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Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 
	
  
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SUMÁRIO: 
 
- ABORDAGEM DOS PRINCIPAIS ASPECTOS DO CTB: 1 A 7 
 
- CTB COMENTADO POR ARTIGOS: 8 A 36 
 
 
Temos 11 crimes de trânsito. 
2 deles materiais, 2 formais e 7 de mera conduta. 
 
Como se sabe, crime material é aquele que exige resultado, como o homicidio, 
o furto, o roubo, o dano, o estupro etc. 
Crime formal ou de consumação antecipada é aquele que se consuma 
independentemente do resultado. É a extorsão mediante sequestro que se 
consuma independentemente de ser pago o resgate. Basta privar de liberdade. 
Moeda falsa do art. 289, CP se consuma independentemente de ser colocada 
em circulação. Os artigos138, 139, 140 e 147 também são formais. 
Nos crimes de trânsito, formais são a fuga de local de acidente e a fraude 
processual. 
Já os crimes de mera conduta ou de simples atividade são aqueles que se 
consumam apenas com a conduta típica, não havendo resultado. A invasão de 
domicílio, art.150, é de mera conduta, os omissivos são de mera conduta, as 
contravenções penais idem. 
No delito de trânsito são 7, são os restantes, como dirigir sem habilitação, 
racha, embriaguêz ao volante etc. 
 
	
  
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Os crimes de trânsito são ainda de dano ( 302 Homicídio Culposo e 303 Lesão 
Corporal Culposa) e de perigo, todos os restantes. Dano é o crime que ofende 
um bem jurídico. 
O homicidio culposo e a lesão culposa ofendem bens juridicos.Perigo é aquele 
crime que se consuma com a possibilidade de causar dano. 
No Código Penal temos o incêndio, a periclitação de vida( 132) ,a omissão de 
socorro(135), os maus tratos ( 136), o abandono de incapaz( 133). 
Discute-se na doutrina se o perigo é abstrato( não precisa ser provado) ou 
concreto( precisa ser provado). O tema é controvertido. Fiquemos com a tese 
que melhor se coaduna com a Constituição. O perigo é concreto, pois se 
compatibiliza com os principios constitucionais da ampla defesa, da legalidade 
e da presunção da inocência.Assim, as condutas devem ser provadas.Não 
basta, por exemplo, omitir socoro, é necessário que o agente, sem risco 
pessoal, deixe de socorrer alguém. 
 
Perdão judicial 
 
Não previsto o perdão nos crimes de trânsito, mas no art.291 diz que aplicam-
se as regras do C.Penal. Com efeito, se alguém for imprudente no trânsito e 
acabar ferindo alguém e matando seu próprio filho, caberá o perdão judicial. 
 
Causas de aumento de pena- Majorantes e não qualificadoras. 
 
1- não possuir CNH 
2-Praticá-lo em faixa de pedestre 
3- deixar de prestar Socorro - Somente se agiu com culpa, senão não há a 
majorante. Aqui só atinge o condutor. Quem não socorreu sem ser o condutor 
comete omissão de socorro do C P. 
4-no exercício de profissão conduzindo veículo de transporte( taxi, ônibus, 
lotação etc.) 
 
 
	
  
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Omissão de socorro-art.304 -pena de 6 meses a 1 ano.-Comete o crime de 
omissão ainda que ela seja suprida por 3º, ou vítima com morte 
instântanea. Alguns doutrinadores dizem que este paragrafo é 
inconstitucional,pois o fato é crime impossível. 
É o mesmo que esfaquear um cadaver. Ora, e se a vítima sofrer de catalepsia? 
Sem falar na solidariedade humana que deve existir entre as pessoas. 
 
Embriaguêz ao volante, com alteração dada pela lei 12.760/12. As provas são 
todas admitidas num processo. A lei determina que a responsabilidade penal 
se dará devido a condução anormal do embriagado. Sem isso não há crime. 
Mas, e se o condutor dirigir com 6 decigramas de álcool por litro de sangue/ 
Depende,a prova testemunhal será válida para demonstrar a embriaguêz, o 
exame clinico também,video etc. Se ele estiver com voz pastosa, ultrapassar o 
semáforo vermelho, andar fazendo zigue zague, responderá pelo crime. 
 
Segundo as estatísticas, o trânsito mata, no Brasil, cerca de 46.000 pessoas 
por ano. Não há cálculo confiável do número de mutilados. São cerca de 126 
cadáveres por dia, quase seis por hora. A maioria dessas mortes é fruto da 
imprudência dos motoristas; do excesso de velocidade; da má conservação 
das estradas e dos veículos; das ultrapassagens perigosas e da direção 
comprometida pelo uso de álcool e de outras substâncias psicoativas que 
alteram o controle motor, o raciocínio e os reflexos de quem está ao volante. 
Dentre as modificações trazidas pela recente Lei nº 12.760, de 20 de dezembro 
de 2012 — conhecida como a “nova lei seca”—, que alterou a Lei nº 9.503, de 
23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, a 
mais importante talvez seja a possibilidade de se presumir que o 
motorista que dirige embriagado por álcool ou qualquer outra substância 
psicoativa que cause dependência tem a sua capacidade psicomotora 
comprometida e pratica, portanto, “crime de perigo abstrato”. 
Crimes de perigo abstrato são todas aquelas condutas que não exigem lesão 
	
  
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concreta a um bem jurídico tutelado nem expõem esse bem a risco real e 
imediato. Para a configuração desse crime basta que o comportamento do 
agente seja suficiente para provocar, em tese, o resultado danoso que a ordem 
jurídica proíbe. É o caso, por exemplo, do porte de arma municiada. O STF já 
decidiu que o porte de arma desmuniciada, ou apenas da munição, não 
configura crime de perigo abstrato, mas o porte da arma municiada, sim, ainda 
que o agente não tenha intenção de ferir ou matar quem quer que seja. Há 
perigo real de que o faça num momento de estresse, falso perigo ou tensão, 
num acesso de cólera ou de descontrole emocional. Para a tipificação do crime 
de perigo abstrato basta o comportamento do agente, e não um ato concreto 
de que tenha tido intenção de ferir ou matar. Nos casos de porte irregular de 
arma municiada e de embriaguez ao volante há grau elevado de 
“potencialidade delitiva”. O crime é de perigo por mera conduta. 
Segundo antiga lição muito em moda entre os penalistas, crime é todo fato 
típico, antijurídico e culpável. Típico, porque exige a exata coincidência entre o 
fato e o contorno teórico previamente definido na lei; antijurídico, porque a 
conduta deve afrontar eficazmente um bem jurídico individualmente 
considerado ou a ordem jurídica como um todo; e culpável, porque o próprio 
art.1º do Código Penal diz que não há crime sem lei anterior que o preveja nem 
pena sem prévia cominação legal. 
Em regra, o direito penal pune os crimes de perigo concreto, isto é, aquelas 
condutas delituosas que atingem direta e imediatamente o bem jurídico 
tutelado. O art.306 da Lei nº 12.760/2012 diz que é crime “conduzir veículo 
automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de 
álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”. Trata-se, 
como se disse, da positivação do crime de perigo abstrato. Não é necessário 
provar que o motorista embriagado se embebedou com o propósito de 
atropelar ou matar, ou de que, se embebedando, não tinha intenção de fazê-lo.A lei presume que ao se embriagar e tomar a direção do veículo o motorista 
põe em perigo, ainda que em abstrato, a vida e a incolumidade física de 
	
