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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMCA E BIOLOGIA MOLECULAR BQI 100 Lipídeos, vitaminas lipossolúveis e membranas Lanna Clicia Carrijo Introdução CONCEITO São substâncias orgânicas de origem animal ou vegetal, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos como clorofórmio e éter. FUNÇÕES √ Reserva de energia; √ Componentes de membranas celulares; √ Isolantes térmicos; √ Hormônios; √ Sinalizadores celulares; √ Componentes de sistemas enzimáticos. Classificação dos Lipídeos Outos lipídeos: Esteróides e derivados: colesterol, hormônios, vitaminas A,D, E, K Principais classes de lipídeos: Lipídeos de reserva e lipídeos de membrana Saturado: √ Sem duplas ligações √ Geralmente sólidos (TA) √ Gorduras de origem animal Insaturado: √ Uma ou mais duplas ligações √ Duplas ligações: quase nunca são conjugadas √Geralmente líquidos (TA) √Gordura de origem vegetal √ dupla ligação cis não permite rotação, torção rígida Ácidos Graxos Ácidos carboxílicos de cadeia hidrocarbonada (4 a 36 carbonos) Ácido esteárico 18:0 Ácido oléico 18:1 Δ9 Estrutura dos Ácidos Graxos Cis e Trans Ácido oléico - Cis Ácido elaídico- Trans Á C I D O S G R A X O S √ Arranjos quase cristalinos, mantidos por ligações hidrofóbicas; √ Maior estabilidade √ Maior temperatura de fusão √ Arranjos desordenados (ligação cis) √ Menor estabilidade √ Menor temperatura de fusão (menor energia térmica para desfazer o agregado) Saturados Insaturados Á C I D O S G R A X O S √ Ponto de ebulição: quanto maior o número de carbonos, maior o PE √ Ponto de fusão: quanto menor o número de carbonos e MAIOR o número de insaturações, menor o PF C e nº insaturações = PF Ácidos Graxos saturados: Geralmente sólidos (TA) Ácidos Graxos insaturados: Geralmente líquidos (TA) Á C I D O S G R A X O S Nomenclatura √ Número de átomos de carbono √ Número de duplas ligações Ácido esteárico C1 (carboxila) Ácido n-octadecanóico 18:0 C 18 Á C I D O S G R A X O S Ácido oléico Ácido cis-9-octadecenóico 18:1(9) C 9 Nomenclatura Á C I D O S G R A X O S Esqueleto carbônico Estrutura * Nome sistemático Nome comum (derivação) Ponto de fusão Alguns Ácidos Graxos de ocorrência natural: Estrutura, propriedades de nomenclatura n-dodecanóico n-tetradecanóico n-hexadecanóico n-octadecanóico Ácido n-eicosanóico n-tetracosanóico cis- 9-hexadecenóico cis- 9-octadecenóico cis,cis- 9,12-ácido octadecadienóico cis,cis,cis- 9,12,15- ácido octadecatrienóico cis,cis,cis,cis- 5,8,11,14- ácido Icosatetraenóico Ácido láurico (do latim laurus, árvore louro Ácido mirístico (do latim Mirystica, gênero da noz- moscada Ácido palmítico (do grego palma, palmeira Ácido esteárico (do grego stear, gordura dura Ácido araquídico (do latim Arachis, gênero dos legumes Ácido lignocérico (do latim lignum, madeira + cera Ácido palmitoléico Ácido oléico(do latim oleum, óleo Ácido linoléico (do grego linom, linho Ácido linolénico Ácido araquidônico Á C I D O S G R A X O S Á C I D O S G R A X O S CURIOSIDADE Os ácidos poli-insaturados linoleico (LA) e linolênico (LNA) são ácidos graxos essenciais). Sua carência nutricional pode provocar problemas graves • Deficiência do ácido linoleico (LA) (omega 6) • Deficiência do ácido linolênico (LNA) (omega 3) • Deficiência do ácido linoleico (LA) (omega 6) -erupções de pele, perda de cabelo, distúrbios de comportamento, -degeneração do fígado, degeneração dos rins, perda excessiva de líquidos através da pele acompanhada de sede, -ressecamento de glândulas, suscetibilidade