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Análise de contrato de seguro de veículo

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UNVERSIDADE PAULISTA – UNIP
 DIREITO - 1° SEMESTRE DE 2017
ATIVIDADES PRATICAS SUPERVISIONADAS
CONTRATO DE SEGURO 
ASSIS
2017
SUMÁRIO 
Introdução ............................................................................................03
Desenvolvimento .................................................................................04
Conclusão, bibliografia........................................................................09
INTRODUÇÃO
No seguinte trabalho será analisado o caso concreto apresentado sob a luz do Código Civil e demais legislações pertinentes e jurisprudências assim como serão analisados e defendidos tanto os argumentos a favor da empresa seguradora, quanto a favor do segurado Marco Antônio João, que sendo proprietário de um veículo para uso próprio, contratou seguro junto à Seguradora Felicidade Total para se prevenir de danos decorrentes de furto, roubo, colisão e incêndio. Acontece que Marco Antônio perdeu o emprego e não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho. Preocupado com o sustento da família ele começou a trabalhar como UBER, utilizando seu veículo para essa finalidade. Na segunda semana de trabalho Marco Antônio sofreu um grave acidente de trânsito que resultou na perda total do veículo. A seguradora concluiu que não poderia haver pagamento de indenização pela perda total do veículo, uma vez que o segurado estava utilizando o automóvel para destinação diversa daquela declarada no momento da contratação do seguro. Fundamentou a negativa no Código Civil.
Marco Antônio João é proprietário de um veículo para uso próprio e, contratou seguro junto à Seguradora Felicidade Total para se prevenir de danos decorrentes de furto, roubo, colisão e incêndio. Acontece que Marco Antônio perdeu o emprego e não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho. Preocupado com o sustento da família ele começou a trabalhar como UBER, utilizando seu veículo para essa finalidade. Na segunda semana de trabalho Marco Antônio sofreu um grave acidente de trânsito que resultou na perda total do veículo. A seguradora foi notificada do acidente, realizou os trabalhos de regulação do sinistro e concluiu que não poderia haver pagamento de indenização pela perda total do veículo, uma vez que o segurado
estava utilizando o automóvel para destinação diversa daquela declarada no
momento da contratação do seguro. Fundamentou a negativa no Código Civil.
Marco Antônio João procurou vocês como advogados.
2.1. Analisar o caso concreto de Marco Antônio João à luz dos artigos do Código Civil que regulam os contratos de seguro. 
A seguradora poderá recusar o pagamento do sinistro nas seguintes situações de acordo com os artigos:
O seguro como sendo um contrato, para que possa produzir efeitos jurídicos, deve se sujeitar aos mesmos princípios e pressupostos de validade que regem os contratos em geral, tais como autonomia da vontade, capacidade das partes (principalmente o disposto no parágrafo único do artigo 757, do atual CC), licitude do objeto e forma prescrita em lei.
2.2. Identificar o (s) artigo (s) que podem ter servido de sustentação para a negativa da seguradora.
Os artigos que podem ser usados pela empresa de seguros para embasar o não pagamento do prêmio a Marco Antônio João são os seguintes:
Art. 422 do Código Civil: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”
Art. 762 do Código Civil:” Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro.”
Art. 766 do Código Civil: “Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.”
Art. 768 do Código Civil: “O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do contrato.”
Art. 769 do Código Civil: “O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé.”
2.3. Pesquisar julgados favoráveis à tese de Marco Antônio João, ou seja, de que o pagamento da indenização é devido.
 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RECURSO ESPECIAL Nº 1.340.100 - GO (2012/0173875-5)
EMENTA: RECURSO ESPECIAL. CIVIL. SEGURO DE AUTOMÓVEL. QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE RISCO. INFORMAÇÕES INVERÍDICAS DO SEGURADO. USO E DESTINAÇÃO DO BEM. INTERFERÊNCIA NO PERFIL DO CONDUTOR. PAGAMENTO DE PRÊMIO A MENOR. MÁ-FÉ. CONFIGURAÇÃO. PERDA DO DIREITO À GARANTIA NA OCORRÊNCIA DO SINISTRO. EXEGESE DOS ARTS. 765 E 766 DO CC.