  
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outrem, e tanto basta para a sua inculpação. 
O art.306 da Lei nº 9.503/97 qualificava como crime de perigo o ato de 
“conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou 
substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de 
outrem”. Exigia-se que a direção perigosa ocorresse “na via pública” e que a 
conduta do motorista expusesse a incolumidade das pessoas a “dano 
potencial”. Interpretado o tipo penal ao pé da letra, não haveria crime se a 
direção não se desse em via pública ou não pusesse pessoas em risco. Ou 
seja: punia-se apenas o crime de perigo concreto. A Lei nº 11.705/2008 
qualificou como crime a condução de “veículo automotor, na via pública, 
estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 
(seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa 
que determine dependência”. Além de manter uma das situações de fato 
previstas na Lei nº 9.503/97 — a de que a direção do veículo automotor se 
desse em via pública —, a Lei nº 11.705/2008 estabeleceu níveis de alcoolemia 
no sangue, ou influência de outro tipo de substância psicoativa para que a 
embriaguez ao volante estivesse configurada. Abaixo desses níveis —seis 
decigramas por litro de sangue— ou se a substância não fosse psicoativa e 
causadora de dependência não haveria crime de trânsito. Agora, a Lei nº 
12.760/2012 diz (art.306) que é crime “conduzir veículo automotor com 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra 
substância psicoativa que determine dependência”. Diferentemente da Lei nº 
9.503/97, a nova lei não exige qualquer grau de concentração de álcool ou 
outra substância psicoativa no sangue do motorista. A tolerância é zero. Basta 
que se ateste que no momento do acidente a capacidade psicomotora do 
motorista estava alterada por ingestão de álcool ou de qualquer outra 
substância psicoativa que cause dependência. “Substâncias psicoativas” são 
todas as que agem no cérebro alterando seu funcionamento, humor ou 
comportamento. Não são apenas as drogas ilícitas, mas também os fármacos 
de uso regular e controlado. Assim, podem ser incluídas nesse grupo de 
substâncias os medicamentos de uso comum ou outras substâncias de uso 
	
  
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normal na vida civil; os psicotrópicos; os hipnóticos; os indutores de sono; os 
antidepressivos; os ansiolíticos; os moderadores de apetite; os anestésicos e 
qualquer tipo de droga que cause dependência; e as drogas ilegais. 
A nova lei também retirou do art.306 da Lei nº 9.503/97 a expressão “na via 
pública”. Com isso, é crime de perigo abstrato a direção sob efeito de álcool ou 
outras drogas em qualquer via, pública ou não. 
Outra mudança saudável de paradigmas trazida pela “nova lei seca” está nos 
meios de provas da embriaguez ao volante. Até a edição da Lei nº 12.760, 
apenas o teste do bafômetro e o exame de sangue eram provas conclusivas de 
que o motorista estava dirigindo embriagado. Mas, como o Brasil é signatário 
do Pacto de San José da Costa Rica (Decreto nº 678/69), vige no ordenamento 
o princípio de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo 
(Pacto, art.8º, §2º, "g"). Assim, nos delitos de trânsito por embriaguez bastava 
ao motorista recusar-se a se submeter ao exame de sangue ou ao bafômetro 
para escapar ileso de qualquer penalidade. Agora, não. A nova lei diz, 
expressamente, que constituem elementos de prova da embriaguez ao volante 
vídeos, relatos, declaração policial, testemunhas e outras provas moralmente 
legítimas. O bafômetro e o exame de sangue continuam sendo as provas mais 
seguras, mas as provas indiciárias têm o mesmo peso caso o motorista se 
recuse a fazer o teste ou o exame de sangue. De fato. O §1º do art.306 diz que 
a direção perigosa por embriaguez poderá ser comprovada se houver (1) 
concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou 
igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar ou (2) sinais 
que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade 
psicomotora. O §2º diz que a verificação da embriaguez poderá ser obtida 
mediante teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal 
ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à 
contraprova. Cabe ao CONTRAN decidir se há equivalência entre distintos 
testes de alcoolemia para caracterização desse crime. 
Já se disse que “o bolso é o órgão mais sensível do corpo humano”. Fiando-se 
	
  
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nisso, as multas também foram elevadas de R$ 957,70 para R$ 1.915,40 caso 
o motorista seja flagrado dirigindo bêbado ou se recuse a se submeter ao 
etilômetro (teste do bafômetro). Esse valor será dobrado (R$3.830,76) se o 
motorista bêbado reincidir na direção alcoolizada em um ano contado da 
autuação. Além disso, terá o direito de dirigir cassado por um ano. 
A pena para esses delitos de trânsito continua sendo de detenção, de seis 
meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo. A direção alcoolizada constitui infração 
gravíssima que custa 7 pontos na carteira de habilitação do motorista e multa 
de R$1.915,40, além de proibição de dirigir por um ano, recolhimento da 
habilitação e retenção compulsória do veículo. 
A Lei nº 12.760/2012 não é, obviamente, retroativa. Os que causaram 
ferimentos ou mortes no trânsito na constância da lei antiga não podem ser 
apenados com base na lei nova. A lei penal somente retroage para beneficiar. 
 
 
 
 
 
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
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CÓDIGO	
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  TRÂNSITO	
  BRASILEIRO	
  
Lei	
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  11.705/08	
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  nº	
  
12.760,	
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  2012.	
  
Material	
  didático	
  de	
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  do	
  Professor	
  Guaracy	
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Revisão	
  e	
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  Juliana	
  Moreira	
  
	
  
	
  DOS	
  CRIMES	
  DE	
  TRÂNSITO	
  
Seção I 
Disposições Gerais 
 
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos 
neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de 
Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a 
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. 
 § 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto 
nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o 
agente estiver: 
 I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que 
determine dependência; 
 II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de 
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
 III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 
50 km/h (cinquentaquilômetros por hora). 
 § 2º Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado 
inquérito policial para a investigação da infração penal. 
	
  
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 Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade 
principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades. 
 Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de 
dois meses a cinco anos. 
 § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a 
entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para 
Dirigir ou a Carteira de Habilitação. 
 § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o 
sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a 
estabelecimento prisional. 
 Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo 
necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida 
cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante 
representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a 
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a 
proibição de sua obtenção. 
 Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida 
cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá 
recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. 
 Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade 
judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito 
do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente. 
 Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste 
Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação 
para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais 
cabíveis. 
 Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, 
mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia 
calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre 
que houver prejuízo material resultante do crime. 
	
  
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 § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo 
demonstrado no processo. 
 § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código 
Penal. 
 § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será 
descontado. 
 Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos 
crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: 
 I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de 
grave dano patrimonial a terceiros; 
 II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; 
 III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
 IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria 
diferente da do veículo; 
 V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o 
transporte de passageiros ou de carga; 
 VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou 
características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo 
com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; 
 VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a 
pedestres. 
 Art. 299. (VETADO) 
 Art. 300. (VETADO) 
 Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de 
que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, 
se prestar pronto e integral socorro àquela. 
Seção II 
 Dos Crimes em Espécie: 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
 Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se 
	
  
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obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo 
automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente: 
 I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
 II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
 III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, 
à vítima do acidente; 
 IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo 
de transporte de passageiros. 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a 
pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei 
nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de 
Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 
12.971, de 2014) (Vigência) 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à vítima do acidente; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 
2014) (Vigência) 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo 
veículo de transporte de passageiros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 
2014) (Vigência) 
V - estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica ou 
entorpecente de efeitos análogos. (Incluído pela Lei nº 11.275, de 
2006) (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 § 2o Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora 
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que 
determine dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou competição 
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra 
de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente: (Incluído 
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou 
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
	
