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DIREITO CIVIL II 2ª unidade

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DIREITO CIVIL II – Maurício Requião
PLANO DA VALIDADE
Validade X Invalidade: já verificado dentro do mundo jurídico, ou seja, válido ou não válido é algo que já se define no campo do “dever-ser”, e não do “ser”. Não existem fatos naturais válidos ou inválidos. Sempre que se fala sobre validade sempre será algo relacionado a um conjunto de regras. Não haverá análise de validade em ato-fato jurídico nem fato jurídico stricto sensu, porque o direito regulamenta a ocorrência de fatos naturais, não podendo analisar a validade destes. 
No mundo do dever-ser (ato stricto e negócio jurídico) passa a ter possibilidade de ter análise de validade. Não há como criar requisitos de perfeição para o nascimento, por exemplo, porque este se constitui plenamente no mundo do ser, cabendo ao dever-ser apenas regulamenta-lo. Os negócios, por outro lado, por envolverem a vontade, o ordenamento escolhe recepcionar de uma maneira ou de outra. A vontade só é qualificada daquela maneira e só leva tais e quais efeitos porque o ordenamento diz que é assim. O ordenamento pode dizer que para aquilo acontecer, exige que sejam concretizados alguns requisitos. Desse modo, é possível trabalhar a validade.
Ato inválido: Invalidade é colocada como sendo uma situação de ilicitude, mas não é possível pensar em penalizar de invalidade algo que está sofrendo uma consequência diferente, uma consequência regular da ilicitude. 
Princípio da conservação: a ideia é que deve-se aproveitar ao máximo, o que for possível, os atos praticados, sendo analisado dentro do sistema de determinado ramo do direito. Ou seja, se existe determinado ato que, no caminho dele, há uma condição de invalidade, mas tem algo que dá para você aproveitar, pois não é afetado pela invalidade, deve-se aproveitá-lo. Trabalhado em graus diferentes em diversos ramos do direito, direito civil é severo, se ele fala que algo é nulo, é nulo e pronto, não avaliando se houve prejuízo para alguém, etc. 
Inexistência X Invalidade: Questionamento sobre o sentido de um ato inexistente e ato nulo (não vai dar no mesmo?)
Exemplos:
Artigo 48. Violar a lei, bem como ser algo feito em simulação são causas de nulidade. Mas se é nulo, o normal é que não produza efeito, mas o artigo diz que terá efeito até que seja anulado. Situação em que o ato nulo produz efeito, o que por si só já mostra que há uma utilidade entre a distinção entre inexistência e invalidade. Não há como algo inexistente produzir efeitos. 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Nota promissória, lei diz exatamente o que deve estar escrito, se não for feita exatamente desse jeito, esta será nula. Quem recebe a promissória, recebe para ter o direito de cobrar. Porém, no ordenamento, existe outro instrumento chamado confissão de dívida que não tem todos os requisitos formais da promissória, mas que serve para uma pessoa assumir que deve algo para outra. Então, se a nota promissória for nula, mas que traga os requisitos suficientes para ser compreendido, você pode pegar aquilo que seria uma promissória inválida e converter em uma confissão de dívida válida, por força do artigo 170. 
Não se pode igualar ato nulo de ato inexistente, visto que existem situações em que um ato nulo pode produzir efeito, ato nulo pode reverter em ato válido, desconstituir um ato nulo. 
A necessidade de desconstituição do ato inválido: é pacífico da doutrina que há necessidade de desconstituição do ato inválido, ou seja, é preciso excluir do mundo jurídico o ato anulável e também, em algumas espécies, o ato nulo. A desconstituição do ato nulo somente é necessária quando há dúvida em relação à nulidade, impondo-se o seu reconhecimento pelo juízo; ou, necessariamente, quando há registro público do ato jurídico, de que são exemplos o casamento e o acordo de transmissão de bem imóvel. Caso seja evidente, indiscutível nulidade e não haja registro público do ato jurídico, é despicienda sua desconstituição judicial, uma vez que esta se refere, tão somente, ao ato em si, para expulsá-lo do mundo jurídico, pois não há efeitos a desfazer. 
Pressupostos de validade do negócio jurídico – artigo 104 CC
Por força do artigo 185, esses acabam também sendo os pressupostos de validade do ato jurídico stricto sensu. 
Agente capaz: 
Artigo 104, I: para que o negócio jurídico seja válido, é preciso ter um agente capaz. Em capacidade, foi visto que isso pode se dividir em dois graus: o sujeito pode ser absolutamente e relativamente capaz. O único sujeito que é absolutamente incapaz é o menor de 16 anos.
- Capacidade X Legitimação: capacidade se relaciona com o estado do sujeito. Quando se fala de capacidade, ainda que seja uma limitação pontual, como as pessoas com deficiência, uma vez colocada aquela limitação, essa será aplicada a todas as situações que se enquadrem no quadro descrito. 
Na legitimação a análise é circunstancial. Ninguém é ilegítimo para tudo, assim como é incapaz para tudo. Há uma ilegitimação para determinada situação em virtude do contexto, da circunstância em que se está envolvido. Por exemplo, João resolve fazer um contrato de compra e venda com Maria sobre o código civil de Pedro. Esse contrato não terá nenhum problema de existência, nem de validade, porém não há a legitimidade para vender um código que não pertence a João. Não é que João não possa celebrar um contrato de compra e venda, apenas não há legitimidade para a celebração desse contrato, portanto, em relação a Pedro (dono), o contrato será ineficaz. 
A legitimidade tanto pode ter por consequência uma ineficácia ou invalidade, será uma coisa circunstancial e relacional com o ato. Não existe a possibilidade de alguém ser ilegítima para celebrar contratos, não é algo absoluto. 
Ex. Pessoa casada em um regime de comunhão de bens resolve vender um imóvel, porém precisa da outorga do outro cônjuge. Ela não é incapaz para vender o imóvel, mas dada a relação formada entre essas pessoas se não houver a autorização, falta legitimidade.
*Obs: Artigo 105: A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
Como a ideia de incapacidade é proteger o incapaz, sendo o sujeito relativamente incapaz, e sendo o ato anulável por força disso, só quem pode alegar é o relativamente incapaz. Se uma pessoa de 16 anos celebrar um contrato, só quem vai poder alegar a invalidade por força da incapacidade é ele.
Sobre a divisibilidade do objeto: João, capaz, e Maria, relativamente incapaz, celebraram um contrato com Pedro, capaz. Se João e Maria compraram algo que é divisível (10 sacos de cimento), o fato de Maria pretender anular o negócio jurídico alegando a incapacidade não vai aproveitar para João, anulando só a parte de Maria. Se o direito ou obrigação decorrente deste negócio for indivisível, vai afetar ambas as partes.
Perfeição da exteriorização da vontade:
Não é um pressuposto exteriorizado no Código.
Pode ser que mesmo alguém que é capaz, quando exteriorize a vontade, faça de modo que o ordenamento não recepcione, sendo um negócio anulável. 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. A boa-fé é a intenção do negócio; o uso do lugar de sua celebração é a ideia de que a boa-fé é um padrão flexível de lugar para lugar. 
Objeto lícito,possível, determinado ou determinável: 
Artigo 104, II: 
- Lícito: tanto no sentido da lei como o objeto imoral. Aquilo contrário ao direito. 
