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Automacao da Manufatura MAT IA T Ó IC Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Silvio Szafir Revisão Textual: Profa. Drª. Rosemary Toffoli Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 1 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 1 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação ORIENTAÇÃO DE EST UDOS Olá caros alunos, Nesta unidade, vamos compreender o que é a Automação e a Manufatura. Inicialmente, conceituaremos esses termos e a automação em sistemas de produção, depois passaremos para um pouco da história sobre o assunto. Uma cronologia de alguns fatos relevantes na história da automação será apresentada. A seguir, discutiremos questões relacionadas à Manufatura Automatizada e Sistemas de Controle Industrial. Faremos também algumas indicações de leitura interessantes para que você compreenda melhor o que apresentamos no texto. Não deixe de fazer essas leituras, com certeza, você irá achá-las bem interessantes! A T E NÇ Ã O: Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 2 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 2 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação CONTEXTUALIZAÇÃO A automação : de volta para o futuro! Você chega no ponto de ônibus e recebe a informação de que o seu transporte chegará na plataforma em 5 minutos. Caso queira, pode mandar uma mensagem de texto (SMS) via celular e obter uma lista dos horários aproximados das linhas de ônibus que passam naquele ponto. Acha que o relato acima é futurista ? Digno apenas de livros e filmes de ficção-científica ? Pois bem, mesmo na cidade de São Paulo, esses dois exemplos de informação e automação do transporte público são realidades já disponíveis em 2012 e faz parte dos recursos de controle e automação da frota de transporte na cidade. Ao retirar um produto da prateleira do supermercado, você passa o seu pacote no leitor de código de barras ao lado, no final do corredor, e fica sabendo o seu preço. Até aí, tudo normal e você já se acostumou com esse processo de automação comercial. Mas, é muito trabalhoso ter que ir até o leitor de código de barras; então, um sistema de transmissão de sinais de rádio-frequência para a identificação do dispositivo (RFID) permite que você monitore os itens que pegou, sem levá-los ao leitor. Mais um pouco, sua geladeira e sua máquina de lavar roupas terão os mesmos recursos e você poderá, por exemplo, ser informado que o iogurte guardado na sua geladeira venceu, ou que acabou o leite e ser avisado numa lista de compras, já indicando a sua marca de preferência. No caso da máquina de lavar roupas, ao colocar a sua calça jeans você não precisará colocar a quantidade adequada de sabão em pó (ou líquido), nem mesmo o tipo de lavagem, velocidade da centrifugação, ou temperatura da secadora. O sistema de controle da máquina irá reconhecer o dispositivo RFID na etiqueta eletrônica de sua calça jeans e, de forma automatizada, irá processar a sua lavagem. Bastando a você apertar o botão de iniciar o processo. Esse recurso pode não estar disponível na sua geladeira ou na sua máquina de lavar roupas ainda, mas está próximo o dia que você verá propaganda e disponibilidade do equipamento nas lojas de eletrodomésticos. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 3 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 3 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação A tecnologia de automação residencial citada acima já está disponível, em testes ou operacional em determinados lugares e todo esse tipo de recurso já está disponível na automação da manufatura há vários anos. É uma questão de custos e disponibilidade, levá-lo ao consumidor final, além dos ambientes de fabricação e das fábricas automatizadas, daquele mundo de células e sistemas flexíveis de manufatura. E a diferença desse avanço tecnológico é cada vez menor entre a pesquisa, a aplicação na indústria de alta tecnologia e indústria de transformação, de processos e de fabricação mecânica até chegar ao consumidor final, considerado um mercado leigo, não técnico e de menor poder de investimento. As casas inteligentes e os sistemas residenciais automatizados já estão aí, instalados e operando. De acordo com as necessidades e o bolso do cliente e residência. A automação da manufatura opera exatamente o controle e o processamento desses recursos, de forma a permitir que a produção na indústria seja praticada de forma automática. Onde, idealmente, de um lado, entram as matérias primas e do outro saem os produtos acabados, manufaturados como os chamamos. Bem-vindo ao mundo da automação industrial ou da automação da manufatura como também é conhecido. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 4 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 4 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação A MANUFATURA Manufatura, ou o ato de manufaturar, é oriundo da palavra latina “mano factu”, que significa feito-a-mão. A AUTOMAÇÃO Automação é um termo bastante empregado na manufatura. Dentro desse contexto, a automação pode ser definida como a tecnologia envolvida com a aplicação de sistemas mecânicos, eletrônicos e computadorizados para a operação e o controle da produção. OS SISTEMAS DE MANUFATURA Exemplos do uso da tecnologia de automação da produção, ou da automação da manufatura, ou da automação industrial, dando origem aos sistemas de manufatura incluem: Máquinas ferramentas automáticas para processas componentes e peças. Linha de transferência (transfer) automatizada e sistemas similares de produção sequencial. Máquinas de montagem automáticas. Robô industrial Sistema automático de manuseio e armazenagem de material (transporte e logística). Sistema automático de inspeção para controle da qualidade. Controle realimentado e controle do processo computadorizado. Sistemas computadorizados que automatizam os procedimentos de planejamento, coleta de dados e de decisão, atuando no suporte das atividades de manufatura. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 5 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 5 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação 1.1 - HISTÓRIA DA MANUFATURA E DA AUTOMAÇÃO O homem sempre procurou formas de facilitar a operação da manufatura, desde os processos artesanais até hoje em dia nos modernos processos industriais. Na era antiga, a invenção da roda, da polia, da alavanca, dispositivos de corte e de transporte e de transmissão de energia, como os carrinhos e a roda d’água pode ser observada até os dias atuais como história, ou implementada em versões modernas. Na idademédia, moinhos de vento foram precursores de processos de manufatura automatizados, aplicados, por exemplo, na moagem de grãos. Também como dispositivos automáticos surgem os relógios mecânicos. 1765 é considerado um marco nos processos de manufatura, o pontapé inicial da Revolução Industrial, o invento de James Watt ao melhorar a eficiência da máquina a vapor. Um dos primeiros processos de automatização da manufatura, que ocorre durante a efervescência da Revolução Industrial, na Inglaterra, é a máquina de fiar criada por Sir Richard Arkwright em 1768 que aumentava, significativamente, a produtividade e era considerada avançada para a época. Pouco tempo depois, em 1793, um engenheiro norte-americano de nome Eli Whitney cria o descaroçador de algodão. Talvez a primeira máquina automática e reprogramável na história da manufatura tenha sido o Tear de Jacquard. Retrato de Jacquard (Fonte: wikipedia, Jul/2012) Idealizado por Joseph-Marie Jacquard, mecânico francês (1752-1834), que construiu em 1804 o primeiro tear totalmente automático comandado por um sistema de cartões perfurados. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 6 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 6 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Tear de Jacquard (Fonte: desconhecida) Mecanismo Jacquard no Musée des arts et métiers (Fonte: wikipedia, Jul/2012) No tear de Jacquard, o sistema de cartões perfurados ao passarem por um mecanismo leitor consistindo de um tambor giratório com agulhas é que ditava as ordens ao tear da combinação dos fios para criar a trama do tecido. Os furos eram a programação, ou desenho, que a tear iria gerar na criação do tecido. Para mudar o desenho da trama de tecelagem, era só mudar os cartões a serem lidos. O mesmo principio décadas depois seria aplicado nas máquinas operatrizes de comando numérico (CN) e comando numérico computadorizado (CNC). Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 7 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 7 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Em 1876, durante a Centennial Exposition na Filadelfia, nos EUA, é apresentado o piano automático (Pianola). Esse tipo de dispositivo pneumático começa a aparecer em 1840 e provavelmente uma das primeiras patentes deva ser a do francês Claude Seytre de 1842, onde um rolo de papel perfurado é lido num dispositivo que controla os movimentos do piano. A partir daí vários outros inventores apresentam suas versões culminando com os diversos modelos apresentados em 1876. (Referência: http://www.pianolasociety.com/playerpianohistory.html, Jul/2012). Em 1913 surge a linha de montagem do Ford T, nos EUA. Em 1920 na cidade de Praga, na Tchecoslováquia, o escritor e diretor teatral Karel Capek encenou a peça “Os Robôs Universais de Rossum”. Na peça, um camponês e seu filho dão vida a seres autômatos (daí o nome robôs, no título) para que estes ajudem no trabalho do campo. Porém com o passar do tempo, os robôs de Rossum rebelam-se contra o seu criador. Em tcheco a palavra robota, de serviçal ou autômato deu origem à palavra em inglês robot para o que hoje definimos como robô ou autômato. Em 1924 é implementada na Inglaterra uma linha de transferência (transfer) mecanizada para componentes do motor de automóvel. O livro “Eu, Robô” de Isaac Asimov, lançado em 1950, marcou a história recente da robótica, quando foi introduzida as três leis da robótica. Asimov é o primeiro a fazer uso da palavra robot no inglês e foi quem enunciou as três leis que mais tarde foram aceitas por toda a comunidade científica e industrial como as três leis da robótica. Posteriormente Asimov incluiu uma 4ª lei, a lei zero. Em 1946, durante seus estudos no Boston College, Joseph Engelberger ouvia atento seu amigo Isaac Asimov contando com sua ficção científica profética como deveria ser o futuro. Isso estimulou o jovem estudante, principalmente a dedicar-se a estudos de problemas de controle industrial, parte da teoria de servomecanismos que nasceu durante a segunda guerra mundial. Em 1947, é atribuído ao engenheiro Delmar Harder, um especialista oriundo da produção da GM, que implementa na Ford a reorganização da manufatura de motores na planta de Rouge. É dito que entre 1945 e 1946 Harder cunhou o termo Automação (automation). (Referência: Ford Automates: Technology and Organization in Theory and Practice, Hounshell, D. A., Carnegie Mellon University – disponível em http:// www.thebhc.org/publications/BEHprint/v024n1/p0059-p0071.pdf) Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 8 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 8 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Nesse mesmo período, surgem os primeiros computadores eletrônicos, a partir do ano de 1943. Em 1947 o transistor é inventado. Em 1952 surge o primeiro protótipo de uma máquina ferramenta de controle numérico. Em 1957 já estão disponíveis comercialmente os comandos numéricos (CN). Em 1956, Joseph Engelberger e George Devol se associam e com apoio financeiro da Consolidated Die-sel Electric Company começam a desenvolver o projeto do que seria o ajudante universal. O primeiro robô industrial, o Unimate, apareceu em 1961 quando realmente entrou em campo, numa fábrica da GM, para retirar peças de uma máquina de fundição sobpressão. Em 1959 surgem os primeiros circuitos integrados, os semicondutores miniaturizados. Em 1960 surgem os primeiros robôs. Em 1965 aparecem os circuitos integrados de larga-escala de integração (LSI). Em 1968 surgem os controladores lógicos programáveis. Na década de 1970 começam a aparecer os primeiros sistemas de manufatura integrados, a soldagem de carrocerias de automóveis através de robôs de solda. Surgem os microprocessadores e os robôs controlados pelos minicomputadores. Em 1973 aparece a primeira linguagem de computador para a programação de robôs industriais desenvolvida no Instituto de Pesquisa de Stanford. Em 1979 é introduzida comercialmente pela empresa Unimation a linguagem VAL de programação de robôs baseada no estudo de 1973. A Unimation é também a empresa que lançou o primeiro robô industrial, o Unimate. Surgem a tecnologia de grupo (GT, Group Technology) e os sistemas de flexíveis de manufatura (SFM, ou FMS na sigla em inglês). Na década de 1980 surgem os sistemas inteligentes e sistemas especialistas, como robôs inteligentes (assim chamados) quando integrados com sensores inteligentes (visão robótica, entre outros) e a formação das células flexíveis. Nas décadas seguintes, a consolidação de sistemas de manufatura integrados pelo computador (CIM, na sigla em inglês) entre outros recursos de automação, tornam-se presentes no dia a dia da manufatura industrial. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 9 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 9 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Para conhecer um pouco mais, veja o texto com a definição de robô e robótica (robot e robotics) do grupo de pesquisa de robótica da universidade do Texas em Austin. http://www.robotics.utexas.edu/rrg/learn_more/history/ 1.2 - TIPOS DE AUTOMAÇÃO A automaçãorígida, altamente especializada, consequentemente com alto grau de automatismo, só se justifica para a produção de grandes séries, da ordem de dezenas de milhares de peças. A automação rígida leva a atingir níveis de produtividade muito elevados, contudo sua versatilidade é nula. Para séries curtas – onde, aliás, ainda existe um mercado enorme, mesmo no setor metal-mecânico, em séries de 50 peças ou menos, p.ex. – de algumas dezenas a algumas centenas de unidades, que necessitam de destreza e de inteligência humanas em numerosas intervenções no processo, a solução manual é adotada. Finalmente, quando a automação rígida não é economicamente viável e a solução manual não é tecnicamente aceitável, como p.ex. é: necessário aumentar a produtividade, diminuir o preço, tendo aumentado simultaneamente a qualidade e a homogeneidade dos produtos manufaturados, então, se requer um equipamento de produção automatizado, porém, flexível. Assim, p.ex., o investimento será amortizado nas séries curtas e médias, dos vários produtos fabricados pelo mesmo equipamento, mediante simples reprogramação. É na automação flexível que a robótica intervêm, através do conjunto de tecnologias que caracterizam a robótica industrial. Na automação flexível, os sistemas podem ainda ser diferenciados por níveis, em função do número de operações básicas do processo produtivo que eles englobam, podendo ir de um sistema simples como uma célula flexível de manufatura (Flexible Manufacturing System, FMS), para montagem, usinagem, soldagem, pintura, inspeção, ensaios et cetera, passando por diferentes níveis de integração, indo até o sistema de produção automatizado e integrado por computador (Computer Integrated Manufacturing, CIM). Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 10 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 10 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação 1.3 - AUTOMAÇÃO + ROBÓTICA INDUSTRIAL: DEFINIÇÃO DE ROBÔ Há diversas definições formais de robô, o que não é de estranhar-se uma vez que os robôs e a robótica ainda são uma área em constante (permanente) evolução que pertence, mas ao mesmo tempo pode incluir (incrível!), a área de automação. Hoje é comum considerar o robô uma área da automação industrial. Ao menos os robôs manipuladores e os robôs móveis inseridos em processos industriais. Com o avanço da tecnologia e a migração dos robôs e a robótica em áreas antes discutidas apenas na ficção científica, como robôs companheiros e robôs cirúrgicos, entre outras, fica então, no ar, a pergunta: Qual a definição de robô? A seguir, algumas definições e como elas estabelecem um universo, mais ou menos restrito. 1) Segundo a AFRI (Association Française de Robotique Industrielle): manipuladores modestos, efetuando automaticamente sequências de trabalho variáveis, ou mesmo fixas, devem ser denominados robôs. E mais ainda, a robótica deve englobar todas as novas adaptações em máquinas conhecidas e todas as máquinas desenvolvidas com base na utilização de técnicas modernas de controle, da informática e de novos sensores. Assim, os robôs industriais podem ser definidos como máquinas que conjugam a polivalência dos telemanipuladores e o elevado grau de automatismo das máquinas de controle numérico. Além disso, devem ter um grau de adaptabilidade que permita sua atuação numa vizinhança complexa e evolutiva, substituindo ou ampliando funções de ação do homem, constituindo um meio de produção extremamente versátil. Então, há no mercado alguma máquina que se enquadre nessa definição? 