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I Aula Contratos

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Contratos
- Fato jurídico x negócio jurídico
- Histórico
- “fio do bigode”
Contratos
“Contrato é lei entre as partes”
Elementos de existência dos Contratos
a) Fundamental: que duas ou mais vontades, com intuitos iguais, participem do contrato para que ele tenha validade, já que ninguém pode ser obrigado a contratar com outrem, nem consigo mesmo.
Elementos de existência dos Contratos
b) estrutural: contrato faz lei entre as partes, e somente entre elas, não podendo vincular terceiros como a lei (que vale erga omnes).
Elementos de existência dos Contratos
c) funcional: qual a função ou finalidade do contrato? O contrato exerce finalidade econômica e social representando o centro dos negócios e compondo interesses.
Conceito de Contrato
“Fonte de obrigações estabelecida por duas ou mais vontades (elemento fundamental), de acordo com a lei, autorregulamentando interesse entre as partes (elemento estrutural), cuja finalidade é adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial (elemento funcional).
Requisitos de validade e eficácia
dos Contratos
Para ter validade, os contratos precisam preencher determinados requisitos. Tais requisitos, dispostos no artigo 104 do Código Civil, são imprescindíveis para a eficácia dos contratos gerando nulidade caso constatada sua ausência. 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Requisitos de validade e eficácia
dos Contratos
São eles:
Requisitos subjetivos (relacionados aos sujeitos);
Requisitos objetivos (relacionados aos objetos).
Requisitos subjetivos
 1) Capacidade genérica dos contratantes:
	- capacidade de direito x capacidade de fato;
	- abso. incapazes (art. 3, art. 166, I) x relat. incapazes (art. 4, art. 171, I);
2) Capacidade específica dos contratantes:
	- aptidão específica para contratar;
	- falta de capac. específica gera anulabilidade.
Capacidade genérica x específica 
A capacidade genérica precisa estar presente em todas as relações negociais.
A capacidade específica somente em determinadas relações negociais, especificadas pela lei.
Requisitos subjetivos
3) Consentimento:
	- não basta capacidade, é preciso consentimento;
	- Consentimento é a concordância das partes acerca do 	contrato firmado. Pode ser expresso ou tácito.
	- se o consentimento possuir algum vício, o contrato pode ser 	anulado ou declarado nulo nos prazos previstos no art. 178.
Vícios de consentimento
De vontade = desequilíbrio entre vontade e declaração, uma das partes prejudicada.
Social = há equilíbrio entre as partes, porém, terceiros alheios ao negócio recebem-na de modo deturpado, Ex. simulação, art. 167 ou fraude contra credores, art. 158.
Espécies de vícios de consentimento
erro;
dolo;
coação;
lesão
simulação;
Fraude contra credores;
Erro
é a noção deturpada sobre alguma coisa ou pessoa, influenciando na formação da vontade. Pode recair sobre:
 
a natureza do ato: parte quer realizar um negócio, mas realiza outro. 
o objeto principal da declaração: objeto diferente daquele que a parte quer contratar. 
as qualidades essenciais do objeto: parte pensa que objeto possui uma característica, mas possui outra. 
as qualidades essenciais da pessoa: aquelas que recaem sobre a identidade física ou moral. 
Erro
Pode ser:
 
a) acidental: diz respeito às qualidades secundárias ou acessórias da pessoa ou do objeto, não induzindo à anulação do negócio jurídico. 
 
b) de direito: refere-se sobre a existência, ou não, de determinada norma (lei) que proibiria aquele negócio. 
 
c) quanto ao fim: falsa promessa de determinado fim. 
Dolo
é a intenção de alguém de obter vantagem sobre terceiro usando de artifício destinado a esse fim. Pode ser:
 
a) dolus bônus: é aumentar demasiadamente as qualidades do produto ou serviço, com o intuito de chamar a atenção para a sua celebração. Não gera anulabilidade. 
 
b) dolus malus: emprego de manobra fraudulenta objetivando prejudicar alguém. Gera anulabilidade. 
 
Dolo
c) doulus causum: é o que dá ensejo ao negócio, sem o qual, não seria celebrado. Gera anulabilidade. Ex. Propaganda de emagrecedor que não emagrece nada.
 
d) dolus incidens: é aquele onde a vítima realizaria o negócio de qualquer maneira, mas se soubesse do dolo, celebraria o contrato de outro modo. Não gera anulabilidade, somente perdas e danos. Ex. pessoa que compra carro que sofreu enchente. Se soubesse da enchente não aceitaria pagar o valor total.
Coação
 
é uma pressão física ou moral sobre a vítima, fazendo com que celebre determinado negócio que, se não fosse coagida, não faria. Gera anulabilidade
Lesão
 
ocorre quando alguém, sob premente necessidade, ou inexperiência, obriga-se a uma prestação muito desproporcional ao valor da prestação oposta. 
Só gera anulação se a parte favorecida não concordar com o reajuste do negócio
Simulação
 
é a declaração enganosa da vontade visando à produção de efeito diverso do ostensivamente indicado. 
É Iludir alguém por meio de uma falsa aparência. 
Gera nulidade ao contrato
Fraude contra credores
 
prática maliciosa do devedor que se desfaz de seu patrimônio com o objetivo de ficar livre da execução por parte de seus credores. 
Gera anulabilidade
Requisitos objetivos
A eficácia e a validade do contrato dependem da:
 
a) licitude do objeto: o objeto do contrato não pode ser contrário à lei.
b) possibilidade física ou jurídica do objeto: o contrato não pode ter objeto que contrarie as leis da física ou naturais. Tem de ser possível e existir fisicamente.
Requisitos objetivos
A eficácia e a validade do contrato dependem da:
 
