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R~ferênciasBibliográficas A PsiquiatriaSocialenglobariatrêscamposle<\ricosbemdelimitados.deacordoeomseus ohjetose seusmélodosrespectivos:I" - PsiquiarriaSocialpropriamentedita(MétodoClínico);2" - SociologiadasDoençasMentais(MétodoEstatístico)e 3"- Etnopsiquiatria(Métododo "Cross Cultural").A esterespeitoconsultarBASTIDE. SociologiadasDoençasMentais.CompanhiaEditoraNacional.S. Paulo,1967. BONNAFÉ, L. "Le milieuhospilaJierdupointdevuePsychothérapique",La Raison,1957,n" IS.p,íg.28. FOUCAUL T, M. Curso realizadono Institulode MedicinaSocial da UERJ, 1974,Ji!Conferência,púg./, mimeografado,Rio deJaneiro. S/MON, H. Vlle TltérapellliqlleP/II.I'Aelil'e L 'Hápila/P.I)'C//ialriqlle.Ed. W. deGruyter, Ber/im./929(traduçãofrancesadoHospitalPsitjuiútricodeSaint-Alban./955).-.Op.eit. SULLlV AN, H. S."Socio-PsychiatricResearch;lts /mplicationsfor theSchizothrenia Problem and for Mental Hygiene", Alllerieal/ JOlIl'11a/of Psycl/iatl:V, 1931,10,púgs.977-991. MENNINGER, W. 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TlzeDiscOIlICl/11:.:\]1/o.l'iollinMel/lll/Healtlz,AmericanPsychology.1968.23.-.Op.cit. 72 e{)YyV A y~w'V4L, 3- Asilos, alienad~sealienistas Pequenahistóriadapsiquiatrianobrasil1 PauloAmarante Introdução A leiturade "O Alienista", deMachadodeAssis, merecede nossa nartebem mais que um,ajusta admiração.É uma obra que requer um. ~ -- -- -. =- estudoprofundo,pois setratadeumretratovivo eperspicazdoprocesso de psiquiatrizaçãoe patologizaçãodo louco no Brasil, em meadosdo século XIX. No conto, Simão Bacamarte,ao voltar da Europa, com o entusiasmoe a euforia que são característicasde todos os alienistas, procuralevar a cabo a missãoque temparacom a humanidade. Após conquistaroapoiodaCâmaraMunicipal,edificasuaCasaVerde, o quelhepossibilitareunirnummesmoespaçotodosossupostosloucosde Itaguaípara,emseguida,'pesquisaro quevemaseraenfermidademental. Parte,enfim,paraaambiçãomaiorqueéadeconhecera loucuraparasobre ela intervir com certezae convicção.A loucura,entretanto,nãose deixa desvendar.Seria o alienistao alienado?interroga,perplexo,o povo de Itaguaí. Este artigo foi retomado de uma antiga id~ia. publicada em A Salide 1/0Bm.ril. Ministério da Saúde. vol. I. n!.!3.jul/set.. DF. 1983, p. 149.152. 73 História daI~iqlliatria=históriadoasilmnento Estt.:artigonãopretendereconstruira históriadapsiquiatriabrasileira,mas apenaslevantaralgumasquestões.algumasindicaçõesqueforneçamsubsídiospara sepensarestamesmahistória.Taisquestõestêmcomotraçodeuniãoo fatode resgataremascondiçõesdepossibilidadessociaisepolíticasqueabremespaçopara o nascimentodeumapsiquiatriaedesuassubseqüentesetapasdedesenvolvimento. Oe~tudod~spráticasedosdiscursosdapsiquiatriadecorredeumapreocupação coma análisee o questionamentodasarticulaçõeshistoricamenteexistentesentre instituiçõessociaisespecíficaseouniversodasrelaçõessociais. A históriadanossapsiquiatriaéahistóriadeumprocessodeasilamento'~ ahistóriadeumprocessodemedicalizaçãosocial.A ordempsiquiátrica.como veremos,éoferecidacomoparadigmadeorganizaçãomodelaràsinstituiçõesde umasociedadequeseorganiz~.Mesmotratando.ouprocurandotratar,pelavia . médica.o quelheé alheioou quenãolheé exclusivo,comodesejamalguns. Mesmoprocurandodisciplinaroquefoidemonstrado.historicamente.noseruma questãodedisbplina. \i00 _A_Loucurasóvemaserobjetode..iJ1tervençãoespecífiçaporpartedoEstado apartirdachegadadaFamíli_aReal.no iníciodoséculopassad.?1As mudanças sociaise economicas,noperíodoquesesegue.exigemmedida~eficientesdê coniiol~social.semasquaistorna-seimpossívelordenarocrescimentodascid;des e~aspopulaç_ões.ConvocadaaparficiQardessa~mpresade rebrdeDt!meE- to do espaçourbano,amedicinaterminaporde'senharoprojetodoqualemergea...