Buscar

Aspectos Epistemológicos - Psicologia Juridica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Aspectos Epistemológicos 
Rildésia S. V. Gouveia 
Professora
•Psicologia é uma ciência, um disciplina científica que estuda objetos empíricos, observado, quer diretamente (comportamento) ou por meio de testes (processos mentais). 
•Existem mais dezenas de áreas da psicologia, como: 
–Psicologia Clínica 
–Psicologia Escolar 
–Psicologia Organizacional 
–Psicologia Social 
•Psicologia Jurídica é também uma das áreas de atuação do psicólogo 
•Além das áreas, existem diferentes abordagens, modelos ou escolas teóricas na Psicologia: 
–Psicanálise. É a mais conhecida, mas não é psicologia. 
–Comportamental. Estudo e intervenção objetivos. 
–Humanismo. Sentido do ser, existência. 
–Cognitivismo. Processos mentais, raciocínio. 
•Psicologia Jurídica pode se desenvolver a partir de qualquer uma das áreas ou abordagens teóricas da psicologia, porém os dois seguintes modelos têm ganhado mais destaque: 
–Psicanálise. Existem estudos sobre processos mentais inconscientes, como o desejo de morte . Traços de agressão costumam ser avaliados por meio de medidas projetivas (por exemplo, Rorschach, TAT, HTP), que supõem aspectos inconscientes ou reprimidos que podem vir se detectados. 
–Cognitivismo. Múltiplas abordagens têm sido desenvolvidas a respeito, desde procurar avaliar traços de personalidade, estilos de vida e tendências que caracterizam os delinqüentes à considerar mapas cognitivos. 
•Sobre os mapas cognitivos ou representação feitas do espaço, são destacáveis os estudos do psicólogo inglês David Canter. Ele presta assessoria à Scotland Yard (equivalente à Polícia Federal no Brasil), procurando definir espaços em que fugitivos ou criminosos possam estar escondidos. 
–Psicologia e Direito são áreas independentes? Quem opte por Psicologia ou Direito não tem muita clareza sobre as afinidades entre tais cursos. 
–Mesmo entre os profissionais, há os que não enxergam uma formulação psicojurídica. A psicologia é pensada como restrita ao mundo do ser, enquanto o direito ao mundo do dever-ser. 
–Trindade, por outro lado, enfatiza a necessidade de ver as duas disciplinas como complementares. Na sua concepção, “A psicologia e o direito parecem dois mundos condenados a entender-se” (p. 21). 
–Parece ser que ao Direito lhe falta humildade e modéstia epistemológicas (conhecimento científico), mas a Psicologia carece de sabedoria da história, consistência filosófica. Ambas podem se beneficiar mutuamente, com contribuições próprias para lograr seu fim: 
•A psicologia procura compreender as chaves do comportamento humano, e o direito é o conjunto de regras que procuram regular o comportamento, prescrevendo condutas e formas de resolver conflitos, considerando o melhor convívio em sociedade. 
–Crise do Pensamento Jurídico. Sua origem está em admitir que o direito é uma ciência autônoma e independente. Este posicionamento tem conseqüências negativas: 
•Evita-se a metodologia científica 
•Tratam-se as ciências humanas de forma secundária 
•Opõe-se à transformação social 
•Distancia o operador do Direito do mundo próprio das pessoas, passando a discutir regras e princípios logicamente consistentes, mas humanamente insustentáveis. 
Neste caso, as pesquisas são escassas. Quando realizadas, são pautadas em revisões, análise documental, sem aprofundamento em aspectos mais objetivos, sem medições ou tentativas de estudar relações entre fatos.
Pela própria natureza da área, sem demasiada ênfase nas pesquisas, escassa interrelação com outras disciplinas e enfoque na estrutura social, pouco se percebe de iniciativas que promovam mudanças sociais. Tome-se como referência, por exemplo, algumas leis que se mantêm por anos, apesar de mudanças sociais.
Geralmente, desconsideram-se as contribuições de áreas como Psicologia, Sociologia, Antropologia etc. Portanto, costuma-se limitar à própria área do Direito. 
–Rumo à complexidade. O mundo contemporâneo tem se mostrado menos dividido; mais do que interdisciplinaridade, vive-se um momento de transdisciplinaridade 
–Não se trata apenas convocar disciplinas estanques para apresentar uma solução, mas fazer perceber a importância de combiná-las, produzindo um olhar diferente sobre a realidade. Neste contexto, a integração (das disciplinas) e a complexidade (da realidade) passam a ser conceitos-chave. 
–É preciso, então, integrar, interligar conhecimentos, fazer conexões. 
–Apesar do interesse de que Psicologia e Direito se unam, não se pode imaginar que seus conteúdos se solapem. Ambas têm muitas coisas específicas: 
–O Direito é mais formal, enquanto a Psicologia é informal 
–O Direito é racionalista e a Psicologia empirista 
–A verdade no Direito é processual, e na Psicologia é científica 
–O enunciado no Direito é: Se a, pode/deve ser B; na Psicologia é: Se A, então B (causa e efeito). 
–O operador do Direito interroga, toma depoimento; o profissional da Psicologia faz entrevista, usa testes. 
–A Psicologia Jurídica, apesar do que se falou, tem se configurado, sobretudo, como uma disciplina auxiliar do Direito (M. Clemente). 
–Conceitualmente, a Psicologia Jurídica pode ser definida como (M. Clemente): 
–O estudo do comportamento das pessoas e dos grupos enquanto têm a necessidade de desenvolver-se dentro de ambientes regulados juridicamente, assim como da evolução dessas regulamentações ou leis enquanto os grupos sociais se desenvolvem neles [a partir deles; complemento da professora]. 
