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Direito Processual Civil III Luciano

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Direito Processual Civil III – 2016.2
Prof. Luciano Vianna Araújo
Panorama Geral
Tipos de tutela jurisdicional:
. Cognição: pretensão resistida. Há dúvida quanto ao direito pleiteado em juízo, que é acionado em busca de uma sentença a fim de se estabelecer quem tem razão.
. Execução: pretensão insatisfeita. Há quase certeza de que o autor tem o direito de crédito pleiteado. A atividade jurisdicional será de realização e não de conhecimento.
Evolução: no CPC/39, o título executivo extrajudicial não tinha a mesma força que uma sentença. O CPC/73 deu essa força ao título executivo extrajudicial, que, assim como uma sentença, poderia dar início a um processo de execução. Com a reforma do CPC/73 em 2005, houve uma mudança procedimental quanto ao título executivo judicial, unindo as fases cognitiva e executiva no processo sincrético, não sendo necessário ajuizar um processo de execução diferente após a obtenção de título executivo judicial por meio do processo de conhecimento. O CPC/15 manteve essa mudança.
Hoje, só há duas diferenças entre o procedimento iniciado por um título executivo judicial e aquele ensejado por um título executivo extrajudicial:
. diferença quanto à fase inicial. Se for um título executivo judicial (rol previsto no art. 515, NCPC), considerando já ter havido uma fase cognitiva prévia, o executado será intimado/citado para pagar em 15 dias, sob pena de multa de 10%. Se, por outro lado, se tratar de título executivo extrajudicial (rol previsto no art. 784, NCPC), o executado será citado para pagar em 03 dias, com redução de 5% dos honorários de sucumbência. Uma vez ultrapassada essa fase inicial, o procedimento de ambos os títulos será o mesmo: penhora – avaliação – expropriação – satisfação – extinção.
. diferença quanto à defesa. No caso de título executivo judicial, como já houve cognição acerca do crédito que o autor pretende satisfazer, a matéria que pode ser arguida na defesa (impugnação – art. 525, NCPC) será muito mais restrita, podendo-se alegar apenas fatos posteriores ao trânsito em julgado, à exceção de nulidade ou falta de citação. Já no caso de título executivo extrajudicial, na defesa (embargos de devedor – arts. 914 a 920, NCPC), o executado poderá alegar tudo que seria lícito discutir no processo de conhecimento, uma vez que ainda não houve cognição sobre a matéria.
Fases:
. postulação
. penhora
. avaliação
. expropriação
. satisfação
. extinção
A existência do direito não ser discutida nesse procedimento; vai ser discutida em uma ação cognitiva à parte, os embargos de devedor. O procedimento executivo prevê atos para realizar e não para provar o direito; em princípio, o Judiciário não avaliará o direito. O que o credor busca é a satisfação de seu direito, não tendo, portanto, interesse algum na sentença de extinção (ao contrário do processo de conhecimento, em que o que se busca é a sentença). Por isso, o art. 1.015, parágrafo único, NCPC, prevê que cabe Agravo de Instrumento contra qualquer decisão proferida em sede de execução, já que a sentença não importa ao credor.
Requisitos:
. título executivo (art. 515: judicial / art. 784: extrajudicial). O título executivo conterá uma obrigação certa (deve haver certeza quanto ao credor, ao devedor, à natureza e ao objeto da obrigação), líquida e exigível. Não há, em princípio, dúvida quanto à existência do direito; o problema é quanto à sua satisfação.
. exigibilidade (arts. 786 a 788, NCPC).
 Art. 803, NCPC: hipóteses de nulidade.
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.
Obrigações:
. dar: (i) entrega de coisa (necessidade de busca e apreensão): arts. 806 a 813, para título extrajudicial; art. 538, para título judicial / (ii) pagamento de quantia certa: arts. 824 a 909, para título extrajudicial; arts. 513 a 524, para título judicial.
. fazer/não fazer: arts. 814 a 823, para título extrajudicial; arts. 536 e 536, para título judicial.
Procedimentos específicos:
. Contra Fazenda Pública (art. 910, para execução de título extrajudicial; arts. 534 e 535, para execução de título judicial)
. Alimentos (arts. 911 a 913, para título extrajudicial; arts. 528 a 533, para título judicial)
Procedimento da execução de título extrajudicial:
. petição inicial (deve-se comprovar a existência de título executivo e sua exigibilidade)
. deferimento/indeferimento (art. 827)
. citação (art. 829): em regra, é feita por Oficial de Justiça. Possibilidade de expedição de certidão para averbação no RGI: art. 828. Possibilidade de arresto caso o executado não seja encontrado: art. 830 (para o credor, o arresto é muito mais vantajoso do que citação por hora certa no caso em que o executado tenta se esquivar da citação).
. penhora: objeto da penhora previsto no art. 831. Hipóteses de impenhorabilidade: arts. 832 a 834. Possibilidade de modificação da penhora: arts. 847 a 853 (há, na penhora, a incidência de dois princípios, o da efetividade e o do modo menos gravoso). Penhora de dinheiro: art. 854 (a penhora online subtrai avaliação e expropriação).
. avaliação (art. 870). Dispensa de avaliação: art. 871. Redução/ampliação: art. 874.
. expropriação (art. 825). Formas: adjudicação (arts. 876 a 878; o credor fica com o bem para si), alienação por iniciativa particular ou alienação em leilão.
. satisfação (arts. 904 a 907)
. extinção (arts. 924 a 925)
Obs: fraude contra credores x fraude à execução. A diferença está na citação. Previamente à citação, trata-se de fraude contra credores, havendo necessidade de se ajuizar ação pauliana (processo de conhecimento). Posteriormente à citação, trata-se de fraude à execução, tornando qualquer alienação ineficaz.
Institutos fundamentais
Classificação: conhecimento e execução. No processo de conhecimento, há atividade cognitiva e executiva, assim como no processo de execução – não havendo, em tais processos, predominância de uma ou outra atividade. O que há são diferentes tipos de atividade jurisdicional, de tutela jurisdicional. A parte especial CPC/15 é dividido em livros (Livro I: Do Processo de Conhecimento; Livro II: Do Processo de Execução), mas será que essa divisão faz sentido, se em ambos os processos há ambas as atividades? No processo sincrético, isso não faz sentido, já que, em um mesmo processo, há uma fase cognitiva e uma executiva. Do mesmo modo, no processo de execução, há possibilidade de contraditório, ou seja, de atividade cognitiva.
Jurisdição: dizer direito (atividade estatal substitutiva, intelectual); satisfazer direito (atividade material). A atividade do juiz não é apenas dizer o direito; é também satisfazer o direito (jurisatisfação); jurisdição não é necessariamente a única atividade jurisdicional. A partir do momento em que se proíbe a autotutela, o Estado se obriga a prestar tutela jurisdicional (a ação é movida contra o Estado). O Estado substitui a vontade das partes, seja no plano material, seja no plano intelectual.
Processo: pode ser visto por dois ângulos, como meio de composição de um litígio ou como uma relação jurídica tridimensional (é distinto do direito material; são relações jurídicas distintas). A relação jurídica de direito material é estática, havendo apenas um direito. A relação jurídica processual vai se construindo aos poucos, com direitos, deveres, faculdades e ônus que surgem paulatinamente. Trata-se, pois, de relação dinâmica e necessariamente pública, por envolver o Estado. Todas as partes devem cooperar para se alcançar a melhor solução (princípio da cooperação: art. 6º, NCPC); cada uma exerce funções diferentes, não havendo hierarquia do juiz sobre as partes.
