ao órgão em que trabalhava o falecido, e 
não o TCU. 
 
Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deferiu a ordem. 
 
MS 34224/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 15.8.2017. 
(Informativo 873, 1ª Turma) 
 12 
 
Responsabilidade Civil do Estado 
 
ED: responsabilidade civil do Estado por ato ilícito e contrato administrativo 
O Plenário, em conclusão de julgamento, rejeitou embargos de declaração opostos 
de decisão proferida no RE 571.969/DF (1), na qual assentara-se que a União, na 
qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por prejuízos suportados por 
companhia aérea em decorrência de planos econômicos existentes no período objeto da 
ação — Informativo 818. 
 
Alegou-se omissão quanto ao afastamento do instituto da preclusão acerca da 
impugnação aos critérios utilizados na perícia para a aferição do desequilíbrio 
econômico-financeiro do contrato de concessão. Sustentou-se, também, omissão sobre a 
prevalência do regime intervencionista do Estado com relação ao instituto da 
responsabilidade objetiva. Arguiu-se ser contraditória a indicação do instituto da 
desapropriação como exemplo de responsabilidade do Estado por ato ilícito, bem assim 
o próprio resultado do julgamento, em face de conclusão do laudo pericial no sentido da 
ausência de nexo causal entre as medidas de intervenção e o agravamento das dívidas da 
embargada. Por fim, afirmou-se que a limitação de lucro excessivo não configura dano 
indenizável. 
 
O Colegiado esclareceu que os embargos de declaração não se prestam para 
provocar reforma da decisão embargada, salvo nos pontos em que haja omissão, 
contradição ou obscuridade (CPC, art. 535). No caso, todavia, não se pretende provocar 
esclarecimento, mas modificar o conteúdo do julgado, para afastar a responsabilidade da 
União pelos danos causados à embargada. 
 
O acórdão impugnado enfrentou, devidamente, a questão relativa ao 
reconhecimento da preclusão sobre a impugnação feita aos critérios utilizados na perícia 
para a aferição do desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão. 
 
Ademais, foi enfatizado que o afastamento da preclusão e, consequentemente, da 
intempestividade da peça apresentada pela União, é matéria infraconstitucional, 
insuscetível de análise em sede de recurso extraordinário. De igual modo, incabível, 
nessa via, o exame dos elementos afetos ao equilíbrio econômico-financeiro de contrato 
administrativo. 
 
(1) RE 571.969/DF, DJe de 18.9.2014. 
RE 571969 ED/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 3.8.2017. 
(Informativo 871, Plenário, Repercussão Geral) 
 
 13 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Competência 
 
Justiça competente e servidor público celetista 
A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de 
greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e 
fundações públicas. 
 
Essa é a tese do Tema 544 da repercussão geral fixada, por maioria, pelo Plenário 
— Informativo 866. 
 
Vencidos os ministros Roberto Barroso, Rosa Weber, que afirmaram que a tese é 
muito abrangente e extrapola a controvérsia discutida no caso concreto, que se refere à 
competência para julgar a abusividade de greve de guarda municipal. 
 
Vencido, também, o ministro Marco Aurélio que fixou a competência da Justiça 
do Trabalho. 
RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgamento em 1º.8.2017. 
(Informativo 871, Plenário, Repercussão Geral) 
 
 
Competência Legislativa 
 
Competência legislativa: proteção do consumidor e lealdade à Federação 
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em 
ação direta para declarar a inconstitucionalidade dos incisos II, III e IV do art. 2º da Lei 
1.939/1991 do Estado do Rio de Janeiro. A norma impugnada dispõe sobre a 
obrigatoriedade de informações nas embalagens dos produtos alimentícios 
comercializados naquele Estado-Membro e estabelece as respectivas sanções. 
 
