Buscar

Evoluçao do Direito Penal no Brasil e no Mundo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Faculdade Joaquim Nabuco - Paulista 
Direito Penal I - 2° Período 
Professora: Thais Galba 
 
 
 
 
 
Titulo: Evolução do Direito Penal no Brasil e no Mundo 
 
 
 
 
 
Aluno: 
Aloisio Fernando Alves dos Santos - 01212604 
 
 
 
 
 
 
 
Paulista, 2017 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
Desde os primórdios da humanidade, o homem tem progredido em todos os sentidos. 
Através do desenvolvimento da razão, dom não atribuído a nenhum outro animal, exceto à 
espécie humana, o homem tem sempre estado organizado em grupos ou sociedades. No 
entanto, a interação social nem sempre é harmônica, pois nela o homem revela o seu lado 
instintivo: a agressividade. 
Pode-se afirmar que através dos tempos o homem tem aprendido a viver numa verdadeira 
"societas criminis". É aí que surge o Direito Penal, com o intuito de defender a coletividade e 
promover uma sociedade mais pacífica. 
Se houvesse a certeza de que se respeitaria a vida, a honra, a integridade física e os demais 
bens jurídicos do cidadão, não seriam necessários a existência de um acervo normativo 
punitivo, garantindo por um aparelho coercitivo capaz de pô-lo em prática. São haveria, 
assim, o "jus puniendi", cujo titular exclusivo é o Estado. 
Por isso é que o Direito Penal tem evoluído junto com a humanidade, saindo dos 
primórdios até penetrar a sociedade hodierna. Diz-se, inclusive, que "ele surge como 
homem e o acompanha através dos tempos, isso porque o crime, qual sombra sinistra, 
nunca dele se afastou" (Magalhães Noronha). 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL NO MUNDO 
“Importância do conhecimento histórico para desfazer preconceitos e alargar horizontes” J. 
Leal 
O estudo da evolução histórico-penal é de suma importância para uma avaliação correta da 
mentalidade e dos princípios que nortearam o sistema punitivo contemporâneo. 
A história humana não pode ser desvinculada do direito penal, pois desde o princípio o 
crime vem acontecendo. Era necessário um ordenamento coercitivo que garantisse a paz e 
a tranqüilidade para a convivência harmoniosa nas sociedades. 
“A história do Direito Penal é a história da humanidade. Ela surge com o homem e o 
acompanha através dos tempos, isso porque o crime, qual sombra sinistra, nunca dele se 
afastou”. 
Os estudiosos subdividem a história do direito penal em algumas fases, fases estas que não 
se sucederam de forma linear ou totalmente rígida (os princípios e características de um 
período penetravam em outro). São elas: 
 Vingança Privada 
“A pena em sua origem, nada mais foi que vindita, pois é mais compreensível que naquela 
criatura, dominada pelos instintos, o revide à agressão sofrida devia ser fatal, não havendo 
preocupações com a proporção, nem mesmo com sua justiça” Noronha 
Quando ocorria um crime a reação a ele era imediata por parte da própria vitima, por seus 
familiares ou por sua tribo. Comumente esta reação era superior à agressão, não havia 
qualquer idéia de proporcionalidade. 
2 
 