a infecções, difícil cicatrização, -esterilidade masculina, aborto, artrite, problemas de coração e circulatórios, retardo no crescimento. A ausência prolongada na dieta pode ser fatal. Todos os sintomas podem ser revertidos com a regularização do consumo alimentar. Fontes de Omega 6: óleos vegetais (girassol, milho, soja, algodão). • Deficiência do ácido linolênico (LNA) (omega 3) - Retardo no crescimento, fraqueza, debilidade da visão e de aprendizado, - baixa coordenação motora, formigamento de braços e pernas e alterações de comportamento. Estes sintomas podem ser eliminados pela reposição do LNA com alimentação adequada. Fontes de Omega 3: peixes e óleos de peixe. Classificação dos Lipídeos Lipídeos de Reserva- Triacilgliceróis Os ácidos graxos livres são muito reativos e tóxicos por isto são armazenados na forma de triacilgliceróis Lipídeos constituídos por glicerol e três ácidos graxos (ligações tipo éster); Hidroxila polar do glicerol e carboxila polar do ácido graxo unidos em ligação éster: triacilglicerol não polar (neutro), hidrofóbico e insolúvel em água Principal função: reserva de energia; • Tipos: gorduras e óleos Seu alto estado “reduzido” ou baixo estado de “oxidação” os levam a ser moléculas muito energéticas usadas como reserva; Minoria contém anéis de 3 C, grupos hidroxila ou metila. Armazenamento Adipócito de cobaia Semente de Arabidopsis T R I A C I L G L I C E R Ó I S T R I A C I L G L I C E R Ó I S Hidrogenação Catalítica Vantagens do Armazenamento de Lipídeos como Reserva Energética • Átomos de carbono nos ácidos graxos estão mais reduzidos do que em açúcares → rende maior quantidade de energia na oxidação (mais que o dobro de um açúcar com mesmo nº de C) • Sendo hidrofóbicos não-hidratados são armazenados sem o sobre-peso da água de hidratação (em carboidratos = 2 g de água/g de polissacarídeo armazenado) • Mobilização: GLICOGÊNEO X LIPÍDEOS Outras funções da reserva lipídica animal além de energética - Proteção contra perda de calor em baixas temperaturas (animais polares e hibernantes) - As baleias cachalote usam a reserva lipídica do órgão do espermacete para controlar a capacidade de submersão em águas profundas 4 toneladas de óleo – ponto de fusão – congela em águas profundas frias e liquefaz em águas rasas mais quentes •No pláncton as ceras são a principal forma de armazenamento de energia. •Nas folhas e frutas, evitam a perda de água e ajudam a previnir o ataque de microorganismos. •Glândulas da pele de vertebrados secretam ceras para proteger o pêlo e a pele e mantê-los flexisíveis, lubrifricados e à prova de água. •Os pássaros (em especial os marinhos) secretam ceras de suas glândulas do bico para manter suas penas repelente à água (penas). •Cera de ouvido, para proteger contra infecção. • Aplicações – cosméticos, loções, pomadas, polidores... São ésteres de ácidos graxos, saturados e insaturados de cadeia longa (C14 a C 36), com alcoóis de cadeias longas (C16 a C30). CH3 (CH2)n CH2 C O O CH2 (CH2)n CH3 Ácido graxo de cadeia longa Álcool de cadeia longa Ceras Classificação dos Lipídeos Lipídeos estruturaisde membrana Fosfolipídeos São lipídeos que contém ácido fosfórico na sua estrutura, sendo as outras hidroxilas do glicerol estão esterificadas com AGs; Os mais importantes são também derivados do glicerol (glicerofosfolipídeos) o qual está ligado por uma ponte tipo fosfodiéster: F O S F O L I P Í D E O S Glicerofosfolipídeos São constituintes das membranas biológicas Os ác. Graxos variam: um dado fosfolipídeo pode