- Possível: possibilidade fática (contrato com um objeto impossível. Ex. pedaço do céu) ou possibilidade jurídica (lei não admite que seja feito um contrato sobre determinado objeto. Ex. Herança de pessoa viva, a herança é algo lícito, mas enquanto a pessoa que se for herdar estiver viva, não se pode fazer um contrato sobre aquilo). 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. A impossibilidade deve ser absoluta. Ou seja, no momento em que eu celebro um negócio jurídico, não se pode dizer que esse negócio jurídico é invalido por impossibilidade do objeto se ela for relativa. Ex. Se uma pessoa compra um apartamento na planta, no momento que houve a compra, é impossível entregar, pois ainda não foi construído, mas o negócio jurídico não é considerado nulo, pois aquilo irá cessar. 
- Determinado ou determinável: quando há um negócio jurídico, é necessário ou saber qual o objeto (determinado) ou já deve ter mecanismos para determinar qual será o objeto (determinável). Não se pode fazer um negócio jurídico com um objeto indeterminado, tem que se saber sobre o que versa o negócio jurídico, até para poder verificar se foi cumprido de maneira adequada. 
Forma prescrita ou não defesa em lei:
Artigo 104, III: para a maior parte dos negócios jurídicos há a liberdade de forma (não solenes). 
Alguns serão solenes: 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Outras vezes, a lei traz uma exigência de forma interna ao próprio ato, ou seja, a própria realização do ato tem em si uma exigência de forma (casamento). 
Graus de invalidade: 
Ato nulo é uma atribuição que o ordenamento faz quando quer aplicar uma sanção maior àquela conduta, ele quer que não haja nenhuma possibilidade daquele ato vir a integrar o sistema, ressalvada as exceções. 
Quando se fala de anulabilidade, o ordenamento não tem um problema em si contra aquele ato, mas ele sabe que aquele ato pode trazer problemas para sujeitos específicos. Normalmente são fatores mais pessoais. Por conta dos interesses do ordenamento é que se tem uma regulação diversa para nulidade e anulabilidade. 
Eficácia:
Do ato invalido: na regra, ato nulo não produz efeito. A regra é a ineficácia do ato nulo. Porém, existem situações de exceção (casamento putativo), em que tutelar aquele interesse de proteger a pessoa de boa-fé era mais importante socialmente do que a repulsa do ordenamento.
Não tem eficácia pretendida pelo ato, porque o próprio reconhecimento da ineficácia é um efeito. 
Do ato anulável: interesse que se pretende proteger é muito mais vinculado ao sujeito. O ato anulável, até que alguém que seja interessado venha ingressar com a ação e venha pedir uma decisão judicial para anular esse ato, ele irá produzir seus efeitos normalmente. O ato anulável, o normal é que ele produza efeito, até que seja arguida a causa de anulação e que haja uma sentença.
Extinção da invalidade: 
Quando se fala de ato nulo, não há de se falar em extinção da invalidade (o transcurso do tempo não vai fazer com que o ato nulo se torne um ato válido). Da mesma forma, se o ato é nulo, não há nada que possa feito para transformar o ato nulo em um ato válido. A nulidade do ato nulo é incontornável, não se pode extingui-la.
As partes voltam a estar no lugar que se encontravam antes da aplicação do negócio jurídico. 
Quando se fala de anulabilidade, pode-se falar em extinção da invalidade. Pode acontecer de duas maneiras: 
Convalidação: acontece quando, embora exista anulabilidade, passa-se o prazo que o que o código estabeleceu para que os interessados procurem a justiça para anulação. Se o interessado não observou o prazo legal, ficou inerte na passagem do tempo, existe uma extinção da invalidade pela convalidação. Não se pode mais reclamar nada sobre a situação de anulabilidade. 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - No caso de coação, do dia em que ela cessar; Defeito
II - No de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; 
III - No de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Na coação, o negócio jurídico é feito por “medo”, não teria sentido contar o prazo a partir da celebração do negócio, porque pode ser que a pessoa ainda esteja sendo coagida. Nos outros, o prazo começa a contar no momento do início da celebração. 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Quando não se encaixar nesses, usará o prazo da lei. Se a lei não falar nada, será o prazo de 2 anos (artigo 179). 
Sanação: será sanado o problema que causava a anulabilidade. Aquilo que era causa da invalidade vai deixar de ser. Pode acontecer através de uma confirmação (quando o sujeito que foi vítima toma conhecimento e ainda sim confirma a realização do negócio. Ex. João compra um relógio dourado achando que era um relógio de ouro, sendo, portanto, esse negócio anulável. Porém, quando descobre, ainda sim continua com a compra, sanando a invalidade do ato).
Pode ser também feito pelo assentimento posterior, que se dá quando alguém relativamente incapaz pratica um ato sem o seu assistente, sendo o ato anulável. Posteriormente, o assistente confirma o ato, sanando a invalidade. 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo.
Exceção: Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. O sujeito já sabendo que o relógio era dourado, e não de ouro, e continua a pagar, gera uma presunção que se está confirmando. 
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
Legitimação para alegação: quem pode reclamar que um ato é invalido. Difere-se em ato nulo e anulável. 
Quando nulo: interessados tem uma concepção muito mais abrangente. 
Nulidade pode ser conhecida de ofício pelo juiz, mesmo que nenhuma das partes do processo tenha reclamado algo pedindo, se houver provas nos autos de que aquele ato é nulo, o juiz deve anular o ato, mesmo sendo contra as partes. 
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
Quando anulável: na anulabilidade, ao contrário do ato nulo, não há possibilidade de o juiz reconhecer de oficio, o que está tutelando é o interesse daquele sujeito, só vai avaliar a anulabilidade se for provocado. Só os interessados diretamente afetados pelo negócio a podem alegar. Ex. se três pessoas foram enganadas por uma pessoa, dessas três, duas querem reclamar, e uma quer deixar. Essa sentença anulará o negócio para as duas, para a outra continuará normalmente. 
Mesmose a causa de anulabilidade tenha a possibilidade de afetar diversos sujeitos, ela só se aplicará para os sujeitos que reclamarem, salvo para os casos de solidariedade e indivisibilidade. Quando é solidária, por exemplo, A, B e C devem 120 reais a D, normalmente, cada um deve 40. Em uma situação de solidariedade entre os devedores (passiva), o credor pode exigir o total de qualquer um dos devedores. Se A alega uma causa para anular o negócio jurídico, a causa de anulação vai afetar o negócio jurídico todo. 
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Desconstituição do ato inválido: 
Quando se fala em negócio jurídico nulo, muitas vezes não vai precisar sequer a desconstituição. Se uma compra e venda é nula, mas ainda não foi nada entregue, não precisa haver a desconstituição, já que não produzirá efeitos jurídicos. Ela pode produzir efeitos materiais em relação às partes, mas a causa não existirá. 
Em um casamento putativo, por exemplo, precisará ter a desconstituição. Compra e venda de um imóvel com registro do novo proprietário no cartório também precisará de desconstituição (retirada do mundo jurídico). 
Já o ato anulável, até que seja alegada a anulabilidade, ele produzirá os efeitos normalmente, precisando desconstituir. 
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente. Em algumas situações, não terá como restituir as partes ao estado anterior. Em um negócio jurídico que foi prestado o serviço, não terá como “desprestar” o serviço. Nesses casos, há o pagamento de indenização. 
Causas de anulação: 
Incapacidade relativa do agente
Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores (Defeitos): são também causas de anulabilidade. Erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão são considerados vícios de exteriorização de vontade. Já a fraude contra credores é considerado um vício social. 