c) determinação do objeto: o objeto do contrato deve ser certo ou ao menos determinável (obrigação de dar coisa incerta, por ex.) sendo estipulado ao menos o gênero e a quantidade.
d) economicidade do objeto: pelo princípio econômico das relações jurídicas, o objeto tem de poder ser convertido em dinheiro até para poder ser executado.
Requisitos formais
os contratos podem ser celebrados tacitamente ou expressamente. Assim, a forma contratual pode ser dividida em três espécies:
a) forma livre ou geral: se caracteriza através de qualquer meio lícito de exteriorização de vontade. Contratos do dia a dia, celebrados oralmente, através de gestos etc.
Requisitos formais
b) Forma especial ou solene: é aquela que a lei estabelece como requisito para a validade de determinados negócios jurídicos.
Requisitos formais
c) Forma contratual: quando as partes assim optam com o intuito de conceder maior formalismo aos contratos e aos negócios jurídicos em que a lei não determine maior rigidez (caso da escritura).
Prova da relação contratual
A forma é o meio produtor de certeza, e precisa ser:
admissível: não proibida por lei; 
pertinente: ter importância para o contrato;
concludente: capaz de esclarecer pontos controversos ou confirmar alegações feitas.
Princípios contratuais
Princípio da autonomia da vontade;
Princípio da função social do contrato;
Princípio da boa-fé;
Princípio da obrigatoriedade das convenções;
Princípio do consensualismo;
Princípio da relatividade dos efeitos do contrato;
Autonomia de vontade
- É a liberdade contratual das partes que consiste no poder de estipular livremente, como melhor lhes convier. Esse princípio implica:
a) liberdade de contratar: é a liberdade de decidir, “se” e “quando” contratar. Tal liberdade não é absoluta já que a lei impõe a obrigação de contratar (firmar contrato expresso) mesmo contra a vontade das partes (ex. compra e venda de imóvel com valor maior que 30 SM).
b) liberdade de escolher o outro contratante: é o poder da parte de determinar com quem contratar bem como que tipo de negócio quer efetuar.
Autonomia de vontade
c) liberdade de fixar conteúdo do contrato: é o poder concedido às partes
de discutir livremente as cláusulas contratuais.
d) liberdade de executar o conteúdo do contrato: é a liberdade de cada uma das partes usar do Estado (Judiciário) para fazer cumprir aquilo que foi convencionado.
Função Social do Contrato
os contratos não podem, em hipótese alguma, ferir a dignidade da pessoa humana (art. 1, III da CRFB).
trata tal princípio de harmonizar os interesses individuais dos contratantes com o de toda coletividade.
sob esse princípio que o juiz pode ordenar e reordenar os contratos (exemplo da revisão contratual).
Boa-fé
- Art. 113 e 422 CC.
- é o princípio que trata que os contratantes devem agir sempre com a boa intenção, e não com a intenção de prejudicar o outro contratante e nem a sociedade como um todo.
Obrigatoriedade das convenções
- pacta sunt servanda.
- os contratos são feitos para serem cumpridos, visto que se assim não o forem, aquele que deu causa, sofrerá as sanções.
- não haverá sanção quando:
a) as partes distratarem. Art. 472;
b) resilição contratual, onde uma das partes tem o poder para desfazer o contrato em vez de cumpri-lo. Art. 473;
c) resolução por caso fortuito ou força maior. Art. 393;
d) resolução por onerosidade excessiva. Art. 478.
Consensualismo
- é o princípio que estabelece que a simples vontade consensual das partes basta para a criação de um contrato válido. Assim, não é necessário o formalismo estabelecido pela lei nem a entrega da coisa (tradição) para que o contrato se perfectibilize, bastando a vontade consensual das partes (em regra, haja vista o art. 108 do CC).
Relatividade dos efeitos do contrato
A relatividade dos contratos não está na sua “força”, mas sim em seus “efeitos”.
Ou seja, o contrato somente vincula as partes contratantes e ninguém mais. Possui eficácia inter partis não podendo ser oponível erga omnes, salvo se se transformar em direito real (imóvel) como compromisso de compra e venda registrado no cartório de registro de imóveis, onde sua nova propriedade será oponível à todos.
esse princípio também se vincula ao objeto do contrato limitando a obrigação somente quanto à ele, não vinculando bens que não pertençam às partes.
Interpretação dos contratos
a intenção prevalece sobre a literalidade (art. 112);
os contratos benéficos (ex. doação) devem ser interpretados restritivamente (art. 114);
a transação interpreta-se restritivamente (art. 843);
a fiança não pode ser interpretada extensivamente (art. 819);
os contratos se interpretam de acordo com a boa-fé e os usos e costumes do local da celebração;
as cláusulas contratuais devem ser interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor e ao aderente (art. 47 CDC e 423);
A intenção prevalece sobre a literalidade
a) a intenção prevalece sobre a literalidade (art. 112): quando o contrato for omisso, contraditório, obscuro, ferir a boa-fé objetiva ou as regras e costumes locais, deverá ser interpretado pela real vontade das partes e não somente pela o que nele está escrito.
Bruninho & Davi (675 a. C.)
Aconteceu por acaso
Um beijo na boca
E depois um amor gostoso
A gente tinha combinado
Que se batesse a carência
Um ligava pro outro
Quem via perguntava
Se ela era minha amiga
O que é isso? é amizade colorida!
Só porque a gente mora junto
Parcelou um carro
Tem um gato e dois cachorros
Isso não é namoro!
Contratos benéficos são restritivos
b) os contratos benéficos (ex. doação) devem ser interpretados restritivamente (art. 114): Não é porque a parte está doando parte de seu patrimônio que será obrigada a doar o resto. Não é porque a parte está perdoando a dívida com alguém que vai perdoar com todos.
A transação é restritiva
c) a transação interpreta-se restritivamente (art. 843): O acordo celebrado em determinada ocasião não obriga o contratante a acordar em todos os outros contratos de que faz parte.
A fiança não pode ser extensiva
d) a fiança não pode ser interpretada extensivamente (art. 819): a fiança obrigará o fiador naquele determinado contrato e somente nele, não obrigando o fiador a garantir outras dívidas do devedor.
No respeitante ao pleito de condenação da instituição financeira ao pagamento de indenização por danos morais, impende mencionar que já pacificado, de forma remansosa, tanto na doutrina quanto na jurisprudência pátria, o entendimento no sentido de que "nos casos de protesto indevido de título ou inscrição irregular em cadastros de inadimplentes, o dano moral se configura in re ipsa, isto é, prescinde de prova, ainda que a prejudicada seja pessoa jurídica" (STJ, REsp 1059663/MS, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJe 17/12/2008)" (STJ, AgRg no AREsp 501.533/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 27-05-2014), do que não discrepa o posicionamento deste Órgão Fracionário ao também assentar que, "[...] a jurisprudência pacificou que o dano moral, na hipótese de inscrição em cadastros de inadimplentes ou protesto indevido, dispensa a comprovação do abalo anímico, configurando-se, mesmo que em face da pessoa jurídica, in re ipsa, isto é, pelo próprio fato da conduta" (TJSC, Apelação Cível n. 2012.045519-2, de Jaraguá do Sul, rel. Des. Rosane Portella Wolff, j. 13-11-2014) e, in casu, considerando que a fiança prestada pelos autores no contrato n. 030.503.239 não se presta a garantir as dívidas adquiridas após o vencimento do contrato original do pacto (13-07-2006), afigura-se ilegítima a negativação levada a efeito pela instituição financeira em 30-04-2011 (fls. 73 e 75).
Os contratos e boa-fé
e) os contratos se interpretam de acordo com a boa-fé e os usos e costumes do local da celebração: A boa-fé se presume. Para a lei, todos agem de boa-fé ao contratar e se, no local da celebração do contrato for costumeiro se contratar tacitamente (oralmente, por exemplo), tal prática valerá. 
As cláusulas nos contratos de consumo
f) as cláusulas contratuais devem ser interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor e ao aderente (art. 47 CDC e 423): Tal interpretação visa assegurar e proteger os direitos da parte economicamente mais fraca na relação negocial, caso do consumidor.
Classificação dos contratos
a) contratos considerados em si mesmos;
b) contratos reciprocamente considerados; são aqueles que objetivamente elencam critérios para relacionar um contrato em relação a outro. 
Contratos considerados em si mesmos
a) à natureza da obrigação – unilaterais, bilaterais e plurilaterais; onerosos e gratuitos; comutativos e aleatórios; paritários e por adesão.
b) à forma: consensuais, formais e reais.
c) à designação: nominados (típicos) ou inominados (atípicos).
d) ao objeto: patrimoniais; pessoais; sociais.
e) ao tempo da execução: execução instantânea; diferida; sucessiva.
f) à pessoa do contratante: pessoais; impessoais.
g) à coletividade: individuais; coletivos.
h) à transferibilidade: contratos derivados ou subcontratos. 
Quanto a natureza da obrigação
unilaterais (benéficos): aqueles em que só um dos contratantes assume obrigação em face do outro. Não há contraprestação. Ex. Doação, remissão.
 