Esta ligação foi definida por Eric Fromm como sendo um vínculo de sangue, ou seja, era 
“um dever sagrado que recai num membro de determinada família, de um clã ou de uma 
tribo, que tem de matar um membro de uma unidade correspondente, se um de seus 
companheiros tiver sido morto”. 
Foi um período marcado por lutas acirradas entre famílias e tribos, acarretando um 
enfraquecimento e até a extinção das mesmas. Deu-se então o surgimento de regras para 
evitar o aniquilamento total e assim foi obtida a primeira conquista no âmbito repressivo: a 
Lei de Talião (jus talionis). 
O termo talião de origem latina tálio + onis, significa castigo na mesma medida da culpa. Foi 
a primeira delimitação do castigo: o crime deveria atingir o seu infrator da mesma forma e 
intensidade do mal causado por ele. 
O famoso ditado “olho por olho, dente por dente” foi acolhido como principio de diversos 
códigos como o de Hamurabi e pela Lei das XII Tábuas (Lex XII Tabularum). 
Com o passar do tempo á própria Lei de Talião evoluiu, surgindo a possibilidade do 
agressor satisfazer a ofensa mediante indenização em moeda ou espécie (gado, vestes e 
etc). Era a chamada Composição (compositio). 
“A composição é, assim, uma forma alternativa de repressão aplicável aos casos em que a 
morte do delinqüente fosse desaconselhável, seja porque o interesse do ofendido ou dos 
membros de seu grupo fosse favorável à reparação do dano causado pela ação delituosa”.J. 
Leal 
 Vingança Divina 
É o direito penal imposto pelos sacerdotes, fundamentalmente teocrático; o Direito se 
confundindo com a religião. 
O crime era visto como um pecado e cada pecado atingiam a um certo deus. A pena era um 
castigo divino para a purificação e salvação da alma do infrator. 
Era comum neste período o uso de penas cruéis e bastante severas. 
Seus princípios podem ser verificados no Código de Manu (Índia) e no Código de Hamurábi, 
assim como nas regiões do Egito, Assíria, Fenícia, Israel e Grécia. 
“Se alguém furta bens do Deus ou da Corte deverá ser morto; e mais quem recebeu dele a 
coisa furtada também deverá ser morto”.(Código de Hamurábi – art.6º.) 
 Vingança Pública 
Período marcado pelas penas cruéis (morte na fogueira, roda, esquartejamento, 
sepultamento em vida) para se alcançar o objetivo maior que era a segurança do 
monarca.Com o poder do Estado cada vez mais fortalecido, o caráter religioso foi sendo 
dissipado e as penas passaram a ter o intuito de intimidar para que os crimes fossem 
prevenidos e reprimidos. 
3 
 
Os processos eram sigilosos, o réu não sabia qual era a imputação feita contra ele, o 
entendimento era de que, sendo inocente, o acusado não precisava de defesa; se fosse 
culpado, a ela não teria direito. Isso favorecia o arbítrio dos governantes. 
 Direito Penal Romano 
De inicio, em Roma, a religião e o direito estavam intimamente ligados, o Pater Famílias 
consistia no poder de exercitar o direito de vida e de morte (jus vitae et necis) sobre todos 
os seus dependentes, inclusive mulheres e escravos. 
Com a chegada da Republica Romana ocorreu uma ruptura e desmembramento destes dois 
alicerces, a vingança privada foi abolida passando ao Estado o magistério penal. 
“Roma foi o marco inicial do direito moderno principalmente no âmbito civil. No penal, 
embora tímido, conseguiram destacar o dolo e a culpa e o fim da correção da pena (...)” César 
Dário 
Os romanos contribuíram para a evolução do direito penal fazendo a distinção do crime, do 
propósito, do ímpeto, do acaso, do erro, da culpa leve, do simples dolo e dolo mau (dolus 
malus), além do fim de correção da pena. 
 Direito Penal Germânico 
O Direito era visto como uma ordem da paz; desta forma o crime seria a quebra, a ruptura 
com este estado. 
Inicialmente eram utilizadas a vingança e da composição, porém, com a invasão de Roma, o 
poder Estatal foi consideravelmente aumentado, desaparecendo a vingança. 
As leis bárbaras caracterizavam-se pela composição, onde as tarifas eram estabelecidas 
conforme a qualidade da pessoa, o sexo, idade, local e espécie da ofensa. Para aqueles que 
não pudessem pagar eram atribuídas as penas corporais. 
Também adotaram a Lei de Talião e, conforme o delito cometido, utilizavam a força para 
resolver questões criminais. 
Eram admitidas também as ordálias ou juízos de Deus (provas de água fervendo, ferro em 
brasa...), assim como os duelos judiciários, onde o vencedor era proclamado inocente. 
 Direito Canônico 
É o ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana. 
O vocábulo canônico é derivado da palavra kánon, que significava regra e norma, com a 
qual originariamente se indicava qualquer prescrição relativa à fé ou à ação cristã. 
Inicialmente o Direito Canônico tinha o caráter meramente disciplinar, porém com o 
fortalecimento do poder papal,este direito passou atingir a todos da sociedade (religiosos 
e leigos). 
Tinha o objetivo de recuperação dos criminosos através do arrependimento, mesmo que 
fosse necessária a utilização de penas e métodos severos. 
4 
 