- - - - -- -- - - ' psiquiatriabrasileira. - - - - - Em 1830,umacomissãoda Sociedadede Medicinado Rio de Janeiro realizaum diagnósticoda situaçãodos loucosna cidade.E a partirdesse _m_of!lentoqu~osloucospassamaserconsideradosdoentesmentais,merecedo- res,portanto.de um espaçosocialpróprio,parasua reclusãoe tratamento-=., Antes.eramencontradosemtodasaspartes:oranasruas,entreO'uesàsorte,ora ~s p~"õesec~~a~~c_orreção,oraemasilosdemendigos,oraaindanosporões dasSantasCasasde Misericórdia.Em enfermariase hospitaiseramuitoraro- encontrarumloucosubmetidoatratamento. Sohreo naseilllel110da psiquiatriano Brasil. 'er Ma~hado.Roh~rlo:Loureiro.Angda: Luz. Rogério: .\Juriey. K;Ília. DOl/ore;1Ido Nllrll/o - .\/ed;rÍlIII,\'(1(';1//e CIII/.H;III;rÜIId" I"';lflliolrio1/11Brasil. Graal.RJ. 1'I7S. o relatordaComissão,Dr. Cruz Jobim,proferea palavrade ordemque reivindicaparaamedicinaodelegatóriosobrealoucura,escrevendodestaformao destinodapsiquiatriabrasileira:umhospícioparaosloucos,- Quemsãoestesloucos?A~esparsasreferências~e sepodeencontrardemons- tramquepodemserencontradospreferentementedentreosmiseráveis,osmargi- ~aG~_~spobrese todaa~rte depárias.sãoaindatrabalhadores,camponeses, desempregadõS,fiidios,negros,"degenerados",perigososemgeralparaaordem ~úbiicã:retirant~ue,de1!lgyma..fo.ITDa.QlLPoralgummotivo,padecemdealgoque seconvencionaenglobarsobreo títulodedoençamental. }~'o_HospíciodePedro:lI,inauguradonoRio deJaneiro,naPraiaVermelha, em 1852,,-ospoucospensiopistasparticularestêmboasinstalaçi')es,jnclllSiv~_u!!1 guartomobiliado,cQmçonfOl:to,alémde..umct:iado..à.sua.inteÍ1:aqi.spo~içã<;h-MHs-e- - - - - 1 quadrogeralébemdif~~n~!- , .A críticaaohospícioeacriaçãodascolônias I Da cria ão do Hos íc'o dePedroI atéa Proclamaão da Re ública,os médicosnãopoupamcrítica~aohospício,~xcluídos~~tll~m desuadireçãoe -+ íriCOn1õ'rmãdoscoma ~sên~~deU!!1.P!o.kto'l~s.i~teDci~l.ciel!!ífico.Reivi;dicm~1 o poderinstitucionalquese'encontranasmãosdaProvedoriadaSantaCasade MisericórdiadoRiodeJaneiro,assimcomodafgreja~coma'ltiv'lpa[tic.1Da.ÇãQ.Q~~ ÍrmandadedeSãoVicente,p'ertencente~ao.s.setores.maisconser.vadme':LdoÇl,~ro:.._ Em suagrandemaiori~,osalienistascompartilhamdosideaispositivistase I republicanoseaspiramaore~onhecimentolegal,porpartedoEstado,quelegitime e autorizeumaintervençãofnaisativanocampodadoençamentale assistência psiquiátrica.S> hospíciodevhsermedicalizado,isto é, deveterem suadireçãoo \ \podermédico,parapodercqntarcomumaor anizaãoembasadaor rincí ios I técnicos.Issosetomaneces~anoparaquesepermitaalcançara respeitabilidade pública,daqualamedicinamentalcarece,devidoaoestadoemquesedesenvolve) apsiquiatrianoHospíciode:PedrolI. Mastambémparaqueo hospíciosetorne umlugardeproduçãoeconhecimento. J" J" ç Proclamadaa RepúbliGa,a psiquiatriabuscamodernizar-se.Em