bilaterais : aqueles onde cada um dos contratantes é simultaneamente e reciprocamente obrigado, produzindo direitos e obrigações para ambos. Ex. compra e venda, um entrega coisa, e outro dinheiro.
 
plurilaterais: aqueles onde há mais do que duas partes contratantes em um dos lados do contrato. Considera-se contrato aberto já que pode haver a inclusão ou exclusão de partes sem a necessidade de novo contrato. Ex. consórcio, compra coletiva na internet.
Efeitos dessa classificação
quando os contratantes poderão se eximir de cumprir o contratado:
 
- exceptio non adimplenti contractus: só incide nos contratos bilaterais. É o princípio onde nenhum dos contratantes, antes de cumprir os seus deveres e obrigações, pode exigir o cumprimento pela outra parte. Art. 476.
 
- exceptio non rite contractus: ocorre quando um dos contratantes cumpriu a sua obrigação,
mas de maneira diversa daquela prevista no contrato. 
Efeitos dessa classificação
quando os contratantes poderão se eximir de cumprir o contratado:
 
- legítima defesa contratual: ocorre quando um dos contratantes, com receio de que o outro não vá cumprir sua obrigação no contrato, deixa de cumprir a sua parte exigindo que o outro satisfaça sua obrigação ou dê garantias de que irá cumpri-la. Art. 477. 
- teoria do risco: consiste no risco que cada uma das partes assume caso o objeto do contrato pereça.
- condição resolutiva tácita: está implícita em todos os contratos, pois a partir do momento em que houver inadimplemento por parte de um dos contratantes, o contrato pode ser resolvido. Art. 475.
Quanto a natureza da obrigação
onerosos são aqueles que, por serem bilaterais, acarretam vantagens e ônus para ambos os contratantes. Partes assumem direitos e obrigações. 
gratuitos só há onerosidade para uma das partes ocorrendo aproveitamento somente para outra (doação).
Efeitos dessa classificação
- Hermenêutica contratual: a interpretação dos contratos a título gratuito será sempre favorável ao devedor sob o aspecto de que ele já está tendo um prejuízo, não podendo aumentá-lo ainda mais. Art. 114.
 
- Irresponsabilidade por vícios redibitórios e evicção: no caso de doação, o devedor não responde pelos vícios redibitórios (defeitos escondidos) ou pela evicção da coisa. Art. 552.
 
- Ação pauliana: enquanto o credor prejudicado precisa comprovar a insolvência e a má-fé do devedor que se desfaz de bens para não pagá-lo, nos contratos gratuitos o credor precisa comprovar somente a insolvência.
 
Efeitos dessa classificação
- Pessoalidade: enquanto os contratos onerosos podem ser pessoais ou impessoais, os gratuitos são, normalmente, intuitu personae (em razão da pessoa).
 
- Pessoais e impessoais: contrato celebrado com determinada pessoa em virtude de suas qualidades pessoais (contratação de artista famoso), diferente dos impessoais onde qualquer pessoa pode cumprir o contrato caso a outra parte não o faça.
Quanto a natureza da obrigação
Comutativos: são os contratos onerosos e bilaterais em que cada contratante é obrigado a determinada prestação (ex. compra e venda: um dá dinheiro o outro a coisa. 
Aleatórios: a prestação de uma das partes depende de um risco futuro e incerto. O acontecimento é incerto, mas previamente estipulado pelas partes
Contratos aleatórios (requisitos)
a) a aléa (sorte) só poderá incidir sobre a prestação de uma das partes;
b) a aléa deve ser expressamente prevista no contrato, já que em regra, todo contrato é comutativo;
c) a aléa não pode ser um evento meramente desconhecido, tem de ser um evento oculto e futuro.
Contratos aleatórios (diferenças em relação aos comutativos)
1- nos comutativos cada parte pode antever sua prestação assim como a da parte oposta mesmo não havendo uma igualdade econômica entre ambas já que a equivalência é subjetiva. Nos aleatórios existe o risco e a extensão indeterminada das prestações, dependendo de um evento causal, incerto e desconhecido;
2- só existem vícios redibitórios nos contratos comutativos, jamais nos aleatórios (art. 441);
3- somente nos contratos comutativos é que se pode alegar o vício proveniente de lesão, nos aleatórios não.
Quanto a natureza da obrigação
paritários: contrato formulado em igualdade de condições onde as partes podem discutir as cláusulas nele constantes exercendo a autonomia de vontade de maneira plena eliminando divergências por meio de transigências recíprocas. 
adesão: uma das partes simplesmente adere às cláusulas constantes em determinado contrato não cabendo a ela discutir suas cláusulas, mas tão somente aceitá-las na maneira em que estão.
Quanto a forma
Consensuais: são aqueles que se perfazem pela simples manifestação de vontade das partes não sendo exigida nenhuma ordem jurídica especial para sua celebração nem a entrega da coisa à outra parte.
formais: são aqueles onde a lei exige determinada forma sob pena de não serem válidos: podem ser ad solemnitatem: a forma é elemento de validade (art. 108) e ad probationem tantum: a forma é um elemento de prova do contrato (art. 227).
Reais: são aqueles que se ultimam somente com a entrega da coisa por um dos contraentes ao outro. O mero acordo entre as partes é insuficiente para tornar perfeito o ajuste, gerando apenas um pré-contrato.
Quanto à designação
Nominados (típicos): são aqueles que possuem nomen iuris. Estão previstos e regulados pela lei. O Código Civil estabelece 23 contratos nominados.
Inominados (atípicos): são aqueles que não estão disciplinados ou regulados expressamente pelo Código Civil. São permitidos pela lei desde que não contrariem os bons costumes e a própria lei.
a) dou para que dês (dinheiro na troca de carro); b) dou para que faças (dinheiro para serviço); c) faço para que dês (serviço em troca de dinheiro); d) faço para que faças (serviço em troca de serviço).
Quanto ao objeto
- contratos patrimoniais, são aqueles cujo objeto atinge o patrimônio das partes, agregando ao de um, diminuindo o de outro. Ex. compra e venda.
 