Erro: um sujeito, quando vai realizar o negócio jurídico, realiza emitindo sua vontade de uma maneira que não seria o regular, porque está enganado quanto a algum dos aspectos que envolve aquele negócio jurídico. O erro ou ignorância se pauta no fato de que o contraente do negócio, por si mesmo (sozinho) entende de modo equivocado algum dos aspectos envolvendo aquele negócio jurídico. O erro parte do próprio sujeito (diferentemente do dolo, que há uma indução de outro sujeito). O sujeito não teria feito o negócio ou não o teria feito daquela maneira. 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Não é todo erro que será uma causa de anulabilidade, o erro substancial deve recair sobre características essenciais do negócio jurídico. Há um conjunto que deve ser analisado para poder dizer que foi erro: erro substancial e padrão abstrato (está vinculado ao padrão médio das pessoas – pessoa de diligência normal).
Erro substancial: Art. 139. O erro é substancial quando:
*I - Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; Se refere a um erro de negócio; quando acha que está fazendo um negócio, mas na verdade está fazendo outro, erro na declaração de vontade, podendo ser anulado. Ex. pessoa vê uma corrente dourada e acredita que a corrente é de ouro, e faz a proposta para comprar a corrente, mas em momento algum há a exteriorização da vontade da compra de uma corrente de ouro. Acredita-se que a corrente é de ouro, mas quem vende não sabe dessa ideia. 
Obs. Se a exteriorização deixasse explícita a vontade de comprar a corrente de ouro, e quem vende não esclarecesse que a corrente não era de ouro, e sim dourada, deixaria de ser erro para ser dolo. 
*II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; Erro quanto a pessoa, possibilidade de haver um engano quanto à pessoa (ex. queria fazer um contrato com X e faz com Y, situação de homônimos) ou quanto às qualidades essenciais da pessoa (ex. pessoa contrata um auxiliar de enfermagem pensando em enfermeiro). 
III - Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Erro de direito (ex. pessoa compra um terreno pretendendo construir um edifício, mas aquele terreno, por uma norma municipal, não pode ter nenhuma construção). O que muda é a regulamentação jurídica do terreno. 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Motivo normalmente não integra o negócio jurídico, só pode ser motivo de anulação quando passar a ser causa do negócio. Não é anulável, mas em essência poderia ser dito que houve erro. 
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. Não importa se houve a declaração direta ou por meio interposto (assinatura de contrato que eu ditei, mas na hora de digitar a pessoa digitou errado), nos dois casos se procede a anulação. 
Não há anulação: 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Existe o erro, mas pelo contexto, é possível identificar e resolvê-lo. 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Quando a pessoa, que não foi a que errou, quer evitar a anulação do negócio, basta que ela se disponha, quando for possível, a realizar o negócio nos moldes do que pensou a pessoa que declarou sua vontade em erro. 
Ex. comprei uma corrente dourada pensando ser uma corrente de ouro. Se a pessoa que vendeu se dispor a entregar uma corrente de ouro, não é possível mais a anulação. 
Dolo: se diferencia do erro, pois no dolo há uma participação de alguém, seja para gerar o erro de quem declara a vontade ou para manter a pessoa em erro. Ex. Se ofereço uma corrente de ouro, que na verdade não é de ouro. Ou não há um esclarecimento de que essa não é de ouro, há um dolo. Se vier de terceiro, também será considerado dolo. 
Se divide em duas espécies: 
Dolo acidental: quando o sujeito teria realizado o negócio jurídico mesmo se soubesse da verdade, mas em circunstâncias diferentes. Ex. teria comprado a corrente de qualquer maneira, mas não teria pago o mesmo preço que paguei. 
Não permite a anulação, apenas a indenização por perdas e danos, mantendo o negócio jurídico. Art. 146 
Dolo causal: quando o negócio jurídico só se realizou por causa do dolo, ele foi a causa do negócio. Tivesse o sujeito conhecimento das reais circunstâncias, ele não teria realizado o negócio. O negócio jurídico é anulável por dolo. Ex. só comprei a corrente porque essa era de ouro, se não fosse de ouro não teria comprado. Art. 145
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. Se a pessoa que está tendo a vantagem com o dolo tinha ou devia ter conhecimento (relação de subordinação, se considera que o superior tem a obrigação de ter conhecimento que o empregado direto está agindo) que terceiro praticou o dolo, o negócio jurídico é anulável, mesmo o sujeito contraente não tendo diretamenteagido com dolo, mas sabia que a vontade que estava sendo declarada estava viciada. 
Se ele não tinha conhecimento ou não deveria ter, o negócio é válido, mesmo uma das partes sofrendo o prejuízo. Porém, a parte que foi vítima do dolo vai poder pedir indenização por perdas e danos contra o terceiro. 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. Não é o sujeito que vai ser vinculado ao dolo, mas sim seu representante. Código distingue o representante convencional (ato de vontade fazer algo em nome de alguém) e o representante legal (caso do menor incapaz). Atribuindo responsabilidades distintas conforme seja representante legal ou convencional. No legal, a pessoa não tem a opção de não ter o representante, o representado não tem muita responsabilidade pelo representante. No convencional, o representado quem escolhe o representante, a responsabilidade deve ser maior. 
Responsabilidade do representado se o representante for legal: só responderá pelo proveito que teve, o sujeito não terá prejuízo, o máximo que vai perder é o que ganhou. 
Responsabilidade do representado se o representante for convencional: quem teve prejuízo poderá ingressar contra qualquer um dos dois (representante ou representado) para obter a indenização. 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. (“Tu quoque”)
Coação: o sujeito só realiza o negócio jurídico porque foi coagido pela outra parte. O código traz uma especificação do que pode ser considerado coação. 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
O que se está pretendendo alegar como coação deve ser suficiente para ser um fundado temor de um dado considerável e iminente (dano prestes a acontecer). Pode ser de natureza pessoal como patrimonial, podendo falar também em outras pessoas senão família (amigos próximos, etc.). Não é necessário que o dano seja real, basta que a outra está apontando uma arma, pouco importa se esta é de brinquedo ou de verdade, está descarregada ou carregada, já que existe o fundado temor da ocorrência do dano. 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
A apreciação da coação não é de todo objetiva, deve-se levar em consideração contra quem a coação foi realizada. Ex. uma ameaça física de empurrão feita a um adulto ou a uma pessoa idosa, será coação para a pessoa idosa. 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
A ameaça de exercício normal de direito, por exemplo, uma pessoa loca o apartamento para outra e o locatário não paga o aluguel. O locador faz a ameaça de despejá-lo, não considerado uma coação. Também não é considerado coação o temor reverencial, ou seja, o temor em relação ao outro por causa da posição respeitada que o outro assume, como o filho com o pai (a palavra tem um peso maior). Não significa que as pessoas que o sujeito tem temor reverencial não possam fazer coação. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
Estado de perigo: a pessoa que exterioriza a declaração de vontade está querendo salvar a si ou alguém de sua família de grave dano. Se difere da coação (alguém cria no outro o temor do dano), pois o dano já se realizou ou pode se realizar, mas não é causado por quem se aproveita do dano. Ex. pessoa sofre acidente em local isolado, precisa fazer cirurgia e só tem um médico, que cobra 20 mil para fazer uma cirurgia que normalmente custa 5 mil. A parte se aproveita da pessoa, que sofrerá um dano excessivamente oneroso. 
O grave dano sempre é tratado, pela doutrina e jurisprudência, como sendo um dano à pessoa (lesão física, violação da integridade, risco de vida). 