2) O Robot Institute of America (RIA) deu uma definição menos restritiva, substituindo a noção de adaptação pela noção de reprogramação: “Um robô industrial é um manipulador multifuncional e reprogramável, concebido para mover cargas, peças, ferramentas, ou dispositivos especiais, segundo movimentos programados variáveis, para a execução de diversas tarefas”. 3) O JIRA (Japan Industrial Robot Association) dá uma definição ainda menos restritiva, distinguindo os seguintes tipos de robôs industriais: robôs sequenciais (sequência fixa e sequência variável);robôs de ciclos programáveis (por aprendizagem e por linguagem); robôs inteligentes. Este último são máquinas ou Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 11 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 11 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação agrupamento de máquinas capazes de se adaptarem às modificações de ambiente mediante sistemas evoluídos de controle, percepção, comunicação e decisão. Nos robôs inteligentes, deve-se ter um certo grau de autonomia e, deve- se ainda, ser capaz de executar tarefas via interações com o ambiente. Estes robôs começam a aparecer, como o robô ASIMO da Honda, sendo pesquisado desde a década de 90. Ainda falando sobre definição, caberia perguntar: Quando robotizar? Sem responder a pergunta lançada, uma vez que exige, para cada processo industrial (ou automatizado, ou em vias de) um estudo de caso e uma análise, muitas vezes procurando obter onde está o ganho, no processo, na adoção de robôs, podemos comentar rapidamente, sobre a diferença da automação rígida, a solução manual e a automação flexível. (Fonte: Foto disponibilizada através do portal http://www.photobucket.com) Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 12 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 12 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação 2.1 - SISTEMAS DE PRODUÇÃO Foto disponibilizada através do portal Dreamstime.com Os sistemas de produção automatizados podem ser classificados em duas categorias básicas: automação fixa e automação programável. Nesse caso, duas categorias de produção em massa podem ser distinguidas: 1. Produção em quantidade; 2. Linha de produção sequencial. Na produção em quantidade há a produção em massa de peças unitárias ou peças de equipamentos que envolvem, tipicamente, máquinas padrão como prensas de estampagem. Na linha de produção sequencial há, tipicamente, várias estações de trabalho dispostas sequencialmente de forma a completar o produto. As estações de trabalho são geralmente constituídas de máquinas e/ou trabalhadores equipados com ferramentas especializadas. A disposição das estações é especificamente projetada para maximizar a eficiência. Seu layout é chamado de layout do produto e as estações de trabalho formam uma longa linha de produção ou numa série de segmentos de linha conectados, com o trabalho sendo geralmente movido, por cada estação, por esteiras transportadoras. Uma linha de montagem desse tipo, de linha de produção sequencial, a título de exemplificação, está normalmente associada à montagem de carros e de eletrodomésticos. “Um sistema de produção é um conjunto de pessoas, equipamentos e procedimentos organizados para realizar as operações de produção de uma empresa” Mikell P. Groover, engenheiro e professor da universidade Lehigh, é autor do livro Automação Industrial e Sistemas de Manufatura, 3ª Ed., Pearson. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 13 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 13 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Tiposde instalações e layouts utilizados nos diferentes níveis de produção variam de acordo com a quantidade e a variedade do produto. Agora que vimos alguns tipos de produção, veremos alguns nomes de metodologias utilizadas como apoio ao projeto e à produção: CAD (Computer Aided Design) Projeto Auxiliado por Computador CAE (Computer Aided Engineering) Engenharia Auxiliada por Computador CAM (Computer Aided Manufacturing) Manufatura Auxiliada pelo Computador CAPP (Computer Aided Process Planning) Planejamento do Processo Auxiliado pelo Computador PPC (Production and Planning Control) Controle da Produção e Planejamento, ou Planejamento dos Recursos e Requerimentos de Manufatura CAQ (Computer Aided Quality Control) Controle da Qualidade Auxiliado por Computador (Para conhecer um pouco mais, leia o texto que vai do capítulo 1 ao capítulo 5 do livro Automação Industrial e Sistemas de Manufatura 3ª edição – disponível na biblioteca virtual Pearson para alunos da Cruzeiro do Sul.) Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 14 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 14 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação 2.2 - OPERAÇÕES DE MANUFATURA Há algumas atividades básicas que devem ser manipuladas numa fábrica para converter matéria prima em produtos acabados. Limitando nossa abordagem para uma planta envolvida em fazer produtos discretos, as atividades fabris (operações de manufatura) são: 1. Operações de processamento e montagens; 2. Manipulação (movimentação) de material; 3. Inspeção e teste e 4. Controle e coordenação. As três primeiras atividades são atividades físicas que manipulam o produto conforme ele está sendo fabricado. As operações de processamento e montagem alteram a geometria, as propriedades e/ou a aparência da unidade produzida (unidade trabalhada). Eles adicionam valor ao produto. O produto deve ser movido de uma operação para a próxima, na sequência de manufatura e, ele deve ser testado e/ou inspecionado para garantir alta- qualidade. É muitas vezes argumentado que essas atividades de manipulações de material (suas movimentações) e inspeções não adicionam valor ao produto. Entretanto, nosso ponto de vista é que esse valor é adicionado através da totalidade das operações de manufatura realizadas no produto. Operações desnecessárias, tais quais: processamento, montagem, movimentação de materiais ou inspeção, devem ser eliminadas da sequência de passos realizados para completar um dado produto. 2.2.1 - OPERAÇÕES DE MONTAGEM E PROCESSAMENTO Processos de manufatura podem ser divididos em dois tipos básicos: 1. Operações de processamento e 2. Operações de montagem. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 15 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 15 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Uma operação de processamento transforma um trabalho, num material, de um estágio de completude para um próximo estágio, mais avançado que é próximo ao produto ou a parte final desejada. Ele adiciona valor ao modificar a geometria, as propriedades ou a aparência do material inicial. De forma geral, operações de processamento são realizadas em partes trabalhadas discretas, mas algumas operações de processamento também são aplicáveis aos itens montados, como p.ex. podemos citar: pintura numa chapa de metal soldado na carroceria de um automóvel. Uma operação de montagem, submontagem ou algum outro termo referente a um processo específico de junção. 