	. O processo é uma relação jurídica animada por um procedimentocom contraditório (princípio do contraditório: art. 7º, NCPC). Não existe processo sem contraditórios e esse é um dos grandes problemas do processo de execução, já que, em título executivo extrajudicial, não há contraditório quanto ao direito. Mas há discussão na doutrina quanto à natureza jurídica dos embargos de devedor. Segundo a grande maioria, os embargos de devedor são uma ação autônoma, formando uma nova relação jurídica, o que acaba mitigando o contraditório no processo de execução. Mas há autores, como Cassio Scarpinella Bueno, que dizem que os embargos não são uma demanda autônoma, sendo, pelo contrário, vinculados ao processo de execução, visto que é a partir deles que se exerce o contraditório. O CPC, porém, é categórico ao categorizar os embargos de devedor como uma ação autônoma (há, inclusive, taxa para opor os embargos).
	. A execução está ligada normalmente às sentenças condenatórias. Por isso, diz-se que a execução de uma sentença declaratória ou constitutiva (positiva ou negativa) é imprópria, porque não há nenhum ato executivo propriamente dito.
	. Meios executivos: coação (força-se o devedor a pagar), como a multa e a prisão; sub-rogação (expropriação)
Ação: contrapartida conferida aos indivíduos pela proibição da autotutela. Para a doutrina mais atual, além de romper a inércia da jurisdição, o exercício do direito de ação confere às partes direitos, deveres, faculdades e ônus. Isso acaba trazendo discussão sobre a natureza da reconvenção, dos embargos de devedor. A ação tutela, sim, interesse do réu; toda vez que uma ação é julgada improcedente (sentença declaratória), o interesse do réu é tutelado. Ação é direito subjetivo, público, abstrato, autônomo e tem a mesma natureza seja o processo de conhecimento, seja ele de execução. 
Lide: no processo de conhecimento, lide é pretensão resistida; no processo de execução, lide é pretensão insatisfeita. O Judiciário nunca exerce uma função consultiva; ele sempre resolverá a lide.
Tutela jurisdicional: é o amparo que o Estado confere a quem tem razão. Antes, o processualista era muito mais preocupado com o meio e não com o resultado. Mas há quem diga que existe tutela jurisdicional de meio e de resultado para todas as partes. Especificamente na execução, há tutela jurisdicional de meio tanto para o exequente quanto para o executado (exemplo: há procedimento específico para se executar o patrimônio do executado; modo menos gravoso, art. 805), assim como há tutela jurisdicional de resultado (exemplo: a execução só pode recair sobre o patrimônio, tutelando-se o bem da vida; o executado pode arguir excesso de execução).
Princípios
Princípios gerais que se aplicam à atividade executiva:
. devido processo legal (art. 5º, LIV, CF)
. acesso à justiça (vedação à autotutela)
. inércia da jurisdição (art. 2º; art. 778: legitimidade para romper a inércia no caso de título executivo extrajudicial; arts. 520, 523, 536 e 538: necessidade de requerimento no caso de processo sincrético). No caso de pagamento de quantia certa (arts. 520 a 523), há exigência expressa de requerimento da parte. Nas obrigações de fazer e não fazer (art. 536), a execução pode ser a requerimento da parte ou de ofício (não se exige um novo exercício do direito de ação). Para entrega de coisa (art. 538), prevê-se a expedição de mandado de busca e apreensão (hoje, o que se busca é a satisfação do direito; ninguém vai a juízo para ter um título executivo judicial). 
. ampla defesa
. contraditório (embargos à execução). O próprio procedimento não prevê possibilidade de contraditório quanto ao direito de crédito. Para a doutrina, há contraditório mitigado, podendo ser exercido apenas quanto às fases do procedimento – entendimento este que tornaria o processo de execução inconstitucional. O contraditório ocorre nos embargos à execução (exceção de pré-executividade é exceção). Além disso, contra qualquer decisão da execução, cabe Agravo de Instrumento (o credor não se satisfaz na sentença de extinção; não faria sentido discutir qualquer coisa em uma apelação, já que o credor se satisfaz antes da sentença).
. publicidade
. normas fundamentais do NCPC: primazia do julgamento de mérito (art. 4º, NCPC: se se tem o crédito ou não, isso é irrelevante; o que interessa é a existência do título executivo, que permite a prática de atos materiais de execução; não há mérito da forma que existe na atividade cognitiva, em que, mesmo em caso de revelia, o juiz pode afastar a presunção de veracidade dos fatos narrados na inicial; já na atividade satisfativa, se houver alguma discussão acerca do título executivo, isso será ônus do devedor, ou seja, se ele nada alegar, não se discutirá em momento algum a existência do crédito; na atividade satisfativa, o art. 4º se aplicará no sentido da duração razoável do processo) e cooperação (art. 6º, NCPC: exemplo: intimar o devedor para que ele apresente toda a relação de seus bens; nesse caso, o executado deve cooperar; pune-se o devedor que atenta contra a dignidade da justiça – que é a forma de se punir a litigância de má-fé na fase executiva – art. 774, multa de até 20%).
Princípios específicos:
. máxima utilidade da execução. Segundo Chiovenda, “o processo deve dar a quem tem direito tudo a que ele tem direito”. Antes, o descumprimento de uma obrigação de fazer ou não fazer se convertia automaticamente em perdas e danos. Hoje, as astreintes atendem ao princípio da máxima utilidade da execução. Hoje, há também multa para o caso de pagamento de quantia certa, no caso do processo sincrético (embora não seja multa diária ou periódica – astreintes –, essa multa de 10% tem caráter coercitivo). A mesma lógica se aplica à execução de título executivo extrajudicial, no art. 827: se o pagamento é efetuado em até 03 dias, a sucumbência cai pela metade. No caso de entrega de coisa certa, faz sentido estipular multa periódica também. Outra repercussão desse princípio é o cumprimento provisório, quando ainda não houve trânsito em julgado. Na realidade, não é o cumprimento que é provisório. O que é provisório é o título executivo, porque ainda não houve trânsito em julgado. O cumprimento é definitivo. Em alguns casos, o credor dá caução, mas, em outros, a chance de o título executivo ser modificado é tão pequena que nem é preciso dar caução (exemplo: quando há agravo da decisão denegatória, em RE ou REsp: art. 521, III, NCPC). A atividade executiva não será desfeita caso o título seja modificado e os danos que o devedor eventualmente sofrer serão reparados. O princípio da máxima utilidade da execução também se repercute na sanção ao devedor desleal, que é um mecanismo para compelir o pagamento (art. 774). Há também concretização desse princípio na previsão de arresto (art. 830), quando não se consegue citar o executado. Não faz sentido fazer citação por hora certa em caso de ocultação. Um arresto forçará o devedor a aparecer, porque se esquivar da citação não terá mais efeito, já que um bem seu já terá sido afetado (ele estava se ocultando muito provavelmente para fraudar o credor).