Inicialmente, o Colegiado afastou preliminar no sentido de que o exame da 
constitucionalidade da lei passaria pelo cotejo com o Código de Defesa do Consumidor 
(CDC). O foco da análise, no caso, refere-se às regras constitucionais de repartição da 
competência legislativa e não ao exame da validade dos atos impugnados em face da 
legislação infraconstitucional. 
 
No mérito, o Tribunal repisou sua jurisprudência no sentido de que, em sede de 
competência concorrente, o livre espaço para a atividade legislativa estadual é 
autorizado na hipótese de não existir legislação nacional a contemplar a matéria. Ao 
existir norma geral, a legislação estadual poderá preencher eventuais lacunas. 
 
No caso, a lei impugnada entrou em vigor quando já havia ampla legislação 
nacional sobre a matéria, e boa parte do conteúdo da norma local estava disciplinada por 
lei federal. Nesse sentido, a lei estadual especifica exigências mais rígidas do que o 
previsto na legislação federal, ponto em que fica claro o conflito normativo. 
 
Esse conflito fica explícito quando se nota que um mesmo produto não pode ter 
dois rótulos ou embalagens, um nacional e outro estadual, ainda que as informações 
contidas no produto em circulação local sejam mais completas, em benefício do 
consumidor. Isso implicaria, em última análise, criar uma autorização para que houvesse 
tantos rótulos quantos são os Estados-Membros. 
 
 14 
A intenção do constituinte foi de, por um lado, promover a integração e a 
cooperação entre os entes federados e, por outro, combater todas as práticas que 
estimulem a concorrência predatória ou a criação de barreiras ao comércio ou à livre 
circulação de bens e pessoas no território nacional. 
 
Além disso, os dispositivos impugnados também não se justificam diante do 
princípio da proporcionalidade. Se admitido que os Estados-Membros possuem 
competência para legislar sobre informações contidas em embalagens de produtos que 
circulam em seu território, o fim de proteção ao consumidor é alcançado por meio 
excessivo, pois são criadas dificuldades a produtos provenientes de outros Estados-
Membros. Isso significa ferir o denominado princípio da lealdade à Federação, que 
fomenta uma relação construtiva, amistosa e de colaboração entre os entes federados. 
Nesse sentido, os dispositivos impugnados tambémestão em desconformidade do o art. 
22, VIII, da Constituição Federal (CF). 
 
Assim, justifica-se a necessidade de o tema ser tratado privativamente pela União, 
de modo a uniformizar o comércio interestadual e, consequentemente, evitar que os 
laços federativos sejam embaraçados. Há clara predominância de interesse federal a 
evitar limitações que possam dificultar o comércio interestadual. 
 
Ainda que tenha havido casos em que o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou 
a constitucionalidade de legislações estaduais que determinam o aumento do número de 
informações que devem ser fornecidas a consumidores locais, tratava-se de produtos 
específicos, e não de todos os produtos alimentícios comercializados no local, como 
nesse caso. 
 
Vencidos os ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio, que 
julgaram o pedido totalmente procedente, com fulcro no art. 24, § 4º, da CF. Incluíram, 
na declaração de inconstitucionalidade, as penalidades previstas na legislação 
adversada. Para eles, a superveniência de legislação federal (Lei 9.782/1999) que regule 
a matéria de forma detalhada implica perda de eficácia da lei estadual que a contrarie. 
 
Vencidos, também, os ministros Edson Fachin, Celso de Mello e Cármen Lúcia, 
que julgaram o pedido totalmente improcedente. Consideraram que a máxima 
efetividade da proteção ao consumidor, derivada do seu direito de informação, sustenta 
a lei em debate. 
 
ADI 750/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.8.2017. 
(Informativo 871, Plenário) 
 
 
Lei estadual e prestação de serviço de segurança 
Lei estadual que impõe a prestação de serviço de segurança em estacionamento a toda 
pessoa física ou jurídica que disponibilize local para estacionamento é inconstitucional, quer 
por violar a competência privativa da União para legislar sobre direito civil, quer por violar a 
livre iniciativa. 
 