- contratos pessoais, são aqueles cujo objeto implica na prestação do contratante ou de terceiro em seu lugar (salvo nas obrigações de fazer personalíssimas). Ex. prestação de serviços.
 
- contratos sociais, são aqueles que visam o interesse coletivo. Ex. contrato de trabalho.
Quanto ao tempo da execução
- execução instantânea: são aqueles que se cumprem por uma única prestação, em um só instante. Ex. compra de televisor nas casas Bahia.
 
- execução diferida: são aqueles que se cumprem por uma só prestação, em um só instante, porém a prestação prorroga-se no tempo. Ex. Compra de carro zero, pagamento à vista e espera 15 dias para chegar o carro. Ou o contrário, onde parte recebe o bem, mas paga só em 30 dias (cheque bom para).
 
- execução sucessiva: são aqueles que a execução se perpetua no tempo com pagamento de prestações contínuas, periódicas e sucessivas. Ex. contrato de aluguel.
Quanto a pessoa do contratante
- pessoais: são aqueles onde a pessoa contratante é considerada como um elemento fundamental para a realização do contrato. Normalmente os de obrigação de fazer. São personalíssimos. Ex. show do Luan Santana.
 
- impessoais: aqueles onde a pessoa contratante é juridicamente indiferente. Normalmente os de obrigação de dar.
 
Transmissão: só se transmitem os contratos impessoais, os pessoais não!
Cessão: os contratos pessoais não podem ser cedidos a terceiros.
 
Anulabilidade por erro quanto à pessoa: só os pessoais podem ser anulados por erro quanto à pessoa. Ex. Valdir Colsani.
Quanto à coletividade
- individuais são aqueles estabelecidos por pessoas cujas vontades são individualmente consideradas. Cada pólo do contrato pode ter mais de uma pessoa, mas a vontade de cada uma delas deve individual. Ex. contratos de nosso dia a dia.
 
- coletivos são aqueles firmados por um agrupamento de indivíduos prevalecendo a vontade do conjunto e não a individual de cada um deles. Ex. contratos celebrados por sindicato, condomínio, consorciantes. O próprio contrato social entre povo e Estado.
Quanto à transferibilidade
contratos derivados são aqueles cuja existência decorre de outro contrato. É um subcontrato com causa geradora em outro contrato. 
Ps: Aquele que transfere o contrato não se desvincula da pessoa com a qual se relacionou no primeiro, criando-se apenas uma segunda relação. Ex. Sub-locação, sub-empreitada.
Quanto à transferibilidade
o sub-contrato apresenta três requisitos essenciais: 
a) presença de 3 pessoas obrigatoriamente (as 2 partes do contrato original, onde, uma delas celebrará com o terceiro novo contrato); 
b) a celebração de um novo contrato (imprescindível que se celebre novo contrato com o terceiro); 
c) não ter natureza pessoal (os contratos
intuito personae não possibilitam subcontrato).
Quanto à transferibilidade
IMPORTANTE!!!
 o subcontrato não se confunde com cessão de contrato. Na cessão ocorre a substituição de uma das figuras do contrato, não havendo assim a figura da terceira pessoa.
Formação do vínculo contratual
1- Oferta; 
2- Negociação;
3- Proposta;
4- Aceitação;
5- Momento da perfeição do contrato.
Oferta
- É tornar pública a vontade de contratar, tirando da esfera subjetiva do indivíduo o desejo de, com outro (mesmo que incerto), celebrar um negócio jurídico.
Negociação
- exceto nos contratos por adesão, onde não há discussão de cláusulas, as partes podem e devem entabular o negócio de acordo com suas vontades. Essa fase não cria nenhum vínculo jurídico entre elas, sendo reduzida a termo para se formar a minuta do contrato.
 
- não há nessa fase obrigatoriedade contratual já que as partes não estão vinculadas àquele negócio. Mas pode haver responsabilidade quando: a) houver quebra abrupta das negociações; b) expectativa de celebração de contrato pela outra parte; e c) dano patrimonial decorrente da preparação do contrato (custas com advogado, cartório etc).
Proposta
- é a declaração unilateral, dirigida àquele que oferta algo, com o intuito de manifestar a intenção de vincular-se caso a outra parte aceite. É o início da relação contratual.
 
- manifestação de vontade das partes é sucessiva e não concomitante. Primeiro vem uma, depois a outra.
 