Esse direito deu uma atenção ao aspecto subjetivo do crime, combateu a vingança privada 
com o direito de asilo e as tréguas de Deus, humanizou as penas, reprimiu o uso das 
ordálias e introduziu as penas privativas de liberdade (ocorriam nos monastérios em celas) 
em substituição às patrimoniais. 
A penitenciária foi criada por este Direito: seria um local onde o condenado não cometeria 
crimes, se arrependeria dos seus erros e por fim se redimiria podendo voltar ao convívio 
social. 
Os tribunais eclesiásticos não costumavam aplicar as penas capitais até o período 
conhecido como a Inquisição. Neste período passou-se a empregar a tortura, o processo 
inquisitório dispensava prévia acusação e as autoridades eclesiásticas agiam conforme os 
seus valores e entendimentos. Foi um período marcado por muitas atrocidades... 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO 
Segundo Fragoso (2003), a comparação histórica, no que se refere ao Direito Penal, é um 
importante instrumento para a correta interpretação dos fatos ocorridos no passar dos 
tempos, uma vez que são estes que proporcionam as mudanças e novas teorias a fim de 
enriquecer o direito como um todo e a defesa do ser humano. 
Deste modo, é prudente mencionar que o direito, como regra de conduta social, surgiu com 
a sociedade, onde o primeiro direito seria o Direito Penal. Logo, pode-se mencionar que: “A 
primitiva idéia da pena é a de reação vindicativa do ofendido, mas não se pode dizer que a 
simples vingança individual dos primeiros grupos sociais constituísse um direito Penal”. 
(FRAGOSO, 2003, p. 31). 
O certo para se afirmar é que a sociedade primitiva era bastante rudimentar, mas desde os 
primórdios, a pena já existia como resposta ao mal causado por um dos seus semelhantes. 
Logo, com o passar do tempo, o homem, mesmo na sua fase primitiva, assim que passou a 
viver em grupo, sentiu a necessidade de punir aquele que tivesse agredido algum interesse 
de seus membros e também de punir o estranho que se tivesse colocado contra algum valor 
individual e coletivo. 
Sendo assim, é possível notar que o Direito nas sociedades primitivas, consiste em aspectos 
concernentes á religião, onde a reação punitiva apresentava caráter religioso, surgindo a 
pena com sentido sacral. 
Pode-se citar segundo Fragoso (2003), a vingança de sangue exercida pelos parentes da 
vítima, como um dever sagrado, visando alcançar a divindade, logo, a pena é a “expiação 
religiosa”. Desta forma, pode-se citar que: 
Cessada essa fase primitiva, a reação penal torna-se represália por parte da vítima, 
situando-se na esfera privada. A evolução processa-se então no sentido de restringir a 
princípio, a vingança privada, limitando-a pelo talião e pela composição com a vítima 
(preço da paz), para em seguida assumir o Estado o monopólio da justiça punitiva. A 
composição é a princípio voluntária depois imposta pelo Estado e finalmente abolida, 
passando as penas a serem públicas (FRAGOSO, 2003, p. 32). 
5 
 