  
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COMENTÁRIOS 
1-Classificação doutrinária: crime comum, material, comissivo, instantâneo, de 
dano, plurissubsistente, unissubjetivo e não admite tentativa. 
2-Sujeito ativo: condutor de veículo automotor, habilitado ou não, desde que 
imputável. 
3-Sujeito passivo: qualquer pessoa. 
4-Objetividade jurídica: a vida humana e de forma secundária ou mediata a 
segurança viária. 
5-Objeto material: a conduta recai sobre a pessoa que morre, a vítima da ação 
culposa do agente. 
6-Tipo objetivo: a conduta típica consiste em praticar homicídio culposo na 
direção de veículo automotor. Crime culposo é aquele em que a conduta 
voluntária do agente provoca um resultado típico não querido, mas previsível, 
que com cuidado poderia ter sido evitado. Falta ao condutor de veículo 
automotor o dever objetivo de cuidado, o deverde diligência que todo ser 
humano deve ter. Para incorrer em crime culposo o sujeito deve atuar com 
imprudência, negligência ou imperícia. Imprudência é a impulsividade do 
agente, é a conduta sempre positiva e arriscada que requer um movimento 
corpóreo. A afoiteza leva a produzir o resultado lesivo. É a chamada culpa "in 
faciendo”. Assim, incide nessa modalidade de culpa, por exemplo, o agente 
que na condução de motocicleta, desenvolve inadequada velocidade, em 
trecho de pista sinuosa desprovido de acostamentos laterais, perdendo o 
controle do veículo ao tentar atravessar uma ponte estreita, vindo a provocar a 
morte da vítima que conduzia na garupa. Faltou-lhe observar o dever objetivo 
de cuidado, resultando, assim, na produção do fato previsível. Negligência é o 
descuido, a desídia, o desleixo do agente. É a culpa praticada pela inação. A 
conduta do agente, diferentemente da imprudência, é sempre negativa. Ele não 
faz o que deveria ser feito. Sua omissão vai de encontro aos atos de cuidado 
que deveria praticar. É a culpa "in omitendo”. O motorista que não troca os 
pneus “carecas” do veiculo ocasionando sua derrapagem e produzindo lesões 
corporais responde pelo delito. Imperícia é a falta de conhecimentos técnicos 
que habilite alguém a exercer determinada atividade. É a inexperiência para 
determinado trabalho ou a capacidade deficiente para fazer alguma coisa. 
Revela habilitação insuficiente para exercer determinada atividade. Na verdade 
as modalidades de culpa se referem a uma situação fundamental de 
inobservância do dever objetivo de cuidado. O crime culposo é um tipo penal 
	
  
Material exclusivo. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo. 
Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 
	
  
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aberto, que necessita de maior análise, pesquisa do intérprete, porque a 
conduta culposa não está descrita na lei, mas prevista genericamente no tipo. 
 7-Tipo subjetivo: tratando-se de crime culposo, os defensores do finalismo 
utilizam-se da locução elemento normativo. É a culpa, manifestada pela 
imprudência (fazer aquilo que não deve), negligência (deixar de fazer aquilo 
que deve) e imperícia (falta de aptidão para realizar uma conduta). Inexiste no 
tipo a forma dolosa. 
8-Consumação: no momento em que ocorre a morte da vítima, pois é crime 
material que exige resultado. 
9-Tentativa: não há tentativa em crime culposo, o resultado é involuntário, não 
querido pelo agente. 
10-Perdão judicial: embora não previsto na Lei nº 9.503/97, é perfeitamente 
possível aplicar as regras do Código Penal. Com efeito, aplica-se o perdão 
judicial quando o crime atinge tão gravemente o agente (perda de um filho, por 
exemplo, por sua conduta imprudente) que se torna desnecessário a sua 
punição. De acordo com o art.291, aos crimes cometidos na direção de 
veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do 
Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser 
de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099/95, no que couber. Julgando um 
caso em que houve a morte do irmão e do amigo do réu, o STJ decidiu pela 
possibilidade de aplicação do perdão judicial nos crimes de trânsito. 
11-Compensação de culpas: não há compensação de culpas em Direito Penal. 
O proceder culposo da vítima não elide a culpa do ofensor. Somente em caso 
de culpa exclusiva do ofendido (atravessar rodovia correndo durante á noite ou 
atravessar avenida completamente embriagado, por exemplo) é que 
desaparece a responsabilidade do atropelante. 
EMENTA: CRIMES DOLOSOS E CULPOSOS CONTRA A PESSOA. 
HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO (artigo 302, parágrafo 
único, incisos II e III, da Lei nº 9.503/97). Existência de prova suficiente 
para embasar uma condenação. Ainda que existente contribuição da 
vítima para a eclosão do delito, não se pode olvidar que, no Direito Penal, 
não há compensação de culpas, devendo cada agente responder por seus 
atos. Omissão de socorro configurada, eis que o próprio réu admitiu que 
fugiu do local do fato porque se apavorou. Ademais, a prova testemunhal 
dá conta de que, no momento do acidente, havia poucas pessoas no 
local, umas três ou quatro, o que afasta a alegação de aglomeração de 
pessoas, implicando no risco de linchamento, como invocado pelo réu. 
	
  
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APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Crime Nº 70019900919, Segunda 
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Cidade 
Pitrez, Julgado em 16/07/2009). 
 12-Arrependimento Posterior: admite-se no homicídio culposo a redução da 
pena de um a dois terços quando a reparação do dano é feita antes do 
recebimento da denúncia. Embora o arrependimento posterior, previsto no 
art.16 do CP, aplica-se aos crimes sem violência ou grave ameaça, entende-se 
na doutrina que no homicídio culposo a violência é involuntária, não se 
excluindo a causa de diminuição obrigatória de pena. 
13-Concurso Formal - havendo mais de uma vítima aplica-se a regra do 
concurso formal-art. 70 do CP. Uma única pena acrescida de um sexto até a 
metade. 
HOMICÍDIO CULPOSO E LESÕES CORPORAIS CULPOSAS - Agente que, 
trafegando em rodovia, ao fazer uma curva, ingressa no acostamento, 
atropelando várias vítimas que participavam de uma romaria - 
Caracterização - Ocorrência: - Inteligência: art. 70, caput do Código Penal, 
art. 121, § 3º do Código Penal, art. 129, § 6º do Código Penal. Caracteriza 
os crimes de homicídio culposo e lesões corporais culposas, na 
modalidade de imprudência, a conduta do agente que, trafegando em 
rodovia, ao fazer uma curva, ingressa no acostamento, atropelando várias 
vítimas que participavam de uma romaria, provocando ferimentos leves 
em uns e morte em outros, uma vez que derivou seu veículo para fora da 
pista, num trecho da estrada que estava seca e em bom estado de 
conservação, revelando sua inaptidão na condução do carro, pois não 
teve habilidade suficiente para desviar dos pedestres e evitar o acidente, 
sequer conseguindo parar o automóvel. (Apelação nº 1.280.251/7, Julgado 
em 27/11/2. 001, 4ª Câmara, Relator: Devienne Ferraz, RJTACRIM 57/75). 
 14- Causas de aumento de pena: no homicídio culposo cometido na direção 
de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente: 
 I - Não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação: a culpa, 
aqui, deve ser devidamente comprovada. Atropelar alguém sem ser habilitado 
não significa que o agente seja necessariamente culpado. Se a culpa do 
condutor não for devidamente demonstrada, restará, em tese, apenas o crime 
do art.309 da lei em estudo. 
II - Praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada: o motorista deve respeitar a 
faixa de pedestres e estes devem também atravessar as vias nos locais 
determinados pelas normas de trânsito. 
	