- proposta tem efeito unilateral, necessitando da aceitação da outra parte para que forme o contrato.
Características da Proposta
a) declaração unilateral de vontade (o proponente convida, o outro aceita ou não);
 
b) força vinculante: o proponente está vinculado àquilo que oferecer (art. 427), já que exteriorizou a intenção de contratar e fez com que o oblato [aquele que recebe a proposta] acreditasse que o contrato seria celebrado. A proposta não vincula o oblato. Proponente é também chamado de policitante) – deixa de ser obrigatória quando: art. 428;
 
c) declaração receptícia de vontade: é gerar o desejo de contratar. A proposta precisa ser dirigida ao oblato já que depende deste para a existência de um contrato. Mesmo que a proposta se dirija ao público, conjunto indeterminado de pessoas (anúncio casas Bahia), não perde a qualidade de receptibilidade. Obriga a cumprir o que ofereceu (art. 429).
Características da Proposta
d) declaração séria do negócio jurídico: a seriedade da proposta é sua qualidade. Quanto mais séria, menos discussão, cabendo ao oblato apenas anuir. Deve conter os direitos e obrigações de ambas as partes além dos efeitos do possível contrato;
 
e) declaração obrigatória de vontade: consiste na responsabilidade do proponente por tudo aquilo que ofereceu. Aqui se responsabiliza, na vinculante se obriga.
Obrigatoriedade da Proposta
- a obrigatoriedade da proposta é um ônus que recai sobre o proponente, já que ele não pode revogar ou modificar a proposta por um certo período de tempo, estipulado no contrato ou um que seja razoável para que o oblato aceita-a ou não.
EFEITOS:
a) manutenção: o proponente deve garantir a vigência de sua oferta por um prazo expressamente nela estabelecido ou um período razoável;
 
b) vinculabilidade: exceto nas obrigações personalíssimas (que morrem com o proponente) as demais recaem em seus herdeiros ou representantes, salvo se estiver no contrato o contrário.
Aceitação
- aceitação da proposta é o fecho do ciclo contratual. É quando o oblato aceita a proposta do proponente.
 
- aceitação vincula tanto proponente quanto oblato;
- é a manifestação expressa ou tácita de vontade, por parte do oblato, feita dentro do prazo, aderindo integralmente à proposta em todos os seus termos, tornando o contrato perfeito.
Aceitação
São requisitos da aceitação:
a) formalidade: exceto nos contratos solenes, a aceitação pode ser expressa ou tácita. Ex: Doador quer doar imóvel para alguém, esse alguém não precisa dizer expressamente que aceita, se passar a agir como dono, quer dizer que aceitou. Art. 539.
 
b) tempestividade: deve ser formulada dentro do prazo concedido na proposta. Caso não tenha sido dado prazo, a proposta se manterá por tempo razoável ou até que o proponente avise que não a mantém. A aceitação só vinculará as partes se manifestada dentro do prazo.
Aceitação
São requisitos da aceitação:
c) integralidade: só existe aceitação integral quando há anuência de todas as cláusulas fixadas na proposta. Caso o oblato discorde de qualquer uma delas e tente modificá-las, será ele o proponente, passando o proponente a ser oblato (inversão de propostas, volta pra fase de proposta).
 
d) obrigatoriedade: a aceitação vincula o oblato, mesmo se ele aceitou fora do prazo concedido pelo proponente, momento em que ele (oblato) passa a ser o proponente de uma nova proposta (art. 431).
Ausentes x Presentes
- O que são “ausentes” e “presentes”? A definição de “ausente” é aquela dos arts. 22 e ss.? NÃO. O ausente, aqui, é aquele que não pode declarar sua vontade direta e imediatamente. 
 
- Portanto, quando há comunicação telefônica, há proposta e aceitação entre presentes (CC, art. 428, I). E via internet? Se houver possibilidade de manifestação simultânea (chat), a proposta é entre presentes. Se não (por e-mail, fax, correspondência etc), será entre ausentes.
Retratação
- aquele que recebe a proposta pode se arrepender do negócio, desde que faça isso antes de aceitá-la (durante a proposta) ou em conjunto com ela (aceito. Não, não, não aceito). Não pode ser depois! (art. 433).
Momento de perfeição do contrato
- o momento de perfeição do contrato é aquele onde ocorre o liame jurídico, quando as duas partes estão vinculadas tanto na oferta quanto na aceitação, gerando responsabilidade para ambos.
 
- e quando o contrato se torna perfeito?
 
- proposta à presente: no momento em que o oblato aceita a proposta tornando o negócio certo.
 
- proposta À ausente (e-mail, por exemplo): valerá quando da aceitação? Da expedição da aceitação? Ou quando a aceitação chegar ao proponente?
Momento de perfeição do contrato na proposta à ausente
1) teoria da declaração: considera-se perfeito o negócio quando o oblato declara que aceita a proposta. Possui 3 subteorias:
 
a) da declaração propriamente dita: o contrato aperfeiçoa-se no momento em que o oblato formula a resposta por e-mail ou carta. Não faz sentido tendo em vista que essa aceitação ainda está na esfera pessoal, pois ele pode rasgar a carta ou apagar o e-mail. Falar para si que aceita.
 
b) da expedição: não bastaria a simples declaração de aceitação. Nessa modalidade seria necessário o envio (da carta ou do e-mail) contendo a aceitação ao proponente. Essa é a teoria adotado pelo CC (art. 434).
 
c) da recepção: nessa modalidade o negócio estaria perfeito quando o proponente recebesse a aceitação.
Momento de perfeição do contrato na proposta à ausente
2) teoria da informação: é aquela que diz que o negócio só se torna perfeito quando o proponente toma ciência da aceitação (abrindo o e-mail ou a carta). Muito frágil tendo em vista que o proponente pode ou não abrir o e-mail ou carta. 
Momento de perfeição do contrato na proposta à ausente
- ou seja, a teoria que vale é a da expedição (envio do aceite) (art. 434). Há, entretanto, situações onde o contrato, apesar de existir a partir do momento em que a aceitação é expedida, não gerará eficácia (obrigatoriedade), são eles:
 
a) quando houver arrependimento eficaz por parte de quem recebe a proposta (oblato desistindo do negócio, antes ou em conjunto com a aceitação);
 
b) quando o proponente expressamente determinar que o contrato só o vinculará caso tenha ciência da resposta, ou pelo menos, de quando recebê-la;
 
c) quando a resposta não chegar ao conhecimento do proponente no prazo convencionado (deduz-se que o oblato não a aceitou).
Conclusão
desse modo, o contrato se torna perfeito com a expedição da resposta (art. 434), e em alguns casos com a sua recepção, quando as partes assim expressamente estabelecerem.
Local da celebração dos contratos
-conforme o art. 435 o contrato considera-se celebrado no lugar em que for proposto, ou seja, onde a proposta foi expedida.
 
- a determinação do local é de extrema importância, principalmente do direito internacional privado, a fim de apurar o foro competente bem como a lei aplicável ao contrato.
 
- art. 9, p.2 da Lic: “a obrigação resultante de contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”. 
Da estipulação em favor de terceiro (aquele que gera bônus ao terceiro)
- Muito embora o contrato só faça lei entre as partes e as pessoas contratem para adquirir direitos para si, elas podem também contratar para adquirir direitos para terceiros, sem que haja qualquer representação, e em alguns casos, nem conhecimento do terceiro.
 