Conforme explica Fragoso (2003), entende-se que o Direito passou por diversas fases, cujas 
quais foram aos poucos tomando corpo e defendendo os cidadãos, bem como sua 
dignidade. 
Uma fase que merece destaque é a de Vingança e o Talião. A primeira fase da evolução do 
Direito Penal, denominada Vingança Privada, mostra um Direito Penal praticado pelo 
próprio ofendido ou pelo que dele se apiedasse. 
Nota-se que além de fazer justiça com as próprias mãos, as penas não guardam a devida 
proporção com o delito que visavam responder. Assim, a lei era do mais forte, onde o 
interesse e a vontade individual se colocavam acima de tudo. 
Esta fase é marcada ainda por certa desorganização social, onde não havia um Estado, 
propriamente dito, mas famílias, clãs e tribos. 
Com o desenvolvimento dessas famílias, clâs e tribos, denominada sociedades primitivas, 
instala-se um poder social, baseado nas religiões que passam a controlar melhor as 
relações sociais, modificando-se assim, paulatinamente a natureza da sanção penal. 
Observa-se que nesta fase já não se trata mais da vingança individual, pessoal, com 
interesses privados, mas da vingança dos deuses. Porém, as sanções continuam 
extremamente severas. 
Posteriormente, quando o poder político evolui, podendo já citar a existência de um Estado 
primitivo, também o Direito Penal evolui, passando a aplicar sobre as penas a função do 
interesse coletivo, distinguindo-se do individual. Este foi um dos traços marcantes de 
evolução do Direito nesta época. 
Com relação ao Talião: “Olho por olho, dente por dente”, surge na história da humanidade a 
limitação da vingança privada. Assim, ouve também uma “evolução”, pois estabeleceu certa 
proporcionalidade entre o delito e a pena, o que até então era inexistente. 
Pode-se citar uma passagem da norma penal do Código de Hamurabi, ou seja, o mais antigo 
texto legislativo que versa: “Se alguém bate em uma mulher livre e a faz abortar, deverá 
pagar dez ciclos pelo feto, se essa mulher morre, então deverá matar o filho dele”. (TELES, 
2002, p. 41). 
Já no Êxodo dos Hebreus é possível encontrar o seguinte: “Aquele que ferir, mortalmente, 
um homem, será morto”. (TELES, 2002, p. 41). 
Ainda na Lei da XII Tábuas, dos Romanos: “Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de 
talião, salvo se houver acordo”. (TELES, 2002, p. 41). 
Surge ainda, o pagamento em valor econômico, pelo dano causado explicado pelas Leis 
Mosaicas: “Se um homem furtar um boi ou um carneiro, e o matar ou vender, pagará cinco 
bois pelo boi e quatro carneiros pelo carneiro”. (TELES, 2002, p. 42). 
Com o passar dos anos surge diferentes Direitos como o Grego, que segundo Teles (2002), 
distinguem crimes públicos, com penas coletivas aplicadas aos sucessores dos delinqüentes 
e os crimes privados em que a responsabilidade era individual. 
6 
 
No que concerne ao Direito Romano, entende-se que o mesmo representou um momento 
de evolução no Direito religioso ao Direito do Estado, onde este deveria assumir o poder de 
punição. 
Em Roma, o crime e a pena apresentavam um caráter público, pois o crime era entendido 
como um atentado à ordem estabelecida, e a pena correspondia à resposta estatal, 
existindo ainda as penas privadas primitivas, executadas pelo pater familias que aplicava o 
talião e a composição. 
Nesta época a principal pena pública era a morte, cominada para os crimes de traição à 
nação, de morte do cidadão livre, de incêndio, de falso testemunho, de suborno do juiz e de 
sátira injuriosa. (TELES, 2002, p. 45). 
Contudo, no período da República, vão diminuindo os crimes privados, desaparecendo a 
vingança privada, e passando o Estado a assumir as suas funções de jurisdição. 
Porém, mais adiante, a pena de morte aplicada pelo fogo, pela forca, pela espada, volta a ser 
aplicada pelos crimes mais graves, sendo presentes também as penas de trabalhos 
forçados. Assim, o fundamento das penas não é mais religioso, mas jurídico, sendo elas 
aplicadas, agora pelo Estado. 
Outro ponto importante neste Direito, segundo Teles (2004) é que: Os romanos 
reconheceram a noção de dolo, ou seja, a consciência e vontade de praticar o fato 
criminoso, além do desenvolvimento da dogmática penal e a “malitia suplet etatem”: a 
malícia supera a idade, onde o Direito Penal Romano analisa se o réu é malicioso ou 
inocente de acordo com sua capacidade de compreensão: “Os romanos já tinham a noção 
de dolo – intenção - e de culpa – negligência, noções fundamentais do Direito Penal 
moderno”. (TELES, 2004, p. 42). 
Fragoso (2003) salienta que nesta época depois de muitos acontecimentos, como as trocas 
de penas ora de morteora não, estas foram grandemente mitigadas, sendo praticamente 
abolida esta pena de morte, onde a punição se limitava ao exílio e a deportação. Nesta 
época também era predominante no Direito Penal Romano o Princípio da Reserva Legal. 
Com relação aos princípios do Direito Penal é importante mencionar o Princípio da 
Legalidade, tido como um dos mais importantes princípios do Direito Penal, onde a maioria 
dos autores o considera como sinônimo de Reserva Legal, afirmando serem equivalentes as 
expressões. A Legalidade então enfatiza que nenhum fato pode ser considerado crime e 
nenhuma pena criminal pode ser aplicada, sem que antes deste mesmo fato tenha sido 
instituídos por lei, o tipo delitivo. 
Este princípio é explicado através do art. 5º, inciso XXXIX e XL da Constituição Federal, que 
menciona: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal”. Vale ressaltar que este termo costuma ser enunciado por meio na expressão latina: 
“nullum crimen, nulla poena sine lege”, construído por Feuebach no início do século XIX. 
(CAPEZ, 2003, p. 40). 
Sobre o Direito Germânico pode-se citar que o mesmo, antes da invasão romana, era 
consuetudinário, ou seja, não havia leis escritas, mas constumes. Estes tinham pouco 
desenvolvimento humanístico, não tinha normas de governo e a função do Direito era 
manter a paz entre as pessoas e as tribos. Além disso, o Direito era entendido como “Ordem 
e Paz”, que tinha como fundamento a vingança privada. 
7 
 