  
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III - Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
vítima do acidente: a agravante somente se aplica ao condutor do veículo que 
tenha agido de forma culposa. Caso não tenha atuado com imprudência, 
negligência ou imperícia e deixe de prestar socorro à vítima, incidirá no crime 
de omissão de socorro (art.304). O art.301 do Código de Trânsito Brasileiro 
estabelece que nos casos de acidente de trânsito de que resulte vítima, não se 
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança se o condutor prestar 
socorro. 
 APELAÇÃO CRIME. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO 
AUTOMOTOR. ARTIGO 302, § ÚNICO, INCISOS I E III, DO CÓDIGO DE 
TRÂNSITO BRASILEIRO. COMPROVADAS A MATERIALIDADE E A 
AUTORIA, E IMPROVADA A CULPA DO RÉUNO EVENTO, A 
ABSOLVIÇÃO PELO HOMICÍDIO CULPOSO É MEDIDA QUE SE IMPÕE. 
COMPROVADOS O CONDUZIR DE VEÍCULO AUTOMOTOR SEM 
HABILITAÇÃO, E A OMISSÃO DE SOCORRO, E EM CONSTITUINDO TAIS 
CONDUTAS CRIMES AUTÔNOMOS, VAI O RÉU CONDENADO POR TAIS 
DELITOS... Apelação Crime 70030993570 - PUBLICAÇÃO: Diário de 
Justiça do dia 07/08/2009. 
 IV - No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de 
transporte de passageiros: para determinadas atividades profissionais, como 
motorista de ônibus, táxi, lotação etc., que transportam várias pessoas, obter a 
carteira de habilitação exige maior responsabilidade, como também os exames 
são mais complexos e diferenciados. Assim, mesmo estando o veículo vazio, 
ou seja, sem passageiros, ocorrendo culpa, a pena será agravada. O cuidado 
do motorista, portanto, deve ser redobrado. 
V - Estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de 
efeitos análogos. (REVOGADO pela lei 11705/08): a revogação do inciso V do 
art.302 deixa evidenciado que não mais haverá agravante quando o agente vier 
a causar um acidente na direção de veículo automotor estando embriagado. 
Pela lei, o agente que matar ou ferir sob efeito de álcool ou qualquer substância 
análoga responderá pelo delito a título dolo eventual. A jurisprudência tem 
reconhecido o dolo eventual nas seguintes condutas: dirigir embriagado (TJRS 
RSE nº 70003230588), dirigir embriagado, em alta velocidade (Informativo nº 
59 STJ), dirigir embriagado, fugindo de perseguição policial (TJRS RSE nº 
70003963063), dirigir embriagado, ingressando com caminhão em via de 
trânsito intenso (TJSC Rec. Crim. nº 97.000335-8), dirigir embriagado, em alta 
velocidade, ingressando em trevo rodoviário na contramão (TJRS Ap. Crim. nº 
694099524), dirigir embriagado, sem habilitação, veículo com freios 
defeituosos, em rua íngreme e movimentada (TJPR Apcr. nº 0116422-5). 
	
  
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A autoridade policial não poderá, na análise dos fatos que lhe chegarem ao 
conhecimento, fugir do bom senso, da prudência, do respeito às normas que 
envolvem o tema, fatores que escaparam do condutor do veículo ao assumir o 
risco de produzir um resultado danoso á coletividade. O fato de o agente estar 
alcoolizado é, sem dúvida, uma circunstância importante para justificar o dolo 
eventual, mas não decisiva. Outros elementos devem ser analisados pela 
autoridade como a velocidade imprimida ao veículo, seu modo de dirigir, a 
possibilidade de dano a terceiros, o comprometimento da segurança pública 
etc. Se tais elementos não forem suficientes para a definição do dolo eventual, 
restará ao sujeito responder por crime culposo. 
 15-Ação penal: trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 
 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
 Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer 
qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior. 
 Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se 
ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (Redação dada pela Lei 
nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
Comentários: 
 As observações concernentes ao homicídio culposo na direção de veículo 
automotor se ajustam neste dispositivo. A lesão corporal culposa, entretanto, é 
delito de ação pública condicionada, exigindo-se, assim, a representação da 
vítima nos termos do art. 88 da Lei nº 9.099/95. Ademais, tratando-se de 
infração de menor potencial ofensivo, perfeitamente possível realizar a 
composição civil, a transação penal e a aplicação da suspensão condicional do 
processo. 
 
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar 
imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa 
causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não 
constituir elemento de crime mais grave. 
	
  
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 Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor 
do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se 
trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. 
Comentários: 
1-Classificação doutrinária: crime próprio, mera conduta (formal para alguns), 
instantâneo, de perigo, unissubjetivo, unissubsistente, omissivo próprio, não 
admite tentativa. 
2-Sujeito ativo: somente o condutor do veículo automotor envolvido no 
acidente. Se outros condutores de veículos não envolvidos no acidente ou 
pessoas que não estejam na direção de veículos deixarem de prestar socorro, 
incidem no crime de omissão de socorro previsto no art.135 do CP. Por outro 
lado, o condutor do veículo não deve ter atuado com culpa, pois se isso 
ocorreu, responde por homicídio ou lesão corporal culposa com a pena 
aumentada. Numa palavra em caso de morte: autuou com culpa, homicídio 
culposo agravado; sem culpa, omissão de socorro. 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - Atropelamento seguido de omissão 
de socorro, no qual houve culpa exclusiva da vítima que sofreu lesão 
corporal - Aplicação da causa especial de aumento de pena do parágrafo 
único do art. 303 da Lei nº 9.503/97 - Impossibilidade: - Inteligência: art. 
303, parágrafo único do Código de Trânsito Brasileiro, art. 304 do Código 
de Trânsito Brasileiro. “O atropelamento seguido de omissão de socorro, 
quando causado por culpa exclusiva da vítima de lesão corporal, não 
configura o delito descrito no art. 303 do CTB, e, portanto, é inadmissível 
a aplicação da causa especial de aumento de pena prevista no parágrafo 
único do mencionado Dispositivo Legal, sendo certo que, por não 
constituir elemento de crime mais grave, a conduta subsiste tipificada no 
art. 304 daquele Diploma Legal, como delito autônomo”. (Recurso em 
Sentido Estrito nº 1.180.131/1, 8ª Câmara, Relator: Roberto Midolla, 
RJTACRIM 46/442). 
3-Sujeito passivo: a vítima do acidente que precisa de socorro. 
4- Objeto material: a conduta criminosa recai sobre a pessoa ferida ou vítima 
com morte instantânea (parágrafo único). 
 5- Objeto jurídico: tutela-se a vida e a saúde da pessoa humana. 
 6-Tipo objetivo: a conduta típica consiste em deixar o condutor do veículo, na 
ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo 
fazê-lo diretamente, por justa causa (risco de agressão, veículo quebrado, 
	
  
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também sofrer ferimentos etc.,), deixar de solicitar auxílio da autoridade pública 
(policiais, resgate, bombeiros etc.). Tem-se entendido na doutrina que se o 
agente não puder prestar socorro imediato à vítima deverá solicitar auxilio á 
autoridade pública, caso contrário, incidirá no crime. O condutor não poderá ser 
punido na hipótese de terceiro, em melhores condições, se oferecer para 
ajudar ou socorrer a vítima. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou 
proposta do Congresso Nacional que determinava a prisão em flagrante de 
motoristas alcoolizados que estivessem prestando socorro às vítimas de 
acidentes. Com o veto, a orientação não se altera: em caso de acidente, o 
condutor de veículo, mesmo alcoolizado, que parar e prestar socorro não será 
preso em flagrante (art.301 do CTB). As razões do veto governamentalforam 
simples: a vítima ficaria em segundo plano, ademais, nenhum motorista 
prestaria socorro ciente de sua prisão. 
OMISSÃO DE SOCORRO – Absolvição do motorista pela morte de vítima 
de atropelamento – Condenação se, após o acidente, deixa o local sem 
prestar socorro ao ofendido – Necessidade. Afastada a responsabilidade 
do motorista pela morte da vítima de atropelamento, deve ser ele 
condenado pelo crime do art. 304 da Lei nº 9.503/97 se, após o acidente, 
deixou o local sem prestar socorro ao ofendido. * Apelação nº 1.293.289/9 
- São Paulo - 14ª Câmara - Relator: França Carvalho - 5.3.2002 – V.U. (Voto 
nº 8.320). 
7-Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo genérico, consistente na vontade livre e 
consciente de não socorrer a vítima de acidente de trânsito ou de não solicitar 
auxilio da autoridade pública. O motivo da omissão é irrelevante, pressa, 
egoísmo, indiferença etc. Não se exige o elemento subjetivo específico (dolo 
específico), e não se prevê a modalidade culposa. 
8- Consumação: consuma-se no instante em que o condutor do veículo deixa 
de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, não 
solicita auxílio da autoridade pública. 
9- Tentativa: não se admite tentativa em crimes omissivos. 
10--Crime subsidiário: o tipo penal em estudo somente será aplicado se não 
ocorrer delito mais grave, como o homicídio culposo agravado pela omissão. 
 11-Morte instantânea: parte da doutrina contesta o parágrafo único deste 
dispositivo afirmando tratar-se de crime impossível. A norma estabelece que o 
condutor do veículo automotor incide nas penas previstas neste artigo, ainda 
que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com 
morte instantânea ou com ferimentos leves. Se a vítima falecer 
	