primeiro '\ ) lugarporqueo asilo,nosmoldesarcaicosdo Pedro11.assemelha-sedemaisÚs instituiçõesdespóticas,filhas:autênticasdoabsolutismopolítico,oqueafazdestoar do ideárioliberalveiculadonosmeiosrepublicanos.Em segundolugar.porqUé. :,11. ~-,~ x sobaégidedeumanovaordemsocialqueentãoseconstitui.apsiquiatriadeve partirparaatuarnoespaçosocial,no~spaçoondevivemas pessoas,ondese /;estruturamasdoençasmentais,e nãoselimitarapenasaoespaçocercadopelosmurosdoasilo. J _Efetivamente,comachegadadosrepublicanosaopoder,emjaneirode1890,~o Hospíciode Pedro11é desvinculadoda SantaCasa,ficandosubordinadoà administraçãopública,passandoadenominar-se ' '0NacionaldeAlienados. Locronomêsse uinteé édico-LegalaosAlienados rimeira ..JnstituiçãopúblicadesaúdeestabelecidaDelaReDública.No âmbitodaassistência sãocriadasasduasprimeirascolôniasdealienados,quesãotambémasprimeiras da AméricaLatina.Denominadasde Colôniasde São Bentoe de Condede Mesquita.ambassituam-senaIlhadoGaleão,atualIlhadoGovernador,noRio deJaneiro,edestinam-seaotratamentodealienadosindigentesdosexomasculino. Logo apósserãocriadasasColôniasdeJuqueri,emSãoPaulo,e adeVargem Alegre,nointeriordoEstadodoRio. Esteconjuntodemedidascaracterizama primeirareformapsiqu~a no Brasirquetemcõ"fnoescopoaÍlTIplantaçãodomo~eTo9~c~i'oma~~aa~slstenCta ~o-sd_oen_tesm.:..õt~ls.Hl?ssemodeloãs'lfarde-cõTôniasinspira-seemexperi'êiicias- européiasque,porsuavez,saobaseadasnumapr:ítlC'nn:ltnralcieJ]ma~quena aldeiabelga,Gee!,p;:ãõndcosdoenteseramlevadosparareceberumacuru ;;;ilagrosa,patrocinadapelaSantaDymfna,a Padroeirados Insanos.'A idéia fundamentaldessemodelodecolôniasé a de fazera comunidadee os loucos -- - .-- ...- --- -- ~ conviveremfraternalment~~l ~~~alho:...OJIabalhoé,-2ois,'ü'iTIvalor _ decisivonaformaçãosocialburguesae,comoconseqüência,passaamereceruma~ - -- - - - - - funçãonuclearnaterapêuticaasilar.-- - - -- - JoãoCarlosTeixeiraBrandão,queéoprimeirodiretortantodaAssistência Médico-LegalaosAlienadosquantodoHospícioNacionaldeAlienados,caracte- riza suagestãocoma ampliaçãodosasilos.Cria, ainda,a primeiracadeirade psiquiatriaparaestudantesdemedicina(queétambémaprimeiracadeiradeclínica especializada),assimcomoa primeiraescolade enfermagem,sistematizando assima formaçãodeprofissionaisparaaespecialidade. Enfim,operíodoqueconclui-seem1920constituiumaetapadodesenvolvi- mentodapsiquiatriaemquesedestacaaampliaçãodoespaçoasilar.Nesteperíodo, noRio deJaneiroécriadaaColôniadeAlienadasdoEngenhodeDentro(1911), A cste rcspeito \cr A~I,\Rt\NTE.P.\liLU. PsiiJlIilllria Social e COlrll1ills de Aliellado,l'IIO Brasil (1830.ICJ20), paramulheresindigentes,e em 19204são iniciadasas obrasda Colônia de AlienadosdeJacarepaguá(paraondeserãotransferidososinternosdeSãoBento eCondedeMesquita,quedevemserextintas)easobrasdoManicômioJudiciário. Iodo esteprocessoiniciadoporTeixeiraBrandoencontraráemseusucessor, JulianoMoreira,umcontinuadorcompetenteeobstinado,mascomumavertente. teóricamuitomaispeculiareinovadora. DeJulianoMoreiraà LigaBrasileiradeHigieneMentaL Ao retor ~eestudo,àEuro a,JulianoMoreiraédesignadoem !90~'paraa dirigira AssistênciaMédico-LegalaosAlienados.Com ele tem continuidadeacriaçãodenovosasilos,areorganizaçãodosjá existenteseabusca de legitimaçãojurídico-pol~ticadapsiquiatrianacional.Essalegitimaçãodáum passoimportantecompromulgaçãodaLei nQ1.132,de22dedezembrode 1903, quereorganizaaassistênciaaosalienados. JulianoMoreiraocupaestadireçãopor27anos,até1930,quandoédestituído peloGovernoProvisóriodeGetúlioVargas.Porsuaobrapráticae teórica.passa a serconhecidocomoo MestredaPsiquiatriabrasileira.