–Em resumo, a Psicologia Jurídica tem alcançado maior reconhecimento, mas segue sendo uma disciplina por fazer, definir. Ela precisa aderir ao discurso jurídico, como o Direito deve aceitá-la como parte do sua prática, não a restringido ao papel de disciplina auxiliar. 
–A Psicologia Jurídica se restringiu à Psicologia para o Direito (auxiliar ao Direito), permanecendo longe de qualquer interferência no processo dos fundamentos do Direito (Psicologia do Direito), assim como afastada das questões psicológicas que compõem o mundo normativo (Psicologia no Direito) 
–Psicologia PARA o direito. É a própria Psicologia Jurídica, no sentido de que a Psicologia se apresenta como auxiliar ao Direito, fornecendo seus conhecimentos básicos para que os operadores do Direito possam encaminhar melhor suas demandas e tomar decisões mais justas. Por exemplo, a Psicologia oferece ensinamentos sobre distúrbios mentais, perceptivos, estilos de personalidade, etc., que podem tornar as ações de um juiz mais condizente com a realidade psicológica do julgado. 
–Psicologia DO Direito. É algo pouco desenvolvido, estando ainda escassamente difundida esta possibilidade. É usar a Psicologia como para fundamentar a elaboração do Direito. Por exemplo, a Psicologia poderia ser requerida a tratar de leis, estabelecer normas a partir de princípios psicológicos. Mas, formalmente ao menos, isso não tem sido feito. 
–Psicologia NO Direito. É uma tentativa de estudar o mundo normativo do Direito (princípios de justiça, igualdade, direitos), isto é, conhecer os aspectos psicológicos do Direito. Não tem sido também comum esta possibilidade. Contudo, a Psicologia vem dando contribuições em questões próximas. Por exemplo, ao estudar o que leva as pessoas (aspectos psicológicos) a apoiarem os Direitos Humanos, a Pena de Morte. 
–A Psicologia do Direito, portanto, não tem muito o que contribuir, ao menos por agora. Poderia, entretanto, somar esforços, juntamente com a Sociologia do Direito, no sentido de humanizar a justiça e aproximá-la dos sentimentos do povo. 
–Neste contexto, parece mais apropriado pensar em uma Psicologia para o Direito. Neste aspecto, configura-se como auxiliar ao Direito; não o questiona. 
–Embora não seja toda a Psicologia Jurídica, a Psicologia para o Direito é a que melhor traduz a prática dos psicólogos jurídicos. 
–A Psicologia do Direito, portanto, não tem muito o que contribuir, ao menos por agora. Poderia, entretanto, somar esforços, juntamente com a Sociologia do Direito, no sentido de humanizar a justiçae aproximá-la dos sentimentos do povo. 
–Neste contexto, parece mais apropriado pensar em uma Psicologia para o Direito. Neste aspecto, configura-se como auxiliar ao Direito; não o questiona. 
–Embora não seja toda a Psicologia Jurídica, a Psicologia para o Direito é a que melhor traduz a prática dos psicólogos jurídicos. 
–A Psicologia para o Direito ou propriamente Psicologia Jurídica não é apenas uma justaposição da Psicologia com o Direito. É um espaço complexo, transdisciplinar, isto é, vai além destas duas disciplinas isoladamente. É uma área legítima ou território a ser explorado e praticado pelo psicólogo. 
–A Psicologia Jurídica tem em conta as principais áreas de informação psicológica e seus instrumentos de maior utilidade (e.g., entrevistas, testes, escalas) com o propósito de auxiliar o Direito a atingir os seus fins. 
–A Psicologia para o Direito favorece reduzir erros judiciais, associados com o desconhecimento de conceitos e processos psicológicos. Esta Psicologia instrumentaliza advogados (no juízo da causa), promotores (que lidam com conflitos individuais e sociais) e juízes (que devem resolver os conflitos). 
–Mesmo se admitindo que a Psicologia não tivesse o que oferecer ao Direito, muito teria para contribuir com a justiça, que é em última instância a promoção do bem-estar para todas as pessoas, indistintamente. Conhecer elementos psicológicos de indivíduos, grupos e instituições facilita encaminhamentos e tomadas de decisões jurídicas. 
–Existem dezenas de possibilidades de contribuir: 
•No âmbito familiar. Pode auxiliar no contexto de separação, divórcio, regulamentação de visitas, guarda e adoção. Existem muitos problema emocionais a serem identificados, quantificados e tratados (por exemplo, medo, ódio, retaliação) 
•No âmbito do direito penal. O crime em si e suas motivações poderão ser melhor compreendidos a partir de conhecimentos da Psicologia Jurídica. Como resultante de alteração do comportamento, o ato de cometer um homicídio, por exemplo, pode ser conseqüência de um processo de frutração-agressão. 
•No âmbito dos delitos de trânsito. O psicólogo jurídico pode contribuir desde o processo de habilitação e acompanhamento dos motoristas a definição do contexto de trânsito (ambiente, definição de vias, condições de direção) 
•No âmbito do processo penal. Nos procedimentos de oitiva de testemunhas, na veracidade dos depoimentos, no interrogatório do réu e nas estratégias de convencimentos dos jurados. 
•Em diversos âmbitos: depoimento sem dano (RS), inimputabilidade, insanidade mental, tarefa policial, teorias delinqüentes ou criminológicas, etc.

Outros materiais