Lei estadual que impõe a utilização de empregados próprios na entrada e saída de 
estacionamento, impedindo a terceirização, viola a competência privativa da União para 
legislar sobre direito do trabalho. 
 
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido 
formulado em ação direta para declarar integralmente inconstitucional a Lei 1.748/1990 do 
Estado do Rio de Janeiro, que obriga pessoas físicas ou jurídicas a oferecer estacionamento ao 
público, cercar o local e manter funcionários próprios para garantia da segurança, sob pena de 
pagamento de indenização na hipótese de prejuízos ao dono do veículo. 
 15 
 
Vencidos, em parte, os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Ricardo 
Lewandowski, que julgaram parcialmente procedente o pedido. Afirmaram que os Estados-
Membros podem dispor sobre a prestação de serviço de segurança em estacionamento por se 
tratar de matéria afeta ao Direito do Consumidor, portanto, de competência concorrente entre 
União e Estados-Membros. 
ADI 451/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2017. 
(Informativo 871, Plenário) 
 
 
 
Lei estadual e serviço de empacotamento 
Lei estadual que torna obrigatória a prestação de serviços de empacotamento nos 
supermercados é inconstitucional por afrontar o princípio constitucional da livre 
inciativa. 
 
Ofende a competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho 
a mesma norma, ao exigir que o serviço seja prestado por funcionário do próprio 
estabelecimento. 
 
Com base nesses entendimentos, o Plenário julgou procedente pedido formulado 
em ação direta para declarar inconstitucional a Lei 2.130/1993 do Estado do Rio de 
Janeiro. 
 
Vencidos, em parte, os ministros Alexandre de Moraes (relator), Edson Fachin e 
Ricardo Lewandowski, que julgaram parcialmente procedente o pedido. Afirmaram que 
o serviço de empacotamento é norma afeta ao Direito do Consumidor, matéria, portanto, 
de competência concorrente entre a União e os Estados-Membros. Além disso, 
entendem que a norma não viola o princípio da livre inciativa. 
ADI 907/RJ, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgamento em 1º.8.2017. 
(Informativo 871, Plenário) 
 
 
 
 
 16 
DIREITO INTERNACIONAL 
 
Estrangeiro 
 
Extradição e expulsão de estrangeiro pai de filho brasileiro 
A Segunda Turma deferiu parcialmente pedido de extradição feito pela República 
de Portugal contra extraditando condenado pela prática de dois crimes de homicídio, na 
forma tentada, e um crime de porte ilegal de arma de fogo. 
 
A defesa afirmou que o extraditando tem dois filhos brasileiros com sua 
companheira também brasileira, que dele dependem para seu sustento. Assim, pediu o 
sobrestamento do caso para aguardar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no 
RE 608.898 RG/DF (1), no qual se discute a possibilidade de expulsão de cidadão 
estrangeiro cujo filho nasceu posteriormente ao fato motivador do ato expulsório. 
Alegou que o julgamento poderia resultar na revisão do Enunciado da Súmula 421/STF 
(2). 
 
Primeiramente, o Colegiado reconheceu a prescrição do crime de porte ilegal de 
arma de fogo. Em seguida, determinou a extradição em relação aos crimes de 
homicídio, na forma tentada. A Corte entendeu que foram atendidos os requisitos da 
dupla tipicidade e da dupla punibilidade, além de estarem satisfeitas todas as condições 
legais e convencionais aplicáveis. 
 
Ademais, salientou que a questão discutida no RE 608.898 RG/DF diz respeito à 
expulsão de cidadão estrangeiro e não à extradição, institutos diferentes. Pontuou que a 
extradição é um instrumento de cooperação na repressão internacional a delitos comuns. 
Nessa seara, o fato de o extraditando ter filhos brasileiros menores, incapazes, 
dependentes de economia paterna não ostenta relevância jurídica. 
 