. menor sacrifício do executado. Art. 805. Cabe ao devedor apontar qual o meio menos gravoso (art. 805, parágrafo único): boa-fé. Há possibilidade também de substituição do bem penhorado (arts. 847 e 848). Geralmente, compete ao credor indicar o bem penhorável, porque o principal tipo de expropriação é a adjudicação. Por isso, o juiz deve analisar muito antes de deferir a substituição da penhora, porque pode correr o risco de o credor perder interesse na adjudicação e, como a alienação, em regra, é mais onerosa, a expropriação pode acabar sendo dificultada. Há incidência desse princípio também na proibição da expropriação por preço vil (art. 891; antes do NCPC, essa era uma construção jurisprudencial): a primeira hasta se realiza em 100% do valor avaliado; na segunda hasta, pode ser vendido a qualquer preço, desde que não seja inferior a 50% do valor avaliado (abaixo de 50%, considera-se preço vil). As hipóteses de impenhorabilidade também atendem ao menorsacrifício do executado (Lei 8.009/90 e art. 833, NCPC). Obs: art. 833, § 1º: alimentos não é necessariamente relação de família (exemplo: pessoa que sofreu acidente e não pôde trabalhar por um tempo, devendo o causador do dano pagar pensão para repor o seu salário).
. desfecho único. Art. 924. O que se busca é a satisfação do crédito, sem julgamento de mérito. O procedimento executivo se destina a realizar o crédito exequendo. O que há é uma sequência de atos materiais, que podem se revelar frutíferos ou infrutíferos. Hipóteses de extinção do processo: art. 924. Desistência da execução: art. 775 (deve haver concordância do devedor só quando se discute a existência do crédito e seu montante em impugnação ou embargos; se não houver impugnação ou embargos, não precisa de anuência do devedor, já que o procedimento é composto apenas por atos materiais e a atividade executiva se desenvolve no interesse do exequente). Quando a execução é extinta sem que o crédito tenha sido satisfeito, diz-se ter havido uma extinção anômala.
. disponibilidade da execução (art. 775).
. atipicidade dos atos executivos (não há procedimento específico para entrega de coisa, obrigação de fazer ou não fazer). Há tipicidade apenas em relação ao pagamento de quantia certa.
. execução é real (é sobre o patrimônio, não é pessoal; mesmo em caso de prisão, trata-se apenas de medida coercitiva). Hipóteses de suspensão da execução: art. 921. Prisão: em caso de alimentos apenas (art. 5º, LXVII, CF) e só quando tem condições de pagar.
Classificação
Origem do título:
. judicial (art. 515)
. extrajudicial (art. 784)
Procedimento:
. judicial
. extrajudicial
Natureza da prestação:
. pagamento quantia certa (típico: arts. 520 a 522 e 523 a 526; arts. 824 a 906)
. entrega de coisa (atípico: art. 538; arts. 806 a 813)
. fazer/não fazer (atípico: arts. 536 e 537; arts. 814 a 823)
. alimentos (arts. 528 a 533; arts. 911 a 913)
. Fazenda Pública (arts; 534 e 535; art. 910)
Especificidade:
. específica (entrega/fazer/não fazer)
. genérica (subsidiária): caso haja conversão em perdas e danos, levará a uma execução genérica
Solvabilidade:
. solvente (art. 797)
. insolvente (insolvência civil/falência): concurso de credores, que pode ocorrer também no caso de devedor solvente
Estabilidade do título:
. definitiva (arts. 523 a 526)
. provisória (arts. 520 a 522): só de título judicial
Execução Provisória (arts. 520 a 522)
Imutabilidade x Executoriedade: a possibilidade de se alterar o título não impede a execução provisória.
Execução “completa”: a execução pode chegar ao fim; se houver expropriação, ela, em regra, não será desfeita. Para expropriar, todavia, é preciso dar uma caução.
Requerimento do credor: art. 513, § 1º; art. 520, I. Trata-se de faculdade; não há sequer risco de prescrição intercorrente, porque ainda não houve trânsito em julgado.
	. Art. 520 e seus incisos: diferenças entre execução provisória e definitiva
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
Ressarcimento:
. reforma total (art. 520, II): fala-se em reparação de danos para o caso de o título ser reformado. Como regra, não se desfaz a expropriação, a fim de que não haja desestímulo para terceiros participarem de leilões. Em regra, os atos executivos não são desfeitos (art. 520, § 4º “A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.”); as partes são restituídas ao estado anterior (excepcionalmente, principalmente em caso adjudicação, pode o juiz entender que é melhor desfazer a expropriação). Antes, a previsão era de que o objeto da execução era restituído ao estado anterior, desfazendo a arrematação e a expropriação. É inclusive de interesse do devedor que haja o maior número possível de pessoas na primeira hasta, porque, na segunda, corre-se o risco de alienar o bem pela metade do valor avaliado. O dano material pode ser tanto dano emergente quanto lucro cessante (não há limite; dependendo, pode haver também dano moral). Esse inciso prevê um caso de responsabilidade objetiva, com liquidação dos danos nos próprios autos; se a decisão for reformada, o que era até então devedor deve ser ressarcido.
. restituição parcial (art. 520, III)
Caução: art. 520, IV. Deve ser suficiente e idônea, ou seja, realmente capaz de ressarcir os eventuais danos. Exemplo: caução fidejussória deve-se comprovar que o fiador tem patrimônio suficiente. Tudo é feito nos próprios autos, não há formalismo (exemplo: caução pessoal basta a assinatura do fiador e, se for o caso, a do seu cônjuge). Hipóteses de dispensa de caução: art. 521 (inciso I: não é apenas em caso de direito de família; inciso III: não se exige caução para não estimular interposição de recurso protelatório). Art. 521, parágrafo único: o juiz tem poder de decisão, mesmo nessas hipóteses de dispensa.
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
III – pender o agravo do art. 1.042; 
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.
Entrega de coisa/fazer/não fazer: art. 520, § 5º (“§ 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.”)
Carta de sentença: art. 522.
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal:
I - decisão exequenda;
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
III - procurações outorgadas pelas partes;
IV - decisão de habilitação, se for o caso;
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para demonstrar a existência do crédito.
Impugnação: modo de defesa. Art. 520, § 1º c/c art. 525. (“§ 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525.”)
Multa/honorários: art. 520, § 2º c/c art. 523. O legislador mudou o entendimento do STJ ao prever incidência de multa e honorários no cumprimento provisório, assim como ocorre no cumprimento definitivo. (“§ 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamentode quantia certa.”)
Depósito: art. 520, § 3º. O devedor pode pagar para se eximir da multa e dos honorários, o que não implica em preclusão lógica em relação ao recurso interposto. Se o credor quiser levantar o depósito, deve dar caução. Esse dispositivo está em consonância com a boa-fé. (“§ 3º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.”)
Aplicação subsidiária: art. 527.
Art. 527. Aplicam-se as disposições deste Capítulo [“do cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa”] ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.
Título executivo
Conceito: documento que nasce de um ato ou fato jurídico e que possui eficácia executiva. Não há título verbal. Eficácia executiva: permite praticar atos executivos, para satisfação da pretensão. Sem título, a execução é nula. O título executivo não é sequer presunção de que se tem o crédito; é apenas um documento que permite iniciar uma execução. O título pode ser falso, o pagamento já pode ter sido jeito, pode haver compensação, mas, havendo inicialmente um título, pode-se praticar atos executivos. 