A análise da obrigação excessivamente onerosa é objetiva, não é que aquilo é excessivamente oneroso para determinado sujeito, mas sim em relação ao preço regular. 
Outro elemento presente é o dolo de aproveitamento, ou seja, o fato de que a pessoa que está impondo a outra a obrigação excessivamente onerosa tem conhecimento do grave dano. É necessário que a pessoa saiba que o outro sujeito está em grave dano. 
*Resumindo, é preciso de um grave dano (vida, saúde, integridade física) do próprio sujeito ou da sua família, alguém se aproveita disso (dolo de aproveitamento) para estabelecer uma obrigação excessivamente onerosa (o preço estabelecido é muito maior do que o que normalmente se pagaria). 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
Interpretação majoritária: se aplica ao estado de perigo o artigo 157, §2º: Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Lesão: possibilidade de dois fatores: 
Pessoa sob premente necessidade: considera-se lesão as situações que não entram em estado de perigo. 
Inexperiência: análise feita em relação à cada situação, o sujeito, ninguém é experiente em tudo.
Na lesão, ao contrário do que acontece no estado de perigo, não há o dolo de aproveitamento. Pouco importa se a pessoa sabia da inexperiência ou preeminente necessidade, o que importa é a real situação desses.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. O desequilíbrio das prestações é originário à celebração do contrato. 
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Há a possibilidade do sujeito evitar a anulação do negócio se oferecer equacionar as prestações. *Princípio da conservação.
Fraude contra credores (vício social): Há uma proteção de terceiro, não do contraente do negócio (como nas demais). 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários (aquele que não tem garantia), como lesivos dos seus direitos. Devedor insolvente é aquele que o passivo de dívidas vencidas supera o ativo (o que ele tem para pagar). Ou seja, uma pessoa tem um credor, ou credores, e, mesmo já não tendo como pagar o que deve, ou faz uma doação ou perdoa uma dívida que alguém iria pagar, essa pessoa traz um prejuízo para o seu credor. Nessa situação, o credor pode anular esse negócio. 
Também pode ocorrer quando houver uma situação de um devedor que ao fazer a doação ou perdoar uma dívida será reduzido à insolvência. 
O trecho “ainda que o ignore”, chamado de ciência fraudes ou consiliumfraudis é irrelevante, ou seja, eu estar fazendo esse negócio sabendo que sou insolvente, na intenção de prejudicar os credores, não faz diferença. A ciência é irrelevante. Vantagem para o credor, pois se não houvesse essa ressalva ainda teria que provar que a outra pessoa sabia que estava insolvente. 
§1º Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. Qualquer credor cuja garantia se tornar insuficiente também terá esse direito, não somente o quirografário. Ex. credor com um prédio hipotecado em seu favor. O prédio rui, o valor terreno puro é insuficiente para garantir a dívida, podendo exigir. 
§ 2º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. Para poder o credor alegar isso, já deveria ser credor no tempo do negócio. 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. O negócio oneroso não é, por si só, anulável por fraude contra credores. Para que possa ser anulado, é necessário que a insolvência seja notória ou o sujeito tenha razão para saber (todo mundo sabe que aquele sujeito é insolvente). Quem comprou dele, sabia que estava negociando com alguém que estava insolvente. A situação de onerosidade é mais rigorosa porque a outra parte também teve uma contrapartida. 
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. Se for oneroso, mas for por um preço adequado, e quem comprou ainda não pagou o insolvente, pode-se evitar a anulação, depositando em juízo e comunicando aos credores. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. Se comprou por um preço inferior pode-se evitar a anulação depositando em juízo o valor normal.
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. A ação para anular pode ser movida contra insolvente, contra adquirente ou contra terceiros adquirentes (insolvente vende para A, A vende para B; até contra B pode-se ingressar uma ação desde que, no caso B estivesse de má-fé). Também chamada de ação pauliana ou revocatória. 
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. No momento que o sujeito virou insolvente, ele não pode escolher pagar um credor quirografário em favor dos outros. Deve-se pagar na ordem de vencimento. Ex. se um insolvente pagar uma dívida que vai pagar daqui a 3 meses, mas tem dívidas que irão vencer antes, os outros credores poderão pedir anulação. 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. Não pode privilegiar um credor em detrimento dos outros. Depois de insolvente, não se pode colocar um bem como garantia para um determinado credor. 	
Art.164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. Se o devedor fizer um negócio indispensável à manutenção de um estabelecimento não poderá ser anulável, pois parte-se do pressuposto de que para os credores é vantagem continuar a dar lucro. 
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. A ideia não é proteger o contraente, mas sim os seus credores. Não há como voltar para o estágio inicial, o que for anulado vai para um acervo para pagamento. Nos casos em que o contrato teve como único objetivo o fornecimento de garantia, a anulação vai anular a garantia, mas não vai fazer com que esse bem passe a compor o acervo. No caso de a hipoteca de uma casa. A casa não vai para o acervo, volta para quem deve, pois não transferiu a casa para o credor, apenas a colocou como garantia. 
Determinação expressa da lei: Caput do art. 171. Ex. Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. O prazo será de dois anos a partir da celebração do negócio (art. 179).
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. Prazo determinado em lei. 
Obs. Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Não pode pedir anulação. 
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. Mesmo havendo invalidade por força da invalidade, se foi pago ao incapaz e esse dispersou o valor pago, não terá que ser devolvido. Somente poderá ser devolvido se o que pagou provar que o dinheiro foi revertido em proveito do menor. 
Causas de nulidade:
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; é a realização de um negócio que vai contra aos trâmites legais (proibição na lei). 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Simulação: 
Acontece quando as partes em comum acordo fingem estar praticando um negócio jurídico, mas que na verdade não é ele que será praticado. 
Código de 2002 supera o entendimento do CC16 que a simulação deveria obrigatoriamente causar prejuízo à terceiro, podendo essa simulação ser inocente. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; aparenta ser um negócio mas é outro.
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. Fraude contra credores. 
Ex. Contrato ser feito com uma data anterior à insolvência. Será causa para nulidade. 
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Ex. João finge uma compra e venda com Maria, sua amante, pois não poderia doar. Maria, em seguida, vende para Vítor. A esposa de João poderá ingressar com ação para nulidade contra o marido e a esposa, mas não para Vítor. 
Pode ser dividida em:
Absoluta X Relativa: a absoluta será uma simulação que não entra no mundo jurídico, e o código não trata (ato didático, exemplificação), será caso de inexistência. É importante retratar, pois poderá existir dano a terceiro. 
A relativa será caso de invalidade. 
Nocente X Inocente: Análise se gera ou não prejuízo à terceiro. A intenção não compõe suporte fático, não precisa provar que o outro fez isso para causar prejuízo. 
A simulação inocente não gera prejuízo à terceiro.
A simulaçãonocente gera prejuízo à terceiro. Não significa que tem má-fé, mas, se houver, não precisa ser provado. 
As duas serão causa para nulidade, influenciando na eficácia. Essa distinção só se aplica quando a simulação é relativa. 
Ex. Maria e Pedro são casados, e Alice é amante de Pedro. Pedro quer doar um apartamento para Alice, mas o ordenamento não permite doação para amante e esse ato poderá ser anulado em até dois anos. Para burlar a anulação, o casado celebra um contrato de compra e venda, mas o valor nunca é pago. Finge fazer uma compra e venda (ato simulado), mas na verdade está realizando uma doação (ato dissimulado), gerando prejuízo à terceiro (cônjuge), e por isso é um caso de simulação nocente. 