1.O contrato de seguro é baseado no risco, na mutualidade e na boa-fé, que constituem seus elementos essenciais. Além disso, nesta espécie de contrato, a boa-fé assume maior relevo, pois tanto o risco quanto o mutualismo são dependentes das afirmações das próprias partes contratantes.
 2. A seguradora, utilizando-se das informações prestadas pelo segurado, como na cláusula de perfil, chega a um valor de prêmio conforme o risco garantido e a classe tarifária enquadrada, de modo que qualquer risco não previsto no contrato desequilibra economicamente o seguro, dado que não foi incluído no cálculo atuarial nem na mutualidade contratual (base econômica do seguro). 
3. A má-fé ou a fraude são penalizadas severamente no contrato de seguro. Com efeito, a fraude, cujo princípio é contrário à boa-fé, inviabiliza o seguro justamente porque altera a relação de proporcionalidade que deve existir entre o risco e a mutualidade, rompendo, assim, o equilíbrio econômico do contrato, em prejuízo dos demais segurados. 
4. A penalidade para o segurado que agir de má-fé, ao fazer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta pela seguradora ou na taxa do prêmio, é a perda do direito à garantia na ocorrência do sinistro (art. 766 do CC). E assim é porque o segurado e o segurador são obrigados a guardar, na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes (art. 765 do CC).
 5. Apenas se o segurado agir de boa-fé, ao prestar declarações inexatas ou omitir informações relevantes, é que o segurador poderá resolver o contrato ou, ainda, cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio, sem prejuízo da indenização securitária.
 6. Retirar a penalidade de perda da garantia securitária nas fraudes tarifárias (inexatidão ou omissão dolosas em informação que possa influenciar na taxa do prêmio) serviria de estímulo à prática desse comportamento desleal pelo segurado, agravando, de modo sistêmico, ainda mais, o problema em seguros de automóveis, em prejuízo da mutualidade e do grupo de exposição que iria subsidiar esse risco individual por meio do fundo comum. 
7. Recurso especial não provido.
 ACÓRDÃO
 Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide A Terceira Turma, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, João Otávio de Noronha e Paulo de Tarso Sanseverino votaram com o Sr. Ministro Relator.
 Brasília (DF), 21 de agosto de 2014(Data do Julgamento) 
 Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva
 Relator
TJ-SC - Apelação Cível AC 554085 SC 2010.055408-5 (TJ-SC)
Data de publicação: 05/10/2011
Ementa: SEGURO DE VEÍCULO. FURTO. CLÁUSULA PERFIL. NEGATIVA DE COBERTURA. SINISTRO OCORRIDO EM LUGAR DIVERSO DO CONSTANTE NA APÓLICE COMO DE CIRCULAÇÃO HABITUAL DO AUTOMÓVEL. ALEGADAQUEBRA DE PERFIL.APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA MÁ-FÉ DO SEGURADO AO PREENCHER O QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE RISCO. DEVER DE INDENIZAR. Quando se trata de contrato de seguro, as relações contratuais securitárias encontram-se ao abrigo do Código de Defesa do Consumidor, conforme inteligência que dimana do artigo 3º, § 2º. A fundamentação genérica utilizada para a negativa de cobertura do seguro não pode servir de norte para afastar o pagamento da indenização. É de ser relevado que a cobertura do risco contratado é o objeto primordial do seguro, onde a ocorrência do evento danoso (furto) enseja o dever de indenizar, mormente pela ausência comprovação da má-fé ou agravamento do risco pelo segurado, quando do preenchimento do questionário de avaliação de risco. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. TERMO DE INCIDÊNCIA. A correção monetária, na ação de cobrança de indenização de seguro, tem como termo inicial o momento da recusa da seguradora no cumprimento da obrigação. Na esteira da inteligência que dimana do art. 405 do Códex Civil Brasileiro, contam-se os juros de mora a partir da citação. SENTENÇA MANTIDA.