A garantia do devido processo legal está no próprio título, ainda que não haja a obrigação constante do título. O título tem eficácia executiva abstrata e qualquer vício nele pode ser conhecido de ofício, conforme entendimento do STJ.
O título é inserido nas condições da ação (interesse de agir). O título preenche o requisito adequação (exemplo: juiz verifica que não se trata de título executivo e, depois de ouvido o exequente, ele pode indeferir a petição inicial, sem citar o executado, por falta de interesse de agir). Já o requisito necessidade é o inadimplemento (deve ter havido o vencimento). Segundo Liebman, o título é pressuposto jurídico e o inadimplemento é o pressuposto prático, mas isso acaba se encaixando no sistema do NCPC pelas condições da ação.
Requisitos da obrigação (art. 783):
. requisitos intrínsecos: certeza e liquidez. Certeza: elementos subjetivos (identificação do credor e do devedor) e elementos objetivos (natureza da obrigação, ou seja, dar/fazer/não fazer, e objeto da obrigação). Liquidez: quantidade (o devedor é citado para pagar quantia certa).
. requisito extrínseco: exigibilidade (inadimplemento; depende de fato exterior, qual seja, o vencimento, a termo ou condição). Em casos de obrigações resultantes de contratos bilaterais, nos quais não é possível a um contratante, antes de cumprir sua própria prestação, exigir o cumprimento da prestação do outro, incumbirá ao exequente comprovar que adimpliu sua prestação, sob pena de extinção do processo (art. 787). Pode acontecer, porém, de o exequente ainda não ter cumprido sua prestação e isto passar despercebido pelo juiz, que determina a citação do executado. Neste caso, admite-se que o executado deposite em juízo a prestação ou coisa por ele devida, como forma de se eximir de sua obrigação, não se permitindo, porém, ao exequente seu levantamento enquanto não cumprir (ou demonstrar que já cumprira) a prestação que lhe toca (art. 787, parágrafo único).
Títulos judiciais x títulos extrajudiciais: diferenças quanto ao início do procedimento e à defesa.
. início do procedimento:
	- judicial: sendo o processo sincrético, há apenas uma citação no início da fase cognitiva quando o título judicial é sentença de juízo cível. Nesse caso, portanto, o executado será intimado para pagar em 15 dias, sob pena de multa de 10% (art. 523). A multa de 10% não decorre da impugnação; se não houver pagamento no prazo de 15 dias, incidirá multa de 10% e honorários de 10% independentemente de impugnação. Se o título não vier de juízo cível, ainda que seja título judicial, o cumprimento de sentença começará com a citação, já que a cognição já ocorreu em outro juízo (art. 515, § 1º). De qualquer forma, o executado será citado para pagar em 15 dias, sob pena de multa de 10% (Art. 515, § 1º “Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
”). Aos casos de execução judicial por título que não seja sentença de juízo cível, como deve haver citação, pode-se aplicar o arresto previsto no art. 830 (e, posteriormente, citação por hora certa, conforme art. 830, § 1º): possibilidade de aplicação subsidiária das disposições relativas à execução de título extrajudicial ao procedimento de execução de título judicial (art. 771).
	- extrajudicial: prescinde-se de cognição. O devedor é citado para pagar em 03 dias (não é pagamento voluntário, já que a obrigação é anterior ao processo), com o benefício da redução pela metade dos honorários de sucumbência (estímulo para pagamento). Art. 827, § 1º (“No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.”)
. defesa:
	- judicial: a existência e a liquidez do crédito já foram discutidas; há limitação para a defesa através da coisa julgada (impugnação: art. 525). Para se conceder efeito suspensivo sobre os atos executivos, é preciso haver penhora, bem como plausibilidade do direito alegado e risco de grave dano ou de difícil reparação.
	- extrajudicial: como não houve prévia cognição em nenhum juízo, a matéria de defesa é ampla (embargos de devedor: art. 914).
Obs: na execução judicial, pode-se efetuar o pagamento parcial e, ainda assim, impugnar quanto ao restante. Nesse caso, aplica-se o art. 523, § 2º. Se, contudo, houver pagamento total, será contraditório impugnar e, portanto, isso não é possível. Na execução extrajudicial, não é possível fazer o pagamento parcial; ou se paga tudo ou não se paga nada.
Títulos judiciais (art. 515)
São títulos judiciais aqueles que são formados através de um processo, isto é, de um procedimento em contraditório.
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
	Observações: a lei não fala mais em sentença, ou seja, incluem-se também decisões interlocutórias, já que o NCPC passou a admitir o julgamento antecipado parcial de mérito. Outro exemplo de decisão interlocutória: decisão provisória de alimentos, que é exequível desde já, antes da sentença. O NCPC mudou a redação: não é apenas sentença condenatória, é qualquer decisão que reconheça a exigibilidade de obrigação. Incluem-se, pois, as sentenças declaratórias (exemplo: compensação tributária pode-se expedir precatório). O problema é quanto às sentenças de improcedência em ação de inexistência de crédito, que são uma sentença declaratória. Nesse caso, a reconvenção do réu é necessária ou ele poderia simplesmente executar a sentença de improcedência?
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
	Observações: inclui-se relação jurídica distinta, com sujeito estranho ou não (Art. 515, § 2º “A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.”). Exemplo: ação ajuizada por condômino em face do condomínio pedindo perdas e danos por vazamento de área comum; nesse ínterim, o condômino para de pagar o condomínio faz-se acordo com compensação, incluindo relação jurídica distinta.
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
	Observações: procedimento de jurisdição voluntária para transformar uma autocomposição extrajudicial em título executivo judicial com homologação (art. 725, VIII). Mas há julgado do STJ que diz que uma autocomposição extrajudicial deveria seguir o procedimento executivo de título extrajudicial, podendo o devedor opor embargos. Enquanto, no inciso II, o acordo foi celebrado quando já havia processo judicial em curso, no casodo inciso III, o acordo foi celebrado sem que houvesse processo instaurado e este teve início para que se apreciasse a pretensão de homologação do acordo já celebrado. 
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
	Observações: só vale como título executivo entre as partes, para quem participou do processo, ou seja, entre os herdeiros.
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
	Observações: até o NCPC, isso era título executivo extrajudicial, porque é decisão interlocutória.
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
	Observações: com reforma do CPP, o juiz pode fixar o mínimo da indenização, mas, em regra, o credor não é parte no processo penal e o MP, em regra, não tem legitimidade extraordinária para executar pena pecuniária. Além disso, muitas vezes não há pedido de pena pecuniária, não tendo o réu se manifestado sobre isso, sem contar que o juiz penal não seria competente para fixar uma indenização civil. Outro problema é em relação à recente decisão do STF sobre cumprimento de pena antes do trânsito em julgado: o acórdão condenatório de segunda instância pode ser usado como título executivo no juízo cível, mesmo antes do trânsito em julgado?
VII - a sentença arbitral;
	Observações: mesma eficácia que a sentença cível, inclusive quanto à multa. A Lei de Arbitragem diz que sói a sentença arbitral condenatória é título executivo judicial o que prevalece, considerando que a lei especial faz restrição? A declaratória também é título executivo?
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça.