Ex. Se no caso acima Maria e Pedro fossem apenas namorados, e Alice fosse sua amante, ainda estaria ocorrendo uma simulação (compra e venda x doação), mas essa seria inocente, por não ter prejuízo para Maria, já que não é cônjuge (não tem direitos patrimoniais uns com os outros). 
Extraversão: se desfaz o ato simulado (ato fingido), mas se aproveita o ato dissimulado (ato real que se quis ocultar), se válido for na substância e na forma. 
A simulação deve ser inocente. Na simulação nocente será inadmissível a extraversão, apenas em caso de terceiro de boa-fé.
Em face do Princípio da Conservação, não há, evidentemente, por que anular o negócio jurídico para praticar outro, se é possível a extraversão. 
Obs. Não é possível extraversão: simulação relativa e nocente – o ato dissimulado é anulável, não podendo ser aproveitado; simulação absoluta – presença apenas do ato simulado, não existe ato dissimulado; 
Figuras semelhantes: 
Simulação X Reserva mental: reserva mental não há exteriorização da vontade. A simulação os outros sabem da intenção, deve haver exteriorização para alguém. 
Simulação X Fraude à lei: simulação é quando os atos em si não são verdadeiros, são falseados. Na fraude à lei, os atos são verdadeiros, mas acontecem tentando burlar o ordenamento. Na simulação, se houver a burla à lei, será um caso de fraude à lei. 
Ex. João quer comprar um apartamento de Maria, mas é impedido por ser tutor dela. Para isso, vende o apartamento para Ricardo, para que esse faça a compra e venda para Maria. Não é simulação, pois tudo realmente aconteceu, não se finge que algo aconteceu. Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
Obs. Consequências da simulação invalidante:
- Se Absoluta e Inocente: inexistência do ato jurídico, ato meramente aparente; 
- Se Relativa e Inocente: podem os figurantes do ato jurídico pedir a declaração de que se quis outra coisa diferente do que se simulou (reconheça a validade do ato dissimulado, fazendo assim a extraversão). 
- Se Nocente: seja absoluta ou relativa, é preciso que se promova a desconstituição do ato mediante sentença, em face de estar inquinado por nulidade. Nesse caso, somente o terceiro prejudicado tem legitimação para propor ação para desconstituir, por nulidade, o ato viciado por simulação. 
	Nulidade
	Anulabilidade
	Fundamenta-se em razões de ordem pública
	Fundamenta-se em razões de ordem privada
	Pode ser declarada de ofício pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, ou de qualquer interessado.
	Somente poderá ser invocado por aquele que aproveite, não podendo ser reconhecida de ofício. 
	Não é suscetível de confirmação
	É suscetível de anulação
	Não convalesce pelo passar do tempo
	Prazo decadencial de 4 ou 2 anos, a depender
	Não produz efeitos
	Produz efeitos, enquanto não for anulado
	Reconhecida através de ação meramente declaratória 
	Reconhecida através de ação desconstitutiva, sujeito a prazo decadencial
	Admite conversão substancial
	Admite sanação pelas próprias partes
PLANO DA EFICÁCIA
Toda eficácia sempre será consequência de um fato. Dentro do direito, eficácia terá mais de um sentido. Eficácia da norma é a possibilidade da incidência, não basta que ela exista, precisa estar apta para produzir seus efeitos. Ou se há eficácia social da norma, efeito pretendido na sociedade.
A eficácia do fato é o que foi preenchido o suporte fático, ingressou no mundo jurídico e por isso terá efeito. O simples fato de ingressar no mundo jurídico já é um efeito. 
Esfera jurídica: é o conjunto abrangente de todas as situações jurídicas, relações, direitos, deveres, dívidas, bens, ônus, etc., referentes à um sujeito. Todo mundo tem uma esfera jurídica. Lembra a ideia de patrimônio, mas mais abrangente, pois além de tratar com as questões economicamente apreciáveis, abarca os conteúdos que não compõem o patrimônio. 
Princípio da incolumidade da esfera jurídica: não é possível um sujeito violar a esfera jurídica alheia, e se assim fizer, será ilícito. Com base na esfera jurídica é que existem as classificações das categorias eficaciais. 
Categorias eficaciais: são os possíveis tipos de efeito decorrentes de um fato.
Situação jurídica básica simples: o efeito que se dá é concomitante à existência do fato. O simples efeito do fato ser considerado jurídico, recepção do fato no ordenamento já o efeito em si. Essa categoria normalmente é encoberta por outra, se desenvolve para algum outro tipo de efeito. É apenas o ponto de partida. 
Em casos de negócio nulo, em regra não produzirá efeito. Nas situações em que o ato for nulo, ele basicamente ficará somente nessa situação jurídica básica simples. O efeito é ter ingressado no ordenamento (não é o efeito pretendido pelo ato, mas é algum efeito no mundo jurídico). 
Situação jurídica básica unisubjetiva: é um efeito que se dá em relação apenas um sujeito (se aplica juridicamente apenas para um sujeito), para acontecer não precisa de outro sujeito. 
Ex. qualidades ou qualificações jurídicas dadas ao sujeito, como ser capaz ou incapaz, solteiro, brasileiro. 
Normalmente não geram maiores implicações, pois se tratam de qualificações do próprio sujeito. 
 Situação jurídica complexa: envolve mais de um sujeito. 
Situação jurídica complexa unilateral: para ela acontecer, é preciso que tenha duas esferas jurídicas (pelo menos 2 sujeitos), mas os efeitos serão apenas para uma esfera. 
São negócios jurídicos unilaterais. 
Ex. promessa de recompensa – no momento que promete pagar uma recompensa, é prometido a alguém (mesmo que indeterminado). Não pode criar uma promessa para mim mesmo. Nesse exato momento em que eu faço a promessa, essa só produz efeitos para mim, porque eu estou obrigado a pagar a recompensa se alguém encontrar o que eu procuro. Ninguém está obrigado a pagar meu celular.
Se diferencia da doação, que é um contrato (bilateral), eu não posso te doar algo se você não quiser. Vai gerar efeito para ambos os lados. 
Ex. propostas de contrato. É preciso de alguém para fazer a proposta, mas essa proposta afeta somente a mim, já que ninguém está obrigado a aceitar. Se alguém aceitar, eu estarei obrigado a fazer o contrato. 
Situação jurídica complexa multilateral/relação jurídica: efeito que acontece para ambos sujeitos envolvidos. Qualquer contrato 
Um contrato é um negócio jurídico. A relação jurídica é o efeito que decorre desse negócio. 
Compra e venda é uma relação jurídica, porque eu estou obrigado a entregar e isso gera o correspondente direito de exigir que eu entregue. Do outro lado, há uma obrigação de pagar, gerando o correspondente direito de eu exigir o pagamento. 
Ex. Doação – traz efeitos para o doador e donatário. 
Obs. Relação jurídica tem como característica uma natureza intersubjetiva (precisa de mais de um sujeito). Divergência de Orlando Gomes, que enxerga a relação jurídica de outra maneira. Não define a relação jurídica como efeito, se aproxima à ideia do fato. É possível ter relação jurídica de pessoa com pessoa, mas, além disso, pode-se pensar em relação jurídica de pessoa com coisa e pessoa com lugar. Quando eu sou dono de algo, isso gera entre mime a coisa uma relação jurídica. 
