Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Carboidratos Carboidratos, também chamados sacarídeos, glicídios, hidratos de carbono ou açúcares, são definidos, quimicamente, como poli-hidróxi- cetonas (cetoses) ou poli hidróxialdeídos (aldoses). • O grupamento funcional aldeído são denominados aldoses • O grupamento cetona são as cetoses. • São compostos orgânicos com pelo menos três carbonos onde todos os carbonos possuem uma hidroxila, com exceção de um, que possui a carbonila primária (grupamento aldeídico) ou a carbonila secundária (grupamento cetônico). • Os carboidratos mais simples possuem de três a oito carbonos, os monossacarídeos, e possuem a fórmula empírica Cn(H2O)n 2 Produção dos carboidratos A água, o CO2 e a energia luminosa do sol utilizados em sua síntese dos carboidratos, no processo de fotossíntese. A conversão da energia luminosa em energia química faz com que esses compostos fotossintéticos funcionem como um verdadeiro combustível celular, liberando uma grande quantidade de energia térmica quando quebrados as ligações dos carbonos de sua molécula, liberando, também, a água e o CO2. A clorofila presente nas células vegetais é a única molécula da natureza que não emite energia em forma de calor imediatamente após ter tido seus elétrons excitados pela luz: ela utiliza esta energia para movimentar elétrons em uma rede de enzimas transportadoras de elétrons que garantem ATP suficiente para unir átomos de carbono do CO2 absorvido, armazenando a energia solar nas moléculas de glicose sintetizadas neste processo fotossintético. 3 Carboidratos A organização mais complexa entre mais de uma molécula de carboidrato, gerará polímeros formado pela perda de uma molécula de água o que confere a fórmula geral Cn(H2O)n-1 própria para esses carboidratos. Alguns carboidratos, porém, possuem em sua estrutura nitrogênio, fósforo ou enxofre não se adequando, portanto, à fórmula geral. Todo o metabolismo energético celular gira em torno dos processos metabólicos da glicose e vários distúrbios patológicos são evidenciados quando há uma deficiência nas vias metabólicas da glicose, como é o caso da Diabetes mellitus doença de alta incidência mundial caracterizada pela deficiência na função do hormônio pancreático insulina, responsável pela regulação da glicose sangüínea. Os animais não são capazes de sintetizar carboidratos a partir de substratos simples não energéticos, como os vegetais. Assim precisam obtê-los através da alimentação, produzindo CO2 (excretado para a atmosfera), água e energia (utilizados nas reações intracelulares). O sistema metabólico celular tem como base a utilização da energia contida nas moléculas de carboidratos e nas biomoléculas a eles relacionados, no intuito de liberar energia térmica para as reações bioquímicas da célula. Monossacarídeos São os carboidratos mais simples. Possuem de 3 a 8 carbonos, sendo denominado, respectivamente, trioses, tetroses, pentoses, hexoses, heptoses e octoses. Têm uma única unidade cetônica ou aldeídica, possuindo pelo menos um átomo de carbono assimétrico (C*) Existindo, portanto, formas estereoisoméricas, com exceção da dihidróxi- cetona, que não possui C* 4 Os monossacarídeos possuem, portanto, inúmeros isômeros estruturais e ópticos, com os quais compartilham a prioridade nos processos bioenergéticos. Como todo composto orgânico que possui carbono assimétrico, o número de isômeros ópticos é determinado por 2n (n= número de C* da molécula). A glicose (como todas as hexoses) possui 16 isômeros ópticos devido possuir 4 carbonos assimétricos, logo 24 = 16. Este grande número de isômeros leva a ocorrência de uma mistura racêmica quando os carboidratos encontram-se dissolvidos em água. O equilíbrio tende para a forma mais estável que é obtida por uma reação intramolecular que ocorre entre a carbonila do grupamento funcional com uma das muitas hidroxilas da molécula, formando um composto cíclico denominado hemiacetal. Esta forma cíclica dos monossacaríedeos é possível graças à grande diferença de eletronegatividade do oxigênio e os átomos de carbono 5 e hidrogênio da molécula, que dá aos carbonos e hidrogênio uma carga elétrica parcialmente positiva e aos oxigênios uma carga parcialmente negativa. 