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1 Meios suplementares Além das fontes formais e materiais do direito, existem os chamados meios suplementares de integração da norma, que são aqueles institutos jurídicos destinados a preencher lacunas no ordenamento, que, constatadas pelo magistrado, têm que ser preenchidas para que sejam executáveis sob pena de resultar em negativa de prestação jurisdicional (non liquet). Essa terceira fonte seria formada pela jurisprudência1 (entendimento dos tribunais) e pela doutrina (ensinamentos dos autores especializados). Para parte da doutrina, argumenta-se que essa terceira fonte não possui qualquer eficácia vinculativa ao aplicador do direito. Para outra parte doutrinária, essas seriam sim consideradas como princípios gerais do direito, ao lado do costume. Sobre a jurisprudência destacamos, ainda, que guarda correlação com diversas acepções no mundo jurídico. A primeira se refere à própria Ciência do Direito ou à Dogmática Jurídica. Uma segunda está correlacionada ao conjunto de decisões dos Tribunais que abrange tanto as decisões uniformes como as contrárias. A terceira acepção diz respeito a um conjunto de decisões necessariamente uniformes, que vão “firmar” ou “contrariar” jurisprudência. Lembremos que, quando se trata da afirmação de uma decisão em especial, devemos nos referir a mesma como precedente ou julgado. É muito comum haver utilização indevida do termo jurisprudência que, por vezes, é equivocadamente aplicada como sinônimo de decisão judicial. A jurisprudência, tecnicamente, refere-se a um conjunto de decisões dos Tribunais e não a uma decisão isolada. Há, nessa linha de pensamento, autores que reconhecem 1 É o conjunto das decisões produzidas pelos tribunais. Tem força convincente e serve como uma sinalização para as cortes inferiores. 2 que existe uma relação entre o processo de criação do direito e a classificação de suas fontes, admitindo, em consequência, que a jurisprudência deva ser considerada fonte do direito, já que o Judiciário participa da elaboração do direito. Deve-se registrar que, hoje, a figura da súmula vinculante, prevista no art. 103-A da Carta de 1988 e regulada pela Lei n. 11.417/2006, torna o precedente judicial fonte formal do direito nessa hipótese. Trata-se de uma figura híbrida, com características de norma abstrata, aplicável a todos, porém surgida a partir de um caso específico, e, por isso, também norma concreta entre as partes envolvidas naquele litígio. Ademais, o regime de julgamento conjunto de recursos especiais e extraordinários repetitivos também já revela a mesma importância que vem ganhando a jurisprudência em nosso sistema. Esta é uma tendência: a valorização da jurisprudência no nosso sistema jurídico. E aqui surgem os precedentes2. Nesse sentido, o Código de Processo Civil de 2015 assim dispõe, no art. 927: Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I – as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II – os enunciados de súmula vinculante; III – os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV – os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria 2 São as decisões dos Tribunais que têm força para vincular as instâncias inferiores do Judiciário. Nem toda decisão judicial constitui um precedente. 3 constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V – a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. O novo Código criou o incidente de resolução de demandas repetitivas, objetivando o julgamento conjunto de demandas que gravitam em torno da mesma questão de direito. Pelo art. 976, o tribunal local decidirá, a partir de um “processo piloto”, qual a tese jurídica que deve ser adotada aos demais processos nos quais se discuta a mesma questão de direito. Sendo certo que essa decisão terá força vinculante horizontal e vertical, ou seja, será obrigatória para os demais órgãos do tribunal, bem como para todos os juízes de 1º grau. A preocupação do novo Código de Processo Civil é também com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, evitando pronunciamentos incompatíveis que possam gerar inseguranças e incertezas. Encampou-se, por isso, expressamente, princípio no sentido de que, uma vez firmada jurisprudência em certo sentido, esta deve, como norma, ser mantida, salvo se houver razões relevantes recomendando sua alteração. Dessa forma, trata-se, em nosso sistema, de nítida tendência ao prestígio do precedente e de seu reconhecimento como fonte do direito.
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