  
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instantaneamente torna-se ilógico, asseguram, exigir que o condutor do veículo 
preste socorro. Mas, por outro lado, como saber se a vítima teve um desmaio 
com o choque ou sofre de catalepsia? Como mensurar se ela está realmente 
morta? Ademais, se isso não valer, deverá sempre existir o respeito aos mortos 
que não podem simplesmente ser abandonados ou tratados como coisa 
destituída de qualquer valor ético-jurídico. Dai a importância de prestar socorro, 
de ser solidário com o próximo. O motivo de tal inclusão normativa deve-se a 
fato ocorrido em Brasília envolvendo o filho de um Ministro de Estado que após 
atropelar a vítima, negou-se a socorrê-la, alegando que ela já estava morta. 
12-Lesões leves: quando a vítima apresentar ferimentos leves (pequenas 
fraturas, cortes ou pancadas) deve ser socorrida. Nesses casos não se exclui o 
dever de solidariedade humana. Pequenas escoriações, todavia, desde que a 
vítima não manifeste interesse, não se faz necessário o socorro. 
 Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir 
à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 Comentários: 
 1-Classificação doutrinária: crime próprio, formal, comissivo, instantâneo, 
plurissubsistente, unissubjetivo, doloso e admite tentativa. 
2-Sujeito ativo: somente pode ser cometido pelo condutor do veículo envolvido 
no acidente e que foge do local. 
3-Sujeito passivo: é o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada pela 
conduta. 
4- Objeto material: a conduta incriminada recai sobre a fuga do local do 
acidente. 
5-Objeto jurídico: tutela a administração da justiça, prejudicada pela fuga do 
agente do local do fato. 
6-Tipo objetivo: a conduta típica, punida com pena de detenção de seis meses 
a um ano, ou multa, consiste em afastar-se o condutor do veículo do local do 
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser 
atribuída. Assim, não haverá crime se o condutor que se afastar do local não 
atuar com culpa, pois se não contribuiu culposamente para o acidente, não 
poderá ser punido. É preciso, pois, provar que foi o responsável pelo evento. 
Alguns acórdãos afirmam ser inaceitável se impor a alguém que permaneça no 
local do crime para se auto acusar, submetendo-se às consequências penais e 
	
  
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civis decorrentes do ato que provocou. A Quinta Câmara Criminal do Tribunal 
de Justiça de Minas Gerais, no julgamento da AP. Crim. nº 1.032.04.008035-
3/001, deixou de aplicar o disposto no artigo 305 do Código de Trânsito 
Brasileiro por entender ser o mesmo inconstitucional. A doutrina também 
questiona a constitucionalidade do dispositivo. Guilherme Nucci, por todos, 
entende que o delito é inconstitucional, pois contraria frontalmente o princípio 
de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Qualquer agente 
criminoso pode fugir á responsabilidade, exceto o autor de delito de trânsito. 
Logo, cremos inaplicável o art. 305 da lei 9.503/97(Leis Penais e Processuais 
Comentadas, pág., 1116). Na verdade, permanecer no local do crime e 
aguardar a responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída é obrigar 
a se auto acusar. A simples fuga, em nosso sentir, não constitui crime, mas, 
por outro lado, é a pior prova que o condutor do veículo pode produzir contra 
ele. Assim, trilhamos pela inconstitucionalidade do tipo em comento, haja vista 
ser o único a prever punição a quem foge de um local de acidente. Se o autor 
de um homicídio doloso não tem a obrigação de ficar no local dos fatos, como 
exigir essa conduta daquele que se envolveu num acidente de trânsito? É o 
princípio do "nemo tenetur se detegere" , também conhecido como princípio da 
não autoincriminação. O texto teve em mira, porém, coibir os motoristas que 
fogem á responsabilidade civil ou criminal e possibilitar sua posterior 
responsabilização. 
O Órgão Especial do TJ de São Paulo, formado por 25 desembargadores, por 
maioria de votos, mandou trancar uma ação penal em que um homem 
respondia criminalmente por ter fugido após se envolver em um acidente de 
trânsito. O acidente aconteceu na madrugada de 23 de maio de 2007 e 
provocou a morte de L.R, que pilotava uma motocicleta. O argumento usado foi 
o de que o delito viola a Constituição Federal, que garante a toda pessoa o 
direito de não produzir prova contra ela mesma. A decisão é inédita por ter 
partido do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, colegiado de cúpula com 
atribuição política e administrativa no Judiciário de São Paulo. Para o Tribunal 
os direitos e garantias previstos na Constituição Federal existem para limitar a 
atuação do Estado na sua atribuição de punir aqueles que praticam crimes. E 
entre essas garantias está o privilégio contra a autoincriminação. Essa garantia 
é também a manifestação de outros direitos como o da ampla defesa, o da 
presunção de inocência e o do suspeito permanecer calado. 
 
ART. 305 DO CTB - FUGA DO LOCAL DO ACIDENTE PARA ISENÇÃO DE 
RESPONSABILIDADE CIVIL OU PENAL - INCOMPATIBILIDADE COM A 
	
  
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CF/88 - INCIDENTE DE INSCONSTITUCIONALIDADE - ARGÜIÇÃO AO 
TRIBUNAL PLENO (CF/88, ART. 97; CPCP, ART. 481 E RITJSC, ART. 161). 
Não se pode conceber que, pelo simples fato de estar na condução de um 
veículo, o motorista que se envolve em um acidente de trânsito tenha que 
aguardar a chegada da autoridade competente para averiguação de 
eventual responsabilidade civil ou penal porquanto reconhecer tal norma 
como aplicável, seria impor ao condutor a obrigação de produzir prova 
contra si, hipótese vedada pela ConstituiçãoFederal por ofender o 
preceito da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV) e do direito ao silêncio (CF, 
art. 5º, LXIII). Ademais, estar-se-ia punindo o agente por uma conduta 
praticada por qualquer outro delinqüente, qual seja, a evasão da cena do 
delito, sem que por tal conduta recebam sanção mais alta ou acarrete 
maior gravosidade em suas penas, estabelecendo-se forte contrariedade 
aos princípios da isonomia e da proporcionalidade. Desse modo, afigura-
se inviável vislumbrar outra responsabilidade penal a ser imputada ao 
motorista que se evade do local do crime que não a omissão de socorro, 
situação com disposição específica no CTB (art. 304). Assim, se o 
condutor que se envolve em acidente, do qual resulta apenas danos 
materiais, pode ter sua liberdade cerceada, está-se criando nova 
modalidade de prisão por responsabilidade civil, matéria que encontra 
limites constitucionais inestendíveis pelo legislador ordinário, o qual 
sofre limitação pelo art. 5º, LXVII da CF/88, que impede a prisão civil por 
dívida, afora as hipóteses nele excetuadas. II - Quando reconhecida pela 
Câmara a discutibilidade acerca da constitucionalidade de artigo de lei 
federal, deve ser suscitado arguição de incidente de inconstitucionalidade 
ao Tribunal Pleno, ex vi dos arts. 97 da CF/88, 481 do CPC e 161 do 
RITJSC. Apelação Criminal n. 2008.041427-2, de Gaspar Relator: Salete 
Silva Sommariva- Órgão Julgador: Segunda Câmara Criminal- Data: 
24/10/2008. 
7-Tipo subjetivo: o tipo requer não apenas o dolo genérico, consistente na 
vontade deliberada do agente de se afastar do local do acidente. Exige ainda o 
elemento subjetivo específico do tipo, vale dizer, a finalidade de fugir á 
responsabilidade penal ou civil. É o dolo específico dos doutrinadores 
clássicos. Não se prevê a modalidade culposa. 
8-Consumação: crime formal que se consuma independentemente do resultado 
(dano ao Estado). A consumação ocorre no momento da fuga do agente do 
local do acidente. 
	