2.3 - OPERAÇÕES ENTRE PRODUÇÃO E PRODUTO As companhias organizam suas operações de manufatura e seus sistemas de produção como uma função das particularidades de produtos que produzem. É instrutivo reconhecer que aí há certos parâmetros do produto que são influenciadores na determinação de como os produtos são manufaturados (produzidos). Vamos considerar quatro parâmetros chave, que são eles: 1. Quantidade do produto; 2. Variedade do produto; 3. Complexidade da montagem do produto e 4. Complexidade de partes individuais. Nós previamente discutimos no Cap. 1 sobre a quantidade produzida (da produção) e a variedade do produto (seção 1.1). Vamos desenvolver um conjunto de símbolos (nomes siglas) para representar estes importantes parâmetros. Primeiro, façamos ser Q = Quantidade produzida e P = Variedade do produto. Dessa forma poderemos discutir as relações entre quantidade produzida e variedade do produto como relação PQ. Q refere-se ao número de unidades de uma dada parte ou produto que são produzidos, p.ex., anualmente pela planta. Nosso interesse inclui tanto as quantidades de cada parte individual ou estilo (modelo) de produto e a quantidade total de todos os modelos. Vamos identificar cada parte ou modelo do produto usando o índice j, de forma que Qj = quantidade anual de um modelo j. Então façamos Qf = quantidade total de todas as partes ou produtos produzidos na fábrica. Qj e Qf estão relacionados, a seguir: Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 16 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 16 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação P j jf QQ 1 Eq. (2.1) P = número total das diferentes partes ou modelos do produto e J = é o índice para identificação dos produtos, j = 1,2,...,P. P refere-se aos diferentes projetos de produtos ou tipos de produtos que são produzidos numa fábrica (planta). Ele é um parâmetro que pode ser contado e, dessa forma, nós poderemos reconhecer que as diferenças entre os produtos são grandes ou pequenas. Alta variedade é quando os produtos divergem substancialmente e baixa variedade é quando as mudanças nos produtos são mínimas ou sutis. Vamos dividir o parâmetro P em dois níveis, numa estrutura do tipo árvore, chamando-os de P1 e P2. P1 refere-se ao número de linhas distintas produzidas na fábrica e P2 refere-se ao número de modelos numa linha de produto. P1 representa alta variedade de produtos e P2 é a baixa variedade. Exemplo 2.1: linhas de produtos P1 e modelos de produto P2. Considerar uma companhia especializada em produtos fotográficos de consumo. Ela produz apenas câmeras e projetores. Dessa forma P1 = 2. Na sua linha de câmeras são oferecidos 15 diferentes modelos e na linha de projetores há 5 modelos diferentes. Assim, para câmeras, P2,1 = 15 e para projetores P2,2 = 5. A totalidade de modelos de produtos oferecidos é dada por: 20515 2 1 ,2 1 ,2 1 j j P j j PPP Eq. (2.2) Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 17 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 17 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação 2.3.1 - COMPLEXIDADE DO PRODUTO E DAS PARTES Quão complexo é cada produto produzido na planta? A complexidade de um produto é um tema complicado. Ela possui aspectos tanto quantitativos como qualitativos. Vamos trabalhá-la usando medidas quantitativas. Para um produto montado um possível indicador da complexidade do produto é o seu número de componentes – quanto mais partes, mais complexo é oproduto. Isto é facilmente demonstrado pela comparação dos números de componentes nas várias montagens de produtos, conforme mostra a tabela 2.4. Nossa lista demonstra que quanto mais componentes um produto possui, mais complexo ele tende a ser. Tabela 2.4 – Comparativo complexidade componentes de um produto Produto No. aprox. de componentes Lapiseira mecânica 10 Rolamento de esferas 20 Corrente de bicicleta 300 Bicicleta 750 Automóvel antigo (1930) 2000 Automóvel moderno 20000 Avião comercial (1930) 100000 Avião comercial moderno 1000000 Ônibus espacial 10000000 Para um componente fabricado, uma possível medida da complexidade das partes é o número de passos de processamento necessários para produzi-lo. Um circuito integrado, que podemos tecnicamente considerar uma pastilha monolítica de silício com alterações químicas localizadas em sua superfície, necessita na casa da centena de passos de processamento na sua fabricação. Mesmo medindo apenas 9,00 mm de lado e 0,50 mm de espessura, sua Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 18 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 18 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação complexidade está ordens de magnitude acima de uma arruela circular de diâmetro externo de 9,00 mm, estampada a partir de uma folha de aço inoxidável de 0,80mm de espessura num único passo. Na tabela 2.5 nós temos compilado uma lista de parte manufaturadas com o número típico de operações de processamento que cada uma aproximadamente requer. Tabela 2.5 – Comparativo da quantidade de operações em um produto Produto No. Operações Peça em plástico moldado 1 Arruela (aço inoxidável) 1 Arruela anodizada 2 Peça fundida 3 Bloco de motor V6 50 Circuito integrado 75 Portanto, temos que a complexidade da montagem de um produto é definida como o número de componentes distintos; fazendo np = o número de partes por produto. E, temos a complexidade do processamento de cada parte como o número de operações necessárias para realizá-la. Façamos no = o número de operações ou passos de processamento para produzir (fabricar) a parte em si. Podemos esboçar algumas distinções ao longo das plantas de produção com base em np e no. Como definido na tabela 2.6, três diferentes tipos de plantas podem ser identificados: fabricante de partes, planta (pura) de montagem e plantas integradas verticalmente. Tabela 2.6 – Distinção entre plantas pelos valores de np e no Tipo de planta np - no Produção de partes np = 1, no > 1 Planta de montagem np > 1, no = 1 Planta integrada, vertical np > 1, no > 1 Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 19 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 19 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Vamos desenvolver algumas relações simples entre os parâmetros P, Q, np e no que indicam o nível de atividade de uma planta manufatureira. Nós iremos ignorar as diferenças entre P1 e P2, aqui. O número total de produtos produzidos anualmente numa planta é a somatória das quantidades individuais dos modelos de produtos, como expressado na equação anterior (2.1). Assumindo que os produtos são todos montados e que todas as partes dos componentes usadas nesses produtos são produzidas na planta (sem a aquisição de componentes), então o número total partes produzidas pela planta, por ano, é dado por: P j pjjpf nQn 1 Eq. (2.3) npf = número total de partes produzidas na fábrica (peças/ano); Qj = quantidade anual de produtos, modelo j (produtos/ano); npj = número de partes no produto j (peças/ano). Finalmente, se todas as partes são produzidas na planta (fábrica), então o número total de operações de processamento executadas (realizadas) pela planta é dado por: pjn k ojk P j pjjof nnQn 11 Eq. (2.4) nof = número total de ciclos de operação realizados na fábrica (operações/ano); nojk = número de operações de processamento para cada parte k, somada sobre o número de partes no produto j, npj. O parâmetro nof fornece um valor numérico do nível total da atividade na fábrica. Tentaremos simplificar o processo, para melhor conceituar a situação, assumindo que o número de modelos de produtos P é produzido em quantidades iguais Q, que todos os produtos possuem o mesmo número de componentes np e todos os componentes precisam de um número igual de passos de processamento no. Neste caso, o número total das unidades de produto produzidas na fábrica é dado por: Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 20 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 20 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação QPQ f Eq. (2.5) O número total de partes produzidas pela fábrica é dado por: pf nQPQ Eq. (2.6) E o número total de ciclos de operações de manufatura realizados pela fábrica é dado por: opof nnQPn Eq. (2.7) Usando estas equações simplificadas vamos considerar o seguinte exemplo: Exemplo 2.2 – Problemas de operação de manufatura e sistemas de produção. Considere uma companhia que projeta uma nova linha de produto e está planejando construir uma nova planta para manufaturar esta linha de produto. A nova linha consiste de 100 diferentes tipos de produtos e para cada tipo de produto a companhia quer produzir 10000 unidades anualmente. Os produtos possuem uma média de 1000 componentes cada e a média do número de passos de processamento necessários para casa componente é 10. Todas as partes serão produzidas na fábrica. Cada passo do processamento consome uma média de 1 minuto. Determinar: A) Quantos produtos; B) Quantas partes; C) Quantas operações de produção serão necessárias por ano e D) Quantos trabalhadores serão necessários para a planta, se ela operar um turno por dia num ano de 250 dias. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 21 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 21 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Solução: A) O número total de unidades a serem produzidas na fabrica é dado pela equação (2.5): 6101100000010000100 QPQ f produtos anualmente. B) O número total de partes produzidas é: 96 1011000101 ppf nQPn partes anualmente. C) O número de operações de produção, distintas, é: 99 101010101 oppf nnQPn operações. 10 bilhões!! D) Vamos tentar estimar o número de trabalhadores necessários. Primeiro, considere o tempo total para realizar estas operações. Se cada operação consome H 60 1 min1 , o tempo total é HTT 667.666.166 60 1 1010.. 