Títulos extrajudiciais (art. 784)
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
	Observações: características dos títulos de crédito: literalidade, autonomia, abstração, cartularidade (problemas quanto à cópia, já que é característica própria do título a sua circulação). Prescrição prevista na Lei de Cheque: deve-se apresentar o cheque de 30 (mesma praça) a 60 dias (praça diferente); depois, tem-se 180 dias para executar. Mas há também prazo de 02 anos para ação de locupletamento para executar o título cuja pretensão executiva está prescrita (a fase cognitiva será reduzida, com ônus probatório menor, já que a exibição do título será suficiente). Se esse prazo de dois anos não for respeitado, o prazo será de 5 anos (obrigação líquida e certa) ou 10 anos esse prazo não é afastado, mas será um processo com fase cognitiva normal, o que aumenta o ônus probatório. Há também o procedimento monitório caso o título esteja prescrito.
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
	Observações: o título executivo será a certidão expedida pelo cartório. A autoridade tem fé pública, bastando a assinatura do devedor.
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
	Observações: só com assinatura de 02 testemunhas o documento terá força executiva. As testemunhas podem ser instrumentares (não precisam obrigatoriamente assistir ao ato) ou presenciais (devem presenciar o ato e assinar posteriormente). As testemunhas não precisam ser identificadas, segundo o STJ. Assinatura “a rogo”: caso de devedores que não sabem escrever haverá, no título, impressão digital do devedor com assinatura “a rogo” de duas testemunhas para formalizar a assinatura do próprio devedor. Além disso, precisaria de mais duas testemunhas para o ato em si. Segundo Fredie Didier, se o devedor não souber escrever, ele não poderá se obrigar na forma do art. 784, III; não pode ter assinatura “a rogo” do devedor, sendo necessária uma escritura pública nesse caso.
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
	Observações: não se exige testemunha.
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;
	Observações: não se exige testemunha.
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
	Observações: o seguro de pessoa (art. 789, CC) pode ser de vida ou acidente. No CPC/73, havia previsão também para seguro de acidentes pessoais, mas o problema era quanto à cognição sobre a extensão dos danos e, consequentemente, a liquidação da indenização (a prova era feita exclusivamente pelo credor).
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
	Observações: antes de 2005, falava-se em contrato de locação. Hoje, inclui contrato verbal, mas há doutrinadores que dizem que é apenas contrato escrito. Já os que defendem a inclusão do contrato verbal invocam diferentes argumentos: (i) Casso Scarpinella Bueno (boletos não pagos como prova), (ii) Paulo Hofman (prova com participação do devedor), (iii) Rodrigo Mazzei (prova documental da própria locação também é necessária, além da do crédito). Para Fredie, para cobrar as cotas condominiais, o locador deve pagá-las anteriormente, mas essas são obrigações distintas, que envolvem relações distintas (locador proprietário x locatário; condomínio x condômino proprietário).
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
	Observações: título formado exclusivamente com a participação do credor (prerrogativa da Fazenda Pública). Dá origem à execução fiscal (procedimento especial).
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
	Observações: novidade. Antes, essa era uma hipótese de procedimento comum sumário. A ação deve ser proposta em face de quem possui direito real sobre o imóvel (o locatário é parte ilegítima). Limite: não se podem incluir as prestações vincendas. Provavelmente, contudo, o Judiciário vai acabar aceitando a inclusão das prestações vincendas desde a distribuição, embora, teoricamente, isso não seja possível, já que só ocorre na cobrança de alimentos. Isso porque, no procedimento executivo, a sentença é meramente extintiva; não é como na fase cognitiva, cuja sentença inclui as prestações vincendas.
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
	Observações: novidade. Também é um título feito exclusivamente com a participação do credor, à semelhança da Fazenda Pública. Na prática, isso provavelmente não será feito, porque os emolumentos são pagos antes.
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
Observações:
. a criação de título executivo é questão de processo e, por isso, depende de lei federal (art. 22, I, CF). Pode estar previsto em lei especial, como é o caso dos honorários advocatícios, com previsão no EAOAB.
. título executivo extrajudicial formado em país estrangeiro não precisa de homologação nem de carta rogatório, se o Brasil for indicado como local de execução (art. 784, §§ 2º e 3º, NCPC). Os requisitos de formação do título são aqueles exigidos pela lei do local de celebração.
Art. 784 § 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados.
§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitosde formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
. Art, 785: faculdade de propor execução se tiver título executivo extrajudicial. Se não for um título executivo, não poderá ajuizar execução por carência de interesse de agir (adequação). Mas o credor portador de título executivo extrajudicial, segundo Humberto Theodoro Jr., tem a mera faculdade de propor execução, podendo ajuizar ação de conhecimento, sob o argumento de que, com processo de conhecimento, há a possibilidade de se chegar à hipoteca judiciária (autorização dada pela sentença para constituição de hipoteca). Essa foi a tese incorporada pelo NCPC, muito embora esse seja um argumento fraco, já que, no processo de execução, pode-se chegar à penhora em 04 dias. Há entendimento de que ajuizar uma ação de conhecimento com um título executivo extrajudicial não seria possível, por falta de interesse de agir. 
Cumulação de execuções
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.
Cumulam-se os títulos executivos em um único processo (se houvesse fase cognitiva, seria cumulação de pedidos).
Súmula 27, STJ: “Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio”. Se o negócio jurídico é o mesmo, mas a competência é diferente, pode-se ajuizar o mesmo processo. Exemplo: tem-se crédito com União, com um terceiro que se compromete a pagar caso a União não pague. Nesse caso, não poderia haver dois processos distintos sobre o mesmo crédito. Nesse caso, a Justiça Federal atrairia a competência. Outro exemplo: contrato com cláusula de fiança a obrigação é a mesma, mas são contratos distintos, com partes distintas. Mesmo assim, é possível a cumulação (litisconsórcio facultativo). 
Depois da reforma de 2005, não é mais possível cumular um título executivo judicial e um título executivo extrajudicial, porque são procedimentos distintos.
Competência
Se for um título judicial, a competência será do juízo que sentenciou a fase cognitiva (competência funcional: quem conhece executa). É uma competência absoluta, mas há exceção do art. 516, parágrafo único, que prevê possibilidade de modificação da competência, que, até 2005, era sempre estabelecida por critério funcional. A mesma demanda, nesses casos, será redistribuída em outro juízo (isso não é cumprimento por precatória).
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
Sentença estrangeira homologada no STJ: execução é de competência da Justiça Federal (art. 109, X, CF).
Título executivo extrajudicial: art. 781 (competências concorrentes)
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
Partes
Exequente e executado.
Legitimação ativa: art. 778.
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do executado.
Observações: caput = legitimidade originária. § 1º: legitimidade superveniente. § 2º: não é necessária a concordância do executado, ao contrário da fase cognitiva, em que é preciso haver consentimento da parte contrária (art. 109, § 1º).
Legitimação passiva: art. 779. 
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.
Observações: inciso I = legitimação originária. Incisos II e III = legitimação superveniente (no caso de assunção de dívida, é necessário o consentimento do credor).
Segundo a doutrina, não cabe intervenção de terceiros, mas, hoje, há hipótese do inciso VI, de desconsideração da personalidade jurídica. As outras hipóteses de intervenção de terceiros só cabem na fase cognitiva, mas a assistência, por exemplo, cabe nos embargos de devedor, que envolve atividade cognitiva.
