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TEORIA GERAL DA JURISDIÇÃO 1. Jurisdição: noções gerais: - Funções do Estado: *legislativa *administrativa *jurisdicional 2.Conceito: “Consiste no poder de atuar o direito objetivo, que o próprio Estado elaborou, compondo os conflitos de interesses e dessa forma resguardando a ordem pública e a autoridade da lei.” (Moacyr Amaral dos Santos) “Jurisdição é a função do Estado de declarar e realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida.” (Humberto Theodoro Jr.) “É uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça.” (Antonio Carlos Araújo Cintra, Cândido Dinamarco, Ada Pellegrini Grinover) “Se a jurisdição é a manifestação do poder do Estado, é evidente que ela terá diferentes objetivos, conforme seja o tipo de Estado e sua finalidade essencial. A jurisdição, em outras palavras, encarnará fins sociais, políticos e propriamente jurídicos, conforme a essência do Estado cujo poder deva manifestar. [...] Assim, a jurisdição, ao aplicar uma norma ou fazê-la produzir efeitos concretos, afirma a norma de direito material, a qual deve traduzir – pois deve estar de acordo com os fins do Estado – as normas constitucionais que revelam suas preocupações básicas.” Luiz Guilherme Marinoni, Sergio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero “A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c), reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g). (Fredie Didier Jr.) Conclui-se, que a jurisdição é ao mesmo tempo: -poder: imperativo -função: dever - atividade: atos 3.Características da jurisdição: 3.1 caráter substitutivo: -Exercendo a jurisdição o Estado substitui a atividade dos que estão envolvidos no conflito, ou seja, ao invés da parte invadir a esfera alheia para satisfazer-se, busca o Estado, e ele resolve o conflito. -A atividade do Estado é imparcial, visto que ele não tem interesse no litigio. É realizada pelos juízes e servidores. 3.2 escopo jurídico de atuação do direito: -Pela jurisdição o Estado visa o cumprimento e a aplicação concreta do direito objetivo. -Pela jurisdição realiza-se o direito material, no interesse da própria sociedade, para pacificar e fazer justiça. 3.3 existência de lide: - Existência de conflito intersubjetivo que faz o autor procurar o Estado para obter uma solução. 3.4 inércia da jurisdição: - Em regra o exercício da jurisdição não é espontâneo, depende da provocação da parte. - Fica a critério do interessado a provocação do Estado-juiz para prestar a jurisdição. 3.5 definitividade: - Quando o litígio for apreciado e julgado pelo Judiciário, e da decisão não caiba mais recursos, ele não pode mais ser discutido e essa decisão se torna imutável. 4. Princípios inerentes à jurisdição: 4.1 Princípio da investidura: - A jurisdição somente será exercida por quem possuir autoridade de juiz, ou seja, estiver investido no cargo de juiz de direito. 4.2 Princípio da aderência ao território: - Em regra, a soberania limita-se ao território de cada Estado. -O juiz tem autoridade limitada a um certo território e somente sobre ele exerce a jurisdição. - Se precisar praticar atos fora do território de sua jurisdição, depende da cooperação do juiz de outro lugar. 4.3 Princípio da indelegabilidade -Princípio constitucional que é vedado um poder delegar funções suas ao outro. - A CF fixa as atribuições do Poder Judiciário e não pode outra lei ou os próprios membros delegar seu poder a outro. -Não pode o juiz delegar o que faz parte de sua função a outro (conforme a conveniência), visto que ele é agente do Estado e não age em nome próprio. 4.4 Princípio da inevitabilidade: - As partes se sujeitam, independente de sua vontade, à autoridade estatal. -As partes não podem evitar que sobre elas e seus direitos se exerça a autoridade do Estado. 4.5 Princípio da inafastabilidade da jurisdição: -Garante a todos o acesso à justiça. - “Não pode excluir da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça a direito”. - Inclusive juiz não pode deixar de decidir em face de lacuna ou obscuridade da lei. 4.6 Princípio do juiz natural: - A jurisdição será exercida por juiz independente e imparcial, indicado pelas normas constitucionais. -Proibido tribunal de exceção. 5. Dimensões da jurisdição -Cognitiva: pretensão contestada - Executiva: pretensão insatisfeita 6.Poderes inerentes à jurisdição: O juiz tem poder: - Jurisdicional: poder de solucionar o conflito. - De polícia: para exercer sua autoridade. Moacyr Amaral dos Santos acrescenta que juiz tem os seguintes poderes: -Poder de decisão: o poder de decidir a lide pela atuação da vontade da lei (direito material) e mais nos limites e modos do exercício da atividade jurisdicional (direito processual). -Poder de coerção: ordena intimações, comina penas, determina atos, compele o vencido ao cumprimento da decisão. -Poder de documentação: representação por escrito dos atos processuais. 