~Moreiratrazpara o Brasil a escolapsiquiátricaalemã,quetomao lugardominanteatéentão ocupadopelaescolafranc~sa,vindanabagagemdeTeixeiraBrandão. A vinculaçãodapsiq1)iatriabrasileiraàcorrentealemãtemum impor- tante§ignificadQqJ.la~ discuss.ão..e.tioJógiClLdas.dJ)eQçasmental__'s.O- . biolo!!:icismo,tencif\nr.i:lrirf>nOlT1WilptedlLtr..ildLçã.Qal.llli1ii-,-passaa~licar :. I nã02.ó_éLorige.nLda~ças-m6flt-a-i.s,mas-t-a-m-I;H~m-lUUitos_dOLfal~ a~p.ectosétnicos, éticos, p:olíticos e ideológicos 'de mlÍltiplos f>Vf>ntosso- CiaiS. , l ;~i ~ É bastanteinteressanteo discurs~pronunciadopeloDr,RodrigucsCaldas.entãodirelOrdasColôniasda Ilhae primeirodiretordaColôni::ideJacarepaguá.Eis umtrechododiscurso.quandosolicitaaoMinistro daJustiçae NegóciosInteriores':aremodelaçãodasnormasassistenciais.coma "promulgaçãolIe urna novalegislaçãonaqualserãores~lvidosdelicadosproblemasalUaislIe higieneedefesasocialpertincntcs aosdeveres110Estadoparacomostaradosedesvalidosdefortlma.docspíritooudocaráter.paracomos mendicantesociosose errabundo~.paracomos ébrios.loucose menoresrctardados.oudelinqÜcntcsou abandonallos.assimcornoparaosindesejáveisinimigosdaordeme110bemplíblico.alucinadospelodelírio vermelhoe fanático das sang~ináriase perigosíssimasdoutrinasanarquistasou comunistas,do maximalismoou bolchevismo,<faldas.Rodrigues."Discurso Pronunciadono Lançamenloda Pcdra FundamentaldasNovasConstru~'PesdaColôniadeAlienadosdcJacarcpaguá.em29lIe maiode 1')20" In ArquivosBI'lI,\'ileiro.\'deNellriairille I',\'iqllialrill.ano11.n~2, 1920.RJ. 77 Em 1923.GustavoRieuel fundair Liga BrasileiraueHigieneMental, com a qual se cristaliza o movimentoua higiene mental.f\. carta dos princípiosdaLiga constituiumprogramade intervençãonoespa~ocial, ~ caractell.'itícasmâfc.auÜillê'iíteeugenistas,en )"-'.. s antilibÚ.ais~- racistas.) AtravésdaLiga Brasileirade HigieneMental.a psiquiatriacoloca-se defi;;-itivamente;~detesa~oEstado, levandg-o'.!.-lll1-;aa<iãori~orosade _controle~oci~1e reiY.i.lliJicnDC!Q,P-llJacdaJn~:iJ:u.'l...lJ.mJJli!.iQIRQders!eInter- ~. A psiquiatrianãose limitaa estabelecermoue/osideaisdecomporta- mento individual, mas retendera recupera'ão de "raças", a pretendera constituiçãode coletividadessadias.,Çom o movimentoda eugenJa. o aSIlopassaa contarcomumanova ideologiaqueo fortaTece:-ã p"iqÚJalria.deveoperarareproduçãoidealdoCOl1]lliiiÕsocIalqu~:;e'11110- ximadeumaconcepçãomodelardanaturezahumana.Umespaçoeugênko, ~épticõ.""dero-r~allda~.- A emdoschoquese t7psiqllit7trit7c0111unitárit7 ~os 30,apsi~iatri',!.J?arecetel:..fin<11rnente_encontradoa tãoprocurada curaparaasdoenças-I~entais.