Responsabilidade patrimonial
A execução é real, recaindo sobre o patrimônio do devedor. Art. 789, NCPC: em regra, o patrimônio do devedor (bens presentes e futuros) responde pelas suas obrigações levando em conta a data do surgimento da obrigação.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Modos de satisfazer o crédito:
. sub-rogação (meios através dos quais o Estado-Juiz desenvolve atividade que substitui a atuação do executado, dispensando-a, e que se revela capaz de produzir resultado prático equivalente ao que se teria se o próprio executado tivesse adimplido a prestação. Ocorre quando o Estado-Juiz pega um bem do patrimônio do devedor e o expropria)
. coerção (mecanismos empregados pelo Estado-Juiz para constranger psicologicamente o executado, a fim de que este pratique os atos necessários à realização do crédito exequendo: respeito à vontade do devedor). Art. 139, IV, NCPC: o juiz pode aplicar medidas coercitivas para que o devedor cumpra a obrigação de fazer, não fazer ou de entregar coisa. Essas medidas de coerção também podem se aplicar à obrigação de pagar quantia certa, para que o próprio devedor escolha o bem com o qual pagará o credor. No caso das obrigações de pagar quantia certa, as medidas coercitivas são particularmente úteis no caso em que o devedor tem dinheiro para pagar e não paga e é isso que tem sido aplicado hoje em dia (mas ainda não chegou ao STJ).
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objetoprestação pecuniária;
O patrimônio do devedor é a garantia dos seus credores. A prisão civil existe apenas para alimentos e não é um meio de punição, porque a execução não é pessoal. A prisão civil é um meio excepcional de coerção e só pode ser decretada se o indivíduo não comprovar (i) que não não é capaz de pagar ou (ii) que já pagou (máximo de tempo: 90 dias). Esse é um ato de império do Estado-Juiz.
“Schuld und Haftung” (obrigação e responsabilidade: são institutos diferentes, que, embora interligados, podem ser autônomos). Há casos excepcionais em que os bens do devedor não respondem pelas suas obrigações (casos de impenhorabilidade, havendo, atualmente, discussões quanto a bens que valem muito, mas são impenhoráveis, como, por exemplo, uma casa que é considerada bem de família, mas que vale R$ 3.000.000,00; há casos em que, mesmo penhorando bens considerados como bens de família pela lei – e, portanto, impenhoráveis –, o devedor continuará com vida digna e, por isso, o STJ tem mitigado o instituto da impenhorabilidade). Há casos também em que o patrimônio de terceiro responde pelas obrigações do devedor (exemplos: previsão de que os pais respondem pelos atos de seus filhos menores; garantia fidejussória ou reais de terceiro). Quanto à garantia fidejussória (fiança), se houver renúncia ao benefício de ordem ou cláusula expressa de solidariedade, o fiador poderá ser demandado diretamente pelo credor. Se, contudo, não houver renúncia ao benefício de ordem nem cláusula expressa de solidariedade, o credor deverá buscar primeiramente os bens do devedor.
Para alguns autores, a obrigação é dívida e decorre do direito material, enquanto a responsabilidade é de direito processual e o Estado-Juiz tem poder de pegar um bem do responsável (obrigado ou não) e expropria-lo para satisfazer o crédito. Há, contudo, divergência quanto a esse entendimento, já que, em regra, a responsabilidade é inerente à obrigação.
	. Obrigação com responsabilidade: devedor
	. Obrigação sem responsabilidade: Fazenda Pública (os seus bens não podem ser expropriados)
	. Responsabilidade sem obrigação: garantia praticada por terceiro. O STJ entende que o fiador é parte legítima na execução, ou seja, pode haver execução apenas contra o fiador se não houver benefício de ordem ou se houver solidariedade. Mas há quem entenda que a execução deveria ser apenas contra o devedor e, na hora de penhorar, penhoraria um bem do fiador, que não seria, portanto, parte legítima na execução (afinal, uma execução sobre alguém tem sérias consequências). Mas não é isso que o STJ entende.
Bens sujeitos à responsabilidade: bens presentes ou futuros ao surgimento da obrigação, apreciáveis economicamente e passíveis de conversão em dinheiro (mas, hoje, a regra é a adjudicação). A responsabilidade surge no momento de constituição da obrigação. Se for obrigação contratual, ela surge quando da celebração do negócio. Se for extracontratual, ela surge a partir do ato ilícito. 
	. A exceção é em relação aos bens impenhoráveis: a ideia é a de garantir mínimo para a sobrevivência (dignidade do executado). Hipóteses previstas na lei 8.009/90 e no art. 833, NCPC. O art. 834 traz restrições às hipóteses de impenhorabilidade elencadas no artigo anterior. Diz-se que a interpretação deve ser favorável ao devedor (para o STJ, por exemplo, mesmo que o indivíduo more sozinho, o imóvel onde habita será bem de família; se se vive apenas do aluguel de um imóvel, esse imóvel é impenhorável). Contudo, pode-se questionar a aplicação de interpretação extensiva a hipóteses de restrição de direitos.
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. 
Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis.
	. Quanto aos bens hipotecados, é nula a cláusula que proíbe a sua venda. Afinal, há a sequela, segundo a qual a hipoteca segue o bem. A consequência da hipoteca é a preferência no momento da expropriação do bem. Por isso, quando se penhora bem hipotecado em uma execução de que o credor hipotecário não faz parte, deve-se dar ciência a ele, segundo os arts. 799, I, e 804, NCPC. Se não se der ciência ao credor hipotecário que não faz parte da execução, a expropriação será ineficaz em relação a ele. 
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou anticrese será ineficaz em relação ao credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não intimado.
	. Se houver várias penhoras sobre o mesmo bem, no momento da expropriação, haverá concurso de credores, que é a disputa sobre o produto da expropriação (art. 797).
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência.
G2
Fraudes
Prática de atos para fugir da responsabilidade patrimonial.
Há três tipos:
. fraude contra credores: antes da citação; dá ensejo à ação pauliana, em que se deve configurar (i) o consilium fraudis (intenção) e (ii) a insolvência do devedor.
. fraude à execução (art. 792, NCPC): quando há pendência de processo (a partir da citação); pode ser declarada incidentalmente, sem a necessidade de se configurar o consilium fraudis, devendo-secomprovar apenas a insolvência.
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
. disposição de bem constrito: após a penhora (mantém-se a constrição, independentemente de consilium fraudis ou insolvência).
Para se saber de qual tipo se trata, deve-se analisar o momento processual. 
. A citação é o marco que difere a fraude contra credores da fraude à execução, mas, como regra, os efeitos da citação retroagem ao momento da distribuição. Por isso, há entendimento de que o ato de disposição ocorrido entre a distribuição e a citação configuraria fraude à execução, uma vez efetuada citação válida. Mas isso não é pacífico, havendo também decisões que favorecem o devedor ao caracterizarem tal ato como fraude contra credores (o que prejudica o credor, que deve ajuizar ação pauliana – que é cognitiva – para configurar a fraude). A configuração da fraude à execução é feita incidentalmente, no próprio processo, não sendo necessário provar o consilium fraudis. Sendo o processo sincrético, só há uma citação. Será fraude à execução mesmo que o ato de disposição tenha ocorrido durante a fase de conhecimento.