6 Os monossacarídeos de ocorrência natural mais comum, como a ribose (5C), glicose (6C), frutose (6C) e manose (6C), existem na forma de hemiacetais quer na formas de furanose (um anel de 5 elementos, menos estável) ou de piranose (um anel de 6 elementos mais estável). 7 Esta forma estrutural cíclica de hemiacetal resulta da reação intramolecular entre o grupamento funcional (C1 nas aldoses e C2 nas cetoses) e um dos carbonos hidroxilados do restante da molécula (C4 na furanose e C5 na piranose). Uma propriedade química importante de monossacarídeos livres ou ligados a outros elementos (inclusive a outros monossacarídeos) é o poder redutor (são oxidados), se o C1, na forma de hemiacetal, apresentar hidroxila livre, ou seja, não esteja ligado a nenhum composto. Este poder redutor pode ser comprovado ao reagir um carboidrato (p.ex.: a glicose) com um reagente suscetível a redução (um oxidante), como o Cu+2, que se reduz a Cu+1. Essas reações 8 clássicas de oxi-redução foram um dos primeiros métodos de identificar glicose em líquidos orgânicos. O poder redutor da glicose revela, também, a sua capacidade de se oxidar durante o processo metabólico. A oxidação química da glicose no C1 fornece o ácido glicônico. Derivados de monossacarídeos Ácidos urônicos: são formados quando o grupo terminal CH2OH dos monossacarídeos são oxidados. O ácido glicurônico, por exemplo, combina-se com lipídeos e certos fármacos para aumentar a solubilidade em água, facilitando a sua eliminação. Aminoaçúcares: um grupo hidroxila (normalmente do C2) é substituído por um grupo amino. 9 Desoxiaçúcares: um grupamento OH é substituído por H. Sistema sangüíneo ABO (formando glicoproteínas) Uma implicação importante deste poder redutor é comprovada na caracterização do poder redutor em cetoses (normalmente, cetonas não são redutores, aldeídos sim). Isto pode ser explicado pelo fato de cetoses e aldoses se interconverterem através de um fenômeno químico chamado tautomeria, devida a um rearranjo molecular entre o C2 e o C1 das cetoses, formando seu isômero aldose. Tautomeria: 10 Dissacarídeos São formados por dois monossacarídeos unidos por ligação covalente (ligação glicosídica). A ligação glicosídica ocorre entre as hidroxilas do C1 de um monossacarídeo com qualquer outro carbono do outro monossacarídeo. Os dissacarídeos são importantes fontes de carboidratos na alimentação, como é o caso da lactose que é o principal carboidrato da dieta dos mamíferos na fase de amamentação. Posteriormente, a maioria dos animais perde a capacidade de degradar a lactose devido à queda na produção intestinal da enzima que a degrada, a lactase A sacarose é o dissacarídeo mais consumido o principal composto de sabor adocicado adicionado à alimentação humana. 11 A maltose é o principal substrato para a produção de cervejas fermentadas, como a cerveja.Polissacarídeos Os polissacarídeos ou glicanas são polímeros de monossacarídeos (hexoses) unidos por ligação glicosídicas na forma α ou β. Alguns funcionam como reserva de carboidratos, outros atuam na morfologia celular. Não são solúveis em água, não apresentam sabor e nem poder redutor. São classificados em homopolissacarídeos (um único tipo de monossacarídeo) e heteropolissacarídeos (contém dois ou mais tipos diferentes de monossacarídeos. Os polissacarídeos de reserva mais importantes são o amido (amilose e amilopectina) e o glicogênio, ambos de alto peso molecular e polímeros da glicose em ligações α(1 4) nas cadeias principais e ligações α(1 6) nos pontos de ramificação. Amido é encontrado em vegetais Glicogênio encontrado em animais A molécula de amido na forma de amilopectina é formada por unidades de glicose unidas por ligações α (1 4) na estrutura principal e α(1 6) nos pontos de ramificação. 12 A forma linear (amilose) apresenta somente ligações α(1 4) e menos solúvel que a amilopectina. Outros polissacarídeos possuem papel estrutural nas paredes celulares. A celulose é formada por moléculas de glicose unidas por ligações β (1 4) e é o principal constituinte estrutural da parede celular dos vegetais, responsável por extrema resistência. A carapaça dos insetos contém quitina, um polímero de N- acetilglicosamina) que dá resistência extrema ao exo-esqueleto. Estrutura molecular da celulose. As ligações β(1 4) não são quebradas pelas enzimas digestivas dos animais e a disposição das unidades de glicose na molécula permite a formação de ligações de hidrogênio e o empilhamento de cadeias, o que torna a celulose extremamente resistente. 