  
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9-Tentativa: a conduta típica pode perfeitamente ser fracionada. Ocorrerá, por 
exemplo, quando o condutor for surpreendido pela autoridade no momento em 
que está se afastando do local do acidente. 
AFASTAR-SE DO LOCAL DO ACIDENTE A FIM DE FUGIR À 
RESPONSABILIDADE (ART. 305, DO CTB). SENTENÇA CONDENATÓRIA 
MANTIDA. Tendo sido demonstrado o afastamento do réu do local do 
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil, fugindo com seu 
automóvel, tendo que ser perseguido até ser interceptado, impositiva a 
manutenção da condenação. O bem tutelado pelo art. 305 do CTB diz 
respeito à proteção da integridade física e o pronto atendimento pela 
autoridade pública do ilícito de trânsito, desimportando se as partes 
tentaram acertar os prejuízos. Retificada, de ofício, a pena fixada, de 
reclusão para detenção, conforme cominado no dispositivo legal. 
RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Crime Nº 71002368603, TJRS- Turma 
Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Laís Ethel Corrêa Pias, 
Julgado em 14/12/2009). 
 10-Concurso de crimes: o agente que atropelar culposamente alguém e fugir 
sem prestar socorro, responde por lesões corporais com a pena agravada (303, 
parágrafo único, II) em concurso material com o crime de fuga do local do 
acidente. Se o individuo atropelar alguém sem ter atuado com culpa e fugir sem 
socorrer a vítima, somente responderá pela omissão de socorro. Não 
responderá pela fuga do local, pois não existe responsabilidade penal ou civil a 
ser-lhe atribuída. 
 
 Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora 
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância 
psicoativa que determine dependência: 
(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012). 
 Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou 
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor. 
 Parágrafo único. O Poder Executivo federal estipulará a equivalência 
entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do 
crime tipificado neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008). 
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: 
	
  
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(Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012). 
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de 
sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar 
alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da 
capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012). 
§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante 
teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou 
outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à 
contraprova. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012). 
§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de 
alcoolemia para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. 
(Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012). 
 
Comentários: 
 1-Classificação doutrinária: crime comum, de mera conduta, comissivo, de 
forma livre, instantâneo, de perigo concreto (de dano ou de perigo abstrato 
para alguns doutrinadores), plurissubsistente, unissubjetivo e não admite 
tentativa. 
2-Sujeito ativo: qualquer pessoa. Na disposição anterior, não restando provada, 
com a recusa do acusado, a real quantidade de álcool em seu organismo (sob 
efeito de até 6 decigramas de álcool por litro de sangue),tornava-se impossível 
a aplicação de qualquer sanção penal.Com a alteração produzida pela lei nº 
12.760/12,não apenas os testes de alcoolemia ou exames clínicos são 
considerados, mas também a perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros 
meios de prova em direito admitidos. Para comprovar a embriaguez ao volante, 
basta que o condutor do veículo se envolva em acidente de trânsito ou que seja 
alvo de fiscalização de trânsito. 
3-Sujeito passivo: a coletividade. 
4- Objeto material: a conduta criminosa recai sobre o agente conduzindo 
veículo com concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro 
de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar 
dando sinais que indiquem alteração na sua capacidade psicomotora. 
5-Objeto jurídico: a segurança viária. 
	
  
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Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 
	
  
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6-Tipo objetivo: a conduta típica punida com detenção de seis meses a três 
anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo automotor, consiste em conduzir veículo automotor com 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra 
substância psicoativa que determine dependência. As condutas previstas no 
caput serão constatadas por: I - concentração igual ou superior a 6 decigramas 
de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por 
litro de ar alveolar; ou II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo 
Contran, alteração da capacidade psicomotora. As provas da infração poderão 
ser obtidas mediante teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova 
testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito 
à contraprova. 
Tem-se entendido nos dias que correm que o uso do bafômetro e a coleta de 
sangue, antes utilizados como meio de prova contra o infrator alcoolizado, 
tornaram-se, agora, dianteda nova lei, poderosos instrumentos de defesa do 
averiguado, servindo para definir sua não responsabilidade penal. Assim, o 
novo tipo penal exige para a comprovação material do delito de embriaguez ao 
volante que o agente conduza veículo automotor em via pública ou não, com 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra 
substância psicoativa que determine dependência. O texto faz alusão não 
apenas ao exame sanguíneo e ao teste em aparelho de ar alveolar pulmonar 
(etilômetro), mas também a todas as provas lícitas admitidas num processo 
comum. 
Neste cenário, trata-se, em nosso sentir, de crime de perigo concreto, pois há 
necessidade de se demonstrar a potencialidade lesiva da conduta do agente 
como, por exemplo, ingressar na contramão de direção, dirigir em alta 
velocidade, avançar sinal vermelho, fazer ziguezague com o carro etc. Com 
efeito, além da ingestão do álcool ou de outra substância psicoativa que 
determine dependência, torna-se indispensável que o condutor, com sua 
conduta inapropriada, ponha em risco a vida das pessoas, diminuindo, assim, o 
nível da segurança viária. 
Reconhecemos, entretanto, que o tema não navega em águas pacíficas. Parte 
da doutrina acolhe o perigo abstrato para configuração do delito em estudo, ou 
seja, a prova circunstancial de estar dirigindo em estado de embriaguez, nada 
mais se permitindo em sentido contrário. 
7-Tipo subjetivo: dolo de perigo (dano ou de lesão para parte da doutrina), 
vontade livre e consciente de conduzir veículo estando sob a influência do 
álcool ou qualquer outra substância psicoativa. 
	
  
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8-Consumação: crime instantâneo que se consuma no momento em que o 
agente dirige o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine 
dependência. 
9- Tentativa: não é admitida. 
 
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste 
Código: 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova 
imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa 
de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para 
Dirigir ou a Carteira de Habilitação. 
 Comentários: 
1-Classificação doutrinária: crime próprio, de mera conduta (formal para 
alguns), instantâneo, de perigo (concreto ou abstrato), unissubjetivo, 
plurissubsistente, doloso e não comporta tentativa. 
2-Sujeito ativo: crime próprio, pois só pode ser praticado por quem foi suspenso 
ou proibido de dirigir veículo automotor. O prazo da suspensão ou proibição 
varia de dois meses a cinco anos (art.293). 
3-Sujeito passivo: é o Estado. 
4-Objeto material: a conduta recai sobre a condução de veículo automotor 
estando suspenso ou proibido. 
5-Objeto jurídico: tutela-se a Administração da Justiça, ou seja, o respeito á 
pena imposta pela transgressão cometida na direção do veículo automotor. 
6-Tipo objetivo: a conduta típica consiste em violar a suspensão ou a proibição 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta 
com fundamento neste Código (ex. art.302). O agente, na verdade, não 
respeita uma pena anteriormente imposta. A violação deve ocorrer durante o 
período de suspensão ou de proibição de dirigir. 
7-Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo genérico consistente na vontade livre e 
consciente de violar a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
	
  
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habilitação para dirigir veículo automotor. Não se exige o dolo específico, nem 
se prevê a forma culposa. 
8-Consumação: crime de mera conduta ou de simples atividade que se 
consuma com a ação de dirigir, de colocar o veículo em movimento, instante 
em que ocorre a violação independente de dano. 
9- Tentativa: não vemos como possa a conduta típica ser fracionada. Ou se 
coloca o veículo em movimento e o crime se consuma, ou não se coloca e o 
fato é atípico. O individuo que dá a partida no motor do carro e quando vai 
movimentá-lo é impedido de prosseguir, não comete crime, pois não houve 
início de execução. Atos meramente preparatórios, impuníveis, portanto. 
10-Parágrafo único: o prazo para o agente entregar a carteira de habilitação ou 
a permissão para dirigir á autoridade judiciária é de 48 horas a contar da 
intimação. Sendo crime omissivo próprio não admite a tentativa, consumando-
se no momento em que decorre o prazo estabelecido. 
 
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de 
corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela 
autoridade competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade 
pública ou privada: 
 Penas - detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou 
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor. 
Comentários: 
 1-Classificação doutrinária: crime comum, doloso, comissivo, instantâneo, de 
perigo (concreto ou abstrato), de concurso necessário (plurissubjetivo), 
plurissubsistente e não admite tentativa. 
2-Sujeito ativo: qualquer pessoa, respondendo como partícipes os copilotos, 
espectadores que estimulam o racha, fiscais, promotores do evento etc. 
3-Sujeito passivo: a coletividade é o sujeito passivo principal. Secundários são 
as vítimas do perigo que a conduta representa. Havendo morte ou lesão 
corporal o crime deste artigo será absorvido. 
4- Objeto material: a conduta recai sobre o veículo empregado em competição 
não autorizada. 
	