. A disposição de bem constrito não é identificada por toda doutrina. É aborda principalmente por Dinamarco. Ocorre quando já existe penhora/apreensão/depósito. Nesses casos, a constrição acompanha o bem, que continua respondendo pela dívida do processo em curso.
Objetivo da fraude: livrar bens da responsabilidade patrimonial, o que é mais grave quando já há fraude contra o indivíduo.
Não é a mera alienação de bens que caracteriza a fraude; é necessário verificar também a insolvência. Ter um processo contra si não implica a indisponibilidade de seus bens.
Disposição é qualquer ato de transferência do patrimônio (venda, dação em pagamento). Também será fraude uma remissão (perdoar créditos) ou uma oneração (hipotecar ou empenhar os próprios bens; celebra-se compra e venda com terceiro, dando um imóvel em hipoteca, porque o credor hipotecário tem preferência, prejudicando o outro credor). Em todos esses casos, há um terceiro que se beneficia.
Meios processuais para se demonstrar a fraude:
. fraude contra credores: ação pauliana. Deve-se comprovar o consilium fraudis (reunião de vontades entre o devedor e o terceiro para livrar os bens da responsabilidade patrimonial). Se o ato de disposição for gratuito, não precisará comprovar o consilium fraudis, porque ele passa a ser presumido. Além disso, deve-se comprovar a insolvência. 
. Há problemas quanto a terceiros de boa-fé. Se o ato foi oneroso, deve-se comprovar o ânimo, inserindo a discussão acerca de boa-fé ou má-fé. Acaba sendo uma análise no caso concreto. No caso de fraude à execução, não é necessário comprovar o consilium fraudis, porque se espera de um homem médio que, ao celebrar negócios com alguém, busque certidões sobre o indivíduo, para verificar se há pendência de processo contra ele e se ele tem patrimônio suficiente para pagar as dívidas discutidas em juízo.
. Não confundir fraude contra credores com simulação (que é motivo de nulidade, enquanto a fraude é de anulabilidade). Art. 158, CC/02: hipótese de fraude por meio de ato gratuito. Art. 159, CC/02: hipótese de fraude por meio de ato oneroso (problema da má-fé/boa-fé). Art. 160, CC/02: a fraude é diferente de simulação e, por isso, o terceiro pode manter o bem ao depositar o dinheiro em juízo e, desse modo, o negócio não será anulado (possibilidade de validar o ato que era anulável); se o valor for muito abaixo do normal, pode ser um meio de provar o consilium fraudis (mas, mesmo assim, pode-se afastar a má-fé nesse caso: art. 160, parágrafo único, CC/02). Esse dispositivo é uma salvação para quem estava de boa-fé. Legitimidade passiva para ação pauliana: art. 161, CC/02 (litisconsórcio necessário unitário, já que haverá uma mesma decisão para todos os réus). A simulação está prevista no art. 167, CC/02.
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
. fraude à execução: declaração incidental, no curso do processo. Dispensa-se a prova do consilium fraudis, bastando provar a insolvência. O homem médio deve tomar as devidas precauções para garantir que o devedor tem condições de pagar a dívida que é objeto do projeto em curso.
. disposição de bem constrito: mantém-se a constrição, dispensando prova tanto quanto ao consilium fraudis como quanto à insolvência. Mesmo que o bem saia do patrimônio do devedor, ele continuará respondendo pela dívida.
Planos:
. existência
. validade (nulidade e anulabilidade; observância de requisitos legais e de boa-fé)
. eficácia (capacidade de produzir resultados; exemplo: não se efetuar a transferência de determinado bem)
	Segundo o CC/02, a fraude contra credores é anulável e pode ser desconstituída. Mas há crítica do processualistas, já que, se uma compra e venda é desconstituída, o bem volta ao patrimônio do devedor e o valor deveria voltar ao terceiro, mas o devedor está insolvente. Por isso, seria melhor se fosse um caso de ineficácia: um dos efeitos não existiria(ou a entrega da coisa ou o pagamento do preço não é caso de simulação e se pressupõe que o terceiro pagou algum valor, mesmo que abaixo do valor real). Se voltasse ao status quo ante, seria prejudicar o terceiro. Considerando o ato ineficaz, o bem, que está no patrimônio do terceiro, poderia ser penhorado em favor do credor. Nesse caso, o terceiro poderia simplesmente pagar a dívida no lugar do devedor para manter o bem, ou então, depois que seu bem fosse expropriado, o valor que sobrasse ficaria para o terceiro. Sendo caso de anulabilidade, se o bem voltar para o patrimônio do devedor, depois da expropriação, quem fica com o restante é o próprio devedor.
Insolvência: insuficiência patrimonial para pagar a dívida. Desconstitui-se do ato mais próximo até o mais distante, até que a dívida seja paga e até chegar ao ato que causou a insolvência do devedor. Antes do ato que causou a insolvência, nada pode ser desfeito. Isso se aplica tanto à fraude contra credores quanto à fraude à execução. O ônus da prova é sempre do credor. 
Fraude x simulação: se se simula uma compra e venda, não houve fraude. Na fraude, há de fato comprova e venda. Já na simulação, o negócio não ocorre de fato. A simulação dá ensejo à nulidade, enquanto a fraude contra credores gera anulabilidade. A simulação, por ser nula, não produz efeitos: sentença meramente declaratória (fundamento do pedido: existência de negócio aparente). Fraude contra credores: pedido constitutivo negativo (causa de pedir: consilium fraudis e insolvência). Se se alegar uma fraude, o juiz jamais poderá reconhecer a simulação, porque não poderá julgar diferentemente do que se pediu. Princípio do iuria novit cúria: a qualificação jurídica dos fatos pode ser feita pelo juiz, mas, no CPC/15, há estabilização depois do saneamento, não podendo haver alteração do pedido nem da causa de pedir posteriormente. Mas o que o juiz não pode fazer é alterar o pedido. Por isso, o que se deve fazer é cumular os dois pedidos, apontando ambas as causas de pedir.
Na fraude à execução, não há necessidade de nenhuma demanda judicial; declara-se incidentalmente, sem a necessidade de se demonstrar o consilium. Basta que a transferência patrimonial tenha causado a insolvência do devedor; não é necessário qualificar o fato como fraude ou simulação. Reconhece-se a ineficácia da transferência para que o bem continue respondendo pela dívida exequenda.
A alienação de bem constrito é muito mais grave (mas o bem penhora não é inalienável). Nesse caso, prossegue-se com a expropriação, independentemente de transferência patrimonial.
Cumprimento de sentença
A atividade executiva leva em conta a natureza da obrigação. Na obrigação de pagar quantia certa, pressupõe-se requerimento do credor (art. 513, § 1º), mesmo que seja o mesmo processo (processo sincrético). Isso é uma cautela, porque pode haver pagamento sem o conhecimento do Judiciário. Mas há quem diga que esse requerimento é um novo exercício do direito de ação, mas isso é doutrina minoritária.
Art. 513, § 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
Previsão de diversas formas de intimação: art. 513, § 2º.
Art. 513 (...)
§ 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
	É a regra geral.
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
	Antes, havia entendimento do STJ de que, caso o executado fosse representado pela Defensoria Pública, bastaria notificar a Defensoria. Hoje, é preciso enviar carta com AR ao próprio executado. No caso de o executado não ter advogado constituído nos autos (advogado renuncia ao mandato ou o indivíduo revoga o mandato), essa hipótese, na realidade, possibilita má-fé, para dificultar a intimação.