Após a invasão, este Direito adquire feições publicísticas, limitando a princípio, e depois 
extinguindo a vingança de sangue, dando espaço á existência de penas de morte, corporais, 
a mutiliação e o exílio. Os processos eram vários dos quais pode-se citar as ordálias e os 
juízos de deus, com provas de água fervente, ferro em brasa, entre outros. (TELES, 2002, p. 
45). 
Observa-se que as ordálias e os juízos de deus eram utilizadas como métodos de 
investigação, ou seja, como forma de desvendar a verdade. Eram, em resumo os métodos de 
tortura, as penas vinham depois e basicamente caracterizavam-se como mortes, realizadas 
de inúmeras formas. 
Havia, nesta época ainda, os duelos, onde o vencedor era poupado por Deus. Diferencia-se 
das ordálias e juízos por ser característico dos nobres cujos quais duelavam em defesa da 
própria honra. 
O Direito Canônico foi sintetizado pelo “Corpus Iuris Canonice”, que tinha como fundamento 
o religioso e o moral, procurando uma disciplina que se estenda também aos leigos, além 
dos religiosos. Segundo Teles: “Direito Canônico é o direito estabelecido pela Igreja 
Católica, cujas normas estão escritas em cânones, que equivalem aos artigos de lei, e 
destinava-se, no princípio, a regular a vida interna da Igreja, impondo regras e disciplinas a 
seus membros” (TELES, 2002, p. 43). 
Procurou, o Direito Canônico, estabelecer um sistema de penas, mais suave e moderado, 
com a abolição da pena de morte. Mantinha e desenvolvia princípios romanísticos acerca 
da responsabilidade subjetiva, proclamando a igualdade de todos os homens e acentuando 
o aspecto subjetivo do crime. 
O Direito Medieval, ou Direito Comum, configura-se, segundo Teles (2002) como a união do 
Direito Romano, do Direito Germânico e do Direito Canônico com os direitos locais. Ele 
pode ser definido segundo o site Juris Way como: 
Uma grande miscelânea entre normas de Direito Romano, Direito Germânico, Direito 
Canônico, bem como de normas dos Estados Nacionais então em formação, por volta do 
século XII. Caracterizou-se pela crueldade com que as penas eram executadas. Girava em 
torno dos aplicadores da lei um ambiente de insegurança, e principalmente de terror. 
Afinal, a grande maioria das penas impostas importava em castigos corporais horríveis, 
aflitivos. A função exordial a ser exercida pela pena era a intimidação das pessoas. Como 
exemplo dessas penas, tem-se o afogamento, a forca, a roda, as mutilações, a castração, a 
fogueira (JURIS WAY, 2011). 
Após este período é possível citar o Período Humanitário que consistiu segundo Teles 
(2002), como um dos mais importantes movimentos da história da humanidade, podendo 
citar o Iluminismo e a Revolução Francesa como marcos de extrema importância para a 
época. 
No que se refere ao Direito Penal, as idéias iluministas vão se refletir, a partir da 
publicação, em 1764 da obra: “Dei delliti dele pene”, escrita por Cesare Beccaria, a qual 
combate com vigor o uso da tortura, a pena de morte, a atrocidade das penas e aponta 
como solução, que a pena seja a plicada apenas para que o delinquente não volte a 
delinqüir. 
8 
 