  
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5- Objeto jurídico: a incolumidade pública. 
6-Tipo objetivo: a conduta típica consiste em participar, na direção de veículo 
automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística 
não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial à 
incolumidade pública ou privada. É necessário que o racha ocorra em via 
pública. Entende José Geraldo da Silva que se a disputa ocorrer em local 
deserto ou em propriedade particular não estará configurado o delito deste 
artigo (Leis Penais Especiais Anotadas, pág., 22). Havendo autorização da 
autoridade pública, o fato será atípico. 
 7-Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo comum, genérico, consistente na vontade 
livre e consciente de participar de corrida, disputa ou competição 
automobilística não autorizada, gerando perigo a coletividade. Não se exige o 
dolo específico. 
8-Consumação: crime de mera conduta que se consuma no momento em que 
se inicia a participação na direção de veículo em via pública, de corrida, disputa 
ou competição automobilística. 
9- Tentativa: entendemos ser impossível a tentativa do delito em estudo. A 
conduta não pode ser fracionada. Ou se inicia a corrida ou disputa e o crime se 
configura, ou não se inicia e o fato é atípico. Parte da doutrina, porém, admite o 
"conatus" quando, por exemplo, a autoridade pública impede o racha no 
instante em que os veículos se alinham na partida com motores acelerados e 
prontos para o início da disputa. Na verdade o exemplo configura um ato 
meramente preparatório. 
10--Elemento normativo: caracteriza-se pela falta de autorização da autoridade 
competente que torna o fato ilícito. (art.67 do CTB). 
11-O racha e o dolo eventual:- prevalece na doutrina o entendimento de que,em caso de morte, o crime a ser apurado é o de homicídio culposo. A 
jurisprudência, contudo, vem entendendo que em caso de racha com morte a 
competência é do Tribunal do Júri (STF HC 71.800/RS). 
Na verdade, não se pode excluir, definitivamente, o dolo eventual em crimes 
verificados no trânsito. Ficou para trás a assertiva de que se deve extrair da 
mente do autor a definição de dolo eventual. Na pratica tal entendimento é 
ineficaz. A apuração se faz pelas circunstâncias do fato. Logo, o local, a 
velocidade imprimida, o número de participantes, o horário etc. devem ser 
analisados para a constatação da conduta ilícita. 
 
	
  
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 STJ-PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. 
HOMICÍDIOS. "RACHA”. PRONÚNCIA. DESCLASSIFICAÇÃO 
PRETENDIDA. I – É de ser reconhecido o prequestionamento quando a 
questão, objeto da irresignação rara, foi debatida no acórdão recorrido. II 
– Se plausível, portanto, a ocorrência do dolo eventual, o evento lesivo - 
no caso, duas mortes - deve ser submetido ao Tribunal do Júri. 
Inocorrência de negativa de vigência aos arts. 308 do CTB e 2º, parágrafo 
único do C. Penal. III – Não se pode generalizar a exclusão do dolo 
eventual em delitos praticados no trânsito. Na hipótese de "racha", em se 
tratando de pronúncia, a desclassificação da modalidade dolosa de 
homicídio para a culposa deve ser calcada em prova por demais sólida. 
No iudicium accusationis, inclusive, a eventual dúvida não favorece os 
acusados, incidindo, aí, a regra exposta na velha parêmia in dubio pro 
societate. IV – O dolo eventual, na prática, não é extraído da mente do 
autor, mas, isto sim, das circunstâncias. Nele, não se exige que resultado 
seja aceito como tal, o que seria adequado ao dolo direto, mas isto sim, 
que a aceitação se mostre no plano do possível, provável. V – O tráfego é 
atividade própria de risco permitido. O "racha", no entanto, é – em 
princípio – anomalia extrema que escapa dos limites próprios da atividade 
regulamentada. Recurso não conhecido. REsp 249604 / SP RECURSO 
ESPECIAL-2000/0019028-4 Relator Ministro FELIX FISCHER - Órgão 
julgador-STJ- T5 - QUINTA TURMA Data do julgamento 24/09/2002 DJ 
21/10/2002 p. 381RDR vol. 24 p. 375RDR vol. 32 p. 418 RJADCOAS vol. 42 
p.551 RT vol. 810 p. 573. 
 
Recurso em sentido estrito. Homicídio. Prática de "racha". Dolo eventual. 
Caracterização. Pronúncia mantida. Havendo versão nos autos de que os 
réus praticavam "racha" na rodovia, empreendendo manobras arrojadas 
em alta velocidade, em virtude das quais veio a ocorrer o acidente 
causador da morte da vítima, a pronúncia é medida que se impõe, ante a 
ocorrência do dolo eventual. TJSC - Recurso Criminal: RCCR 208540 SC 
2000.020854-0- Rel. Maurílio Moreira Leite- julgamento -14-11-2000. 
Segunda Câmara Criminal. 
12- Composição, transação penal e ação penal pública condicionada: Reza o 
art.291§ 1º do CTB que aplica-se- aos crimes de trânsito de lesão corporal 
culposa o disposto nos arts. 74 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995, exceto se o agente estiver: 
	
  
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I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que 
determine dependência; 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de 
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 
km/h (cinquenta quilômetros por hora). 
Nestas hipóteses deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da 
infração penal. 
 
 Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida 
Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de 
dirigir, gerando perigo de dano: 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
Comentários: 
1-Classificação doutrinária: crime comum (próprio para alguns doutrinadores), 
comissivo, doloso, vago, de mera conduta, de perigo, instantâneo, 
unissubjetivo, unissubsistente e não admite tentativa. 
2-Sujeito ativo: qualquer pessoa, admitindo-se a coautoria e a participação. 
3-Sujeito passivo: a coletividade. 
4- Objeto material: veículo automotor. 
5-Objeto jurídico: a segurança viária, a incolumidade pública. 
6-Tipo objetivo: a conduta típica consiste em dirigir veículo sem a devida 
permissão para dirigir ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, 
gerando perigo de dano. Se não gerar perigo de dano inexistirá o delito. É 
preciso, portanto, que o agente ao dirigir sem habilitação ponha em risco a 
incolumidade pública (ultrapassando pela direita, fazendo ziguezague, 
ingressando na contramão de direção etc.). Numa palavra: se o agente for 
surpreendido numa batida policial sem possuir habilitação, mas dirigindo de 
forma normal, só haverá infração administrativa. O elemento normativo do tipo 
	
  
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encontra-se na expressão sem a devida permissão para dirigir ou habilitação, 
ou ainda cassado o direito de dirigir. 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA -DIRIGIR SEM HABILITAÇÃO -ABOLITIO 
CRIMINIS -ART. 32, DA LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS -ART. 309, DO 
CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO. O art. 309, do Código Nacional de 
Trânsito derrogou o art. 32, da Lei de Contravenções Penais, 
acrescentando a elementar do perigo de dano à direção sem habilitação. - 
Precedentes (Plenário do STF : RHC n.º 80.362/SP, Rel. Min. ILMAR 
GALVÃO, Pleno, sessão de 14.2.2001.) e STJ (3ª Seção, EREsp 226849/SP, 
Rel. Ministro José Arnaldo, DJU de 11.06.2001) - Embargos do Ministério 
Público rejeitados. 
 SUMULA 720, STF 
 