consistir em uma coleção de espécies moleculares Alguns fosfolipídeos têm ácido graxos unidos por ligação éter Plasmalógenos são abundantes nas membranas do tecido nervoso e do coração (50% dos lipídeos do tecido cardíaco) O fator ativador de plaquetas é liberado por leucócitos e estimula a agregação de plaquetas e a liberação de serotonina. Ele também tem um papel importante na inflamação e na resposta alérgica. Galactolipídeos e Sulfolipídeos da membrana do cloroplasto - 70-80% dos lipídeos de membrana dos tilacóides de plantas vasculares - Pressão evolucionária: lipídeos sem fosfato Esfingolipídeos Constituídos por uma molécula de esfingosina – um aminoálcool de cadeia longa – ou um de seus derivados; um AG de cadeia longa, e uma cabeça polar. Os 3 primeiros carbonos são análogos aos 3 carbonos do glicerol No C-2 têm um AG em ligação amida Subclasses de esfingolipídeos: Esfingomielinas: possuem a fosfocolina ou a fosfoetanolamina como cabeça polar. Presentes em membranas plasmáticas de células animais; importantes na mielina; Cerebrosídeos: não possuem fosfato, mas um açúcar simples– são glicoesfingolipídeos ou glicolipídeos; (neutros) Globosídeos: possuem 2 ou mais açucares como cabeça polar; (neutros) Gangliosídeos: possuem estrutura complexa com cabeças polares muito grandes, formadas por várias unidades de açúcar como, por exemplo, o ácido siálico. E S F I N G O L Í D E O S Esfingomielina: membrana do axônio Glicoesfingolipídeos: - Cerebrosídeo - Globosídeo face externa de membrana plasmática Gangliosídeo: Reconhecimento para moléculas extracelulares Similaridades na forma e estrutura molecular do glicerofosfolipídeo e esfingolipídeo E S F I N G O L Í D E O S Esfingolipídeos- funções: -São constituintes de membranas plasmática dos neurônios - Sítios de reconhecimento na superfície celular. - Porção carboidratos determinam os grupos sanguíneos humanos - Outras funções desconhecidas. Os fosfolipídeos e esfingolipídeos são degradados nos lisossomos Esteróides -São lipídeos que não possuem ácidos graxos em sua estrutura; - Lipídeos estruturais de membrana presentes em diferentes organismos eucarióticos. • Colesterol em animais • Estigmasterol em plantas • Ergosterol em fungos e protozoários • Bactérias não sintetizam mas podem incorporar colesterol exógeno • Derivados do isopreno E S T E R Ó I D E S √ O excesso de colesterol no sangue é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças arteriais coronarianas, principalmente o infarto agudo do miocárdio. √ Em animais o principal é o colesterol • colesterol: esteróide importante na estrutura das membranas biológicas • atua como precursor na biossíntese dos esteróides biologicamente ativos, como os hormônios e os ácidos e sais biliares Lipídeos de reserva e lipídeos estruturais de membranas: função passiva na célula 5 -10 % peso seco da célula 80 % do peso do adipócito - (Interior) + (Exterior) Unidades individuais são em forma de cunha Unidades individuais são cilíndricas Cavidade aquosa Micela Bicamada Lipossomo Derivados dos Esteróis – Função ativa nas células • Sais biliares – agem como detergentes no intestino tornando as gorduras mais acessíveis a ação das lipases digestivas • Hormônios • Vitaminas liposolúveis • Cofatores enzimáticos: reações da CTE ou na transferência de resíduos de açúcar em reações de glicosilação • Lipídeos captadores de luz (pigmentos) Ácido Taurocólico Eicosanóides E S T E R Ó I D E S -Hormônios parácrimos -Envolvidos nas funções reprodutivas, na inflamação, febre, na secreção