É grandeoentusiasmocomadescobertadochoque- insulínico,do choquecardiazólico,daeletroconvulsoterapiae daslobotómias; TécnicasnovasquevêmsubstituirouamaJarioterapia.ouodescabidoempirisrl1o, A psiquiatriatorna-semaispoderosa.e o asilamentomaisfreqüente.Em meadosdadécadade40,o HospícioNacionaldeAlienadosétransferidodaPraia VermelhaparaoEngenhodeDentro.ondecontacomnovasinstalações,dasquais destacam-sea ampliaçãode vagase os modernoscentroscirúrgicosparaas promissoraslobotomias. .J'ladécadade50,fortalece-seesteprocessodepsiquiatrização,comoapare- cimentodosprimeirosneuroléPticos.Emboratenhamsuaimportanteparcelaue -Contribuição.cumprelembrarqueasmaisimportantesinovaçõesnocampodas reformaspsiquiátricas,aexemplodascomunidadesterapêuticas,dasexperiências ..\ rc,pc"" ua Liga. \cr (',,,ta. JuralldirFrclrc,Ifislorlll tltI1'.\';'/IIIÚlrÜI110IIm.fi/: VIII COI"/<''d<,o/tÍgiro, ('.11111"'"RJ. Y cd., IlJS I. Je 1l00l-restraillt.OUaindadeopelldoor,foramrealizadasantesmesmosdoadvento Jos psicotrópicos.Poroutrolado,cumpreobservarqueo furorfarmacológicouos psiquiatr~á ori~ma...!:!m'!..E0stur~()usodos~dicarnentosQuenemsempreé ..tecnicamenteorientada",muitasdasvezes_utiliwd()])a(lCnasel]]decorrênciaua- -- . .-- - ~ I~ssãodaprollli&.a!!<lliindustrial,muitasdasvezesporignorânciaquantoaosseus efeito~ouàssu.as.limi1açõe~quando..não-comQmec.illlismodereJ?!:..essãoeviolên- Lia.ou,ainda,comonocasodosmanicômios,como fitodetornara internação maistoleráveleosenfermosmaisdóceis. E, a bemdaverdade,aassistênciapsiquiátricacontinuaaserprestada.nos anosqueseseguem,quasequeexclusivamenteporestruturasmanicomiais.Seas novastécnicasserviramparaaumentara demandae produzirnovosclienres. principalmentenoquetangeàassistênciaprivada,emnadacontribuíramsejana Jesospitalização,sejanadesinstitucionalização.t A partirdo fim da SegundaGuerraMundial.surgemtambé~variadas experiênciasdereformasps'quiátricas,dentreasquaisdestacam-seasdecomuni- a esterapêuticas,depsico rapiains_titucional,depsiquiatriadesetor,depsiquia- trrapreventivaecomunitár!p,dean!ipsiguiat!"ia:.gepsiql~iatri~dem,?c!ática,par~ -ficar apenã.'inasmaTs-importantes..:Uma característicacomuma todasestas ~xpenenclasnotiraslleasuamarginalidade.Sãoexperiênciaslocais.referidasaumou outroserviço,a um.ououtrogrupo.Tão Ümargemdaspropostase dos investimentospúblicosefet~vos,quesuasmemóriassãodedifícil,senãoimpossí- vel,resgate. Muitodesteinsucesso:deve-seà forteoposiçãoexercidapelosetorprivadoI que,e,mfrancaexpansão,parsaacontrolaroaparelhodeEstadotambémnocampodasaude. ! .,, I ti ~ J. f! f I A privt7tizt7ção11t7psiqllintrit7 I I." Nadécadade 'iae Jensões. ~cria o o InstitutoNaciol)aldePrevidênciaSocial(lNPS). O Estadopassaa comprarse~os p~iquiátricosdCUie.tQIf2liyadoe.aoserprivatizaJagrandeparte: t[iêConomia,oEsta<:!.9concA~1nosetorsaúdepressõessociãíscomo interesse~k lucroporpartedQ!i~mpresários.A doençamentaltorna-se.definitivameme.um objetodelucro,u~amercaüoria.Ocorre.assim.umenormeaumentociomílllL'I:;-;I devagaseJe internaçõesemhospitaispsiquiátricosprivados.princlpal1nenLL11()~ ~ grandescentrosurbanos.Chega-seaopontodeaPrevidênciaSocialdestinar97% dotã[. " . ..;... . .,.