- para sua ocorrência são necessários 3 requisitos:
Requisitos
1) Requisito subjetivo: três pessoas destinas.
 
a) estipulante: é a pessoa que contrata em nome próprio para beneficiar terceiro. Age em nome próprio, com poder inclusive de executar o contrato;
 
b) o promitente: é o devedor que se obriga a cumprir o pactuado para com terceiro;
 
c) o beneficiário: é a pessoa a quem o contrato gerará efeitos. Não precisa sequer ter capacidade contratual, diferente do estipulante e promitente.
Requisitos
2) Requisito objetivo: o objeto do contrato é uma leberalidade, necessitando tão somente ser lícito, possível, determinável e exeqüível, implicando uma vantagem patrimonial ao terceiro.
 
3) Requisito formal: como é um contrato consensual (lei não exige forma), sua forma é livre.
Efeitos
1- entre estipulante e promitente:
 
a) o estipulante pode exigir o cumprimento da obrigação (art. 436);
b) o estipulante pode substituir o terceiro-beneficiário, sem qualquer ingerência por parte do promitente ou do próprio beneficiário (art. 438);
 
c) o estipulante pode exonerar o promitente, a não ser que o contrato só permita que o beneficiário possa fazê-lo;
 
d) o estipulante pode revogar o contrato, podendo exigir a reversão para si dos efeitos do contrato, a não ser que o contrato proíba.
Efeitos
2- entre promitente e terceiro:
 
a) o beneficiário pode exigir o cumprimento do contrato (art. 436 p.u);
 
b) é preciso haver aceitação do contrato pelo beneficiário, a fim de que possa gerar eficácia. O bem não entra automaticamente no patrimônio do beneficiário, ele precisa aceitar o bem;
 
c) o beneficiário pode renunciar os benefícios da estipulação;
Efeitos
3- entre estipulante e terceiro beneficiário:
 
a) o estipulante pode substituir livremente o terceiro (art. 438);
 
b) o beneficiário poderá ter o direito de executar o contrato, não podendo, neste caso, o estipulante liberar o promitente (art. 437), só o beneficiário poderá fazer;
 
c) a aceitação por parte do beneficiário torna o contrato perfeito e exigível.
Da promessa de fato de terceiro (aquele gera ônus ao terceiro)
- é o contrato estabelecido entre duas pessoas maiores e capazes, as quais ajustam um negócio jurídico que tem por objeto a prestação de um fato por pessoa alheia à relação contratual.
 
- a eficácia deste contrato depende da ratificação posterior da terceira pessoa que não está, a priori, obrigada a nada. (o terceiro tem de concordar).
 
Ex. Empresário que promete trazer um artista para show na cidade (não é o artista que assina o contrato, é o empresário que se obriga a trazer ele). Se o Artista não vier, o empresário responde, conforme art. 439.
Da promessa de fato de terceiro (aquele gera ônus ao terceiro)
"A promessa, feita durante a construção do Shopping Center a potenciais lojistas, de que algumas lojas-âncoras de grande renome seriam instaladas no estabelecimento para incrementar a frequência de público, consubstancia promessa de fato de terceiro cujo inadimplemento pode justificar a rescisão do contrato de locação, notadamente se tal promessa assumir a condição de causa determinante do contrato e se não estiver comprovada a plena comunicação aos lojistas sobre a desistência de referidas lojas, durante a construção do estabelecimento." (STJ, REsp n. 1.259.210/RJ, rel. Min. Massami Uyeda, j. em 26.06.2012). 
Diferença entre promessa de fato de terceiro e outros institutos
1- com a estipulação em favor de terceiro: na promessa a aceitação do terceiro necessita ser direta (óbvio já que na promessa você está obrigando alguém a algo);
 
2- com a fiança: muito embora o devedor obrigue o fiador (a pagar caso ele não pague), o contrato de fiança é acessório, enquanto a promessa é contrato principal. 
- Efeitos jurídicos
 
1- o terceiro só está obrigado se anuir expressamente aquela obrigação ao qual lhe foi imposta;
 
2- caso o terceiro venha a anuir, o devedor primário estará desobrigado (sai da relação);
 
3- caso o terceiro venha a anuir, porém deixe de cumprir a obrigação, o devedor primário não será considerado inadimplente, tendo em vista que sua obrigação é de conseguir a anuência, e não a prestação (art. 440);
- Efeitos jurídicos
4- o devedor primário não é fiador nem corresponsável perante o terceiro no cumprimento da obrigação;
 
5- o credor deverá executar o terceiro caso este não cumpra a obrigação (se o devedor primário não cumprir, ele será executado);
 