gástrica de ácido, dentre outros processos; -Derivados do Ácido Araquidônico 20:4 Δ5,8,11,14 1. Prostaglandinas: agem regulando a síntese de cAMP 2. Tromboxanos: agem na formação dos coágulos sanguíneos 3. Leucotrienos: sinais biológicos Ex.: induz a contração do músculo que reveste as vias aéreas do pulmão; superprodução ataques asmáticos Hormônios esteróides derivados do colesterol E S T E R Ó I D E S Ligam-se a proteínas receptoras altamente específicas e induzem modificações na expressão gênica e no metabolismo. •Testosterona: hormônio sexual masculino – testículos •Estradiol: hormonio sexual feminino – ovários e placenta •Cortisol e Aldosterona: regulam metabolismo da glicose e excreção de sal, respectivamente., sintetizados no córtex da adrenal. •Prednisolona e Prednisona: esteróides sintéticos, antiinflamatórios Vitaminas Lipossolúveis São moléculas apolares hidrofóbicas, derivadas do isopreno • Não podem ser sintetizadas em quantidades adequadas pelo organismo, devendo ser fornecidas pela alimentação. • Ingestão inadequada ou deficiências atribuídas a má absorção dessas vitaminas levam a síndromes características. • As principais são as vitaminas A, D, E e K. • Vitaminas A e D: precursores de hormônios • Funciona como hormônio; • Pigmento visual do olho dos vertebrados; • Em animais é armazenada principalmente como éteres de retinol no fígado; • Em vegetais existe como uma pró-vitamina na forma do pigmento amarelo - caroteno; Deficiência: pele seca, olhos secos (xerofitalmia), membranas mucosas secas, desenvolvimente retardado, esterilidade em animais machos e cegueira noturna. Fontes: óleo de fígado de peixe, fígado, ovos, leite, manteiga. Vertebrados: caroteno é enzimaticamente convertido em vit. A. Vitamina A • É um derivado do colesterol; • em sua forma ativa regula a absorção de cálcio no intestino, os níveis de cálcio nos rins e ossos, e os níveis de fosfato (é precursora de um homônio essencial no metabolismo desses íons);regula a expressão gênica (induz a síntese de uma proteína ligante de Ca2+) Vitamina D √ Carência de vitamina D resulta em raquitismo (devido formação defeituosa dos ossos) Vitamina D2 (ergocalciferol): formado pela UV sobre ergosterol de leveduras. Suplemento em leite e manteiga. Formada na pele: reação fotoquímica dirigida pela luz UV Não é biologicamente ativa: convertida por enzimas do fígado em 1,25- dihidroxicolecalciferol • Hidrofóbicas: associam-se a membrana celular, depósitos lipídicos e lipoproteínas do sangue; • Agentes antioxidantes; • Encontrados em ovos e óleos vegetais Carência de vitamina E: fragilidade dos eritrócitos, pele escamosa, fraqueza, atrofia muscular e esterilidade. Vitamina E Nome coletivo para um grupo de lipídeos (tocoferóis) que contém um anel aromático substituído e uma longa cadeia lateral isoprenóide. • Co-fator da coagulação sanguíneaAtravés de oxidação-redução do anel: formação protrombina ativa, enzima proteolítica que converte fibrinogênio em fibrina, essencial a coagulação sanguínea. Carência de vitamina K: (incomum em humanos) retarda a coagulação do sangue Vitamina K São naftoquinonas polisoprenóide-substituidas 1) Qual ácido graxo apresenta maior ponto de fusão, justifique e monte sua estrutura: C18:1Δ9 ; C18:2Δ9,12 ; C18:3Δ9,12,15 2) Qual a principal função biológica dos glicerofosfolipídeos e esfingolipídeos? E dos triacilgliceróis? 3) Quais são as moléculas percusoras dos hormônios esteróides nos animais, vegetais e fungos?
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