(1) RE 608.898 RG/DF, DJe de 28.9.2011. 
(2) Enunciado da Súmula 421/STF: “Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado 
com brasileira ou ter filho brasileiro”. 
Ext 1497/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 15.8.2017. 
(Informativo 873, 2ª Turma) 
 
 17 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Atos Processuais 
 
Alegação de nulidade e aproveitamento de atos processuais 
A Segunda Turma negou provimento a agravo regimental em mandado de 
segurança em que discutida a nulidade de procedimento administrativo avocado pelo 
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). 
 
No caso, o CNMP rejeitou a alegação de que a suspeição de autoridades locais 
conduziria necessariamente à nulidade de todo o feito por elas instruído, e concluiu pela 
aplicação da pena de suspensão de membro do ministério público por 45 dias. 
 
A Turma afirmou que o Regimento Interno do CNMP permite o aproveitamento 
dos atos processuais [arts. 107 (1) e 108 (2)]. 
 
Assinalou que, conforme destacado pelo voto condutor do acórdão do CNMP nos 
autos do procedimento avocado, os atos que foram objeto de aproveitamento são 
basicamente as provas documentais e os depoimentos das testemunhas ouvidas sob o 
crivo do contraditório. Esses atos foram praticados pela comissão processante designada 
para instruir o feito, sem qualquer atuação da corregedora ou de sua substituta, ambas 
declaradas suspeitas. Não houve, assim, demonstração de prejuízo pelo acusado. 
 
Não vislumbrou, desse modo, ilegalidade no apontado ato coator, o qual afastou, 
fundamentadamente e com observância das normas legais, as suscitadas nulidades no 
procedimento avocado. 
 
(1) Regimento interno do CNMP: “Art. 107. O Relator ouvirá em dez dias o membro ou o servidor do 
Ministério Público e o órgão disciplinar de origem. § 1º Findo o prazo do caput deste artigo, com ou sem as 
informações, oRelator pedirá a inclusão do processo em pauta, para deliberação pelo Plenário. § 2º Decidindo o 
Plenário pela avocação, a decisão será imediatamente comunicada ao Ministério Público respectivo, para o envio dos 
autos no prazo máximo de cinco dias”. 
(2) Regimento interno do CNMP: “Art. 108. Recebidos os autos do feito avocado, serão estes novamente 
autuados como distribuição ao mesmo Relator, por prevenção. (…) § 2º Ao Relator ou Corregedor, conforme o caso, 
caberá ordenar e dirigir o procedimento avocado, podendo aproveitar os atos praticados regularmente na origem”. 
MS 34666 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 29.8.2017. 
(Informativo 875, 2ª Turma) 
 
 18 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Competência 
 
Crime praticado por procurador da República e competência 
A Segunda Turma, diante do empate na votação, concedeu habeas corpus de 
ofício em favor de procurador da República e de advogado, presos preventivamente em 
razão de fatos investigados na “Operação Patmos”. Os autos do inquérito tinham sido 
encaminhados ao TRF da 3ª Região, localidade em que o procurador investigado ocupa 
seu cargo atualmente. Na época dos fatos, porém, o investigado atuava como procurador 
da República exclusivamente no âmbito do TRF da 1ª Região. 
 
A Turma deliberou, de início, fixar a competência do TRF da 1ª Região para 
processar e julgar o investigado. Baseou-se, para tanto, na interpretação do art. 108, I, 
“a”, da Constituição Federal (CF), segundo o qual compete aos TRFs processar e julgar, 
originariamente, os juízes federais da área de sua jurisdição. 
 
O mesmo tratamento dado aos juízes federais no tema deve ser conferido aos 
membros do Ministério Público e aos advogados, tendo em vista que o vocábulo 
“jurisdição”, do texto constitucional, deve ser entendido também como “atribuição”. 
Assim, o procurador da República precisa ser julgado pelo TRF em cuja área exerce 
suas atribuições, sob pena de ofensa ao princípio do juiz natural. Além disso, o 
Colegiado destacou o art. 70 do Código de Processo Penal (CPP), segundo o qual o foro 
para julgar quaisquer crimes se processa segundo o critério ratione loci. 
 