6- o terceiro não pode ficar prejudicado perante o credor caso não venha a anuir. Ex. marido que promete que mulher assinará contrato de compra de venda de bem imóvel. Ela se recusa a assinar. Desse modo o marido teria o dever de indenizar, pois não cumpriu sua promessa. Mas essa indenização seria também paga pela esposa visto o patrimônio comum de ambos. (art. 439).
Arras (sinal)
- é o pacto acessório (em dinheiro ou bem fungível) que serve como garantia dada por um contratante ao outro. Tem a finalidade de garantir a celebração do contrato, assegurando o pontual cumprimento da obrigação.
Arras (sinal)
a) confirmatório: é a regra, consiste na entrega de bem fungível feita por um contratante ao outro em sinal de firmeza do contrato, tornando-o obrigatório e visando impedir o arrependimento de qualquer das partes. O quantum entregue como sinal será descontado do preço convencionado, já que é considerado um adiantamento. Se o contrato for desfeito, a “entrada” será devolvida, devidamente corrigida, devendo a parte que deu causa arcar com as possíveis perdas e danos (art. 417).
Arras (sinal)
b) penitencial: é aquele que, havendo arrependimento implicará na perda do sinal dado (comprador), ou sua devolução em dobro (vendedor). Deve estar expressamente previsto no contrato o direito de arrependimento das partes para que o arras tenha caráter penitenciário (art. 420).
- Não pode haver indenização suplementar, pois as arras penitenciais já têm, per si, o condão de preestabelecer as perdas e danos em caso de descumprimento ou desfazimento do contrato.
Arras (sinal)
leciona Venosa que:
“em resumo, as arras penitenciais têm a função de permitir o arrependimento e substituir uma cláusula penal, antes do cumprimento do contrato. As arras, nesse caso, servem de limite de indenização: se quem as deu desiste, perde-as em favor do outro contratante; se quem as recebeu desiste, deve devolvê-las em dobro”.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
Arras confirmatória - devolução
ARRAS CONFIRMATÓRIO. NÃO CUMPRIMENTO DO CONTRATO POR CULPA DO VENDEDOR. DEVOLUÇÃO, ACRESCIDAS DE CORREÇÃO MONETÁRIA
Tem direito à devolução das arras confirmatórias o contraente que não teve cumprida a avença por culpa do vendedor devendo, entretanto, in casu, ser o valor efetivamente desembolsado acrescido apenas de correção monetária (AC n. 50.346, Rel. Des. Carlos Prudêncio).
Arras confirmatória - devolução
ARRAS CONFIRMATÓRIOS - DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO PLEITEADO POR AMBAS AS
PARTES - POSSIBILIDADE - RETORNO AO "STATUS QUO ANTE" - PLEITO DE RETENÇÃO DO VALOR – IMPOSSIBILIDADE -PROMITENTE VENDEDOR QUE DEU CAUSA AO DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO - AUSÊNCIA DE CLÁUSULA PENAL POR DESCUMPRIMENTO - DEVOLUÇÃO DO SINAL DE NEGÓCIO COM JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA (AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 983.401 - PR, rel Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 03/10/2016)
Arras confirmatória - devolução
5. Nos termos da jurisprudência desta Corte, não é possível a retenção das arras confirmatórias. Tem aplicação, na espécie, a Súmula nº 83 do STJ. Ademais, firmando a Corte local que o contrato somente previa arras confirmatórias e não as penitenciais, o exame da pretensão recursal esbarra nas Súmulas nºs 5 e 7 do STJ. (AgRg no REsp 1495240 / DF, rel. Min. Moura Ribeiro, DJe 31/08/2016).
Arras confirmatória - devolução
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RESCISÃO DE CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE BEM IMÓVEL. CLÁUSULA QUE CONDICIONA A RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS PAGAS AO TÉRMINO DA OBRA. ABUSIVIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. ARRAS CONFIRMATÓRIAS. VENDEDOR QUE DEU CAUSA AO DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO. DEVOLUÇÃO DO VALOR DO SINAL, SOB PENA DE ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. 2. As arras confirmatórias constituem um pacto anexo cuja finalidade é a entrega de algum bem, para assegurar ou confirmar a obrigação principal assumida. Por ocasião da rescisão contratual, o valor dado a título de sinal (arras) deve ser restituído ao reus debendi, sob pena de enriquecimento sem causa. (AgRg no REsp 997956 / SC, rel. Min Luis Felipe Salomão, DJe 02/08/2012).
Arras penitencial - perda
- TRATANDO-SE DE ARRAS PENITENCIAIS, A RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO SINAL, DEVIDAMENTE CORRIGIDO, PELO PROMITENTE-VENDEDOR, EXCLUI INDENIZAÇÃO MAIOR A TITULO DE PERDAS E DANOS. SUM. 412-STF E PRECEDENTES DO STJ. (REsp 34793 / SP, rel. Min. Barros Monteiro, DJe 30/03/1998).
Arras penitencial - perda
2. EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS. INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE CLÁUSULA PENAL OU ARRAS PENITENCIAL. RECURSO NÃO PROVIDO. Se no corpo do contrato não consta cláusula penal ou arras penitencial, não pode o credor reter os valores pagos, em caso de rescisão contratual. (Apelação Cível nº 1999.008418-3, rel. Des. Jorge Schaefer Martins, j. em 12/12/2002). 
Arras (sinal)
- não confundir o arras com cláusula penal! Cláusula penal é uma pena que incide sobre aquele que violar o contrato já celebrado. Arras é uma pena paga por antecipação por aquele que desistir de celebrar o contrato.
Dos vícios redibitórios (ocultos)
- aquele que adquire algo, tem o direito de usufruir dele em sua plenitude. Se a utilidade inexistir, haverá uma garantia, já que a coisa sempre deve ter a qualidade essencial da prestabilidade.
 
- conceito: art. 441.
Dos vícios redibitórios (ocultos)
A) O DEFEITO TEM DE SER OCULTO, OU SEJA, NÃO PODERIA TER SIDO FACILMENTE PERCEBIDO PELA PARTE. SE O DEFEITO ERA APARENTE, PRESUME-SE QUE A PARTE O CONHECIA E ACEITOU-O;
 
B) O DEFEITO TEM DE SER PREJUDICIAL AO USO DA COISA OU LHE DIMINUIR O VALOR, CASO CONTRÁRIO, NÃO SERÁ DEFEITO.
 
C) O DEFEITO TEM DE SER ANTERIOR À TRADIÇÃO. A REGRA É QUE A RESPONSABILIDADE SEMPRE SERÁ DE QUEM VENDE A COISA, CABENDO À ELA PROVAR QUE O DEFEITO NÃO FOI ORIGINADO POR ELA, MAS SIM PELO COMPRADOR.
Dos vícios redibitórios (ocultos)
- não confundir erro com vício redibitório. No erro o objeto está perfeito, embora diferente daquele desejado, no vício ele é imperfeito.
Dos vícios redibitórios (ocultos)
Efeitos:
a) possibilidade de o adquirente desfazer o negócio;
b) possibilidade de cobrar, além do valor pago, perdas e danos (somente se o vendedor sabia do vício) (art. 443);
c) possibilidade de o comprador exigir abatimento do preço caso não queira desfazer o negócio (art. 442).
Dos vícios redibitórios (ocultos)
- prazo para reclamar do vício redibitório:
 
- legal (art. 445): é aquele estabelecido pela lei, sendo 30 dias para coisa móvel, e 1 ano para imóvel, contados da entrega efetiva.
 
- convencional (art. 446): é a conhecida “garantia”, é livremente convencionado pelas partes, suspendendo assim o prazo legal (que passa a contar somente após terminar a convencional).
 
- não confundir com os vícios do produto no CDC. Lá os prazos são de 30 dias para bens não duráveis e 90 para bens duráveis.
Evicção
- é a privação total ou parcial de um bem por parte do adquirente por força de sentença judicial que atribua aquele bem a um terceiro, considerando-o verdadeiro titular. (Ex. embargos de terceiro).
 