9 . Se cada trabalhador trabalha 2000 H/ano (40H/semana x 50 semanas/ano), então o número total de trabalhadores necessários é: 333.83 2000 166666667 w trabalhadores. A fábrica no nosso exemplo é uma fábrica totalmente integrada. Ela poderia ser uma grande fábrica. O número de trabalhadores que calculamos é somente para os trabalhadores diretos. Inclua os trabalhadores indiretos, gerência e suporte e o número de empregados aumenta bem mais do que 100.000. “Imagine o estacionamento dela!” E, dentro da fábrica, os problemasde logística para lidar com todos os produtos, partes e operações seriam superativados. Nenhuma organização na sua sã consciência pode considerar construir e operar tal planta hoje em dia! Daí, é que podemos começar a observar e considerar a automação, no processo fabril. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 22 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 22 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação 2.3.2 - LIMITAÇÕES E CAPACIDADES DE UMA PLANTA MANUFATUREIRA Companhias não tentam criar um tipo de fábrica como o de nosso exemplo acima. No lugar, uma fábrica atual é projetada com uma missão muito mais específica. Sendo referida como uma “fábrica focada”, ela é uma planta (instalação) a concentrar-se num “limitado, conciso, gerenciável conjunto de produtos, tecnologias, volume e mercados”. Ela é um reconhecimento de que uma planta manufatureira não pode produzir qualquer coisa. Ela deve restringir seus produtos, limitar sua missão, para o escopo de produtos e atividades as quais pode competir, melhor. Seu tamanho é limitado, tipicamente, para aproximadamente 500 trabalhadores, porém esse número pode variar, enormemente, para diferentes tipos de produtos e operações de manufatura. Vamos considerar como uma planta, ou sua “companhia matriz”, limita o escopo de suas operações de manufatura e sistemas de produção. Ao limitar o seu escopo, a planta efetiva um conjunto de decisões deliberativas sobre o que não irão tentar fazer. Certamente um caminho para limitar o escopo da planta é evitar ser uma fábrica totalmente integradora, no mínimo no que concerne nosso exemplo 2.2. No lugar, ela especializa-se em ser, ou uma produtora de partes, ou uma planta de montagem. Da mesma forma que decide o que não fazer; a planta também deve decidir sobre as tecnologias específicas, dos produtos e dos volumes as quais se especializará. Esta decisão define a capacidade manufatureira intencionada pela planta. Capacidade manufatureira refere-se às limitações técnicas e físicas de uma firma manufatureira e cada uma de suas plantas. Nós podemos identificar várias dimensões destas capacidades: 1. Capacidade da tecnologia, adotada, do processo; 2. Tamanho físico e peso do produto e 3. Capacidade da produção. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 23 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 23 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Capacidade tecnológica do processo A capacidade tecnológica do processo de uma planta (ou companhia) é o seu conjunto de processos manufatureiros. Algumas plantas realizam operações de usinagem, outras que fazem laminação de rolos de aço e outras constroem automóveis. Uma planta de usinagem não pode laminar as folhas de aço e uma laminadora de bobinas de aço não pode construir carros. O recurso, inerente, que distingue tais plantas é o seu conjunto de processos e o que eles podem realizar. A capacidade tecnológica do processo está intimamente relacionada ao material sendo processado. Certos processos manufatureiros são moldados para outros materiais. Através da especialização em certos processos ou grupo de processos, a planta simultaneamente especializa-se num certo tipo de material ou grupo/conjunto de materiais. A capacidade tecnológica do processo inclui além do processo físico, a especificação necessária pelo pessoal da planta nestas tecnologias de processamento. Companhias são limitadas pelas suas disponibilidades de processos. Eles precisam focar no projeto e manufatura de produtos nos quais suas capacidades técnicas de processamento fornecem uma vantagem competitiva. Limitações físicas do produto Um segundo aspecto da capacidade manufatureira é imposto pelo produto (seu dimensionamento físico). Dada uma planta que possui certo conjunto de processos, há limitações de tamanho e peso nesses produtos, os quais podem ser inseridos na planta. Grandes, pesados produtos são de difícil movimentação. Para movimentar produtos, a planta tem de estar equipada com guindastes, pórticos, com larga capacidade de carga. Pequenas partes e produtos feitos em grandes quantidades podem ser movidos por uma esteira ou, p.ex., uma empilhadeira. A limitação do tamanho do produto e seu peso também são extensíveis às capacidades físicas dos equipamentos de manufatura. Máquinas de produção existem de diferentes tamanhos. Máquinas maiores podem ser usadas para processar partes grandes. Máquinas menores limitam o trabalho que pode ser processado. O conjunto de equipamentos de produção, movimentação de material, capacidades de armazenagem (estocagem) e tamanho da planta devem ser planejados para produtos que estejam numa certa faixa de peso e tamanho. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 24 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 24 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Capacidade da produção Uma terceira habilitação na capacidade manufatureira da planta é a quantidade produzida num dado período de tempo (p.ex., mês ou ano). Esta limitação de quantidade é normalmente chamada de capacidade da planta ou capacidade de produção, que define a máxima taxa de produção pelo período que a planta quer atingir sob certas condições de operações assumidas. As condições de operação referem-se ao número de turnos por semana, horas por turno, níveis de gerência direta na planta e condições similares sob as quais a planta foi projetada para operar. Estes fatores representam entradas para a planta manufatureira. Dada essas entradas, quanta saída pode a fábrica produzir? A capacidade da planta é normalmente medida em termos das unidades de saída, como: toneladas de aço produzidas anualmente numa laminação de aço ou o número de carros produzidos por uma planta de montagem final. Nesses casos, as saídas são, mais ou menos, homogêneas. Nos casos onde as unidades de saída não são homogêneas, outros fatores podem ser medidos mais apropriadamente, tais como horas de trabalho disponibilizadas na capacidade produtiva de uma ferramentaria que produz uma variedade de peças. 2.4 CONCEITOS DE PRODUÇÃO E MODELOS MATEMÁTICOS Um número de conceitos de produção é quantitativo, ou eles requerem uma abordagem quantitativa para medi-los. O propósito dessa seção é definir alguns destes conceitos. Nos capítulos subsequentes nós iremos nos referenciar nestes conceitos de produção, nas nossas discussões de tópicos específicos em automação e sistemas de produção. Os modelos desenvolvidos nessa seção são “ideais”, no sentido de que eles desconsideram algumas das realidades e complicações que estão presentes na fábrica. Por exemplo, nossos modelos não incluem o efeito das taxas de refugos (defeitos). Em algumas operações manufatureiras, a percentagem de refugos produzidos é grande o suficiente para advertidamente afetar a taxa de produção, a capacidade da planta e os custos do produto. A maioria desses itens será considerada nos últimos capítulos quando focaremos nos tipos específicos de sistemas de produção. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 25 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 25 Unidade: Fundamentosde Manufatura e Automação 2.4.1 TAXA DE PRODUÇÃO A taxa de produção para um processo individual ou operação de montagem é usualmente expressa como uma taxa horária, isto é, parte ou produtos por hora. Vamos considerar como essa taxa é determinada para os três tipos de produção: Oficina; Produção em lote Produção em massa Para qualquer operação produtiva, o tempo do ciclo de operação Tc é definido como sendo o tempo que uma unidade trabalhada consome sendo montada ou processada. É o tempo entre uma unidade trabalhada iniciar o processamento (ou montagem) e quando a próxima unidade inicia. Tc é o tempo que uma parte individual consome na máquina, porém nem todo esse tempo é produtivo. Numa operação típica de processamento, como uma usinagem, Tc consiste de: 1. tempo da operação de usinagem atual; 2. tempo de manuseio da peça trabalhada e 3. tempo de manuseio da ferramenta por peça trabalhada. Como uma equação, isso pode ser expresso como: thhoc TTTT Eq. (2.8) Tc = tempo do ciclo de operação (minuto/peça); To = tempo da operação de processamento ou montagem atual (minuto/peça); Th = tempo de manuseio da parte ou produto (minuto/peça) e Tth = tempo de manuseio da ferramenta (minuto/peça). Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 26 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 26 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação O tempo de manuseio da ferramenta consiste do tempo consumido na troca de ferramentas, quando elas são trocadas (retiradas), o tempo de troca de uma ferramenta até a próxima, tempo de indexação da ferramenta para inserções indexáveis, ou para ferramentas num torno-revolver, ou numa furadeira de coluna, reposicionamento da ferramenta para o próximo passo e assim por diante. Algumas destas atividades de manuseio de ferramentas não ocorrem em todos os ciclos, portanto, elas podem ser espalhadas por sobre o número de partes, entre as suas ocorrências, para obter um tempo médio por peça trabalhada. Cada um dos termos: To, Th e Tth possuem seu análogo em outros tipos de produção de itens discretizados. Há um pedaço do ciclo quando a parte está, realmente, sendo processada (To). Há um pedaço quando a ferramenta está sendo ajustada ou trocada (Tth). Dessa maneira, podemos generalizar a equação (2.8) para cobrir a maioria das operações de processamento na manufatura. Vamos primeiro considerar o caso da produção em lote e então considerar a “oficina” e a produção em massa. Na produção em lote, o tempo para processar um lote consistindo de Q unidades trabalhadas é a soma do tempo de setup e o tempo de processamento, que é: Eq. (2.9) Tb = tempo de processamento do lote (minuto); Tsu = tempo de setup para preparar o lote (minuto); Q = quantidade do lote (peça) e Tc = tempo de ciclo de operação por unidade trabalhada (minuto/ciclo). Nós assumiremos que uma unidade trabalhada é completada a cada ciclo, então a equação (2.9) deve ser ajustada de acordo. Dividindo o tempo do lote pela quantidade do lote, nós temos o tempo médio de produção por unidade trabalhada, Tp, para uma dada máquina: Q T T bp Eq. (2.10) A taxa média de produção para a máquina é simplesmente a recíproca do tempo de produção. Que é normalmente expresso como taxa horária. csub TQTT Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 27 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 27 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação p p T R 60 Eq. (2.11) Rp = taxa de produção horária (peça/hora); Tp = tempo (taxa) média de produção por minuto (minuto/peça) e a constante 60 converte minutos em hora. Para a produção numa “oficina”, quando a quantidade Q = 1, o tempo de produção por unidade trabalhada é a soma dos tempos dos ciclos de setup e operação: csup TTT Eq. (2.12) Para produção numa “oficina” quando a quantidade Q > 1, então ela reverte para o caso de produção em lote discutido acima. Para quantidades do tipo produção em massa, podemos dizer que a taxa de produção iguala a taxa do ciclo da máquina (recíproca ao tempo do ciclo de operação) depois que a produção está ativa e os efeitos do tempo de setup tornar- se insignificante. Isto é, como Q torna-se muito grande 0,1 Q T Q su e, c cp T RR 60 Eq. (2.13) Rc = taxa do ciclo de operação da máquina (peça/hora) e Tc = tempo do ciclo de operação (minuto/peça). Para produção em massa em linha sequencial (fluxo), a taxa de produção aproxima-se da taxa do ciclo da linha de produção, novamente negligenciando (desconsiderando-se) o tempo de setup. Entretanto, a operação da linha de produção e complicada pela interdependência das estações de trabalho na linha. Uma complicação é a de que é normalmente impossível dividir o trabalho total igualmente ao longo de todas as estações de trabalho na linha. Portanto uma Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 28 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 28 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação estação terminará com o mais longo tempo de operação e esta estação serve algumas vezes de ritmo para toda linha. O termo de “estação gargalo” é algumas vezes utilizado para referir-se à esta estação. Também incluído no tempo do ciclo é o tempo de movimentação das partes de uma estação para a próxima no final de cada operação. Em várias linhas de produção todas as unidades trabalhadas na linha são movimentadas simultaneamente, cada qual para sua próxima estação, respectiva. Levando em consideração, o tempo do ciclo da linha de produção é a soma do tempo do processamento ou montagem mais demorado mais o tempo de transferência das unidades trabalhadas entre estações. Isto pode ser expresso como: orc MáxTTT Eq. (2.14) Tc = tempo do ciclo da linha de produção (minuto/ciclo). Tr = tempo de transferência das unidades trabalhadas entre estações a cada ciclo (minuto/peça) e MáxTo = tempo de operação na “estação gargalo”. É o máximo dos tempos de operação para todas as estações na linha. (minuto/ciclo). Teoricamente, a taxa de produção pode ser determinada pegando-se a recíproca de Tc, como a seguir: c c T R 60 Eq. (2.15) Rc = taxa de produção ideal ou teórica, ou como já chamamos anteriormente, de: taxa do ciclo (ciclo/hora) e Tc = tempo do ciclo ideal, da equação (2.14) (minuto/ciclo). Linhas de produção são de dois tipos básicos: 1. Manual e 2. Automatizadas Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 29 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 29 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Na operação de automatização de linhas de produção, outro fator que complica é a confiabilidade. Uma baixa confiabilidade reduz o tempo de produção disponível na linha automatizada, na qual toda a linha é forçada a parar quando há quebra de uma estação. A taxa média de produção atual, Rp, é reduzida para um valor que é sempre substancialmente abaixo do Rc ideal dado pela equação (2.15). Nós discutiremos confiabilidade e algumas de suas terminologiasna seção 2.4.3. É importante projetar o método de manufatura a ser consistente com o ritmo no qual o consumidor está demandando a parte ou o produto, muitas vezes referido com “takt time” (uma palavra alemã para cadência ou ritmo1). O “takt time” é a recíproca da taxa de demanda, porém ajustado para o tempo de turno disponível na fábrica. Por exemplo: se 100 unidades trabalhadas são demandadas pelo consumidor todo dia e a fábrica opera num turno por dia, com 400 minutos de tempo disponível por turno, então, o “takt time” pode ser: 400 min. / 100 unidades = 4,0 min./unidade trabalhada. 2.4.2 CAPACIDADE DE PRODUÇÃO Nós mencionamos a capacidade de produção na nossa discussão das capacidades de manufatura (seção 2.3.3). A capacidade de produção é definida como a taxa máxima de saída que uma instalação de produção (ou linha de produção, centro de trabalho ou grupo de centros de trabalho) é capaz de produzir dado um conjunto de condições de operações definidas. A instalação da produção normalmente refere-se a uma planta ou fábrica, portanto o termo capacidade da planta é comumente utilizado nessa medida. Conforme mencionado antes, as condições de operação definidas referem- se ao número de turnos por dia (1, 2 ou 3), ao número de dias por semana (ou mês) que a planta é operada, aos níveis de empregados e assim por diante. O número de horas de operação de uma planta por semana é um item crítico na definição da capacidade da planta. Para uma produção química contínua a planta geralmente opera 24H por dia, 7 dias por semana. Este é o tempo máximo disponível (168H/semana) e se a planta operar algumas horas abaixo do 1 Termo utilizado pelo autor. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 30 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 30 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação máximo, então sua possível capacidade máxima não terá sido utilizada. Medidas quantitativas da capacidade da planta podem ser desenvolvidas baseadas no modelo da taxa de produção derivada anteriormente no texto. Faça PC ser igual a capacidade de produção de uma dada instalação, sendo considerada. Deixe a medida da capacidade igual ao número de unidades produzidas por semana. Faça n ser igual ao número de máquinas ou centro de trabalho na instalação. Um centro de trabalho é um sistema de manufatura na planta, tipicamente consistindo de um trabalhador e uma máquina. Ele também pode ser uma máquina automatizada sem trabalhador ou então vários trabalhadores trabalhando juntos numa linha de produção. Ele é capaz de produzir numa taxa Rp (unidades por hora) conforme definido na seção 2.4.1. Cada centro de trabalho opera por H horas por turno. A previsão de tempo de setup é incluída no Rp, de acordo com a equação 2.11. Faça S ser o número de turnos por semana. Estes parâmetros podem ser combinados para calcular-se a capacidade de produção da instalação, como: pRHSnPC Eq. (2.16) Onde: PC = capacidade de produção da instalação (unidades produzidas/semana); n = número de centros de trabalho, produzindo, na instalação e S = taxa horária de produção de cada centro de trabalho (unidades produzidas/hora). Mesmo tendo usado a semana como o período de interesse a equação (2.16) pode ser facilmente revisada para adotar outros períodos (mês, ano etc.). Da mesma forma que nas equações anteriores, nossa hipótese é de que as unidades processadas nos grupos de centros de trabalho são homogêneas e, portanto, o valor de Rp é o mesmo para todas as unidades produzidas. Exemplo 2.3 – Capacidade de produção Uma seção de tornos mecânicos possui seis máquinas, todas dedicadas à produção da mesma parte (peça). A seção opera 10 turnos por semana. O número de horas é em média 8,0H por turno. A taxa média de produção para cada máquina é de 17 unidades por hora. Determine a capacidade de produção semanal da seção de torneamento. Solução, da equação (2.16), temos: 8160170,8106 PC unidades produzidas. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 31 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 31 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Se incluirmos a possibilidade de que cada unidade produzida seja encaminhada através de no operações, com cada operação exigindo um novo setup, tanto na mesma, como numa outra máquina diferente, então a equação da capacidade da instalação deve ser completada como mostrado a seguir: Eq. (2.17) no = número de operações distintas, nas quais a unidade produzida é “roteada” e os outros termos da equação possuem a mesma denominação, conforme a equação anterior (2.16). A equação (2.17) indica os parâmetros de operação que afetam a capacidade da planta. Mudanças que podem ser feitas para aumentar ou diminuir a capacidade da planta num curto prazo, são: 1. Mudança do número de turnos por semana (S). P.ex. um turno no sábado pode ser autorizado para temporariamente aumentar a capacidade. 2. Mudança do número de horas trabalhadas, por turno (H). P.ex., fazer “horas extras” adicionais em cada turno regular deve ser autorizado para aumentar a produção. Mas, num prazo maior, as seguintes mudanças podem ser feitas para aumentar a capacidade da planta: 3. Aumentar o número de centros de trabalho (n) no chão de fábrica. Isto pode ser feito se há máquinas que estão sem uso, fazendo a contratação de novos trabalhadores. Num prazo mais longo, novas máquinas podem ser adquiridas Diminuir a capacidade é o mais fácil, exceto pelo impacto econômico e social que acarreta: os trabalhadores são demitidos e as máquinas comissionadas. 4. Incrementar a taxa de produção, Rp, fazendo melhorias nos métodos ou nos processos tecnológicos. 5. Reduzir o número, no, de operações necessárias por unidade trabalhada através do uso combinado de operações, operações simultâneas ou integração de operações. o p n RHSn PC Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 32 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 32 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Este modelo de capacidade assume que todas as n máquinas estão produzindo 100% do tempo e não há gargalos de operação devido a variações no processo de forma a inibir o fluxo suave do trabalho através da planta. Numa produção em lote, numa ferramentaria, onde cada produto possui uma sequência de operação diferente, fica indesejável de que a distribuição do trabalho ao longo dos recursos produtivos (das máquinas) exista um balanceamento mais que perfeito. Consequentemente, nelas há algumas operações que são utilizadas totalmente enquanto outras operações ocasionalmente ficam em espera, aguardando pelo trabalho. Vamos examinar o efeito desta utilização. 2.4.3 UTILIZAÇÃO E DISPONIBILIDADE Utilização refere-se à quantidade de saídas de uma instalação produtiva, em relação a sua capacidade. Sendo expressa através da seguinte equação: PC Q U Eq. (2.18) U = utilização da instalação; Q = quantidade atual de produção da instalação durante um dado periodo de tempo (p.ex., peças/semana) e PC = capacidade de produção para o mesmo período (peças/semana). Utilização pode ser calculada para uma planta inteira,uma única máquina na planta ou qualquer outro recurso produtivo (p.ex., trabalho). Por conveniência, ela é normalmente definida como a proporção do tempo que a instalação está operando em relação ao tempo disponível pela definição de capacidade. A utilização é geralmente expressa como percentual Exemplo 2.4 – Utilização Uma máquina de produção opera na capacidade máxima 80H/semana (2 turnos, de 5 dias). Sua taxa de produção é de 20 unidades por hora. Durante certa semana, a máquina produziu 1000 partes e ficou “em espera” durante o restante do tempo. Determine: Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 33 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 33 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação a. Qual a capacidade de produção da máquina; b. Qual foi a utilização da máquina durante a semana considerada. Solução: a. A capacidade da máquina pode ser determinada utilizando-se a informação de 80H/semana, como a seguir: 16002080 PC unidades/semana. b. A utilização pode ser determinada como a razão do número de partes produzidas pela máquina em relação à sua capacidade. %5,62625,0 1600 1000 UU Uma forma alternativa de calcular a utilização é pelo tempo durante a semana que a máquina foi realmente usada. Para produzir 1000 unidades, a máquina foi operada, da seguinte forma: H horapeças peças U 50 /20 1000 Utilização é definida em relação as 80H disponíveis: %5,62625,0 80 50 UU Disponibilidade é uma medida comum da confiabilidade, para o equipamento. Ela é especialmente apropriada para equipamentos de produção automatizados. Disponibilidade é definida usando outros dois termos de confiabilidade: MTBF: tempo médio entre falhas (Mean Time Between Failure); MTTR: tempo médio para manutenção (Mean Time To Repair). O MTBF indica a média do tempo corrido que uma peça do equipamento execute (trabalhe) entre as quebras (paradas). O MTTR indica o tempo médio necessário para serviço de manutenção do equipamento e sua volta à operação quando uma quebra (parada) ocorre. Disponibilidade é definida como a equação a seguir: Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 34 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 34 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação MTBF MTTRMTBF A Eq. (2.19) A = disponibilidade; MTBF = tempo médio entre falhas (em horas) e MTTR = tempo médio para manutenção (em horas). A disponibilidade é tipicamente expressa como percentual, quando é uma peça de um equipamento novo (e que ainda está sendo depurado) e depois quando ela começa a envelhecer a sua disponibilidade tende a ser menor. Exemplo 2.5 – Efeito da utilização e da disponibilidade na capacidade da planta Considere o exemplo anterior (2.3). Suponha que o mesmo dado daquele exemplo seja aplicável, a disponibilidade das máquinas é A = 90% e a utilização das máquinas é U = 80%. Com estes dados adicionais, calcule a saída esperada da planta. Solução: Da equação (2.16) anterior, que poderá ser alterada para incluir disponibilidade e utilização, conforme mostrado a seguir, temos: )( pRHSnUAQ Eq. (2.20) A = disponibilidade U = utilização Combinando os dados anteriores (Ex. 2.3) e os atuais, temos que: 5875)170,8106(80,090,0 Q unidades produzidas / semana Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 35 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 35 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação 2.4.4 TEMPO DO PROCESSAMENTO DA MANUFATURA (“LEAD TIME”) No competitivo ambiente moderno de negócios, a habilidade que tem uma empresa manufatureira ao entregar um produto para o cliente, no menor espaço de tempo possível é sempre quem permite (vencer e) levar o pedido. Este tempo é referido como o tempo de resposta (processamento) da manufatura. Especificamente, nós definimos esse tempo de resposta da manufatura (MLT, de manufacturing lead time) como o tempo total necessário para