Ademais, os requisitos para a manutenção da prisão, constantes do art. 312 do 
CPP, não mais subsistem. 
 
Assim, a Turma decidiu revogar a prisão preventiva, com a imposição de medidas 
cautelares diversas da prisão, de acordo com o art. 319 do CPP. Suspendeu, ainda, o 
procurador do exercício da atividade pública, sem prejuízo da percepção dos subsídios. 
 
Estendeu os efeitos da decisão ao advogado também investigado, exceto no que 
tange à continuidade do exercício profissional. 
 
Os ministros Edson Fachin (relator) e Celso de Mello não concederam a ordem. 
 
Pet 7063/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgamento em 1º.8.2017. 
(Informativo 871, 2ª Turma) 
 
Execução Penal 
 
Execução antecipada da pena e ação cautelar 
A Primeira Turma, por maioria, não conheceu de habeas corpus no qual se 
buscava a suspensão da execução provisória da pena pelos quais os pacientes foram 
condenados em primeira instância. 
 
No caso, os impetrantes foram condenados pela prática dos crimes de associação 
criminosa [CP, art. 288, caput (1)] e estelionato contra entidade de direito público, em 
continuidade delitiva [CP, art. 171, § 3º (2), c/c o art. 71 (3)]. O Tribunal Regional 
Federal da 2ª Região, ao julgar a apelação, reduziu as penas. O Ministério Público 
Federal interpôs recurso especial (REsp) requerendo a execução provisória da pena. 
Esse pedido foi concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). 
 
 19 
O Colegiado destacou que a defesa, ao invés de ingressar com habeas corpus contra 
determinação do imediato cumprimento da pena, ajuizou uma ação cautelar para dar efeito 
suspensivo ao recurso especial. Pontuou que, nesse caso, a ação cautelar tem o mesmo 
efeito de um habeas corpus, porque mantém soltos os condenados até que o STJ possa 
analisar o recurso interposto. Ressaltou que ainda caberia recurso contra a decisão do STJ 
por se tratar de decisão monocrática de ministro relator. Nesse contexto, a Turma 
considerou que incide, por analogia o Enunciado 691 da Súmula do STF (4). Ademais, 
salientou que não caracteriza teratologia ou manifesta ilegalidade negar efeito 
suspensivo a um recurso que, em regra, não o tem. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio (relator) que concedia a ordem para que os 
pacientes aguardassem em liberdade o desfecho do processo. Para ele, o caráter 
provisório da execução deve ser afastado porque é impossível devolver a liberdade 
perdida ao cidadão. 
 
(1) Código Penal/1940: “Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de 
cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos”. 
(2) Código Penal/1940: “Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - 
reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. (...) § 3º - A pena aumenta-se de 
um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, 
assistência social ou beneficência”. 
(3) Código Penal/1940: “Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem 
os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou 
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”. 
(4) Enunciado 691 da Súmula do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas 
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. 
 
HC 138633/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgamento em 8.8.2017. 
 (Informativo 872, 1ª Turma) 
 
Execução provisória da pena 
A Primeira Turma, por maioria, não conheceu de habeas corpus em que discutido o 
direito do paciente permanecer em liberdade até o trânsito em julgado da condenação. 
 
No caso, o juízo condenou o réu à pena de 19 anos e seis meses de reclusão pela 
prática de atentado violento ao pudor e lhe garantiu o direito de recorrer em liberdade. 
Interposta apelação pela defesa, o tribunal de justiça absolveu o paciente por ausência de 
prova. Contra essa decisão foi interposto recurso especial. O Superior Tribunal de Justiça 
(STJ), então, restabeleceu a condenação, mas reduziu a pena, por ter reconhecido o crime 
continuado. Em seguida, o STJ não acolheu os embargos declaratórios e o relator 
monocraticamente negou provimento aos embargos de divergência e determinou o início da 
execução provisória da pena. 
 