TJ-PA - APELAÇÃO APL 200930116668 PA (TJ-PA)
Data de publicação: 18/11/2014
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO. PRESCRIÇÃO NÃO OCORRÊNCIA. SEGURO DE VEÍCULO. FURTO. CLÁUSULA PERFIL. NEGATIVA DE COBERTURA. SINISTRO OCORRIDO EM LUGAR DIVERSO DO CONSTANTE NA APÓLICE COMO DE CIRCULAÇÃO HABITUAL DO AUTOMÓVEL. ALEGADA QUEBRA DE PERFIL. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA MÁ-FÉ DO SEGURADO AO PREENCHER O QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE RISCO. DEVER DE INDENIZAR. Quando se trata de contrato de seguro, as relações contratuais securitárias encontram-se ao abrigo do Código de Defesa do Consumidor, conforme inteligência que dimana do artigo 3º, § 2º. A fundamentação genérica utilizada para a negativa de cobertura do seguro não pode servir de norte para afastar o pagamento da indenização. É de ser relevado que a cobertura do risco contratado é o objeto primordial do seguro, onde a ocorrência do evento danoso (furto) enseja o dever de indenizar, mormente pela ausência comprovação da má-fé ou agravamento do risco pelo segurado, quando do preenchimento do questionário de avaliação de risco. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
2.4. Escrever um texto de até 80 linhas sustentando a defesa de Marco Antônio João, no sentido de ser devido o pagamento da indenização e por quais razões.
Marco Antônio João fez um seguro para seu veículo em caso de furto, roubo, colisão e incêndio.
No entanto, Marco ficou desempregado e passando dificuldades pela falta de emprego que afeta todo o país, tendo uma família para sustentar Marco não viu outra opção a não ser trabalhar por conta como UBER, empresa essa que tinha por finalidade de transportar passageiros, para poder garantir a sustentação de sua família, esse emprego como autônomo o ajudará com as custas familiares. Mas ocorreu que na segunda semana de serviços prestados como UBER Marco sofreu um gravíssimo acidente que lhe resultou a perca total de seu veículo.
Acontece que no momento da contratação do seguro Marco pode não ter relatado que utilizava seu veículo para esse tipo de atividade, ressaltando que o mesmo não o fez por má fé, almejando pagar um valor mais barato pelo seu seguro, na verdade foi que a situação em que ele se encontrava que o levou a praticar essa atividade profissional com seu veículo e a lei prevê em seu artigo 766 CC uma exceção à regra: 
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.
Devemos sempre avaliar a boa-fé do segurado e no caso de Marco ele agiu de Boa fé, movido por uma situação em que ele teve que usar seu veículo para cunho profissional por não haver outro modo de sustentar sua família. Ele nunca teve a intenção de dar o golpe na seguradora, pois ele se encontrou em uma situação que teve que agir com urgência para manter a sobrevivência familiar. Pelo fato dele não conseguir arrumar outro emprego acabou tendo que recorrer ao serviço de autônomo e assim utilizando-se de seu veículo e isso foi algo que ocorreu depois do contrato já ter sido assinado e não sabendo ele que no futuro tivera que usar se veículo para fins de trabalho.
Marco foi vítima das circunstâncias que o levaram a fazer o que fosse preciso para manter sua família e ele não deve ser punido por isso, muito pelo contrário ele deve sim receber o seguro para que assim ele não fique desamparado e possa voltar a trabalhar para sustentar sua família.
CONCLUSÃO
Conclui-se do trabalhado apresentado que a empresa seguradora, amparada pela lei, tem o Direito de se negar a pagar o prêmio a Marco Antônio pela omissão mencionada. Ocorre que, como advogados do segurado, buscaram-se alternativas para que o mesmo não saísse totalmente lesado, pois é possível auferir na lei preceitos que lhes são favoráveis. Como todo bom advogado, não se deve dar uma causa por perdida, quando se possui na lei, algum comando que possa reverter a situação. Os contratos hoje, não mais são regidos apenas pelo “pacta sunt servanda”, pois também devem obedecer preceitos e princípios constitucionais, outras leis como o Código de Defesa do Consumidor, etc; sendo um contrato mais humano.
4. Referências
www.oabsp.org.br/comissoes2010/direitosecundario/jurisprudencia/stj.pdf/downloads
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=ALEGADA+QUEBRA+DE+PERFIL

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