A relação sujeito-lugar é do domicílio. 
*Uma coisa não titulariza direitos, não tem como ser parte por não ter esfera jurídica. Acontece uma situação jurídica. A questão do domicílio é uma característica da pessoa, ela está domiciliada em lugar, assim como é capaz, etc. 
Sanções, ônus, premiações: tratadas por Marcos Bernardes de Melo.
Modos de eficácia: como esses efeitos se desenvolvem.
Quanto à amplitude: nos negócios jurídicos, os sujeitos podem modificar os efeitos. Existe condição, termo e encargo, fazendo com que possa barrar o efeito do negócio jurídico (ex. faz certo contrato, mas diz que parte dos efeitos desse contrato vão se dar a partir de tal data, a eficácia será parcial, os efeitos ainda não foram todos produzidos). 
Total: todos os efeitos foram produzidos. Ex. casamento
Parcial: se apenas partes dos efeitos se produziu. Ex. compra e venda a prazo, testamento.
Quanto ao exercício:
Plena: quando o sujeito tem o gozo, acesso integral aos direitos da situação analisada. Tudo que é feito de direito decorrente daquela situação ele tem acesso.
Limitada: quando o sujeito não estiver tendo acesso à totalidade dos efeitos possíveis (direitos da situação). 
Ex. ser proprietário de algo, gerará direitos de uso, gozo e disposição. Quando alguém é proprietário terá tudo isso, e a eficácia para ele é plena. 
Ex. No caso de usufruto, os direitos decorrentes da propriedade são separados. Existem agora dois sujeitos, um que o proprietário transfere o direito de uso e gozo sobre a coisa, só não transfere o direito de disposição, que vai continuar com o proprietário. O usufrutuário e o nuproprietário terão eficácia limitada. 
Quanto à definitividade: se os efeitos podem ainda de alguma maneira vir a parar de acontecer ou não. 
Definitiva: não há, em regra, algo que fará com que aquele efeito deixe de acontecer. Ex. compra e venda à vista, transmissão de propriedade e pagamento, o efeito não vai mais mudar (partindo do pressuposto que a validade está correta)
Resolúvel: efeito pode vir a ser desfeito por força de termo, condição ou encargo. 
Ex. Empréstimo de livro até 20/06 (termo), já está colocando um momento no futuro em que o empréstimo vai deixar de produzir seus efeitos. 
Ex. empréstimo de livro até passar na matéria (condição), sendo um evento futuro e incerto. 
Interimística: Criação de Pontes de Miranda. Situação de negócio jurídico anulável, que o negócio está produzindo seus efeitos, mas que podem vir a ser cancelados por força de alegação de anulabilidade. Há a possibilidade dos efeitos deixarem de ser produzidos por força da anulabilidade. 
Condição, termo e encargo:
Servem para modificar os efeitos do negócio jurídico, cláusulas que são colocadas no negócio e que vão, de alguma maneira, modificar a eficácia. Para ser válido, necessariamente deve estar falando de um negócio (único dos tipos de fato em que a vontade das partes tem o poder para modificar os efeitos). 
Condição: 
Cláusula que é colocada no negócio que modifica a eficácia a partir de um evento futuro e incerto. A condição é notada de certo grau de aleatoriedade, pode vir a acontecer ou não. Vincula a eficácia à ocorrência ou não daquela condição. 
Ex. Te darei 100 reais quando você fechar a prova. Poderá nunca fechar. 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. 
Não pode ser contra o direito, ordem pública e bons costumes. Não pode, ainda, ter uma condição que dependa do arbítrio exclusivo de uma das partes, tem que ser acordado entre as partes. “Se eu quiser” não pode ser uma condição. 
Suspensivo: impedir que algo aconteça. Enquanto a condição não se realizar, o negócio jurídico não produzirá seus efeitos. 
Obs. Nessa situação, como é um evento futuro e incerto, o sujeito não tem ainda o direito, pois pode ser que não aconteça e ele não tenha nada a exigir, ele tem um direito eventual (possibilidade de vir a ter o direito). Impede que o sujeito cobre, porém não impede que ele realize atos protetivos do seu direito eventual, como por exemplo uma pessoa faz um negócio e é reduzido à insolvência. A outra parte, mesmo não tendo o direito, poderia ingressar com uma ação pauliana para proteger o direito eventual. 
Ex. se você tirar 10, eu te dou um livro. Enquanto você não tirar 10, o efeito de ser dado o livro não será feito 
Resolutivo: o negócio produzirá seus efeitos até que a condição resolutiva aconteça. Pode ser que essa condição nunca aconteça e os efeitos prossigam. 
Obs. Terá também diferença entre condição suspensiva e resolutiva quanto à consequência. *Quando se tem uma condição impossível suspensiva, o negócio é inválido. Quando se tem uma condição impossível resolutiva, a condição é inválida, desconsiderando ela e o negócio terá eficácia plena. 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: Se tiver uma condição com essas características, o negócio jurídico todo será nulo.
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. Impossibilidade de entendimento ou realização.
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Condição impossível suspensiva, o negócio é inválido. Condição impossível resolutiva, desconsidera a condição, terá o negócio eficácia plena. 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. 
Se eu prometo doar um livro à Mari se ela fechar a prova, e depois dou o livro à João, o segundo negócio não vigorará, e sim o que foi feito primeiro. 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé. 
Quando acontece a condição resolutiva, o negócio deixa de ter o seu efeito. Mas existem alguns negócios que tem um modo de ser cumprido o efeito (execução), que pode ser uma execução continuada (acontece ao longo da execução) ou diferida periódica (vai acontecer depois, de tempos em tempos).
Se eu tinha um contrato vinculado à uma condição resolutiva continuada ou periódica, o que já aconteceu a esse contrato não será desfeito. Em um contrato de aluguel, não vai se desfazer o uso que já ocorreu, ou o dinheiro que já foi pago. Se difere do contrato de compra e venda com condição resolutiva, se a condição acontece, o que foi vendido deve ser devolvido e o preço pago também devolvido
Ex. contrato de locação. Se eu te loco o meu celular, o seu uso do celular é uma execução continuada. Mas a obrigação do pagamento do aluguel será uma obrigação diferida periódica. Obrigação do locador com o locatário é continuada. E do locatário com o locador é periódica.
Se eu te loquei, você já usou por um período, e há uma cláusula de que se acontecesse do meu celular novo quebrar, o contrato de locação acaba (condição resolutiva). O uso que você já teve não vai ser desfeito, nem o aluguel será desfeito.
Ex. João empresta o seu apartamento para Maria, mas com a condição de que, se alguém da família dele ficar doente, este empréstimo virará locaçãono valor de mil reais por mês. Se a condição resolutiva vier a acontecer não vai afetar o tempo antes que Maria ficou gratuitamente no apartamento. 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. Impedir a trapaça, acontecerá o efeito oposto do planejado. Se a condição vai fazer algo contra mim, vai gerar para mim um dever, se eu ajo de maneira maliciosa para impedir que a condição aconteça, vai se considerar que a condição tenha acontecido. 
Se a condição me beneficiasse, e maliciosamente ajo para fazer com que ela aconteça, vai se considerar como se não tivesse acontecido. 
Termo:
Cláusula que modificará os efeitos, mas é um evento futuro e certo. A certeza é quanto a ocorrência (a morte é evento certo para todos, é tratada como sendo um termo), mas ressalvada a morte, normalmente os termos são fixados na medida de tempo, sendo dito dia, hora, etc. 