A Turma afirmou que não é cabível habeas corpus contra decisão monocrática. A 
impetração é substitutiva de agravo regimental. 
 
Mesmo que fosse conhecido o habeas corpus, o Plenário admite atualmente a 
execução provisória da pena a partir de condenação em segundo grau. Mencionou que até 
este momento há três decisões do Plenário: uma, em habeas corpus; uma medida cautelar; e 
outra, em Plenário Virtual, no sentido dessa possibilidade. 
 
Além disso, ainda que prevalecesse a posição minoritária defendida pelo ministro 
Dias Toffoli, no sentido de que só é possível a execução provisória da pena a partir de 
condenação proferida pelo STJ, foi efetivamente esse Tribunal Superior que, sem inovar 
 20 
factualmente nos autos, se valeu de provas já existentes produzidas e consideradas paracondenar o paciente. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio (relator) que conheceu da impetração e concedeu a 
ordem. Para o ministro, o STJ, ao restabelecer a condenação, silenciou a respeito de o réu 
poder, ou não, recorrer em liberdade e só veio a determinar a prisão provisória em 
embargos de divergência. 
 
HC 139391/RN, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de 
Moraes, julgamento em 29.8.2017. 
(Informativo 875, 1ª Turma) 
 
Habeas Corpus 
 
Habeas corpus e direito à visitação 
Não cabe habeas corpus para tutelar o direito à visita em presídio. 
 
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, não admitiu a 
impetração. 
 
No caso, a paciente, possuidora de prótese metálica, requereu o direito a visita sem 
submeter ao detector de metais. O juízo indeferiu o pedido e esclareceu que, quando houver 
restrições à utilização do aparelho detector de metais, por motivo de saúde, a visita deve ser 
realizada no parlatório. 
 
A Turma afirmou que não há, na hipótese dos autos, restrição ao direito de liberdade. 
A decisão atacada tem natureza administrativa. Portanto, o habeas corpus não é o meio 
processual adequado para discutir a questão controvertida. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio (relator), que deferiu a ordem. Consignou que o 
fato de a visitante ser detentora de prótese metálica não inviabiliza o direito de avistar-se 
com o preso. 
HC 128057/SP, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de 
Moraes, julgamento em 1º.8.2017. 
(Informativo 871, 1ª Turma) 
 
Habeas corpus e estabelecimento prisional adequado 
A Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus 
interposto contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No writ, o sentenciado 
alegou estar cumprindo pena em regime mais gravoso em razão da ausência de vaga em 
estabelecimento prisional compatível com o regime semiaberto. 
 
O colegiado constatou a existência de divergência entre o entendimento do juiz de 
primeiro grau e do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Contudo, relatou que a 
decisão do STJ se fiou nos fundamentos sólidos apresentados pelo TJSC. Nesse contexto, 
concluiu que seria necessário o reexame de fatos e provas para se chegar a um 
entendimento diverso. Pontuou que o habeas corpus não comporta tal análise, por se tratar 
de instrumento de cognição restrita. 
 
Não obstante o não provimento do recurso, a Turma decidiu oficiar ao Conselho 
Nacional de Justiça, para verificar se o Complexo Penitenciário Industrial de Santa Catarina 
atende aos requisitos para o cumprimento do regime semiaberto. 
RHC 146317/SC, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 22.8.2017. 
(Informativo 874, 2ª Turma) 
 
 21 
Jurisdição e Competência 
 
Encaminhamento de cópia de depoimento e definição de competência 
A Segunda Turma, por maioria, proveu dois agravos regimentais interpostos 
contra decisão que determinara o envio de cópia dos termos de depoimento de 
colaboradores na operação Lava-Jato às Seções Judiciárias do Distrito Federal e do 
Estado do Paraná, em razão do declínio da competência do Supremo Tribunal 
Federal (STF) para a supervisão das investigações . 
 