Há desta forma, uma grande exigência do princípio da Legalidade, inaugurando, a partir das 
idéias de Beccaria, o Período Humanitário, surgindo logo depois leis que vieram a aderir os 
preceitos por ele defendidos. 
Segundo Teles (2002), a Revolução Francesa vai culminar com a Declaração dos direitos do 
Homem e do Cidadão, que consagra os fundamentais direitos humanos ainda hoje atuais. 
A Revolução Francesa não teve como único objetivo a mudança de um governo, mas de 
todo um modo de vida que envolvia a sociedade. Deste modo, muitos costumes e tradições 
tiveram que ser revistos e muitos deles tiveram que ser esquecidos dando lugar a uma 
nova visão de mundo. 
Nesta época era visível o crescimento econômico da burguesia, o que foi de encontro às 
instituições feudais que a cada momento estavam sendo superadas. 
A partir daí, nota-se uma sociedade, mais exigente para uma melhor e maior modernização 
do país, o que por vezes era negado pelo absolutismo. 
Tão grande foi a manifestação popular da época, ou seja, do Terceiro Estado, que as pessoas 
saíam às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do seu posto o Rei Luis XVI. Aí, 
pode-se perceber a queda da Bastilha, marcando o início do processo revolucionário e 
violento que estava por vim. 
Com tamanho descontentamento, surgem os iluministas, movimento formado por um 
grupo de intelectuais que começaram a trabalhar e questionar determinado regime 
absolutista. Este grupo passou a pregar que o poder deveria passar para outras mãos, ou 
seja, da nova classe que ascendia constantemente, isto é, os burgueses, sendo necessária a 
destituição do Rei. 
Assim, foi possível vislumbrar a proibição da venda de mercadorias, os preços exorbitantes, 
principalmente do pão, o que por vezes culminou para a violência, pois muitos foram os 
estabelecimentos saqueados, assaltados. A desordem acabou tomando conta de muitas 
pessoas e a fome muitas vezes acabou falando mais alto. 
O lema da época: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, resumia o desejo que a população 
francesa exprimia. O medo cercou muitos nobres, fazendo com que alguns abandonassem 
seu país. O Rei Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta morreram com a invenção de 
Gilhotin, ou seja, a guilhotina, em praça pública e com os aplausos de muitos. O poder da 
igreja também foi atingido, sendo seus bens restritos e confiscados. 
Sendo assim, foi promulgada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, trazendo 
significativas mudanças como as sociais e as de direito. 
Não se pode esquecer, após a revolução, dos girondinos e jacobinos, onde os primeiros ao 
representar a burguesia queriam evitar a participação de trabalhadores tanto rurais 
quanto urbanos na política. Já os segundos, ao contrário, representavam a baixa burguesia 
defendendo maior participação da população na política. 
Porém, época marcante e de muito terror foi liderada por Marat que foi assassinado, 
exatamente como revolta da população diante de uma época marcada por muita violência. 
9 
 