Poderá ser suspensivo ou resolutivo. 
- Vencimento de um boleto é um termo suspensivo, a partir daquele momento pode cobrar o pagamento. Tem até o dia do vencimento para o pagamento. 
- O empréstimo por 7 dias será um termo resolutivo, deverá devolver depois de 7 dias. 
Prazos são fixados levando em conta os termos, não são a mesma coisa, o prazo é o intervalo de tempo. 
Como contar os prazos será fixada no código:
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. Ex. 24/05 foi feito um empréstimo, com prazo de 2 dias. Exclui o primeiro, e inclui o último. Será até o final do dia 26/05, não até o dia 27/05. 
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. Inclusive fevereiro.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. Contrato com prazo de 2 meses feito em dezembro, será cobrado dia 1 de março (pois fevereiro não tem exata correspondência). 
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. O prazo de um dia é diferente de um prazo de 24 horas. O prazo de um dia, terei até o final do dia seguinte para cumprir. Se é um prazo de 24 horas, terá até a mesma hora do dia seguinte para cumprir. 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes. Existe aquele prazo, mas a pessoa pode fazer em qualquer momento antes, presumido em favor de quem paga. 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
Encargo/modo:
Normalmente é encontrado em negócios jurídicos gratuitos, em que se coloca em desfavor a quem recebe a doação, algo que se deve fazer para a doação ocorrer.
Ex. doando um terreno para construção de uma creche para crianças carentes, ônus de construir a creche. A construção é o encargo. 
Não impede a doação, não tem a ideia de finalizar o efeito. 
Quero que a creche seja construída, mas se o sujeito não construir a creche, o negócio não terá os efeitos (revogação da doação por não cumprimento de encargo).
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Eu posso criar um encargo e dar a ele a roupagem de uma condição suspensiva. Ex. eu tenho esse terreno, se você construir nele uma creche, eu dou esse terreno para você. É um ônus gerado para o sujeito, mas está impedindo com ela que os efeitos se realizem. 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. Normalmente, se o encargo é ilícito ou impossível será desconsiderado. Mas se ele for a razão determinante do negócio jurídico, o negócio como um todo será invalidado. 
O encargo pode ser fixado em favor do próprio sujeito, de terceiros ou de interesse público. 
Prescrição e decadência 
O direito tem um objetivo de pacificação social, ou seja, parte do papel dele é a resolução de conflitos. Situações travadas entre os sujeitos pudessem ficar pendentes de resolução por um tempo indeterminada traria um sério prejuízo a esse papel.
Por força disso, surgem a prescrição e decadência. Ambas têm em comum que um sujeito que titulariza um direito deixa de buscar realizar esse direito (inação) durante certo transcurso de tempo, isso pode gerar ou a perda do direito (decadência) ou a perda da pretensão (não envolve a perda do direito, é o que ocorre na prescrição. Continua tendo o direito, mas não tem o poder de pedir o cumprimento dele). São atingidas coisas diferentes, mas tem o objetivo igual. 
Distinção entre direito a uma prestação e direito potestativo:
- Direito a uma prestação: para um sujeito realizar o direito precisa que um outro cumpra com alguma coisa. Conduta que precisa ser realizada por outro sujeito para que seu direito se realize.
Ex. João vendeu seu celular por mil reais para Maria. Para que o direto de João de receber o dinheiro se realize, é preciso que o direito de Maria de entregar o dinheiro se realize. 
- Direito potestativo: realização do direito não depende da conduta de outro direito, não se vincula a uma prestação, mas sim uma sujeição de um sujeito para com o outro. O titular do direito exerce os direitos e o outro sofre com os efeitos. 
Ex. Duas pessoas casadas e uma delas quer se divorciar. O divórcio é um direito potestativo, se uma parte quer se divorciar, a outra não pode fazer nada a respeito disso, apenas sofre os efeitos.
Ex. Direito de empregador e empregado de terminar a relação de emprego, não vai ser obrigado se não quiser. 
Ex. Relação de Mandato. No momento em que não quiser que o sujeito seja mais seu mandatário, ou não quiser mais ser mandatário de alguém, acabasse o mandato e não há nada que a outra parte possa fazer, a não ser se sujeitar aos efeitos. 
Obs. Nem todo direito é um direito a uma prestação ou potestativo, são mais ligados à relação jurídica
Esses direitos quando descumpridos vão gerar uma ação judicial. 
Em relação ao direito, dependendo do próprio direito e da demanda, o juiz dará uma sentença que poderá ser classificada de três maneiras diferentes: 
Ações declaratórias, constitutivas e condenatórias: 
Ações declaratórias: o que você buscou foi a certeza jurídica. Juiz deve atestar que aquilo é correto juridicamente, ratificando. Geralmente está combinada com as ações constitutivas ou condenatórias. 
Ex. reconheço que João está na posse de tal bem desde tal data. 
Ex. reconheço que João vendeu o seu celular para Maria por mil reais, e mando que Maria pague o dinheiro (ação declaratória combinada com condenatória). 
Ex. reconheço que o sujeito é incapaz e nomeio um curador (ação constitutiva).
Ações constitutivas: cria, modifica ou extingue uma relação ou situação jurídica. As situações de invalidade, quando ingressa com ação, além de ter conteúdo declaratório tem constitutivo. 
Tem mais relação com o direito a um potestativo (se eu fiz um negócio jurídico coagido, eu tenho um direito de anular o negócio, e o outro terá que aceitar a anulação). 
Ex. situações de invalidade. Na situação de coação, o juiz ratifica a coação e por isso anula o negócio jurídico (desconstitui o negócio).
Ações condenatórias: juiz obriga alguém a fazer algo. Tem mais relação com o direito a uma prestação(juiz deve ratificar que o sujeito está certo e obrigar a parte a fazer). 
Depende do direito de exigir. Por isso, mesmo se tiver o direito, mas a exigência não for mais possível, não se pode ingressar com a ação condenatória. 
Existem alguns direitos imprescritíveis, como o reconhecimento de paternidade. Normalmente relativo ao estado do sujeito, direitos da personalidade, etc. Quando poder ser exercido a qualquer tempo, será imprescritível.
Serão três tipos de direitos: direitos que são sujeitos à prescrição, direitos que são sujeitos à decadência e direitos que são imprescritíveis.
PRESCRIÇÃO:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. Normalmente, se conta a prestação do momento em que o direito é violado (pretensão nasce quando há a violação). 
Ex. Empréstimo de 100 reais para ser pago no dia 11/04. Até lá, existe o direito de receber o pagamento e só pode ser exigido a partir daquele momento (termo suspensivo). Se no dia 11 não há o pagamento, no dia 12 (violação do direito) nasce a pretensão, o credor pode exigir o pagamento. 
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Exceção é um meio de defesa. Quando há a defesa de algo pode ser feito por contestação ou por exceção. Na exceção não se está negando o direito do outro, mas que existe algum obstáculo para o exercício de direito pelo outro. Assim como prescreve a pretensão, prescreve a exceção, o prazo será o mesmo. 
Ex. João deve o pagamento do celular que ele comprou (não está negando), só que não pagou porque Maria, de quem comprou o celular, tinha que ter me entregado o celular antes e não me entregou, não podendo cobrar algo que não cumpriu. Não é tu quoque, é transcurso do tempo e inação. 
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Não é possível haver renúncia prévia à prescrição, só pode acontecer depois que a prescrição se deu. 