O Colegiado entendeu que, no caso específico, os fatos investigados não 
guardam relação com a operação Lava-Jato. Assim, o tema não deve ser 
encaminhado à Seção Judiciária do Estado do Paraná, mas sim às varas competentes 
da Seção Judiciária do Distrito Federal, onde os fatos ocorreram [Código de 
Processo Penal, art. 70 (1)]. Ademais, pontuou que o encaminhamento de cópia a 
duas varas, para que os juízes definam quem será competente para o julgamento, 
gera um conflito indesejado e provoca insegurança jurídica. 
 
Vencido o ministro Edson Fachin (relator) que negava provimento aos agravos 
regimentais. Para ele, o declínio não significa definição de competência. Destina-se 
a resguardar a autonomia jurisdicional do juízo que receberá os autos na verificação, 
mediante o cotejo com os demais feitos que ali tramitam, da existência ou não da 
conexão em quaisquer das suas modalidades. Dessa forma, evita-se a supressão de 
instância. 
 
(1) Código de Processo Penal /1941: “Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução”. 
Pet 7075 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, 
julgamento em 15.8.2017. 
Pet 7076 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, 
julgamento em 15.8.2017. 
(Informativo 873, 2ª Turma) 
 
 22 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Tributos 
 
Majoração de taxa por portaria e princípio da reserva legal 
A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para 
determinar o seguimento de recurso extraordinário em que discutida a possibilidade de 
majoração, por portaria do Ministério da Fazenda, da alíquota da Taxa de Utilização do 
Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). 
 
A Turma frisou que o ato ministerial majorou em 500% os valores atribuídos à 
taxa em questão. Ademais, a Lei 9.716/1998, na qual instituído o tributo, sequer 
estabelece balizas mínimas para eventual exercício de delegação tributária por parte do 
chefe do Executivo. De igual modo, por se tratar de taxa, e não de imposto, não há 
permissivo constitucional para excepcionar-se o princípio da reserva legal em matéria 
tributária. 
 
Vencidos a ministra Rosa Weber (relatora) e o ministro Alexandre de Moraes, que 
desproveram o agravo por entenderem se tratar de ofensa meramente reflexa à 
Constituição Federal (CF). 
 
RE 959274 AgR/SC, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Roberto 
Barroso, julgamento em 29.8.2017. 
(Informativo 875, 1ª Turma) 
 
Município e taxa de combate a sinistros 
A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no 
campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, 
tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação 
de taxa para tal fim. 
 
Essa é a tese do Tema 16 da repercussão geral fixada pelo Plenário — Informativo 
866. 
RE 643247/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 1º.8.2017. 
(Informativo 871, Plenário, Repercussão Geral) 
 
 
 
Supremo Tribunal Federal 
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	Alegação de nulidade e aproveitamento de atos processuais
	Execução provisória da pena
	Aposentadoria compulsória de magistrado: processo disciplinar e prova emprestada
	Alteração de limites de municípios e plebiscito
	Amianto e competência legislativa concorrente
	Competência legislativa concorrente e direito ambiental
	Direito à saúde e amianto
	Julgamento de governador por crimes comuns e de responsabilidade e competência legislativa
	Terras tradicionalmente ocupadas por indígenas: titularidade e indenização
	TCU: redução de pensão e direito individual
	ED: responsabilidade civil do Estado por ato ilícito e contrato administrativo
	Justiça competente e servidor público celetista
	Competência legislativa: proteção do consumidor e lealdade à Federação
	Lei estadual e prestação de serviço de segurança
	Lei estadual e serviço de empacotamento
	Extradição e expulsão de estrangeiro pai de filho brasileiro
	Alegação de nulidade e aproveitamento de atos processuais
	Crime praticado por procurador da República e competência
	Execução antecipada da pena e ação cautelar
	Execução provisória da pena
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	Habeas corpus e estabelecimento prisionaladequado
	Encaminhamento de cópia de depoimento e definição de competência
	Majoração de taxa por portaria e princípio da reserva legal
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