- desse modo, o alienante tem o dever legal de entregar a coisa livre e desimpedida, permitindo o uso e gozo dela por parte do adquirente sob pena de arcar com as perdas e danos sofridos por aquele (art. 447 e 449).
Evicção
- as partes podem convencionar a não responsabilização pela evicção (art. 448), entretanto, caso o alienante já soubesse da possibilidade de evicção, responderá obrigatoriamente.
Do contrato preliminar
- é aquele contrato onde duas ou mais partes se comprometem a celebrar mais tarde, outro contrato, que será o principal e definitivo.
 
Ex. clássico: promessa de compra e venda.
 
- requisitos: os mesmos atribuídos aos contratos normais e definitivos (capacidade, objeto lícito, possível, determinado ou determinável). 
Do contrato preliminar
- Possui outros 2 requisitos:
 
a) o contrato preliminar deve possuir o mesmo objeto do contrato definitivo;
 
b) o contrato preliminar deverá ser registrado para que tenha eficácia (art. 463, p.u).
Do contrato preliminar
- existem 2 tipos de contratos preliminares:
 
a) contrato preliminar bilateral: onde as duas partes podem reclamar a celebração de um contrato definitivo;
 
b) contrato preliminar unilateral: é aquele onde as duas partes concordaram com sua celebração, entretanto somente uma deles poderá exigir a celebração de um contrato definitivo. Ex. cláusula no contrato de locação que estipula a preferência do locatário para efetuar a compra. Essa preferência deverá ser efetivada no prazo estabelecido no art. 466.
Do contrato preliminar
- execução: o contrato preliminar pode ser executado forçadamente (art. 465), salvo se ele for personalíssimo, caso que incorrerá tão somente em perdas e danos.
Da extinção do contrato
- é quando ele desaparece do mundo jurídico, podendo ocorrer quando:
 
a) houver imperfeição anterior ao contrato causando sua nulidade ou anulabilidade (absolutamente incapaz sem representação, relativamente incapaz sem assistência, objeto ilícito, impossível, indeterminado...). Extinção forçada;
 
b) houver o cumprimento de todas as obrigações contratuais, alcançando assim a finalidade do contrato ora celebrado. Extinção natural;
 
c) inexecução contratual, quando o contrato não é cumprido até o final. Oposto da anterior. Extinção forçada.
Da extinção do contrato
Rescisão é gênero, que comporta:
Distrato (art. 472);
Resilição (art. 473);
Resolução (art. 475).
Dos atos ilícitos (art. 186)
os atos ilícitos são  praticados pelos homens, mas produzem efeitos jurídicos contrários à lei; 
seu autor será punido financeiramente se provocou um dano, patrimonial ou moral, a outrem (186).
Dos atos ilícitos (art. 186)
Com a violação de um dever jurídico, seja ele de cumprir uma obrigação contratual ou o de não lesar ninguém, é que nasce a responsabilidade pelo dano e o consequente dever de indenizar.
E esse ônus reparatório caberá, em regra, toda vez que alguém, com culpa, causar dano a outrem, como disposto nos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Dos atos ilícitos (art. 186)
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Dos atos ilícitos (art. 186)
Desse modo, para que exsurja o dever de indenizar, caberá à parte lesada provar,
inequivocamente, que a conduta culposa do ofensor foi a responsável pelos danos por ela sofridos.
Culpa
 Culpa latu sensu
Dolo
 Imprudência
Culpa strictu sensu Negligência
 Imperícia
Culpa strictu sensu
Imprudência: é agir sem cautela, sem cuidado, de maneira diversa da esperada.
Negligência: perfaz-se por uma omissão. Age de maneira negligente quem não toma as devidas precauções.
Imperícia: Falta de aptidão técnica específica para a realização de determinada tarefa.
Não são atos ilícitos (art. 188)
- legítima defesa: repelir moderadamente injusta agressão a si próprio ou a outra pessoa;
- estado de necessidade: quando o autor pratica a conduta para salvar de perigo atual direito próprio ou alheio;
- exercício regular de um direito: consiste na atuação do agente dentro dos limites conferidos pelo ordenamento legal;
­- estrito cumprimento do dever legal: quando o autor tiver de agir e o faz de acordo com determinação legal.
Excludentes de responsabilidade civil
- culpa exclusiva da vítima, quando o agente causador não passa de instrumento do acidente;
- fato de terceiro, quando o causador do dano não é o responsável por tal (alguém empurra outro na frente de um ônibus);
- caso fortuito ou força maior 
- cláusula de não indenizar (esta no campo contratual) quando há uma estipulação expressa de isenção de responsabilidade.
Responsabilidade civil objetiva e subjetiva
objetiva: aquela que independe da comprovação de culpa, é necessário somente demonstrar o nexo causal (é a linha que liga a ação ao dano) entre a ação do agente e o dano sofrido pela vítima. 
Será objetiva conforme o parágrafo único do art. 927, ou seja, decorrente da lei (ex. art. 37 §6° da CRFB, ou art. 12 do CDC) ou quando a atividade praticada oferecer risco para o direito de outrem.
Responsabilidade civil objetiva e subjetiva
subjetiva: será aquela onde é imprescindível a demonstração da culpa, é a regra imposta no artigo 186 e 187 do Código Civil.
Nexo de causalidade
- a lei exige, para a reparação de danos, que reste comprovado que aquela conduta (ação ou omissão) do ofensor foi a responsável pelo dano sofrido pela vítima.
 
- essa linha que liga a conduta ao dano é chamada de “nexo causal”. É ela que irá provar que foi aquela pessoa que de fato causou aquele dano à outra pessoa.
 
- se não ficar comprovado o nexo causal entre a conduta e o dano, não haverá dever de indenizar!
Responsabilidade civil contratual e extracontratual
Contratual (art. 389 a 416): quando há um negócio jurídico preexistente, um contrato acordado entre as partes, por exemplo, decorrendo dele a responsabilidade.
Responsabilidade civil contratual e extracontratual
extracontratual/aquiliana (art. 186 a 188): quando o agente infringir um dever legal ou ir de encontro ao ordenamento jurídico.
Responsabilidade civil solidária e não solidária
- nem sempre quem deu origem ao dano responde sozinho por ele, momento em que a vítima poderá escolher contra quem ingressar com a ação de responsabilização, contra um devedor, ou contra todos os devedores solidários.
 
- a solidariedade não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 265 CC.
Responsabilidade civil solidária e não solidária
- nem sempre quem deu origem ao dano responde sozinho por ele, momento em que a vítima poderá escolher contra quem ingressar com a ação de responsabilização, contra um devedor, ou contra todos os devedores solidários.
 
- a solidariedade não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 265 CC.

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