- snaredehos italar. As propostasmaisinovadoras,ou pelomenosaquelasquebuscamuma alternativanãomanicomial,mesmopartindodeorganismosoficiais,comoéocaso dosplanosdepsiquiatriapreventivaecomunitária,edecomunidadesterapêuticas, aexemplodoPlanoIntegradodeSaúdeMental(PISAM),alémdeoutraspropostas de atençãoprimária,encontramdificuldadessérias,sejapor nãoenfrentarem adequadamentea idéiadasuperaçãodosasilos,sejapelabarreiraderesistências levantadapejosempresáriosesuasrepresentaçõesnoaparelhodeEstado. Estemodeloprivatizante(emtodoosetorsaúde.enãoapenasnosubsetor saúdemental)é detalformatãoviolento.concentrador,fraudulentoe ganan- cioso.quecontribuicomparcelasignificativaderesponsabilidadeparaacrise institucionale financeiradaPrevidênciaSocialquesedeflagrano iníciodos anos80. EstacriselevaoEstadoaadotarmedidasracionalizadorasedisciplinado- rasdosetorprivado,aoladodemedidasquevisamreorganizarosetorpúblico paraocuparumaparceladaassistênciapúblicaatéentãodelegadaaosserviços, comprados.Assim,é implantadooprocessodeCo-GestãoentreosMinistérios daSaúdeedaPrevidênciaSocialeé tambémcriadooConselhoConsultivoda Administraçãode SaúdePrevidenciária(CONASP), esteúltimoresponsável pelaelaboraçãodeumplanode reorientaçãodaassistênciapsiquiátrica,que fica conhecidocomoo "plano do CONASP". No decorrerdesteprocesso, surgemasAçõesIntegradasdeSaúde(AIS), osSistemasUnificadoseDescen- tralizadosde Saúde(SUDS) e o SistemaUnificadode Saúde(SUS), cujos princípios mais importantessão inscritosnaConstituiçãode 1988,ainda emvIgor. Desteúltimomomento,destacam-seastendênciasà descenrralização,a fTIunicipalizaçãodasaçõesdesaúde,a participaçãodesetoresrepresentativos da sociedadenaformulaçãoe gestãodo sistemadesaúde,processoesteque estáemcurso.comasidasevindasprópriasdaconstruçãodademocracia.Um outroaspectomereceatençãoespecial:a definiçãodefinanciamentodo setor públicode saúde.Dentreas conseqüênciasmaisimportantesdestadefinição estáo surgimentode novasgeraçõesde técnicose usuáriosquetêmespaço, possibilidadese condiçõesde criaçãoe invençãoda assistênciano serviço público,o queatéentãonãovinhaocorrendo. 80 , - r Osnovostemposdadesinstitucionalização Em 1987,o MovimentodosTrabalhador.ese.m-.S.aúdeMentalassume-se enquantoummovimentosQrial~penas detécnicoseadministradores.elança o lema''PorumaSociedadesemManicômios".O lemaestratégicoremeteparaa socIedadea dIscussãosobrea loucura,a doençamental,a psiquiatriae seus manicômios.No campoprático,passa-seaprivilegiaradiscussãoea adoçãode experiênciasdedesinstituclOnahzaçao.Esta,implicaIIÚUupcllasnumprocessode desospitalização,masdeinv~n'iãod~er:.á~ic~s_assístencTa~r~ltona~s;umproces- sopráticodedesconstruçãodosconceitosedaspráticaspsiquiátricas. Nestecontexto,surgeo projetode lei 3657/89que,ao propora extinção progressivadoshospitaispsiquiátricosesuasubstituiçãoporoutrasmodalidades epráticasassistenciais,desencadeiaumamplodebatenacional,realmenteinédito, quandojamaisapsiquiatriaestevetãopermanenteeconseqüentementediscutida poramplossetoressociais.Em muitascidadeseestados,aconteceumprocesso muitoricodeexperiênciasinovadorasempsiquiatria,decriaçãodeassociaçõesde psiquiatrizadose de familiares,e de aprovaçãode projetosde lei de reforma psiquiátrica. 81 W' Bibliografiaesugestõesdeleitura MACHADO. Roberto.et.aI.DanaçãodaNorma:MedicinaSocialeCOIlstiwiçÜodaPsilfuia. Iria noBrasil.Graal.Rio deJaneiro.1978. MARTELLI. D. Psiquiatriae ControleSocial.Vozes.Petrópolis.1983. MEDEIROS. TúcitoAugusto."FormaçãodoModeloAssistencialPsiquiátricono Brasil". TesedeMestrado- InstitutodePsiquiatria/UFRJ.RiodeJaneiro.1977. MELLO. CaelosGentilede.O SistemadeSaúdeemCrise.CEBES/HUCITEC, SP. 198I. MELLO. 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