Assim, pode-se dizer que a Revolução Francesa marca a história moderna, significando o 
fim dos privilégios da nobreza, tornando a população e os trabalhadores em geral, mais 
independentes e respeitados, mudando como um todo vidase costumes daqueles que 
trabalhavam muito e pouco eram reconhecidos. 
Segundo Fragoso (2003), Beccaria parte do contrato social, afirmando que o fim da pena, é 
apenas o de evitar que o criminoso cause novos danos males e que os demais cidadãos o 
imitem, sendo tirânica toda a punição que não se funde na absoluta necessidade. 
Vale ressaltar que a idéia de Contrato Social, o contratualismo, ou seja, resume-se em um 
pacto explícito, a partir do qual cada homem entrega uma parcela do seu poder em troca da 
proteção dos poderes que mantêm. 
Segundo Fragoso: Beccaria defendia a conveniência de leis claras e precisas, não 
permitindo sequer o juiz o poder de interpretá-las, opondo-se desta forma, ao arbítrio que 
prevalecia na justiça penal. Combateu a pena de morte e a tortura, o processo inquisitório, 
defendendo a aplicação de penas certas, moderadas e proporcionais ao dano causado à 
sociedade (FRAGOSO, 2002, p. 49). 
Entende-se assim, que Beccaria, opunha-se à justiça medieval que ainda vigorava em seu 
tempo, em como ao direito comum, romano-canônico da época. 
Desta forma, fica evidente o nome designado ao período desta obra: “Dei dellite dele pene”, 
ou seja, humanitário, ao passo que este demarcou na história idéias do respeito à 
personalidade humana fundando-se em sentimentos de piedade e compaixão pela sorte das 
pessoas submetidas ao terrível processo penal e ao regime carcerário que então existia. 
Segundo Fragoso (2003, p. 45): As idéias básicas do Iluminismo em matéria de justiça penal 
são as da proteção da liberdade individual contra o arbítrio judiciário, a abolição da 
tortura, abolição ou imitação da pena de morte e a acentuação do fim estatal da pena, com o 
afastamento das exigências formuladas pela Igreja ou devidas puramente à moral, 
fundadas no princípio da retribuição. 
Tomando como base a obra: “Dei delliti dele pene”, pode-se dizer que esta foi uma obra de 
cunho filosófico e humanitário da segunda metade do século XVIII quando a humanidade 
encontrava novos caminhos para garantir a igualdade e a justiça. Já mencionava em sua 
obra logo na introdução, fragmentos que questionavam o porquê das penas tão cruéis: 
Mas, qual é a origem das penas e qual o fundamento do direito de punir? Quais serão as 
punições aplicáveis aos diferentes crimes? Será a pena de morte verdadeiramente útil, 
necessária, indispensável para a segurança e a boa ordem da sociedade? Serão justos os 
tormentos e as torturas? Conduzirão ao fim que as leis se propõem? Quais os melhores 
meios de prevenir os delitos? Serão as mesmas penas igualmente úteis em todos os 
tempos? Que influência exercem sobre os costumes? (BECCARIA, 2011). 
Diante destes questionamentos, elabora, alternativas como a importância e principalmente 
a necessidade dos homens em estabelecerem o Contrato Social: 
Por conseguinte, só a necessidade constrange o homem a ceder uma parte de sua 
liberdade; daí resulta que cada um só consente em pôr no depósito comum a menor porção 
possível dela, isto é, precisamente o que era preciso para empenhar os outros em mantê-lo 
na posse do resto, é a origem das penas, e qual o fundamento do direito (BECCARIA, 2011). 
10 
 