13 Devido à natureza da ligação β(1 4) entre as unidades de glicose, há a formação de ligações de hidrogênio dentro da molécula, o que torna a molécula de celulose bastante rígida e plana, permitindo o empilhamento de várias cadeias formando uma estrutura polimérica extremamente resistente. Glicosaminoglicanos: São polissacarídeos lineares constituídos por resíduos repetitivos de dissacarídeos de ácido urônico (A) e de N- acetil-glicosamina (B) ou N- acetil-galactosamina. Em alguns glicosaminoglicanos a hidroxila pode ser esterificada com sulfato. Os glicosaminoglicanos formam soluções de alta densidade e elasticidade pela absorção de grandes quantidades de água, contribuem para a manutenção do tecido conjuntivo. Heparina possui função anticoagulante nos vasos sangüíneos dos animais; é formada por glicosamina + ácido urônico + os aminoácidos serina ou glicina. 14 Peptideoglicanas (mureínas) são polissacarídeos lineares formados por unidades alternadas de ácido N-acetil-murâmico e N-acetil- glicosamina (derivados de carboidratos) interligados por cadeias polipeptídicas curtas, que formam uma camada como uma malha do lado de fora da membrana plasmática de bactérias (parede celular) Dissacarídeo + tetrapepetídeo 15 Glicoconjugados Compostos que resultam da ligação covalente entre moléculas de carboidratos e proteínas ou lipídeos. Glicoproteínas São proteína conjugadas que apresentam como grupo prostético um ou vários polissacarídeos formando uma série de unidades repetidas e ligadas covalentemente a uma proteína. N- ligados:são unidos por ligação N-glicosídica com o grupo amino da cadeia lateral, do aminoácido asparagina. O-ligados estão unidos pelo grupo hidroxila da cadeia lateral do aminoácido serina ou treonina ou por grupos hidroxila de lipídios de membrana Proteoglicanos São macromoléculas constituídas pela ligação covalente e não covalente entre proteínas e glicosaminoglicanos. As proteínas estão ligadas não covalentemente a um longo filamento de ácido hialurônico. 16 Glicocálix As células animais têm um revestimento externo macio e flexível formado por cadeias de oligossacarídeos ligadas a lipídeos e proteínas. Função: protege a célula das agressões físicas e químicas do meio externo. Mantém um microambiente adequado ao redor de cada célula, pois retém nutrientes e enzimas importantes. Pode ser reconhecido por outras células com as quais tenha que interagir Glicolipídios: são compostos existentes na superfície celular que possuem função de marcador imunoquímico, como é o caso dos antígenos do sistema sangüíneo ABO. Oligossacarídeos São pequenos polímeros muitas vezes ligados a polipeptídeos e glicolipídeos. N- ligados:são unidos por ligação N-glicosídica com o grupo amino da cadeia lateral, do aminoácido asparagina. O-ligados estão unidos pelo grupo hidroxila da cadeia lateral do aminoácido serina ou treonina ou por grupos hidroxila de lipídios de membrana 17 Estudo dirigido 1) O que são carboidratos? Como são classificados? 2) Como ocorre a produção de carboidratos na fotossíntese? 3) Explique a relação dos carboidratos com a diabetes mellitus. 4) Em todo composto orgânico que possui carbono assimétrico, o número de isômeros ópticos é determinado por 2n (n= número de C* da molécula). Sendo assim quantos isômeros há a molécula de frutose? 5) O que é uma mistura racêmica? 6) Explique a formação do composto cíclico hemiacetal nos carboidratos 7) Explique as formas piranose e furanose dos carboidratos 8) Explique o poder redutor dos carboidratos 9) Qual a função dos ácidos urônicos? 10) O que são os aminoaçúcares e os Desoxiaçúcares? 11) Explique o tautomerismo dos carboidratos 12) O que são os dissacarídeos? 13) Dê 3 exemplos de dissacarídeos importantes e a função deles. 14) O que são os polissacarídeos e qual a função deles? Quais suas propriedades físico-químicas? 15) Como são classificados os polissacarídeos? 16) Cite um polissacarídeo que faz ligação de hidrogênio, qual a importância desta ligação? 17) O que são os glicosaminoglicanos? 18) O que são peptideoglicanas? Qual a importância nas bactérias gram positivas e gram negativas? 19) O que são glicoconjugados? 20) O que são glicoproteínas? O que são as N-ligadas e as O-ligadas 21) O que são os proteoglicanos? 22) O que são os glicolipídios qual a função deles nas membranas? 23) O que são polissacarídeos?
Compartilhar