Ex. relação de consumo. Não é permitido que uma faculdade, por exemplo, exija no contrato que, para ser aluno, deve-se renunciar a prescrição das mensalidades (a faculdade poderia cobrar o aluno para sempre, se não fosse pago). 
É possível que, após a prescrição tenha se dado, o devedor renuncie de modo expresso ou tácito à prescrição e voltar a realizar o pagamento. 
Só poderá ser feito se não houver prejuízo à terceiro. 
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Os prazos dos artigos 205 e 206 são normas cogentes, em que a vontade das partes não pode interferir. 
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Não precisa ser em primeira instância, mesmo em graus superiores pode ser alegada a prescrição que não tenha sido alegada anteriormente. 
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Situação em que há representação ou presentação (PJ) que permite que os sujeitos que tenham sido prejudicados pela negligência de seus assistentes movam uma ação contra esse sujeito.
Ex. menor relativamente incapaz é credor de alguém. O seu assistente não o orienta de maneira adequada para que ele ingresse com a ação judicial de cobrança e o prazo é perdido, não conseguindo mais exigir o seu direito. Embora não possa mais ingressar a ação contra o devedor, ele poderá entrar com uma ação contra o assistente. 
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Não há mudança no prazo da prescrição por mudança de seu credor, por exemplo. 
Ex. Paulo é credor de Maria e tem um prazo para cobrar de 5 anos. Já se passaram dois e Paulo falece. Os seus herdeiros terão três anos de prazo para cobrar a dívida. 
Impedimento e Suspensão:
As causas de impedimento e de suspensão são as mesmas. 
O impedimento acontece quando ainda não começou a contar a prescrição (ainda não existe a pretensão), essa causa vai impedir que o prazo comece a contar. Antes de começar a correr a prescrição.
Na suspensão, o prazo prescricional já começou a contar e acontece uma causa, o prazo para de contar enquanto durar a causa. Se a causa acabar, o prazo começa a contar novamente do lugar onde ele tinha parado. Durante a contagem da prescrição. 
Causas de impedimento e suspensão: Artigos 197, 198 e 199
Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; enquanto está casado, pausa; evitar que as pessoas que estão casadas tenham que processar umas às outras em virtude de uma dívida anterior, por exemplo. 
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; Não corre prescrição contra sujeitos absolutamente incapazes (menores de 16 anos). 
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; alguém que está prestando um serviço público fora do país ou em guerra, está em interesse público, não correrá a prescrição. 
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva; quando há condição suspensiva, ainda não existe o exercício do direito, não podendo correr prescrição. 
II - não estando vencido o prazo; não se pode exigir antes de vencido o prazo, por isso não corre a prescrição. 
III - pendendo ação de evicção. Evicção: ocorre quando uma pessoa adquire um bem e depois um terceiro afirma que o bem é dele e pretende tomar o bem para si. Se a pessoa perder esse bem, perderá por força da evicção. Enquanto estiver correndo uma ação para saber se deve ou não acontecer a evicção, não correrá a prescrição. 
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal e depois no juízo cível, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Enquanto estiver pendente o juízo criminal, não correrá a prescrição. Só correrá quando estiver no juízo cível.
Ex. ocorrência de discussão no juízo criminal se a autoria de uma tentativa de homicídio foi ou não de uma pessoa. Como existe a presunção de inocência, enquanto não houver a certeza que aquele sujeito foi o autor, não pode ser ingressada pedindo danos patrimoniais e extrapatrimoniais em virtude da tentativa de homicídio. Só a partir disso, correrá a prescrição. 
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. O fato de existir solidariedade ativa e haver a suspensão da interrupção em relação a um deles, em regra não suspende em relação aos demais. 
Ex. Se um dos credores solidários casa com um dos credores, só suspenderá ou impedirá a prescrição para aquele que casou, para os outros continua correndo normalmente, a não ser que aquilo que se deve for indivisível. No caso de ser indivisível, suspenderá para todos. 
Casos de interrupção: 
Interrupção se difere de suspensão e impedimento. A interrupção vai zerar a prescrição, começando a contar o prazo do começo. 
Ex. se o prazo era de 5 anos, já se passaram 4, mas ocorre uma causa interruptiva, zera e começa a contar os 5 anos novamente. 
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; Entrar com ação judicial interrompe a prescrição. Continuará interrompendo ainda se for ingressado na vara errada. 
II - por protesto, nas condições doinciso antecedente; casos cartoriais, assim como o III.
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; o sujeito tem um cheque ou nota promissória e junta na ação de inventário, interrompe a prescrição. 
Ex. Devedor morreu e tá no espólio, o ato de juntar o seu cheque ao espólio interrompe a prescrição. 
Ex. devedor está insolvente e se formou um concurso de credores, junta sua nota promissória e junta ao espólio, interrompendo a prescrição. 
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; uma interpelação judicial, em que há a constituição do devedor em mora. Interrompe a prescrição.
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. 
Ex. devedor assina uma confissão de dívida para o credor interrompe a prescrição. Zera e começa a contar novamente. 
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. Pode se dar para qualquer interessado, não necessariamente o próprio credor. Ex. credor do credor poderá pedir a interrupção. 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. Trata de como funciona a interrupção quando existem vários devedores. 
Se somos 3 credores e somente eu ingressei com ação judicial, a prescrição é interrompida apenas para mim. Se ingressar somente contra mim, também interrompe para apenas ele. 
§1º: A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. Interrompe para todos os devedores bem como para seus herdeiros. Se existem credores solidários, e somente um entra com a ação, ou ocorre qualquer das causas para a interrupção, interromperá para todos. De igual modo ocorre para os devedores solidários. 
§2º: A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. 
Ex. A, B e C são devedores solidários de D na quantia de 300 reais. A morre, e deixa dois herdeiros (E e F). Os herdeiros serão devedores, mas não solidários. Cada um só responde pela cota do seu quinhão hereditário. Quando há essa divisão, supõe-se que a divisão seja em partes iguais, então existe um mérito de 100 reais para A, B e C. Quando A morre, cada herdeiro fica com o débito de 50 reais. 
Se D entrar com ação contra B, interrompe para todos os devedores solidários, bem como para seus herdeiros. 
Se D ingressar com ação contra E (herdeiro de A), interrompe somente para E. Não interromperá para os demais devedores solidários nem para os demais herdeiros. 
§3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
Prazos prescricionais:
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Regra geral. 
Art. 206. Prescreve:
§1º Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
§2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
§3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
§4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
§5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; qualquer dívida contratual, o prazo é de 5 anos. 
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Decadência: 
Atinge o próprio o direito, sujeito perde o direito se não exercer naquele prazo decadencial.
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Ao contrário do que acontece na prescrição, começada a correr a decadência, nada modificará. 
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Diz que se o assistente não entrar com a ação que prejudicar o relativamente incapaz, poderá ser ingressada ação contra o assistente (art. 195) e art. 198 que não corre decadência contra o absolutamente incapaz. 
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. As partes não podem abrir mão do prazo decadencial (não pode acontecer após passado o prazo, que nem na prescrição, pois o direito deixou de existir). 
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Os prazos legais de decadência, independentemente de serem suscitados pela parte, o juiz deve de ofício reconhecer. 
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. Por vezes, é possível, para além do prazo decadencial legal, fixar um prazo convencional. 
Ex. prazo de garantia (2 anos para garantia de uma televisão). É um prazo decadencial, mas convencional, e não legal, portanto o juiz não pode reconhecer de ofício.

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