7. Espécies de jurisdição: - Regra: unidade da jurisdição, ou seja, a jurisdição é uma. -Porém, para fins de estudo e para a vinculação da competência, pode ser dividida em: a) Jurisdição Penal e Civil: a distinção leva em conta a pretensão de direito material envolvida. *Contudo a doutrina indica alguns pontos de contato entre a jurisdição civil e a penal. -jurisdição penal: poder para julgar causas penais e as respectivas pretensões punitivas. -jurisdição civil: por exclusão, tudo o que não for criminal é civil. A jurisdição civil pode ser: -contenciosa: atividade tipicamente jurisdicional. -voluntária: atos que não possuem característica de jurisdicionais pois: * não visam a atuação do direito, mas a constituição de situação jurídica nova. *não há caráter substitutivo, o Juiz se insere entre os participantes com intervenção obrigatória, mas sem substituí-los. * o objeto não é uma lide, não existe o conflito. b) Jurisdição Especial e Comum: Determinada pela CF leva em conta a justiça que possui os poderes para prestar a jurisdição. *Jurisdição Especial: Aquela que a CF estabelece competência para causas de determinada natureza e conteúdo, para dirimir litígio específico de um ramo do direito material. São elas: Justiça do trabalho; Justiça Eleitoral; e Justiça Militar. * Jurisdição Comum: Por exclusão as que julgam todas as demais matérias. São elas: Justiça Federal e Justiça Estadual. c) Jurisdição Superior e Inferior: decorre do duplo grau de jurisdição e da competência originária dos órgãos jurisdicionais. Jurisdição Superior: exercida pelos órgãos responsáveis por analisar os recursos interpostos contra as decisões dos juízes inferiores. Jurisdição Inferior: exercida pelos juízes que originariamente conhecem o processo desde o início. d) Jurisdição de Direito e de Equidade: observa o fundamento da decisão. *Jurisdição de direito: o juiz decide baseado no ordenamento jurídico. Jurisdição de equidade: o juiz pode amenizar os rigores da lei e decidir pelo que é mais justo. No processo civil somente quando previsto na lei, o juiz pode decidir pela equidade. 8. Órgãos da jurisdição: - Fundamento constitucional - São eles: I- STF: -arts. 101 a 103 CF *competência 102 II- STJ: arts. 104 e 105 CF *competência 105 III- Justiça Federal: arts. 106 a 110 CF -TRF : *competência 108 -Juízes Federais: * competência 109 IV- Justiça do Trabalho: arts 111 a 116 CF *Competência 114 -TST: -TRT: - Juízes do Trabalho: V- Justiça Eleitoral: 118 a 121 CF -TSE -TRE -Juízes Eleitorais VI- Justiça Militar: arts. 122 a 124 CF *Competência 124 -STM -TM **Justiça Militar Estados §§ 3º e4º, 125 CF VII- Justiça Estadual – arts. 125 e 126 CF -Tribunal de Justiça -Juízes de Direito *Competência: art. 125, §1º CF na Constituição Estadual 9. Limites da jurisdição: 9.1 Limites da jurisdição nacional: definem as causas que a justiça brasileira deve conhecer e decidir. => competência cumulativa: arts. 21 e 22 CPC -réu residir no Brasil (I, 21) -versar a pretensão do autor sobre obrigação a ser cumprida no Brasil (II, 21) -originar-se de fato ocorrido no Brasil (III, 21) -alimentos: (I, 22) -credor residir no Brasil -réu tiver vínculo com o Brasil (propriedade ou renda) -relações de consumo = consumidor residir no Brasil (II, 22) - as partes buscarem a jurisdição brasileira (III, 22) – de modo expresso ou tácito. => competência exclusiva: art. 23 -ações sobre imóveis situados no Brasil (I, 23) -sucessão hereditária de bem situado no Brasil (II, 23) - partilha de bens: divórcio, separação, união estável (III, 23) *** Imunidade de jurisdição 9.2 COOPERAÇÃO INTERNACIONAL- arts. 26 a 41 CPC a)Noção -Os Estados celebram tratados visando a cooperação jurídica, visto que a jurisdição fica adstrita ao território de cada Estado, em face da soberania. O art. 26 regulamenta como ocorrerá essa cooperação internacional. b) Objeto: art. 27 c) Espécies: c.1 Auxilio direto: arts. 28 a 34 -conceito: quando a medida requerida pelo Estado estrangeiro não necessitar de homologação (arts.960 a 965 CPC homologação de sentença estrangeira) pela justiça brasileira. Art. 28 Pode ser ativo: quando pleiteado pela autoridade brasileira e passivo quando pleiteado pela autoridade estrangeira. -Objeto: art. 30 c.2 Carta Rogatória: arts 36 a 41 -noção: é um instrumento utilizado para a prática de atos processuais, sempre que o ato estrangeiro constituir decisão a ser executada no Brasil. -competência: STJ –art.36 d) Disposições comuns: arts. 37 a 41 9.3 Competência interna: aponta quais órgãos locais que se incumbirão da tarefa de prestar a jurisdição.
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