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos
	Pessoas jurídicas e entes federativos. Ver art. 246, §§ 1º e 2º. 
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento.
	Defesa também pela Defensoria Pública, mas como curador especial. Essa hipótese só onera mais ainda o exequente e não faz sentido nenhum.
§ 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274. 
Art. 274, parágrafo único: dever de manter endereço atualizado. Isso vale tanto para mudança temporária quanto definitiva.
§ 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3o deste artigo. 
Se a execução é definitiva e o título já transitou em julgado há mais de 01 ano, não será suficiente intimação na pessoa do advogado. Além disso, há que se considerar a prescrição intercorrente. Se o processo ficar parado por período superior ao prazo prescricional, ocorre prescrição.
Uma vez intimado, o devedor tem 15 dias para pagar, sob pena de multa de 10% e honorários de 10%. Se pagar em 15 dias, não é pagamento voluntário, porque a obrigação preexiste ao processo. O termo inicial, antes do NCPC, segundo o STJ, era a partir do trânsito em julgado; posteriormente, o STJ mudou o entendimento, falando que era necessária a intimação do juízo de primeiro grau na pessoa do advogado para começar a contagem do prazo. Essa foi a posição adotada no art. 513, § 2º, I, NCPC, que é a regra. Os outros incisos são exceção.
Se o coobrigado ou o corresponsável não tiver participado da fase cognitiva, ele não pode ser demandado na fase executiva. Antes de 2005, como havia dois processos distintos, com duas citações, isso era possível. Não havia diferença entre os procedimentos para a execução de título judicial e de título extrajudicial. É possível ajuizar um outro processo de conhecimento contra o coobrigado ou o corresponsável que ficou de fora? Sim, mas há o problema da prescrição se se entender que a citação de um não interrompe a prescrição em relação ao outro. Além disso, mesmo que se entenda que a prescrição se interrompe em relação a todos, depois do trânsito em julgado da sentença no primeiro processo, a prescrição volta a correr.
Art. 513. § 5o O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.
Competência: art. 516. Em regra, aplica-se o critério funcional (competência absoluta): o juiz que conhece executa. Mas há possibilidade do parágrafo único, que afasta a competência funcional em duas hipóteses: o devedor mudou de domicílio ou os bens sujeitos à execução estão em outra comarca. Nesses dois casos, dá-se baixa no processo e distribui-se o cumprimento de sentença em outra comarca. Há também a hipótese do credor de alimentos, que tem a prerrogativa de executar a obrigação no seu próprio domicílio.
Art. 516.  O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único.  Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
Protesto de decisão: art. 517.Forma de pressionar o sujeito. Requisitos: trânsito em julgado e decurso do prazo de 15 dias do art. 523. Pode haver protesto tanto de decisão interlocutória quanto de sentença. Uma vez preenchidos esses requisitos, nada irá cancelar o protesto. O máximo que se consegue é anotar à margem do protesto a existência de ação rescisória. O protesto só pode ser cancelado por decisão judicial depois da satisfação integral do crédito. Sendo assim, em sede de rescisória, não se pode requerer liminarmente a sustação ou o cancelamento do protesto.
Art. 517.  A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título protestado.
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.
Impugnação
A impugnação é a defesa do executado na fase de cumprimento de sentença, exclusivamente em caso de título executivo judicial. Representa, na prática, uma bifurcação no procedimento, porque, em regra, a impugnação não tem efeito suspensivo. Findo o prazo de 15 dias para pagamento “voluntário”, já pode haver penhora, deflagrando todos os atos executivos (atos materiais). No mesmo tempo, inicia-se o prazo de 15 dias para apresentar impugnação, em que haverá cognição. A fase executiva continuará normalmente, salvo se, em casos excepcionais, for concedido efeito suspensivo à impugnação (em regra, a impugnação não deve parar o procedimento executivo). Se não houver efeito suspensivo ou se a impugnação já tiver acabado, a tutela jurisdicional será dada no momento da satisfação. Apenas o devedor tem interesse na sentença de extinção.
Art. 525, NCPC. Decorrido o prazo de 15 dias, começa a correr o prazo de 15 dias para impugnar, independentemente de intimação. Na impugnação, só se pode alegar fatos posteriores ao trânsito em julgado, como, por exemplo, prescrição intercorrente. A impugnação é oferecida nos próprios autos em que haverá a prática de atos executivos.
Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
Se houver mais de um devedor, com advogados de escritórios diferentes, o prazo para impugnação será em dobro: art. 525, § 3º. No caso de título executivo extrajudicial, isso não se aplica ao prazo para opor embargos de devedor, porque há expressa proibição de se aplicar o art. 229. O art. 229 só se aplica à impugnação; não se aplica ao prazo anterior de 15 dias para pagar.
Art. 525. § 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.
Obs: há discussão se o prazo para pagamento é prazo processual ou material, porque, no caso de prazo processual, contam-se apenas os dias úteis. Mas é um prazo previsto na lei processual; é razoável contar como prazo processual. Mas há quem diga que é prazo para a parte e não para o advogado e, por isso, é material.
O art. 518 não afasta a impugnação. Da mesma forma, se já foi apresentada impugnação, isso não impede que o devedor peticione nos próprios autos para questionar atos da própria execução, como, por exemplo, a penhora de um bem de família. Afinal, na grande maioria dos casos, à época do prazo para impugnar, ainda não houve sequer penhora.
Art. 518.  Todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz.
Quando começa o prazo para impugnação, já são devidos a multa e os honorários do art. 523, § 1º. Pode haver pagamento parcial: art. 523, § 2º. Nesse caso, a impugnação, se apresentada, versará apenas sobre o restado, sobre o qual recai multa e honorários. O pagamento parcial é feito ou quando se entende que há excesso de execução ou quando não se tem o valor integral (é questão de boa-fé já pagar o que já se tem). No caso em que se entende que há excesso de execução, isso será discutido em sede de impugnação. Obs: no caso de título executivo extrajudicial, não há previsão de pagamento parcial.
Art. 523.  No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante.
O mandado de penhora e avaliação é expedido independentemente de impugnação (art. 523, § 3º), porque a impugnação não tem efeito suspensivo e, mesmo que se atribua efeito suspensivo à impugnação, isso não suspenderá a penhora e a avaliação, que ocorrerão de qualquer forma.
Art. 523. § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
Quando for feito o requerimento de intimação para pagar, deve-se apresentar demonstrativo de cálculo, com base no art. 524:
Art. 524.  O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.
	Seria melhor que o juiz já pudesse resolver o problema desde logo, o que evitaria futura impugnação e discussão. A solução da lei não é razoável, inclusive porque o § 2º permite que o juiz envie os autos ao contador judicial.
§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
Obs: os honorários de 10% são calculados com base no valor já acrescido de multa de 10%. 
Quando se oferece impugnação com base em excesso de execução, é obrigatório apresentar memória de cálculo, sob pena de não ser conhecida, porque é imprescindível apontar o que é controverso e o que é incontroverso.
A impugnação tem limite devido à coisa julgada; não se poderá discutir o crédito, já que já houve cognição quanto a isso. Matérias que podem ser discutidas em sede de impugnação estão no art. 525, § 1º:
- inciso I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia.
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