processar uma dada parte ou produto através da planta. Vamos examinar os componentes do MLT. Uma produção normalmente consiste de uma série de processamentos individuais e operações de montagem. Entre estas operações há a movimentação do material, armazenagem (estoque), inspeção e outras atividades “não produtivas”. Vamos, então, dividir as atividades de produção em duas categorias principais: Elementos operativos e Elementos não-operativos. Uma operação é realizada numa unidade trabalhada quando ela está numa máquina de produção. Os elementos não-operativos incluem a movimentação (manuseio), armazenagem (estoque) temporário, inspeção e teste e outras fontes de atraso quando a unidade trabalhada não está na máquina. Faça Tc igual ao tempo do ciclo de operação para uma dada máquina ou estação de trabalho e Tno igual ao tempo de não-operação associado com a mesma máquina. Dessa forma, vamos supor que o número de operações separadas (máquinas) através das quais a unidade trabalhada deve ser direcionada para ser processada completamente seja igual a no. Se assumirmos que é uma produção em lote, então há Q unidades trabalhadas no lote. Um setup é normalmente necessário para preparar cada máquina da produção para este produto, em particular, que requer um tempo igual Tsu. Dados esses termos, podemos definir o tempo de processamento (resposta) da manufatura como: Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 36 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 36 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação oj i nojicjijsujij TTQTMLT 1 )( Eq. (2.21) MLTj = tempo do processamento da manufatura para a parte ou produto j (minuto); Tsuji = tempo de setup para operação i (minuto); Qj = quantidade da parte ou produto j no lote, sendo processado (peça); Tcji = tempo do ciclo de operação para a operação i (minuto/peça); Tnoji = tempo de não-operação associado com a operação i (minuto) e i = indica a sequência de operação no processamento, i = 1, 2, ..., noj. A equação (2.21) de MLT não inclui o tempo que a parte trabalhada “gasta” (consome) no estoque antes dela ser incluída e iniciar na planilha de produção. Para simplificar e generalizar nosso modelo, vamos assumir que todos os tempos de setup, tempos de ciclo de operação e tempos de não-operação são iguais para as noj máquinas consideradas. Continuando, vamos supor que a quantidade do lote, de todos os produtos ou partes, processados através da planta é igual, que eles são todos processados pelo mesmo número de máquinas, então temos que noj = no. Com essas simplificações a equação (2.21) torna-se a seguinte: )( nocsuo TTQTnMLT Eq. (2.22) MLT = tempo médio de processamento da manufatura para um produto ou parte dele (minuto). Numa produção em lote, efetiva, na qual este equacionamento pretende representar, os termos no, Q, Tsu, Tc e Tno podem variar por produto e por operação. Estas variações podem ser consideradas pelo uso do peso adequado da média dos valores dos vários termos. Campus Virtual Cruzeiro doSul | 37 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 37 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação Exemplo 2.6 – M.L.T. Uma parte (peça) é produzida, num lote de 100 unidades. O lote deve ser encaminhado através de 5 operações, para estar completo o processamento das partes. O tempo médio de setup é de 3H/operação e o tempo médio da operação é de seis minutos (0,10H). O tempo médio não-operativo devido ao manuseio (movimentação), atrasos, inspeções etc. é de 7H para cada operação. Determine quantos dias levará para completar o lote assumindo que a planta opere um turno de 8H por dia. Solução: O MLT é calculado da equação (2.22): 100)710,01003(5 MLT H Trabalhando 8H/dia, temos que 100/8 = 12,5 dias. A equação (2.22) pode ser adaptada para produção em massa e produção única, numa oficina, através dos ajustes feitos nos parâmetros dos valores. Para uma oficina, em que o tamanho do lote é 1 (Q = 1), a equação (2.22), torna-se: )( nocsuo TTTnMLT Eq. (2.23) Para produção em massa, o termo Q na equação (2.22) é muito alto e, portanto, dominará todos os outros termos. No caso de produção em massa, em altas quantidades, com grande número de unidades produzidas numa única máquina (no = 1) a equação para MLT torna-se simplesmente o tempo do ciclo de operação para a máquina depois que o setup foi completado e a produção começa. Para produção em massa sequencial, toda a linha de produção é configurada (setup) adiantada. Também, o tempo não-operativo entre os passos de processamento é simplesmente o tempo de transferência Tr para mover a parte ou o produto de uma estação de trabalho para a próxima. Se as estações de trabalho estão integradas de forma que todas as estações estão processando suas respectivas unidades trabalhadas, então o tempo para completar todas as operações é o tempo que cada trabalho leva para processar cada unidade trabalhada, progredindo através de todas as estações na linha de produção. A operação com o tempo de operação mais longo ajusta o ritmo de todas as estações. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 38 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 38 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação cooro TnMáxTTnMLT )( Eq. (2.24) MLT = tempo entre o inicio e a conclusão de uma dada unidade trabalhada na linha (minuto). no = número de operações na linha; Tr = tempo de transferência (minuto); MáxTo = tempo de operação na “estação gargalo” (minuto) e Tc = tempo do ciclo da linha de produção (minuto/peça). Uma vez que o número de estações seja igual ao número de operações (n = no), a equação (2.24) pode também ser expressa como a seguinte: cor TnMáxTTnMLT )( Eq. (2.25) Onde os termos possuem o mesmo significado que na equação (2.24) acima. Somente substituímos n (número de estações de trabalho, ou máquinas) do número de operações no. 2.4.5 WORK-IN-PROGRESS (“TRABALHO EM ANDAMENTO”) “Trabalho em andamento” (WIP) é a quantidade de partes ou produtos atualmente existentes na fabrica que estão, ou sendo processadas, ou estão entre as operações de processamento. WIP é o inventário do que está no estado de ser transformado de matéria prima (produto inacabado) para produto finalizado (produto acabado). Uma medida aproximada do WIP pode ser obtida, usando os termos anteriores, como apresentado pela equação, a seguir: Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 39 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 39 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação HS MLTPCUA WIP Eq. (2.26) WIP = trabalho em andamento na instalação (peça); A = disponibilidade; U = utilização; PC = capacidade de produção da instalação (peça/semana); MLT = tempo do processamento da manufatura (semana); S = número de turnos por semana (turnos/semana) e H = número de horas por turno (hora/turno). A equação (2.26) demonstra que o nível de WIP é equivalente a taxa na qual as partes seguem através da fábrica, multiplicado pelo tempo que as partes “gastam” (consomem) na fábrica. A unidade para PC/(S.H) (p.ex., peças/semana) deve ser consistente com a unidade para MLT (p.ex., semana). WIP representa um investimento feito pela empresa, porém é um que não poderá transformar-se em faturamento, até que todos os processamentos tenham sido completados. Referência: Groover, P. Mikell, “Automation, Production Systems, and CIM”, 2nd Ed., Prentice Hall. (tradução livre do cap. 2). Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 40 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 40 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação MATERIAL COMPLEMENTAR GROOVER, M. P. Automação Industrial e Sistemas de Manufatura. São Paulo, 3ª edição, Pearson, 2011. Disponível na biblioteca virtual Pearson para alunos da Cruzeiro do Sul em http://sites.cruzeirodosulvirtual.com.br/biblioteca/login.php. (acesso em junho de 2012). Referência e sugestão de leitura de dois artigos, disponíveis online na língua inglesa: Supermarket's Futuristic Outlet (artigo online da revista IEEE Spectrum de abril de 2004) http://spectrum.ieee.org/computing/embedded-systems/supermarkets-futuristic- outlet They Know Where You Are (artigo online da revista IEEE Spectrum de julho de 2003) http://spectrum.ieee.org/consumer-electronics/standards/they-know-where- you-are Campus Virtual Cruzeiro do Sul | 41 | www.cruzeirodosulvirtual.com.br 41 Unidade: Fundamentos de Manufatura e Automação ANOTAÇÕES _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
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