Pode-se notar também uma crítica em relação às leis que sendo aplicadas 
desproporcionalmente pelos julgadores adota, na maioria das vezes, uma linguagem não 
habitual para o indivíduo comum deixando que os homens fiquem à mercê do que de fato 
acontece na realidade: 
Se a interpretação arbitrária das leis é um mal, também o é a sua obscuridade, pois 
precisam ser interpretadas. Esse inconveniente é bem maior ainda quando as leis não são 
escritas em língua vulgar. Enquanto o texto das leis não for um livro familiar, uma espécie 
de catecismo, enquanto forem escritas numa língua morta e ignorada do povo, e enquanto 
forem solenemente conservadas como misteriosos oráculos, o cidadão, que não puder 
julgar por si mesmo as conseqüências que devem ter os seus próprios atos sobre a sua 
liberdade e sobre os seus bens, ficará na dependência de um pequeno número de homens 
depositários e intérpretes das leis (BECCARIA, 2011). 
Enfatiza que ao colocar o texto legal, ou como o mesmo menciona “o texto sagrado” das leis 
nas mãos do povo e quanto mais homens o lerem, tanto menos delitos haverá. Pode-se 
ressaltar aí o Princípio da Taxatividade e a “Lex Certa” de fundamento garantista, onde a 
norma não pode ser confusa, mas clara, a fim de que todos possam dominá-la e entendê-la 
com facilidade. Entende-se com isso a preocupação de Beccaria em trazer à baila assuntos 
como estes, onde inclui todas as classes e o desejo de que estas estejam em um mesmo 
patamar de conhecimentos. 
Acrescenta posteriormente enfatizando que: À medida que as penas forem mais brandas, 
quando as prisões já não forem a horrível mansão do desespero e da fome, quando a 
piedade e a humanidade penetrarem nas masmorras, quando enfim os executores 
impiedosos dos rigores da justiça abrirem os corações à compaixão, as leis poderão 
contentar-se com indícios mais fracos para ordenar a prisão (BECCARIA, 2011). 
Assim, estas idéias produziram prontamente resultados na legislação penal. A influência da 
obra de Beccaria foi imensa, influenciando códigos como o promulgado por Leopoldo II, da 
Toscana, no qual foi abolida a pena de morte e a tortura, limitando-se o arbítrio judicial e 
mitigando-se as penas. 
Na França, com a Revolução Francesa, surge a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, bem como os códigos penais de 1791 e 1810. 
Após o Período Humanitário houve a Escola Clássica, na qual se identifica com o Direito 
Liberal Burguês, cuja qual opunha-se ao racionalismo, atacando o pensamento clássico de 
combate ao crime, com base em estudos antropológicos do delinqüente e sociológicos do 
crime, propondo um sistema penal de prevenção especial. 
Teve como precursores Lombroso e Garófalo com alguns princípios básicos como: 
O crime é um fenômeno natural e social; o fundamento da responsabilidade penal, que 
resulta de ser o homem um ser social, é a periculosidade do delinquente, a pena é medida 
defensiva da sociedade e seu objetivo é recuperar o delinquente, ou pelo menos neutralizá-
lo; o delinquente é um anormal do ponto de vista psíquico (FRAGOSO, 2003, p. 46). 
Outra Escola foi a Alemã, que ficou permeada entre às Teorias Justas, cujas quais legitima o 
poder punitivo do Estado com base em critérios abstratos e as Teorias Úteis, que são 
baseadas em critérios de utilidade, derivadas a partir da noção de Contrato Social descrito 
por Rousseau. 
11 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Através desta verdadeira jornada pela História, observou-se a evolução do Direito Penal, 
desde os primórdios da humanidade. Ficando nitidamente demonstrado as épocas de 
pouca evolução, bem como aquelas em que determinadas circunstâncias impulsionaram o 
Direito Penal, que por sua vez deu amplos saltos rumo à modernidade. 
Porém é necessário ressaltar que, por mais evoluído que seja o ser humano, seu 
comportamento será sempre controlado pelo Estado, no exercício do "jus puniendi". É que, 
na sociedade, o homem continuará expressando sua "spinta criminosa", havendo a 
necessidade da pena, como "controspinta". 
Atualmente vigora no Brasil o estatuto do Código Penal de 1940 (Dec. Lei n°2.848, de 7-12-
40), que sofreu importantes alterações em 1977 ( Lei 6.416, de 24-05-77), uma 
reformulação de sua Parte Geral em 1984 (Lei 7.209, de 11-07-84) e mais recentemente 
alterações em sua Parte Especial por meio da Lei 12.015/2009. 
Portanto, não cessará aqui a evolução do Direito Penal: ela acompanhará o homem 
enquanto o mesmo existir. Ficando, assim, as reticências que marcam o tempo. 
Bibliografia 
Equipe Brasil Escola. 
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal (Parte Geral). 4. ed. Rio de Janeiro. 
Forense. 
TELES, Ney Moura, Direito Penal Vol. II - Parte Especial- Art. 121 a 212 - 1 Edição 2004. 
CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal - Volume 4. Parte Especial, 9ª edição 2003 do 
Volume 4. 
BECCARIA, Cesare, Dos Delitos e das Penas - 5ª Ed. 2011 
Sites de pesquisas 
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=514 
 
http://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-historia-as-ideias-direito-penal.htm 
 
http://conteudojuridico.com.br/artigo,a-historia-e-a-evolucao-do-direito-penal-
brasileiro,25441.html

Outros materiais