HABEAS CORPUS. DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR SEM 
HABILITAÇÃO. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRANCAMENTO 
DA AÇÃO PENAL. PERIGO CONCRETO. INEXISTÊNCIA. ORDEM 
CONCEDIDA. 1. O trancamento da ação penal por ausência de justa 
causa, medida de exceção que é, somente pode ter lugar, quando o 
motivo legal invocado mostrar-se na luz da evidência, primus ictus oculi. 
2. Tratando a denúncia de fato penalmente atípico, á falta de perigo de 
dano a pessoa, resultado de que depende a caracterização do delito 
tipificado no artigo 309 da Lei nº 9.503/97, mostra-se de rigor o 
trancamento da ação penal. 3. Ordem concedida. Processo HC 28500 / SP-
HABEAS CORPUS-2003/0083354-2 Relator (a) Ministro HAMILTON 
CARVALHIDO (1112) T6 - SEXTA TURMA-STJ- Data do Julgamento-
30/05/2006. 
7-Tipo Subjetivo: é o dolo genérico consubstanciado na vontade livre e 
consciente de dirigir veículo sabendo que não possui habilitação ou permissão. 
8-Consumação: no momento em que o sujeito dirige o veículo de forma 
anormal gerando perigo de dano. 
9- Tentativa: não é admitida. 
10-Embriaguez ao volante e direção sem habilitação: deve-se reconhecer o 
concurso formal, nos termos do art.70 do CP, pois o ato de embriaguez ao 
volante e direção sem habilitação, embora atinja o mesmo bem jurídico, ou 
seja, a incolumidade pública, por outro lado, reduz consideravelmente o nível 
de segurança exigido pelo Estado, expondo a dano potencial os membros da 
	
  
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comunidade. Acórdãos existem, todavia, que entendem que o crime de 
embriaguez, por ser mais grave, absorve o delito em estudo. 
11-Crime culposo de A e falta de habilitaçãode B: responde A pelo homicídio 
culposo, enquanto B, se não gerou perigo de dano, não comete crime algum. 
Em outras palavras: se alguém dirigindo de forma imprudente, vier a colidir com 
um veículo cujo condutor não possuía carteira de habilitação, e com isso 
produzir a morte de um terceiro, responderá pelo homicídio culposo. De outra 
parte, quem não tinha carteira de habilitação não responderá por este crime se 
não gerou perigo de dano, não sendo, portanto o causador do acidente. 
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar à direção de veículo automotor a 
pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir 
suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, 
ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com 
segurança: 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
 Comentários: 
 1-Classificação doutrinária: crime comum, doloso, comissivo ou omissivo, 
instantâneo, de mera conduta (formal para alguns), plurissubsistente, 
unissubjetivo, de perigo e não admite tentativa. 
2-Sujeito Ativo: qualquer pessoa. 
3-Sujeito passivo: a coletividade. 
4- Objeto material: a ação criminosa visa a direção de veículo automotor. 
5-Objeto jurídico: tutela-se a segurança viária, a incolumidade pública. 
6-Tipo objetivo: a conduta típica consiste em permitir, confiar ou entregar à 
direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada 
ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de 
saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de 
conduzi-lo com segurança. Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, 
sujeito as normas benéficas da Lei nº 9.099/95. Configura o delito na forma 
omissiva no momento em que o agente, se não consentindo, por omissão, 
tolera que pessoa não habilitada conduza veículo automotor na via pública. Por 
sua vez, o simples ato de entregar a chave de um veículo para um motorista 
alcoolizado já configura infração penal. 
	
  
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Não são raros os casos constatados nas saídas de baladas em S.Paulo. 
Embora parte da doutrina afirme tratar-se de crime formal, que se consuma 
independentemente do resultado, que é o comprometimento da segurança 
viária, entendemos que o delito é de mera conduta. Basta, portanto, a entrega 
da direção para apresentar-se consumado. Além disso, o crime é de perigo, ou 
seja, consuma-se com a simples possibilidade de causar dano ao bem jurídico 
alheio. Mas, e se a entrega das chaves resultar em acidente com morte? 
Poderemos ou não caracterizar a conduta como homicídio com dolo eventual? 
Não seria o mesmo que dirigir embriagado e produzir um grave acidente? 
Responde, em nosso sentir, pela conduta criminosa. 
A 5ª Turma do STJ, no julgamento de um pedido de habeas corpus de um 
médico que emprestou seu veículo para uma amiga, entendeu que em alguns 
casos pode a conduta resultar em dolo eventual. Na verdade, ambos haviam 
ingerido bebida alcoólica e o acidente com morte foi logo depois de ele deixar 
de dirigir e passar a condução do carro para a amiga. Registrou-se no acordão 
que “se deve evitar o entendimento demagógico de que qualquer acidente de 
trânsito que resulte em morte configura homicídio doloso, dando elasticidade 
ao conceito de dolo eventual absolutamente contrária a melhor exegese do 
Direito. No entanto, no caso do médico, as circunstâncias do acidente podem, 
sim, caracterizar dolo eventual”. 
Embora não tenhamos descoberto a roda, todos sabemos que não se deve 
entregar a direção de um veículo a quem não esteja em condições normais de 
dirigi-lo. Devemos impedir ou assumir a sua direção. E quando não assumimos 
e acontece um acidente, também somos responsáveis. 
7-Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo comum, genérico, consistente na vontade 
deliberada de entregar, confiar ou permitir a condução do veículo ao agente 
nas condições previstas no texto. Assim, o pai que entrega a direção do veículo 
ao filho, o amigo que o confia ao inabilitado, o irmão que permite o outro dirigir 
com a habilitação suspensa etc., são os exemplos que caracterizam o delito. 
Não se exige o dolo específico, nem se prevê a modalidade culposa. 
8-Consumação: consuma-se, por ser delito de mera conduta ou de simples 
atividade, no instante em que agente permite, confia ou entrega à direção de 
veículo a pessoa nas condições estabelecidas no dispositivo, e esta o coloque 
em movimento. Entregar veículo à pessoa não habilitada é crime de perigo 
(concreto ou abstrato), não exigindo a demonstração de dano. 
9- Tentativa: não vemos como a conduta típica possa ser fracionada. Ou se 
inicia a execução e o crime se configura, ou não se inicia e o fato é atípico. Não 
há, em nosso sentir, sequer em tese, falar em tentativa e os exemplos 
	
  
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anotados nos quais a pessoa que recebe o veículo é surpreendida pela polícia 
antes de dirigi-lo, configuram, salvo melhor apreciação, atos preparatórios. 
Gianpaolo Poggio Smanio, porém, admite a tentativa, dando o exemplo de 
terceiro que quando vai movimentar o carro, é interrompido (Legislação Penal 
Especial, Ed. Atlas, pág., 229). 
 
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas 
proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e 
desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande 
movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano: 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 Comentários: 
1-Classificação doutrinária: crime comum, de mera conduta (formal para 
alguns), instantâneo, comissivo, de perigo (concreto ou abstrato conforme 
doutrinadores), unissubjetivo, unissubsistente e não comporta tentativa. 
2-Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
3-Sujeito passivo: a coletividade. 
4-Objeto material: a ação criminosa recai sobre o veículo automotor conduzido 
em velocidade incompatível. 
5-Objeto jurídico: tutela-se a segurança viária, a incolumidade pública. 
 Comprovada a autoria do delito imputado ao recorrente, que ultrapassou 
cones de sinalização colocados para fechar a rua por ocasião dos 
desfiles de carnaval, e trafegou com o automóvel em velocidade 
incompatível com aquele local, gerando perigo de dano a transeuntes, 
tipificada a conduta prevista no art. 311 do CP. Recurso Crime- NÚMERO: 
71002370955 Decisão: Acórdão- RELATOR: Laís Ethel Corrêa Pias-DATA 
DE JULGAMENTO: 14/12/2009. 
6-Tipo objetivo: a conduta típica consiste em trafegar em velocidade 
incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, 
estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, 
ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando 
perigo de dano. A mera probabilidade da ocorrência de lesão ao bem jurídico 
tutelado caracteriza o delito. O fato de uma via não ter regulamentado a 
	
  
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velocidade permitida, não autoriza o motorista que por ela transite exercer a 
velocidade que achar pertinente. 
A falta de indicação não retira a responsabilidade do condutor do veículo, se as 
circunstâncias aconselham que ele conduza de acordo com o bom senso de 
um homem normal. Assim, se o agente, por exemplo, trafegar com motocicleta 
em velocidade incompatível, em apenas uma roda, gerando perigo de dano a 
transeuntes e condutores de outros veículos realizando manobras

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